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QUEBRANDO

TABUS
DA MEDICINA
por Victor Sorrentino
Quebrando os Tabus da Medicina

© 2020
Copyright by
Jolivi
Autor | Victor Sorrentino
Apoio editorial | Fernanda Aranda e Giovanna Tavares
Revisão | Mahana Cassiavillani
Organização editorial | Jolivi
Projeto gráfico | Juliana Cuder
Foto do autor | Everton Rosa

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Sueli Costa - CRB8/5213)

Sorrentino, Victor
Quebrando os tabus da medicina / Victor Sorrentino. –
São Paulo : Jolivi Publicações, 2020. 238 p.

ISBN: 978-65-86323-00-9

1. Saúde 2. Alimentação 3. Nutrição I. Título.

CDD-613.2

Índice para catálogo sistemático:


1. Medicina : Saúde : Alimentação 613.2

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO • Tenho uma nova proposta para você ........................ 6


TABU 1 • Os remédios quase sempre apenas remediam ................ 13
TABU 2 • Suplementos são desnecessários ............................................... 29
para quem está doente
TABU 3 • É normal estar “normal” nos exames laboratoriais ......... 37
TABU 4 • O colesterol é o maior vilão cardíaco ......................................... 47
TABU 5 • O melhor para o refluxo são os “prazóis” ............................... 63
TABU 6 • A genética é mandatória na doença ..........................................69
TABU 7 • Detox é uma moda “só” para emagrecer ............................... 75
TABU 8 • Obesidade é medida pelo seu peso na balança ............ 87
TABU 9 • A base da pirâmide alimentar é dos carboidratos ........ 101
TABU 10 • As opções integrais são sempre as melhores ............. 113
TABU 11 • Café da manhã de rei: pão com margarina ...................... 123
(amiga do coração), cereal e suco
TABU 12 • Gordura engorda e entope as artérias ................................ 135
TABU 13 • Óleo de coco é um perigo; ............................................................. 141
prefira outros óleos vegetais
TABU 14 • Inflamação é sempre aguda e dói .......................................... 147
TABU 15 • Testosterona é um perigo e causa câncer ...................... 167
TABU 16 • O que faltam são evidências científicas ............................. 177
TABU 17 • Diabetes nunca tem cura ............................................................... 187
TABU 18 • Leite de vaca é sempre bom; ..................................................... 193
cortar o glúten é uma bobagem

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 212


INTRODUÇÃO

Tenho uma proposta para você

Eu nasci em 1978.

Meu pai tinha 19 anos; minha mãe, também.

O reinado como único entre aqueles pais jovens e dedicados


durou pouco.

Desde muito cedo, eu aprendi a dividir tudo com a chegada de


uma irmã que viveu pouco tempo aqui na terra e, por problemas
de saúde, foi viver com o papai do céu de volta. Mas, na se-
quência, veio meu irmão, depois mais duas irmãs.

Era uma alegria existir entre os Sorrentinos.

A verdade é que ainda sinto uma felicidade reconfortante ao


lembrar da minha infância, adolescência e início da vida adulta.

Pai e mãe dando duro para conseguir nos dar boas condições
de educação, trabalhando com tudo o que estivesse ao seu
alcance para que a família prosperasse em todos os âmbitos.

6
• INTRODUÇÃO

Já tive minha fase de cabelos compridos, outra fase de cabelo


de "milico". Já fiz ginástica olímpica durante oito anos profissional-
mente, já cantei em óperas acompanhando a mamãe, já fiz artes
marciais acompanhando o papai faixa preta. Enfim, já fui mui-
tos dentro do mesmo "eu".

Mas o meu grande sonho sempre foi poder ser como meu pai, por isso
investi na carreira de médico e, aos 25, me tornei colega de profissão
dele. Que honra partilhar com meu pai o sonho de ajudar as pessoas.

Em todas essas fases, se eu fechar os olhos, me lembro da


sensação de me considerar abençoado pela vida que eu tinha.
Até que, aos 27 anos, eu precisei renascer.

Adoeci. E quase ninguém sabia o que eu tinha.

Em todos os maiores especialistas em que passei — e em


todos os remédios controlados que eu usei — não encontrei
conforto e nem solução para o emaranhado de sintomas que
me tiraram o brilho da existência.

Aí, era hora de lutar para virar o jogo.

Segui por outra trilha, mergulhei na ciência dos alimentos, abra-


cei a medicina funcional e integrativa, pesquisei, varei noites e
noites reconstruindo todo o meu aprendizado e quebrando
vários tabus da medicina.

Decidi que a única forma de sobreviver era remando contra a maré.

A verdade é que aprendi a ser médico quando "vesti a roupa


de paciente" e percebi rapidamente que existiam milhões de
pessoas passando por aquilo que passei.

Resolvi ser então um porta voz de tudo o que eu havia desco-


berto, falar de tudo o que não é comum nem interessante aos
que lucram com a doença.

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Melhorei. Melhorei de verdade.

Então, aos 41 anos de idade, eu finalmente entendi tudo. Todos


os meus percalços, todas as minhas vitórias e derrotas.

Fui pai.

E ser pai foi muito mais do que o êxtase de realizar um sonho.


Foi um projeto construído com mais empenho do que qualquer
outro projeto realizado em minha vida.

Ao pegar o Miguel nos braços e olhá-lo nos olhos, desabei em


choro e emoção. Todas as “minhas fichas caíram”.
O entusiasmo, confesso, foi interrompido por um medo.

Eu já tinha quatro décadas nas costas e, ali, naquele nosso pri-


meiro encontro, eu só pensava que gostaria de estar de mãos
dadas com o meu menino durante boa parte da sua trajetória,
tal como meu pai fez comigo.

Só que a grande diferença é que meu pai sempre foi um cara


jovem pra mim, nossa diferença de idade é de apenas 20 anos.

Eu tenho agora 40 anos de diferença com meu filho e se dese-


jo ser o que meu pai foi e é em minha vida, preciso ter a vi-
vacidade dele para poder acompanhar meu filho nesta grande
missão de vida.

De forma alguma posso ser um peso, estando na média


da população brasileira que vive um quinto de sua vida
incapacitados.

Imagino meu filho com a idade que tenho hoje, 41 anos, e eu


com 82. Tão diferente de meu pai, que tem apenas 61.

Mas existem caminhos para que eu tenha a jovialidade e a


idade biológica (não a cronológica obviamente) de 60 anos,
mesmo estando com 80.

8
• INTRODUÇÃO

E isso, você aprenderá ao longo desta obra, que só depende


de mim. E se decidi entrar neste projeto, nesta missão de vida
de ser um Pai com P maiúsculo, inspirado em meu Pai e em
Deus nosso Pai, estou pronto para assumir a responsabilidade
de minha vida, as rédeas de minha saúde.

Atualmente, temos uma estimativa de vida entre 70 e 76 anos,


dependendo do local em que se vive.

Mesmo assim, o número de centenários brasileiros cresceu


24%, o que nos leva a crer que, mesmo vivendo cada vez mais
doentes, a medicina consegue hoje nos fazer sobreviver, ainda
que sem qualidade de vida.
Mas, com a referência que temos sobre uma pessoa de 100
anos — alguém sem saúde e sem disposição — eu pergunto:
quem gostaria de viver tanto?

O modo como estamos conduzindo a saúde das pessoas não


é o melhor para gerar qualidade, produtividade e bem-estar.

Biologicamente, estamos envelhecendo rápido, com coleções


de doenças.

Só que ali, com o meu filho no colo, eu me vi sem escolha.


Na sinuca entre escolher a morte aos 70 ou a sobrevivência
doente até os 100, eu decidi rumar para outra jornada.

Pois a minha trajetória como médico da saúde me mostrou


que há um ponto-chave no envelhecimento doente.

80% das doenças atreladas ao processo de envelhecimen-


to são completamente evitáveis.

Veja qual é o meu ponto.

Se adotássemos conosco o mesmo programa de manutenção


que fazemos com os carros — o de fazer a revisão periodicamente
antes que o problema ocorra — estaríamos muito mais seguros,
protegidos e com força total, sem ter como parâmetro a idade.

9
Só que, diferentemente do que fazemos com os automóveis,
deixamos nosso organismo literalmente quebrar para, só en-
tão, procurar a solução.

Isso pode explicar por que o brasileiro passa um quinto da vida


incapacitado.

Eu não quero ser um carro velho.

Eu quero viver 150 anos, ao lado do meu filho, abençoado pela


vida, produzindo, colhendo, sendo grato.

Mas mais do que isso.

Eu quero te fazer esse convite:

Você quer viver “150 anos” junto comigo?

Criei este movimento não apenas para ilustrar o que grandes


mentes de pesquisadores afirmam, mas também para que
passemos a enxergar com olhos realistas o nosso futuro.

Viver 150 anos significa morrer jovem e o mais tarde possível.


Não é mais possível deixar o mercado de trabalho tão cedo.
O mesmo acontece com nossos filhos, que precisam da con-
vivência prolongada com seus pais.

Bom, mas, você se está aqui, lendo este livro, provavelmente a


sua resposta é: SIM, desejo ter vida plena até os 150 anos.

Minha proposta aqui é te mostrar como a quebra de alguns


tabus e paradigmas pode ser a base de um novo caminho para
que você viva a vida que deseja. Sem ser refém de doenças.

E talvez você fique surpreso em como este caminho pode ser


leve, saboroso e possível.

Digo isso porque a medicina avança, os aparatos tecnológicos

10
• INTRODUÇÃO

invadem nossas vidas, mas, infelizmente, as doenças crônicas


também crescem de forma explosiva.

Exemplos são o câncer, doenças do coração, doenças autoi-


munes e neurológicas.

Não se justifica o aumento de nenhuma dessas patologias só


pela genética. É um erro pensar dessa forma. Contra os mitos,
trago-lhes sempre a ciência.

Olha só o que diz a ciência.

Um estudo da Universidade de Stanford mostrou o peso de cada


fator que faz uma pessoa viver mais de 65 anos. Pasme, a genéti-
ca não faz nem cócegas perto do impacto do estilo de vida e do
meio ambiente. Esses dois últimos fatores correspondem a 60%
e 20%, respectivamente, no ranking de causas do adoecimento.

Ou seja, a genética fica apenas com 15% das causas, e a


assistência médica com 5% das responsabilizações.

A solução para a nossa saúde está, mesmo, em nossas mãos.

Dedico este livro ao Miguel, meu filho, e ao Miguel, meu avô.

Minha família toda faz parte dessas linhas. À Kamila, um carinho


e amor especial, ela é a mulher que me dá todo o suporte e
apoio para que minha missão seja cumprida.

À minha mãe, aquele amor de filho que não tem uma explicação.
Ao meu Pai e grande herói já foi o dedicado o meu primeiro livro,
Segredos para uma vida longa, best-seller publicado em 2014.

Dedico-o também a você. Que acredita no potencial de mudança.

Estou ao seu lado. E desejo mesmo que você faça uma boa viagem.

11
• TABU 3

TABU 1

Os remédios quase sempre


apenas remediam

13
Vou começar com o exemplo da natureza.

As abelhas.

Em uma colmeia, todas as abelhas são gêmeas idênti-


cas, pois possuem o mesmo genoma. No entanto, a abelha
operária vive apenas cinco semanas. Já a abelha rainha, seis
anos. Isso porque ela é alimentada com geléia real.

Imagine agora a sua alimentação e o seu padrão alimentar.


Que abelha você seria?

Um dos grandes problemas atuais é que esperamos que


façam muito por nós: que seja lançado um novo remédio, um
novo tratamento, uma nova dieta.

Acreditamos que só assim conseguiremos ter saúde. Veja


se não é assim: temos convicção de que estamos fazendo o
máximo de esforço quando tomamos medicamentos de for-
ma obediente.

É claro que a indústria farmacêutica tem um papel muito


importante para gerar saúde — foi por meio dela que tivemos
o desenvolvimento de diversos tipos de tratamentos medica-
mentosos que estão salvando vidas.

Porém, você sabe...

Sou conhecido como um médico que não prescreve


remédios. Nem por isso, sou contra a sua utilização, pontual,
como um recurso.

Não precisamos ser contra as coisas cegamente. Nós precisa-


mos ter filtro, e esse filtro –– especialmente no caso de medicações
— precisa partir principalmente de quem prescreve as drogas.

Atualmente, o ponto alto de uma consulta é quando o


médico carimba uma receita, e o paciente, por sua vez, rece-
be o receituário.

Mas será mesmo que não há nada mais que se possa fazer
além de oferecer uma droga sintética?

14
• TABU 1

Por trás da produção desenfreada de medicamentos, a in-


dústria farmacêutica lucra muito. Toda vez que a questão lucra-
tividade entra em cena, corremos um risco: o lucro desonesto.

Em parte, esse lucro desonesto da indústria farmacêutica


vem do fato de que é sempre mandatório ampliar o número
de remédios, prescrições e doenças.

E preciso deixar outra coisa clara. Não é desonesto querer


lucrar, pois o lucro gera impostos, empregos e toda a sorte de
benesses à sociedade como um todo.

Desonestidade, como você perceberá neste livro, tem


a ver com a manipulação de estudos e corrompimento de
profissionais mundo afora.

O objetivo, portanto, deixa de ser centrado na recuperação e no


desenvolvimento de um remédio que realmente cure as doenças.

Aliás, um remédio que cure pode ser contra o princípio de


quem quer ganhar dinheiro.

Por exemplo, se eu criasse um remédio que curasse a hiper-


tensão, a indústria que lucra com a venda de remédios anti-hiper-
tensivos perderia muito. Em vez de venderem remédios para um
único indivíduo por 30 ou 40 anos, venderiam apenas um remé-
dio que curasse. Onde estaria o lado bom do negócio?

Victor, mas há a possibilidade de haver um remédio que


cure a hipertensão?

Respondo que sim, para muitos dos casos. Sabe qual é? A


mudança do estilo de vida, ou seja, esse remédio depende de
você. A partir dos conhecimentos que terá ao ler este livro, a
remissão de muitas doenças crônicas será possível, desde que
você implemente as mudanças necessárias em sua vida.

Ocorre que, por trás dessas prescrições hiperlucrativas, existe


um mundo “desconhecido”, inclusive para muitos médicos.

Isso porque muitos não buscam compreender e nem pensar no


que acontece desde a faculdade, quando quase somos aliciados a
prescrever o que é bom, uma novidade, a última moda farmacêutica.

15
E pior, muitas vezes, aprendemos isso justamente com os
representantes de remédios, altamente treinados para vender
e, em sua grande maioria, sem entender absolutamente nada
da fisiologia humana em maior profundidade.

Não tenho nada, absolutamente nada contra esses profissionais


que estão apenas ali ganhando a vida honestamente, praticando
aquilo que aprendem para serem vendedores, representantes far-
macêuticos para o público médico.

Mas faço uma proposta agora: encontrem pelo menos UM


desses representantes e perguntem a respeito da relação da
indústria farmacêutica com médicos, faça isso.

Não preciso mais escrever nada sobre o que aprenderá e


como enxergará o mundo da boa prática médica.

A questão é problemática e vai além.

O vencedor do prêmio Nobel de Medicina de 1993, Richard


John Roberts, denunciou a forma como as grandes farmacêu-
ticas funcionam dentro do sistema capitalista, preferindo os
benefícios econômicos à saúde, detendo o progresso científi-
co em relação à cura de doenças.

16
• TABU 3

São livros e mais livros denunciando a corrupção na saúde,


tanto pelo elo entre a indústria farmacêutica e médicos, como
pela indústria alimentícia também e as instituições médicas.

De todos os mais de 15 livros que já li


para conseguir alcançar conhecimento
real e tomar consciência do quão pro-
fundas são as articulações que ocorrem,
cito o Medicamentos mortais e o crime
organizado – como a indústria farmacêu-
tica corrompeu a assistência médica.

Indico esse livro pelo simples fato


de que o autor, o médico dinamarquês,
Peter C. Gotzche, é um dos nomes de
maior prestígio no mundo científico. Ele
foi diretor de um dos institutos isentos
de interesses financeiros que realiza re-
visões sistemáticas de estudos científi-
cos relevantes.

O livro foi o vencedor do BMA Book Awards 2014, na cate-


goria Bases da Medicina – premiação anual que reconhece as
contribuições relevantes para a literatura médica.

O livro traça um panorama sobre como a indústria far-


macêutica vem corrompendo a área da saúde, comparan-
do-a inclusive com o crime organizado: “Máfia e crime orga-
nizado faturam quantias obscenas com mortes e subornos
de políticos. O mesmo acontece com a indústria farmacêutica
– milhares de pessoas são mortas anualmente por medicamen-
tos sob prescrição médica”, comentou o Dr. Peter na premiação.

O livro descreve exatamente como a má ciência muda


números, manipula dados e resultados, e, em muitos casos,
não diz a verdade no que tange ao custo-benefício de me-
dicamentos que, em muitos casos, trazem mais danos do que
benefícios aos pacientes.

Aliás, agora você terá uma missão fundamental para o


bem comum.

17
Desafio e conclamo você a comprar este livro, lê-lo e dá-
lo de presente para um médico de seu conhecimento. Ga-
ranto, mais de 80% dos profissionais não o lerão.

Porém, parafraseando Madre Teresa de Calcutá, “o que


fazemos é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o
oceano será menor.”

Cito ainda o livro A verdade sobre os labo-


ratórios farmacêuticos. Nessa obra, a auto-
ra, Dra. Marcia Angell, ex-editora-chefe do
conceituado periódico científico New England
Journal of Medicine (o mais respeitado de todo
o mundo) e pesquisadora do Departamento
de Medicina Social da Harvard Medical School
se dedica a temas relacionados à indústria far-
macêutica e ao conflito de interesses nas in-
vestigações científicas.

Temos uma respeitável autoridade do mundo científico


abordando o assunto.

A autora deixa claro que o conflito de interesses é mais


um sério problema ético envolvendo os laboratórios e a pro-
dução de investigações científicas.

Ela explica que, a despeito de uma suposta neutralidade


científica, as indústrias farmacêuticas têm patrocinado as
pesquisas que tentam comprovar coisas que as interessam.

Os laboratórios, para justificar que determinada droga se


mostra eficaz, apenas procuram compará-la a um placebo,
mas não com drogas já existentes.

Sendo assim, o mercado tem, no máximo, recebido me-


dicamentos que só são melhores do que nada.

Angell constata que não é raro que laboratórios, ao con-


duzirem um ensaio clínico, alterem seus dados de modo
que a garantir resultados mais favoráveis em relação a
seus medicamentos.

Tais laboratórios usam dinheiro “pesado” para cooptar médi-

18 18
• TABU 1

cos e instituições e, principalmente, para desenvolver uma forte


política de marketing. O estranho convívio entre a indústria far-
macêutica e os médicos tem reforçado essa idéia.

O livro é capaz de nos deixar perplexos quando demons-


tra que os laboratórios têm buscado instituir novos mercados
criando doenças ainda não estabelecidas.

Os medicamentos para ansiedade social ou para o "trans-


torno da disforia pré-menstrual" são dois exemplos. Cada ano
temos uma denominação nova de “Transtorno” para o qual há
uma solução miraculosa, uma droga de uso crônico.

Outro ensaio importante é O lado negro da


medicina. Não por acaso, deixei este livro por
último. Você precisa estar preparado para lê-
lo. Ele é muito pesado e realista.

O autor, Carl Elliot, disse em muitas


entrevistas que, por mais sombrio que
pareçam os fatos, certamente deixou de
fora os piores a fim de poupar os leitores.

Sem dúvida alguma, depois de ler pelo menos um desses


livros, você entenderá como o século XX testemunhou alguns
dos experimentos médico-científicos mais brutais e antiéti-
cos já realizados em toda a história para o aperfeiçoamento
de técnicas de guerra. No entanto, não podemos separar
completamente tais experimentos dos que foram conduzi-
dos no âmbito do aprimoramento da saúde.

Em Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial, a far-


macêutica alemã Bayer, então parte da empresa IG Farben,
usou prisioneiros não só como escravos para trabalhos força-
dos em suas fábricas, mas também como cobaias para o tes-
te de medicamentos (muitas vezes com resultados fatais).

E, nos Estados Unidos, os testes de medicamentos em


prisões foram mantidos durante décadas após o fim da Se-
gunda Guerra Mundial.

Até 1974, estima-se que cerca de três quartos de todas


as drogas aprovadas para uso em solo americano tenham

19
passado por testes clínicos com prisioneiros. E essa é apenas
uma das histórias da indústria farmacêutica.

Muitos dos avanços médicos estão ancorados em bases mo-


rais e éticas que mais parecem alicerçados em areia movediça.
E, na área da psiquiatria, os fatos são ainda mais escabrosos.

Um caso muito conhecido no passado, que demonstra a falta


de limites da indústria farmacêutica e de como médicos partici-
pam, consciente ou inconscientemente do jogo, é o do antide-
pressivo conhecido como Prozac (fluoxetina). Desenvolvido pela
Eli Lilly, ele foi lançado em meados dos anos 1980.

E, como ocorreu sucessivamente na história, com o sucesso da


droga nos anos 1990, muitos psiquiatras começaram a sugerir
que, já que tais medicamentos da classe do Prozac (que não
ajudavam apenas as pessoas que estavam clinicamente de-
primidas) e poderiam trazer benefícios para todos.

É evidente que problemas e efeitos colaterais começaram


a aparecer com frequência e ainda em 1990, Martin Teicher,
um psiquiatra da Universidade Harvard, publicou um artigo
no American Journal of Psychiatry apontando seis casos de
pacientes que começaram a ter pensamentos suicidas após
tomar a fluoxetina.

Logo depois, começaram a surgir situações ainda mais


graves em que pessoas influenciadas pela droga e sem
histórico de violência cometiam assassinatos e se suicidavam.

Quando as pessoas começaram a processar Eli Lilly e


pesquisadores independentes tiveram acesso aos resulta-
dos dos testes clínicos do medicamento, foi comprovado
que esses estudos eram manipulados pela indústria para
mascarar, de todas as formas possíveis, o risco envolvido no
consumo de antidepressivos.

O pior exemplo de fraude científica é o do Vioxx, um an-


ti-inflamatório que surgiu como a grande revolução na
classe dos medicamentos. Lembro-me de caixas e mais
caixas disponíveis nos ambulatórios em que eu trabalhava
durante meu curso de medicina.

20
• TABU 1

Meus professores de reumatologia diziam que essa era a


droga mais revolucionária que teríamos a honra de prescrever.
Sim, a primeira amostra era gratuita, mas, na sequência, as de-
mais tinham que ser compradas pelos pobres pacientes.

Fabricado pela Merck e lançado em 1999, rapidamente


tornou-se campeão de vendas no mundo todo. Mas, apenas
um ano após seu lançamento, começaram a aparecer relatos
de médicos preocupados que associavam o uso do medica-
mento a um risco aumentado de eventos cardiovasculares.

Um grande estudo promovido pela própria Merck, chama-


do Vigor, também demonstrou um aumento de 500% no risco
de infarto, mas esse dado foi encoberto na apresentação do
medicamento ao público.

Os pesquisadores que, por sua vez, tentaram fazer al-


gum barulho sobre os perigos da droga, foram perseguidos
de forma implacável pela companhia, que chegou a praticar
ameaças às suas vidas e às suas instituições de origem.

No passado isso ocorria com frequência. Os ameaçados não


meios de fazer uma denúncia por causa do poder de corrompi-
mento que as indústrias tinham sobre instituições, meios de co-
municação e sociedades médicas. Infelizmente hoje as coisas
não são tão diferentes.

A única grande diferença é que as redes sociais deram voz


aos que desejam expor tais absurdos.

Portanto, quem deseja se informar tem um campo vasto de


denúncias para apurar e aprofundar seu campo consciente.

Você não pode imaginar o que já sofri desde que, em 2010,


passei a escrever em um blog, depois no Facebook, Insta-
gram e assim por diante.

Estamos falando de carreiras médicas ancoradas na prescrição


de drogas, patrocinadas pelas indústrias, apoiadas de todas as
formas para a consolidação política de grandes nomes da
medicina cartesiana frente às sociedades médicas que regu-
lam a prática médica.

21
Sim, as regulam da maneira que desejam e que julgam
mais cômoda conforme seus interesses.

O objetivo aqui não é ficar com raiva da indústria far-


macêutica, dos medicamentos convencionais ou de quem os
prescreve; o objetivo é ter bom senso e mostrar que a sua
escolha pela saúde não pode ser impactada por um interesse
econômico que nem é seu.

Acredito que livros abordando o tema da relação entre


a prescrição médica e a indústria farmacêutica devem
fazer parte da biblioteca de todo médico ou profissional
de saúde.

É interessante, também, que os pacientes tenham esse


conhecimento, fundamental para autonomia e voz na tomada
de decisões.

Obviamente, não estou aqui para dizer que tudo que é


natural é bom.

Por exemplo, o veneno de uma cobra pode matar.

Para mim, a saúde natural é um meio de enxergar e equilibrar


o corpo tendo como base o estilo de vida, as atividades físicas,
a alimentação, os nutrientes, os micronutrientes, as vitaminas, os
minerais e os antioxidantes.

Diversas vezes, como mostram os estudos que não têm


conflitos de interesse, essas abordagens são muito mais exito-
sas e seguras do que a utilização desenfreada de medicações.

Para cada emoção, um remédio diferente

Um dos exemplos da priorização dos remédios é o exces-


so de diagnósticos de transtornos mentais. Hoje, para tudo há
um “remedinho”.

Allan Frances, médico psiquiatra e um dos coordenadores


do Manual de diagnóstico e estatística dos transtornos mentais
(DSM IV), admite que transformamos problemas cotidianos
em transtornos mentais.

22
• TABU 1

Acaba-se o namoro e toma-se um remedinho para depressão.


Mas quem não fica triste com o término de um relacionamento?

Logo depois, vem o remedinho para dormir, pois não se


dorme mais direito. Começa a ganhar peso e então entra o
remédio para fome.

E, assim, percebemos uma sequência de medicamentos


prescritos para adolescentes ou adultos, jovens ou velhos,
sem indicação médica formal, numa cadeia de eventos que
culminam até mesmo na dependência química.

Nesses casos, tentar o desmame é bastante desafiador,


apesar de ser correto, lógico e ético.

É certo que a prescrição de medicamentos deve ser realiza-


da quando outro tratamento não medicamentoso, mas de ro-
busta evidência científica, não pode ser utilizado.

Em vez de uma medicação controlada para uma pessoa


que vive um momento de dificuldade emocional, como o
término de um namoro, temos a opção do importante acom-
panhamento com um terapeuta ou psicólogo.

23
Posso citar ainda a prática de atividade física e o incentivo
à evolução espiritual (saúde espiritual). Se for necessária al-
guma prescrição, temos as opções da fitoterapia, chás, vita-
minas e antioxidantes.

Vale mais a pena insistir num relacionamento profissional,


entre pessoas que necessitam de desenvolvimento humano,
do que numa dependência química.

E, claro, em situações excepcionais, de maior risco, quan-


do não for possível utilizar as opções de tratamento já lista-
das, o acompanhamento com um psiquiatra e a prescrição
medicamentosa devem ser realizados.

Mas isso deve ser uma exceção, não uma regra, entende?

Essa conduta é ainda mais importante quando estu-


dos revelam que a indústria farmacêutica manipula até
mesmo os testes de medicamentos. Já são diversas re-
vistas de alto impacto mostrando como os laboratórios
distorcem a ciência.

Quando falei sobre isso há oito anos, fui taxado de louco.


Isso acontece, sempre aconteceu e, nos últimos tempos, tem
acontecido ainda mais.

Para mim, é seu direito saber disso pois a sua voz e o seu conhe-
cimento são determinantes na condução do seu tratamento.

Algumas informações chegam rápido.


Outras, nem tanto.

O conhecimento que está pronto para ser utilizado na área


da saúde leva, em média, 17 anos para chegar até você. Por
isso, muitas pessoas não têm a chance de serem tratadas
porque a informação não chega a tempo.

É importante entender por que algumas informações


chegam rapidamente e outras, não. Baseando-nos na média
de 17 anos, vemos que algumas coisas levam um dia para
chegar ao conhecimento da classe médica; e outras podem
levar até 50 anos.

24
• TABU 1

Um exemplo disso é a Vitamina C.

Em 1601, o navegador inglês James Lancaster, perceben-


do que os tripulantes estavam morrendo nas viagens de navio
mais longas, resolveu fazer um teste: deu uma colher de chá
de limão por dia para metade da tripulação.

Ele observou que os que tomaram o limão não morreram.


No caso dos que não o tomaram, a mortalidade foi de 40%.

Já em 1753, James Lind — um médico especializado em


saúde naval — publicou seis abordagens diferentes para a
prevenção do Escorbuto. Escorbuto é uma doença que pode
matar por falta de Vitamina C.

Todas elas envolviam a utilização de cítricos para prevenir


a saúde dos tripulantes.

Porém, somente em 1865, ou seja, 261 anos depois de sua


descoberta, a prática de prevenção do Escorbuto finalmente
foi implementada pela Marinha.

Claro que havia muitas dificuldades naquela época, mas


esse é um bom exemplo que mostra como um dado que não
traz dinheiro para a indústria não é disseminado.

Quem lucra com uma doença curada pelo limão?

Vou dar um exemplo mais contemporâneo.

Eu ainda estava na faculdade quando lançaram o medica-


mento Vioxx. Ele era o anti-inflamatório que não causava problemas
gástricos –– principalmente em pessoas com doenças autoimunes
e doenças que geram dores crônicas.

Naquela época, eu estudava e trabalhava no SUS (Sistema


Único de Saúde).

Orientado pelos professores da faculdade, dei muitas amostras


grátis do Vioxx a diversos pacientes. Eram caixas e caixas que
chegavam para que as distribuíssemos gratuitamente.

25
Os pacientes ganhavam a primeira caixa, mas as demais,
precisavam comprar.

De repente, o Vioxx sumiu do mercado. E sabe por quê?


Porque ele matou mais de 130 mil pessoas catalogadas.

É, ele não era tão seguro assim. Mais: o preço da sua dis-
tribuição gratuita era alto demais.

Aí, talvez possamos nos perguntar: mas, para que um me-


dicamento seja lançado, não é necessário que se façam diver-
sos estudos e que sejam cumpridas uma série de requisitos de
segurança?

Teoricamente, sim. Mas nem sempre isso acontece, como


já foi maciçamente denunciado.

O fato é que o Vioxx entrou no mercado, matou muitas


pessoas e simplesmente sumiu, sem explicações.

