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RESUMO
A utilização de psicofármacos no Brasil vem crescendo nos últimos anos,
dessa forma, é indispensável investigar o emprego terapêutico dessas substâncias
na população, promovendo o uso racional de medicamentos. Através de uma
revisão de literatura o presente estudo objetiva analisar os determinantes que levam
os indivíduos a recorrerem à utilização de psicofármacos como forma de cura rápida
e indolor dos seus agravos e inquietações. Os altos índices de medicalização são
amparados no pensamento originário do século XVII de que o corpo é uma máquina,
um objeto; promovendo o alívio do sofrimento psíquico de forma imediata; mantendo
o ritmo de produção, as atividades e as interações sociais. Nesse sentido percebe-
se que hoje em dia não é mais permitido sofrer e que tudo deve ser tratado de forma
ágil e eficiente, sendo que os fatores sociais, culturais, biológicos, psicológicos,
comportamentais e étnicos contribuem para a utilização cada vez maior de
psicofármacos no combate primário dos agravos e inquietações da humanidade.
Graduação em Farmácia pela UPF - Universidade de Passo Fundo (2011). Especialização em Farmacologia e Interações
Medicamentosas pela UNINTER - Centro Universitário Internacional (2013). Acadêmica de Psicologia pela Faculdade
Meridional (IMED). Mestranda do Programa de Pós- Graduação Stricto sensu em Atenção Integral à Saúde
(Unicruz/Unijuí). E-mail: maribeux@hotmail.com
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Israel Kujawa – Professor da Escola de Psicologia, IMED, Brasil. Doutorando em Psicologia na no Programa de Pós-
Graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio grande do Sul - PPGPSI, UFRGS. E-mail:
israel@imed.edu.br
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ABSTRACT
The use of psychopharms in Brazil has been growing in recent year, therefore, it is
essential to investigate the therapeutic use of these substances in the population,
promoting the rational use of medicines. Though a literature review of the present
study aims to analyze the determinants that lead individuals to resort to the use of
psychopharms as a way quickly and painlessly their grievances and concerns
healing. High levels of medicalization are supported in thought originating XVII
century that the body is a machine, a goal, promoting the relief of psychological
distress immediately; keeping the pace of production, activities an social interaction.
In this sense it uis necessary a detailed study on the current reality of the
medicalization of life, take into account the idea that nowadays it is not allowed to
suffer and that everything must be dealt with quickly and efficiently, and that social,
cultural, biological , psychological, behavioral and ethnic factors contribute to the
increased use of psychotropic drugs in primary combat the grievances and concerns
of humanity.
1 INTRODUÇÃO
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diagnosticados como transtornos emocionais. Seu tratamento está relacionado à
prescrição farmacológica na grande maioria das vezes (SILVA, 2011).
Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2010) percebe-se uma tendência
à medicalizar conforme a necessidade da população, seja pela fluoxetina
(antidepressivo), quando se aborda a tristeza, seja para o metilfenidato (estimulante
do sistema nervoso central), quando a desatenção é evidenciada.
Seguindo essa linha, percebe-se hoje a ideia geral da população - que se
acostumou com essa modalidade de tratamento - de que médico bom é aquele que
prescreve. Desta maneira, sair do consultório sem uma receita em mãos é sinal de
que o médico não lhe deu atenção suficiente, ou então coloca-se à prova sua
competência profissional. Nesse sentido faz-se necessário um estudo sobre a
realidade atual da medicalização da vida, levando em conta a ideia de que hoje em
dia não se é permitido sofrer e que tudo deve ser tratado de forma ágil e eficiente.
Esse tipo de pensamento promove consequências sociais que devem ser estudadas
e analisadas, com intuito de servir de base para políticas de saúde com caráter
preventivo e aplicação dos resultados na sociedade. A fim de promovermos saúde
como sendo de fato um completo bem estar físico, mental e social, não apenas
ausência de doença (OMS, 1946).
