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FACULDADE DE MEDICINA
FARMACODERMIAS
NITERÓI
2021
IZABELLA MESQUITA MARQUES MEGDA
FARMACODERMIAS
Orientadora:
Profa. Dra. Paula Dadalti
Niterói
2021
IZABELLA MESQUITA MARQUES MEGDA
FARMACODERMIAS
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr.
Prof. Dr.
Prof. Dr.
Niterói
2021
Ouça: respeite a você mais do que aos outros,
respeite suas exigências, respeite mesmo o que
é ruim em você - respeite sobretudo o que
você imagina que é ruim em você – pelo amor
de Deus, não queira fazer de você uma pessoa
perfeita – não copie uma pessoa ideal, copie
você mesma – é esse o único meio de viver.
Clarice Lispector
AGRADECIMENTOS
Essa jornada de 6 anos não seria possível sem duas pessoas, em especial: meu avô, que
infelizmente faleceu antes de me ver completá-la e eu poder retribuir uma parte do que ele
sacrificou durante sua vida inteira em troca de nada; e minha irmã, que sempre foi e sempre
será a maior crítica do meu trabalho, a primeira a me ajudar nos momentos mais difíceis da
vida: hoje estou viva graças a ela.
Também gostaria de agradecer aos meus pais;, mesmo a uma certa distância, fizeram o
máximo para me trazer até aqui e, da forma deles, só querem me ver feliz.
Aos meus amigos Bruna, Fernanda, Melissa, Cristina, Carolina, Gabriel, que conhecem todos
os meus defeitos e me deram forças para continuar,sou grata também. Apesar de todas as
dificuldades, me aceitaram da forma que sou.
Minha amiga Bruna, em especial, merece mais que um agradecimento, pois ela é uma mulher
incrível, que superou muitos obstáculos, venceu muitos medos e sofreu muito por morar
comigo todo esse tempo.
Gostaria de agradecer muito à professora Paula, que me orientou a realizar este trabalho e é
um exemplo de profissional que eu quero ser.
RESUMO
The indiscriminate use of medications is already woven into the routine of the western
population. This is due to the growth of the pharmaceutical industry, with its increasingly
advanced technologies, in addition to the increase in life expectancy, which causes a high
exposure to drugs, in addition to easy access to drugs in some countries. Despite the benefits,
such as improved quality, life expectancy and treatment or even cures for some diseases, there
is a culture that generates broad stimuli, advertisements and biased studies aimed at
stimulating consumption. In general, the side effects of drugs or interactions between several
of them are not explicit to the consumer, since the use of a more technical language by the
industry makes it difficult to interpret substances that are harmful to health. Pharmacoderma
are unwanted effects that appear in different contexts (immunosuppression, genetics,
allergies), being triggered by the consumption of these drugs. They can affect skin, mucous
membranes, hair, nails and involve different organs or systems. They are often very frequent
due to side effects, toxic effects, unexpected individual reactions or even some type of allergic
reaction that one or more drugs can cause. Factors such as pH change, administration method
(VO/IM/IV) or the presence of previous pathologies can alter the drug's metabolism,
providing unwanted, beneficial or harmful effects. In general, the clinical features of
pharmacoderma are mild reactions (maculopapular rash), but in some circumstances skin
reactions can be severe and even lead to death.
2 OBJETIVOS 11
3 METODOLOGIA 12
4 EPIDEMIOLOGIA 13
5 SEGURANÇA DO PACIENTE 14
6 A PELE 16
7 FARMACOVIGILÂNCIA 17
8 FARMACODERMIAS 18
8.1 DEFINIÇÃO 18
8.2 ANAMNESE 18
8.3FISIOPATOLOGIA 19
8.4REAÇÕES IMUNOLÓGICAS 20
8.4.1TIPO I OU ANAFILÁTICA 21
8.4.2TIPO II OU CITOTÓXICA 21
8.4.3TIPO III OU POR IMUNOCOMPLEXOS 21
8.4.4TIPO IV OU CELULAR TARDIA 22
8.5REAÇÕES NÃO IMUNOLÓGICAS / PSEUDOALERGIAS 22
8.5.1EFEITO COLATERAL OU SECUNDÁRIO AO USO DO MEDICAMENTO 22
8.5.2INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 23
8.6 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 24
8.6.1 PIGMENTAÇÃO INDUZIDA POR FÁRMACO 24
8.6.2URTICÁRIA E ANGIOEDEMA 24
8.6.3ERUPÇÃO FIXA POR DROGAS 24
8.6.4FOTODERMATOSES INDUZIDAS POR DROGAS 25
8.6.5OUTRAS FARMACODERMIAS 25
8.7 DIAGNÓSTICO GERAL 25
11
2 OBJETIVOS
12
3 METODOLOGIA
13
4 EPIDEMIOLOGIA
Estima-se que de 5 a 15% dos pacientes tratados com medicamentos terão algum tipo
de manifestação cutânea e aproximadamente 0,1% deles apresentarão reações graves
(BLUMENTHAL et al., 2019; CHU et al. 2020; THONG; TAN, 2011). A cada 1000
internados, 1 irá desenvolver algum tipo de reação cutânea;em doenças mais graves, essa
incidência diminui para 0,001%, como é o caso da Síndrome de Hipersensibilidade Sistêmica
a Drogas (DrugReactionwithEosinophiliaandSystemicSymptoms– DRESS), que possui uma
taxa de mortalidade de 10 a 20% dos casos prevalentes (RIEDL, 2003; SILVARES et al.,
2008; SCHNYDER, 2010; MOCKENHAUPT, 2017; BLUMENTHAL et al., 2019;
REGATEIRO et al., 2020).