E, se você não soube disso, é porque a notícia não foi veicu-


lada e disseminada como merecia.

O que temos hoje é uma situação paradoxal. Alguns trata-


mentos nem bem são lançados e chegam ao público. Outros
conhecimentos milenares, por sua vez, permanecem distan-
tes de quem mais precisa.

E há ainda um terceiro problema. Aquele conhecimento


que já está no alcance de todos nós, mas que permanece
embaixo do tapete.

Só um paracetamol?

Nós vivemos correndo riscos, como o risco de ser assaltado


e o risco de cair na rua. Os medicamentos também têm riscos.

Porém ninguém fala muito sobre isso, é um dos conheci-


mentos que permanece escondido.

O paracetamol, por exemplo, está presente na maioria dos


lares brasileiros e europeus, usado para febre e dor. Pode

26
• TABU 1

parecer inocente, porém é um dos maiores causadores de


lesões no fígado que existe no mundo.

Não seria interessante, portanto, conhecer e usar alternati-


vas mais naturais e mais seguras do que ele?

No momento que entendermos um pouco mais de saúde,


vamos compreender que essas opções existem.

Alguns desses elementos e nutrientes estão prontos na


natureza, outros são melhor aproveitados na forma de suple-
mentos.

Por isso, está na hora de você conhecer a atuação terapêu-


tica deles.

27
• TABU 1

TABU 2

Suplementos são desnecessários


para quem está doente

29
Eu sei que, nos últimos anos, os suplementos sofreram uma
certa campanha de difamação. Então, para introduzir o assun-
to, preciso te trazer um panorama.

Um estudo mostrou que a intoxicação alimentar causa 900


vezes mais chances de morte comparada a suplementos.

No caso da hospitalização, são 300 mil vezes mais chances


de morte. As drogas farmacêuticas causam 62 mil vezes mais
chances de reações adversas comparadas aos suplementos.

Então por que a má fama?

É importante entender que muitos dos suplementos fazem


com que não precisemos tomar remédios. Caímos de novo na
questão da lucratividade abordada anteriormente.

Quem perde com o aumento do uso de suplementos? Acer-


tou se você colocou a indústria farmacêutica nessa lista. Ela
está sempre influenciando classes e sociedades de médicos.

Em 2014, o relatório da American Association of Poison Con-


trol Center indicou zero mortes atribuídas ao uso de vitaminas.
Não há maiores riscos com os suplementos, desde que seu
uso seja feito corretamente.

Porém, apesar disso, há uma rejeição muito forte à suple-


mentação. Além da insegurança, um dos argumentos contra
os suplementos é a falta de evidências sobre sua eficiência.

Quase sempre, quem afirma isso são pessoas que não le-
ram um estudo sequer sobre o assunto.

Eu entendo. Os médicos estão ocupados atendendo


milhares de pessoas e oferecendo o melhor que conhe-
cem para salvar uma vida.

Para se atualizar, a maioria diz que vai aos congressos. Em


maioria absoluta, esses eventos são patrocinados pelas in-
dústrias farmacêuticas.

Então, qual é a chance de ser apresentado um estudo sobre


suplemento nessas convenções?

30
• TABU 2

Impacto na longevidade
Não se pode negar que os remédios não estão conse-
guindo promover um envelhecimento saudável. Já a suple-
mentação oferece essa oportunidade, de forma cientifica-
mente comprovada.

Um estudo mostrou que a suplementação com vitaminas e


minerais aumenta o comprimento dos telômeros.
Telômeros são a parte dos cromossomos que garantem a
proteção das informações ali contidas.

As famílias mais longevas geralmente possuem os telômeros


maiores. A proteção é maior porque até que o telômero se des-
gaste e faça a célula morrer, há um caminho um pouco mais longo.

Outro estudo muito interessante aponta que telômeros


curtos aumentam o risco de morte cardíaca em 300% e de
doenças infecciosas em 800%.

Assim, a compreensão se torna fácil: se utilizo um suple-


mento genérico, estou aumentando os telômeros, o que, por
sua vez, aumenta a sobrevida e diminui as chances de doenças
infecciosas e cardíacas.

31
Isso já foi tema do prêmio Nobel de Medicina, em 2009. Mas
arrisco dizer que você não teve acesso a essas informações.

Entende a importância de tomar as rédeas da sua saúde?

Agora, conhecer as oportunidades que a suplementação te


traz não oferece carta branca para você sair por aí tomando
qualquer produto sem critério.

Nesse contexto, talvez o cálcio seja o exemplo mais contun-


dente de um suplemento mal aplicado.

O perigo do cálcio

Talvez, a suplementação mais conhecida e recomen-


dada seja a do cálcio. E, como já disse, ela exempli-
fica o quão paradoxal é essa temática.

A maioria dos profissionais de saúde acredita que


é muito importante fornecer quantidades extras de
cálcio para pessoas que estão envelhecendo, prin-
cipalmente as mulheres.

Só que, para citar um exemplo, um estudo de Bol-


land e colaboradores, realizado em 2008, apon-
ta que a suplementação de cálcio em mulheres
saudáveis menopausadas aumenta o risco de in-
farto do miocárdio.

Ou seja, um dos suplementos mais prescritos pelos


médicos não faz bem. E tantos outros suplementos
importantes ficam de fora das recomendações.

Se o cálcio está aí sendo mal indicado, existe


outro suplemento muito pouco conhecido que
faz com que a perda do cálcio possa ser reduzida
em mais de 50%.

Falo da vitamina K2, que é uma parte da vitamina K.

32
• TABU 2

Veja só. O cálcio aumenta o risco de infarto. A K2, pouco


conhecida, previne a osteoporose sem acarretar riscos.

Outro exemplo de suplemento que deveria fazer


muito mais parte da vida das pessoas é o magnésio.

O magnésio é fundamental para se obter saúde óssea;


inclusive, é muito mais importante do que ingerir cálcio.

Os efeitos benéficos não estão só na estrutura óssea.

Um estudo publicado no American Journal of Clini-


cal Nutrition, que é uma meta-análise, uma das for-
mas de pesquisa mais seguras que existe, apon-
ta que a suplementação de magnésio diminui
doenças cardiovasculares.

Então, por que a indústria farmacêutica permite


que se fale tanto sobre cálcio, se ele é um suple-
mento que não gera lucros? Porque não existe
remédio para a osteoporose.

E por que não se fala de K2 e magnésio? Porque


talvez eles funcionem.

Outra meta-análise, essa sobre a suplementação com


ácido-alfa-lipóico — um antioxidante sem o qual nosso
corpo não vive (ele está presente em alguns alimentos,
como o espinafre) — concluiu que ele é capaz de melhorar
a neuropatia diabética.

33
Existe um suplemento alimentar que pode adiar o avanço
do Mal de Parkinson. Esse suplemento é a fosfatidilserina, que
tem diversas funções.

Alguém já ouviu falar da fosfatidilserina? E do ácido-al-


fa-lipóico?

Acho que não.

Sabe por quê? Porque não há patente, assim como o cál-


cio e a vitamina C, eles existem na natureza. O que não tem
patente não interessa para a indústria farmacêutica.

Suplementos não interessam para a indústria farmacêutica


e alimentação também não.

Muito provavelmente por isso esses dois assuntos não


fazem parte da grade curricular das faculdades de medicina.

Me lembro de que, nos tempos da faculdade, não tive uma


aula formal sobre nutrição. Esse quadro não mudou.

Nos Estados Unidos, menos de 6% dos médicos tiveram al-


gum tipo de ensino formal sobre nutrição.

Quando me formei, até ouvia alguns colegas falando so-


bre alimentos, mas eles estavam repetindo informações já
batidas: ovo aumenta o colesterol, é importante tomar cálcio,
vitamina é ruim, hormônio causa câncer etc.

Provavelmente, você ainda escuta isso por aí, mas saiba que
esses paradigmas foram todos quebrados, um por um.

Porém permanecem pautando os profissionais da medicina.

“Se os médicos de hoje não se tornarem os nutricionistas


de amanhã, os nutricionistas de hoje se tornarão os médicos
de amanhã.”

Gosto muito dessa frase, e, por favor, os nutricionistas que me


acompanham não me entendam mal. Ninguém está querendo
ocupar o lugar de ninguém.

34
• TABU 2

A questão é: ou os médicos passam a entender melhor


a questão alimentar ou terão menos importância do que os
nutricionistas.

Meus pacientes sabem que trabalho em conjunto com


nutricionistas e educadores físicos porque a interdisciplinari-
dade é fundamental.

Acesso aos 4 pilares da saúde

Hoje, a medicina vê as doenças do envelhecimento como


um processo inevitável. Mas, agora, você sabe que isso não
é verdade.

Embaixo do iceberg das doenças do envelhecimento, há


uma série de fatores, que chamo de quatro pilares da saúde.

Um deles é a queda de hormônios anabolizantes –– homens


e mulheres produzem a testosterona, que é muito importante.

A queda desse hormônio faz com que as pessoas envelheçam.

O sedentarismo, a inflamação crônica –– sobre a qual falarei


mais adiante ––, a elevação de hormônios catabolizantes (que
são hormônios ruins) e o estresse são os outros eixos que pre-
cisam ser administrados para gerarem saúde.

Para ter sucesso, é preciso:


1 Administrar o estresse;
2 Fazer exercícios físicos;
3 Entender a nutrigenética; e
4 Administrar o equilíbrio hormonal.

Esses quatro pilares são vitais e fundamentais. O equilíbrio


deles é muito importante para a nossa saúde.

É tudo isso o que vamos abordar aqui. Nosso ponto de par-


tida será aprender a ler exames laboratoriais.

35
TABU 3

É normal estar "normal"


nos exames laboratoriais
Uma frase muito comum é: “se meus exames estão nor-
mais, estou com saúde e não necessito melhorar”.

Vejo isso nas redes sociais quando escrevo sobre algum


parâmetro sanguíneo.

Pouco tempo atrás, escrevi sobre o leite, mostrando seus


aspectos negativos e positivos. Então veio aquele comentário:
“Ah, mas eu sempre tomei leite, me sinto muito bem, não tenho
problemas de saúde e meus exames estão sempre normais.”

O que é normal e o que não é normal? E o que é estar bem


de saúde? O que é estar se sentindo bem?

“Ser normal é a meta dos fracassados”.

O que Carl Jung disse sobre a vida também serve para nos-
sos exames.

A normalidade dos exames é feita para abranger de 95% a


96% das pessoas.

Um exemplo bem simples para que você visualize: a testos-


terona normal do homem fica entre 200 ng/dL e 800 ng/dL.

Entre 201 e 799, veja como os parâmetros são muitos dis-


tantes. O cálculo é feito por um método matemático: a curva
de Gauss.

Agora, eu te pergunto: será mesmo que pessoas, com a


mesma idade, que apresentam dois exames, um com valor
200 e o outro 800 estão em situação de saúde semelhante?

Outro estudo de 2012 (Brondum-Jacobsen) estabeleceu


o risco entre deficiência de vitamina D e doenças cardiovas-
culares.

Os valores de referência para a vitamina D ficam entre 20 ng/mL


e 100 ng/mL (medidos por meio de exame de sangue).

Hoje, os laboratórios consideram níveis de 20 ng/mL a


30 ng/mL suficientes.

38
• TABU 3

Mas o estudo Brondum-Jacobsen mostrou que, se a Vitamina


D estiver abaixo de 50 ng/mL –– nível considerado acima do nor-
mal pelo exame clínico –– o risco de infarto aumenta 50%.

Entende o ponto? No exame, aparecerá que a pessoa está


“normal” para vitamina D, mas o risco de um infarto nesse nível
“normal” estará aumentado.

O estudo de Garland et al. (2009) também mostrou que, se os


níveis de Vitamina D estivessem acima de 50 ng/mL, seria pos-
sível prevenir, em média, 49 mil novos casos de câncer colorretal
e 58 mil novos casos de câncer de mama por ano.

Um estudo de Michael Holick, publicado no New England


Journal of Medicine (principal jornal médico do mundo), em
2007, apontou que a falta de Vitamina D aumenta o risco de
tuberculose, esclerose múltipla, lúpus, diabetes tipo 1, hiper-
tensão, entre tantas outras doenças.

Esse estudo ainda mostra que, quanto maiores os níveis de


Vitamina D, menores são os riscos de algumas doenças, como o
câncer de mama, infarto, diabetes, fraturas e esclerose múltipla.

A referência laboratorial dos exames errada pode ampliar o


risco das pessoas ficarem doentes. E ninguém é conscientiza-
do para tomar uma atitude.

Uma vacina natural?

Aqui também é importante mais


um adendo.

Há pouco tempo, a Asso-


ciação Brasileira de Nutrolo-
gia (ABRAN) postou, em suas redes sociais, um
estudo que mostrava que o consumo da Vitamina
D como suplemento nutricional poderia ser um
grande aliado do sistema imunológico.

39
Considero infinitamente mais seguro e mais
saudável usarmos doses mais elevadas de Vita-
mina D do que nos expormos a vacinas. Não sou
contra todas as vacinas, mas, se é possível prevenir
gripe e resfriados com vitamina D, por que só investir
em vacina e não falar nada sobre a D3?

Um adendo importante é que a Vitamina D3 pode


ser suplementada, mas também é conseguida de
forma natural, por meio da exposição solar.

Recomendo um livro do Michael F. Holick chamado


Vitamina D, como um tratamento tão simples pode
reverter doenças tão importantes.

Hoje, a vitamina D3 é considerada um hormônio.

Não conseguimos assimilar o Hormônio D por meio


da alimentação, por isso precisamos produzi-lo e,
para produzi-lo, precisamos da cadeia do colesterol,
ou seja, de um hormônio esteroidal.

A vitamina D, então, está associada à prevenção de


depressão, osteoporose, doenças cardiovasculares
e hipertensão, câncer de mama e ovário, câncer de
intestino e próstata, melanoma, doenças autoimunes
e doenças degenerativas.

Tomar sol de 10 min a 15 min diariamente faz com


que seja mais simples calcular, medir e melhorar o
índice de Vitamina D.

Invista nisso.

Outro exame laboratorial muito impactante é do chumbo.

A contaminação e a exposição ao chumbo diminuíram, mas


ele ainda está presente em muitos cosméticos e em tubu-
lações mais antigas.

40
• TABU 3

O chumbo tem um valor de normalidade positivo. É


como o molho de tomate: o aceitável é ter X pelos de ratos
dentro do molho de tomate por cada ml. É um absurdo, eu
sei, mas a grande a maioria dos molhos realmente contém
pelos de rato.

Com o chumbo é mesma coisa. A normalidade é positiva


em grande parte dos exames. Isso quer dizer que quem
não tem chumbo no exame, pode ter chumbo no corpo
que não “pontua” no exame. Mas não dá para dizer que
está normal.

É preciso compreender os parâmetros dos exames para


tratar as pessoas adequadamente.

A exposição ao chumbo ocorre mais via tintas, alimentos ar-


mazenados em recipientes que contêm o metal ou via água
contaminada por conta de tubulações mais antigas.

Também pode ocorrer a inalação de partículas: a forma


mais comum e corriqueira de contaminação. Além disso, há a
ingestão oral, muito comum no passado.

É importante compreender esse parâmetro porque o


chumbo, só de estar acima de 2 mcg/dL, o que ocorre em
39% da população, já aumenta a chance de infarto em 89% e
de AVC em 151%.

41
Há níveis de chumbo “normais” em quase 40% da popu-
lação. E esses “níveis normais” aumentam absurdamente as
doenças cardiovasculares, infartos e AVC.

Por isso, seu nível estar normal não adianta. E você precisa
saber disso para se cuidar melhor.

O que eu estou trazendo aqui são estudos que corroboram


a fisiologia, entende? É o que chamamos de "plausibilidade
biológica" confirmada pela ciência.

Agora cabe aqui uma ressalva importante.

Muitos pesquisadores utilizam certos artifícios dos es-


tudos científicos para confundirem as pessoas e con-
vencê-las a fazerem aquilo que eles querem — e não o
que é melhor para elas.

A verdade é que, como tudo na vida, estudos podem ser


bons ou ruins. Tudo depende de como são feitos e do porquê
são realizados.

E existem algumas táticas para que você consiga, sozinho,


avaliar o grau de confiabilidade de um estudo.

Vou te contar.

As categorias dos estudos

Os estudos podem ser divididos em quatro graus


de recomendação (A, B, C e D), indo do extrema-
mente confiável (A) para confiável (B), questionável
(C) e pouco confiável (D).

Essa lista reúne os tipos de estudo da categoria


"mais confiável" para "menos confiável", em ordem
decrescente:
1 Revisão Sistemática de Ensaios Clínicos Con-
trolados e Randomizados: essa revisão tem por
objetivo avaliar, matematicamente, os resultados

42
• TABU 3

de diferentes ensaios clínicos controlados e ran-


domizados sobre uma mesma intervenção. Essa
análise conjunta tem um peso maior do que os re-
sultados isolados de cada estudo clínico. Portanto,
a revisão sistemática tem o maior peso de confiabili-
dade quando falamos em ciência.
2 Ensaio Clínico Randomizado: como falei anterior-
mente, é um estudo único. Nele, um grande número
de participantes é sorteado e dividido em dois ou
mais grupos. Enquanto um é submetido a uma in-
tervenção (uma dieta ou um remédio, por exemplo),
o outro é o grupo de controle. É o melhor tipo de
estudo para sugerir relações de causa e efeito.
3 Corte: pesquisadores obtêm dados (exames e
questionários, por exemplo) de um grande número
de pessoas. Depois, acompanham esses grupos por
vários anos, a fim de identificar quem desenvolveu
doenças e associá-las a possíveis fatores de risco do
passado, de acordo com os dados captados.
4 Estudos Ecológicos: pesquisadores comparam
populações com diferentes características. Exemplo:
o risco de infarto entre populações de dois países.
5 Caso-controle: o investigador separa um grupo
de pessoas com determinada doença e o compara
com um grupo de "controle", ou seja, sem a doença.

6 Relato de casos: consiste em um apanhado


de uma série de relatos sobre uma doença ou
condição para extrair daí dados estatísticos sobre
ela. São levantadas hipóteses como: qual a idade
média das pessoas com aquela doença? Qual o
sexo e etnia delas?
7 Opinião pessoal: essa é a evidência que tem
menor valor científico. Quando não há outros dados
na literatura médica, pode-se aceitar a opinião de
um especialista como verdade provisória.

43
Hoje, de acordo com as possibilidades do modelo de me-
dicina vigente, é possível ter estudos científicos para tudo.

O pior é que, com o apoio da internet e da mídia, mesmo as


pesquisas sem nenhum critério e rigor acabam disseminando
"meias verdades" e até inverdades.

Certa feita, saiu uma notícia em uma grande revista popular


associando o consumo de carne ao câncer. A manchete era
estarrecedora:

Uma fatia de bacon por dia é capaz de elevar o risco


de câncer de intestino em 20%.

Bastou que eu olhasse a pesquisa citada com critério para


entender toda a fragilidade que sustentava aquele estardalhaço.

O estudo foi feito com meio milhão de pessoas, homens e


mulheres, entre 40 e 69 anos. Eles foram observados pelos
pesquisadores por quatro anos.

Parece algo impressionante, certo? Mas, quando vamos a


fundo, percebemos todas as lacunas presentes no estudo.

Em primeiro lugar, os participantes tinham que preencher,


durante todos esses anos, um questionário alimentar de 75
páginas, discriminando todos os elementos das suas re-
feições passadas.

Você consegue lembrar o que comeu na terça-feira da se-


mana passada? É provável que não. Isso, por si só, já derruba a
confiabilidade das respostas dos participantes.

Em seguida, notei que o estudo não levava em consideração


outros hábitos dos participantes. No caso de quem comia
mais carne processada, o que mais eles comiam? Será que
se exercitavam? Eram tabagistas?

Tudo isso é importante para cravar um resultado absoluto.


Mas não foram dados levados em conta pelos pesquisadores.

Quando fui olhar as tabelas de resultados, mais confusões:


quem comia carne processada e não processada, de duas a

44
• TABU 3

três vezes por semana, tinha um risco relativo 10% maior de


desenvolver câncer colorretal.

Já no caso de quem as comia mais de quatro vezes, o risco


caía 1%, indo para 9%. Ou seja, não tem dose-resposta, que se-
ria a hipótese: quem come mais carne tem mais câncer.

O estudo não conseguiu provar isso.

E pior, ainda trouxe dados que são, no mínimo, questionáveis.


Segundo o estudo, quem come mais de quatro porções de
frutas ao dia reduz em 1% o risco de câncer de intestino. Já
quem come duas porções, ou seja, MENOS FRUTA, tem uma
redução de 4%.

A conta não fecha. Por isso, estudos observacionais nem


sempre têm as melhores evidências científicas. Muitos deles,
como esse de que falei, são mal conduzidos.

Por isso, antes de se deixar levar por uma manchete alarmista,


eu te peço: vá além e analise o estudo, veja se ele é minima-
mente confiável e quais variáveis estão sendo levadas em con-
ta naquele material.

Minha proposta aqui é te municiar com recomendações


para que você também tenha a capacidade de fazer essa
análise crítica, mesmo que não seja médico.

Para que você, por exemplo, não deixe passar quais são as
dosagens ideais de D3 e chumbo, ainda que elas continuem
“sem incomodar” os exames laboratoriais.

E principalmente para que você não permita que o colesterol


permaneça impávido no ranking das preocupações.

Por isso, é hora de falarmos sobre ele.

45
• TABU 3

TABU 4

O colesterol é o
maior vilão cardíaco

47
Quando falamos de colesterol, algumas confusões vêm à
tona. É como se a palavra carregasse um dogma tão forte que,
imediatamente, o colesterol fosse reduzido a um vilão, que
merece ser combatido a qualquer custo.

Vamos com calma: o colesterol é uma substância essencial


para o funcionamento do organismo e contribui para a estrutu-
ra da membrana de todas as células do corpo.

Ele ainda sintetiza hormônios e vitamina D (sobre a qual já


falei), além de desempenhar outras funções importantes. Ou
seja: sem o colesterol, nós não sobrevivemos.

Mas é justamente aí que começa a confusão de termos


técnicos e informações médicas.

Quando alguém fala de colesterol, na verdade, está querendo


se referir às lipoproteínas, estruturas feitas de lipídios e proteínas
que transportam o colesterol na corrente sanguínea.

As duas lipoproteínas mais importantes quando falamos de


colesterol são: HDL, lipoproteína de alta densidade; e LDL, li-
poproteína de baixa densidade.

Enquanto o HDL transporta o colesterol de todo o organismo


para o fígado, para que a molécula seja processada e eliminada,
o LDL faz o papel inverso: leva o colesterol do fígado para alguns
tecidos, como a parede interior dos vasos sanguíneos, quando
esta sofre alguma lesão e fica machucada.

Nessa hora, o LDL atua como um mestre de obras, preenchen-


do os buraquinhos nos vasos sanguíneos com colesterol, o que
é importante. O que a gente precisa entender é que SUBTIPO
de colesterol é verdadeiramente danoso e como controlar esses
machucados na parte interna dos nossos vasos.

Mas vamos voltar um pouquinho. De uns anos para cá, o co-


lesterol foi “demonizado” e acusado de ser o único responsável
por doenças cardiovasculares. Com base em quê?

Isso sempre me deixou com a pulga atrás da orelha, prin-


cipalmente por perceber que muitas evidências científicas se-
quer corroboram essas conclusões alarmistas.

48
• TABU 4

Olha só: um estudo muito impactante — e pouco conhecido


— aponta que 75% dos pacientes hospitalizados por infarto nos
EUA estavam com os níveis de LDL normais.

Essa pesquisa foi feita com 136 mil pacientes internados em


541 hospitais, entre 2000 e 2006.

Já uma análise de 22 grandes estudos publicados, que avaliou


a reedição do colesterol na prevenção de doença coronariana,
concluiu que reduzir o LDL não impacta a mortalidade, e é pouco
provável que previna doença cardíaca coronariana (Ravnkov, 1992).

Então, de onde vem esse pavor?

Outra meta-análise, envolvendo 150 mil pessoas acom-


panhadas por cinco anos (Ogushi, Hamazaki e Kirihara, 2009),
concluiu que o grupo com colesterol mais baixo foi o que
teve a maior taxa de mortalidade.

Isso deixa claro que alguns parâmetros sanguíneos, mesmo


estando dentro dos valores de referência, já não servem mais
para prevenir fatalidades.

É um absurdo, pois não há estudos corroborando essa diminuição.

O problema é muito amplo. O LDL ainda é visto como um grande


vilão, como se fosse o único culpado das doenças cardiovasculares.

Mas ele é muito mais do que uma única molécula do mal.

Um estudo realizado em 2010 (SIRI-TARINO et. al., 2010) desco-


briu que existem 11 subtipos de LDL, e somente dois subtipos dele
são ruins, porque suas moléculas são muito pequenas e capazes de
invadir a camada mais superficial dos tecidos, quando microlesados,
que recobrem a parede interna do vaso sanguíneo, podendo provo-
car o processo de aterosclerose e futura obstrução dos vasos.

Estudos mostram que pessoas que têm principalmente


partículas pequenas do LDL no sangue correm um risco
maior de desenvolver doenças cardíacas do que aquelas com
partículas majoritariamente grandes de LDL.

Isso porque essas pequenas partículas têm mais facilidade

49
de invadir o endotélio vascular, que é aquela camada de den-
tro do vaso sanguíneo, o que pode causar obstrução.

Já as outras formas de LDL são muito boas e não deveriam


ser "zeradas". São inclusive precursoras de hormônios sexuais,
como a testosterona.

Então, se você toma algum remédio para diminuir o LDL,


pode ter certeza de que, a depender de quanto o LDL vai ser
diminuído, existe um risco também de diminuir os hormônios
sexuais, o que pode causar problemas como baixa energia, falta
de libido e impotência, risco aumentado para depressão, diabe-
tes, sarcopenia (perda de massa magra) etc.

Por isso, vamos acabar com esse medo irracional do LDL,


principalmente se você não tiver enfrentado nenhum episódio
cardíaco até agora.

O LDL, por si só, não é um bom preditor de risco cardiovas-


cular, principalmente quando não leva em conta outras carac-
terísticas individuais do paciente.

Além dele, por exemplo, se de fato estamos receosos que


o paciente em questão está com processo de aterosclerose
inicial ou avançado, podemos lançar mão do exame que nos
possibilita a avaliação do escore de cálcio coronariano.

Esse exame avalia a calcificação arterial, ou seja, a rigidez


dos vasos sanguíneos por processo de dano e aterosclerose,
o que, de fato, aumenta o risco de uma doença cardiovascular.

E não é o Victor quem está falando isso.

Um artigo editorial publicado no periódico científico Atheroscle-


rosis, especializado em saúde cardiovascular, chegou a essas
conclusões em 2020 (Atherosclerosis 292 (2020) 207-208).

Como essa revisão foi muito abrangente e importante, citarei,


nas palavras dos próprios autores, algumas das conclusões que
deveriam ser seguidas por todo e qualquer profissional de saúde
— isso caso não sejam profissionais “cordeirinhos” que aceitam
tudo o que sociedades médicas corrompidas ou não, lhes impõe:

50
• TABU 4

Conclusão da revisão: a verdade sobre o


colesterol — considerações técnicas
1 O objetivo das estratégias de prevenção deve ser
o desfecho CLÍNICO, ou seja, diminuir infarto, AVC e
morte, não apenas modificar o exame de LDL no papel.
2 Todas as diretrizes enfatizam, hoje em dia, a es-
tratificação do risco do indivíduo.
3 Não há evidências de que a eficácia das estatinas
em reduzir risco cardiovascular varie de acordo com o
nível de colesterol de uma pessoa, ou seja, quem tem
colesterol mais alto, quando em uso de estatinas, teria
o mesmo percentual de diminuição de risco cardio-
vascular do que as pessoas que não a utilizam. Não
devemos, portanto, nos basearmos nos níveis de LDL,
mas sim no risco de doença que cada pessoa tem.
4 A maioria dos estudos para prevenção primária
usaram doses fixas de estatinas. Não existem evi-
dências publicadas para que se modifique suas
doses de acordo com os níveis de LDL.
5 Não existem evidências de que atingir níveis ex-
tremamente baixos de LDL esteja associado a uma
redução de risco cardiovascular em relação a usar
ou não usar estatina.

6 Não existem evidências de que reduzir o LDL a


níveis muito baixos seja bom.
7 Altos riscos são determinados por calculadoras
de risco cardiovascular, nunca somente por níveis
de colesterol e LDL.
8 Há uma exceção. De acordo com as diretrizes mais
recentes, as pessoas que têm hipercolesterolemia mais
severa, ou seja, LDL acima de 190, teriam fator de risco
alto por si só, e deveriam ser tratadas, independente-
mente do risco estimado pelas calculadoras de risco.

51
9 No entanto, esta estratégia parte do princípio de que
os indivíduos que têm colesterol LDL muito alto seriam
uma população homogeneamente de alto risco e que
seriam beneficiadas pelo tratamento agressivo inde-
pendentemente do risco calculado. Contudo, NÃO HÁ
EVIDÊNCIAS que sustentem essa teoria. Na realidade,
estudos recentes sugerem que a aterosclerose coro-
nariana não ocorre em função dos níveis de lipídeos,
mas que é uma doença multifatorial.
10 Estudos anteriores já demonstraram que 1 em
cada 2 indivíduos com LDL normal já tem doença
aterosclerótica medida por escore de cálcio coro-
nariano e, mesmo em pessoas com hipercolester-
olemia familiar geneticamente comprovada, cerca
de metade não apresentam NENHUMA doença
coronariana pelo escore de cálcio e, inclusive,
apresentam escore de risco favorável.
11 Ou seja, de um lado temos indivíduos com coles-
terol normal e com aterosclerose coronariana; outro,
pessoas que seriam as de maior risco, com hiperco-
lesterolemia familiar genética, em que metade delas
não tem nenhuma evidência de doença coronariana.
Isoladamente o LDL é um péssimo preditor de risco.
12 Assim, isso levanta a questão de se devemos
tratar todas as pessoas com LDL muito alto agres-
sivamente, como recomendado pelas diretrizes,
ou se esta população se beneficiaria muito pela
estratificação adicional de risco com ferramentas,
tais como escore de cálcio coronariano para então
guiar a opção de terapia medicamentosa.
13 Mais importante: será que o poder do zero (expressão
utilizada na literatura para relatar o não ter absolutamente
nenhuma calcificação nas coronárias) pode ser extrapo-
lado para pessoas com hipercolesterolemia familiar ou
para pessoas com colesterol LDL acima de 190 (cor-
respondendo provavelmente a um CT próximo a 300)?

