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DEONTOLOGIA E

LEGISLAÇÃO

Lisiane Mezzomo
Medicalização da sociedade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir a medicalização.
 Relacionar o uso de medicamentos com as demandas oriundas da
medicalização.
 Explicar por que o farmacêutico é um agente de saúde.

Introdução
Atualmente, o modelo de assistência à saúde é excessivamente medicalizado;
ou seja, os medicamentos assumem um papel importante no processo
saúde–doença, de forma que é praticamente impossível pensar a prática
médica ou a relação médico–paciente sem a presença desses medicamentos.
A medicalização tem sido foco de debates sobre a saúde durante o
último meio século, e as suas manifestações múltiplas e divergentes são
alvo de ações frente ao Poder Público. Nesse contexto, o farmacêutico
se insere como agente de saúde e representa um papel fundamental,
especialmente nas ações visando ao uso racional dos medicamentos.
Neste capítulo, você vai ler sobre os conceitos de medicalização, além
de relacionar o uso de medicamentos com as demandas oriundas da
medicalização e ver o papel do farmacêutico como um agente de saúde.

Medicalização
A palavra medicamento é definida pela Lei nº. 5.991, de 17 de dezembro de
1973, vigente até hoje, como o produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou
elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diag-
nóstico (BRASIL, 1973). Nesse contexto, insere-se o conceito de medicação,
que envolve o ato de medicar, ou seja, tratar mediante o uso de medicamentos.
Os medicamentos ocupam um papel importante nos sistemas sanitários, pois
salvam vidas e melhoram a saúde.
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso adequado


de medicamentos acontece quando os pacientes recebem os medicamentos
apropriados à sua condição de saúde, em doses adequadas às suas necessidades
individuais, por um período adequado e ao menor custo possível para eles e
sua comunidade (BRASIL, [2018a]).
Segundo Pereira e colaboradores (2006), a possibilidade de receber o trata-
mento adequado, conforme e quando necessário, reduz a incidência de agravos
à saúde e a mortalidade para muitas doenças. Entretanto, ter acesso à assistência
médica e a medicamentos não resulta necessariamente em melhores condições de
saúde ou qualidade de vida, pois os maus hábitos prescritivos e a automedicação
inadequada podem levar a tratamentos ineficazes e pouco seguros.
Nesse contexto, encontra-se o conceito de medicalização, que surgiu no
final da década de 1960. Hoje em dia, engloba tudo o que antes era conside-
rado sofrimento, problema e angústia, que passam a ser considerados doen-
ças tratáveis com medicamentos ou outros tratamentos de saúde. Em outras
palavras, os problemas afetivos, sociais ou culturais são transformados em
transtornos ou doenças. Trata-se de um fenômeno presente na vida cotidiana,
que é apropriada pela medicina, a qual exerce influência na construção de
conceitos, costumes e comportamentos sociais.

As primeiras definições do termo “medicalização” abrangeram a expansão da medicina e


os vários problemas que antes não eram considerados entidades médicas. Esse conceito
se modificou ao longo dos anos. Atualmente, a última publicação da International
Epidemiological Association, em 2014, define a medicalização como o processo pelo
qual condições, processos ou estados emocionais, tradicionalmente considerados não
médicos, são redefinidos e tratados como questões médicas (CLARK, 2014).

Conrad (2007), em sua publicação sobre a medicalização da sociedade,


comenta que os comportamentos anteriormente definidos como imorais, peca-
minosos e até mesmo marginais assumem significado médico, transformando-
-os em doenças. Alguns processos comuns da vida cotidiana passam a ser
medicalizados da mesma forma, incluindo:

 alcoolismo;
 ansiedade e humor;
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 disfunções eréteis e sexuais;


 distúrbios do sono;
 dificuldades de concentração e aprendizado;
 tristeza;
 controle de natalidade;
 menopausa;
 morte.