Nas farmacodermias, inicialmente, as manifestações variam com o tipo de droga e
com o organismo do indivíduo. Pesquisas demonstram que o exantema morbiliforme e a
urticária foram as apresentações clínicas mais frequentes. Além de erupções cutâneas, os
pacientes com reações adversas graves aos medicamentos apresentaram principalmente febre
(73%) e anormalidades na rotina sanguínea (66,7%)(RIEDL, 2003; DI MARTINO, 2014;
QIANCHENG et al., 2017; BLUMENTHAL et al., 2019).
Dentre os medicamentos mais listados, os antibióticos aparecem em 26% das vezes
como desencadeadores de reações, especialmente os do grupo das sulfonamidas, penicilinas e
cefalosporinas. Já os analgésicos e anti-inflamatórios (ácido acetilsalicílico – AAS e anti-
inflamatório não esteroidal – AINH, respectivamente) aparecem em 17,1%, os
anticonvulsivantes (barbitúricos, carbamazepina) em 21,6%, além de outros fármacos, como
antidepressivos, meios de contrastes, quimioterápicos, antimaláricos, dentre outros. Em
crianças, os maiores relatos de reações adversas são os antibióticos b-lactâmicos (82%) e as
sulfonamidas (5%)(RIEDL, 2003; SILVARES et al., 2008; DI MARTINO, 2014).
Os antibióticos são responsáveis por até um terço das reações adversas a
medicamentos relatadas nas alergias em pediatria. Em crianças, a incidência geral de alergia a
antibióticos autorreferida foi de 15,3%. Apesar do alto número de casos relatados, <10% dos
casos são confirmados como alérgicos após o teste e/ou provocação, indicando que a
verdadeira alergia a antibióticos é rara e superdiagnosticada(RIEDL, 2003; MOTA,
2005;SARETTAet al., 2019; MOCKENHAUPT, 2017; BLUMENTHAL et al., 2019;
KONVINSE et al., 2018).
A alergia à penicilina, a alergia medicamentosa mais comumente relatada, tem uma
taxa de prevalência de 5% a 10% em populações comunitárias de adultos e crianças e chega a
14
20% naquelas vinculadas a cuidados médicos contínuos(RIEDL, 2003; NORTON et al.,
2018; BLUMENTHAL et al., 2019).
Aproximadamente 2% dos pacientes alérgicos à penicilina reagem a uma
cefalosporina; no entanto, esse número pode exceder 30% quando as cefalosporinas
administradas têm cadeias semelhantes aos das penicilinas, devido a um fenômeno chamado
reatividade cruzada, definido como a resposta imune a um medicamento em um indivíduo
previamente sensibilizado com outro fármaco de estrutura similar, podendo outras classes de
medicamentos também desencadear essa reatividade(RIEDL, 2003;NAGAO-DIAS, 2004;
MOTA et al.,2005).
Além da reatividade cruzada, algumas doenças podem predispor ao aparecimento das
lesões ou até mesmo aumentar os riscos das ocorrências das formas mais graves. São elas, as
Infecções por HIV, o lúpus eritematoso sistêmico e algumas doenças hematológicas. Mas, no
caso da população idosa, a patologia de maior risco é doença
cerebrovascular(FARMACODERMIAS, 2014; SANTOS et al., 2015; MUSTAFA et al.,
2018; SOUZA et al., 2019; REGATEIRO et al., 2020).
15
5 SEGURANÇA DO PACIENTE
16
6 A PELE
17
7 FARMACOVIGILÂNCIA
18
8 FARMACODERMIAS
8.1 DEFINIÇÃO
8.2 ANAMNESE
19
farmacodermia. Deve-se também dar uma atenção especial a sinais e sintomas (tipo, início,
localização, evolução), como máculas, eczemas, reações anafiláticas, observando atentamente
peles e mucosas (CASTRO et al., 2020).
O aparecimento e o desenvolvimento das farmacodermias depende de uma série de
condições, como: idade, fatores genéticos, sexo, gravidez, doenças de base, dose, número e
tipos de medicamentos utilizados pelo paciente. Ao se deparar com esse tipo de reação, deve-
se questionar:i) O evento adverso está mesmo relacionado a um medicamento? ii) Caso esteja,
qual seria o fármaco responsável? iii) Se a reação a droga for mesmo uma alergia, qual seu
mecanismo? iv) Quais seriam as possibilidades para tratamento da patologia inicial, anterior a
reação?(ROTTA, 2008; AZULAY, 2015; PICHLER et al., 2019, 2021).
