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Relevância: Alta
Todos as aulas da Mentoria possuem relevância moderada, alta ou muito alta,
baseado na incidência nas provas de residência médica dos últimos 5 anos.
Colagenoses
Todos nós já nos deparamos ou iremos nos deparar com um caso de lúpus ou uma outra colagenose.
São doenças aparentemente comuns no ambiente universitário, porém são raras na população geral.
Apesar da complexidade e atualizações acerca destas doenças, as questões se atêm a aspectos
clássicos do diagnóstico (muita atenção aos anticorpos nos flashcards!!!), manifestações clínicas e um
pouco do tratamento. Nessa aula utilizarei exemplos que são o protótipo das doenças.
Vamos nessa?
1. O diagnóstico deve ser pensado se houver 4 dos 17 critérios, sendo pelo menos
1 clínico e 1 imunológico. Outra opção para o diagnóstico é a biópsia renal
detectando nefrite lúpica. A tabela está nos fl ashcards para memorização mais
eficaz, porém o principal é ter uma noção geral.
OBS: a anemia HEMOLÍTICA autoimune faz parte dos critérios diagnósticos do LES. Apesar de ser
mais comum em pacientes lúpicos, a anemia por doença crônica ou de qualquer outra etiologia NÃO
é critério (muitas pegadinhas sobre isso!!!).
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Rash malar.
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Lúpus discoide.
OBS: atenção ao parágrafo acima! Muitas vezes são feitas pegadinhas sobre os critérios diagnósticos!
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Nefrite lúpica
O envolvimento renal é tão complexo e amplo que merece uma revisão. A suspeita perpassa leve
proteinúria (> 500 mg/dia) e pesquisa de cilindros hemáticos ou outros cilindros celulares (depende
do envolvimento glomerular e tubular). A doença glomerular mediada por imunocomplexos é a causa
mais comum de lesão renal no lúpus, mas nem sempre haverá elevação da creatinina.
A elevação dos títulos de anti-DNA e os baixos níveis de complemento (C3 e C4) indicam
frequentemente lúpus ativo, particularmente a nefrite lúpica, embora a utilidade da avaliação
sorológica seja diferente entre os pacientes. Já a nefrite lúpica tipo V pode ocorrer sem esse padrão,
ou seja, sem consumo de complemento e sem aumento de anti-DNA.
Segue a classificação baseada em biópsias. Existe também grande sobreposição entre as classes e
diferentes prognósticos entre elas. As subclasses (para cada uma das 6 classes) são determinadas
pelo fato de os glomérulos afetados estarem envolvidos de forma segmentar (S) ou globalmente (G),
e pela atividade inflamatória (ou cronicidade) das lesões. Lembrar que a biópsia renal está indicada
sempre quando houver dúvida quanto à classe de nefrite lúpica.
Para fixar:
Tratamento e prognóstico
A classificação do lúpus é em:
Entre os pacientes com LES com qualquer grau e tipo de atividade da doença, sugere-se a
administração de hidroxicloroquina ou cloroquina, a menos que exista uma contraindicação.
Essa diminui o número de crises, reduz os sintomas constitucionais, mucocutâneos e
musculoesqueléticos, além de impactar na redução da mortalidade. O corticoide pode estar
presente também, seja por meio da prednisona (via oral), metilprednisolona (via parenteral,
inclusive em pulsoterapia) ou tópica (hidrocortisona e betametasona). Outras medicações que
podem ser utilizadas são os citotóxicos, como ciclofosfamida, micofenolato ou azatioprina, sendo
empregados em casos graves da doença.
OBS: o efeito colateral mais famoso e mais lembrado pelas bancas da hidroxicloroquina/cloroquina é
a retinotoxicidade. Dessa forma, a avaliação anual por um oftalmologista se faz necessária.
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Lúpus farmacoinduzido
Vários medicamentos podem desenvolver lúpus. Neste grupo, destacam-se: hidralazina,
procainamida, isoniazida, fenitoína, clorpromazina, d-penicilamina, metildopa, quinidina e
alfainterferon. Entretanto, este lúpus é diferente. Suas características são:
(UNIRIO – 2015) Uma síndrome tipo lúpus eritematoso tem sido referida como efeito colateral de
algumas drogas. Dentre os antiarrítmicos citados, ela é frequentemente determinada pela:
(A) Procainamida
(B) Disopiramida
(C) Flecainida
(D) Lidocaína
(E) Propafenona
Resposta: basta olhar os medicamentos relatados acima que saberemos que a resposta é a alternativa A.
O problema é ter esse detalhe memorizado no momento da prova...
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Critérios clínicos:
OBS: Apesar de grande incidência de quadros trombóticos, trombose superficial não entra nos
critérios diagnósticos.
