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AULA 1:

FUNDAMENTOS TEÓRICOS EM FARMACOVIGILÂNCIA E


MÉTODOS EM FARMACOVIGILÂNCIA
Profº. Gabriel Oliveira de Souza
Farmacêutico Clínico Cirúrgico de Emergência e Trauma

Manaus – AM
2022
INTRODUÇÃO: HISTÓRICO DA DISPONIBILIDADE DOS MEDICAMENTOS

Figura 1 - Medicamentos
Fonte: khemporn tongphay/shutterstock
AUMENTO DO CONSUMO E GASTOS COM MEDICAMENTOS

Vários fatores colaboraram para o aumento do consumo dos medicamentos:


• O aumento da expectativa de vida, que passou de 34 anos no início do século XX a 72 anos atualmente;
• A crescente população de idosos com doenças crônicas e degenerativas;
• O aumento do consumo de medicamentos;
• O consumo de medicamentos obtidos por biotecnologia.
USO DE MEDICAMENTOS: BENEFÍCIO X RISCO
DESENVOLVIMENTO DA FARMACOVIGILÂNCIA NO MUNDO
O FDA, antes chamado 1978 O Centro de Farmacovigilância da OMS foi transferido para
Órgão Regulador de Uppsala, na Suécia – atualmente 108 países. – 34 membros
Medicamentos, aprovou
1968
um Ato que exigia que os Em dois anos foram registradas 24.719 notificações.
medicamentos fossem
puros e livres de 1962 Resolução 2051, estabelecendo o Sistema Internacional de
contaminação. Ainda não Monitorização de RAMs
havia exigências quanto à
eficácia 1961 20% na malformação fetal chamada focomelia -talidomida
durante a gestação.

Foram relatados casos 1960 O FDA iniciou a coleta de notificações de RAMs e financiou o
de icterícia em razão do Boston Drug Surveillance.
uso de arsênico no
tratamento de sífilis. 1954
produto para furunculose que continha estanho

1952 Myller’s Side Effects of Drugs.


1906 1922
crianças morreram por ingestão de um xarope de
1937 sulfanilamida com dietilenoglicol.
Tempo provável para detecção de RAM
Aumento probabilístico de detecção reações adversas

Avaliação Avaliação
pré-comercialização pós-comercialização
Registro
Fase I Fase II Fase III Fase IV-A Fase IV-B Fase IV-C

Estudos limitados de
toxicidade

Câncer
Efeitos farmacológicos inesperados
em alguns pacientes

Efeitos idiossincráticos

Ensaio clínico Farmacovigilância


DESENVOLVIMENTO DA FARMACOVIGILÂNCIA NO BRASIL
Lacaz publica o primeiro livro , Doenças Iatrogênicas, e foram promovidos vários cursos de farmacoterapia,
1970
enfocando o uso racional dos medicamentos. A Organização Panamericana de Saúde, em Santiago, no Chile,
formou o primeiro grupo de farmacêuticos clínicos que tiveram contato com o programa de Boston

1985-87 Foi feita a tradução de um livro, Epidemiologia do Medicamento, até hoje única em português. Essa época
foi quando a farmacoepidemiologia direcionou-se ao desenvolvimento.

1989 Incentivos à formação de profissionais na área de farmacoepidemiologia.

Criação da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (SOBRAVIME), que tem se desenvolvido e


1990 promove a elaboração de trabalhos na área e a realização de congressos.

1990 Criação de várias Centrais de Informação de Medicamentos (CIM) em hospitais para suporte aos
profissionais, importantes para a farmacovigilância e farmacoepidemiologia.

Este desenvolvimento culminou com a implantação de um Sistema Nacional de Farmacovigilância.


Em 07/5/2001 a Portaria nº 696/MS criou o Centro Nacional de Monitorização de Medicamentos
(CNMM) na Unidade de Farmacovigilância da ANVISA.
Em agosto de 2011, o Brasil passou a fazer parte do
Programa Internacional de Monitoração de
Medicamentos. A Organização Mundial de Saúde
admitiu o país no programa coordenado pelo The
Uppsala Monitoring Centre – WHO Collaborating Centre
for International Drug Monitoring, em Uppsala, na
Suécia.
DETECÇÃO AVALIAÇÃO COMPREENSÃO PREVENÇÃO
• Foco no: MEDICAMENTOS;
• EAM: Evento Adverso a Medicamento;

Todo evento adverso a medicamento é um evento único, mas o


contrário não é verdade, visto que, no evento adverso, outra
tecnologia pode está relacionada.