Os nomes das doenças são bem conhecidos, entre eles, citamos como
exemplos o transtorno de déficit de atenção, a hiperatividade, a dislexia, a
bipolaridade, entre outros.

 Infertilidade — apesar de a infertilidade ser um componente comum de todas


as culturas ao longo da história, o surgimento de substâncias e procedimentos
tecnológicos para tratá-la levou a uma explosão nos diagnósticos de infertilidade.
Assim, enquanto essa condição costumava ser apenas uma parte comum da vida
de alguns casais, agora é um problema médico que pode ser tratado.
 Obesidade — o que há um tempo costumava ser visto como alguém simplesmente
com excesso de peso gerou toda uma indústria de produtos de saúde, medica-
mentos para perda de peso e cirurgias, além de serviços e centros de referência.

Assim, na sociedade atual, notamos um aumento da influência dos me-


dicamentos em vários aspectos do dia a dia, tornando a medicalização um
problema de saúde pública. Uma parte do processo de medicalização é oriunda
da construção social da doença, que é fortemente influenciada por interesses
corporativos e pela falta de regulação (Clark, 2014). Outras causas incluem:

 políticas de preços;
 atividades promocionais;
 falta de informação;
 falta de educação sobre o uso correto de medicamentos.

Peter Conrad sugere ainda que os movimentos sociais e os próprios pacientes


individualmente têm sido importantes advogados a favor da medicalização.
Destacamos que muitos desses medicamentos são utilizados de forma ina-
dequada e que o seu uso indevido pode mascarar e agravar doenças, causando
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diversos malefícios à saúde. Sob esse aspecto, os medicamentos da classe dos


psicofármacos instituíram-se como o recurso terapêutico mais utilizado para
tratar qualquer mal-estar, como:

 tristeza;
 desamparo;
 solidão;
 receio;
 insegurança;
 ausência de felicidade.

Atualmente, qualquer sinal de sofrimento psíquico pode ser rotulado


como uma patologia, cujo tratamento será a administração de psicofármacos.
Essa tendência tem se ampliado de tal modo que podemos falar em uma
generalizada medicalização do social. Observamos, assim, um processo
de psiquiatrização da vida social, que vem transformando todo o mal-estar
psíquico em doença e incentivando o tratamento baseado essencialmente
em recursos químicos.
Segundo o Manifesto do Fórum sobre Medicalização da Educação e da
Sociedade, o Brasil vive um processo crescente de medicalização. Os pro-
blemas de diferentes ordens são apresentados como doenças, transtornos e
distúrbios. As questões coletivas são tomadas como individuais, problemas
sociais são tomados como biológicos. Uma vez classificadas como doentes,
as pessoas tornam-se pacientes e consequentemente consumidoras de tra-
tamentos, terapias e medicamentos, que transformam o seu próprio corpo
no alvo dos problemas, que, na lógica medicalizante, deverão ser sanados
individualmente.
Os conceitos de medicalização e farmaceuticalização aproximam-se à
medida que ressaltam o fenômeno da expansão do uso de medicamentos
mesmo na ausência de uma doença diagnosticada, como um aperfeiçoa-
mento farmacológico do desempenho cognitivo, esportivo ou social ou como
forma de aproximação do estilo de vida a um padrão concebido como ideal
(SILVEIRA et al., 2016).
Medicalização da sociedade 289

Os conceitos de medicalização e farmaceuticalização são os seguintes:


 medicalização — condições de saúde e comportamentais rotuladas e tratadas
como questões médicas;
 farmaceuticalização — uso de medicamentos como via de resolução de problemas.