A partir desses questionamentos, é necessário interromper ou substituir todos os
medicamentos suspeitos com potencial alérgico conhecido que demonstrem uma relação
temporal com os sintomas. Nesse sentido, é preciso observar as consequências de interromper
esses medicamentos, verificar o prontuário e checar se o início dos sintomas coincide com a
introdução da droga.
Algumas características clínicas indicam maior risco de evolução desfavorável, como
a presença de eritema confluente, edema facial, lesões cutâneas dolorosas, púrpura palpável,
necrose, bolhas ou destacamento epidérmico, erosões mucosas, febre alta, linfadenopatia,
artralgias ou artrite, eosinofilia, linfocitose atípica e elevação de enzimas hepáticas. No
entanto, em razão de a ocorrência dessas alterações nem sempre serem precoces, é necessária
a identificação de outros sinais de alarme que permitam a rápida detecção das formas graves
de farmacodermias. Por outro lado, por mais que alguns achados clínicos possam ser
preditores para seu prognóstico , há casos em que o desfecho poderá ser pouco
previsível(ROTTA, 2008; WOLFF et al., 2014; AZULAY, 2015; PICHLER et al., 2019;
CASTRO et al., 2020, 2021).
8.3 FISIOPATOLOGIA
20
2008;SCHNYDER, 2010; AZULAY, 2015; PICHLER; HAUSMANN, 2016; SÁNCHEZet
al., 2017; CHEN et al., 2018; REDWOOD et al., 2018).
Para uma molécula ser considerada imunogênica, ela deve ter um peso molecular
(PM) maior que 5000 Dalton e uma forma específica, enquanto o paciente precisa ter a
genética, a química corporal, a exposição frequente a medicamentos ou a presença
de uma doença subjacente.A maioria dos medicamentos possui um peso molecular de até
1000 Dalton, por isso, sozinhos, não costumam ser muito imunogênicos. Dessa forma, eles
necessitam estar ligados a proteínas, como a albumina, para indução de uma resposta imune
específica ou serem metabolizados antes da associação a essas moléculas carreadoras
(SCHNYDER, 2010; PICHLER; HAUSMANN, 2016; SÁNCHEZ et al., 2017; CHEN et al.,
2018; REDWOOD et al., 2018).
As manifestações clínicas são os resultados das interações metabólicas do organismo
frente às moléculas consideradas corpos estranhos. Em alguns casos, apenas um segundo
contato do indivíduo com o antígeno ao qual criara uma memória imunológica prévia, e não
desenvolvera uma reação ampla, é o suficiente para desencadear o fenômeno da
hipersensibilidade. Nessa circunstância de contato prévio, denomina-se a resposta de
sensibilização, mais comum quando um determinado fármaco é administrado de forma
intermitente e repetitiva (penicilina ou insulina) do que com a sua administração ininterrupta.
Outro mecanismo que pode acontecer é a reatividade cruzada, um problema definido como
resposta imune a um medicamento (ou classe) em um indivíduo previamente sensibilizado a
outro fármaco de estrutura similar(SCHNYDER, 2010; PICHLER; HAUSMANN, 2016;
SÁNCHEZ et al., 2017; CHEN et al., 2018; REDWOOD et al., 2018).
Existem quatro mecanismos principais de hipersensibilidade descritos na literatura:
tipo I ou anafilática, tipo II ou citotóxica, tipo III ou por imunocomplexose tipo IV ou celular
tardia (SCHNYDER, 2010; PICHLER; HAUSMANN, 2016; SÁNCHEZ et al., 2017;
PICHLER et al.,2019; CHEN et al., 2018; REDWOOD et al., 2018).
21
8.4.1 TIPO I OU ANAFILÁTICA
22
(lúpus eritematoso sistêmico), rins (nefrite lúpica), pulmões (aspergilose), vasos sanguíneos
(poliarterite) e/ou articulações (artrite reumatoide), dentre outras(RIEDL, 2003; SÁNCHEZ et
al., 2017; WANG et al., 2018; PICHLER et al., 2019, 2021).
As reações não alérgicas são muito mais comuns do que as alérgicas, sendo, em geral,
previsíveis, com base nas propriedades dos medicamentos envolvidos e nos
sintomas(SÁNCHEZ et al., 2017; PICHLER et al., 2021)
24
8.6 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
As urticárias são lesões superficiais papulosas, com placas edematosas (ou ponfosas)
que tendem a serem transitórias, além de pruriginosas e bem delimitadas. Seus mecanismos
imunes são mediados por IgE e sua sensibilização, em geral, costuma acontecer em 7 a 14
dias. Os principais fármacos que a induzem são:penicilina,atropina, amoxicilina,codeína,
amiodarona, hidralazina, procainamida, vancomicina, captopril,enelapril, succinilcolina,
nifedipino, meperidina, morfina e contrastes radiográficos(FARMACODERMIAS, 2014;
ENSINA et al. 2018; PINHEIRO, 2020).
