Você está na página 1de 13

UNIVERSIDADE SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA

BACHARELADO EM FARMÁCIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO


EM CLÍNICA ONCOLÓGICA

WILLIAM DIOGO ENGEL

JARAGUÁ DO SUL
2019

WILLIAM DIOGO ENGEL


RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
EM FARMÁCIA MAGISTRAL

Relatório de estágio apresentado ao


curso de Farmácia, da Universidade
Sociedade Educacional de Santa
Catarina (UNISOCIESC), como requisito
obrigatório para aprovação da disciplina
de Estágio Supervisionado III.

Profª orientadora: Dra. Lara Zimmermann

JARAGUÁ DO SUL
2019

2
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5
2.1 FARMACÊUTICO ONCOLÓGICO 5
2.2 MEDICAMENTOS ONCOLÓGICOS 6

3. LOCAL DO ESTÁGIO 7

4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 8
4.1 CONTROLE DE TEMPERATURA 8
4.3 ARMAZENAMENTO E ESTOCAGEM 8
4.4 MANIPULAÇÃO DE CITOSTÁTICOS 9
4.5 DISPENSAÇÃO DAS FÓRMULAS 10

5. CONCLUSÃO 11

6. REFERÊNCIAS 12

3
1. INTRODUÇÃO

Câncer é o crescimento descontrolado de células anormais no corpo e se


desenvolvendo, portanto quando o mecanismo de controle normal do corpo deixa de
funcionar. As células velhas não morrem, ao contrário, crescem fora de controle,
formando novas células anormais. Essas células extras podem formar uma massa
de tecido, chamada tumor. O câncer pode ocorrer em qualquer parte do corpo. Nas
mulheres, o câncer de mama é um dos mais comuns, já nos homens, é o câncer de
próstata. O câncer de pulmão e o câncer colorretal afetam homens e mulheres em
grande número (INCA, 2018).
Por ser uma doença comum e muitas vezes fatal, se criaram vários centros
especializados para o tratamento do câncer, dentro e fora de hospitais. Essas
clínicas oncológicas são centros com vários profissionais especializados em
oncologia, como médicos, enfermeiros, farmacêuticos e psicólogos, criados
especialmente para o tratamento do câncer.
O presente relatório visa a apresentação de uma análise do ambiente interno
de uma clínica oncológica, respeitante ao estágio curricular previsto para alunos do
nono semestre da faculdade de Farmácia. Pretende-se, assim, uma análise
descritiva das funções do farmacêutico dentro da clínica.

4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 FARMACÊUTICO ONCOLÓGICO

Conforme Andrade (2009), na oncologia o papel do farmacêutico remete à


qualidade da farmacoterapia. Suas atribuições excedem a simples dispensação da
prescrição médica, ou ainda a manipulação propriamente dita. Sua atuação é
importante em várias etapas da terapia antineoplásica, sendo elas a seleção e
padronização de medicamentos e materiais, auditorias internas, Informação sobre
medicamentos, manipulação dos agentes antineoplásicos, farmacovigilância,
educação continuada e participação em comissões institucionais.
O farmacêutico que deseja atuar na área oncológica, deve obrigatoriamente
ser portador de título de especialista emitido pela SOBRAFO, ter feito residência na
área de oncologia, ser egresso de programa de pós graduação latu sensu
reconhecido pelo MEC relacionado à farmácia oncológica, ou ter atuado por três
anos ou mais na área de oncologia, conforme determina a resolução do CFF nº 623
atualizada pela resolução nº 640 de abril de 2017 (SOBRAFO, 2017).
Ainda citando Andrade (2009), as principais atividades exercidas pelo
farmacêutico no campo da oncologia são: manualização dos procedimentos
técnicos; aquisição e avaliação técnica dos medicamentos, insumos farmacêuticos e
produtos para saúde; Normatização dos procedimentos de recebimento, transporte,
armazenamento e conservação dos medicamentos, insumos e produtos para saúde;
Análise da prescrição médica, cálculo de doses, escolha dos diluentes e
embalagens adequadas; Preparo dos medicamentos, contemplando todas as etapas
do processo; Gerenciamento e manejo dos resíduos de risco; Organização da área
física, equipamentos de proteção individual e coletiva, bem como equipamentos;
Procedimentos, registro e notificação de acidentes ambientais e pessoais;
Estabelecimento do plano de garantia e controle de qualidade; Estabelecimento de
técnicas de biossegurança, identificando os momentos e situações de risco; Registro
de horas de manipulação, exposições agudas e crônicas; Ensino e educação
permanente para o corpo técnico (farmacêuticos) e de apoio (auxiliares);
Participação na equipe multiprofissional de assistência ao paciente oncológico;