Critérios laboratoriais:
1. Anticorpo anticardiolipina IgG ou IgM em títulos moderados a altos (40 unidades ou acima
do percentil 99 do laboratório). O teste deve ser ELISA padronizado.
2. Anticoagulante lúpico presente no plasma detectado de acordo com as recomendações da
Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia.
3. Anticorpos anti-beta2-glicoproteína I, IgM ou IgG acima do percentil 99.
Lembrando que o critério laboratorial deve estar presente em duas ou mais ocasiões com intervalo
mínimo de 12 semanas.
Esclerose Sistêmica
Paciente protótipo: mulher entre 30-50 anos, com microstomia e fibrose da pele. Na sua questão
haverá, na maioria das vezes, acometimento pulmonar, renal e fenômeno de Raynaud.
A esclerodermia pode ser uma extensão clínica de endurecimento apenas da pele e dos tecidos
subjacentes ou pode estar associada ao envolvimento sistêmico. Quando o distúrbio cutâneo
característico está associado ao envolvimento de órgãos internos, a doença é denominada esclerose
sistêmica (ES). A ES é subdividida em subcategorias:
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• Cutânea difusa: acomete toda a pele incluindo tronco, abdome e parte proximal
dos membros. FAN com padrão salpicado e anticorpo topoisomerase 1 (Scl 70) ou
anti RNA polimerase III com FAN nucleolar salpicado fino.
• Cutânea limitada: lembra da imagem do paciente de braços elevados poupando
do cotovelo para baixo e do joelho para cima. É comumente associado à síndrome
CREST: calcinose, fenômeno de Raynaud, esofagopatia, esclerodactilia e
telangiectasias. Anti-centrômero (mnemônico “antiCentrômero é CREST”) e
FAN com padrão centromérico. Pode acometer tecidos e órgãos internos.
• Visceral: acomete apenas vísceras (sem envolvimento cutâneo).
Algumas questões não vão dizer o diagnóstico exato da CREST, mas podem sugerir algumas
manifestações.
Fenômeno de Raynaud.
biópsias), não costuma evoluir para doença renal crônica em estágio terminal.
Atenção total à crise renal da ES pois é a queridinha nas provas devido a sua forma rápida, ocorrendo
mais comumente na forma cutânea difusa e podendo ocorrer próximo ao diagnóstico. Se assemelha
com a emergência hipertensiva (hipertensão, cilindros, oligúria, anemia microangiopática e
trombocitopenia). O tratamento é voltado ao controle pressórico com inibidores da ECA (captopril,
enalapril)! Simples assim. Em 72h, objetiva-se níveis de pressão basais.
Alterações cutâneas vistas na ES são compostas por esclerodactilia, dificuldade de mobilidade dos
dedos, redução da expressão facial e da abertura da boca (microstomia), nariz afilado, despigmentação
da pele em sal e pimenta, telangiectasias, úlceras nos dedos e calcinose, entre outros.
Esclerodactilia.
Sobre o tratamento, é importante ter em sua cabeça que a evolução da doença é constante, a fibrose
já estabelecida é irreversível e não há cura no momento. Assim, o espectro clínico e a gravidade da
doença são importantes para direcionar o tratamento. A forma ES difusa tem mais acometimento
pulmonar, cardíaco e renal, enquanto a forma limitada apresenta mais vasculite como Raynaud,
telangiectasia e HAP. Mas a gravidade pode ser bem diferente entre elas. Ainda há um terceiro
aspecto de manifestações quando há uma sobreposição de sintomas de duas ou mais doenças do
tecido conjuntivo (doenças reumáticas sistêmicas indiferenciadas).
Em geral, os pacientes com ES são tratados com terapia sintomática. Como exemplos, pacientes com
refluxo gastrointestinal são tratados com inibidores da bomba de prótons, pacientes com fenômeno
de Raynaud são frequentemente tratados com bloqueadores dos canais de cálcio. Por isso, vamos
entender algumas peculiaridades do tratamento da ES.
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A HAP com ou sem doença intersticial pulmonar não responde bem aos bloqueadores de canais
de cálcio. Alguns precisam usar doses altas (contrário do fenômeno de Raynaud) em acordo com a
cateterização de artéria pulmonar (exame recomendado).
Uma das complicações do acometimento dos punhos na doença é a síndrome do túnel do carpo, que
pode ser evidenciada por meio das manobras de Phalen, Phalen invertido e Tinel.
Outra complicação articular que pode ser vista na artrite reumatoide é o cisto de Baker. Ele se
apresenta como um edema na região da fossa poplítea causado pelo alargamento da Bursa dos
músculos gastrocnêmio e semimembranoso. É um importante diagnóstico diferencial de trombose
venosa profunda.