25
8.6.3 ERUPÇÃO FIXA POR DROGAS
A erupção fixa por drogas É uma reação cutânea adversa a um fármaco por via
sistêmica. Costuma ser caracterizada por uma mácula ou placa eritematosa, nitidamente
demarcada, redonda ou oval, inicialmente avermelhadas, que podem evoluir para uma
coloração violácea e finalmente acastanhada. Essa erupção é geralmente associada ao uso de:
AINE, sulfas, tetraciclinas, metronidazol e nistatina (ENSINA et al. 2018).
Outras farmacodermias que também podem ocorrer são: erupção acneiforme por
drogas, pseudoporfia, síndrome de lyell, fotodermatites, eritrodermia ou dermatite esfoliativa,
vasculites, dermatose iga linear-like medicamentosa, erupções liquenoides, pseudolinfoma
induzido por droga, agep (acutegeneralizedexanthematouspustulosis), síndrome de
hipersensibilidade a fármacos (DRESS - drugrashwitheosinophiliaandsystemicsymptons),
urticária com anaflaxia, necrólise epidérmica tóxica, Síndrome de Steven-Johnson, lúpus
eritematoso induzido por medicações e eritema nodoso medicamentoso (MOTA, 2005;
ENSINA et al. 2009; SANTOS et al., 2015;PINHEIRO, 2020).
27
28
9 FORMAS MAIS GRAVES DE FARMACODERMIAS
9.1.2 EPIDEMIOLOGIA
9.1.4 CLÍNICA
Trata-se de uma erupção sobre a qual surgem pequenas e numerosas pústulas estéreis,
do tamanho da cabeça de um alfinete, sobre uma base edematosa e eritematosa. Em geral, as
pústulas iniciam-se nas regiões de dobras (áreas axilar, inguinal e submamária), além do
surgimento de um edema facial que, em poucas horas, se espalha pelo corpo todo. É
autolimitada, podendo ser acompanhada de: febre, hipocalemia, leucocitose ou eosinofilia.
A reação costuma acontecer dentro de 2 e 5 dias após a exposição ao medicamento. As
pústulas duram alguns dias; em seguida, ocorre uma descamação superficial de todas as áreas
envolvidas. Em casos graves, podem aparecer lesões em alvo atípicas e pústulas coalescentes,
resultando em erosões superficiais e quadro clínico semelhante à síndrome de Stevens-
Johnson (SJS) (PICHLER et al., 2010; CHU et al., 2020).
29
9.1.5 FISIOPATOLOGIA
A fisiopatologia ainda não está bem estabelecida, mas se supõe que a AGEP seja uma
inflamação neutrofílica mediada por células T, envolvendo células T CD4 específicas para
drogas, células T CD8 citotóxicas e citocinas inflamatórias. As células T CD4 específicas
para drogas produzem grandes quantidades de fatores quimiotáxicos para os neutrófilos,
induzindo-os à produção de citocinas, e GM-CSF, que reduzem a apoptose neutrofílica,
causando um acúmulo de neutrófilos nos tecidos. As células T helper 17 (Th17) também
podem estar relacionadas a recrutamento, ativação e migração de neutrófilos nessa patologia
(PICHLER, 2010; PICHLER; HAUSMANN, 2016;CHU et al., 2020).
9.1.6 GENÉTICA
9.1.7 DIAGNÓSTICO
30
9.1.8 DERMATOSCOPIA
31
9.1.10 OUTROS TESTES
9.1.11 TRATAMENTO
O tratamento para esse tipo de reação é essencialmente sintomático, podendo ser feito
com compressas; nos casos mais extensos e tóxicos, com corticoide sistêmico. O tratamento
de suporte é à base de esteroides tópicos e soluções antissépticas durante a fase pustular, e
emolientes durante a fase descamativa, bem como antipiréticos, o que costuma ser
suficiente(REDWOOD et al., 2018; CHU et al., 2020).
9.2.1EPIDEMIOLOGIA
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envolvimento cutâneo surge em cerca de 70% dos pacientes, ou seja, apesar da sua elevada
prevalência, não se trata de um sintoma universal. Em aproximadamente 90% dos casos, a
erupção maculopapular inicia-se na face, na parte superior do tronco e nos membros
superiores, com subsequente progressão para a parte inferior do corpo, podendo afetar quase
toda a superfície corporal (CRIADO et al.,2004; JUNIOR, 2017; LEE et al., 2017;SARETTA
et al., 2017).
Os medicamentos mais comumente associados a essa etiologia são: fenitoína,
fenobarbital, carbamazepina, minociclina, nevirapina, sulfonamidas, talidomida, dipirona,
ranitidina, alopurinol, indinavir, zalcitabina e inibidores de canal de cálcio.