52
• TABU 4

Obs: indivíduos com escore zero têm comprovada-


mente risco extremamente baixo, a literatura ainda
coloca como “período de garantia de até 15 anos”.
14 Chama atenção na coorte MESA (milhares de pes-
soas acompanhadas por mais de 10 anos), a baixa
prevalência de pessoas com LDL acima de 190 em
que uma proporção substancial dos indivíduos (37%)
apresentam escore de cálcio ZERO, mesmo em uma
idade de apresentação inicial de cerca de 63 anos.
15Problema: essa prevalência de 37% foi comparável
ao resto da coorte que tinham colesterol normal.
17 Em virtude da alta prevalência de escore de
cálcio zero na população com LDL acima de 190,
uma proporção substancial de indivíduos deveri-
am ser reclassificados como sendo de baixo risco.
18 É importante notar que, neste grupo, a taxa abso-
luta de eventos foi 3,7% (em 10 anos) se elas tinham
escore de cálcio zero. Isto é muito abaixo do limiar que
a Associação Americana de Cardiologia recomen-
da para o tratamento farmacológico.
19 Essa é mais uma peça de evidência que dá suporte
ao valor prognóstico favorável de ter um escore de cál-
cio zero naquelas pessoas que são consideradas de
alto risco pelas estratégias tradicionais de estratificação
de risco. Esses achados, desafiam as convenções dog-
máticas atuais de que o risco dessa população (LDL
maior que 190) é tão alto que não precisaria haver es-
tratificação de risco. De fato, indivíduos de baixo risco
podem ser identificados nessa população.”
20 Do ponto de vista prático, o tratamento não se-
letivo de todos os indivíduos com LDL muito alto,
independentemente de seu risco clínico ou da pre-
sença de aterosclerose subclínica (terem doença
coronariana medida no escore de risco coronaria-
no), pode não ser a abordagem mais correta.

53
Do ponto de vista mais conceitual, os resultados
dos recentes estudos de indivíduos com LDL mui-
to elevado, nos deveriam fazer questionar pelo
menos em parte, o nosso entendimento da fisiopa-
tologia do processo aterosclerótico.

Em particular, a identificação de quase 40% de indivídu-


os neste grupo, que não têm NENHUMA aterosclerose,
pode ser um ponto adequado para investigar a resiliên-
cia a essa doença a despeito do colesterol alto.

É pouco provável que o endotélio desses indivídu-


os, tenha sobrevivido sem nenhuma lesão apenas
por chance, por acaso.

Ou seja, que fique muito claro que os pesquisadores defen-


dem que, no caso de quem nunca infartou, estar com o LDL
alto não indica, exclusivamente, que a pessoa vá morrer de in-
farto nos próximos meses, muito pelo contrário.

É importante avaliar, em conjunto, outros exames: insulina,


triglicerídeos, hemoglobina glicada (prometo me aprofundar
nesses assuntos nas próximas páginas).

O LDL alto, junto a alterações em todos esses exames de que fa-


lei, provavelmente só indica uma coisa: que você está comendo mal.

Exagerando nas farinhas, no óleo de soja e em outros processa-


dos, nas gorduras trans… E aí, apenas consumir um medicamento
para baixar o LDL, como é o caso das estatinas, não vai melhorar mui-
ta coisa, porque todos os outros hábitos continuarão inadequados.

Fora que, em paralelo, o uso desnecessário de estatinas pode le-


var a consequências ainda mais sérias, como aumento da resistência
insulínica e risco de diabetes, além de dores limitantes nas pernas
que impossibilitam o paciente de fazer aquilo que tem grande peso
na prevenção das doenças cardiovasculares: o exercício físico.

Por isso, é algo que sempre reforço para os meus pacien-


tes: estatina não é para qualquer um. Devemos considerá-la,
de preferência, em casos muito pontuais, como para quem já

54
• TABU 4

infartou. Mesmo assim só devem usá-las no caso em que seu


benefício é maior que o possível dano.

Agora, quero que você entenda por que olhar também para
o triglicérides, não só para o colesterol, é fundamental.

O parâmetro dos triglicérides

Se o colesterol como marcador está na berlinda, então, com


o que devemos nos preocupar?

Triglicérides. Quanto mais alto o triglicérides, maiores são


as chances de encontrarmos moléculas pequenas de LDL no
sangue, que são aquelas que conseguem se infiltrar nas pare-
des dos vasos sanguíneos.

E o que aumenta os triglicérides? Gorduras de má qualidade


(hidrogenada e trans), carboidratos em excesso, farináceos e
processados, ou a combinação de tudo isso, o que ocorre na
maioria dos casos.

Uma porção muito pequena do colesterol total do sangue


vem da comida: apenas 15%.

Os outros 85% são fabricados pelo fígado e todas as demais


células de nosso corpo. Por isso, se todas as células produzem
colesterol, ele não pode ser ruim para o corpo, entende?

O colesterol deve ser encarado como um biomarcador, ou


seja, um indicador de como está a nossa nutrição.

Sendo assim, quando ele não está adequado, devemos


modificar a alimentação. Caso contrário, nossa tentativa única e
exclusiva é diminuir um número para satisfazer aos padrões de
normalidade sanguínea, o que não resolve o problema, ou seja,
a causa do desequilíbrio do colesterol que é a alimentação.

Também é importante quebrar o mito de que o consumo de


alimentos ricos em gorduras irá aumentar automaticamente o
colesterol. Não é nada disso.

55
Uma meta-análise de 21 estudos, incluindo 347 mil indivídu-
os seguidos por entre 5 e 23 anos, concluiu que a ingestão de
gordura saturada não aumentou o risco de doença coronariana
ou AVC (SIRI-TARINO et. al., 2010).

Portanto, você não precisa ter medo das gorduras de origem


animal, como banha de porco, bacon e carnes gordurosas. Mas
você precisa saber que, em um contexto alimentar equilibrado
com boa nutrição, você pode até ingerir esses alimentos, desde
que não haja exageros.

Ao ingerir gorduras, seu corpo dará início ao processo de di-


gestão, ou seja, a quebra daquele alimento em moléculas menores.

Então, os ácidos graxos — e outros componentes — resul-


tantes dessa quebra serão aproveitados em inúmeras funções do
nosso organismo, como na hora de formar a membrana celular.

Por isso, a gordura que ingerimos pode se transformar em


muitas outras coisas, e não simplesmente se metamorfosear
em uma placa que obstrui os vasos sanguíneos.

Essa informação é inverídica, não há meios bioquímicos


cabíveis para esse tipo de afirmação fantasiosa e completa-
mente irracional.

56
• TABU 4

Aliás, é muito mais comum que haja um excesso de gordura


prejudicial em nosso organismo advinda do consumo exagera-
do de carboidratos, só para você ter uma ideia.

Apesar disso, não devemos liberar o consumo de gorduras


saturadas — carnes, queijos, banha, manteiga — como se não
houvesse amanhã, como já disse anteriormente.

Os limites são individuais, e a composição global da dieta


será a responsável pela saúde ou pela doença.

Bioquimicamente, pode haver, sim, um aumento da in-


flamação com o consumo exagerado desses alimentos, e aí as
doenças cardiovasculares podem se tornar um risco importante.

Ainda assim, eu não recomendo que você elimine as gordu-


ras do cardápio, muito pelo contrário. O equilíbrio é fundamental.

Conhecendo a homocisteína

Além do triglicérides, a homocisteína é um indicador fun-


damental para identificar risco de mortalidade, principalmente
para ocorrências cardiovasculares e até de câncer.

Só que, diferentemente do colesterol, quase ninguém ouviu


falar da homocisteína. Por isso, quase ninguém solicita seu exame.

Esse aminoácido é resultado de um complexo metabolis-


mo que indica ao profissional de saúde a qualidade dos pro-
cessos de metilação.

Não é fácil traduzir o que isso quer dizer a quem é da área


da saúde, quanto mais a quem não é.

Mas o mais importante é que você saiba que medir esse


marcador é muito importante e faz imensa diferença na con-
dução da saúde de todo e qualquer indivíduo.

Em níveis baixos, a homocisteína não representa nenhum


risco, a menos que esteja mais baixa do que o mínimo, o que
significa um possível excesso de metilação e consequente ris-
co para doenças, como o câncer.

57
Quando os indicadores disparam, esse aminoácido pode
comprometer uma parte do corpo que é muito importante para
o funcionamento adequado do sistema cardíaco: as artérias.

Além disso, o seu excesso pode provocar dano celular, dano


no processo de replicação celular, dano no DNA das células e
deficiência de elementos-chave para a regulação de todos os
principais metabolismos de nossos sistemas.

Quando pensamos no sistema cardiovascular, sabemos


que a homocisteína vai lesionando as paredes arteriais, poden-
do estimular a produção de coágulos sanguíneos e a formação
de placas de gorduras.

Lembra o que eu falei sobre o LDL ser um mestre de obras que vai
"consertando" os danos da parede interna dos vasos com colesterol?

A homocisteína, portanto, é um dos pontapés iniciais para


tais lesões. O resultado? Acidente vascular cerebral, infarto,
aterosclerose.

Por isso, é bom ficar de olho nos seus níveis de homocisteína.

Quando ela sobe, nem sempre apresenta sintomas, ou


seja, você só vai descobrir um quadro sério quando ele es-
tiver avançado.

Mas sabia que, na maioria das vezes, é simples regular esse


marcador, pois ele melhora com a suplementação específica de
alguns componentes do complexo B, em suas bioformas ativadas.

Não, não é só comprar o complexo B na farmácia, mas sim


entender como prescrever doses individuais de tipos de vita-
minas do complexo B biodisponíveis que não tenham a neces-
sidade de serem metabolizadas pela via clássica alimentar.

Porém, ainda que esse exame seja solicitado, também há


muitos erros na análise de do que ele mostra.

Um estudo de 1999 (Chao et. al, 1999) mostra como é impor-


tante não ter a homocisteína em “níveis normais”. Se ela estiver aci-
ma de 14 nmol/L, o que grande parte dos laboratórios considera
aceitável, há quatro vezes mais risco de doenças cardiovasculares.

58
• TABU 4

Ainda dentro da normalidade, com a homocisteína entre 3,3


nmol/L e 7,9 nmol/L, o risco aumenta seria de 1 vez, ou seja, o
melhor valor. E com a homocisteína de 8 nmol/L a 10 nmol/L,
ainda dentro da normalidade, o risco aumenta 1,8 vez. De 10 a
14, esse risco relativo já sobe para 3,4.

Ou seja, é importante que ela fique na faixa de 5 nmol/L a


8 nmol/L, o que faz com que o risco de doenças cardiovascu-
lares seja muito menor. E lembro que não estaríamos apenas
prevenindo doenças cardiovasculares, como também diversas
outras condições crônicas.

Agora você já entendeu também que, infelizmente, os


parâmetros usados pelos laboratórios não trazem as pessoas
para a margem de segurança.

Eles são calculados por uma regra matemática a fim de


abranger 95% de quem realiza o exame e raramente são ajusta-
dos sob a ótica dos estudos científicos — a menos que haja
fortes interesses financeiros por parte dos grandes laboratórios
farmacêuticos que pressionam sociedades médicas e con-
seguem, então, mudanças que incluem cada vez mais pes-
soas em seus protocolos medicamentosos.

Para o colesterol, já disse, a medicina convencional sempre


indica um remédio chamado estatina.

E para a homocisteína?

Não existe remédio já que não há uma droga patenteada.


Isso ocorre porque é necessário estudar os mecanismos fisi-
ológicos e aprender a realizar prescrições personalizadas por
meio de farmácias de manipulação.

Infelizmente não há grandes patrocínios com incentivo de


uso em consultórios médicos, nem em congressos. Assim, es-
ses "detalhes" tão importantes acabam sendo negados pela
prática mais ortodoxa da medicina.

59
A importância das vitaminas do Complexo B

Nesse cenário de prevenção cardiovascular e aumento da


qualidade de vida na longevidade, é importante que você con-
tinue no caminho de desvendar o que realmente salva o seu
coração de um acidente com danos irreparáveis.

A vitamina B12 certamente é um desses heróis.

Cerca de 20% da população tem um defeito genético no


transporte de vitamina B12 para o interior da célula e, por isso,
as pessoas não conseguem aproveitá-la.

Isso é um perigo porque a B12 é essencial para prevenir


doenças como diabetes e Alzheimer, tendo um impacto im-
portante no cérebro e no coração.

E adivinha como você pode saber se a B12 está sendo


aproveitada?

Sim, a mesma homocisteína tão esquecida pelos médicos


pode ser a revelação de seus índices da vitamina antidoença.

60
Se os índices de B12 e ácido fólico não estiverem bons, é
impossível ter valores adequados de homocisteína; ela acaba
ficando muito alta. Por quê?

A vitamina B12, junto a outras vitaminas do complexo B, é impor-


tante para metabolizar a homocisteína, transformando-a em cista-
tionina e, depois, em cisteína, esta última importante para a formação
de novas proteínas e da glutationa, um poderoso antioxidante.

O resto é excretado pela urina.

O que essa parceria entre as vitaminas do complexo B faz é


quebrar a toxicidade da homocisteína e transformá-la em algo
que de fato será proveitoso para o nosso organismo, em vez
de apenas prejudicar a saúde cardiovascular.

Portanto, uma das formas naturais de diminuir a homocisteí-


na é por meio do aumento da ingestão da B12

É claro que, a partir dessa informação, você comece a pensar


onde encontrar esse nutriente ou mesmo como suplementá-lo.

Mas, para obter sucesso na construção de saúde, é essen-


cial que você tenha um organismo apto a absorver esses nutri-
entes tão eficientes.

E é sobre isso que vou me aprofundar a seguir.


• TABU 1

TABU 5

O melhor para o refluxo


são os "prazóis"

63
Como já disse, além de consumir mais B12, também é preci-
so garantir que ela seja bem utilizada pelo nosso corpo.

Muito disso vem da acidez no organismo.

Quanto menos acidez no estômago, mais dificuldade há em


aproveitar a maioria dos nutrientes, inclusive a B12.

Além disso, há pessoas que tomam remédios para diminuir


a acidez estomacal. Essas pessoas deixam de assimilar muitos
nutrientes e ficam deficientes, expostas ao adoecimento.

Vou te explicar as razões.

Primeiro, é preciso saber que o nosso esôfago, em relação ao


nosso estômago, é alcalino. O estômago é extremamente ácido.

O alimento entra pela boca, passa pelo esôfago, que é


um cano, e, então, chega lá no estômago. Na sua entra-
da, há uma válvula, que fica fechadinha e só se abre ao
chegar a comida.

Para que o alimento saia do estômago, também há uma vál-


vula. E ela também fica fechadinha.

Quando o alimento chega ao estômago, ele precisa ser di-


gerido. Para que isso aconteça, o estômago é um ambiente
extremamente ácido. Assim que o alimento chega, o órgão
começa a se acidificar.

Nosso estômago fica um pouco alcalino no começo, e, aos


poucos, com a digestão, a acidificação começa a voltar ao pH
2-2,5, que é a acidez normal do nosso corpo.

Se esse processo não ocorrer adequadamente, a abertura


da válvula lá embaixo também não vai ocorrer. É difícil abrir
uma válvula se o estômago não estiver extremamente ácido
de novo, pois esse é o sinal de que o corpo não conseguiu
digerir os alimentos.

Por isso, a acidez é necessária para que o alimento seja bem


digerido quando chega ao estômago.

64
• TABU 5

No momento em que esse ambiente fica ácido, a válvula


de saída para o intestino se abre. Depois, o intestino sinaliza o
pâncreas e a vesícula biliar, e, então, ocorre um banho de al-
calinidade com outras enzimas.

Esse é o momento de assimilar os micronutrientes.

O nutriente inteiro é quebrado em várias micropartículas, só


elas podem ser absorvidas pelo nosso corpo.

Assim fica fácil de entender que, se não houver acidez, todo


esse processo fica prejudicado.

Ou seja, pessoas que, pela idade, pelo uso excessivo de


antiácido, pela alimentação inadequada e pelo uso dos me-
dicamentos “prazóis” (os inibidores da bomba de prótons),
não produzem ácido suficiente, não vão conseguir assimi-
lar os nutrientes.

Veja só como é formado o círculo vicioso.

Uma pessoa apresenta falta de acidez por má alimentação,


uso de cigarro, remédios e de bebida alcoólica e pela idade.

Devido a essa falta, o alimento que chega no estômago não


é bem digerido, fica aquele bolo de comida com o ácido que
não consegue se acidificar.

65
Pouco a pouco, ele vai descendo pela válvula de baixo, que
não quer se abrir porque sabe que o alimento não foi bem di-
gerido. Nesse momento, o estômago, que está cheio, reflui.

refluxo do Normal
conteúdo de
ácido e do
estômago
esfíncter esofágico
para o esôfago inferior (fechado)

GERD

esfíncter esofágico
inferior (aberto)

Aquele suco com o alimento lá do estômago começa a


subir pelo esôfago. Já que o esôfago é muito mais alcalino do
que o estômago, ele vai se queimar. A sensação de queimação
ou de mau hálito após a alimentação é o refluxo.

As pessoas que têm essas sensações não as têm por ex-


cesso de ácido e, sim, por falta dele.

As pessoas que geralmente têm excesso de acidez são


aquelas que, ao tomar um cafezinho durante o dia, sentem a
queimação. Ao beber leite, sentem a queimação. Ao ficar um
tempo sem comer, também sentem a queimação.

Por isso, acredite, nem sempre é necessário utilizar remédios


alopáticos para tratar esse sintoma (até porque, como veremos,
a lista de efeitos colaterais desses tipos de remédios é bem im-
portante).

Primeiro é preciso pensar na alimentação.

Outra abordagem é usar o xarope de aloe vera, que alcalini-


za o corpo, mas não impede que ele produza, naturalmente, o
ácido quando é necessário.

66
Essa questão do ácido do estômago é importante, não só
para a digestão de alimentos, mas para que, toda vez que haja
essa bomba de ácido no estômago, a circulação sanguínea
"veja" que o corpo está secretando bicarbonato, que é ex-
tremamente alcalinizante.

A alcalinidade do nosso corpo é fundamental para a saúde.

Quando você toma um tipo de medicamento que tem como


foco acabar com a acidez do seu estômago, o risco de tudo fi-
car desregulado é altíssimo.

Por isso, os remédios dessa classe, que quase sempre tem


o nome terminado com “prazol”, podem ser tão perigosos.
• TABU 1

TABU 6

A genética é mandatória
na doença

69
Começo a falar sobre genética. E inicio com esta frase de
Epicteto: “É impossível para um homem aprender aquilo que
ele acha que já sabe”.

Já falei sobre parâmetros sanguíneos e exames de sangue,


mas a maioria dos profissionais de saúde não quer ouvir sobre
o assunto, não quer entendê-lo.

Entender parâmetros de exames é importante se queremos


fazer uma medicina preventiva, da mesma forma que é preciso
entender a alimentação.

É preciso entender como os nutrientes afetam os genes.


Esse conhecimento fez com que nós avançássemos ao
ponto de não podermos mais dizer que alguém é refém da
hereditariedade.

Com o conhecimento que temos sobre a influência


pequena da genética e o enorme impacto dos hábitos de
vida, a frase “ah, eu sou gordinho porque a minha família é
gordinha” está errada.

As pessoas engordam porque têm uma má alimentação.

E engordam também porque o que sabem sobre alimentação,


suplementação e ingestão de nutrientes nem sempre está certo.

Na época da faculdade, um professor de fisiologia, indaga-


do por um colega que perguntou se a vitamina C era real-
mente muito boa para resfriados, respondeu que não, que
o corpo não precisa dessas vitaminas porque elas são total-
mente eliminadas pela urina.

Esse mesmo professor disse também que o corpo se adap-


ta a diferentes concentrações de nutrientes que ingerimos.

Dei ouvidos ao meu professor por muito tempo.

Vamos ver por que e como não é bem assim.

70
• TABU 6

Dieta dos Ancestrais vs. Dieta Moderna

É preciso analisar a dieta dos nossos ancestrais para en-


tender o que está causando tantas doenças nos dias de hoje.

Mas também é preciso conhecer os efeitos dos nutrientes


para prevenir e até reverter essas doenças se quisermos real-
mente um novo futuro.

Nos últimos anos, não tivemos nenhuma alteração genética


que justifique índices tão galopantes de doenças. Já a alimen-
tação atual é praticamente irreconhecível.

O Dr. Weston Price, que é considerado um dos gênios revo-


lucionários na nutrição, analisou os alimentos consumidos pelos
povos ancestrais e notou que continham pelo menos quatro vez-
es mais minerais e vitaminas hidrossolúveis (solúveis em água).

Ele também constatou que os alimentos possuíam 10 vezes


mais vitaminas lipossolúveis (solúveis em gordura) do que na
dieta comum de alimentos processados norte-americana.

As lipossolúveis são as A, D, E e K. Fora essas, as outras são


todas hidrossolúveis. Ou seja, na dieta dos nossos ancestrais
existiam muito mais nutrientes.

Um estudo publicado em 2011 (NHANES) demonstrou que


a concentração de nutrientes nos vegetais, estatisticamente,
diminuiu 50% em relação há 30 anos.

Isso é um absurdo porque quer dizer que o tomate que sua


avó comia provavelmente continha o dobro do selênio que
tem agora. A maçã que seu tio comia, teoricamente, tinha o
dobro de concentração de ácido málico.

Há falta de nutrientes. E, os poucos que existem, nós não


digerimos ou assimilamos.

Para completar, nós estamos mais estressados e somos


mais sedentários.

71
O que torna tudo pior porque, nesse contexto, seria ainda
mais necessário consumir nutrientes, micronutrientes, vitaminas,
minerais e antioxidantes.

Um fator adicional a esse cenário problemático é o uso


de defensivos agrícolas, que você aprendeu a chamar de
agrotóxicos.

E preciso abrir um parênteses para abordar essa questão.

O adoecimento invisível

Veja, eu não sou ativista e muito menos pautado por ideolo-


gias. Avalio mesmo que não é possível projetar um cenário em
que o uso de defensivos agrícolas seja inexistente.

Ao mesmo tempo, quando olhamos as pesquisas científicas,


o caminho que nos é mostrado é que os efeitos deletérios existem.
Por isso, não posso me furtar de te dizer que, sempre que possível,
evite agrotóxicos e opte por substâncias orgânicas.

Um estudo realizado na Universidade Federal do Ceará


mostrou que, na região com maior de uso de agrotóxicos, o
índice de câncer é 38% maior do que onde não há lavouras;
mostrou também que casos de malformações fetais são 75%
mais comuns nessas regiões.

O último levantamento da ANVISA encontrou substâncias


proibidas e acima do permitido em 25% dos alimentos testados.
Isso mostra que existem produtores melhores do que outros.

72
• TABU 6

Então, também faz parte da sua saúde escolher bem os


seus fornecedores.

O tema é muito sério.

Há dois estudos que são assustadores (Covaci, 2002 e


Sonawane, 1995). Um mostra que já é muito comum encontrar
veneno no cordão umbilical da criança que acaba de nascer.
Ou seja, o feto já recebe quantidades de venenos intrauterino.

O outro estudo mostra que contaminantes são detectados


no leite materno.

Outro artigo mostra, ainda, que, quanto maior a exposição à


poluição, maior o risco de diabetes e obesidade em crianças.

O glifosato, um herbicida utilizado nas lavouras transgêni-


cas, foi classificado como agente classe 2A (carcinogênico
para humanos). O mesmo para o malathion e o diazinon.

Obviamente, os agrotóxicos não são as únicas fontes de in-


toxicação das pessoas e não podemos ter paixão para discutir
algo tão impactante.

O fato é que, neste exato momento, você pode já apresen-


tar sinais de intoxicação sem saber.

Por isso, no próximo capítulo, vou me aprofundar na neces-


sidade de combater o que chamo de toxicidade crônica.

73
TABU 7

Detox é uma moda


"só" para emagrecer
Quais são os sinais mais clássicos de intoxicação?

Dizemos que estamos intoxicados quando a contaminação


causa danos perceptíveis.

Mas atente-se. Existem sinais da toxicidade crônica, que po-


dem ser bem mais sutis:

Cansaço Dores Dificuldade de


frequente musculares concentração
ou queda espontâneas; e memória;
de energia
inexplorada;

Irritabilidade Ganho de Desconfortos


ou mudança peso rápido e intestinais;
de humor sensação de
frequente; “inchaço”;

Infertilidade; Queda de cabelo, Dores de


unhas fracas; cabeça leves.

76
• TABU 7

Se você tem alguns desses sintomas, saiba que inúmeras


doenças podem causá-los, como alterações hormonais. Porém,
a possibilidade de intoxicação não pode ser descartada.

Diante disso, como sustentar o tabu de que detox é só


para emagrecer?

Existem meios de aferir a presença de metais pesados no


corpo. Em relação aos pesticidas, não há o que fazer e, geral-
mente, essas substâncias andam lado a lado.

A desintoxicação é complicada, mas é importante que você


trabalhe com essa possibilidade.

Existem profissionais que trabalham com homotoxicologia


e, às vezes, há até alguns vibracionais, o que é parecido com
homeopatia.

Porém, para mim, a melhor maneira de se desintoxicar


dos venenos é aumentar sobremaneira a quantidade de
água que você ingere.

A água é o melhor condutor do nosso corpo e também seu


nutriente mais abundante.

Uma pessoa de 70 kg tem, em seu corpo, aproximada-


mente 42 litros de água. As crianças possuem 80% de água em
seu corpo; um adulto saudável possui 69%; e um idoso, 50%.

77
Por isso é importante compreender a função da água. É pos-
sível perceber as diferenças no grau de hidratação ao observar
a pele de um bebê, de uma pessoa saudável e de um fumante
(nesse caso, a pele é totalmente desidratada).

Se a água é o principal nutriente do nosso corpo, se o nos-


so cérebro possui 85% de água; nosso sangue, 92%; e nosso
fígado 87%, esse tema não deveria ser o primeiro capítulo dos
livros de medicina?

A influência do açúcar na intoxicação

Qual é a água que você está ingerindo diariamente?

Posso garantir que grande parte das pessoas ingerem mais


refrigerante do que água.

O refrigerante é um produto químico que pode ser de-


gustado de vez em quando, mas ele causa muitos estra-
gos à saúde. Além da alta quantidade de açúcar, ainda há
o HFSC (frutose), o ciclamato monossódico, o corante cara-
melo, o aspartame e o CO2 (PH).

Na comparação, açúcar é mais viciante do que heroína e


cocaína. E o açúcar está em tudo.

78
• TABU 7

Na América, consome-se 22 colheres de chá de açúcar por dia.

Para mim, açúcar refinado, cocaína e farinha branca estão


na mesma categoria de substâncias brancas, extraídas e purifi-
cadas que foram retiradas do reino vegetal. Elas criam dese-
quilíbrios no organismo e causam problemas sérios.

Em muitos estudos feitos com ratos, colocou-se vasilhames


com cocaína, com heroína e com açúcar. E o açúcar viciou mais.
É uma droga gostosa, que tem efeitos desastrosos. Só um lem-
brete: no passado, a cocaína foi considerada um remédio.

A indústria do açúcar possui um lobby absurdo, já que, na


alimentação, ele contribui para o sabor e para o vício. E isso faz
com que ele seja mais vendido.

Novamente, um estudo feito com biscoitos recheados com-


provou que refrigerantes e doces e salgados industrializados
causam dependência maior do que a cocaína e a heroína. Co-
mumente vemos crianças se intoxicando com essa droga.

Veja exemplos de alimentos cheios de açúcar:

Biscoito Oreo Negresco Trakinas Chocooky


40% de açúcar 37% 33% 32%

É muita coisa!

Para que as crianças não consumam tanto açúcar é preciso


haver o acompanhamento com um nutricionista e o esforço
dos pais. Também é muito importante não ter açúcar em casa.

79
O açúcar põe em risco a saúde de crianças, principalmente
antes dos dois anos de idade.

Estudos mostram que um terço das crianças nessa idade já


consomem bebidas açucaradas, o que atrapalha a absorção
dos bons nutrientes.

Quando damos papinha ou algum alimento processado


para uma criança, estamos lhe dando açúcar. Quando damos
alimentos industrializados, geralmente estamos dando açúcar.
Já vi crianças ganhando sorvete sem nem pedir o doce.

Como já disse, outro exemplo de agente tóxico açucarado


é o refrigerante.

Refrigerante é uma bebida que mata. São 184 mil mortes ao


ano no mundo. (Mozaffarian et. al 2010). Não é radicalismo.

Qual é a necessidade de dar refrigerantes a uma criança? “56%


dos bebês tomam refrigerante frequentemente. O brasileiro con-
some cerca de 51 kg de açúcar por ano. O consumo excessivo de
açúcar contribui para a morte de 35 milhões de pessoas por ano
no mundo.” [dados do documentário Muito Além do Peso]

Qual é a necessidade de colocar refrigerante na mamadeira


de uma criança com menos de um ano de vida?

No passado, não tínhamos essas informações, mas hoje não


devemos fazer esse tipo de coisa.

Não estou dizendo que você, apaixonado por refrigeran-


te, não possa mais degustá-lo. No entanto, dar refrigerantes a
uma criança é uma injustiça e uma irresponsabilidade.

Um estudo apontou que as bebidas açucaradas estão au-


mentando o risco cardiovascular (Vos et al., 2017). Esses riscos são
algo que atribuímos ao envelhecimento. E esse estudo foi publica-
do pela Circulation, uma revista de peso na comunidade médica.

“Existem sete saquinhos de açúcar em cada latinha de refrigeran-


te. Se uma pessoa consumir uma latinha de refrigerante por dia, du-
rante sete dias, ela estará consumindo 259 g de açúcar, aproximada-
mente. Uma pessoa que consome uma latinha diária de refrigerante

80
• TABU 7

por mês está consumindo 1 kg e 110 g de açúcar, aproximadamente.


Muito açúcar, né?” [trecho do documentário Muito Além do Peso].

E saiba que os refrigerantes light ou zero são até piores


por causa do uso de corantes artificiais. A grande maioria dos
adoçantes artificiais, como o aspartame, está associada a di-
versos tipos de problemas de saúde.

Também é importante saber que a maioria dos refrigerantes


é extremamente ácida. São ácidos ruins.

Repito: degustar refrigerantes ocasionalmente não é um


problema, mas as crianças não precisam disso. Além de engordar,
o açúcar desequilibra as emoções e perturba o cérebro.

