Você está na página 1de 20

TECNOLOGIA - HEMOGRAMA EM CONTADORES

ELETRÔNICOS DE GRANDE PORTE

1. Medida e contagem dos pulsos de impedância, causados pelos glóbulos, ao cruzarem


um orifício pelo qual flui uma corrente contínua (princípio Coulter): contagem e
medida do volume de eritrócitos e plaquetas em todos os instrumentos; contagem de
leucócitos na maioria.

2. Medida da condutividade elétrica dos glóbulos, em radiofrequência, no orifício de


impedância: sensível à estrutura interna das células, usada para diferenciação dos tipos
de leucócitos na fórmula das linhas Beckman Coulter e Sysmex.

3. Análise, em vários ângulos, da dispersão da luz (foco luminoso de tungstênio ou


laser) focalizada nos glóbulos em citometria em fluxo: identificação (em alguns,
contagem) dos tipos celulares em todas as linhas de instrumentos.
4. Dispersão e absorvância da luz (laser) após reação da mieloperoxidase:
identificação dos granulócitos (peroxidase +) na linha Advia.

5. Idem, após efeito lítico preferencial do solvente sobre o citoplasma dos leucócitos:
identificação dos basófilos, resistentes à lise, em várias linhas de instrumentos;
identificação de células imaturas (resistentes por falta de lipídios na membrana) na
linha Sysmex.

6. Idem, após coloração supravital do ácido ribonucleico (RNA): identificação dos


reticulócitos na linha Beckman Coulter.
7. Dispersão de luz polarizada: identificação dos eosinófilos pelo efeito despolarizante,
em várias linhas de instrumentos.

8. Avaliação da fluorescência após marcação do RNA citoplasmático com derivados da


fluoresceína: identificação dos reticulócitos nas linhas Cell-Dyn, Sysmex e Advia.

9. Avaliação da fluorescência do DNA nuclear após marcação com iodeto de


propidium: identificação de leucócitos inviáveis (membrana permeável ao marcador) e
eritroblastos na linha Cell-Dyn.
10. Avaliação da fluorescência em leucócitos após permeabilização da membrana por
solvente e marcação com um corante fluorescente de polimetina: identificação dos
leucócitos e de plaquetas reticuladas na linha Sysmex.

11. Avaliação da fluorescência após marcação das células com anticorpos monoclonais
fluorescentes (imunofenotipagem limitada), feita com software especial por alguns
modelos top of line: contagem de plaquetas (com anti-CD61) e de linfócitos CD3, CD4 e
CD8 na linha Cell-Dyn. Outras aplicações ainda em estágio experimental.

12. Espectrofotometria: é usada de modo universal para a dosagem de hemoglobina; as


diversas linhas de instrumentos diferem quanto à conversão da Hgb antes da colorimetria:
cianometemoglobina (Beckman Coulter), hemoglobina-lauril-sulfato de sódio (Advia e
Sysmex), metemoglobina-imidazol (Cell-Dyn).
TECNOLOGIA USADA NAS CONTAGENS DE GLÓBULOS
PELAS QUATRO LINHAS DE INSTRUMENTOS DISCUTIDAS
NO TEXTO

Beckman Coulter Cell-Dyn Abbott comSysmex Advia Siemens


Roche

Eritrócitos Impedância Impedância e Impedância Impedância


óptica

Leucócitos Impedância Óptica e Impedância e Óptica


fluorescência óptica

Plaquetas Impedância Óptica e Impedância; Óptica


impedância; óptica/fluo-
imunofluo- rescência
rescência (alternativa)
(opcional)

Reticulócitos Coloração com Fluorescência Fluorescência Fluorescência


(opcional) novo-azul-de- Com CD4K530® com polimetina com oxazina 750
metilano
CRITÉRIOS PARA INDICAÇÃO DE MICROSCOPIA

1. Idade: <5 anos. Motivo: a frequência de desvio à esquerda por diarreia ou viroses e
a dificuldade de definir valores de referência nesse grupo etário.