9.2.2 GENÉTICA
9.2.3 PATOGÊNESE
9.2.4CLÍNICA
a) 1ª FASE: Latência (desde o início da droga até o início da reação). Normalmente, varia
de duas a oito semanas. No entanto, a latência pode ser menor em casos atribuídos a
antibióticos e meios de contraste iodado. Medicamentos tomados por menos de duas semanas
ou mais de três meses antes, em geral, são improváveis causadores de DRESS. Em alguns
casos, drogasinterrompidas antes do início da doença ainda podem ser suspeitas, se o
medicamento ou metabólito do medicamento estiver ainda presente no corpo, devido a uma
meia-vida longa ou depuração prejudicada.
b) 2ª FASE: Prodrômica. Muitas vezes é caracterizada por sintomas inespecíficos, como
febre alta, dor, prurido, mal-estar e linfadenopatia.
c) 3ª FASE: Farmacodermia em si, compreende as manifestações cutâneas que são mais
óbvias e muitas vezes são as primeiras pistas para o diagnóstico (JUNIOR, 2017; LEE et al.,
2017).
A lesão manifesta-se como uma erupção maculopapular que pode progredir para um
eritema coalescente. É comum desencadear reações adicionais, que incluem púrpura, edema
facial acentuado (geralmente maior acometimento periorbital), placas infiltradas, pústulas,
dermatite esfoliativa (associada com queilite, erosões labiais, faringite, xerostomia e
infiltração das glândulas salivares) e lesões semelhantes a alvos.
34
Além das lesões cutâneas, pode haver outros acometimentos, como a linfadenopatia
generalizada, a artralgia, a febre, a linfocitose atípica e eosinofilia, e os infiltrados em
órgãos,como pulmões, fígado, coração e os rins. Essas manifestações estão simetricamente
distribuídas no tronco e nas extremidades.
O edema facial é marcante, estando presente na maioria dos casos (cerca de 90%).
Quase 80% dos pacientes têm mais de 50% de envolvimento da área de superfície corporal
(BSA); em casos raros (<3 por cento), a erupção pode ser leve ou ausente. O prurido pode ser
um sintoma concomitante que, em geral, surge antes dos 2 primeiros meses de uso do
medicamento.A apresentação clínica é heterogênea, além de o curso da doença ser
tipicamente prolongado(JUNIOR, 2017; LEE et al., 2017).
35
envolvido com esse acometimento é o alopurinol, por isso deve haver cuidado ao prescrevê-lo
a pacientes cardiopatas e doentes renais (LEE et al., 2017;CHU et al., 2020).
c) Pulmão: os sintomas de envolvimento pulmonar, que ocorre em até 30% dos pacientes
com DRESS, incluem falta de ar e tosse seca. Radiografias de tórax ou tomografia
computadorizada (TC) podem demonstrar infiltrados intersticiais e derrames pleurais. As
complicações respiratórias podem incluir pneumonite intersticial aguda, pneumonia
intersticial linfocítica, pleurite e síndrome de angústia respiratória (LEE et al., 2017;CHU et
al., 2020).
d) Coração: O envolvimento cardíaco (2 a 20% dos casos) é uma grave complicação e um
fator de mau prognóstico. As apresentações clínicas incluem: hipotensão, taquicardia,
dispneia e/ou dor torácica, associada a disfunção de ventrículo esquerdo, e alterações no
eletrocardiograma (ECG). Pode-se categorizar em miocardite de hipersensibilidade
(assintomática ou associada com sintomas inespecíficos e carrega um melhor prognóstico),
necrosante, miocardite eosinofílica (forma mais grave, associada a mais de 50% de
mortalidade). O diagnóstico definitivo é baseado na biópsia endomiocárdica (LEE et al.,
2017;CHU et al., 2020).
e) Outros órgãos: essa síndrome pode acometer o sistema nervoso central e periférico,
causando a paralisia de Bell, a neuropatia periférica, a meningite asséptica, a vasculite
cerebral ou a encefalite límbica. O envolvimento gastrointestinal é incomum e inclui
sangramento gastrointestinal, esofagite, colite, perfuração intestinal, colecistite e pancreatite.
As complicações raras incluem miosite, disfunção tireoidiana, uveíte e síndrome
hemofagocítica(LEE et al., 2017;CHEN et al., 2018; CHU et al., 2020).
DRESS severo foi arbitrariamente definido como caso de acometimento grave de vida,
com envolvimento de órgãos ameaçadores que resultem em admissão na unidade de terapia
intensiva (UTI) ou morte. Não foram determinados preditores prognósticos claros na
apresentação. A reativação do herpes vírus humano (HHV) 6 e citomegalovírus (CMV)
podem estar associados a resultados piores (LEE et al., 2017;CHEN et al., 2018; CHU et al.,
2020).
9.2.6 DIAGNÓSTICO
36
9.2.6.1Quando suspeitar do diagnóstico?