E os sucos, pode?

Diante desse cenário, muitas pessoas me pergun-


tam se os sucos naturais são opções melhores.

Bem, as frutas foram feitas para serem mastigadas


com todas as suas fibras e uma grande gama de
micro e macronutrientes, antioxidantes, vitaminas,
minerais e fitoquímicos.

As frutas são muito boas para nossa alimentação. Seu


açúcar natural, chamado de frutose, acompanhado
de suas fibras, não é um problema.

No entanto, devemos ter em mente que as frutas, an-


tes da implementação global da agricultura, não es-
tavam disponíveis em abundância por todo o território.

Cada região do nosso planeta, de acordo com cli-


ma, tipo de solo e outras características ambientais,
criava condições para o amadurecimento de um
grupo limitado de frutas.

E essas frutas também não amadureciam sempre, ape-


nas em algumas épocas do ano. Isso quer dizer que,

81
provavelmente, a natureza não queria que tivéssemos
acesso a uma gama infinita de frutas durante o ano todo.

Mas vamos à realidade. Não vivemos mais na era


das savanas africanas, portanto, é fundamental
saber separar quais frutas devem estar presentes
em nosso cotidiano e, por outro lado, quais de-
vem ser evitadas.

Por exemplo: existem algumas frutas que são muito ri-


cas em calorias, oriundas de carboidratos. Para pessoas
que já têm um quadro de sobrepeso, pré-diabetes ou
intolerância à glicose, tais frutas devem ser evitadas.

O alto valor de carboidratos de algumas frutas têm


a ver com a sua doçura, ou seja, a presença de
açúcar. É importante que você saiba que nas frutas
também há a presença de um açúcar que, apesar
de natural, não deixa de ser carboidrato.

Você se lembra de que eu disse que nem tudo que


é natural é automaticamente bom, independente
da individualidade de cada um?

Na Ásia e nos Estados Unidos, hoje, a frutose é adi-


cionada a quase 90% dos produtos industrializados, já
que esta é a melhor forma que a indústria de lá tem de
açucarar os alimentos — diferentemente de nós, que
temos abundância do açúcar da cana que, por incrível
que pareça, é menos nocivo do que a frutose isolada.

O problema da frutose é que ela


tem um metabolismo próprio e,
de certa forma, ruim para o nos-
so corpo. O que se sabe at-
ualmente é que 100% da
frutose acaba sendo
metabolizada dire-
tamente pelo fígado.
É uma propriedade que
nem mesmo o álcool tem.

82
• TABU 7

E os danos podem ir além: estudos realizados


em ratos conseguiram mostrar que parte da fru-
tose não metabolizada pelo fígado chega até o
intestino grosso, afetando a microbiota intestinal
lá existente.

Por isso, se vier desacompanhada das fibras, a fru-


tose chegará muito rapidamente ao fígado. Isso
pela facilidade de digestão no trato digestivo, cau-
sando um distúrbio nos mecanismos de controle
de glicose no sangue.

Alguns estudos já sugerem que o consumo exces-


sivo de frutose, por meio dos sucos naturais, mes-
mo que sem adição de açúcar, pode aumentar o
risco de sobrepeso, de gordura no fígado, os níveis
de triglicerídeos e até mesmo de ácido úrico.

Se já é algo grave para adultos, imagine no caso


das crianças. Em alguns países, o consumo exces-
sivo de frutose (no refrigerante, sucos de caixinha
ou naturais) está relacionado ao aumento de casos
de gordura no fígado na infância, como mostram
alguns estudos recentes.

Isso não quer dizer que você não pode beber nada.
Você pode tomar água e até alguns tipos de su-
cos, desde que isso não se torne rotina. O funda-
mental é entender que é mais vantajoso consumir
a fruta em seu estado natural do que na forma de
suco, e que a água deve ser sempre a nossa prin-
cipal fonte de hidratação.

Em relação aos pequenos, quanto mais cedo nós


ensinarmos que tudo que é líquido não tem sabor,
mais rapidamente eles entenderão que água é a nos-
sa forma de hidratação primária, e não algo com
sabor doce.

Vale lembrar que, toda vez que mastigamos uma fru-


ta, informamos ao cérebro que estamos comendo.

83
Nesse caso, há as fibras e uma quantidade maior
de nutrientes. Agora, se apenas ingerimos calorias
em líquidos, pode haver um distúrbio no centro
regulador da fome e da sede.

Quando bebemos o suco e não mastigamos a fru-


ta, ocorre um preparo para a liberação de insuli-
na, como se estivéssemos ingerindo um alimento
mesmo. Veja a confusão que isso causa no corpo:
ele se prepara para receber um alimento e, pouco
a pouco, perdemos o controle do gerenciamento
da fome, que é um controle instintivo.

Para que fique claro: quem tem sede, toma água.


Quem tem fome, come a fruta!

Mas, se quiser beber um suco, eu indico o de limão,


que é uma fruta supernutritiva e com baixíssima
quantidade de frutose. Ou o de maracujá, que,
apesar de não ser tão nutritivo, tem potencial de
ajudar na produção de alguns neurotransmissores
que inibem a excitação, sendo uma boa pedida
tomá-lo à noite, perto da hora de dormir.

E, se desejar tomar aquele suco mais calórico e


com mais frutose, tal como suco de uva ou laranja,
por exemplo, procure fazê-lo associado a uma re-
feição saudável.

E claro, sem açúcar ou adoçante.

Até mesmo os adoçantes, nesses casos, preju-


dicam o nosso sistema de fome e de sede. Isso
porque eles informam novamente ao cérebro
que está chegando algo doce no sistema diges-
tivo, rico em energia.

Como possuem poucas calorias, o cérebro vai so-


licitar, por meio da fome, a compensação dessa
energia que não chegou.

84
• TABU 7

Adoçante é melhor do que açúcar?

Caso deseje utilizar adoçantes em situações pontuais, pode


optar por Stévia, Taumatina, Xilitol, Eritritol e Monk Fruit. Outra
dica é aproveitar a doçura das tâmaras na elaboração de re-
ceitas funcionais em casa.

Ainda assim, é importante ter cautela em relação aos adoçantes.


Já sabemos, por meio de estudos, que Stévia, quando usada em
bebidas quentes, pode gerar metabólitos cancerígenos.

O mesmo estudo apontou uma reação semelhante no caso


da sucralose. Ambos deram origem, quando esquentados, a
metabólitos cancerígenos. Ou seja, não é uma boa ideia para
adoçar o cafezinho ou o chá.

Já o Xilitol pode provocar aumento de gases no intestino para


algumas pessoas, dependendo da saúde individual de cada um,
principalmente no caso de algum distúrbio na microbiota.

O ideal, mesmo, é que nos acostumemos a não ter a sen-


sação de doçura no paladar.

Se não falei sobre aspartame, sucralose e outros, é porque


obviamente são edulcorantes que de forma alguma recomendo.

O aspartame por ter relação direta com o desenvolvimento


de doenças.

Já a sucralose por ter potencial de alterar a microbiota, desen-


cadeando um desequilíbrio da saúde intestinal, que pode se
manifestar de muitas formas diferentes: prisão de ventre, gases
intestinais, alterações na fezes e demais sinais que merecem
ser examinados pelo médico.

85
• TABU 1

TABU 8

Obesidade é medida pelo


seu peso na balança

87
A obesidade é a condição que mais contribui na geração de
doenças incapacitantes e crônicas. Hoje há 1 bilhão de pessoas
com sobrepeso e mais de 300 milhões de obesos.

Isso não acontece só nos Estados Unidos, também é um


problema brasileiro. Aqui o sobrepeso já afeta cerca de 54%
da população.

Desnutrição, o que mais nos preocupava no Brasil em


um passado não tão distante, agora é “fichinha” perto da
preocupação que temos com a obesidade e todos os
imensos custos que temos com as doenças atreladas a
essa doença maior.

Não vou falar sobre estratégias específicas de emagreci-


mento porque esse é um tema muito extenso, mas é preciso
entender como isso é importante.

Não é uma questão de estética, é o fato de a obesidade ser


o maior causador de doenças crônicas no mundo moderno.

Mais do que bebidas alcoólicas, mais do que drogas, mais


do que tabagismo.

88
• TABU 8

Segundo o Instituto Nacional do Câncer, o excesso de peso eleva


o risco de desenvolvimento de 10 tipos diferentes de Câncer.

O primeiro passo de acordo com o qual temos que encarar o


tema é o seguinte: compreender a função de nutrientes, bem como,
por que não, a função e a possibilidade do uso de suplementos.

Também é aprender a ler os exames de sangue, quebrar


paradigmas, compreender a função da água e saber quanto
açúcar estamos ingerindo.

Hoje há três soluções modernas para o problema: dieta,


remédios para emagrecer e procedimento cirúrgico. Essas
três medidas não estão funcionando. Caso funcionassem, não
haveria tantas pessoas obesas e com sobrepeso.

Hoje em dia, todos conhecem alguém que passa uma dieta


pronta e todos têm acesso a remédios, inclusive no mercado ne-
gro. Além disso, mesmo no SUS é possível fazer a cirurgia bariátrica.

Só para que tenham ideia, nosso país já é o segundo colo-


cado em número de cirurgias bariátricas e 76% dos pacientes
são mulheres. E os números só aumentam. De 2011 para 2018
houve um aumento de 85% na quantidade de cirurgias.

Mas, como disse, essas medidas não parecem solucionar


o problema. Prova disso são os números que só crescem,
simples assim.

No caso dos medicamentos, sabemos que um dos mais usa-


dos para a perda de peso é a sibutramina, que foi proibida du-
rante um período relativamente longo em função dos estudos
que demonstraram aumento no risco cardiovascular.

Não se pode dizer que é errado usar ou prescrever esse


remédio, mas, mesmo assim, é preciso frisar que ele apresenta
riscos, como todo medicamento.

Ele não poderia ser prescrito para pacientes que já apre-


sentam de riscos de doenças cardiovasculares, no entanto, se
pensarmos de forma mais ampla, você verá que praticamente
todos os pacientes com sobrepeso são por si só, fortes candi-
datos a ter problemas cardiovasculares.

89
Na realidade, a sibutramina voltou ao mercado em um momento
em que havia uma pressão imensa para a reaprovação da prescrição
do medicamento por parte dos profissionais de saúde, que ficaram
sem “pai” e “mãe” no período de sua proibição no mercado brasileiro.

Isso acontece porque a imensa maioria dos médicos que trabalha


com emagrecimento baseia muitas das suas práticas na prescrição
do medicamento, e não na elaboração de um plano alimentar.

Isso é um problema de mão dupla, com certeza, pois alguns


dos pacientes, principalmente em rede pública, acreditam que
o médico que não prescreve medicação está implicando com
eles, e saem insatisfeitos.

E os médicos que não conhecem com profundidade a


ciência da nutrição e da nutrigenética ficam sem condições de
elaborar uma estratégia alimentar personalizada e eficaz.

Outro exemplo de medicamento que surgiu como a sal-


vação para o emagrecimento nos últimos tempos - e também
foi removido do mercado - é a lorcaserina, uma droga para
emagrecer que começou a provocar problemas de saúde em
muitos de seus usuários.

No caso da lorcaserina, o que fez com que houvesse a proi-


bição foi um estudo realizado com mais de 12 mil pessoas, que
revelou o aumento na ocorrência de câncer.

E vale lembrar que a lorcaserina, no começo, foi associa-


da apenas a efeitos adversos como cefaléia, infecção de vias
aéreas superiores e náusea, em um estudo conduzido, é claro,
pela indústria farmacêutica.

Nesse fabuloso mundo dos medicamentos emagrecedores, en-


tra ano e sai ano, surgem novidades e também suas consequências.

O risco do off label

É importante lembrar também dos medicamentos que são


utilizados pelo seu efeito off label, ou seja, que foram desen-
volvidos para outros, fins mas que acabaram sendo larga-
mente utilizados para emagrecimento, pois a comunidade

90
• TABU 8

médica percebeu que seu uso provoca efeitos anorexígenos,


diminuindo, portanto, a fome.

Um deles chama-se topiramato, que é uma medicação


desenvolvida para tratar pessoas que têm convulsões, uti-
lizado também para enxaquecas crônicas e para diminuir a
fome noturna.

Seus estudos apresentam resultados pífios, principalmente


quando avaliamos o custo-benefício da droga, que tem poten-
cial de provocar uma grande lista de efeitos colaterais.

No caso do topiramato, uma grande meta-análise, realizada


para que seu uso off label fosse aprovado, conseguiu demonstrar
que, comparado com placebo, o topiramato conseguia diminuir
o peso em 3,4 kg ao longo de seis meses.

Ou seja, um resultado bem irrisório, que pode ser alcançado


com um simples início de prática de exercício físico aliado ao
sono reparador, sem nada de efeitos colaterais.

Eu teria receio se quisesse emagrecer e tivesse que fazer


uso de uma medicação desenvolvida para convulsão. Mas o
que acontece é que a grande maioria das pessoas nem sequer
pesquisa para o que as drogas são desenvolvidas, as utilizando
por longos períodos.

Por isso, acredito que mais importante do que emagrecer,


primeiramente, é ter saúde e evitar problemas maiores.

Mais um exemplo: a bupropiona é um inibidor da re-


captação de dopamina e, também, por vezes, é utilizada
para o emagrecimento, com efeitos medíocres. Entretanto,
quando associada à naltrexona, que impede a autoinibição
da beta-endorfina, os efeitos parecem um pouco melhores
na diminuição da fome.

O grande problema é que os últimos estudos sobre a asso-


ciação desses medicamentos não sugerem segurança a longo
prazo. É necessário que os estudos durem mais tempo para
que haja a certeza da inexistência de diversos riscos.

91
A respeito do uso off label de outras drogas para outros fins,
até mais conhecidas, temos exemplos clássicos:

• Uso de Rivotril, ansiolítico, muitas vezes utilizado para dormir;


• Pílulas anticoncepcionais, remédios de hormônios utiliza-
dos pelo seu efeito off label de diminuir a oleosidade da
pele e a acne;
• O Victoza, que inicialmente foi desenvolvido para o
tratamento da diabetes e passou a ser utilizado para o
emagrecimento.

Cada um desses usos tem um custo-benefício que deve


ser avaliado.

Provavelmente, o que traria menos consequências quan-


do utilizado por menor tempo seria o Victoza, ou semelhantes,
pela maior compatibilidade com o corpo. Isso porque esses
são medicamentos que se assemelham muito a um hormônio
produzido pelo corpo — esse hormônio tem como função auxiliar
a insulina em seu papel importante no gerenciamento da gli-
cose sanguínea, levando à diminuição de fome.

Mas o que realmente emagrece é a diminuição da fome,


estimulada principalmente pela dieta.

Portanto, toda e qualquer prescrição deveria obedecer tam-


bém à regra de uma estratégia nutricional eficiente, pois é isso
que fará a diferença no emagrecimento.

Só a balança importa?

Outra coisa importante é que saibamos que o sobrepeso


não é somente o número da balança, mas, sim, a quantidade
de gordura existente no corpo. Ou seja, o percentual de gor-
dura corporal.

E esse percentual depende do quanto que temos de hi-


dratação, massa muscular, densidade mineral óssea e, obvia-
mente, de gordura.

92
• TABU 8

Isso é muito importante porque, muitas vezes, pessoas que


utilizam remédios para emagrecimento acreditam que não
haja necessidade de uma dieta.

O que acontece é que, na ausência da fome ou em sua di-


minuição, aqueles que comem errado e que não conhecem a
importância dos nutrientes, ingerem poucas calorias, mas de
baixo valor nutritivo.

Um exemplo é o paciente que está com pouca fome e resolve


comer apenas alguns biscoitos ao longo do dia, de baixa caloria.

Ele pode até perder peso, mas perde também muita saúde.

Seu corpo ficará privado de nutrientes essenciais ao bom


funcionamento de todo o metabolismo. E, além de perder
saúde, as chances de ganho de peso novamente são imensas,
caso o paciente interrompa o uso de remédios.

E a grande preocupação fica em saber o que o paciente


perde durante o uso da medicação. Quando ele usa essas dro-
gas e come inadequadamente — proporções irregulares de
proteína, carboidrato e gordura —, a tendência é que perca
mais tecido muscular e menos gordura.

E, como o peso do músculo é maior que o da gordura, a


quantidade de quilos perdida acaba o estimulando e animando.

Mas não é bem assim.

Por exemplo, pegue um pedaço de picanha com bastante


gordura, depois separe a gordura da carne e as pese. Você
verá que a carne pesa muito mais do que a gordura, que é
muito leve. Isso é composição física.

Por isso, a perda de peso pode não ser tão animadora assim.

E, quando a pessoa ganhar peso novamente, a única coisa


que ganha é gordura.

Pouco a pouco, esse problema vai se agravando, gerando


o efeito sanfona, tão comum entre aqueles que não seguem
uma estratégia nutricional adequada.

93
Chega um momento em que nem mesmo o medicamento
mais forte consegue auxiliar o emagrecimento.

Além disso, há um grande risco de processos infeccio-


sos, baixa imunidade e problemas hormonais. Enfim, amigo:
remédios não são uma boa saída. Eles são apenas muletas.

O que pesa em sua balança?

Vamos às estatísticas: elas são desastrosas.

Até pouco tempo atrás, se acompanhássemos pacientes


bariátricos por dez anos, nove em cada dez obesos voltavam a
engordar. Hoje em dia, os números são mais animadores, mas o
grande problema é que boa parte desses obesos desenvolvem o
alcoolismo. E o número de suicídio também é bastante significativo.

Então, temos que escolher a dedo os pacientes que elegemos


para a cirurgia bariátrica. Um de seus grandes problemas, obvia-
mente, é o déficit de aproveitamento nutricional. Como parte do
intestino é modificada — que hoje sabemos que ter um papel im-
portante na saúde, devido à microbiota —, temos que nos prepa-
rar para uma vida de possíveis depleções nutricionais, o que pode
causar outros problemas de funcionamento global do corpo.

94
• TABU 8

Infelizmente, a única coisa que vemos com frequência é


que esses pacientes bariátricos saem com uma prescrição ba-
nal, completamente irracional, de um multivitamínico comum
de farmácia - como se isso fosse resolver todos os problemas
acarretados pela cirurgia.

Porém, como todo e qualquer procedimento que gera uma


síndrome disabsortiva, a cirurgia requer cuidados absoluta-
mente específicos de prescrição personalizada de nutrientes,
além de um acompanhamento em longo prazo para avaliar in-
dividualmente as carências que acontecem ao longo da vida
desses bariátricos.

Um exemplo: quando se corta uma parte do fundo do es-


tômago, se altera muito a produção e a regulação ácida do
estômago. E essa regulação é fundamental para a digestão
dos alimentos, para a acidificação do bolo alimentar e para
a posterior sinalização do intestino de que ele precisa lançar
suas enzimas digestivas e pancreáticas, e para a bile, que faz a
emulsificação das gorduras.

Como isso fica completamente alterado, muitos nutrientes aca-


bam não sendo bem absorvidos, como é o caso da vitamina B12.

Todos sabem que essa vitamina tem um papel crucial na modu-


lação epigenética, na função cognitiva, entre outras tantas funções
fundamentais. Como não há possibilidade de aproveitamento de
B12 sem a função correta e integral do estômago, os indivíduos
bariátricos têm uma necessidade especial dessa vitamina.

E como sabemos que a vitamina B12 regula também o


aproveitamento do ácido fólico no corpo, é provável que todo
e qualquer bariátrico tenha a necessidade de suplementação
personalizada desses dois ativos.

Esses são dois exemplos simples de ativos que estão hoje


sendo amplamente estudados como moduladores da nossa
expressão gênica.

E, se formos conversar sobre a extensa lista de nutrientes


que passam a ter seu metabolismo alterado, ficaríamos dias e
dias no assunto.

95
Então, fica o recado para você que já realizou ou está pen-
sando em realizar a cirurgia.

O problema em si não é só o procedimento, mas o


pós-operatório, que deve ser muito bem acompanhado, o
que não costuma acontecer.

E qual é o problema real da gordura, se não é algo só estético?

Primeiro, precisamos entender quais são os tipos de gordu-


ra presentes em nosso organismo e de que forma eles impac-
tam a nossa saúde.

Os três tipos de gordura

Marrom Bege Branca

Nós temos três tipos de adipócitos: marrons, beges (ou rosados)


e brancos. Os brancos são aqueles de excesso. Quando estamos
acima do peso, naturalmente aumentamos a concentração de
adipócitos brancos. São células que reservam energia, armazena-
das principalmente após a ingestão extra de carboidratos.

A primeira forma desse armazenamento é por meio dos


músculos. A segunda, é a reserva dessa energia de glicogênio
no fígado e a terceira é a presença desse excesso de energia
em um reservatório, que são os adipócitos.

Quando exageramos muito em termos calóricos nas nossas


refeições, acabamos aumentando tanto a formação de novas
células de gorduras brancas quanto o seu estufamento, ou
seja, o aumento desses adipócitos lotados de triglicerídeos —
energia que talvez seja um dia utilizada.

96
• TABU 8

Esses adipócitos brancos são grandes usinas secretoras de


inflamação, eliminando elementos bioquímicos no nosso cor-
po. Parte desses elementos são as citocinas inflamatórias, que
estão associadas ao desenvolvimento de condições crônicas,
como doenças cardiovasculares e câncer

Agora você entendeu, então, o motivo pelo qual persegui-


mos tanto essas células de gordura e falamos tanto sobre a
importância do gerenciamento de peso, certo?

Já a gordura marrom, por sua vez, é um tipo com o qual não


devemos nos preocupar, porque é uma gordura que melhora
o nosso metabolismo e até nos ajuda a manter o peso e o nível
de saúde adequados.

A melhor forma de tentar aumentar essas gorduras marrons é por


meio do exercício físico e da restrição calórica, como ocorre no jejum.

No meio de tudo isso, há pessoas com predisposição


genética, mas esse processo costuma acontecer por causa da
má condução do gerenciamento de peso.

Se uma pessoa "comer errado", o adipócito aumenta até o


ponto de os pré-adipócitos começarem a inflar, o que causa
o aumento de peso.

Os genes mais estudados para o controle de peso são o


FTO, MC4R. Existem muitos outros, mas esses dois são os que
mais estudamos hoje.

Indivíduos que têm características genéticas desfavoráveis


nesses genes são mais suscetíveis a ganhar peso.

Apresento-vos, então, Victor Sorrentino. Eu mesmo sou por-


tador de polimorfismo nesses dois genes, em quase todas as
suas variáveis, provavelmente como meus avós paternos tin-
ham e como meu pai também tem.

No momento em que comecei a errar demais na alimen-


tação e nos exercícios, ativei esses genes e passei a ganhar
peso como nunca antes. Isso foi por volta dos 29 anos.

97
Reforço: genética não é destino.

A chave para a condução dos nossos genes está nas nos-


sas mãos. Mesmo que eu tenha mais dificuldade em gerenciar
meu peso, isso só faz com que eu tenha que me cuidar mais
do que outros.

Portanto, saiba que, no caso do gerenciamento de peso,


aqueles que são bem-sucedidos são os que se esforçam mais
e entendem suas individualidades.

O que fazer para emagrecer? – nem pense em somente


cortar calorias

Não é dieta, não é medicação e nem procedimentos cirúrgicos.

A melhor forma de emagrecer é entender cada vez mais


sobre a ciência da nutrição e sobre a digestão dos nutrientes.
Não é só o fato de você ser o que você come — é o que você
faz com o que come.

Existem pessoas que conseguem se equilibrar melhor com


uma estratégica low carb, outras com a cetogênica e outras
ainda com estratégicas veganas e vegetarianas… Existe um
mundo de possibilidades.

O que geralmente recomendamos é que o paciente realize ci-


clos estratégicos, ficando um pouco em cada estratégia alimentar,
de acordo com a sua individualidade. Isso "desacostuma" o corpo,
provocando adaptações que levam à perda de peso contínua.

Por isso, precisamos compreender cada vez mais os micro


e macronutrientes, fundamentais para o nosso metabolismo.

Mas por que comecei falando sobre calorias? Nós sabe-


mos, desde 1988, devido a um estudo (Kirschner et al), que
não adianta diminuir o consumo de calorias.

Quando diminuímos o consumo de calorias drasticamente,


o corpo pode entrar em estado de alerta, o que causa aumento
da fome, constipação, cefaleia, fadiga, tontura postural e perda
de cabelos transitória.

98
• TABU 8

O corpo "se assusta" e passa, num segundo momento, a guardar


energia, como se você não estivesse encontrando alimentos na
natureza e precisasse “estocá-los”, desacelerando o metabolismo.

É o exemplo que dei anteriormente, de dietas baixas em


calorias à base de biscoitos.

Se simplesmente cortar calorias, sem prestar atenção à di-


visão de micro e macronutrientes pode trazer péssimas conse-
quências, então, muitas pessoas pensam que seria necessário
apenas apostar no aumento de exercícios físicos.

Será que isso funciona? Também não. Só aumentar a ativi-


dade física e comer mal não adianta muito.

Para queimar 1 kg de gordura, seria necessário mobilizar en-


tre 6 e 8 mil calorias do corpo. Isso significa ficar cerca de 10h
na esteira e correr 12 km por hora. Se você não morrer antes,
com certeza não é só gordura que vai queimar.

Você também vai perder músculos, vai se cansar e pode ter


uma série de consequências desastrosas.

Enfim, não adianta só diminuir as calorias ou aumentar a


prática de atividades físicas, apesar de ambas serem muito im-
portantes para a saúde no geral.

O segredo está na estratégia adotada como um todo, como


controle de estresse, qualidade do sono, aumento de ingestão
de água e otimização metabólica.

Mas a alimentação correta é importante e você precisa se


livrar daquilo que aprendeu ser saudável.

Vou falar sobre isso no próximo capítulo.

99
• TABU 3

TABU 9

A base da pirâmide alimentar


é dos carboidratos

101
Há três grandes grupos de alimentos: proteínas, gorduras e
carboidratos. Esses são três macronutrientes.

As proteínas são essenciais em nossa vida. Não me refiro


apenas a proteínas animais, praticamente todos os alimentos
possuem proteína; alguns menos, outros mais.

Existem oito aminoácidos, e são eles que constituem as


proteínas. As proteínas são codificadas por uma sequência de
aminoácidos. Quando a proteína entra no corpo, ela precisa ser
digerida com muito ácido, para que sobrem aminoácidos.

O corpo não absorve proteínas, mas sim aminoácidos. É como


se recebêssemos uma parede que precisa ser destruída para que,
com os tijolos, possamos executar diversas outras obras pelo corpo.

Os oito aminoácidos essenciais (aqueles que não conseguimos


produzir e, portanto, são chamados de essenciais à vida) são: valia,
lisina, treonina, leucina, isoleucina, triptofano, fenilalanina e metionina.

Não há vida sem a ingestão deles, pois todas as funções


que o corpo executa com esses aminoácidos são vitais e in-
substituíveis. As proteínas e os aminoácidos constituem estru-
turas, enzimas, hormônios, anticorpos e energia.

Por exemplo, sem boa ingestão e assimilação de triptofano, é


humanamente impossível que você consiga construir seu neuro-
transmissor serotonina - conhecida como hormônio da felicidade.

Portanto, muito antes de pensar em medicamentos para


depressão, é obrigatório que se avalie ingestão, digestão, me-
tabolização, distribuição e utilização de seu triptofano, entende?

Afinal de contas, como você pode construir um carro sem metal?

Se formos além no entendimento da bioquímica, sem magné-


sio também não conseguimos utilizar adequadamente esse ami-
noácido para a construção de serotonina; o mesmo ocorre quando
não há aproveitamento de ácido fólico, entre outros tantos elemen-
tos-chave para a produção de tudo o que necessitamos no corpo.

E as gorduras?

102
• TABU 9

A extrema importância do magnésio

Aproveitando o gancho, a ingestão de magnésio é


habitualmente baixíssima nos brasileiros, e a quan-
tidade de pessoas que têm deficiências genéticas
metabólicas no processo de aproveitamento e
destruição do folato no corpo é muito alta.

Portanto, se isso a ingestão e a absorção de mag-


nésio e folato não for avaliada, é muito provável
que você acabará sendo refém de drogas (para a
depressão e hipertensão por exemplo) que tão so-
mente remediam problemas, não os resolvem.

Quando ingerimos gordura, ela também passará por um


processo de “destruição” ou quebra de sua estrutura, para que
o intestino consiga trabalhar.

Nesse processo, participam importantes ácidos e enzimas


que deixarão essas gorduras também não na forma de “pare-
de”, mas na forma de “tijolinhos”.

Os “tijolos” mais importantes que derivam da gordura são


os ácidos graxos. Eles podem ser saturados ou insaturados e
ter diferentes tamanhos estruturais. Mas o fato é que o corpo
precisa de gorduras, não dá para negociar.

Atenção: não deixe se enganar pelo nome. Não se trata da


gordura que está nas prateleiras do supermercado, altamente
modificada, processada e inflamatória, um extraterrestre para
o corpo. Não é a margarina, óleos hidrogenados e óleo de soja,
muito menos a gordura nos biscoitos recheados.

A gordura que é essencial para você é outra. É a gordura


natural — que o médico vive dizendo para você cortar.

Vou explicar melhor.

O corpo não vive sem dois ácidos graxos poliinsaturados


essenciais à vida. São eles o ômega 3 e o ômega 6.

103
Sem o ômega 3, não há formas de construir toda a cadeia
anti-inflamatória de nosso organismo, por isso não é possível
conter inflamações.

O ômega 6 nos dá uma sequência de elementos para que


inflamemos e consigamos reagir bem, por exemplo, na hora de
cicatrizar uma ferida ou dar uma topada com o pé.

O equilíbrio vem das concentrações ideais de ômega 3 e 6.

O que ocorre hoje é que estamos totalmente desalinhados.

Há um excesso de ômega 6 e uma ausência brutal de ôme-


ga 3. O nosso estilo de vida também contribui para que esteja-
mos o tempo todo inflamados. E não há forma de fazer o ajuste
se não ampliarmos a ingestão de ômega 3.

Geralmente, consumir ômega 6 é fácil, basta consumirmos


vegetais e carnes. O problema é que quase não ingerimos ôme-
ga 3. Repito, nós precisamos dessas gorduras para sobreviver.

E o que as gorduras fazem de tão importante?

Elas ajudam a formar nossas membranas plasmáticas e nossas


células, além disso servem como energia, como isolante térmico e
físico. Elas servem de base para todos os nossos hormônios sexuais
(falarei sobre isso mais adiante, e você compreenderá que hormônios
sexuais não servem apenas para que se tenha vontade de fazer sexo).