5
Atuação em pesquisa básica e clínica; Preparo de radiofármacos; Farmacotécnica
de medicamentos especiais para oncologia; Farmacovigilância.

2.2 MEDICAMENTOS ONCOLÓGICOS

De acordo com o INCA (2013), as terapias medicamentosas funcionam de


maneiras diferentes para destruir as células cancerígenas, impedir que elas se
espalhem ou diminuam seu crescimento. Drogas usadas para tratar o câncer
também são chamadas de drogas anticâncer ou agentes anticancerígenos. As
drogas também podem ser usadas para diminuir ou aliviar os efeitos colaterais do
câncer ou de seu tratamento. Em geral, os medicamentos oncológicos podem ser
divididos em:
● Quimioterápicos: destrói as células cancerígenas ou retarda seu crescimento.
Alguns medicamentos quimioterápicos são administrados por conta própria. Mas na
maioria dos casos, várias drogas quimioterápicas são usadas juntas para destruir as
células cancerígenas.
● Hormonioterapia: A terapia com drogas hormonais retarda o crescimento de
cânceres de mama, próstata e câncer uterino que usam hormônios sexuais naturais
(como estrogênio, progesterona e testosterona) para crescer. A terapia hormonal
impede que as células cancerosas usem os hormônios de que necessitam para
crescer ou impede que o organismo faça com que o hormônio que está causando o
câncer aumente.
● Imunoterapia: A imunoterapia ajuda a fortalecer ou restaurar a capacidade do
sistema imunológico de combater o câncer.

2.3 CÂMARA DE FLUXO LAMINAR

Para se trabalhar com segurança na manipulação dos medicamentos


oncológicos, de acordo com a NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços
de Saúde, deve obrigatoriamente ser utilizado uma câmara de fluxo laminar. Uma
câmara de fluxo laminar é uma bancada de trabalho fechada que é usada para criar
o ambiente de trabalho livre de contaminação por meio de filtros HEPA instalados
que capturam todas as partículas que entram no gabinete. Uma capa de fluxo

6
laminar é usada para trabalhar com substâncias que não são perigosas para a
saúde do pessoal (ANVISA, 2003).
As câmaras de fluxo laminar de mesa, também conhecidas como bancadas
limpas de fluxo laminar, são semelhantes aos gabinetes de biossegurança, no
sentido de serem equipamentos usados para limpar completamente o ar ambiente
através do processo de filtração (UEKI, 2008).
Uma unidade de fluxo laminar tem uso em toda a indústria e pode ser
aplicada em muitos setores como médico, pesquisa, farmácia, educacional, e
também em eletrônica, ótica, micromecânica, indústrias de plásticos, etc., pois eles
executam processos que exigem um ambiente limpo e estéril. Um capuz laminar é
usado para o trabalho com substâncias que não são perigosas para a saúde do
pessoal, e não fornece proteção pessoal. O melhor uso de um banco limpo é
trabalhar em experimentos especializados nos laboratórios que exigem um ambiente
limpo para projetar produtos que não sejam tóxicos (UEKI, 2008).