Em vista do exposto, através de uma revisão teórica simples, este estudo
apresenta informações sobre os principais fatores que influenciam o adoecimento
dos indivíduos e sobre as formas de tratamento do sujeito. O primeiro ponto trata da
dor do viver no contexto do século XXI e do uso de psicofármacos, o segundo ponto
aborda os principais fatores que influenciam na opção por tratar as dores da
existência com a química farmacêutica.
2 DESENVOLVIMENTO
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significativo aumento na utilização de medicamentos psicotrópicos em vários Países
ocidentais nas últimas décadas (RODRIGUES et al., 2006). Segundo Grevet e
Cordioli (2000) ansiolóticos, hipnóticos, antidepressivos, estabilizadores do humor,
anticonvulsivantes e neurolépticos são os psicofármacos mais utilizados na prática
clínica (FERNANDES et al., 2012).
Estes medicamentos foram descobertos entre as décadas de 1940 e 1950,
com a utilização do lítio no tratamento das desordens psíquicas. Após a Segunda
Guerra Mundial, a especialidade médica psiquiátrica passou a tratar toda e qualquer
afecção mental – e não somente a loucura. A utilização de medicamentos em larga
escala é vista como um fenômeno complexo, polêmico e multifacetado, que segundo
Birman (2000) é denominado como a medicalização do social. Sob esse prisma, os
psicofármacos são utilizados atualmente para tratar todo e qualquer sentimento de
mal-estar, como por exemplo, “a tristeza, o desamparo, a solidão, a inquietude, o
receio, a insegurança, ou até mesmo a ausência de felicidade” (FERRAZA et al.,
2010, p. 382).
Com isso, a clínica psiquiátrica aposta nas novas rotulações diagnósticas e
em novos tratamentos inovadores para o sofrimento mental, dessa forma todo e
qualquer mal-estar psíquico vira doença, e doença, precisa e deve ser tratada com
substâncias químicas. Esse processo pode ser chamado de psiquiatrização da vida
social (FERRAZA et al., 2010). Isso vai além da tríade saúde-doença-cuidado, tendo
a utilização do medicamento como um fetiche para se viver bem em sociedade
(BRANDT; CARVALHO, 2012).
A elevada taxa de medicalização é amparada na idéia, oriunda do século
XVII, de que o corpo é uma máquina, um objeto; promovendo o alívio do sofrimento
psíquico de forma imediata; mantendo o ritmo de produção, as atividades e as
interações sociais (PINAFI, 2012). Em consequência, cresce na sociedade atual o
chamado uso abusivo de medicamento, indo contra o que é preconizado pela OMS,
exposto em 1985 na Conferência Mundial sobre Uso Racional de Medicamentos, em
Nairobi que diz
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Uma importante aliada à estratégia do Uso Racional de Medicamentos (URM)
foi aprovada no ano de 1998. É a chamada “Política Nacional de Medicamentos”, a
qual, destaca como principal objetivo garantir a segurança, a qualidade e eficácia
dos fármacos, bem como assegurar o acesso da população àqueles considerados
essenciais. Essas atividades estão vinculadas ao profissional farmacêutico, através
da Assistência Farmacêutica, com intuito de apoiar as ações em saúde emergentes
nas comunidades (IVAMA et al., 2002).
Na monografia intitulada “O Uso dos Psicofármacos na Clínica” desenvolvida
pelo Ministério da Saúde no ano de 1994 (p.24), é estabelecido os princípios
fundamentais que devem conduzira utilização dos psicofármacos. São eles:
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CAMARGO Jr, Kenneth Rochel. A Biomedicina. Physis: Rev. Saúde Coletiva, n.15
(suplemento), p.177-201, 2005.
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FERRAZA, D. A., et al. A banalização da prescrição de psicofármacos em um
ambulatório de saúde mental. Paidéia, v.20, n.47, 2010, p.381-391
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