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DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE

LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO


DEFINIÇÃO
O Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença sistêmica auto-imune
caracterizada pela formação de auto-anticorpos contra uma ampla gama de auto-antígenos e
imunocomplexos circulantes. Sua distribuição geográfica é indeterminada, assim como sua
incidência/prevalência que atualmente é rara, provavelmente por ser sub-diagnosticada. Pode
acometer tanto gatos quanto cães, independente da faixa etária ou sexo. Há relatos na
literatura sobre esta doença estar relacionada a características hereditárias (cães das raças
Afgan Hound, Setter Irlandês, Collie, Bobtail, Caniche e Pastor Alemão), além de estar ligada
ao complexo de histocompatibilidade maior, ao alelo DLA-A7.

PATOFISIOLOGIA
A causa desta enfermidade é desconhecida. Trata-se de um defeito imunorregulatório
que determina a produção de auto-anticorpos a antígenos nucleares e citoplasmáticos de
órgãos não específicos e a antígenos órgão-específicos. Os imunocomplexos são formados e
depositados principalmente na membrana basal glomerular, membrana sinovial, pele e vasos
sangüíneos. A injúria tecidual é causada pela ativação do complemento por imunocomplexos,
infiltração de células inflamatórias e por efeito citotóxico direto de auto-anticorpos contra
antígenos de membrana.
As manifestações clínicas dependem da localização dos imunocomplexos e
especificidade de auto-anticorpos.

SISTEMAS AFETADOS
• Músculo-esquelético: deposição de imunocomplexos nas membranas sinoviais;
• Tegumentar/Exócrino: deposição de imunocomplexos na pele;
• Renal/Urológico: deposição de imunocomplexos no glomérulo;
• Hematológico, Linfático e Imune: auto-anticorpos contra RBCs (células vermelhas),
leucócitos ou plaquetas;
• Outros sistemas orgânicos: deposição de imunocomplexos ou auto-anticorpos.

ACHADOS EM HISTÒRICO/ANAMNESE
• O início pode ser agudo ou esporádico;
• Dependem do local de deposição dos imunocomplexos e especificidade dos
anticorpos;
• As manifestações clínicas podem ser crescentes ou intermitentes, podendo mudar ao
longo do tempo;
• Letargia, anorexia, claudicação, lesões de pele e alterações comportamentais são
achados mais comuns.

ALTERAÇÕES EM EXAME CLÍNICO


• Articulações podem se apresentar edemaciadas e doloridas;
• Lesões de pele simétricas ou focais podem estar presentes sendo caracterizadas por
eritema, descamação, ulceração e alopecia. Lesões mucocutâneas e na cavidade oral também
são comuns.
• Febre;
• Linfadenopatia e hepato-esplenomegalia;
• Arritmias, sopros cardíacos e aderência pleural também podem ser encontrados
(associado com miocardite, pericardite ou pleurite);
• Desgaste muscular.

DIAGNÒSTICO DA DOENÇA
O diagnóstico definitivo pode ser realizado com um resultado POSITIVO para ANA
(Anticorpo Anti-nuclear) ou FAN (Fator Anti-nuclear), testes mais sensíveis e
específicos atualmente disponíveis, ou mesmo LE Cell Test (Teste celular para Lúpus
Eritematoso) junto a 2 sinais “fortes” ou “1 sinal forte e 2 fracos”.
O diagnóstico provável é dado quando se tem resultado positivo para ANA, FAN ou LE
Cell Test em conjunto de um “sinal forte” ou “dois sinais fracos”.

Sinais fortes: poliartrite, proteinúria, dermatite, anemia hemolítica, leucopenia, trombocitopenia


e polimiosite.
Sinais fracos: febre de origem desconhecida, úlceras orais, linfadenopatia periférica, pleurite,
pericardite, miocardite e prostração.