A gordura também é a base dos ácidos biliares e o veículo de vi-


taminas lipossolúveis. Como um corpo pode transportar vitamina D3,
a grande moduladora do nosso sistema imune, se não há gordura?

Por isso, é fundamental que você amplie a sua ingestão de


ômega 3, mesmo que na forma de suplementação, a mais im-
portante forma de gordura poliinsaturada que existe.

Além desse tipo de ácidos gordos, existem as gorduras satu-


radas e as monoinsaturadas.

A diferença entre elas está em conter, bioquimicamente, in-


saturações (ligações duplas entre carbonos). As que contém
uma ligação dupla são as monoinsaturadas. As poliinsaturadas

104
• TABU 9

têm mais de uma ligação dupla. Nesses dois casos, a estrutura


é mais “maleável” e exerce diferentes funções.

Já as saturadas não possuem ligação dupla e são classificadas


conforme a quantidade de carbono que as formam. Sendo: satura-
das de cadeia curta (2 a 4 átomos de carbono), cadeia média (6 a 10
átomos de carbono) e cadeia longa (12 ou mais átomos de carbono).

O O

OH OH

Linoleic acid Conjugated linoleic acid


O O

OH OH
OH OH

O
Ricinoleic acid 18:1 dicarboxylic acid
O

OH

OH
O

Docosahexaenoic acid Eicosapentaenoic acid


H
O
O
O
Gamma-decalactone Hexanal

Parece bobagem esse tanto de bioquímica, não é mesmo?


Mas acredite, não é!

Você agora já sabe mais do que, provavelmente, 90% dos


médicos a respeito de gorduras e, quando falarem a você

105
“evite gorduras”, você terá a obrigação de perguntar: A qual
tipo de gordura você se refere? E esse tipo específico, está pre-
sente onde, em quais alimentos?

Se souberem responder esses questionamentos, eu aposto


que vão lhe orientar a reduzir o consumo de gordura saturada.

E sabe por que isso é um erro crucial?

Pois o consumo de gordura saturada de cadeia curta está


associado à diminuição de câncer colorretal, diminuição da in-
flamação crônica e também à remissão de doenças autoimunes.

Portanto, elas são fundamentais.

E onde encontrar gordura saturada de cadeia curta? Elas es-


tão presentes em pequena quantidade na manteiga e no vinagre.
Sim, o ácido graxo de cadeia curta chamado ácido acético, é uma
gordura de estrutura pequena muito boa para a sua saúde.

Se o seu médico lhe falar para consumir vinagre e evitar gordu-


ras, provavelmente ele não faz ideia do que está falando, entende?

Aliás, quero que vocês saibam que nossa princi-


pal fonte de ácido butírico, um dos ácidos graxos
de cadeia curta mais estudados, é como produ-
to metabólito de nossa microbiota intestinal. Ou
seja, as bactérias que vivem em nosso intestino,
quando temos boa função intestinal por meio
da alimentação funcional, são as que mais pro-
duzem o ácido butírico. Agora você entendeu o
motivo pelo qual tanto se fala em saúde intestinal
na atualidade, né?

Além dos ácidos de cadeia curta, os ácidos graxos de


cadeia média também são muito protetores da saúde. Eles es-
tão relacionados à prevenção de doenças neurológicas, ao
aumento do metabolismo basal, à melhora na performance
cognitiva e esportiva e também possuem um caminho me-
tabólico próprio, diferente dos de cadeia longa.

106
• TABU 9

Eles se utilizam de um “atalho metabólico” e geram energia


com grande eficiência, sendo ideais para quem precisa vencer
uma doença crônica.

Sua principal fonte alimentar é o óleo de coco. E, não, do


ponto de vista de saúde, não há um motivo decisivo para você
evitar o consumo desse combustível cerebral.

São somente os ácidos graxos saturados de cadeia longa


que deveriam ser ingeridos com parcimônia na maioria das
pessoas que se encontram sem saúde.

Isso porque, uma vez que nosso corpo tem uma grande ca-
pacidade de produzi-los, não é preciso ampliar sua ingestão
para evitar um desequilíbrio metabólico.

Não, eu não estou dizendo que as gorduras saturadas de


cadeia longa são prejudiciais, mas, se você ainda não alcançou
saúde, deveria cuidar com excesso de sua ingestão.

De qualquer forma, entre esse excesso e o excesso de fariná-


ceos, não há sombra de dúvidas de que deveria preferir real-
mente as gorduras. E você já vai entender isso, daqui a pouco...

As gorduras boas Ômega 3 podem ser encontradas nos


peixes pescados selvagens principalmente. Você já entendeu
também que o coco, as gemas dos ovos e as oleaginosas, o
azeite de oliva e até mesmo carnes vermelhas e outras bran-
cas também têm gorduras boas.

O grande ponto é o equilíbrio entre elas e a preferência em fazer


questão da ingestão daquelas que não conseguimos produzir.

107
ONDE ENCONTRAR:

Lembre-se de que as carnes podem ter


gorduras boas e ruins, uma vez que gado
que foi criado com alimentação modifica-
da acaba tendo mais gordura saturada de
cadeia longa, mais percentual de Ômega
6 e menos poliinsaturadas em geral.

Os queijos também têm gorduras boas en-


tre outras neutras e potencialmente ruins (a
depender do estado de saúde do indivíduo).

O abacate e o azeite de oliva, junto com


as oleaginosas são boa fonte de monoin-
saturadas, fortemente sempre associadas à
melhora metabólica para a prevenção de
doenças cardiovasculares e neurológicas.

Até a banha de porco tem gordura boa, des-


de que seja de uma carne orgânica, de um
porco que foi criado solto, que come o que
comeria ao natural, e não ração de milho e
de soja. Aliás, saiba que, em termos de
distribuição de tipos de gorduras satu-
radas e insaturadas, ele não se distancia
muito assim do azeite de oliva, apesar de
não conter fitoquímicos bioativos muito
interessantes contidos no azeite.

Carboidratos

E os carboidratos, são essenciais à vida? Gordura é, proteína


é. Carboidratos, não.

Sabe por quê? Agora você já sabe sim.

Lembra de que falamos sobre aminoácidos essenciais e ácidos


graxos essenciais? Pois bem, não existem carboidratos essenciais,
e isso nos leva a entender que você sobreviveria sem ingeri-los.

108
• TABU 9

Composição de alimentos por 100 g de parte


comestível: Ácidos graxos

Nº do Descrição dos Satura- Mono-insa- Poli-insa-


alimento alimentos dos (g) turados (g) turados (g)

Gorduras e óleos

259 Azeite, de dendê 43,1 40,1 16,6


Azeite, de oliva,
260 14,9 75,5 9,5
extra virgem
261 Manteiga, com sal 49,2 20,4 1,2
262 Manteiga, sem sal 51,5 21,9 1,5
Margarina, com óleo hidrogenado,
263 14,9 18,2 21,4
com sal (65% de lipídios)
Margarina, com óleo interesterificado,
265 21,9 15,0 27,6
com sal (65% de lipídios)
Margarina, com óleo interesterificado,
266 20,9 14,4 26,5
sem sal (65% de lipídios)
267 Óleo, de babaçu 50,9 18,6 30,2
268 Óleo, de canola 7,9 62,6 28,4
269 Óleo, de girassol 10,8 25,4 62,6
270 Óleo, de milho 15,2 33,4 50,9
271 Óleo, de pequi 39,9 55,8 4,2
272 Óleo, de soja 15,2 23,3 60,0

TACO - Tabela Brasileira de Composição de Alimentos

Já alerto que não estou dizendo que carboidratos são proi-


bidos e, sim, que não são essenciais sob o ponto de vista exis-
tencial, biológico.

Não há livros de medicina e nutrição que afirmam que não


podemos viver sem carboidratos, pois não existe uma função
que seja específica e intransferível só deles.

Mas agora pare e leia novamente, para não sair falando


coisas que não ensinei: você não precisa eliminar alimentos
considerados carboidratos de sua vida!

O ideal é selecioná-los melhor, qualificando sua in-

109
gestão, tal como deve selecionar e qualificar a ingestão
de alimentos ricos em proteínas e em gorduras, simples e
complexo, não?

Pois é, equilibrar não deve ser extrapolado para o equilíbrio


de ingestão das mesmas proporções de carboidratos,
proteínas e gorduras ao longo do dia. Lembre-se de que uma
dieta equilibrada no caso de leões é 100% de carnes animais.
No caso da vaca, é ser 100% de pasto.

Portanto, nós, seres humanos, tão diversos dentro da mes-


ma espécie, não deveríamos pensar em consumir a mesma
proporção entre os três macronutrientes. Nem deveríamos
comparar a nossa dieta com a de outros. Cada um necessi-
ta daquilo que combina com sua individualidade bioquímica,
genética e com a necessidade que seus hábitos impõem.

Ou seja, a dieta do Victor deve se basear em uma propor-


cionalidade diferente da dieta de seu irmão, Guilherme. Nem
por isso, devemos ter que pesar alimentos nem tornarmo-nos
aqueles chatos que não abrem exceções.

Devemos saber pelo menos do que são constituídos os alimen-


tos (existem diversos sites e aplicativos que trazem esses dados).

110
Além disso, devemos também ter consciência de que
são essas nossas escolhas que estão na base do nosso
adoecimento.

Ter uma noção do motivo da falta de saúde das grandes


massas é fundamental para o nosso desejo de viver bem até
passar dos 100.

E, sem nenhuma dúvida, o excesso de produtos alimentícios


ricos em farinhas, concentrados em carboidratos em relação
ao consumo de comida de verdade está definindo a forma
como ficamos doentes.
TABU 10

As opções integrais
são sempre as melhores
Voltemos aos carboidratos.

Qual é a função deles, então?

Servir como fonte de energia para o cérebro e para os


músculos. Essa energia pode ser obtida por meio da gordura
e da proteína e também pela queima da gordura armazenada.

Por isso não há funções que sejam únicas e exclusivas dos


carboidratos.

Agora isso significa que todo carboidrato deve ser extirpado?

Não.

O que considero interessante é que há uma gama de mi-


cronutrientes nos diferentes alimentos ricos em carboidratos,
e essa é a grande “vantagem” dos vegetais.

Comer uma maçã, que é considerada uma fonte de car-


boidrato de baixa carga glicêmica, vai fornecer alguns bioati-
vos como o ácido málico, que são muito importantes para diferentes
eventos bioquímicos em nosso corpo.

Outro ponto importante é que, além dos pontos característicos


de cada alimento, também é importante pensar sob a ótica do prato.

Vou te explicar meu ponto:

Arroz branco X Arroz integral

114
• TABU 10

O arroz branco possui capacidade de fornecer grande


quantidade de carboidrato e elevar demasiadamente os níveis
de glicose sanguínea.

Parece então que trocar ele por arroz integral é uma ex-
celente estratégia para emagrecer, tendo em vista algumas
fibras a mais no integral, diminuindo então a velocidade de as-
similação do carboidrato.

Pois é, nem sempre mecanismos são tão práticos assim.

Vamos primeiro aos conceitos importantes:


1 ÍNDICE GLICÊMICO (IG): Esse índice foi proposto pelo Dr.
David Jenkins, pesquisador da Universidade de Toronto – Canadá,
em 1981 , (se você nunca ouviu seu médico falar nisso, somente
do fator “caloria”, ele provavelmente está bastante desatualizado).

O IG representa o efeito sobre a glicemia de uma quanti-


dade fixa de carboidrato disponível de um determinado ali-
mento, em relação a um alimento-controle — normalmente se
usa o pão branco

A análise do índice glicêmico de cada alimento é feita por


meio da curva glicêmica produzida por 50 g de carboidrato
(disponível) de um alimento teste em relação a curva de 50 g
de carboidrato do alimento padrão (pão branco)
2 CARGA GLICÊMICA: já o conceito de carga glicêmica
(CG) foi proposto, em 1997, pelo Dr. Salmeron, pesquisador da
Harvard School.

A carga glicêmica (CG) é um produto do índice glicêmico (IG)


e da quantidade de carboidrato presente na porção de alimento
consumido, comparado com o alimento padrão. Esse marcador
mede o impacto glicêmico da dieta, sendo calculado pelo pro-
duto do IG do alimento pela quantidade de carboidrato, conti-
da na porção consumida do alimento.

O que faz muito mais sentido.

Equação: CG = IG x teor CHO disponível na porção 100

115
3 ÍNDICE INSULINÊMICO: ainda há mais um índice, meus
amigos. Também em 1997, um artigo científico publicado no The
American Journal of Clinical Nutrition foi além e pesquisou o que real-
mente mais importa: o índice insulinêmico de diversos alimentos,
não somente os carboidratos. Qual é a grande diferença? É que en-
tão pensamos que não são somente os carboidratos que estimulam
a liberação do hormônio insulina, mas principalmente as proteínas.

Mas, para que não fique muito complicado para você, o


ideal é compreender e assimilar que toda as vezes que você
ingerir um carboidrato, quanto mais rápida é sua digestão e
metabolização, mais picos de glicose terá no sangue.

Quanto mais picos a alimentação causar, mais liberação


imediata de insulina o corpo deverá “solicitar” ao seu pâncreas
para que ele regule os níveis de glicose e “jogue” essa glicose
para os tecidos utilizarem.

Apesar de você saber que seria preferível pensar no consumo


de um carboidrato mais complexo e com menor carga glicêmica,
também é preciso saber que a carga glicêmica deve ser pensada
considerando nosso prato, nossa refeição como um todo.

Então, não adianta só pensar se você vai comer arroz branco


ou arroz integral, compreende?

Quer um exemplo importante?

Uma grande revisão sistemática e meta-análise de estudos


randomizados publicada em 2019 (Whole-Grain consumption does
not affect obesity measures: an updated systematic review and me-
ta-analysis of randomized clinical trials) evidenciou categoricamente
que trocar 60% de consumo de carboidratos simples por integrais
não resolve absolutamente nada em relação ao emagrecimento.

E eu acredito que você já deve saber o porquê, estou certo?

Provavelmente, porque não adianta só pensar no carboidrato


sozinho, mas sim na combinação dele com outros macronutrien-
tes; também porque a proporção entre os macronutrientes deve
se ajustada, pensando inicialmente em “poupar” a liberação de
insulina em indivíduos com sobrepeso; também porque a quanti-
dade de comida e energia (calorias) ingerida faz diferença.

116
• TABU 10

Glicose alta
constante no sangue

Outros
problemas
de saúde

Alta demanda
Dieta rica em constante de insulina
carboidratos

Células famintas
Alto nível de glicose Pâncreas
Alto nível de insulina Insulina
Células
Glicose

Receptores de insulina
tornam-se resistentes

Os males da insulina
Além da necessidade de compreender o peso do carboidra-
to na refeição como um todo, um dos grandes problemas dos
carboidratos, além de não serem essenciais, é que, toda vez
que uma pessoa os ingere, libera-se insulina.

Insulina é um hormônio que gerencia o açúcar no sangue.


Não pode haver excesso de glicose no sangue. O cérebro utili-
za muito a glicose; se houver hiperglicemia, pode haver morte
cerebral. No entanto, se houver hipoglicemia, a morte também
pode acontecer.

Quem estimula prioritária e principalmente a liberação do


hormônio insulina são os carboidratos.

Quando o carboidrato entra no corpo, a insulina vai trans-


formá-lo em energia “imediata”, ou ela vai ser estocada como
glicogênio no músculo ou no fígado.

117
Todo o excedente de glicose, então, vai para o adipóci-
to, a célula de gordura que fica em volta dos órgãos (fígado,
coração, rins) e na região da cintura.

Esse é o mecanismo básico e principal para o aumento des-


sas células de gordura.

Então, a teoria mais simples para que você consiga ge-


renciar sua composição física é saber que, quando você
consegue baixar a sua insulina, você vai, automaticamente,
ampliar o glucagon.

Glucagon é outro hormônio que, quando entra em jogo,


começa o processo de utilização da glicose armazenada e
de queima de gordura para oferecer energia a ser utilizada
pelo corpo.

Poxa, Victor, mas qual é o motivo dessa gangorra insulina/


glucagon?

Pense na era paleolítica: como você acha que era feito o


armazenamento de energia para vivermos se não tínhamos
geladeiras nem estoques?

Felizes eram os que conseguiam comer um pouco mais e


guardar energia excedente nesses “pacotes” gordurosos, pois,
nos momentos de falta de comida, o que salvaria a espécie
era justamente a propriedade de utilizar a energia estocada
nesses pacotes energéticos.

Nesses momentos de escassez, o corpo “queimava” a gor-


dura corporal para a utilização da energia acumulada.

Sim, você acabou de se dar conta de que os gordinhos de


hoje em dia seriam os maiores sobreviventes nas épocas de
escassez alimentícia.

Mas, lembre-se de que, se não haviam obesos, é porque de-


finitivamente comia-se para sobreviver, e não se vivia para comer.

Não havia excessos, principalmente de carboidratos, até porque


estávamos muito distantes da sistematização da agricultura.

118
• TABU 10

eta
Consumo restrito: ovo, óleos vegetais,
manteiga e doces em geral

orr
inc
Consumo moderado:
ide

carne, aves, peixes, frutos


do mar, leite e queijo
âm
Pir

Consumo elevado: verduras,


legumes e frutas

Consumo liberado: pães, cereais, arroz,


massas, tubérculos e raízes
ta

Consumo restrito: alimentos


rre

ultraprocessados (exemplo: congelados,


embutidos e semelhantes)
co
ide

Consumo reduzido: alimentos


processados (exemplo:
âm

conservas e geleias)
Pir

Consumo moderado: ingredientes


culinários (exemplo: sal, óleos e gorduras)

Consumo liberado: alimentos in natura (exemplo:


legumes, verduras, frutas, grãos, carnes, especiarias,
ovo, leite e água potável)

119
Isso é importante porque a estrutura alimentar de pirâmide,
que coloca os carboidratos na base (e perceba, na imagem,
farináceos sem absolutamente nenhuma necessidade e
qualidade), é inaceitável.

Pense comigo na alimentação da população média:

De manhã, um sanduíche, um pãozinho com


manteiga ou margarina (escolha horrorosa
nesse caso) e chá ou café com leite (há car-
boidratos no pão e no leite);

Arroz, feijão, carne e saladas (novamente


carboidratos, mas de melhor qualidade);

No meio da tarde, um pastel ou biscoitinho


(geralmente biscoitinho com café, né? ––
carboidrato);

À noite, as pessoas comem uma sopa light


(mais carboidratos). Se não há proteínas, não
há músculos, ossos, enzimas e hormônios.

Durante a manhã e tarde, as pessoas não fornecem nutrien-


tes para o corpo. Só entra aquilo de que ele não precisa.

Se houver, então, falta de carboidratos, você utiliza energia


de outros alimentos ou a que está armazenada em seus reser-
vatórios (gordura corporal branca) e, se não houver gordura e
proteína boas, o corpo deixa de realizar funções importantes, o
que diminui a qualidade de vida e a saúde.

No caso da proteína, quando em falta, ela é retirada da


reserva, que fica nos músculos, "destruindo" suas proteínas
musculares inicialmente para que você utilize os aminoáci-
dos nos diferentes processos metabólicos.

Isso gera flacidez, pele ruim, diminuição de massa muscular, pio-


ra de tendões, diminuição de produção de enzimas e hormônios etc.

Na falta de ômega 3 e 6, seu controle inflamatório fica


prejudicado, aumentando, portanto, o risco de desenvolvi-
mento de doenças.

120
• TABU 10

Mas, agora, provavelmente outra problemática começa a vir


à tona em seus pensamentos:

Poxa, durante a vida toda eu tive medo de gorduras e fui


ensinado que elas são praticamente obra do demônio, matam,
aumentam doenças cardiovasculares e ainda engordam, como
se elas fossem levadas diretamente às reservas adipocitárias!

Para isto, a ciência e os estudos de alto impacto serão sem-


pre nossa maior prova, para que não fiquemos à mercê dos
que apenas repassam o desconhecimento adquirido um dia,
sem questioná-los.

“Se todos nós trabalhássemos sob o pressuposto de que


o que é aceito como verdadeiro é realmente verdadeiro,
haveria pouca esperança de progresso.”
(Orville Wright)

121
• TABU 1

TABU 11
Café da manhã de rei: pão com
margarina (amiga do coração),
cereal e suco

123
Um clássico estudo realizado em 2013, publicado na American
Journal Of Clinical Nutrition, mostra que há um aumento do consumo
de carboidratos, uma diminuição do consumo de gorduras e uma
estabilidade no consumo de proteínas — isso desde 1975 até 2010.

Uma dieta rica em proteínas animal e vegetal, segundo um


estudo de 2016, está associada à diminuição da adiposidade
(células de gordura).

O excesso de carboidratos é convertido em gordura e arma-


zenado em adipócitos; o aumento de proteínas diminui esse risco.

Há uma outra revisão ainda, de 2016, que mostra que o alto


consumo de proteínas, de no mínimo 1,2 a 1,6 de proteína/kg/
peso, melhora a composição corporal, ajuda no emagrecimento,
no envelhecimento saudável e no melhor desempenho atlético.

Esse valor pode ser gerenciado de forma personalizada


de acordo com comorbidades, prática de atividades físicas,
alimentação, idade e condição hormonal e enzimática. Quem
geralmente faz isso é uma equipe multidisciplinar; os nutri-
cionistas fazem os cálculos da quantidade de proteínas.

O benefício do Whey

As pessoas têm grande necessidade de ingerir proteínas


de boa qualidade e, em alguns momentos do dia, como
no café da manhã, têm dificuldade em obtê-las.

Por isso, o Whey Protein, proteína isolada do soro do


leite, por um processo industrial de alta qualidade,
pode ajudar bastante pela praticidade em dias de difi-
culdades de tempo para o preparo de alimentos ricos.

Ele possui proteínas do leite, mas é uma


proteína isolada do soro do leite, por isso
é de alta qualidade, não carrega outros
macronutrientes lácteos, como as gordu-
ras e o açúcar do leite (quando a proteína
é isolada), com um perfil de aminoácidos
muito interessante para o nosso corpo.

124
• TABU 11

E hoje, temos já milhares de estudos evidenciando


benefícios de seu consumo para o gerenciamento
de doenças crônicas.

Vou salientar dois interessantes recém-publica-


dos (2019), que fazem a revisão sistemática e me-
ta-análise de diversos estudos e que podem ter
grande peso científico e quebrar alguns paradigmas
e preconceitos a respeito do consumo de proteínas
em pó, mesmo aquelas comercializadas em grandes
potes que acabam levando os pais e desconfiar que
os filhos estejam “se bombando”.

Posso garantir a vocês que prefiro um milhão de


vezes ver um filho tomando doses de Whey protein
do que sanduíches, “fast-foods” e refrigerantes.

Vocês NUNCA lerão nenhuma espécie de estudo


apresentando os benefícios da ingestão desses
lixos alimentícios. Em contrapartida, milhares, eu
disse milhares, de estudos mostram a possibilidade
de complementação dietética com Whey protein.

Veja bem: não estou advogando que você precisa fazer


uso dele. Estou apenas querendo demonstrar que você
pode modificar o que pensa sobre o Whey protein.

No estudo Effect of Protein Supplementation Com-


bined With Resistance Training on Muscle Mass,
Strength and Function in the Elderly: A Systematic Re-
view and Meta-Analysis, os autores chegaram à con-
clusão de que os idosos — público que tem neces-
sidade imensa de melhora nos níveis de força e de
aumento de massa muscular — alcançam melhores
resultados quando o exercício de força é associado
à suplementação de Whey protein.

Já no estudo The Effect of Whey Protein on the Com-


ponents of Metabolic Syndrome in Overweight and
Obese Individuals; a Systematic Review and Me-
ta-Analysis, os autores chegaram à conclusão de

125
que a suplementação teve potencial de reduzir
significativamente a pressão arterial, melhorar os
níveis de HDL, diminuir a circunferência da cintu-
ra e diminuir também os triglicerídeos. Obviamente
isso se deu com um ajuste no plano alimentar.

Pensando em tudo isso, você ainda acha que o


Whey Protein pode ser uma fonte de proteínas
apenas para atletas? Na verdade, atletas são os
que menos precisam de suplementação, pois se
preocupam com a quantidade de proteínas, gor-
duras e carboidratos que ingerem.

No caso de pessoas mais velhas, o Whey Protein


ou qualquer proteína isolada, mesmo sendo de ori-
gem vegetal ou apenas aminoácidos combinados,
podem ser válidas por serem de fácil digestão e
pela biodisponibilidade de aminoácidos. Para quem
não tem uma boa digestão, esse é um prato cheio.

Por exemplo, o meio da tarde é um momento muito


bom para ingerir Whey Protein com uma fruta.

À tarde, é quando, bioquimicamente, nosso corpo


suporta uma carga maior de carboidratos.

Você pode utilizar o Whey Protein combinado com


frutas e oleaginosas. Quando não como ovos no des-
jejum, eu misturo o Whey Protein com abacate ou açaí
puro, o que fornece gordura e proteínas de qualidade.

Café da manhã diferente

Mas, Victor, agora você está dizendo que sua preferência


é por ter um café da manhã com menos carboidratos e mais
proteínas e gorduras?

Sim, amigo, em geral as pessoas se beneficiam dessa opção.


No entanto, é claro que existem diversas exceções, por exem-
plo indivíduos que praticam exercícios de força pela manhã.

126
• TABU 11

"Sempre ouvi que, nas manhãs, devemos comer como um rei."

Essa máxima vem dos costumes alimentares norte-america-


nos. Já comentei que a obesidade é uma epidemia por lá.

Mas vou me explicar melhor.

Quando acordamos, acabamos de passar por um período


de jejum, por isso o corpo não espera receber alimentos. Por
isso, durante a manhã, não devemos ingerir grandes quanti-
dades de carboidratos.

O momento em que despertamos é excelente para o jejum


ou para ingerir micronutrientes e bioagentes fitoquímicos por
meio de líquidos misturados com gramínea de trigo em pó,
cúrcuma, canela, pimenta cayena, chá verde, própolis etc.

Esse é o momento de desintoxicar o corpo e de hidratar


as alças intestinais. Também é o momento de estimular as sir-
tuínas — grupo de enzimas que, quando ativadas e expressas,
modulam nossa expressão gênica, prevenindo doenças e fa-
vorecendo a longevidade.

Tendo tudo isso em vista, o ideal é consumir proteínas e


gorduras boas no café da manhã.

127
O ovo é um alimento perfeito e pode ser preparado de di-
versas formas. Mas como expliquei anteriormente, ao acordar,
é ideal esperar um certo tempo para que o corpo ative estraté-
gias antioxidantes.

A maioria das reclamações que recebo tem relação com o


fato de que comer ovo enjoa.

A isso respondo: pão não enjoa?

É possível comer pão de vez em quando, porém, mesmo o


pão sem glúten e sem lactose ainda costuma ser uma grande
fonte de carboidrato.

Se você está com sobrepeso e não pratica exercícios vigoro-


sos pela manhã, recomendo que evite ao máximo o consumo
de farináceos nesse período.

Se a vontade for muito grande, abra uma exceção, mas


busque receitas de farináceos de oleaginosas: os pães low-
carb funcionais.

Não estou dizendo isso porque o carboidrato seja ruim, mas


porque, normalmente, quem os consome pela manhã passa o
dia com mais fome e com menos saciedade.

É como se você estivesse sinalizando para seu corpo que


haverá picos de açúcar e de insulina o dia todo.

E no almoço, o que devo comer?

No almoço, é fácil: o máximo de vegetais possível, com


variação, e carnes.

Não existem estudos conclusivos de que a carne causa


câncer — todos os estudos publicados nesse sentido eram
observacionais e cheios de erros sistemáticos. Por isso, não
podem ser levados em conta.

Esse problema com os estudos pode ocorrer porque, toda


vez que estudamos alimentos, é impossível controlar muitas
variáveis, como a hereditariedade, a profissão e o tabagismo.

128
• TABU 11

Mas preciso dizer que, no quesito churrasco, aquela cas-


quinha preta que se forma em volta da carne tostadinha é sim
um agente potencialmente cancerígeno.

São os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos que fazem


com que nosso corpo reaja muito mal, criando condições para
o processo de replicação anômala celular.

Essa discussão iria longe, mas o melhor então é nunca


exagerar e saber que, se houver consumo excessivo de car-
boidratos, as chances de câncer aumentam devido ao hiper-
estímulo insulinogênico. Digo isso porque estudos compro-
vam que o estímulo de insulina aumenta o risco de câncer.

Além disso, ele faz com que você engorde, o que definitiva-
mente aumenta o risco de câncer.

Como diminuir o desejo por carboidratos

Se o consumo de carboidratos não é tão essen-


cial e é esse seu problema em termos de exagero,
como diminuir o desejo de comer carboidratos ul-
traprocessados?

129
A princípio só há uma maneira.

Primeiro, é preciso ter vontade de diminuir seu


consumo.

Em seguida, deve optar-se por carboidratos melhores.


E então ajustar os macronutrientes. Não estou indican-
do uma dieta para emagrecer, nosso assunto aqui é
focado prioritariamente na saúde.

Como já mencionei, o aumento do consumo de


proteínas em relação à composição comum di-
etética da população brasileira ajuda a emagrecer,
a ter um envelhecimento saudável e a melhorar o
desempenho atlético.

Apesar de todas as evidências sem base científica, as


instituições e sociedades médicas ainda orientam que
consumo diário seja constituído de 60% de carboidratos.

Mas o que seria realmente o ideal?

130
• TABU 11

Diminuir drasticamente o consumo de farináceos e


produtos processados e ultraprocessados. Esse é o
início do processo da restauração da saúde.

Aumente o consumo proteico para cerca de 30%


da quantidade de alimentos diários, reduza con-
sumo de carboidratos para cerca de 35% ou 40% e
aumente o consumo de gorduras para 30%.

Pode parecer óbvio, mas, quando você aumenta


a ingestão de proteínas e gorduras, a vontade de
consumir carboidratos diminui.

A verdade é que existem cálculos muito mais complexos para


que um nutricionista chegue a esses valores de distribuição de
carboidratos, proteínas e gorduras, pois leva-se em consideração
a quantidade de macronutrientes de cada alimento, além da
quantidade de água e de fibras solúveis e insolúveis.

Para que você tenha uma noção um pouco mais apurada,


quero que saiba, por exemplo, que para cada 100 g de peito de
frango tem apenas cerca de 32 g de proteína, 1 g de gorduras
saturadas, 1 g de gorduras monoinsaturadas, 300 mg de poliin-
saturadas e 90 mg de colesterol.