9.2.6.4Outros testes
37
a) Exposição a medicamentos de alto risco: a maioria dos casos de DRESS resulta de um
número limitado de medicamentos. Embora o desafio medicamentoso seja contraindicado na
avaliação do fármaco causador, devido à possibilidade de recorrência da síndrome, o teste já
foi utilizado com prudência em situações específicas, como DRESS ocorrendo no contexto do
tratamento multifármaco para o HIV infecção ou tubérculos.
b) Testes de função hepática: a dosagem do nível sérico de alanina aminotransferase (ALT)
pode estar alterada em pelo menos duas vezes o limite dos valores normais e/ou a fosfatase
alcalina poderá ser 1,5 vezes superior ao limite dos valores normais. Quando dosadas em pelo
menos duas ocasiões, indicam envolvimento do fígado.
c) Testes de função renal: pode haver envolvimento renal na suspeita de DRESS quando a
creatinina sérica for maior que 1,5 vezes o valor base para o paciente em pelo menos duas
ocasiões e/ou proteinúria acima de 1g/dia, hematúria e diminuição da depuração da creatinina.
d) Enzimas cardíacas: as enzimas cardíacas são realizadas para excluir qualquer tipo de
envolvimento cardíaco.
e) Amilase e lipase: o envolvimento pancreático é considerado quando a amilase e a lipase
são maiores ou iguais a 2 vezes os limites superiores dos valores normais.
f) Sorologia para infecção viral: os testes para o herpes vírus humano (HHV6-7) e para o
Epstein Barr são cada vez mais realizados em pacientes com suspeita de DRESS, devido à
alta taxa de evolução para fenômeno de reativação viral. Além disso, a presença de infecção
viral pode ser um marcador de cronicidade, bem como um prognóstico marcador de gravidade
da doença. Diversas modalidades de testes podem incluir a proteína C reativa (PCR) para
verificar o grau de inflamação causado pela doença e predizer gravidade. A dosagem sérica de
marcadores para hepatite viral, como a imunoglobulina M da hepatite A [IgM] , o antígeno de
superfície da hepatite B, o anticorpo IgM da hepatite B, o vírus da hepatite C, podem ser úteis
na exclusão de hepatite viral aguda em pacientes com alterações hepáticas.
g) Testes in vivo: teste de contato, teste intradérmico e ensaio de ativação de linfócitos
podem ser usados para confirmar a causalidade do medicamento.
h) Teste de remendo: a positividade do teste de remendo em pacientes com DRESS varia
de 30 a 60% e depende do tipo de medicamento. É mais comum ser positivo nos casos de uso
de medicamentos como carbamazepina, betabloqueadores e inibidores da bomba de prótons;
entretanto, é invariavelmente negativo para alopurinol e sulfassalazina.
i) Teste intradérmico: o teste intradérmico com uma leitura atrasada foi utilizado em
relatórios anedóticos. As concentrações são geralmente de 10 a 100 vezes mais baixas do que
38
aquelas realizada para reações imediatas mediadas por imunoglobulina E (IgE). Não obstante,
existe o risco de recorrência da reação costuma ser alto; assim, o teste só deve ser realizado
em circunstâncias excepcionais.
j) Testes in vitro: os testes in vitro são realizados apenas em centros especializados, os
quais permanecem como uma ferramenta de pesquisa. Eles incluem: teste de transformação
linfocitária (LTT), que mede a proliferação de células T após estimulação com um
medicamento in vitro e é mais bem realizada durante a fase de recuperação do doença; e
análise do potencial citotóxico de células efetoras (por exemplo, granzima B, granulisina,
CD107)(CRIADO et al., 2012; JUNIOR, 2017;LEE et al., 2017; PHILLIPS et al., 2019).
9.2.6.5Estudos de imagem
9.2.6.6 Biópsia
Uma biópsia de pele para exame histopatológico deve ser realizada nos pacientes com
suspeita de DRESS. A biópsia hepática ou renal pode ser realizada em pacientes com
envolvimentos graves de órgãos (CRIADO et al., 2012).
9.2.6.7 Histopatológico
9.2.7TRATAMENTO
40
Há poucas evidências sobre o uso de imunoglobulinas intravenosas (IVIGs) para
DRESS, embora um efeito benéfico do IVIG tenha sido relatado em alguns pacientes adultos
e pediátricos. Um estudo aberto avaliando a eficácia de IVIG em seis pacientes adultos com
DRESS foi interrompida prematuramente devido a um excesso de eventos adversos em cinco
pacientes, quatro dos quais necessitaram de terapia de resgate com oral glicocorticoides.
Existem relatos anedóticos do uso do Inibidor da Janus quinase (JAK – tofacitinibe) na
dose de 10 mg/dia para o tratamento de pacientes refratários e DRESS grave. A justificativa
de seu uso para DRESS é baseada em descoberta do transdutor de sinal dessa quinase e de sua
ativação na transcrição (JAK-STAT), sinalizando a regulação positiva em DRESS. No
entanto, são necessárias mais evidências antes do tofacitinibe ser recomendado para essa
patologia severa.