FARMACOVIGILÂNCIA

1. Reações adversas a medicamentos (RAM’s)


2. Inefetividade terapêutica (IT)
3. Desvio de qualidade de medicamentos (DQM)
4. Erros de medicação (EM)
Alvos da FARMACOVIGILÂNCIA
• OMS – Compriende o escopo da análise da segurança se estendeu do
monitoramento do uso de medicamentos para a detecção e
prevenção dos efeitos indesejados a farmacoterapia a:

RDC Nº4 DE 10.02.2017


• Fitoterápicos; • E.A.M.
• Hemoterápicos; • Uso off-label
• Produtos biológicos; • Interações medicamentosas;
• Produtos para saúde e • Inefetividade terapêutica total ou parcial;
vacinas • Intoxicação relacionados ao uso de
medicamentos;
• Uso abusivo de medicamentos;
• Erros de medicação, potenciais e reais.
REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS
(RAM)
• OMS – RAM’s são definidas como qualquer evento nocivo e não
intencional que ocorreu na vigência do uso de medicamentos, em
doses normalmente usadas em humanos com finalidade terapêutica
CLASSIFICAÇÃO DAS RAM’S – MECANISMO DE AÇÃO

TIPO A(AUGMENTED) – Reações previsívei, possuem relação DOSE/DEPENDÊNCIA

• Resultam de efeitos farmacológicos exacerbados no sítio de ação (1), que podem ser uma

extensão do mecanismo de ação responsáveis pelos efeitos terapêuticos (2) ou também

decorrentes de outros mecanismos não relacionados ao alvo da farmacoterapia (3).

Ex.
1. Hipogllicemia – causada pelo uso de sulfonilireias;
2. Hemorragias – provocada pelo uso de anticoagulantes;
3. Irritação gástrica causada pelo uso de AAS;
Fluxo de Informações – A: Reação Adversa como queixa do paciente

2 Visita à Farmácia Aquisição do


1 medicamento
3
4
Prescrição médica

Atendimento médico
Suspeita de RAM pelo
paciente
9
5

VISA
8

6
Atendimento
Recebimento, processamento e transmissão da
farmacêutico –
notificação da RAM
Triagem
Proposta de Integração entre os Programas
Hospitais Sentinelas e Farmácias Noticadoras

Hospital Sentinela

Indicação
Visita à Farmácia Atendimento
Para reclamação farmacêutico –
ou solicitação de Triagem por
orientação suspeita de RAM
3
1 2
A B G M M P P P S S S
L A O G S A I R C E P Notificação Notificação
Inicial Complementar

VISA
6
5 4
AULA 2:
FARMACOEPIDEMIOLOGIA
Profº. Gabriel Oliveira de Souza
Farmacêutico Clínico Cirúrgico de Emergência e Trauma

Manaus – AM
2019
FARMACOEPIDEMIOLOGIA

O estudo e a aplicação de métodos, conhecimentos e raciocínio epidemiológico aos efeitos


(benéficos ou adversos) relacionados ao uso dos medicamentos pela população foi
denominada farmacoepidemiologia.

A farmacoepidemiologia tem por objetivo medir e explicar a variabilidade resultante do uso de


medicamentos numa população com a aplicação de métodos epidemiológicos a dados obtidos
em trabalhos de farmacologia clínica e terapêutica
Estudos experimentais
Participação dos Hospitais Sentinelas
Unidade de Farmacovigilância/Nuvig

2006* 23 102
20 92
2004 22 77
14 42
2002 20 45
0 20 40 60 80 100 120

Estados Hospitais
Distribuição Anual das Notificações provenientes dos
Hospitais Sentinelas (2002 a 2006 - set). Unidade de
Farmacovigilância/Nuvig
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
2002 2003 2004 2005 2006*

DQ Inef RAM
AULA 2:

MÉTODOS EM FARMACOVIGILÂNCIA
Profº. Gabriel Oliveira de Souza
Farmacêutico Clínico Cirúrgico de Emergência e Trauma

Manaus – AM
2022
MÉTODOS UTILIZADOS PARA NOTIFICAÇÃO DE SUSPEITAS DE RAMS

VIGILÂNCIA MONITORAMENTO
PASSIVA INTENSIVO (ATIVO)