Sinceramente, não acredito serem necessários tantos cál-


culos na ampla maioria dos casos.

Como dica, existem aplicativos que podem ser úteis no


balanceamento alimentar. Neles, você insere o que comeu, e
o programa faz os cálculos automaticamente.

Perceba que não conto calorias e nem peso meus alimentos.

Nesse momento, você pode estar se perguntando se vai


emagrecer se deixar de ingerir o mínimo de proteínas e de gor-
duras. Talvez seja possível, mas o objetivo de queimar gordura
e manter a massa muscular não será alcançado.

131
A ingestão de gorduras não vira gordura no corpo, caso seja
consumida no momento e na qualidade corretas. Isso só ocor-
rerá se houver ingestão de gorduras em excesso.

O fato é que, quando aumentamos a ingestão de proteínas


e gorduras, nossa saciedade melhora substancialmente.

Isso vale principalmente para aqueles indivíduos que pos-


suem algumas características genéticas desfavoráveis relacio-
nadas ao aumento do risco de comer mais, ter menos sacie-
dade e assim criar mais gordura corporal.

Sim, estou falando aqui de um polimorfismo genético


no gene MC4R, que pode ser aferido por meio de testes
genéticos. Quem tem essa alteração, tem mais tendência
genética a engordar.

Ué, Victor, mas você é magro, mesmo com predisposição


genética à obesidade?

Sim, senhoras e senhores.

132
Eu sou uma prova contundente para que aqueles que têm um
discurso pronto de que se o problema é genético não há solução.

Eu tenho o gene da obesidade (como te contei no tabu 8),


mas não aperto o gatilho.

Genética definitivamente não é destino, especialmente se


você é orientado corretamente.

Sabendo que tenho maiores chances de engordar, preciso


me organizar mais em meus hábitos alimentares. Isso vale tan-
to para a obesidade quanto para qualquer doença.

Por isso, a seguir, vou me aprofundar um pouco mais nas


doenças cardiovasculares: a causa número um de morte no Brasil.
• TABU 1

TABU 12

Gordura engorda e
entope as artérias

135
Voltemos então à questão das gorduras e do medo de
doenças cardiovasculares.

O que dizem os maiores estudos já publicados na ciência?

Falemos novamente de uma meta-análise conduzida por


pesquisadores da Universidade de Harvard, em 2010.

Os autores sugerem um viés de publicação (viés é uma


variável que não foi controlada, um problema).

Essa meta-análise mostrou que há evidências insuficientes


de estudos epidemiológicos prospectivos para concluir-se que
a gordura saturada da dieta esteja associada ao aumento do ris-
co de doença coronariana, derrame ou doença cardiovascular.

Ou seja, por algum motivo obscuro, os estudos que


demonstraram que gorduras não estão relacionadas dire-
tamente com o aumento de doenças cardiovasculares não
estavam sendo levados em consideração quando se organi-
zaram as diretrizes cardiovasculares oficiais.

Outro estudo clássico e crucial, uma revisão sistemática e


uma meta-análise ainda mais recente (2014), publicado na An-
nals of Internal Medicine, apontou que houve 32 estudos obser-
vacionais (512.420 participantes) sobre o consumo de gordura
na dieta; 17 estudos observacionais (25.721 participantes) so-
bre biomarcadores de ácidos graxos no sangue; e 27 estudos
prospectivos controlados e randomizados (150.085 partici-
pantes) com suplementos de diferentes ácidos graxos.

O resultado dessa meta-análise indica que não há evidên-


cias que sustentem as diretrizes cardiovasculares (essas
orientações oficiais das sociedades médicas a respeito do
consumo de gorduras).

Em contrapartida, essas mesmas diretrizes encorajam o


alto consumo de óleos refinados de soja, canola, milho, giras-
sol etc., além do baixo consumo de gorduras saturadas, como
banha de porco e óleo de coco.

Um contra-senso sem tamanho diante de tudo que você já


leu aqui, certo?

136
• TABU 12

Vou citar mais um estudo que complementa o que já disse:


o grupo Cochrane Collaboration concluiu que as dietas baixas
em gorduras saturadas não tiveram qualquer efeito significati-
vo na mortalidade total ou até mesmo na mortalidade cardíaca.

O grupo chegou a essa conclusão utilizando dados de mais


de 28 mil pessoas em mais de 100 países.

Anos atrás, a revista Time publicou a imagem de um ovo fri-


to na sua capa, com o título: Cholesterol, and now the bad news,
mostrando que o ovo era extremamente ruim.

Hoje em dia, a revista evoluiu e publicou a imagem de uma


manteiga, com a afirmação: “agora comam manteiga”.

Aliás, um detalhe interessante é que na semana anterior à


que estou escrevendo esta parte do livro, a mesma revista Time
publicou em sua capa Alternative Medicine, the new mainstream.

Não estou dizendo para você sair por aí se entupindo de


bacon e queijos. Não se pode ir do 8 ao 80.

O que eu estou dizendo é que gorduras naturais são muito


melhores do que produtos ultraprocessados, doces e fariná-
ceos em geral.

Em minha prática clínica, avalio quais tipos de gorduras e carnes


se encaixam melhor nos momentos de vida e individualidade de
cada paciente, com base em doenças, queixas, objetivos.

137
Também foi veiculada, na revista Veja, a vitória final do ovo.

Eu me questiono, pois, quando escrevi meu livro Segredos para


uma vida longa, publicado em 2014, e meu artigo sobre o ovo, eu
fui chamado de louco (esse livro não está mais disponível).

Eu procurei, e até hoje não encontrei, nenhum estudo clíni-


co randomizado relacionando o ovo a problemas de infarto. E
é preciso pesquisar mais sobre esse tema para que você não
seja enganado pela indústria da doença e da venda de me-
dicamentos para tudo e para todos.

A verdade definitiva sobre o ovo

Quando algum estudo evidencia que ovo pode aumentar


o colesterol, estamos falando de um “desfecho substituto”, ou
seja, não é o que mais nos interessa.

Sabe por quê?

Pelo simples fato de que o que importa realmente é saber


se o consumo de ovo faz você morrer mais ou menos, ter mais
ou menos infartos e AVCs.

Quando um estudo evidencia que pessoas que consomem


ovos, sem fritar em porcarias de óleos de soja e afins, vivem
mais e melhor e têm, pasmem, menos eventos cardiovascu-
lares, estamos estudando um “Desfecho clínico”, isto é, aquilo
que de fato interessa.

Você precisa entender isso, porque volta e meia surge uma


notícia fantasiosa, patrocinada pela indústria da doença e, mui-
tas vezes, com apoio de profissionais de saúde, afirmando que
um grande estudo recente (como se os estudos novos fossem
sempre melhores) comprovou que, por exemplo, o óleo de
coco pode aumentar o LDL, famoso por ser o colesterol vilão.

Mas o que então pensar sobre um estudo e uma reportagem


dessas? Simples, pensar que estão falando sobre um desfecho
substituto, pois o que nos interessa não é se se aumenta LDL
colesterol ou não, mas o que faz uma pessoa ter mais infarto ou
não (caso ainda tenha dúvidas, volte ao tabu 4).

138
• TABU 12

E que fique claro: nem ovo e nem óleo de coco aumentam


infartos e mortes!

Nós, profissionais da área da saúde, precisamos ser humil-


des porque as verdades são transitórias.

O fato é que não há argumentos que comprovem que o ovo faz


mal à saúde e muito menos que aumenta o risco cardiovascular.

Para que, em ciência, possamos “incriminar” algum alimento


ou hábito, o ônus da prova é invariavelmente de quem acusa.

Ou seja, se alguém disser que ovo provoca infarto, é fun-


damental que isso seja comprovado por meio de ensaios
clínicos randomizados.

E, não, até hoje não há esses estudos. Muito pelo con-


trário, existem milhares de estudos demonstrando seus
benefícios clínicos.

Tirar a gordura da nossa alimentação nos fez adoecer.

E é sobre isso que vamos nos aprofundar adiante.

139
• TABU 1

TABU 13

Óleo de coco é um perigo:


prefira outros óleos vegetais

141
Existem outras gorduras sobre as quais muito se fala, como
o óleo de coco.

O coco surgiu como se fosse "o salvador" e, depois, virou


um demônio.

Ninguém sabe, afinal, se ele é bom ou ruim porque nenhum


alimento é perfeito e, mesmo tendo propriedades benéficas, como
é o caso, deve ser ingerido em quantidades personalizadas.

O fato é que o óleo de coco extravirgem traz benefícios,


e seu consumo moderado, em um plano alimentar saudável,
sempre será positivo.

É claro que não adianta ter uma má alimentação e apenas


acrescentar o óleo de coco. Oriento que você troque os óleos
poliinsaturados –– óleo de canola, de soja, de girassol –– pelo
óleo de coco, pela banha de porco e pelo azeite de oliva.

Quem puder, prefira o azeite de oliva.

O óleo de coco tem muitas propriedades interessantes.

Ele é rico em triglicérides de cadeia média, ou seja, se trans-


forma em energia por meio de um atalho metabólico sem a
necessidade do recurso do aminoácido L-Carnitina em seu
processo mitocondrial.

142
• TABU 13

Em outras palavras, é por isso que se fala que o óleo de


coco é termogênico, aumenta a temperatura basal do corpo,
produz calor e auxilia na perda de peso.

Sua composição é riquíssima, principalmente em ácido


láurico (46%), um ácido graxo que consideramos em ciência,
durante muitos anos, como um TCM (triglicérides de cadeia
média), mas que atualmente o vemos mais se comportando
no corpo como um triglicérides de cadeia longa.

O ácido láurico funciona como uma grande base para o


desenvolvimento da nossa imunidade, transformando-se em
monolaurina e modulando potencialmente nosso sistema de
defesa.

No óleo de coco, seu nível é mais alto do que no no leite


materno, por isso ele é muito útil quando desejamos imple-
mentar uma dieta funcional.

Um estudo indicou que o consumo de 30 ml de óleo de


coco por dia durante 12 semanas melhorou o perfil lipídico (co-
lesterol, diabetes...) e diminuiu a circunferência abdominal em
mulheres obesas.

O risco dos outros óleos vegetais

Entre 1910 e 1970, foi feita uma análise sobre os


óleos, período em que os óleos vegetais tiveram
um aumento de 400%.

O infarto, que não existia, passou a existir.

Se analisarmos esse histórico, fica muito fácil atribuir


o que aconteceu para que as pessoas começas-
sem a ter infartos, que são a principal causa de
morte nos Estados Unidos.

É simples, o aumento dos óleos vegetais foi de


400%. Nós diminuímos o uso de gordura animal, de
83% para 62%; e da manteiga, de 8 kg para 1,8 kg.

143
A influência no ciclo da insulina

Além do impacto na imunidade, é preciso aumentar o con-


sumo de gordura de boa qualidade e de proteína para con-
quistar outras vantagens na saúde.

Isso porque um dos principais hormônios-chave na ob-


tenção da saúde, a insulina, é o único hormônio que pode
ser inteiramente gerenciado pelas escolhas alimentares ao
longo da vida.

Outros hormônios, como testosterona, o GH, hormônio da


tireoide etc. não dependem tanto das escolhas das pessoas,
mas de algumas funções fisiológicas, tais como a idade e pre-
disposições genéticas.

Já a insulina, não.

A insulina vem do “garfo”.

A insulina é principalmente estimulada pelo carboidrato,


como já vimos, mas quero que você saiba que ela também
pode ser influenciada pelo sabor.

Toda vez que ingerimos algo com sabor doce, nosso corpo
se prepara para receber o carboidrato.

Até porque a natureza já se encarregou de determinar


esse sabor em alimentos ricos em carboidratos, então a
insulina é ativada.

É como se o corpo estivesse preparando-se para receber


o “açúcar”. Mesmo que ele não venha (entende um pouco do
perigo da dieta?).

No momento em que é ativada, a insulina reduz a glicose no


sangue e pode fazer com que o excedente energético promo-
va acúmulo de gorduras.

Quando estimulada em demasia, induz à síntese de tri-


glicerídeos, além de induzir à síntese do colesterol e reter
sal e água nos rins.

144
• TABU 13

É como se os carboidratos, em especial, tivessem somente


esses caminhos a serem trilhados em seu corpo:
1Tornar-se energia de forma relativamente rápida;
2Tornar-se energia em forma de reserva para utilização
um pouco menos rápida;
3 Ser armazenada dentro dos adipócitos através desse
caminho de sinais hormonais e metabólicos.

Efeito rebote

Existem pessoas que utilizam o consumo de picos


de carboidrato como gatilho para ganho de massa
muscular e recuperação esportiva.

A tática, nesses casos, é ingerir grandes quantidades


de carboidratos simples logo após o treino. Dessa
forma, a insulina — por ser um hormônio anabólico
— teria, nesses momentos, capacidade de “jogar”
rapidamente a glicose para estoques musculares.

Ou seja, se logo após de um treino de musculação,


a ingestão de uma carga elevada de carboidrato
pode acabar provocando efeito anabólico e poten-
cializando ganho de massa muscular.

Quem está gordinho deve tomar cuidado pois errar


na dose desse carboidrato pós-treino, pode construir
mais gordurinhas e ter um efeito rebote.

145
• TABU 1

TABU 14

Inflamação é sempre
aguda e dói

147
Você já entendeu então que o colesterol não é o vilão. O
vilão é o açúcar em demasia, que gera um processo silencioso
de inflamação crônica.

Essa inflamação, que está na base, na gênese, participan-


do de todas as doenças crônicas, é que deve ser combatida
e gerenciada.

Picos de glicose, inicialmente, provocam um processo que


chamamos de glicação, que pode ser entendido como uma
caramelização.

Sabe quando colocamos açúcar na panela, o esquentamos


e se forma aquela calda densa e pegajosa?

Sangue é quente, açúcar circulando em demasia se carameli-


za, glica e estraga as proteínas circulantes na corrente sanguínea.

E, como se não bastasse, esse processo gerado pelos picos


de açúcar no sangue, acaba gerando uma alta taxa de oxidação
e aumento de radicais livres. E é aí que está o grande problema.

O processo de aterosclerose pode ser comparado a um


galinheiro. O problema geralmente não está na quantidade de
galinhas dentro de um espaço.

Obviamente, se você tem número absurdamente grande de


galinhas dividindo pouco espaço, há algo errado. Mas o problema
maior está na rede que segura os animais dentro do cercado.

Quando a rede está danificada, as galinhas sairão, vão fugir.


E isso sim trará problemas.

O maior dano não é provocado pelo excesso de galinhas.


O maior prejuízo está em uma rede fraca que não protege
o galinheiro.

Ou seja, o problema não é a quantidade de colesterol que


você tem dentro dos vasos sanguíneos.

O problema é quando o endotélio (tecido que recobre a


artéria por dentro) é lesado pelo excesso de inflamação, fa-
zendo com que se torne “permeável” à passagem de LDL.

148
• TABU 14

O LDL vai até esses locais lesionados para funcionar como


se fosse um band-aid. Não é ele que causa a lesão.

Esse aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos


ocorre por inflamação.

Portanto, a confusão se instaura por meio desse processo de in-


flamação, e não tem correlação direta com excesso de colesterol.

Na realidade, existe uma possível associação que deve


ser compreendida.

Caso o excesso de produção de colesterol seja em decor-


rência de consumo exagerado de carboidratos e haja também
consumo exagerado de gorduras saturadas, pode ser que o
colesterol elevado esteja apenas sinalizando que você deve
melhorar sua alimentação.

Essa elevação pode significar que, devido à má alimentação,


você esteja aumentando seu grau de inflamação silenciosa em
conjunto com a glicação e a oxidação elevadas.

Isto sim é o problema.

Os níveis de colesterol são apenas consequência da falta


de saúde. O correto seria ajustar sua alimentação para que sua
saúde seja restaurada.

Essa é a chave para a prevenção das doenças.

Vou usar outra analogia para que fique claro.

Colesterol é um alarme que fica ao lado de sua cama. Ele


toca quando sua casa está pegando fogo.

Caso aconteça um incêndio, pergunto a você: adianta ficar desli-


gando ou diminuindo o volume do alarme? Não seria correto ir atrás
da causa do disparador do alarme e resolver o incêndio?

Por isso, quando se erra na quantidade de carboidratos —


pior ainda quando se erra também na quantidade de gorduras
processadas — cria-se um combo que aumenta o risco de di-
versas doenças, como o câncer e as doenças cardiovasculares.

149
E, novamente, a culpa não é do colesterol. É como se ele
fosse o policial em todas as cenas do crime dentro das artérias.
Você acredita que, por estar em todas as cenas, o problema
são os policiais ou os bandidos?

A inflamação é a mãe de todas as doenças e existem escolhas


alimentares para combatê-las.

Os melhores anti-inflamatórios naturais.

Eu lhe ensinei a importância de qualificarmos as fontes de


carboidratos variando vegetais, pois, para ajudar a insulina a
trabalhar metabolicamente, não basta apenas gerenciar as
quantidades de carboidratos e gorduras.

É preciso ingerir uma gama de micronutrientes provenien-


tes especialmente de vegetais.

Sem os micronutrientes, a insulina não consegue executar


suas funções também.

O açúcar é inflamatório porque provoca glicação, mas existem


outros alimentos que podem provocar diretamente o efeito
inflamatório.

É por isso que você deve compreender o processo in-


flamatório e alergênico de alguns alimentos.

A partir de uma inflamação, um quadro de enxaqueca pode


se desenvolver.

150
• TABU 14

Também pode ocorrer um quadro de dor articular ou de


fibromialgia; nesses casos, a pessoa está sempre um pouco
mais inflamada do que deveria.

Essa é uma falha no nosso processo de inflamação e an-


ti-inflamação. É extremamente comum que as pessoas pas-
sem um bom tempo de suas vidas cronicamente inflamadas.

Mas, Victor, você acredita que, por exemplo, o leite e o glúten


sejam inflamatórios? É isso o que você está querendo dizer?

Sim, podem ser inflamatórios para muitos, bem como po-


dem não ser tão inflamatórios para muitos outros.

Nesse momento, precisamos pensar em individualidade


bioquímica e em quantidades e qualidades ingeridas.

Mas ainda não é o momento de explorarmos alimentos específi-


cos e, sim, de falar do investimento em um arsenal anti-inflamatório.

1. A importância do ômega 3

Para controlar a inflamação, não basta apenas consumir alimen-


tos anti-inflamatórios e se atentar à carga glicêmica dos alimentos.
É preciso fornecer ao corpo um substrato essencial: o ômega 3.

Os ácidos do ômega 6 são muito fáceis de encontrar, o que


não ocorre com o ômega 3, por isso quase sempre prescrevo
sua suplementação para meus pacientes, em diferentes dosagens
para cada indivíduo e necessidade.

Não são todas as suplementações que têm qualidade, por


isso, vou dar uma dica: a cápsula tem que conter óleo de peixe.

Assim como ocorre com grande parte das gorduras insatura-


das, se o suplemento ficar muito tempo exposto à luz, pode oxidar.

Então potes que armazenam as cápsulas não podem ser


transparentes.

Além disso, pense na foca. Se o animal não tiver uma boa


camada de gordura rica em ômega 3, ele morre de frio.

151
Por isso, teste sua cápsula colocando-a no congelador. Ela
não pode congelar, isso indica sua qualidade.

Mas indo um pouco além, existe uma certificação interna-


cional quanto à pureza e descontaminação dessas cápsulas
de óleo de peixe. Chama-se iFos.

As marcas que têm esse selo de verificação são mais


confiáveis.

Hoje também há disponível o Krill Oil, que é o óleo de um


camarãozinho que vive mais comumente em regiões geladas e
é uma das fontes alimentares das baleias naturais desses locais.

O Krill Oil possui uma quantidade elevada de ácidos graxos


poliinsaturados.

Ômega 3 contém EPA (ácido eicosapentaenoico) e DHA (áci-


do docosahexaenóico). E um bônus: ele tem, ainda, um antioxi-
dante incrível, considerado o maior do grupo dos carotenóides,
a astaxantina que confere a pigmentação avermelhada ao óleo.

Além disso, há estudos que apontam que o ômega 3, por


seu potencial anti-inflamatório, pode diminuir o risco de
câncer de mama.

Vou citar um livro bem antigo e que só pode ser encontrado


em sebos ou nos Estados Unidos: é o Omega 3 Effect, de Wil-
liam Sears e James Sears. Foi a partir dele que se abriram as
portas para o debate sobre o ômega 3. No livro, há evidências
científicas que mostram que a substância ajuda a prevenir e a
tratar o câncer.

A suplementação de ômega 3 também é essencial para


atletas que sofrem constantes lesões. Ela aumenta a quali-
dade e o volume dos músculos, o que também é importante,
pois os vamos perdendo ao longo dos anos.

É preciso que haja microlesões para que possamos aumen-


tar a fibra muscular. Também é importante ter inflamação e an-
ti-inflamação. No caso de atletas de alta performance, essas
lesões ocorrem em demasia, e é aí que o ômega 3 pode de-
sempenhar seu papel.

152
• TABU 14

Na realidade, são milhares de estudos publicados eviden-


ciando benefícios da suplementação com ômega 3.

A dificuldade está justamente na linearidade na execução


dos protocolos, pois sempre partem de doses gerais e baixas
a todos os indivíduos envolvidos nos estudos. Estudos com
suplementação de doses maiores conseguem trazer melhores
resultados, principalmente na prevenção de doenças cardio-
vasculares.

Obviamente, você já sabe que, quando a pressão científi-


ca é muito alta e as notícias se espalham devido à democra-
tização das informações por meio das redes sociais, a indústria
farmacêutica lança seus produtos.

Pois bem, ela já os lançou e está fazendo grande marketing na


cardiologia para que os seus associados passem a prescrevê-la.

Engraçado que, tudo o que já fazemos há quase 20 anos na me-


dicina funcional ou complementar, e que sempre foi fortemente
combatido como se fosse literalmente bruxaria, charlatanismo
e picaretagem, hoje em dia está sendo incorporado na medicina
tradicional. Desculpas pelas falácias ninguém pediu e nem pedirá.

2. O investimento nos carotenóides


Os carotenóides são uma família de compostos abundante-
mente encontrados na natureza, sendo os responsáveis pela
cor da maioria das frutas e vegetais que comemos todos os
dias, desde o amarelo até o vermelho vivo.

Dos mais de 600 carotenóides existentes na natureza,


aproximadamente 20 estão presentes no plasma e tecido hu-
manos, e não mais do que seis em quantidades elevadas:
1 Alfa – caroteno;
2 Beta-caroteno;
3 Beta –criptoxantina;
4 Licopeno;
5 Luteína; e
6 Zeaxantina.

153
O corpo humano não é capaz de produzir essas substân-
cias e depende da alimentação para adquiri-las. Essa classe
de substâncias exerce papel modulador na inflamação e na
oxidação do corpo.

3. A Coenzima Q10

Hoje em dia, é amplamente comercializada pela indústria


farmacêutica, utilizada por andrologistas, ginecologistas, car-
diologistas e outros profissionais, mas foi demonizada como
picaretagem no passado não tão longínquo.

O fato é que a Coenzima Q10 é fundamental para a saúde e


tem poder anti-inflamatório.

Cientistas descobriram que, além de neutralizar os radicais


livres, a substância melhora o metabolismo mitocondrial,
melhorando, assim, o fornecimento de energia para os órgãos,
incluindo o coração.

Isso melhora, indubitavelmente, a frequência de batimentos


cardíacos, afastando o risco de insuficiência.

Mas não é só isso: a CoQ10, ou ubiquinona, foi responsável


pela redução de biomarcadores inflamatórios que estão
associados ao desenvolvimento de doenças cardiovascu-
lares, como é o caso da Proteína C-Reativa de alta sensibili-
dade.

A coenzima, portanto, seria a “chave” que desliga o me-


canismo de inflamação.

No caso de quem já teve um infarto e precisa tomar as


famosas estatinas de qualquer jeito, a CoQ10 também pode
trazer alguns efeitos complementares que merecem atenção.

Embora a terapia com a estatina possa reduzir o risco de


ataque cardíaco e derrame em pacientes cardíacos, até 25%
deles deixam o tratamento dentro de seis meses devido a
efeitos colaterais, como dores musculares e fraqueza. Essas
informações são do Cleveland HeartLab.

154
• TABU 14

Isso porque as estatinas reduzem os níveis de CoQ10 no


organismo e têm, como efeito adverso, problemas relacio-
nados à transferência de energia para os músculos, levan-
do à miopatia.

E, você se lembra de que o coração é um músculo, certo?


Sem energia, ele não consegue bater apropriadamente.

Em um estudo clínico randomizado de 2014, publicado


no Medical Science Monitor, 75% dos usuários de estati-
nas com sintomas musculares relataram uma redução
significativa da dor e da fraqueza após tomar CoQ10
duas vezes ao dia por 30 dias, contra uma melhora zero
no grupo placebo.

Os pesquisadores concluíram, portanto, que a combi-


nação de terapia com estatina e com suplementos de CoQ10
poderia levar a uma maior adesão ao tratamento, principal-
mente no caso daquelas pessoas que realmente não po-
dem ficar sem o medicamento.

Outro trabalho, dessa vez coordenado pela Universi-


dade de Copenhague, na Dinamarca, estudou 420 pacien-
tes com insuficiência cardíaca. A análise foi feita em nove
países diferentes.

Metade dos indivíduos acrescentou cápsulas de CoQ10


na rotina sem abrir mão do tratamento convencional. A outra
metade ingeriu apenas placebo (junto com as medicações
tradicionais).

Ao longo de dois anos, o grupo que suplementou Co-


enzima Q10 reduziu pela metade as complicações e até o
risco de morte.

Por isso, eu recomendo essa substância como terapia com-


plementar ou até mesmo utilizada isoladamente.

155
4. A cúrcuma e seus efeitos milenares

A curcumina ou o açafrão da terra, é talvez o alimento mais


estudado no campo da medicina metabólica e funcional, tudo
isso por seu auxílio na anti-inflamação.

A cúrcuma é mais eficiente na suplementação porque, no


Brasil, não temos o hábito de usar esse tempero.

Sendo assim, quando colocamos pó de açafrão na comida,


não temos como saber a concentração e a quantidade de cur-
cuminóides que estamos ingerindo.

Se desejamos uma alta concentração de curcuminóides,


em vez de um pó com sabe-se lá quanto de curcuminóides
em meio a fibras e outros elementos da planta ou até mesmo
em sua raiz, precisamos suplementá-la.

É na raiz longa dessa planta que se concentram os curcum-


inóides; portanto, quando a indústria dos nutracêuticos prepara
um concentrado de curcuminóides e padroniza-os, temos a
certeza de que dentro daquela cápsula há exatamente a por-
centagem do pó, que é de curcuminóides.

Além disso, quando junto a essa suplementação adiciona-


mos pimenta, sua absorção melhora significativamente.

156
• TABU 14

E qual é a importância desse ativo? É que sabemos que, por


meio da modulação das vias inflamatórias, ele exerce efeito
positivo na regulação de todas as doenças que se utilizam da
inflamação para a sua propagação e desenvolvimento.

Um exemplo desse efeito é a supressão potencial no desen-


volvimento dos diferentes tipos de câncer, inclusive o tão temido
e tão assustadoramente cada vez mais comum câncer de mama.

A influência no câncer de mama

Aproveitando o gancho do câncer de mama, é impor-


tante que você conheça cada vez mais o poder dos
nutracêuticos no que mais interessa: a prevenção.

Sim, porque, enquanto ainda trabalhamos em pre-


venir, diversos planos podem ser implementados
para que a doença não se desenvolva.

Quando já temos a doença, aí diminuem as diferentes


opções, e partimos geralmente para um plano de
emergência sem escolhas.

Existem alimentos muito envolvidos na pre-


venção de doenças, como o câncer de mama,
pois ajudam a equilibrar alguns hormônios, prin-
cipalmente os femininos.

Alguns desses hormônios femininos são mais


proliferativos do que outros e, portanto, cabe que
prestemos atenção aos seus níveis em relação
ao equilíbrio que devem ter em relação a outros
hormônios sexuais.

Costuma-se falar sobre três hormônios femini-


nos importantes: o estradiol (E2), a estrona (E1) e
o estriol (E3). Todos eles são hormônios “feminili-
zantes”, mas que homens também produzem em
menor quantidade.

157
Falando a respeito do estradiol, sabemos que ele
possui a capacidade de se converter fisiologica-
mente em estriol ou estrona.

A estrona merece atenção redobrada em função


de seus subtipos diferentes. Na realidade chama-
mos de metabólitos mais estudados e conhecidos
que são: 2, 4 e 16 hidroxi estrona.

O processo responsável por “distribuir” a metabo-


lização desses estrogênios, fazendo com que fiquem
ou não equilibrados, depende de questões genéti-
cas e principalmente de hábitos de vida.

E, quando há excesso de metabólitos 4 e 16 hidroxi


estrona, temos justamente excesso de metabo-
lização nos estrogênios mais proliferativos, poten-
cialmente problemáticos por estimular demais as
células estrogênio sensíveis no corpo.

É importante que compreenda aqui que existem


alimentos que ajudam a modular esses hormônios,
aumentando as chances de melhorar o equilíbrio
entre as estronas.

São as crucíferas, como a couve-flor, o brócolis e


o repolho.

Esses alimentos são ricos em uma substância


chamada indol-3-carbinol, que está, entre outras
funções, envolvida na modulação das estronas.

É importante que façamos a ingestão desses nu-


trientes, no entanto, não indico a ingestão desses
alimentos mais de três a quatro vezes por semana.

Isso porque se, por exemplo, o brócolis for ingerido em


excesso, ele pode prejudicar a função da tireoide. São
alimentos chamados de potencialmente goitrogênicos,
pois dificultam a absorção de iodo pela tireoide.

158
• TABU 14

Mas não leve tudo ao pé da letra. Tudo depende


de quantidade, portanto procure variar a ingestão
de vegetais e tomar cuidado com o excesso de in-
gestão de alimentos que contenham:

• Progoitrina: couve, couve de Bruxelas, couve


galega, couve-flor;
• Tiocianatos: brócolis, couve, couve de Bruxelas; e
• Isoflavonóides: soja.

Resumidamente, esses alimentos específicos quan-


do, consumidos em grande quantidade, podem le-
var a um quadro prejudicial à tiroide.

5. Indol-3-Carbinol

Como você já aprendeu, o I3C está presente principalmente


nas crucíferas.