O Ministério da Saúde publicou em 2017 o manual de Assistência farmacêu-


tica em pediatria no Brasil — Recomendações e estratégias para a ampliação
da oferta, do acesso e do uso racional de medicamentos em crianças, no qual
foram identificadas ações necessárias para conter os abusos de medicalização
da infância, entre outras ações (BRASIL, 2017). O estabelecimento de diretrizes
de cuidado e investimento em ações para o uso racional de medicamentos na
pediatria mostra-se um caminho para isso.
Entre as ações, estão (BRASIL, 2017):

 identificar as oportunidades de utilização das práticas integrativas e


complementares visando à redução do uso abusivo de medicamentos em
crianças (por exemplo, psicofármacos, antibióticos, broncodilatadores,
analgésicos, entre outros);
 promover a capacitação, a conscientização e o incentivo à notificação
de eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos.

Nesse contexto, estabelecer práticas desmedicalizantes é um dos objetivos


da gestão do Sistema Único de Saúde (SUS).

Farmaceuticalização
O uso de medicamentos como via de resolução dos problemas define o termo
farmaceuticalização (ESHER; COUTINHO, 2017). Nesse contexto, o fármaco
passa a ser visto como uma cura imediata e fácil para uma grande quantidade
de males.
O crescimento do mercado farmacêutico pode ser atribuído a uma série de
fatores, desde a ampliação do acesso em decorrência de aumentos no nível de
renda ou de políticas públicas na área de saúde, até a introdução no mercado
de novos medicamentos, oferecendo soluções terapêuticas para problemas de
saúde até então não passíveis de tratamento por meio desses produtos.
290 Medicalização da sociedade

Entretanto, segundo a OMS, cerca da metade do consumo mundial de


medicamentos é feita de forma irracional. Destacamos que o medicamento
deve ser um adjuvante no estabelecimento do equilíbrio comportamental do
indivíduo, aliado a outras medidas educacionais, sociais e psicológicas, não
o único responsável pela saúde (ESHER; COUTINHO, 2017).

Uso de medicamentos e demandas


da medicalização
Segundo a OMS (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2012), mais de 50% de
todos os medicamentos são incorretamente prescritos, dispensados e vendidos
e mais de 50% dos pacientes os usam de forma incorreta. Além disso, mais de
50% de todos os países não implementam políticas básicas para promover uso
racional de medicamentos. A situação é pior em países em desenvolvimento,
com menos de 40% dos pacientes no setor público e menos de 30% no privado
sendo tratados de acordo com as diretrizes clínicas.
Vários fatores contribuem para isso, como (WORLD HEALTH ORGA-
NIZATION, 2012):

 prescritores podem obter informação sobre tratamentos a partir das compa-


nhias farmacêuticas, em vez de reportar-se a fontes baseadas em evidências;
 diagnósticos incompletos das doenças podem resultar em inadequada
escolha dos tratamentos;
 pacientes buscam na internet versões de medicamentos caros com preços
mais convidativos, mas de qualidade não assegurada.

Se antes a preocupação era com a utilização indiscriminada de antimi-


crobianos, atualmente os psicofármacos, em especial, o metilfenidato, têm
se tornado objeto de atenção sobre o tema. Diversas questões — como os
comportamentos não aceitos socialmente, os desempenhos escolares que não
atingem as metas das instituições e as conquistas do desenvolvimento que não
ocorrem no período estipulado — são retiradas de seus contextos, passando a
ser compreendidas apenas como uma doença, que deve ser tratada.
Além disso, segundo dados da OMS, os fármacos com propriedades an-
siolíticas, hipnóticas e antidepressivas são a classe dos psicotrópicos mais
prescritos no mundo, isso devido à sua eficiência terapêutica e ao baixo risco
de intoxicação, sendo que os benzodiazepínicos ficam entre os mais utilizados
de forma errônea (ESHER; COUTINHO, 2017).
Medicalização da sociedade 291

Metilfenidato e antidepressivos da classe


dos benzodiazepínicos
Um exemplo muito debatido é o uso do metilfenidato, cujo nome comercial é
Ritalina®. Os questionamentos dizem respeito à controversa prevalência e aos
métodos diagnósticos do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
(TDAH), a sua interface no ambiente escolar e os danos causados pelo uso
indiscriminado do medicamento.
Na década de 1950, o metilfenidato não tinha destinação certa e era usado
para combater os sintomas de cansaço em idosos, porém hoje tem sido a
primeira opção terapêutica para o TDAH. Considerado pela OMS o psicoes-
timulante sintético mais vendido no mundo, chegou ao Brasil apenas em 1998.

