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PÊNFIGO EM CÃES E GATOS

INTRODUÇÃO:
As dermatopatias são doenças que acometem o sistema tegumentar provocando vários
tipos de alterações, muitas das vezes, essas alterações podem ocorrer devido a fatores
extrínsecos, mais em alguns casos, elas podem ocorrer devido a fatores intrínsecos. Dentre os
vários fatores intrínsecos que acometem a pele dos animais, podemos citar o complexo Pênfigo.
O complexo pênfigo é um grupo de doenças autoimunes de descrição rara mais que
acomete cães e gatos, dentre as variações que existem dentro do complexo, podemos citar o
Pênfigo Foliáceo, o Pênfigo Eritematoso, o Pênfigo Vulgar e o Pênfigo Vegetante. Estes se
distinguem de acordo com a forma e a características das lesões apresentadas, variando de
vesículas bolhosas, pústulas na pele, colaretes epidérmicos, eritema e a despigmentação da área
acometida. Dentre esses, o Pênfigo Foliáceo é a dermatopatia imunomediada de ocorrência mais
comum nos cães e nos gatos.

Figura 1: Cão apresentando lesão com pústulas no plano nasal.


Fonte: Imagem retirada do “Veterinary Articles / Pemphigus Foliaceus” disponível em:
http://www.vmcli.com/veterinary-articles-pemphigus-foliaceus.html

ETIOPATOGENIA:
Sua etiologia ainda não está totalmente elucidada, porém está envolvida na produção
irregular desse autoanticorpos específicos. Alguns estudos apontam que o pênfigo foliáceo
também pode ocorrer devido a utilização de alguns fármacos que possuem os compostos tióis em
sua composição, ou então por apresentarem enxofre, que em sua biotransformação que acaba por
produzir grupos tióis ativos. O Pênfigo Foliáceo é caracterizado por produzir autoanticorpos contra
um dos antígenos responsáveis pela adesão intercelular epidérmica, presente nos desmossomos.
A produção dos autoanticorpos está diretamente ligada a uma regulação imune anormal ou devido
a uma estimulação antigênica anormal. O antígeno mais provável responsável pela ocorrência do
pênfigo foliáceo é a desmogleína 1 do grupo da caderina.
Ainda não há estudos ou referências bibliográficas que comprovem a predisposição sexual,
porém, já existem algumas raças onde foram observadas predisposição para a ocorrência do
Pênfigo Foliáceo, dentre elas, podemos citar raças como Chow Chow, Akita, Collie, Dachshund,
Doberman, Bearded, Pinscher, Schipperkes. O pênfigo pode ocorrer em qualquer idade do animal,
mais alguns estudos indicam que a maior incidência do mesmo é por volta dos cinco anos de
idade.

SINAIS CLÍNICOS:
A ligação dos autoanticorpos com o antígeno promove a ocorrência de acantólise, que é
caracterizada pela separação da camada espinhosa da epiderme, dando origem a pústulas
intradermicas bastante sensíveis e que quando rompidas, resultam em lesões secundárias.
As lesões normalmente têm início no plano nasal podendo se estender ao redor dos olhos
e até o conduto auditivo dos animais acometidos, com a progressão da doença, as áreas afetadas
podem atingir todo o corpo do animal podendo chegar até a virilha e acometendo os coxins
causando uma hiperqueratose. Estes animais apresentam alopecia, despigmentação da área
acometida, desenvolvimento de pústulas, assim como o aparecimento de escamas, crostas e
colaretes epidérmicos, com a exacerbação da produção dos autoanticorpos e o agravamento da
doença, podem ser observados eritema e exsudação e em alguns casos erosões e ulcerações
cutâneas. Quando o animal chega neste estágio, ele também pode apresentar outras alterações
como febre, anorexia, edema de membro e em alguns casos linfadenomegalia.

Figura 2: Cão de 05 anos de idade apresentando lesões com pústulas intactas na face, mais ele
também apresenta leões na parede abdominal, no tronco e nos membros.
Fonte: Imagem retirada do “Anatomia Patológica Veterinária – FMV - ULisboa” disponível em:
http://www.fmv.ulisboa.pt/atlas/pele/pages_us/pele035_ing.htm

DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico do Pênfigo Foliáceo é baseado no histórico clínico do animal, no exame
físico, na realização de exames hematológicos e bioquímicos para monitoramento. Mais são
exames como os esfregaços diretos das lesões, citologia das pústulas e o histopatológico que
realmente irão identificar as alterações na epiderme causadas pelo pênfigo. O diagnóstico
diferencial de pênfigo inclui várias outras doenças que acometem a pele dos animas, dentre elas
podemos citar o Lúpus, Foliculite Bacteriana, Dermatofitose, Demodicose e Leishmaniose, para
uma clara elucidação e exclusão de outras possíveis dermatopatias, sugere-se a realização do
exame histopatológico
Nos exames hematológicos podemos não encontrar alterações significativas causadas
pelo pênfigo foliáceo, mas podemos identificar uma leve a moderada leucocitose com neutrofilia e
uma leve a moderada anemia normocítica normocrômica não regenerativa. No esfregaço direto
das lesões e na citologia, quando bem realizados, podemos identificar eosinófilos, neutrófilos
íntegros, a presença de células acantolíticas e ausência de bactérias, o que reforça o diagnóstico,
porém, é preciso avaliar a presença de células acantolíticas com cautela para não confundir o
diagnóstico com outras dermatites pustulares.
Figura 3: Exame citológico de uma pústula intacta de um cão com pênfigo foliáceo, podemos
identificar a presença de queratinócitos acantolíticos (setas) e muitos neutrófilos não degenerados.
Fonte: Imagem retirada do “Canine and feline pemphigus foliaceus: Improving your chances of a
successful outcome” disponível em: http://veterinarymedicine.dvm360.com/canine-and-feline-
pemphigus-foliaceus-improving-your-chances-successful-outcome?id=&sk=&date=&pageID=4

O histopatológico é o exame de eleição para o diagnóstico de pênfigo foliáceo, as amostras


de biópsia a serem enviadas ao laboratório devem ser coletadas em áreas onde a doença ainda
está ativa e sem contaminação secundária, deve-se realizar uma biópsia incisional e acondicionar
a mesma em formalina 10% e após 24 horas, encaminhar ao laboratório para analise
histopatológica.

PROGNÓSTICO:
O prognóstico do Pênfigo Foliáceo normalmente é classificado como moderado a bom.
Mais para que isto aconteça, é necessário o acompanhamento de perto desse paciente,
juntamente com o proprietário do animal, o médico veterinário deve explicar que Pênfigo Foliáceo é
uma doença autoimune que acomete a pele do animal e possui um prolongado tratamento
terapêutico, visto que não há cura, mais sim um controle com imunomoduladores, em alguns casos
durante o tratamento pode haver recidivas e até infecções bacterianas secundárias, nestes casos a
medicação precisa ser analisada novamente e a infecção secundária tratada apropriadamente.

REFERÊNCIAS:
• “Veterinary Articles / Pemphigus Foliaceus” disponível em:
http://www.vmcli.com/veterinary-articles-pemphigus-foliaceus.html;

• “Anatomia Patológica Veterinária – FMV - ULisboa” disponível em:


http://www.fmv.ulisboa.pt/atlas/pele/pages_us/pele035_ing.htm;

• “Canine and feline pemphigus foliaceus: Improving your chances of a successful


outcome” disponível em: http://veterinarymedicine.dvm360.com/canine-and-feline-
pemphigus-foliaceus-improving-your-chances-successful-
outcome?id=&sk=&date=&pageID=4;

• Doenças autoimunes e imunomediadas. In: Dermatologia de pequenos animais,


atlas colorido e guia terapêutico. 2 ed. Editora: Roca, 2009, 528p.

• Manual Colorido de Dermatologia do Cão e do Gato: Diagnóstico e Tratamento.


São Paulo: Revinter, 2004, 240p.
PRAZO
MATERIAL COD/EXAMES
DIAS
2 ml de sangue total colhido em tubo
39 - HEMOGRAMA COMPLETO – CANINO 0
de tampa roxa
2 ml de sangue total colhido em tubo
44 - HEMOGRAMA COMPLETO – FELINO 0
de tampa roxa
3 ml de sangue total colhido em tubo
324 - PERFIL BIOQUIMICO 1
de tampa vermelha
Lâminas 87 - CITOLOGIA - PET 3
Fragmentos de tecido retirados por
biópsia incisional, excisional ou 86 – HISTOPATOLOGIA COLORAÇÃO DE ROTINA (HE) 4
pedaços de necropsia
Fragmentos de tecido retirados por
biópsia incisional, excisional ou 650 – HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL 7
pedaços de necropsia
Lâminas e fragmentos de tecido
retirados por biópsia incisional, 658 – PERFIL FACILITADOR (CITO E HISTOPATOLOGICO) 4
excisional ou pedaços de necropsia
Esfregaço em lâmina 664 – GRAM CITOLOGICO 1

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