Novamente, tenho que alertá-lo de que, quando desejamos


dosagens terapêuticas e que possam de fato provocar efeitos
mais intensos e duradouros, a melhor opção seria manipular
este nutracêutico e ingeri-lo diariamente em cápsula.

Existe também uma forma mais bioativa e concentrada do I3C,


chamada Di-Indol-Metano, que tem aproximadamente o dobro de
sua potência bioquímica e que também pode ser suplementada.

6. O Iodo e o fim de um mito

Esse é outro nutracêutico que faz parte de minha suple-


mentação há mais de 11 anos.

Quando falamos em Iodo, vem à tona uma discussão eterna


no mundo científico.

Os maiores estudiosos sobre este mineral fundamental no


mundo afirmam, em livros e em grandes argumentações, que o
ideal seria que grande parte da população mundial, à exceção de

159
populações de países em especial que concentram grande quan-
tidade do mineral no solo e em alimentos típicos regionais, fizes-
sem suplementação de quantidades generosas de Iodo e Iodeto.

Por outro lado, outros estudos científicos não dão suporte


a essa teoria.

O fato é que tanto Iodo, quanto Iodeto, são fundamentais


e, compreendendo que exercem grande atividade quelante
de metais tóxicos (ajudam no processo de eliminação), além
de serem fundamentais ao bom funcionamento de tireoide,
mamas, próstata, estômago, pele e outros órgãos de forma
menos intensa, acredito de fato ser interessante a sua suple-
mentação aos que não vivem nas regiões litorâneas e que não
fazem ingestão de algas e frutos do mar em sua rotina.

Acontece também que existem diversos elementos que


prejudicam os receptores hormonais e canais que fisiologica-
mente regulam o funcionamento da tireoide.

E o Iodo e o Iodeto promovem a “destoxificação” desses


processos, sendo, portanto, necessários em quantidade apar-
entemente maior do que apenas a disponível nos sais — caso
você não tenha percebido, todo o sal comercializado é io-
dado, justamente devido à necessidade de se manter níveis
mínimos para a saúde.

Alerta máximo ao flúor

Agora, prepare-se para um tema ainda mais


polêmico e realmente problemático: o Flúor.

Em todas as vezes que escrevi sobre o tema, provo-


quei inequivocamente a ira de dentistas, pois, apesar
de nunca ter desmerecido seu potencial benéfico
para a prevenção de cáries, publiquei diversos artigos
e postagens em redes sociais, analisando estudos
científicos e questões básicas de fisiologia e bioquími-
ca humana, que demonstram o quanto esse elemento
prejudica a função dos órgãos que necessitam de iodo.

160
• TABU 14

Isso acontece porque o flúor


de sua água e das pastas den-
tais, além do bromo, ainda
muito utilizado ilegalmente
na fermentação de pães de
padarias, e do cloro da água
da torneira são todos halogê-
nios do iodo na tabela periódica.

Isso lhes confere propriedades competidoras com


o iodo quanto às suas absorções e, com isso, es-
ses elementos não deveriam ser ingeridos (na
natureza, nunca seria desta forma) porque preju-
dicam todos os órgãos e sistemas corporais que
necessitam de iodo.

Mas como essa história com o flúor começou? As


indústrias mineradoras de fosfato, que refinam esse
elemento natural para transformá-lo em fertilizante,
se viram às voltas com um dilema.

Durante a refinação, adicionava-se à uma mistura de


fosfato e água uma quantidade de ácido sulfúrico
para evaporar resíduos contaminantes de fluoreto.

Os gases liberados nesse processo eram — e são! —


extremamente tóxicos, capazes de devastar a vida
vegetal e animal em fazendas dos arredores. Tudo
morria: plantações, gado, peixe… Devido a envenena-
mento por fluoreto. Isso só parou quando as indústri-
as foram proibidas de eliminar tais gases tóxicos.

Mas elas deram um jeito de lucrar com os resíduos. Com


a ajuda de purificadores e umidificadores, esses gases
são capturados e despachados para os sistemas públi-
cos de abastecimento de água, com a desculpa de que
o flúor ali presente ajuda na prevenção de cáries.

O que era antes tóxico e devastador para a fauna e


a flora, tornou-se, então, uma medida de prevenção.
Faz sentido para você?

161
E, em mais de 60% dos municípios brasileiros, a água
fluoretada já é uma realidade, de acordo com a
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2008.

Ainda segundo a pesquisa, o flúor é agregado


"em concentração adequada à água destinada ao
abastecimento público, com o objetivo de preve-
nir a cárie dental".

O que não se sabe, já que não existe uma consul-


ta pública desses dados, é qual é a concentração
exata de flúor no abastecimento público das ci-
dades. Pode ser muito.

E conforme aponta um estudo da Environment In-


ternational, o preço que se paga pela água fluore-
tada é alto demais. Lembra do que eu falei sobre
distúrbios da tireoide e a relação com o flúor?

Pesquisadores avaliaram amostras de urina de


quase 7 milhões de canadenses, entre 18 e 79
anos, que não tomavam nenhuma medicação para
distúrbios na tireoide.

Eles descobriram que, nas amostras com maior


concentração de flúor, existia um risco elevado
de hipoatividade da tireoide e de deficiência de
iodo, substância elementar para a formação dos
hormônios tireoidianos.

Além dos problemas na tireoide, a alta concen-


tração de flúor, que tem por objetivo prevenir cáries,
pode ter um efeito reverso e levar à fluorose, que
causa manchas na superfície dos dentes.

A imensa maioria dos estudos acaba demonstran-


do problemas tireoidianos, mas sabe-se que outros
sistemas podem ser prejudicados. No fim das con-
tas, ficamos com duas questões:

162
• TABU 14

1 Mas como então cuidar da boca?

Respondo: não posso usar algo que faça bem a


um só órgão, mas que possa prejudicar muitos
outros. Isso não deveria acontecer em nenhum
caso, a menos que eu estivesse doente e com ne-
cessidade de fazer uso de alguma droga.

Portanto, se algo faz mal à tireoide e faz bem aos


dentes, o ideal é procurar alguma outra forma de
cuidar da saúde bucal. Procure dentistas biológi-
cos pelo Brasil e certamente será bem orientado,
pois atualmente existem diversas outras opções
de cremes dentais no mercado, que não contém
flúor e exercem o mesmo grau de prevenção sem
possíveis malefícios.

No que tange à água para ingerir, infelizmente


temos poucas opções, e o investimento para ob-
tê-las é alto.

Eu uso um filtro que provavelmente está fora da


realidade de boa parte da população, chama-se

163
“Kangen Water”. É sensacional, pois não só trata a
água quanto às toxinas, como também podemos
escolher o pH, e a água é ionizada tornando-se
riquíssima em moléculas hexagonais e com efeito
antioxidante excelente.

Quanto aos estudos, são dezenas e de todos os tipos.

Caso você tenha curiosidade e deseje realmente


entender o assunto, acesse o site https://www.
ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/ e procure por fluoride
and thyroid. Há mais de 400 estudos que abor-
dam o tema. Ou seja, se alguém lhe falar que fal-
tam estudos ou que isso ou aquilo, você já sabe:
imprima meia dúzia desses estudos e dê de pre-
sente para a pessoa.

2 Mas e quanto aos demais halogênios,


Victor, onde estão e como os evitamos?

Repondo também: Não há meios de evitar em


absoluto tudo o que existe de elementos poten-

164
cialmente tóxicos ao corpo, mas quanto ao Cloro,
de preferência piscinas higienizadas com ozônio
seriam a melhor opção, pois nelas não há necessi-
dade de uso de Cloro. Também é bom evitar sau-
nas úmidas que evaporam a água com Cloro.

Quanto ao Bromo, o negócio é evitar pãezinhos de


padarias que não seguem a proibição do uso do
“bromato de potássio”, um melhorador de farinha.
Estudos recentes apontam ainda uma utilização
maciça, sem fiscalização.

Tenha em mente que é preciso pensar no corpo


como um todo ou erros continuarão sendo cometi-
dos. Se pensarmos só na boca, por exemplo, como
se ela não fizesse parte do corpo, podemos estar
prejudicando a tireoide.
• TABU 1

TABU 15

Testosterona é um perigo
e causa câncer

167
Agora que ficou claro que o corpo é um todo, é preciso en-
tender a relação entre alguns hormônios.

Vou usar o exemplo da testosterona propositalmente, uma


vez que, quando falamos nela, a imensa maioria das pessoas
acredita que é somente importante para a libido dos homens.

Diversos estudos já associaram baixos níveis de testostero-


na à resistência insulínica e vice-versa.

No entanto, estudos mais recentes foram capazes de


demonstrar o mecanismo pelo qual a testosterona melhora a
resistência insulínica, auxilia na prevenção e manejo do diabe-
tes e obesidade.

Além disso, foi comprovado por estudos clínicos randomiza-


dos que é importante equilibrar e otimizar os níveis de testos-
terona em pacientes com sobrepeso, obesidade e diabetes.

Veja como a situação é paradoxal.

Esse hormônio, além de ser muito importante para auxiliar


na contenção de uma verdadeira pandemia da obesidade e
diabetes, ainda não causa câncer — não há absolutamente
nenhum artigo científico que comprove essa correlação.

Já foram centenas publicados, todos na mesma linha de con-


clusão, mas o dogma “hormônios causam câncer” é tão forte,
que até mesmo os profissionais de saúde acabam desinforman-
do a população, por pura ignorância e falta de conhecimento de
um tema que já não tem mais motivo para ser discutido hoje.

Ou seja, quantas e quantas pessoas que poderiam estar se


beneficiando não o estão, devido aos mitos criados pela má ciência.

Em meu livro Segredos para uma Vida Longa, publicado em 2014,


contei toda a história que envolveu a construção dessa mentira.

Hoje, afirmo que não há mais possibilidade alguma de que


esse mito seja propagado, pois até mesmo as sociedades
médicas tradicionais de urologia americanas, europeias e bra-
sileiras, além das de ginecologia, atestam a inexistência de
relação causal de câncer e testosterona.

168
• TABU 15

As mesmas organizações ainda recomendam, em suas di-


retrizes, avaliação e individualização de reposição para deter-
minadas condições.

Sim, a testosterona diminui a resistência insulínica, e não é só isso.

Quanto maior o peso de massa muscular, maior a oxidação


de gordura em ambos os sexos. Se a quantidade de gordura
no corpo é diminuída, naturalmente é mais fácil administrar o
peso e a composição física.

A testosterona é fundamental para que se tenha massa


muscular. Você consegue enxergar como é importante que
façamos correlação entre evidências científicas?

É o que chamo de diferença entre ter informação


e ter conhecimento.

Informações desencontradas nem sempre conseguem ser


utilizadas. Quando cruzamos as informações, temos então
uma rede complexa de conhecimento aplicável. Na medicina,
isso é imprescindível.

INFORMAÇÃO CONHECIMENTO

169
Testosterona para mulheres

Se sabemos que para uma das melhores formas de


otimizar a oxidação de gordura, é preciso de mas-
sa muscular, sabemos consequentemente que as
mulheres enfrentarão quase que inevitavelmente,
maiores dificuldades na construção de massa
magra e na “queima de gordura”.

Portanto, torna-se também importante a avaliação


e monitoramento dos níveis de testosterona nas
mulheres.

Mas já aviso aqui um fato importantíssimo: mulheres


que utilizam contraceptivos hormonais, sejam
eles comprimidos, DIU Mirena ou implantes
apresentam aumento de uma proteína chamada
SHBG (Sex Hormone Binding Globulin), que tam-
bém tem como função carregar os hormônios
esteroides sexuais através da corrente san-
guínea.

Quando os níveis de remédios de hormônios (con-


traceptivos) aumentam na corrente sanguínea, o
corpo trata de aumentar a produção do SHBG para
se atrelar a esses hormônios para carregá-los.

E, como a testosterona tem uma grande afini-


dade com SHBG, ela também acaba se ligando
a essa proteína e fica menos acessível às células.
Trocando em miúdos é quase um “sequestro” da
sua testosterona.

Na realidade, aqui temos um mecanismo de


regulação de níveis hormonais feita fisiologica-
mente pelo corpo, a fim de poupar nossas células
de concentrações de hormônios ou remédios de
hormônios aumentados.

Naturalmente, níveis de SHBG não se elevam muito.

170
• TABU 15

Entretanto, eles podem se elevar em três casos: i


para proteção do corpo em situações de adoeci-
mento; ii para controle da agressão dos remédios
contidos nos contraceptivos hormonais; iii quando
ocorrem possíveis falhas metabólicas relacionadas
ao desgaste, ao envelhecimento.

Quando algum tipo de contraceptivo hormonal é


utilizado, seu objetivo é "adormecer" os ovários que
não estão mais produzindo seus hormônios.

Hormônios "dormindo" não vão estimular o en-


dométrio (camada interior do útero) e liberar um
óvulo. Ou seja, independente de sua pílula ter
“pouco hormônio”, ela sempre será mais forte do
que os hormônios naturais.

Sendo assim, a mulher que utiliza contraceptivos


torna-se menopausada quimicamente, como se
estivesse recebendo uma reposição medicamen-
tosa de hormônios.

De quebra, não bastasse o possível estrago me-


tabólico, essa mulher ainda terá fatalmente níveis
mais baixos de testosterona e provável dificuldade
em construir massa magra e oxidar gordura.

Lembre-se: todo remédio tem efeitos positivos e


negativos e é fundamental que pensemos mais a
respeito dessas verdadeiras bombas hormonais.
Mas aqui ainda não é o momento de aprofun-
darmo-nos nisso.

Outro estudo sugere que níveis fisiológicos mais altos de


testosterona estão associados a melhor massa magra e menor
percentual de gordura.

É simples, é preciso ter bons níveis de testosterona porque


isso ajuda nos músculos, na oxidação da gordura e na melhora
da sensibilidade à insulina.

171
Os hormônios cancerígenos
A maioria das mulheres que atendo usam remédios du-
rante um longo período da sua vida, às vezes, sem perceber
que eles, de fato, são drogas com todos os seus potenciais
efeitos deletérios.

A questão é tão dogmática e irracional, que, quando eu per-


gunto a elas se usam algum remédio, elas respondem que não.

Quando eu pergunto como está a menstruação, elas


respondem que usam pílulas anticoncepcionais. A pílula é
um remédio de hormônio.

Há casos de pacientes que afirmam querer tratar alguma


condição, mas que não desejam usar hormônios, de acordo
com a recomendação de sua ginecologista.

Eu sempre preciso perguntar se é a mesma ginecologista


que prescreveu anticoncepcionais.

Aconselho que, você, mulher, acesse o site do National


Cancer Institute, pois ele mostra a relação entre o uso de con-
traceptivos e câncer, ou seja, consideram o anticoncepcional
“potencialmente cancerígeno”.

É óbvio que a indústria farmacêutica se beneficia muito com


a venda desses remédios. É como o cigarro, que é totalmente,
claramente, evidentemente cancerígeno, mas não deixa de ser
vendido de maneira alguma porque gera muito lucro.

Eu não acredito que sua venda deva ser proibida, mas a


população deve ter o direito de conhecer esses produtos para
realizarem um escolha responsável.

Meu intuito é trazer essas verdades para você.

Faço isso desde 2010, quando as pessoas só utilizavam


as redes sociais para postar fotos de viagens, de festas e de
restaurantes. Provoquei a ira de muitos colegas e da indústria
da doença falando abertamente sobre esse tema tão “esque-
cido” e deixado de lado.

172
• TABU 15

Os resultados de um estudo recente, de 2016, sugerem que


a administração intrauterina de levonorgestrel (DIU Mirena)
não está apenas relacionada ao excesso do risco de câncer de
mama lobular, mas também, ao contrário de suposições ante-
riores, a um excesso de risco de câncer de mama ductal.

Ou seja, o estudo deixa claro que, o acompanhamento de


pacientes não provou que esse medicamento do dispositivo
intrauterino fosse seguro e não provocasse aumento no risco
de câncer de mamas.

O estudo fala sobre “suposições”, um completo absurdo.

Mas, pera lá, não adianta se desesperar! Estou falando do


aumento de risco, o que não significa que haverá o desenvolvi-
mento da doença.

Os riscos relatados são baixos, mas têm grande impacto


porque a doença está se tornando cada vez mais prevalente.

É válido pensar sobre outra questão: o DIU de cobre é muito


barato, enquanto o DIU Mirena, muito caro. Estamos lidando
com patente laboratorial.

Não adianta ouvir por aí que, no último congresso da


França ou nos EUA, disseram que o DIU não causa câncer e
é seguro. Sempre digo que é preciso provar e mais, provocar
dizendo que esse estudo então é uma panaceia, “intriga da
oposição” etc...

É muito fácil ir a um congresso e ouvir maravilhas sobre a


indústria farmacêutica, até porque ela é quem os patrocina e
nunca deixaria que fossem apresentadas provas contra suas
fontes de lucro...

Hoje fico feliz por saber que a maioria das pessoas já ouviu
sobre os malefícios provocados por esses remédios.

Sim, em caso de necessidade, eles podem ser utilizados.


Mas na imensa maioria esses remédios são usados ao longo
de uma vida inteira trazendo toda sorte de efeitos deletérios,
que podem ser desde depressão até câncer de mamas.

173
Esses efeitos são amplamente discutidos em estudos
científicos. Mas não podemos nos esquecer do protecionismo
da indústria farmacêutica e dos profissionais que os prescre-
vem diariamente e se recusam a considerar seus danos.

Em tese, o uso da pílula deveria ser indicado, basicamente,


nos casos de endometriose e síndrome dos ovários policísti-
cos, sempre com orientação médica.

No entanto, mesmo essas condições necessitam, invariavel-


mente, de uma abordagem sistêmica, tendo a mudança nutricio-
nal como pilar. Isso acontece porque a grande maioria dos casos
de SOP (síndrome dos ovários policísticos) se “resolve” através de
abordagens que visam reduzir e regular a resistência insulínica,
que é a maior causadora da síndrome. Além disso, pode haver
remissão da endometriose ou melhora significativa de sua dor e
recorrência através de uma abordagem anti-inflamatória.

Por outro lado, quando falamos sobre hormônios femininos,


é importante deixar claro que a reposição hormonal apresenta
benefícios durante a menopausa, inclusive para ajudar na re-
sistência insulínica.

Ou seja, é preciso pensar no todo. A reposição hormonal


pode ser deletéria ou boa, dependendendo de como é feita,
para quem é feita e o que é utilizado. Quando usamos os
hormônios base, também chamados de isomoleculares ou bi-
oidênticos, a segurança é sempre maior.

Abordei esse tema quando publiquei meu livro Segredos


para uma vida longa. Na época, a única forma de obter tais
hormônios era em farmácias de manipulação.

Como, na época, as Sociedades Médicas Tradicionais de


Ginecologia ainda não haviam admitido, por meio de suas di-
retrizes, que a reposição hormonal feminina era de fato im-
portante e não provocava câncer (isso quando bem indicada
e realizada), fui execrado.

Hoje, as próprias Sociedades estenderam suas diretrizes e


recomendam a avaliação para indicações terapêuticas da TRH (re-
posição hormonal feminina). Além disso, a indústria farmacêutica
foi obrigada a se render ao desenvolvimento dos hormônios base.

174
• TABU 15

Você consegue entender o quão desastroso isso é para a


indústria da doença?

Explico. Esses hormônios base não podem ser patenteados,


pois são isomoleculares, já existem na natureza. Sendo assim,
eles competem com os remédios de hormônios desenvolvi-
dos e patenteados pela indústria, que costumam ser muito
mais caros que a opção natural.

E, agora que as sociedades se renderam, e o hormônio


que mandávamos manipular é comercializado nas farmá-
cias comuns, os mesmos médicos que demonizavam seu
uso o prescrevem.

Felizes dos pacientes, pelo menos.

Por outro lado, admitir que o erro e a injustiça é para “os


fortes”, os íntegros e os humildes.

Infelizmente, no meio médico, poucos são assim.

Um estudo feito com mulheres menopausadas apresentou


evidências de que o uso de remédios de hormônios para a
TRH pode ter efeitos bons e ruins, ao passo que a reposição
hormonal realizada com hormônios base traz mais benefícios
com menos riscos de quaisquer efeitos colaterais.

175
• TABU 1

TABU 16

O que faltam são


evidências científicas

177
Pouco a pouco, quero que você entenda o motivo pelo qual ainda
hoje existe um paradigma alimentar que tem adoecido as pessoas.
Adianto que o motivo não é a ausência de evidências científicas.

Por exemplo: é um dogma dizer que gorduras são venenos. Ele


está tão enraizado na sociedade que é preciso voltar na história
para entender o emaranhado de interesses que o sustentam.

Veja: há 150 anos já se sabia que o excesso de carboidratos


não era bom.

William Baiting, em seu livro de 1864 diz: os


itens dos quais eu deveria me abster tanto quanto
possível são: pão, leite, açúcar, cerveja e batatas,
que até então tinham sido os principais elementos
da minha existência (…) Estes alimentos, disse meu
excelente médico, contêm amido e matéria açu-
carada, que tendem a produzir gordura e devem
ser evitados completamente.

Já falei sobre o pão. É um alimento de má qualidade nutri-


cional, não importa qual seja.

Você pode consumi-lo de vez em quando, ou até mesmo


no dia a dia, mas saiba que existem alimentos de verdade que
são infinitamente mais nutritivos e necessários.

Açúcar e cerveja são inquestionáveis.

Quanto às batatas (provavelmente ele estava falando das


batatas inglesas, da batata amarela, aquela que a gente usa
para fazer batatinha frita), elas são gostosas, mas também nutri-
cionalmente pobres.

Lembre-se de que não podemos comparar, em hipó-


tese alguma, batatas com açúcar e cerveja, nem mes-
mo com pão. Batatas são alimentos de verdade que,
apesar de ricas em carboidratos de carga glicêmica
média, desde que não sejam fritas, trazem muito mais
benefícios do que os outros alimentos em questão.

178
• TABU 16

Para quem quiser consumir a batata inglesa, o ideal é que


ela seja cozida, pois assim o impacto glicêmico é diminuído. O
caso do purê é ainda pior porque as fibras são esmagadas, e as
poucas que restam facilitam a absorção do açúcar.

Mas tudo também depende de quantidade, como já abor-


dei anteriormente, e do restante do “prato”. Ou seja, quando
misturamos, por exemplo, a batata com algum tipo de carne,
diminuímos a carga glicêmica do prato.

A batata frita é um problema já que juntamos um óleo à mis-


tura, que se for de soja, canola ou qualquer outro do tipo, além
de trazer o malefício do próprio óleo aquecido e modificado,
aumenta a toxicidade celular em nosso corpo.

Um pouco melhor seria o uso do óleo de coco, de banha de


porco orgânica ou de azeite de oliva.

O problema é que, mesmo assim, quando esquentamos


muito a batata na temperatura do óleo, cria-se uma substân-
cia chamada acrilamida naquela casquinha. Ela é classificada
como um cancerígeno.

Essa substância não é encontrada só na batata frita; todos


os alimentos que vêm com aquela casquinha por fora não são
bons para a nossa saúde.

179
Novamente lembro que quantidade e periodicidade é tudo
nesses casos. Quando colocamos essas frituras na nossa roti-
na, estamos criando um ambiente inflamatório, além de es-
tresse oxidativo no corpo.

Junto disso, aumentamos muito o impacto insulinêmico e po-


demos estar prejudicando esse sistema tão importante e sensível.

Em 1864, já se sabia que era o excesso de consumo de


carboidratos que engordava. Mas caímos no conto de que é a
gordura que engorda e faz mal à saúde.

No século XIX, chegou-se à conclusão de que as placas


ateroma, que são as que entopem os vasos sanguíneos, são
feitas de colesterol. E apesar dos estudos terem sistematica-
mente derrubado essa tese, você ainda acredita nela.

Sim, eu já falei que a culpa não é do colesterol e, sim, do que


se faz com ele.

Mas talvez você não imagine por que este mito médico ain-
da seja tão difundido.

Tudo começa com Ancel Keys, que causou uma grande


confusão em 1953.

Ele publicou um estudo feito em diversos países e — hoje


se sabe — tinha como objetivo criar uma teoria que encon-
trasse um culpado para o aumento da incidência de infartos.

Eu já expliquei o que aconteceu para que o índice de infar-


tos aumentasse: houve um aumento gigantesco na utilização
de óleos de cozinha.

Entretanto, naquela época, esses dados ainda não estavam


disponíveis. Ancel Keys era um manipulador.

Em seu estudo, ele “comprovou” com seus meios e manipu-


lação de números que as pessoas que comiam mais gorduras
estavam tendo mais infartos. Mas para chegar a isso precisou
fazer um grande esforço: ele só escolheu colocar em seu es-
tudo países em que essa relação se comprovou.

180
• TABU 16

Foi aí que se criou o grande mito de que a gordura faz mal


para a saúde.

Vamos pensar, Keys fez esse estudo observacional e não


avaliou as variáveis das gorduras: será que eram gorduras boas
ou gorduras ruins?

Será que as pessoas que comem mais gorduras estão to-


mando mais refrigerantes? Ou mais sucos? Ou, ainda, comen-
do de forma errada?

Ele simplesmente colocou a culpa do infarto nas gorduras


em um estudo no qual observou as populações.

Hoje sabemos que um estudo simplesmente observacional,


cheio de variáveis de confusão, NUNCA poderia transformar as
diretrizes oficiais mundo afora.

Mas, no passado isso aconteceu... um estudo observacional,


na medicina, tem um peso científico bem baixo. Mas esse estudo
observacional mudou a história da alimentação no mundo. E ele
só aponta o fato de que a presença da gordura na alimentação
havia aumentado e de que as pessoas sofriam mais infartos.

Reparem o absurdo em que vivemos até hoje com esse


conceito equivocado: gordura aumenta o colesterol, que por
sua vez, aumenta a incidência de infartos.

181
Isso virou um dogma. Outros dogmas da medicina são: i)
hormônios causam câncer; e ii) suplementação mata.

E há mais um. O tal do "comer de três em três horas"

Felizmente, como vivemos em uma época de grandes


questionamentos, estudos e mais estudos evidenciam que de-
vemos de fato repensar paradigmas. Repensar a importância
do “retorno” do uso de fitoterápicos e da utilização de tantas
terapias e estratégias antigas.

A prática do jejum é uma das que precisa retornar com mais


força, em substituição ao tal comer de três em três horas.

Jejuar é uma estratégia muito antiga. Ao longo dos anos, o


jejum não deixou de ser praticado. Aliás, ainda nas savanas
africanas, nos primórdios de nossa existência, essa prática era
completamente natural.

Não sabíamos quando teríamos caça ou colheita, ou seja,


comer dependia de conseguir comida. Nos demais momentos,
o jejum era a regra.

Mas muitos mitos foram criados sobre o jejum. Dizia-se que


as pessoas poderiam morrer de diversas formas e que o ser
humano necessitava de comida constante, contrariando toda a
sorte de lógica essencial.

Hoje você já sabe que isso não é verdade. Vale dizer que o
jejum mais prolongado não deve ser feito sem treinamento ou
sem acompanhamento de um profissional de saúde.

O ideal mesmo é que primariamente, você comece a realizar


uma alimentação saudável e baseada em comida de verdade, ob-
servando tudo o que já conversamos aqui. Depois, os benefícios
da prática do jejum seriam completos.

Agora, eu vou dividir com você quais receitas utilizo e como


controlo a alimentação no meu dia a dia.

Adianto que minhas refeições são gordurosas e deliciosas.

182
• TABU 16

Cada caso é um caso

O jejum pode ajudar bastante na sensibilização da insu-


lina. Ou seja, deixar o corpo sem comida, sem estímulo
de insulina, é muito interessante. E aqui já se quebra a
regra de que é preciso comer de três em três horas.

Não é preciso comer de três em três horas, e isso


serve para todos (apesar de também não ser erra-
do comer de três em três horas). Existem casos e
casos, e devemos observar a necessidade individual
para traçar estratégias ideais.

Ou seja, comer tantas vezes assim não é necessário


em hipótese alguma, seja para alcançar saúde, seja
para emagrecer.

Um plano alimentar deve ser feito com o auxílio


de um nutricionista e preferencialmente de uma
equipe multidisciplinar. É importante que sejam
avaliados parâmetros sanguíneos para que não se-
jam apenas imaginados os níveis metabólicos que
norteiam a elaboração da “dieta”. É preciso analisar
tudo, desde hormônios até vitaminas.

O ideal é pensarmos no todo.

183
Café da manhã
1. Quando não praticarei exercícios, não como nada. Nesses dias,
busco, na noite anterior, jantar até no máximo 18h30 para que tenha
um período mais longo de jejum. Nesse intervalo sem alimento,
tomo chás, como os de erva doce, camomila, erva tulsi e maracujá.

2. Nos dias em que pratico exercícios matinais, procuro comer


açaí puro orgânico sem xarope de guaraná misturado batido com
Whey Protein (gorduras boas + carboidratos complexos + proteína).
Ou bato abacate com Whey Protein (gorduras boas + baixíssimo
carboidrato + proteína). Uma terceira opção são ovos feitos na man-
teiga ou no azeite de oliva, preparados como omelete, ou cozidos
e com variados temperos.

Almoço

1. Nos dias que não pratiquei exercícios matinais, escolho


vegetais (salada + legumes) + carnes brancas ou vermelhas.

2. Nos dias em que praticaquei exercícios (são sempre ex-


tenuantes os que pratico (luta, tênis ou musculação), prefiro
vegetais (saladas e legumes), arroz e carnes, e, às vezes, feijão.

184
Lanche da tarde

1. Praticidade sempre – fruta de


baixo índice glicêmico, como moran-
go ou mirtilos, batidos com Whey Pro-
tein. Ou castanhas e pedaços de coco.
Pode ser ainda óleo de coco batido
com Whey Protein. Quando tenho
mais tempo, como omelete recheado
com frango desfiado.

Jantar

Capricho bastante nessa refeição,


então veja as minhas cinco preferidas:
1 Escondidinho de carne moída
com pequena quantidade de purê
de mandioca;
2 Peixe temperado com pequena
quantidade de arroz;
3 Vegetais (saladas e legumes)
com carne branca;
4 Lasanha de berinjela com carne
moída e queijo de búfala; e
5 Panqueca sem glúten recheada
com frango ou carne moída.

Lembre-se: essa é apenas a minha rotina, feita de acordo


com minha individualidade.

Entretanto, costumo variar muito conforme a semana, as


necessidades, as viagens e exceções.

Escolho dias para comer doces.

Costumo colocar grandes quantidades de azeite de oliva


extravirgem na comida e, sempre que possível, abro uma ex-
ceção para frutos do mar, que adoro.