O metilfenidato é um medicamento controlado pela Portaria da Secretaria de Vigilância


Sanitária do Ministério da Saúde (SVS/MS) nº. 344, de 12 de maio de 1998, e só pode
ser dispensado com notificação de receita tipo A de cor amarela.

O uso do metilfenidato é objeto de uma série de controvérsias principalmente


porque é também utilizado para melhoramento do desempenho cognitivo de
indivíduos saudáveis. Segundo o manifesto do Fórum sobre Medicalização da
Educação e da Sociedade, o Brasil atualmente é o segundo mercado mundial
no consumo do metilfenidato, com cerca de dois milhões de caixas vendidas em
2010. Os dados também apontam para um aumento de consumo de 775% entre
2003 e 2012. As estimativas de prevalência de TDAH em crianças e adolescentes
no Brasil são bastante discordantes, com valores de 0,9 a 26,8%.
No Brasil, o metilfenidato não integra a Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais (Rename) estabelecida pelo Ministério da Saúde. No entanto, como
Estados e municípios têm relativa autonomia para incluir produtos que atendam
às especificidades locais, já é possível perceber a inclusão desse medicamento
nas listas selecionadas de algumas cidades.
Em 2015, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) publicou a Recomendação nº.
019, de 8 de outubro de 2015, que estimula a promoção de práticas não medicali-
zantes por profissionais e serviços de saúde, bem como recomenda a publicação
de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas para prescrição de metilfenidato,
de modo a prevenir a excessiva medicalização de crianças e adolescentes (BRA-
292 Medicalização da sociedade

SIL, 2015). Essa determinação baseia-se no fato de que o TDAH não pode ser
confirmado por nenhum exame laboratorial ou de imagem, o que gera, inclusive,
questionamentos quanto à sua existência enquanto diagnóstico clínico.
Além do TDAH, as doenças psiquiátricas, como os transtornos de humor e
ansiedade, são comuns e identificadas com frequência. Para o tratamento desses
transtornos de humor e ansiedade, é comum a prescrição de benzodiazepíni-
cos, um dos psicotrópicos mais prescritos, com atividade ansiolítica, sedativa,
hipnótica, anticonvulsivante, relaxante muscular e coadjuvante anestésico.
Quando bem indicados, os benzodiazepínicos mostram-se úteis por apre-
sentarem rápido início de ação, poucos efeitos colaterais e boa margem de
segurança. O grande problema do seu uso indevido e indiscriminado é a me-
dicalização de problemas de vida ou pessoais, sociofamiliares e profissionais.
O uso contínuo de benzodiazepínicos pode provocar o fenômeno de to-
lerância, sendo necessárias doses cada vez mais altas para manter os efeitos
terapêuticos desejados. Assim, a dependência química torna-se um fenômeno
preocupante e comum, sendo que, muitas vezes, os usuários dependentes
relutam em retirar gradualmente a medicação, alegando alterações no padrão
de sono e repouso, como a insônia e ansiedade.

O Ministério da Saúde publicou os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de


diversas patologias. Esses protocolos contêm os conceitos gerais de diversas patologias,
os critérios de diagnóstico, o tratamento e os mecanismos de regulação, controle e
avaliação de caráter nacional e devem ser utilizados pelas Secretarias de Saúde dos
Estados, Distrito Federal e municípios na regulação do acesso assistencial, autorização,
registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes. Esses protocolos estão
disponíveis no portal do Ministério da Saúde com acesso por meio do link a seguir.

https://goo.gl/QnvcC4

Farmacêutico como agente de saúde


A implantação do SUS no fi nal da década de 1980 foi o primeiro modelo a
defi nir a assistência farmacêutica e a Política Nacional de Medicamentos
(PNM) (BRASIL, 2001) como parte integrante das políticas de saúde, pos-
sibilitando ao farmacêutico não só participar de maneira efetiva da saúde
pública, mas também atuar como um agente nos serviços relacionados à
Medicalização da sociedade 293

saúde. Assim, a Lei nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990, determina que, no


campo de atuação do SUS, estão incluídas a vigilância sanitária e farmaco-
epidemiológica e a assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica
(BRASIL, 1990).