DIAGNÓSTICO DIFERECIAL
O diagnóstico diferencial envolve doenças neoplásicas (através de exames
HISTOPATOLÓGICOS ou CITOLOGIA ONCÓTICA) que podem estar associadas a
complexos imunes circulantes, levando a sinais semelhantes ao LES. Além disso, deve-se
descartar doenças infecciosas, uma vez que o LES é responsivo terapeuticamente a fármacos
imunossupressores.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
No exame de hematologia (HEMOGRAMA COMPLETO) são observadas
alterações como anemia, leucopenia e trombocitopenia. Achados como uma leucocitose
(monocitose e neutrofilia) resultam de uma inflamação crônica. A anemia varia de moderada
não-regenerativa (exemplo: anemia resultante de doença crônica) a severa e regenerativa
(doença hemolítica).
Nas análises bioquímicas, os achados variam bastante em função dos sistemas
orgânicos afetados. A RELAÇÃO PROTEÍNA:CREATININA URINÁRIA apresenta-
se elevada (> 1,0), indicando uma proteinúria verdadeira decorrente de glomerulonefrite. Na
URINÁLISE de rotina de amostras coletadas de pacientes com anemia hemolítica, a
bilirrubinúria pode estar evidente.
A ELETROFORESE DE PROTEÍNAS séricas também é uma ferramenta
diagnóstica complementar que usualmente demonstra altas concentrações de β e γ globulinas.
Vale lembrar que o teste para detecção de ANA ou FAN, são ensaios bastante
sensíveis que complementam o diagnóstico de LES. Resultados falso-positivos em cães
podem estar associados a outras doenças infecciosas como endocardite bacteriana subaguda
e Leishmaniose Visceral Canina, portanto, trata-se de mais um diagnóstico diferencial. Para
este estão disponíveis testes sorológicos (LEISHMANIOSE ELISA+RIFI), anátomo-
patológicos (IMUNO-HISTOQUÍMICA, IMUNO-CITOQUÍMICA, PESQUISA DE
LEISHMANIA), biomoleculares (PCR), além de “Perfis Facilitadores”. Em felinos, o
diagnóstico diferencial envolve principalmente FELV e colangiohepatite.
A ANÁLISE DE LÌQUIDO SINOVIAL de pacientes com claudicação ou edema
de articulações também se torna uma ferramenta complementar no diagnóstico, onde são
encontradas alterações como alta contagem de células com predomínio de neutrófilos não
degenerados e monócitos, além da baixa viscosidade ser uma característica física comumente
encontrada. A CULTURA BACTERIANA negativa do líquido sinovial também pode
auxiliar no diagnóstico. Outros procedimentos como biopsia de pele e punção medular também
complementam o diagnóstico.

MONITORAMENTO DO PACIENTE E PREVENÇÃO


O acompanhamento do paciente envolve o exame clínico (físico) semanal, seguido de
exame hematológico (hemograma completo) e análises bioquímicas para monitorar os
efeitos colaterais dos fármacos imunossupressores utilizados no tratamento. Inicialmente a
detecção de ANA/FAN não será útil para monitorar a doença, uma vez que permanecerão
elevados durante o período de remissão da doença.
Como medida preventiva, os animais acometidos devem ser castrados e não
destinados à cobertura/reprodução, uma vez que a enfermidade possui carácter hereditário.

COMPLICAÇÕES, CURSO ESPERADO E PROGNÓSTICO


Como conseqüência de qualquer doença relacionada a deposição de imunocomplexos,
têm-se a falência renal e síndrome nefrótica secundária a gomerulonefrite. Dessa maneira, o
prognóstico é de reservado a pobre, principalmente nos casos onde estão presentes alterações
concomitantes como anemia hemolítica, glomerulonefrite e infecção bacteriana.

Figura 1 – Lesão de pele em tórax de um cão com diagnóstico de LES.


Fonte: Retirado do site “mascotas.org.”

EXAME COMPLEMENTAR / AMOSTRA PRAZO


Hemograma completo - Sangue total em EDTA (Tampa Roxa) 01 dia
ANA ou FAN - Sangue total sem anticoagulante (Tampa Vermelha) 02 dias
Perfil Renal (Uréia+Creatinina) - Sangue total sem anticoagulante 01 dia
(Tampa Vermelha)
Check Up Global de Funções - Sangue total sem anticoagulante 01 dia
(Tampa Vermelha) + Sangue total em fluoreto de sódio (Tampa Cinza)
Cultura com Antibiograma - Líquido Sinovial 03 dias
Análise de líquido Sinovial - Líquido Sinovial 01 dia
Hemocultura - Sangue total em frasco com meio específico 14 dias
Urina Rotina (EAS) - Urina 01 dia
Relação Proteína Creatinina:Urinária - Urina 01 dia
Microalbuminúria Veterinária - Urina 01 dia
FELV - Sangue total sem anticoagulante (Tampa Vermelha) 02 dias
Eletroforese de proteínas - Sangue total sem anticoagulante (Tampa 02 dias
Vermelha)
Leishmaniose ELISA+RIFI - Sangue total sem anticoagulante (Tampa 02 dias
Vermelha)
Imuno-histoquímica para Leishmaniose - Fragmento de pele, 05 dias
linfonodo ou baço em formol a 10%
Imuno-citoquímica para Leishmaniose - Punção de medula óssea 04 dias
ou linfonodo infartado.
Citologia - Punção de medula óssea ou linfonodo infartado (esfregaço 03 dias
em 03 lâminas)
Histopatologia - Fragmento de órgão em formol a 10% 05 dias
PCR Leishmaiose – Punção de medula óssea ou linfonodo infartado 05 dias
“Referencias disponíveis com autor, se necessário consulte-nos."

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