2. Idade: >75 anos. Motivo: a grande prevalência de doenças crônicas subclínicas;


mesmo com números normais poderá haver policromatocitose (anoxemia?),
rouleaux, neutrófilos hipersegmentados, etc.

3. Procedência: hemogramas vindos de clínicas onco-hematológicas, setores em que


predominem pacientes graves.
4. Em laboratório de hospital ou clínica em que a informática permita delta-check:
fazê-lo, limitando-o a 30 dias e tolerando ± 10% de variação.

5. Pedidos médicos específicos: pesquisa de linfócitos atípicos, de esferócitos, pedido


de monoteste, etc.

6. Flags emitidos pelo aparelho: não costumam diferir muito entre os diversos
contadores eletrônicos. Geralmente são: ImmGrans/bands, Blasts, Variant lymphs,
NRBC, Plt. Clumps, Review slide. Todos exigem microscopia.

7. Limites de referência dos parâmetros numéricos: variam pouco entre os laboratórios


consultados. Os números do quadro apresentado na página seguinte são os
recomendados pelo autor RENATO FAILACE.
Eritrócitos < 3.8 >6 M/µL

Hemoglobina <11 >17 G/dL

VCM <78 >100 fL

CHCM <31 >36 %

RDW >15 %

Leucócitos <3.500 >12.000 /µL

Neutrófilos <1.500 >7.000 /µL

<30 >75 %

Linfócitos <1.000 >4.000 /µL

Monócitos >1.500 /µL

Eosinófilos >1.500 /µL

Basófilos >2 %

Plaquetas <120.000 >400.000 /µL


O QUE AS MÁQUINAS NÃO VEEM

No eritrograma

Policromatocitose

Pecilocitose (de um modo geral)

Pecilócitos específicos

Inclusões (Jolly, pontilhado basófilo, outras)

Eritroblastos < 5% (salvo alguns modelos top of line)

Rouleaux
O QUE AS MÁQUINAS NÃO VEEM

No leucograma
Desvio à esquerda (Há flag Imm Grans/Bands em 80% dos casos com
neutrofilia, mas em menos de 40% dos casos sem neutrofilia; a anomalia
de Pelger-Huët nunca é notada
Granulações tóxicas e corpos de Döhle
Plasmócitos
Linfócitos atípicos (há flag Variant lymphs em 80% dos casos com
linfocitose, mas, em me3nos de 30%, sem linfocitose; identificam muitos
como monócitos)
Linfócitos linfomatosos ou leucêmicos em pequeno número (há Flag
Blasts quando mais de 5-10%)
Linfócitos com granulação ou vacuolização anormais
Hairy cells geralmente aparecem como monócitos
O QUE AS MÁQUINAS NÃO VEEM

No plaquetograma
Agregação, quando discreta (agregação acentuada sempre causa Flag
Plt Aggregation)
Satelitismo plaquetário (há trombocitopenia sem flag)
1. Policromacitose sem anemia: com hemoglobina próxima ao limite superior da
normalidade, é sinal de anoxemia; próxima ao limite inferior, sugere perda sanguínea
recente.

2. Esferocitose, mesmo sem anemia, é um diagnóstico relevante; explicaria litíase,


subicterícia, etc. Às vezes, a máquina nota-a pela elevação da CHCM.

3. Acantocitose e corpos de Howell-Jolly indicam hipofunção esplênica. Se forem


notados em paciente esplenectomizado, o achado é irrelevante (porque já sabido); em
paciente não-esplenectomizado, entretanto, é altamente relevante, pois sugere doença
inflamatória crônica do trato digestivo, geralmente de difícil diagnóstico.
4. Leptocitose indica doença hepatobiliar; rouleaux indica eritrossedimentação
elevada.

5. A presença de eritroblastos e de mielócitos pode ser sinal de metástases ósseas de


tumor, mas é rara se anemia.