Segundo a Portaria nº. 3.916, de 30 de outubro de 1998, a assistência farmacêutica


é definida como o grupo de atividades relacionadas ao medicamento, destinadas a
apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. A assistência farmacêutica
envolve (BRASIL, 1998):
 o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas
construtivas;
 a conservação e o controle de qualidade;
 a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos;
 o acompanhamento e a avaliação da utilização;
 a obtenção e a difusão de informação sobre medicamentos;
 a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade
para assegurar o uso racional de medicamentos.

O uso racional de medicamentos é considerado um dos elementos-chave


recomendados pela OMS para as políticas de medicamentos. De forma con-
trária, o crescimento excessivo no uso de medicamentos em muitos países tem
sido apontado como uma importante barreira para o alcance do uso racional
de medicamentos (ESHER; COUTINHO, 2017).
Desenvolvida pela OMS no final de 1970, quando o mundo vivia um
crescimento da indústria farmacêutica, a PNM do Brasil define uso racional
de medicamentos como (BRASIL, 2001):

 o processo que compreende a prescrição apropriada;


 a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis;
 a dispensação em condições adequadas;
 o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no período
de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade,
e sua promoção faz parte de uma das diretrizes prioritárias.

Diante da medicalização da sociedade moderna e das consequências dessa


prática, o farmacêutico desempenha o papel de facilitador para o paciente
294 Medicalização da sociedade

e sua família, promovendo seu empoderamento em relação à terapêutica


medicamentosa. Além disso, a promoção do uso racional de medicamentos é
um tema complexo e que perpassa diversas variáveis, como:

 marketing da indústria farmacêutica;


 combate ao uso indiscriminado;
 deficiência de informações.

A promoção do uso racional de medicamentos envolve as medidas a seguir


indicadas (BRASIL, 2001):

 campanhas educativas com vistas a estimular o uso racional de medi-


camentos e a diminuição da automedicação;
 registro e uso de medicamentos genéricos;
 farmacoepidemiologia e farmacovigilância, a fim de avaliar a real
necessidade da utilização dos medicamentos;
 promoção das práticas integrativas e complementares.

A Organização Pan-Americana de Saúde traz as seguintes definições:


 Farmacoepidemiologia — estudo do uso e dos efeitos de medicamentos em
muitas pessoas.
 Farmacovigilância — ciência e atividades relativas à identificação, avaliação, com-
preensão e prevenção de efeitos adversos ou qualquer outro problema relacionado
a medicamentos.

Além dessas ações, o conceito de uso racional de medicamentos se mate-


rializa como política pública por meio da implementação da lista de medica-
mentos essenciais. Esses medicamentos satisfazem às necessidades prioritárias
da saúde da população e devem ser utilizados seguindo uma determinada
racionalidade, sendo selecionados por critérios de eficácia, segurança, con-
veniência, qualidade e comparação de custo favorável. A Portaria nº. 1.897, de
26 de julho de 2017, estabeleceu a Rename no SUS por meio da atualização
do elenco de medicamentos e insumos (BRASIL, 2017).
Medicalização da sociedade 295

A Rename é um instrumento para garantia da assistência farmacêutica e para a pro-


moção do uso racional de medicamentos. Saiba mais no link a seguir.