Cisto de Baker.
Pode ocorrer acometimento cervical grave (subluxação atlantoaxial ou C1/C2) e das cricoaritenoides
(causando rouquidão e disfagia). Não costuma lesar esqueleto axial, exceto na região cervical
supracitada. A síndrome de Sjögren secundária é a manifestação ocular mais comum nos pacientes
com AR, acometendo cerca de 30% destes.
A sorologia (o anticorpo fator reumatoide ou FR) é inespecífica já que são encontrados em 5 a 10%
dos indivíduos saudáveis, 20 a 30% das pessoas com LES, muitos pacientes com outras condições
inflamatórias e quase todos os pacientes com crioglobulinemia mista. No entanto, é visto em até 80%
das pessoas com a doença (sua ausência não exclui o diagnóstico, afinal 20% dos acometidos não
apresentam este anticorpo). O anticorpo anti-CCP é bem mais específico. Cuidado nas questões com
FAN positivo, pois 1/3 dos pacientes com AR podem tê-lo positivo. Os títulos de FR e anti-CCP não
se correlacionam com a atividade da doença.
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Há uma gama de diagnósticos diferenciais, mas a osteoartrite é muito pedida nas provas pela sua alta
prevalência. Reveja os principais pontos relacionados às manifestações, radiologia e sorologia, vistos
na aula de artrites.
Outro ponto solicitado nas provas são as manifestações extra-articulares, as quais podem ser pela
AR ou pelas medicações, como veremos a seguir.
Tratamento da AR
Pode ser prescrito praticamente todas as medicações disponíveis para as doenças autoimunes,
dependendo do local e gravidade. Corticoide, antimaláricos, imunossupressores (metotrexato,
ciclofosfamida, azatioprina) e as drogas antirreumáticas modificadoras de doença (DARMD).
DARMD
Metotrexate (droga de escolha), leflunomida, sulfassalazina, inibidores do TNF-alfa (infliximab,
adalimumab, etc), rituximab (anti-CD20), outros agentes biológicos (abatacept, anakinra, etc), sais de
ouro e D-penicilamina (os dois últimos em desuso). A hidroxicloroquina era considerada uma DARMD,
mas perdeu esse status recentemente.
OBS: atualmente, sabe-se que as drogas modificadoras da doença devem ser iniciadas mais
precocemente, diferente do que ocorria no passado. Apesar de ainda ser controverso, considere
indicar uma DARMD mesmo sem sinais de doença grave.
A osteopenia é muito comum e pode ser difusa, focal e periarticular. A miosite também é bastante
comum na AR e além do corticoide, pode ser causada pelos antimaláricos. A vasculite pode ser
grave e costuma estar associada a altos títulos de FR e doença extra-articular ativa. A pele, pulmão
e nervos são os órgãos principais das vasculites. Com ou sem vasculite, a pele do paciente com AR
apresenta muitas facetas: úlceras, infiltração neutrofílica e equimoses pelos corticoides. As úlceras
crônicas e vasculites cutâneas precisam de tratamento imunossupressor agressivo. A lesão de pele
mais comum é o nódulo subcutâneo, 20 a 35% conhecidos por nódulos reumatoides em superfícies
extensoras e quase sempre associados ao FR. Lembrando que a presença deles é um sinal de mau
prognóstico. Pioderma gangrenoso é outra associação presente.
Os olhos estão propensos às várias lesões das câmaras anteriores, posteriores, mas a episclerite
e esclerite (a rara e grave escleromalácia perfurante) são as mais evidentes. Não se esqueçam
da grande associação com a ceratoconjutivite seca (Sjogren). Por fim, os nódulos pulmonares
(mesma relação com nódulos reumatoides), pleurite, pneumonia em organização com bronquiolite
obliterante (BOOP) e pneumonia intersticial são espectros do envolvimento pulmonar. A toxicidade
pulmonar pelo metotrexate, sais de ouro e anti-TNF devem ser lembrados. Uma síndrome rara é
a síndrome de Felty, com neutropenia atrelada à esplenomegalia e artrite reumatoide. Há outras
ativações imunes confundidas com aspectos de leucemia e outras doenças linfoproliferativas.
Para gravar os acometimentos extra-articulares, uma forma é o mnemônico “Caramba, vasculhei
pessoas com nojo!” que corresponde à Síndrome de Caplan (AR + nódulos pulmonares +
pneumoconiose), vasculite, pericardite/pleural derrame, nódulos reumatoides e Sjögren secundário.
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Resposta: se nós lembrarmos apenas de mãos, pés e punhos para a artrite reumatoide, perderíamos
essa questão bastante simples. Resposta, letra C.
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