ESTUDOS
EPIDEMIOLÓGICOS
MÉTODOS UTILIZADOS EM FARMACOVIGILÂNCIA

VIGILÂNCIA MONITORAMENTO ESTUDOS


PASSIVA INTENSIVO (ATIVO) EPIDEMIOLÓGICOS

Notificação espontânea
de evento adverso a Caso-controle Coorte
medicamento

RASTREADORES BUSCA Data Mining


(Trigger tools) SISTEMÁTICA (Mineração de dados)
VIGILÂNCIA PASSIVA

• O método passivo compreende as notificações espontâneas de EAM,


realizadas normalmente, pelos profissionais de saúde.

Objetivos do Sistema de Notificação Voluntária:

• Identificar problemas de segurança dos


medicamentos;
• Investigar a causalidade;
• Estabelecer a incidência das RAMs;
• Facilitar a comunicação de opiniões sobre riscos e
benefícios;
• Informar os profissionais que prescrevem e os
pacientes
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MÉTODO VOLUNTÁRIO
• VANTAGENS • DESVANTAGENS
• amplo espectro, pois permite identificar RAM, • Relatos fracos e com falta de
suspeita de inefetividade terapêutica, erros informações;
de medicação e desvios de qualidade de
• Atraso nas notificações, esquecimento
medicamentos
de fatos importantes o que inviabiliza a
• efetivo, pois capaz de identificar os EAMs,
conclusão dos casos;
que não foram descritos na pesquisas
• Não permite o monitoramento do
clinicas
paciente, uma vez que é uma descrição
• rápido e continuo, pois a medida que os
de evento;
profissionais da saúde identificam as
suspeitas de EAM, realizam o relato, o qual é • Subnotificação;
encaminhado para as agencias reguladoras
MONITORAMENTO INTENSIVO (ATIVO)

• Caracterizam-se por serem métodos ativos de obtenção de informações.


Consistem em estudar determinada população, registrando-se todos os eventos
aparentemente ou não relacionados a medicamentos. É um enfoque mais ativo e
clínico de farmacovigilância, e o mais completo.

RASTREADORES
(Trigger tools)

• Utiliza indicadores de eventos sentinelas, por meio de busca ativa, sejam


eles: prescrições eletrônicas, prontuários, exames laboratoriais.
BUSCA SISTEMÁTICA

• Baseia-se em investigar e monitorar os pacientes hospitalizados, afim de identificar as


EAMs. Ocorre por meio da avaliação prontuários, prescrições, exames, além de
entrevistas coma equipe de saúde e paciente. Pois nesse método deve-se considerar
outras causas para explicar o evento. É mais oneroso, e ajuda a reduzir as
subnotificações.
Data Mining (Mineração de dados)

• Consiste na aplicação de algoritimos computacionais para extrair padrões ocultos


em grandes bases de dados, estabelecendo predições e correlações entre as
variáveis analisadas. OMS (vigibase), (Metodologia denominada Bayesian
Confidencie Propagations Neural NetWork – BCPNN)
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

• Os estudos epidemiológicos possibilitam testar as hipóteses originadas pelos


métodos ativos e passivos. Assim a vigilância epidemiológica que vai confirmar se,
de fato, o efeito nocivo observado no paciente é, ou não, um evento adverso a
medicamento.

Caso-controle Coorte
Relação entre notificação de casos e
epidemiologia
Evidência Estatística

Farmacoepidemiologia
(Testa Hipóteses)
Farmacovigilância
(Geração de Hipotese)

Informação Clinica e farmacológica

Fonte: A. C. van Grootheest. Improving pharmacovigilance and the role of the pharmacist. P. 68
(modificado)
C
O Exposição ao medicamento suspeito Monitoramento dos pacientes
O
R
T
E
PACIENTE COM EAM PACIENTE SEM EAM

C
A QUAIS PACIENTES FORAM
S EXPOSTOS AO MEDICAMENTOS
O
C
O
N PACIENTE COM EAM PACIENTE SEM EAM
T
R
O
L
E
JULGAMENTO CLÍNICO DE
MÉTODOS PROBABILISTICOS
ESPECIALISTAS
Prof. Gabriel Oliveira de Souza
Farmacêutico

Contatos:

gabriel.ifam@gmail.com
gabriel.souza@ebserh.gov.br

Cel. +55 92 99328-8496

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