https://goo.gl/Bq6XeF

A promoção do uso racional dos medicamentos envolve toda a equipe de


saúde. Entretanto, o farmacêutico é o profissional que possui o entendimento
das diversas dimensões que os medicamentos assumem e deve atuar como
referência quanto a informações sobre eles. Por isso, esse profissional possui
o importante papel de fomentar esse debate com a própria equipe, com os
usuários e com a comunidade.
Nesse contexto, podemos citar a Política Nacional de Assistência Far-
macêutica, que é parte integrante da Política Nacional de Saúde, envolvendo
um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde,
tendo o medicamento como insumo essencial, visando ao acesso e ao seu
uso racional e garantindo os princípios da universalidade, integralidade e
equidade. A Portaria nº. 3.916, de 30 de outubro de 1998, determinou as ações
que têm por objetivo implementar, no âmbito das três esferas do SUS, todas as
atividades relacionadas à promoção do acesso da população aos medicamentos
essenciais (BRASIL, 1998).
Assim, o farmacêutico possui importância fundamental nesse processo,
uma vez que é o agente responsável pelos elementos constitutivos da prática
da atenção farmacêutica:

 educação em saúde (incluindo a promoção do uso racional de


medicamentos);
 orientação farmacêutica;
 dispensação;
 atendimento farmacêutico;
 acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico;
 registro sistemático das atividades, mensuração e avaliação dos resultados.
296 Medicalização da sociedade

A assistência farmacêutica se configura como a interação direta do farmacêutico com o


usuário, visando a uma farmacoterapia racional e à obtenção de resultados definidos e
mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida do paciente e da população.

O farmacêutico, atuando na prática da atenção farmacêutica e na promoção


do uso racional de medicamentos, exerce um papel de educador em saúde e de
promotor das atividades desmedicalizantes em relação à cultura da população
e dos profissionais.
Quando informa e orienta sobre a utilização dos medicamentos, torna
presente a noção de riscos e de efeitos colaterais e contribui para reduzir a
lógica estanque de que, para cada sintoma, há um medicamento correspondente.
Além disso, as novas abordagens em saúde com foco na promoção e proteção
da saúde incluem a utilização das práticas integrativas complementares,
de acordo com as diretrizes da Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC). Nesse contexto, o profissional farmacêutico pode
contribuir, de forma decisiva, para as ações que se relacionam com essas
práticas integrativas em saúde, como a orientação dos pacientes e dos demais
profissionais de saúde.

Práticas integrativas e complementares


A PNPIC, publicada em 2006, instituiu no SUS abordagens de combate à
medicalização e de cuidado integral à população por meio de outras práticas
que envolvem recursos terapêuticos diversos (BRASIL, 2006). Essa política
segue a preconização da OMS para o reconhecimento e a incorporação das
medicinas complementares nos sistemas nacionais de saúde.
Assim, sua implementação envolve justificativas de natureza política, técnica,
econômica, social e cultural. Atende, sobretudo, à necessidade de se conhecer,
apoiar, incorporar e implementar experiências que vêm sendo desenvolvidas
na rede pública de muitos municípios e Estados, entre as quais destacam-se:

 medicina tradicional chinesa;


 acupuntura;
 homeopatia;
 fitoterapia;
Medicalização da sociedade 297

 medicina antroposófica;
 termalismo-crenoterapia.

Confira as 10 práticas integrativas ofertadas no SUS em 2018 (BRASIL, [2018b]):