6. O desvio à esquerda, as granulações tóxicas e os corpos de Döhle são discutidos no


leucograma. A plasmocitose e os linfócitos atípicos são fundamentais para o
diagnóstico de viroses.

7. É desnecessário comentar a importância do achado de células linfomatosas e


leucêmicas. Não é raro vê-las em pequeno número, ainda sem linfocitose significativa
nem alterações numéricas das demais séries.
TÉCNICA E CUIDADOS PARA A MICROSCOPIA

(PARA GRAU DA ALTERAÇÃO) (PARA FREQUÊNCIA DO ELEMENTO)

LEVE NÍTIDA RAROS VÁRIOS

DISCRETA ACENTUADA OCASIONAIS MUITOS(AS)

MODERADA CONSIDERÁVEL ALGUNS NUMEROSOS(AS)

SLIGHT MODERATE RARE A FEW

MILD MARKED OCCASIONAL MANY


SEMIQUANTIFICAÇÃO DE 1+ a 4+

1+ = alteração notada só com especial atenção


(p. ex., policromatocitose em grávida)

2+ = alteração notada no exame de rotina, mas não chamativa


(p. ex., acantócitos em esplenectomizados)

3+ = alteração óbvia, imediatamente notada


(p. ex., granulações tóxicas em pacientes recebendo filgrastima)

4+ = alteração máxima, presente em grande número de células


(p. ex., policromatocitose em anemia hemolítica autoimune, eritrócitos
em alvo na hemoglobinopatia C homozigótica)

(Na preferência por apenas 1+ a 3+, os conceitos 1+ e 2+ acima


corresponderão a 1+, e os demais serão idênticos, só que para 2+ e 3+)
ERROS MAIS COMUNS

1. Sangue coagulado

2. Plasma derramado

3. Material hemolisado in vitro

4. Anticoagulante (EDTA) em excesso

5. Sangue velho ou malconservado

6. Falta de homogeneização do sangue ao entrar na máquina

7. Crioaglutinação
EXPRESSÃO DOS RESULTADOS

HEMOGRAMA
Linha e modelo do contador eletrônico usado (informar, aqui ou no fim)

ERITROGRAMA
Eritrócitos* milhões/µL
Hemoglobina g/dL
Hematócrito %
VCM fL
HCM pg
CHCM % (ou g/dL)
RDW %

AQUI: observações (se houver) sobre a série vermelha, interpretação do histograma


(se alterado), reticulócitos % e /µL (se foram contados)
EXPRESSÃO DOS RESULTADOS

LEUCOGRAMA
Leucócitos /µL
Neutrófilos % /µL
(distinguir bastonados e segmentados, se for notado desvio à microscopia)
Linfócitos % /µL
Monócitos % /µL
Eosinófilos % /µL
(mielócitos, blastos e outros, se houver)
Com (ou sem) observação microscópica complementar (anotar a opção havida no
caso)
AQUI: observações sobre a série branca (se pertinentes)

PLAQUETAS /µL
VPM fL (se o laboratório tiver comprovação da estabilidade do
VPM e valores de referência próprios)
AQUI: observações sobre as plaquetas (se pertinentes)
ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS RETICULOCÍTICOS DA LINHA
ADVIA COM AS SIGLAS ORIGINAIS, EM INGLÊS

MCVr = volume corpuscular médio dos reticulócitos (medida direta)

CHCMr = média das concentrações hemoglobínicas corpusculares dos reticulócitos


(medida direta)

CHr = conteúdo hemoglobínico (médio) dos reticulócitos (cálculo: MCVr X CHCMr)

RDWr = amplitude de distribuição (volumétrica) dos reticulócitos (derivado


estatístico)

CHDWr = amplitude de distribuição da concentração hemoglobínica dos reticulócitos


(derivado estatístico)

HDWr = amplitude de distribuição do conteúdo hemoglobínico dos reticulócitos


(derivado estatístico)

Você também pode gostar