O uso rotineiro de medicação antiviral para DRESS não é recomendado em virtude da
resolução espontânea da reativação viral na maioria dos casos e preocupação com a
toxicidade associada aos agentes antivirais. No entanto, se houver confirmação de reativação
viral e evidência de dano a órgãos induzidos por vírus, ou a reativação viral ser suspeita de ser
um fator contribuinte para complicações graves (por exemplo, pneumonite, colite, encefalite),
justifica-se a terapia antiviral com ganciclovir ou valganciclovir(CRIADO et al., 2012; LEE et
al., 2017).
41
9.3.1 EPIDEMIOLOGIA
9.3.2 PATOGENIA
9.3.3 ETIOLOGIA
43
9.3.4 FATORES DE RISCO
9.3.5 CLÍNICA
9.3.6 HISTOPATOLOGIA
44
A marca registrada da SJS/TEN é a necrose de queratinócitos, variando de necrose de
espessura parcial a total da epiderme: i) lesões iniciais: queratinócitos apoptóticos estão
espalhados na camada basal da epiderme; ii) lesões estabelecidas: necrose epidérmica de
espessura total e bolhas subepidérmicas podem ocorrer. Um infiltrado inflamatório escasso,
perivascular, linfo-histiocítico, contendo uma variável quantidade de eosinófilos, está presente
na derme superficial(HIGH, 2021; ROSSI et al., 2021).
9.3.7 DIAGNÓSTICO
45
disso, podem se desenvolver bolhas. A ulceração da córnea e a uveíte anterior são frequentes,
assim como dor e fotofobia, que são sintomas associados. Um sistema de classificação
simples, com base na presença de conjuntivite, defeito epitelial na córnea ou conjuntiva e
formação de pseudomembrana, foi proposto para avaliar a gravidade de envolvimento ocular
agudo e orientar a escolha terapêutica: Sem envolvimento ocular - 0 (nenhum); Hiperemia
conjuntival - 1 (leve); Defeito epitelial da superfície ocular ou formação de pseudomembrana
- 2 (grave); e defeito epitelial da superfície ocular e formação de pseudomembrana - 3 (muito
grave).
A uretrite se desenvolve em até 67% dos pacientes e pode causar problema de
retenção urinária. Erosões genitais são frequentes em mulheres; o envolvimento vulvovaginal
pode se apresentar com uma vaginite erosiva e ulcerativa, bolhas vulvares, sinéquias vaginais,
levando a sequelas anatômicas de termo, as quais incluem aderências labiais e vaginais,
estenose, fluxo urinário obstruído e retenção urinária, cistite recorrente ou hematocolpos.
A mucosa faríngea é afetada em quase todos os pacientes, ao passo que as mucosas
traqueal, brônquica e as membranas esofágicas são menos frequentemente envolvidas. O
acometimento intestinal é raro (HIGH et al., 2017).
9.3.7.1 Laboratório
46
9.3.7.2 Testes cutâneos
9.3.9 TRATAMENTO
47
A intensidade da dor pode ser avaliada em crianças mais velhas e adultos usando uma
escala numérica, que permite ao paciente descrever a dor em uma escala de gravidade
crescente, normalmente de 0 a 10. Essa avaliação pode ser repetida a cada 4h durante a fase
aguda e orientar a escolha do tipo e dose do medicamento (CRIADO et al., 2004; HIGH,
2021): dor leve (intensidade <4) pode ser tratada com analgésicos não opioides (por exemplo,
paracetamol / acetaminofeno, ibuprofeno); para dor moderada a dor intensa (≥4).os opioides
são geralmente necessários, pois agem rapidamente, são potentes e fornecem um grau
dependente da dose de sedação;para dores fortes, a via ideal de administração é a intravenosa,
por fornecer alívio mais rápido da dor e ser titulado para atender às necessidades individuais
do paciente.
Pacientes com SJS/NET apresentam alto risco de infecção e sepse, sendo uma causa
importante de morte, por isso a prevenção de colonizações iniciais com antibióticos é um
passo essencial nesse tratamento.
Quando há suspeita de etiologia herpética, deve ser utilizada a terapia antiviral
sistêmica, que, entretanto, pode não modificar o curso depois de iniciado o processo. Há
autores que indicam corticoides bem logo no início do quadro (prednisona com doses iniciais
elevadas: 60 a 80mg), porém os benefícios são controversos (CRIADO et al., 2004; HIGH et
al., 2017; HIGH, 2021).
9.3.9.1 Corticoides
48
Há poucas evidências para apoiar o uso de IVIG em SJS/tem, cujos efeitos adversos
incluem complicações renais, hematológicas e trombóticas. O risco aumenta em pacientes que
recebem IVIG em altas doses, mais velhos e naqueles com doenças renais ou cardiovasculares
preexistentes. Hemólise grave e nefropatia foram relatadas em pacientes com SJS/NET
tratados com IVIG.