 Apiterapia — método que utiliza produtos produzidos pelas abelhas nas colmeias,
como a apitoxina, geleia real, pólen, própolis, mel e outros.
 Aromaterapia — uso de concentrados voláteis extraídos de vegetais, os óleos
essenciais promovem bem-estar e saúde.
 Bioenergética — visão diagnóstica aliada à compreensão do sofrimento/adoeci-
mento, adota a psicoterapia corporal e exercícios terapêuticos. Ajuda a liberar as
tensões do corpo e facilita a expressão de sentimentos.
 Constelação familiar — técnica de representação espacial das relações familiares
que permite identificar bloqueios emocionais de gerações ou membros da família.
 Cromoterapia — utiliza as cores nos tratamentos das doenças com o objetivo de
harmonizar o corpo.
 Geoterapia — uso da argila com água que pode ser aplicada no corpo. Usada em
ferimentos, cicatrização, lesões e doenças osteomusculares.
 Hipnoterapia — conjunto de técnicas que, por meio de relaxamento e concentra-
ção, induz a pessoa a alcançar um estado de consciência aumentado que permite
alterar comportamentos indesejados.
 Imposição de mãos — imposição das mãos próximas ao corpo da pessoa para
transferência de energia para o paciente. Promove bem-estar, diminui estresse
e ansiedade.
 Ozonoterapia — mistura dos gases oxigênio e ozônio por diversas vias de adminis-
tração com a finalidade terapêutica de promover a melhoria de diversas doenças.
Usado na odontologia, neurologia e oncologia.
 Terapia de florais — uso de essências florais que modifica certos estados vibratórios.
Auxilia no equilíbrio e na harmonização do indivíduo.

Ao atuar nos campos da prevenção de agravos e da promoção, manutenção


e recuperação da saúde baseada em modelo de ampliação do acesso, atenção
humanizada e centrada na integralidade do indivíduo, a PNPIC contribui para
o fortalecimento dos princípios fundamentais do SUS.
298 Medicalização da sociedade

1. O termo medicalização consumo nas doses indicadas, nos


pode ser definido como:  intervalos definidos e no período de
a) uso excessivo de medicamentos tempo indicado de medicamentos
sem a prescrição médica. eficazes, seguros e de qualidade?
b) automedicação. a) Medicalização.
c) polifarmácia. b) Farmaceuticalização.
d) uso indiscriminado de c) Uso racional de medicamentos.
medicamentos. d) Atenção farmacêutica.
e) uso racional de medicamentos. e) Seguimento farmacoterapêutico.
2. Atualmente, o Brasil é o segundo 4. A assistência farmacêutica trata de
maior consumidor mundial do um conjunto de ações voltadas à
metilfenidato, substância ministrada promoção, proteção e recuperação
a crianças e adolescentes com da saúde, tanto individual quanto
dificuldades na escolarização, coletivo, tendo o medicamento
sejam de comportamento ou de como insumo essencial e visando
aprendizagem.  Além disso, os ao acesso e ao seu uso racional.
benzodiazepínicos configuram-se Assinale a alternativa que descreve
como uma das classes de as ações do farmacêutico como
medicamentos amplamente agente de saúde no processo
comercializadas. Essas informações de desmedicalização.
pretendem trazer para discussão a) A substituição de medicamentos
na sociedade uma reflexão sobre: de referência por medicamentos
a) medicalização da sociedade. similares, mais baratos.
b) medicação da sociedade. b) A prescrição de medicamentos
c) acesso universal e igualitário isentos de receita durante
na assistência farmacêutica. a consulta farmacêutica.
d) universalidade, equidade c) A dispensação de dois ou
e igualdade. mais medicamentos.
e) uso racional de medicamentos d) A notificação dos efeitos
e farmácia clínica. adversos relacionados
3. Qual dos seguintes conceitos aos medicamentos
envolve a prescrição apropriada; (farmacovigilância).
a disponibilidade oportuna e a e) A substituição de
preços acessíveis; a dispensação medicamentos prescritos
em condições adequadas; e o por práticas integrativas.
Medicalização da sociedade 299

5. Assinale a alternativa que apresenta c) Utilização de medicamentos


práticas desmedicalizantes. injetáveis.
a) Utilização de práticas integrativas d) Não adesão ao programa de
e complementares, como a vacinação na primeira infância.
acupuntura e homeopatia. e) Substituição dos tratamentos
b) Não adesão ao tratamento. convencionais por chás
ou ervas naturais. 

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Recomendação nº. 019, de 08 de outubro de 2015.


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300 Medicalização da sociedade

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