7
3. LOCAL DO ESTÁGIO

O estágio curricular supervisionado foi realizado na OncoClínica Jaraguá,


uma clínica oncológica situada na região central da cidade de Jaraguá do Sul no
norte de Santa Catarina. Sua localização é na rua Eleonora Satler Pradi, 261. Seu
horário de funcionamento é das 07:30 às 18:00 horas. O estabelecimento atende
pessoas com câncer e realiza o tratamento das mesmas. O estabelecimento possui
infraestrutura adequada às atividades desenvolvidas pela OncoJaraguá, possui
acesso de entrada e saída, com áreas separadas para consultas médicas,
ambulatório para infusões medicamentosas, manipulação de agentes citotóxicos,
armazenamento dos quimioterápicos, armazenamento de materiais, local para
escritórios, sanitários e outras dependências. Sua estrutura física é de alvenaria com
piso, cerâmico, paredes e teto são de material liso, resistente, impermeável e de cor
clara, e é dividida em:

● Recepção com Sala de Espera;


● Consultório Médico;
● Área de Preparo;
● Sala para administração das drogas;
● Área de armazenamento de citotóxicos
● Área de manipulação de citotóxicos
● Sanitários;
● Copa.

8
4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o estágio, fiquei sob supervisão da farmacêutica Juliana Becker


Kamchen. Acompanhei todos os processos que o farmacêutico executa dentro da
clínica oncológica, como a aquisição, recepção e conferência de materiais e
medicamentos, cuidar do armazenamento e estocagem dos medicamentos, assim
como sua dispensação, controle da temperatura ambiente, e em especial, a
manipulação dos medicamentos citostáticos, entre outros.

4.1 CONTROLE DE TEMPERATURA

A primeira atividade do dia era fazer a anotação da temperatura da farmácia e


da geladeira dos medicamentos, logo após chegar na clínica. A temperatura da
farmácia deve estar na faixa de 18ºC à 22ºC, e a geladeira entre 2ºC à 8ºC.

4.2 AQUISIÇÃO, RECEPÇÃO E CONFERÊNCIA DE MATERIAIS E


MEDICAMENTOS

O farmacêutico é responsável pela compra dos materiais e medicamentos


usados na manipulação dos citostáticos. Eles são pré-selecionados de acordo com
a padronização de materiais e medicamentos e chegam diariamente. É de suma
importância fazer a verificação das caixas de transporte, se estão em boas
condições e lacradas e se as embalagens não foram violadas. Se os medicamentos
forem termolábeis, deve-se verificar se está de acordo com a temperatura
recomendada, além de atentar para a quantidade e validade dos mesmos.

4.3 ARMAZENAMENTO E ESTOCAGEM

O farmacêutico também é responsável por realizar o armazenamento dos


medicamentos citostáticos, assegurando que sejam armazenados de modo a
diminuir ao máximo os fatores que possam incidir sobre sua qualidade, preservando
a eficácia dos mesmos.
Os medicamentos/produtos são devidamente armazenados longe da ação
direta da luz solar, umidade e de altas temperaturas. São dispostos em prateleiras
9
de MDF ou metal, afastados do chão, sendo que nenhum produto fica em contato
direto com chão ou paredes. A área para armazenamento deve estar sempre
climatizada entre 18 e 22°C, sem incidência direta de luz solar.

4.4 MANIPULAÇÃO DE CITOSTÁTICOS

Para a manipulação dos medicamentos citostáticos, o farmacêutico deve


seguir a Resolução nº 565, de dezembro de 2012. Ele recebe a receita do médico
responsável. O farmacêutico, assim como o enfermeiro, são os profissionais de
saúde responsáveis pela validação da prescrição médica, confronta-se o diagnóstico
com o protocolo prescrito. Em seguida ocorre a conferência da dose fármaco, que
normalmente é calculada em função da superfície corporal do paciente, expressa em
m².
Após a verificação da prescrição, o farmacêutico então faz preparação dos
materiais inclui a preparação de todo o material necessário para a execução da
técnica (e.g. seringas, sistema de soros, agulhas, bombas infusoras, etc), soros de
diluição e fármacos. Assim que separados, os materiais e medicamentos são
passados para dentro da sala de manipulação de citostáticos através de um
gabinete de passagem da farmácia para a sala de manipulação.
O farmacêutico então se equipa para entrar na sala de manipulação dos
citostáticos, e deverá ter atenção para uma série de etapas que garantam a sua
saúde e proteção, bem como a assepsia do meio de preparação. Deste modo
deverá seguir a ordem de procedimentos de proteção pessoal e higienização:

● Lavar a mãos com água e sabão e secar bem.