A seguir, vou compartilhar com você a possibilidade de re-


versão de algumas doenças.
• TABU 1

TABU 17

Diabetes nunca tem cura

187
Um estudo muito interessante, de 2016, mostra que se
consegue, por meio da redução de carboidratos, regredir
o pré-diabetes. O pré-diabetes é a famosa resistência
insulínica.

Acredito que, se você chegou até aqui, já sabe o suficiente


para compreender que, sim, diabetes tem remissão. Mas tudo
depende do grau de comprometimento pancreático.

Um alerta muito importante se faz necessário.

Todas as estratégias de alimentação sobre a qual con-


versamos, bem como aquilo que vou escrever em segui-
da, podem ser aplicadas a todos. Mas a remissão do dia-
betes depende de seu tipo e sua evolução. Mas, sim, há
um caminho.

Diabetes tipo 1 é autoimune, ou seja, o paciente tor-


na-se eternamente dependente do uso de insulina, uma
vez que suas células beta pancreáticas, responsáveis pela
produção do hormônio, ficam destruídas pelo próprio siste-
ma imunológico.

Diabetes tipo 2 é aquele que se desenvolve com o passar


dos anos, com o tempo de danos ao sistema pancreático por
hábitos inadequados. Nesse caso, há possibilidade de deixar
para trás o rótulo dessa doença.

Veja: o diabetes caracteriza-se por uma intolerância


à glicose. Então, é evidente que, se limitarmos muito
(dependendo de cada caso a limitação pode ser até
mediana) o consumo de glicose, ou seja, de carboidratos,
existem plenas possibilidades de conviver melhor com a
doença e, até mesmo, como disse anteriormente, alcançar
sua remissão.

E o que quero dizer com a palavra remissão? Que, apesar


de não expressar mais a doença, a pessoa não pode voltar a
cometer os mesmos equívocos que a tornaram doente. Pois,
nesse caso, a doença volta à ativa.

188
• TABU 17

Sendo assim, as estratégias LowCarb ou Cetogênica po-


dem provocar esse efeito benéfico que mencionei.

Na primeira, se restringe o consumo de carboidratos; na se-


gunda, se restringe ainda mais e troca-se o combustível para
gorduras, tal como já abordamos anteriormente.

A teoria do lixo e do lixeiro

Mas não se esqueça: para a prevenção da doença,


não adianta apenas acompanhar o nível de glicose
no sangue. Também é preciso monitorar a insulina,
ou seja, qual o esforço que o corpo está fazendo
para manter a glicose em níveis adequados.

É como se pensássemos em lixeiros e lixo.

Pela manhã, medindo quantidade de lixo (glicose)


na rua (corrente sanguínea), é possível dizer se o
sistema de limpeza (células beta pancreáticas), se
os lixeiros (insulina), estão tendo muito trabalho, se
estão sobrecarregados.

189
Pois, então, muitas vezes atendo um paciente com
níveis de glicemia de 90, mas insulina em jejum de
25. O ideal seria ter um nível de insulina até 8 pela
manhã. Níveis elevados são um sinal de glicemia
resistência insulínica.

Dessa forma, mesmo que os 90 enquadram o in-


divíduo na normalidade, ele já está no alvo da
doença e precisa tomar providências.

Comparando, por exemplo, um indivíduo com gli-


cemia de 95, mas com insulina de jejum de 8. Esse
segundo indivíduo tem com muito mais saúde no
que tange o sistema do controle glicêmico.

É claro que é preciso destacar a importância da


Hemoglobina Glicada, ou seja, a quantidade de
hemoglobina estragada pelo açucaramento, pela
glicação ou a caramelização, sobre a qual já falei.

Um estudo do British American Journal mostra que a re-


gressão do diabetes a partir de uma dieta low carb é possível.

Quem está desenvolvendo o diabetes por conta do ex-


cesso de carboidratos pode facilitar a ação da insulina ao
qualificar sua ingestão e diminuir, individualmente, esse tipo
de alimento na dieta.

Não só isso. Nesses casos, também pode estar-se no alvo


de outra doença importante. O câncer.

Câncer é sempre genético?

O Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Sil-


va (INCA) afirmou que a luta contra o câncer deve começar
pelo combate à obesidade. Então como ainda acreditar que a
genética é sua principal causa?

190
• TABU 17

Talvez, sua pergunta seja: o que fazer para evitar o desen-


volvimento do câncer?

É preciso lembrar que prevenção não é fazer a mamografia


e diagnosticar a doença (não estou negando sua importância).

Para diminuir a incidência de câncer, é preciso diminuir a


incidência da obesidade e do sobrepeso. Essa é uma doença
que tem como fonte nossas escolhas equivocadas.

Claro que mudar não é fácil, mas é necessário. E por onde


começar?

Simples, você já sabe, comendo comida de verdade e


deixando de lado industrializados, processados e principal-
mente ultraprocessados.

Entenda aqui, que um dos fatores que mais estão rela-


cionados ao desenvolvimento do câncer é a alimentação
rica em produtos alimentícios de alta carga glicêmica e que
provocam picos de insulina.

Além disso, é importante que você saiba que alguns ali-


mentos são polêmicos e precisam ser melhor compreendidos.

Vou me aprofundar em dois deles no próximo capítulo.

191
• TABU 18

TABU 18

Leite de vaca é sempre bom.


Cortar o glúten é uma bobagem

193
Falar sobre saúde e construção de longevidade é um desafio.
E é por isso que precisamos, sem amarras, bater de frente com
alguns hábitos culturalmente aceitos e pouco questionados.

Está na hora de falar sobre o leite e o glúten.

#Alimento polêmico 1: LEITE DE VACA

O leite de vaca não é um alimento que podemos chamar de


“natural” hoje em dia.

Ele pode ser benéfico se for in natura, mas o de caixinha


não pode ser considerado leite de verdade. Trata-se de uma
“modificação” do leite. Nem por isso devemos demonizá-lo.

Vou falar sobre em que, eu, Victor, acredito com base em


estudos. No entanto, é importante lembrar que há estudos so-
bre o benefício até da cerveja, dá para acreditar?

Ou seja, todo alimento, por pior que seja, terá algo com po-
tencial de trazer benefícios ao corpo.

O que precisamos ter em mente é que os benefícios têm que


obrigatoriamente sobrepor-se aos malefícios. Essa questão é
individualizada, o que é bom para uns não o será necessaria-
mente para outros.

194
• TABU 18

Mas eu quero que você saiba que é muito fácil manipular


estudos. As indústrias, muitas vezes, pagam por isso.

Não acredito que o leite seja inteiramente ruim, já men-


cionei o Whey Protein, a proteína do soro do leite, que pode
fazer bem à saúde.

Existem outros fatores nesse alimento que tem um grande


papel na evolução da espécie bovina, um complexo sinalizador
hormonal que faz com que o terneiro cresça absurdamente
em pouco tempo.

Essa sinalização é compatível com os bovinos e, demasiada


para seres humanos. Ocorre por meio de proteínas e hormô-
nios contidos no alimento.

É por isso que eu (opinião pessoal frente a tantos anos estu-


dando e percebendo na prática os efeitos de cada alimento) não
recomendo a ingestão de leite de vaca in natura para crianças.

As formulações infantis já são um avanço, apesar de indus-


trializadas, mas nunca serão tão boas quanto o leite materno.

Esse, sim, é o alimento mais completo do mundo e deve


ser priorizado como fonte única de alimentação do bebê até
os seis meses e , depois, como fonte de nutrientes até os dois
anos, associado a outros alimentos.

Quanto à alimentação infantil, não entrarei em pormenores,


pois acredito que é fundamental que cada casal tenha uma pe-
diatra com visão funcional e integrativa e um nutricionista com
pós-graduação em nutrição materno-infantil. Infelizmente, não
há formação voltada para essa área.

Se você acredita que seu pediatra é a pessoa adequa-


da para orientar a sua alimentação, bem como a do seu
filho, faça perguntas básicas como, por exemplo, quais as
diferenças entre as gorduras, fundamentais ao desenvolvi-
mento da criança.

195
DHA e Vitamina D3
Uma recomendação de algo que todos deveriam
fazer: a suplementação de Vitamina D e de DHA
(ácido docosahexaenóico).

Lembra que este segundo é um Ômega 3?

Pois, então, existem inúmeros estudos demonstran-


do que crianças que suplementam DHA melhoram
e muito desenvolvimento de seu Sistema Nervoso
Central (SNC) em relação às que não suplementam.

Um estudo muito interessante é o Assessing Omega-3


Fatty Acid Supplementation During Pregnancy and Lac-
tation to Optimize Maternal Mental Health and Childhood
Cognitive Development (Clin Lipidology. 2012;7(1):93-109),
que traz evidências sólidas da importância da suple-
mentação com Ômega 3 não só durante a gestação,
bem como no período de lactação e, depois, na cri-
ança para seu desenvolvimento cognitivo.

Outro exemplo de estudo é o Effect of n-3 Long-


chain Polyunsaturated Fatty Acid Intake during Preg-
nancy on Maternal, Infant, and Child Health Out-
comes: A Systematic Review, que faz uma revisão
sistemática ampla sobre o tema e confirma a ne-
cessidade de implementarmos esta prática.

E, neste momento, você pode estar se perguntan-


do: “Mas, Victor, suplementar não é natural, portan-
to por que deveríamos suplementar além de ter
uma alimentação saudável?”

Gosto de me adiantar aos questionamentos inteli-


gentes comuns.

Entenda que, desde nossos primórdios, houve um


declínio drástico na ingestão natural desse nutri-
ente essencial devido à modificação no sistema de
cultivo de alimentos.

196
• TABU 18

Então, para compensar este desequilíbrio absurdo


que se formou entre o consumo de outros tipos
de gordura, em relação ao Ômega 3, para a ampla
maioria das pessoas que vivem em cidades moder-
nas e consomem alimentos não selvagens, há neces-
sidade do uso deste complemento.

Voltemos ao leite.

Provavelmente um dos principais motivos pelo qual


você preconiza a ingestão deste alimento é devido ao
aporte de cálcio.

Saiba primeiramente que boa parte do cálcio do leite não é


bem absorvido pelo corpo.

Há bastante cálcio no leite, mas ele não é assimilado pois


há um desequilíbrio em entre ele e o magnésio, o que dificulta
sua assimilação. Mas esse não é o maior problema teríamos
que entrar em nuances bioquímicas.

Quero ir direto ao ponto.

Quando avaliamos, nos estudos, consumo de cálcio versus


saúde óssea, a relação não confirma a necessidade do leite,
por vezes, até o inverso ocorre.

Não podemos afirmar que o leite piora a saúde óssea, mas


também nunca poderemos afirmar que ele é essencial. É cru-
cial que você entenda isso.

Além de tudo, estudos nos EUA encontraram, no leite de


vaca, mais de 59 hormônios de vaca prenha.

Isso acontece porque, quando a vaca produz leite, ela de-


veria estar grávida. Mas, hoje, não é isso o que acontece, os
animais recebem hormônios para produzir leite o tempo todo.

Também há o problema da pasteurização, dos antibióticos,


de pesticidas e da contaminação.

197
Enfim, acredito que tenhamos mais prejuízo do que
benefícios na ingestão do leite, mas ainda há muitas discussões
em relação ao tema.

A única coisa que posso afirmar com certeza vem de minha


prática clínica. Um paciente nunca saiu de minha clínica com
orientação de fazer ingestão de leite. E os resultados de quem
diminuem seu consumo falam por si.

Acredito que até aqui, você também já fez um pouco de


seu dever de casa e pesquisou quem raios é este Dr. Victor.
Ninguém chega aonde eu cheguei na medicina, tendo carreira
sólida por tantos anos e falando aquilo que muitos não dese-
jam ouvir, se não for através de bons resultados clínicos.

Ou seja, aqui você tem a opinião de um especialista que


trabalha na área da saúde e se dedica a cruzar teoria e prática.

Faça o teste: fique um mês sem consumir lácteos e depois


os insira novamente na dieta. Se você não perceber melhoras,
siga em frente. Mas, se perceber, reflita sobre uma ingestão.

Sem dúvida alguma, o ideal seria, caso queira ingerir lácteos,


optar por queijos meia cura ou mais envelhecidos endurecidos
e evitar os frescos, uma vez que as proteínas ali constantes
estão ainda em suas formas difíceis de serem digeridas e com
potencial mais alergênico.

Sempre que o leite fermenta por mais tempo, suas proteínas


são parcialmente “digeridas” e parte do processo é facilitado.

Em um estudo clássico mais antigo, uma avaliação de 58


estudos mostrou que não há relação entre o consumo de leite,
níveis de cálcio e a saúde óssea.

Por isso, não adianta beber leite para evitar a osteoporose.

Quanto à relação com o câncer, há estudos que associam o


consumo de dois ou mais copos de leite ao desenvolvimento
de câncer de ovário; outros o relacionam com câncer de ma-
mas. No entanto, esses estudos são observacionais, por isso
não devemos levá-los tanto em consideração.

198
• TABU 18

Quanto à sua relação com câncer de próstata, parece que


o mecanismo é um pouco mais confiável. Isso pode ocorrer
por conta do estímulo glicêmico, das proteínas potencialmente
inflamatórias ou, ainda, dos hormônios obtidos no leite.

Outro estudo clássico que quebrou o mito de que leite é fun-


damental para a saúde óssea, realizado com 77 mil mulheres,
com idade entre 30 e 45 anos, que foram acompanhadas por 12
anos, concluiu que as mulheres que ingeriram dois ou mais co-
pos de leite por dia tiveram mais fraturas que aquelas que ingeri-
am um copo ou menos por semana. Isso mostra que o consumo
de leite não está relacionado à melhora da saúde óssea.

Você pode obter o cálcio nos alimentos verdes. Para que o cál-
cio se fixe nos ossos, ele depende do magnésio, da vitamina K2 e
da vitamina D. Então, fica claro que a questão não é apenas o cálcio.

Um exemplo de alimento verde com alto teor de cálcio é a


couve: 100 g de couve refogada tem 54 mg a mais de cálcio do
que 100 g de leite de vaca.

Esse cálcio não é totalmente biodisponível, mas o mesmo


ocorre com o leite de vaca.

Reforço: há cálcio em outros alimentos além do leite, princi-


palmente nos verdes escuros. Você pode até escolher ingerir
lácteos, mas, nós, profissionais da saúde, não podemos afirmar
que eles sejam indispensáveis.

A relação entre Cálcio e Vitamina K

Em um estudo muito interessante, os autores evi-


denciaram que a perda de cálcio pode ser reduzida
em mais de 50% por meio da suplementação da vi-
tamina K2, que, aliás, também está relacionada com
a diminuição da resistência insulínica.

Apenas uma semana de suplementação de vitamina


K2, em jovens saudáveis, teve potencial significativo

199
de reduzir a glicemia depois da alimentação. Essa
é uma vitamina isolada que pode ajudar nos ossos,
na prevenção do diabetes e na resistência insulínica.

Veja algumas constatações de estudos da vitamina K2:

• A deficiência de vitamina K2 (osteocalcina des-


carboxilada) predispõe à maior malignidade no
câncer de próstata.

• A menaquinona (K2) tem efeito supressor em todos


os tipos de câncer de pulmão.

Veja como seria importante que todos os tabagistas


ou aqueles com histórico de problemas de pulmão
na família suplementassem a K2.

A vitamina K2 inibe o desenvolvimento do carcino-


ma hepatocelular (fígado). A mortalidade desse car-
cinoma, que é um câncer no fígado, é de aproxima-
damente 90% em 12 meses. Ou seja, quem possui a
doença corre o risco de não viver nem um ano.

Isso não quer dizer que tudo possa ser resolvido só com
a vitamina K2. Mas por que eu falo da suplementação?
Porque é difícil encontrar essa vitamina nos alimentos.

O nattô, feito a partir da fermentação da soja, por


exemplo, é riquíssimo em K2, mas o problema é
que ele tem um odor muito ruim para os que não
estão habituados com sua ingestão.

Também há a pasta de fígado de ganso e outros


alimentos, como queijos duros, gema de ovo, man-
teiga e fígado de galinha.

E já que o tema do queijo surgiu de novo, antes que pergun-


tar a respeito da lactose, saiba que o problema dos intolerantes
é que eles não produzem a enzima que digere a lactose, que
é chamada de lactase.

200
• TABU 18

Há pessoas com polimorfismo, com características genéticas


para a não produção deste enzima e que conseguem ingerir a
lactose até a terceira idade, porém o natural é que passemos a
não produzir mais essa enzima com o passar do tempo.

Um teste de lactose pode ser feito em qualquer laboratório.


Ele é muito interessante para quem apresenta sintomas de
intolerância e para quem tem distensão gástrica, refluxos ou
baixa crônica de assimilação de nutrientes.

É possível consumir queijos sem lactose? Sim.

Mas isso não significa que o queijo não tenha lactose, mas
que, a ele, foi adicionado a lactase, a enzima que os intolerantes
não produzem.

Resolve o problema da lactose, mas agora teremos a galac-


tose e a glicose, resultado da quebra da lactose.

Eu não consumo lácteo com frequência, até porque tenho in-


tolerância à lactose. Por isso ando sempre com enzimas digestivas.

Queijos e Alimentos Lácteos

Eu não recomendo lácteos para o consumo rotineiro.

Teoricamente, as pessoas que não apresentam intolerância ou


alergia podem consumi-los. A alergia é diferente da intolerância;
em tese, ao pé da letra do conceito de alergia, ela pode provocar
a morte. Já a intolerância ocorre quando não temos a enzima que
digere a lactose, lembrando que ela é o açúcar do leite.

O leite contém gordura, açúcar e proteína, ou seja, há coisas


boas. Aliás, você já sabe que remover as gorduras do leite o
torna um alimento pior, e não melhor, né? Aqui já sabe também
que algumas proteínas do leite são alergênicas e potencial-
mente inflamatórias. E essa inflamação vai desde o intestino
até outros órgãos.

A questão-chave é ter em mente que não existe definitivamente


algum nutriente fundamental que só exista no leite, portanto ficar
sem ingeri-lo não lhe trará absolutamente nenhum risco.

201
Repito então que, quando se trata do consumo de lácteos,
prefira o queijo meia cura, queijos maturados. Por passar por
um processo mais longo, as proteínas complexas potencial-
mente alergênicas e inflamatórias se quebram.

Um detalhe importante: o queijo fresco, branco


ou minas é ainda mais potencialmente alergêni-
co e inflamatório.

Se falava muito em consumir queijo branco por


conta das gorduras, mas estou mostrando que o
problema do queijo não são as gorduras e, sim,
parte das proteínas.

Os iogurtes têm mais benefícios, mas é claro que não estou


falando de danoninho.

A fermentação dos iogurtes é benéfica, pois pode conter


micronutrientes interessantes. Exemplos são o iogurte grego e
os iogurtes artesanais.

Eles podem ser consumidos, mas não são essenciais. E quan-


to ao kefir? É possível fazer kefir com água ou com leite de coco
e até mesmo com leite de vaca para que tenhamos benefícios,
desde que o leite seja aquele de saquinho e não o de caixinha.

Para os que não conhecem o kefir, ele é um preparado a


partir da fermentação de um fungo que, quando fermenta o
açúcar de algum alimento líquido, cria uma grande colônia de
bactérias positivas que podem ajudar na colonização de nossa
microbiota intestinal.

O PH do sangue a osteoporose

É preciso entender a importância de ver os ossos com


outros olhos, levando em conta a vitamina K, o mag-
nésio, a vitamina D e o menor consumo de lácteos.

202
• TABU 18

Além disso, é importante saber a importância do


PH no sangue.

Eu já falei sobre a importância de ter uma boa acidez


estomacal para que o corpo possa liberar bicarbonato.

Também falei sobre a importância de evitar re-


frigerantes e sucos em excesso. Como é impor-
tante pensarmos na saúde óssea de forma ampla,
podemos ver que o PH é essencial: quanto mais
acidez geramos no corpo, mais chances de oste-
oporose. Isso ocorre porque o cálcio é um tampão
alcalino que está nos ossos. No momento em que
é preciso alcalinizar, o cálcio é utilizado, ou seja,
ele é retirado dos ossos.

Também é importante lembrar que as mulheres


começam a se preocupar com a saúde óssea na os-
teoporose. Por que, de uma hora para outra, é pre-
ciso se preocupar com o cálcio quando, na verdade,
há perda de hormônios?

Não parece simples?

Se alguém para de produzir hormônios e há piora da


saúde óssea, as causas não são os hormônios? Os
ossos estão sempre em movimento e, para isso, o
estrogênio é um grande e importante agente.

Agora que eu falei sobre o leite, está na hora de me apro-


fundar em outra polêmica.

203
#Alimento polêmico 2: o glúten

O glúten não é um alimento natural, ele é criado a partir da farinha,


da energia e da água. Ele tem um efeito viciante, causa de picos de
insulina tão potentes quanto os do açúcar e tem estrutura proteica
complexa, sendo potencialmente alergênica e inflamatória.

Eu acredito que, na maioria dos casos, o problema real do


glúten são os excessos desde a infância. Encontramos o glúten
na aveia, na cevada, no trigo, no centeio. É comum pensarmos
apenas no trigo, mas, principalmente quem tem doença celíaca,
que é muito séria e infelizmente pouco diagnosticada, precisa
pensar em outros alimentos que contenham glúten.

Também existem os indivíduos hipersensíveis, caso em que,


como com o leite, as pessoas apresentam dores de cabeça,
enxaquecas, distensão abdominal, gases, infertilidade, dificul-
dade de engravidar e por aí vai.

Quem tem hipersensibilidade deve se concentrar nas quan-


tidades, principalmente a do trigo. Estimativas mostram que,
entre cada 1000 pessoas, uma pode ser celíaca. No caso dos
hipersensíveis, são nove para cada 100.

Como disse, os sintomas são muito variados e podem incluir


enxaqueca, irregularidade menstrual, dificuldade para engravidar,
distensão abdominal, fadiga, cansaço, agitação, déficit de atenção
e hiperatividade, constipação e hipotireoidismo. Chamamos essas
condições de NCSG – Não Celíaco Sensível ao Glúten.

204
• TABU 18

Eu tenho sensibilidade ao glúten e toda vez que o ingiro fico cansa-


do e tenho distensão abdominal. Aqui cabe uma ressalva importante.

Boa parte dos sintomas de distensão abdominal, quando se


ingere alimentos com farinha de trigo, pode ser em decorrên-
cia dos frutanos, carboidratos altamente fermentáveis.

Como muitas pessoas possuem uma microbiota intestinal


desregulada, não fermentam os alimentos de forma adequa-
da. Isso pode ser a causa de muitos problemas de distenção e
sintomas de intestino irritado.

Preciso fazer também outra ressalva a respeito de uma es-


tratégia importante nesses casos.

Quando você apresenta excesso de distensão abdominal,


até mesmo quando ingere alimentos saudáveis, como folhas
cruas, vegetais e frutas, como a maçã e o abacate, o ideal é que
procure realizar uma dieta de exclusão chamada: FODMAPs

O que são FODMAPs

Acrônimo para um conjunto de carboidratos fer-


mentáveis que, também por seu alto poder osmótivo,
aumenta o volume de líquido na luz intestinal e acaba
trazendo os incômodos da associação volume + fer-
mentação excessiva. FODMAPs significa Fermentable
Oligossaccharides, Monosaccharides and Polyols.

Essa estratégia deve ser orientada preferencial-


mente por nutricionista funcional, tendo duração
de até dois meses. Ela é fundamental para esses
tipos de distúrbios digestórios.

É importante fazer o acompanhamento, porque, se


ela não for realizado sistematicamente e com rigor,
a estratégia deixa de ter seus benefícios.

Um Poliol que é muito utilizado hoje em dia, por exem-


plo, e está presente em uma gama enorme de alimen-
tos funcionais saudáveis, é o Xylitol.

205
Não é um ingrediente ruim, pode ser utilizado
para adoçar alimentos, entretanto dentro des-
ta estratégia, seu consumo deve ser zerado, tal
como outros alimentos.

Voltemos ao trigo. O que aconteceu com o trigo ao longo


de tempo?

Já falei sobre as mudanças na quantidade e na qualidade


dos nutrientes presentes nos alimentos. Com o processamen-
to industrial, houve uma involução: o trigo tinha 14 cromosso-
mos (Einkorn), passou para 28 (Emmer) e hoje tem 42 cromos-
somos (Tritricum Astivum).

O trigo de hoje, com 42 cromossomos modificados, é uma


involução genética que representa um aumento de cerca de
400% na concentração do glúten. Além do livro Barriga de Trigo,
também indico o Dieta da Mente. Dificilmente quem lê esses
livros consegue continuar ingerindo trigo em abundância.

O glúten não é só um problema intestinal.

Já deixei claro que, quando um alimento provoca um efeito


inflamatório, a sinalização que ocorre lá no intestino é levada
para todos os outros sistemas do corpo, ou seja, tem potencial
para inflamar absolutamente “tudo”.

Tenho muitos pacientes com doenças autoimunes, que,


quando param de ingerir glúten, açúcar e lácteos, por exem-
plo, melhoraram e param de tomar anti-inflamatórios. Se você
tem alguma doença autoimune faça o teste: fique 20 dias sem
esses alimentos e veja o que acontece.

Muitos não terão a remissão a ponto de não necessi-


tar mais dos medicamentos, mas certamente terão alguma
melhora do quadro.

Ainda sobre o glúten, um estudo da The Neurology apon-


ta que é um equívoco histórico considerar a sensibilidade ao

206
• TABU 18

glúten simplesmente uma doença do intestino delgado.

Os impactos neurológicos existem, desde os mais corriqueiros,


como cansaço e irritabilidade, chegando aos mais graves, como
depressão, apagões mentais e transtornos de comportamento.

Minha experiência com os pacientes comprova o que a ciência afir-


ma: o eixo cérebro-intestino é real e não há dúvida sobre a atividade
neurotóxica do glúten para muitas pessoas, nunca para a totalidade.

Tendo isso em mente, repito aqui o convite que fiz sobre o leite
no capítulo anterior. Se você não sabe sobre os impactos que o
glúten provoca em seu organismo - ou desconfia que ele pode es-
tar associado a alguns sintomas recorrentes - faça o teste em você.

Pare por 15 dias a ingestão deste alimento. Observe os


impactos. Veja como você se comporta. Tente ficar sem por
mais duas semanas.

Já ouvi relatos de pessoas que viram a sinusite desaparecer, a


enxaqueca se controlar, a fibromialgia minguar, a digestão melhorar,
o hábito intestinal regularizar, ter alergias de pele melhoradas,
perceber o aumento do foco e desempenho cognitivo...

Se eu fosse listar todas as mudanças aqui, depois de mais


de 10 anos convivendo diariamente com pacientes que fazem
este teste, a lista de possíveis interferências seria interminável.

Eu mesmo já testemunhei melhoras impressionantes, de sin-


tomas enraizados que ficaram para trás. Porém, a metamorfose
mais bonita de assistir com essa experiência é ver a saúde, nos-
so bem mais precioso, deixando de ser terceirizada, voltando
para as mãos de quem realmente tem o poder de controlá-la.

Não é o que o glúten faz com você. Não é o que o leite faz com
você. É o que você faz com o glúten e com suas escolhas alimentares.
É saber que mesmo estes alimentos não podendo ser chamados de
“venenos” (pois não o são), mesmo não provocando unanimemente
efeitos deletérios, podem, junto com açúcar e até mesmo a ingestão
de alimentos saudáveis, provocar alergias em muitos indivíduos,
sendo grande obstáculos para a melhora do seu bem estar.

Entende a diferença?

207
FINALIZAÇΜÃO

Este livro marca um novo momento em minha vida, tal como


meu primeiro livro também marcou. Naquela época, eu precisa-
va quebrar paradigmas e usei de toda a força da escrita para
romper conceitos enraizados. Sabia que sofreria toda a sorte
de ataques e agressões da indústria da doença, bem como de
uma imensa maioria de colegas médicos incomodados com
informações que poderiam fazer desmoronar reputações
alicerçadas nos dogmas da medicina.

Passei 6 anos digerindo aquilo tudo, inclinando meu corpo


perante Deus para conseguir entender por qual motivo alguém
cuja intenção era, única e exclusivamente, ajudar, transformar
vidas e viver a missão dada por ele aqui na terra, encontrava
tantas dificuldades literalmente representadas pelo mal.

Aprendi com este tempo que informações mais curtas,


verdades pouco a pouco, cabiam-me, mantinham minha
missão acesa e eram suportáveis. Eu precisava esperar que
um exército de médicos que tinham as mesmas intenções
genuínas que eu tivessem contato com aquilo tudo que eu
escrevi e, de coração aberto, tornassem minha mensagem
mais pulverizada.

Aprendi que Deus não nos dá missões e obstáculos sem


que antes prepare um caminho. Por vezes tortuoso e aparen-
temente esburacado, mas as trilhas prometidas nunca foram-
nos garantidas sob a pretensão da ausência de dor.

209
Nestes últimos anos, coloquei foco na formação de
outros médicos, mantendo minha atividade de atendi-
mentos e palestrando como um missionário Brasil afora.

Mas eis que senti que o momento era novamente propício


para um novo livro, ainda possivelmente contundente, mas
com um escritor fortificado pela experiência das batalhas.
Agora entendo o tamanho da luta, a profundidade das en-
tranhas obscuras de tudo o que envolve a minha profissão,
e preparado para suportar novas batalhas.

Você sabe que este livro trará um grande desconforto a


muita gente. Mas também sabe que é portador de uma infor-
mação que pode salvar vidas, transformá-las.

De agora em diante você tem um chamado a ser, mes-


mo que somente para uma pessoa, missionário da palavra da
saúde. Tem obrigação de ser mais uma abelha polinizadora,
pois não teve acesso a este livro por acaso.

Portanto, amigo, amiga, ou você emprestará este livro a al-


guém que necessite, ou adquirirá outro exemplar e dará de pre-
sente àquela pessoa que você julga ser a mais necessitada disso.

Será uma prova de amor, compaixão e gratidão a Deus pela


benção de receber tantas informações relevantes, vindo de um
servo humilde que tem convicção da pureza de suas intenções.

Termino este livro com a certeza de que você tem total


condição de assumir o controle.

E quando há o controle, não importa muito a estrada.

Espero te ver bem. Pelos próximos 150 anos.

Foi um prazer percorrer este livro com você.

210
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Texto: Raleway
Papel: Offset 75 g/m2
Impressão: Color System, Tiragem: 7.000

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