Tem sido preconizado, atualmente,o tratamento com imunoglobulina humana na dose
de 0,5 a0,75g/kg/dia, por 4 dias ou mais. São possíveis efeitos adversosda terapia com
imunoglobulina: cefaleia, dor lombar, cãibras,febre, mialgias, náuseas, vômitos e anafilaxia,
porém sãoraros e, em geral, autolimitados, com possibilidade de seremmitigados com o uso
prévio de anti-histamínicos(HIGH et al., 2017; HIGH, 2021; REID, 2021).
9.3.9.3 Ciclosporina
9.3.9.5 Plasmaférese
Foi relatado que a plasmaférese é benéfica em várias pequenas séries e casos de TEN.
A remoção de uma toxina, como uma droga, metabólito de droga ou outro mediador
49
citotóxico, tem sido proposta como mecanismo de ação; no entanto, pelo menos uma série de
pacientes não demonstrou diferença na mortalidade, no tempo de permanência no hospital ou
na hora de reepitelização(HIGH et al., 2017).
9.3.9.6 Talidomida
50
10DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
51
11MANIFESTAÇÕES EXTRACUTÂNEAS
52
12 FARMACODERMIAS NO CONTEXTO ATUAL
Na conjuntura atual (2021), a doença por corona vírus (COVID-19) tem sido muito
divulgada e associada a diversas reações indesejadas, por exemplo as manifestações cutâneas
específicas e as erupções medicamentosas, as quais compõem uma fração importante em todo
esse contexto. A fisiopatologia que há por trás dessas manifestações e sua possível associação
ainda permanecem em estudo.
A hipersensibilidade a medicamentos e a urticária foram autorreferidas por vários
enfermos em cerca de 11,0% e 1,4% dos casos, respectivamente. A erupção por drogas pode
não ser meramente acidental, mas possivelmente relacionada a uma tempestade de citocinas
induzida pelo COVID-19. Essa doença desencadeia uma desregulação de interleucinas e
anticorpos, ou seja, leva a uma hipersensibilidade aos medicamentos, facilitando com que
haja algum tipo de reação indesejada. Alémdisso, causa intensos eventos inflamatórios
agudosque podem ser agravados ou até mesmo servirem de gatilho para as farmacodermias.
Uma erupção medicamentosa causada por um AINEs precedendo outros sintomas do
COVID-19 tende facilitar o diagnóstico precoce da doença viral, com base em características
específicas, como as lesões papulomaculares; nesse sentido, os achados patológicos podem
ser exacerbações exclusivas da doença viral.
Em 3 estudos iniciais. o relatório do Norte da Itália em 88 pacientes com COVID-19,
observou sintomas cutâneos em 18 pacientes (20,4%), dos quais 8 deles desenvolveram sinais
cutâneos no início, e 10 após a hospitalização. 3 pacientes italianos com COVID‐19
gravemente enfermos apresentaram erupção cutânea urticariforme disseminada. Entre 103
pacientes franceses com COVID ‐ 19, apenas 2 apresentaram erupção urticariforme. A
frequência desse tipo de erupção em um estudo espanhol foi maior que 19% , além de estar
mais associado a um curso mais grave da doença.Entre 27 crianças com doença leve, 2
desenvolveram lesões em alvo que lembram eritema multiforme, contudo não sofriam de
infecção por herpes simplex.
Estudos iniciados da China Central relataram baixas frequências de doenças de pele
em pacientes com COVID‐19: entre 1.099 casos confirmados em Wuhan, apenas 0,2%
apresentaram sintomas cutâneos. Nesses casos, os anti-histamínicos orais costumam ser
usados para melhorar a manifestação dos sintomas.
A erupção cutânea urticariforme em combinação com pirexia é sugestiva de doença
COVID‐19 para os pacientes que apresentam lesões na fase inicial da infecção. Urticária
idiopática aguda e erupção cutânea induzida por drogas urticariformes são os principais
53
diagnósticos diferenciais. A sífilis precisa ser considerada, visto que muitas infecções virais
desenvolvem erupções cutâneas com envolvimento da mucosa, em contraste com COVID‐ 9.
Em crianças, lesões do tipo eritema multiforme são mais comuns e estão associadas a um
curso leve da doença. O principal diagnóstico diferencial depende da faixa etária, sendo em
crianças o eritema multiforme associado ao herpes simplex.
Existem muitos trabalhos em que são relatados como casos de erupção urticariforme e
outras reações cutâneas que podem ou não estarem relacionadas a uma farmacodermia,
indicando que essa manifestação pode estar presente antes do início dos sintomas de
COVID‐19, em conjunto com a tosse e pirexia, ou após o tratamento. Todavia, ainda não é
possível afirmar com certeza essa ligação, já que não há estudos capazes de confirmar
qualquer relação entre as farmacodermias e o COVID-19 (FAHMY et al., 2020; HENRY et
al., 2020; WOLLINA et al., 2020; COVID-19 DERMATOLOGY REGISTRY, 2021).
54
13CONCLUSÃO
55
14REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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