● Colocar a touca de modo a cobrir todo o cabelo e as orelhas;
● Vestir a roupa hospitalar;
● Colocar a máscara com filtro especial (bico de pato com filtro PFR P2);
● Lavar a mãos com água e sabão e secar bem.
● Calçar as luvas de látex próprias para a preparação de citotóxicos.

Assim que devidamente equipado, o farmacêutico entra na sala de


manipulação, e antes de começar a manipular, se faz necessário a desinfecção da

10
câmara de fluxo laminar, que é o local onde é feita a manipulação dos
medicamentos citostáticos. A limpeza é feita utilizando compressas que não libertem
partículas nem fibras, umedecidas com álcool a 70º. Essa limpeza é realizada
sempre antes e depois da manipulação.
Após a preparação da câmara, começa-se então a manipulação. No geral, a
maioria dos medicamentos citostáticos vem em frascos com o medicamento em
forma de pó para a reconstituição, ou já reconstituídos. Se faz a retirada do volume
necessário do medicamento e o injeta em bolsas de soro fisiológico ou glicosado,
dependendo da compatibilidade do medicamento. Essas bolsas são então
etiquetadas e enviadas para a enfermagem realizar a administração.
Durante a preparação de citotóxicos é essencial manter uma técnica correta
tanto na manipulação dos fármacos como nos procedimentos próprios de uma
técnica asséptica, de forma a proteger a preparação de contaminação bacteriana e
assim como o operador da contaminação com a substância.

4.5 DISPENSAÇÃO DAS FÓRMULAS

Os medicamentos citotóxicos, hormonais e anticorpos monoclonais são


manipulados de acordo com a prescrição que é conferida e avaliada pelos
responsáveis técnicos. No ato da dispensação e administração de medicações
devem ser dadas as seguintes orientações: condições de conservação e transporte,
interações alimentares e medicamentosas, modo de usar, posologia, duração do
tratamento, via de administração e, quando for o caso, os efeitos adversos e outras
considerações necessárias.

5. CONCLUSÃO

O estágio foi de suma importância, tanto para permitir um primeiro contato


com a vida profissional de um farmacêutico em uma clínica oncológica, quanto para
entender todos os processos que envolvem o bom funcionamento de uma farmácia
voltada para a oncologia. O conhecimento do farmacêutico acerca do diagnóstico e

11
dos protocolos de tratamento adotado e das reações adversas aos quimioterápicos é
imprescindível para uma assistência qualificada e humanizada aos pacientes
Fazendo uma análise final do meu período de estágio voltado para a
oncologia, posso afirmar que este proporcionou-me ampliar conhecimentos nessa
área que nos últimos tempos cresce acentuadamente em demanda nos serviços de
saúde.
Finalizado o estágio, é possível afirmar sem dúvidas que esses meses dentro
da clínica oncológica foram essenciais para a consolidação de conhecimentos
adquiridos ao longo do curso, e a certeza de que ainda há muito mais
conhecimentos para se adquirir.

12
6. REFERÊNCIAS

Instituto Nacional do Câncer. Incidência de Câncer no Brasil. Estimativa 2018.


Acesso em 08/07/2019 em https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer.

Instituto Nacional do Câncer. O que é o câncer. Acesso em 08/07/2019 em


https://www.inca.gov.br/o-que-e-cancer

Instituto Nacional do Câncer. Tratamentos do câncer. Acesso em 08/07/2019 em


www.oncoguia.org.br/conteudo/tratamentos/77/50/

OLIBONI, Livia; CAMARGO, Aline Lins. Validação da prescrição oncológica: o


papel do farmacêutico na prevenção de erros de medicação. Clinical &
Biomedical Research, v. 29, n. 2, 2009.

UEKI, Suely Yoko Mizuka et al. Monitoramento em cabine de segurança


biológica: manipulação de cepas e descontaminação em um laboratório de
micobactérias. J Bras Patol Med Lab, v. 44, n. 4, p. 263-269, 2008.

13

Você também pode gostar