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XVI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS

DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

Benefícios da Fisioterapia em Pacientes com Depressão

Nathalia Vilanova da Silva


Discente do Curso Fisioterapia
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá
nathy_especiais@hotmail.com

Fabiana Regina Henriques


Docente do Curso de Fisioterapia
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá
henriques.fabiana@yahoo.com.br

Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee.

Linha de pesquisa: Fisioterapia Neurofuncional, adulto e infantil.

Apresentação: Oral.

Resumo:

O presente artigo aborda sobre as contribuições da fisioterapia no tratamento de


doenças psíquicas. Este estudo objetivou mostrar os benefícios que a fisioterapia
pode proporcionar no tratamento de pacientes com diagnóstico de depressão,
tanto no processo de reabilitação como na prevenção, considerando uma visão
holística do paciente, corpo, mente e interação social. A pesquisa de abordagem
qualitativa apresenta uma revisão bibliográfica acerca da fisioterapia e das
doenças mentais, mais especificamente da depressão, feita através de livros
acadêmicos, artigos científicos e dados da OMS – Organização Mundial da
Saúde. Os resultados mostraram que a fisioterapia contribui de forma positiva no
processo de reabilitação dos pacientes que sofrem com a depressão, utilizando-
se de protocolos fisioterapêuticos específicos que trabalhem a atividade
psicomotora e relaxamentos, por exemplo. Entretanto, vimos que a área ainda é
pouco estudada, sendo necessário uma melhor integração do profissional
fisioterapeuta ampliando sua atuação na área de saúde mental junto a equipes
multidisciplinares.

Palavras-chave: Fisioterapia; Depressão; Saúde mental.

Abstract:

This article deals with the contributions of physiotherapy in the treatment of


psychic diseases. This study aimed to show the benefits that physical therapy
can provide in the treatment of patients diagnosed with depression, both in the

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rehabilitation process and in prevention, considering a holistic view of the patient,
body, mind and social interaction. The qualitative research presents a
bibliographical review about physiotherapy and mental illness, more specifically
depression, made through academic books, scientific articles and data from WHO
- World Health Organization. The results showed that physiotherapy contributes
positively. in the rehabilitation process of patients suffering from depression,
using specific physical therapy protocols that work on psychomotor activity and
relaxation, for example. However, we saw that the area is still poorly studied,
requiring better integration of the professional physical therapist expanding their
work in the area of mental health with multidisciplinary teams.

Key-words: Physiotherapy; Depression; Mental Health.

1. Introdução

O presente trabalho aborda sobre a atuação da fisioterapia na área da


saúde mental, mais precisamente em relação ao tratamento de depressão, que
atualmente é considerada um “mal do século” pelo fato de muitas pessoas terem
esse diagnóstico, e de doenças associadas. Segundo Barbosa e Silva (2013)
“prevê-se que a depressão passará do quarto lugar, que ocupava em 1990, para
o segundo lugar em 2020, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares”
(BARBOSA & SILVA, 2013, p.13). Com base nessas informações, pode-se
perceber o quanto essa doença vem se agravando e como é importante um
acompanhamento e tratamento nas diferentes áreas da saúde.
A escassez de estudos na área, a pouca inserção dessa categoria
profissional nos serviços de saúde mental, e o não reconhecimento
desse profissional pela equipe de Saúde Mental, demonstram a
necessidade de estudos que discutam as possíveis abordagens da
fisioterapia na saúde mental (BARBOSA; SILVA, 2013 p.13).

Para a elaboração deste trabalho foram feitas pesquisas em livros e artigos


científicos, trazendo informações importantes para o estudo dessa área que
interliga Fisioterapia e Depressão pouco enfatizada pela sociedade. Entretanto,
o assunto tem recebido uma atenção a mais devido ao aumento do número de
casos no decorrer dos anos, o que vem contribuindo para ampliar a visão da
sociedade sobre a importância de explorar as diversas áreas da saúde em prol
da saúde mental dos indivíduos.
De acordo com Silva; Pedrão e Miasso (2012) a Fisioterapia tem sido cada
vez mais importante na atuação junto a pacientes com transtornos mentais e
também para a equipe, pois proporciona ao paciente a aprimoração motora e
funcional, fazendo com que seus aspectos físicos sejam preservados e dessa
forma, tenha um avanço no tratamento, bem como em sua qualidade de vida.

A depressão afeta um número cada vez maior de pessoas, tendo status


de uma das doenças mais frequentes na atualidade, trazendo dor,
sofrimento tanto ao paciente, como suas respectivas famílias, gerando
um desequilíbrio na estrutura familiar e nas relações interpessoais
(MELO et al., 2011, p. 31).

O tema “saúde mental” é pouco enfatizado na área da Fisioterapia, por essa


razão acreditamos que seja de grande importância apresentar com base em

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estudos existentes o quanto essa área pode ser benéfica para o tratamento e até
mesmo a cura do indivíduo que sofre de depressão. A outra relevância do tema
se justifica pela contribuição e aprimoramento das práticas do fisioterapeuta que
pode acompanhar casos clínicos com diferentes patologias e sua prática poderá
colaborar para o bem e a integridade da saúde, tanto física quanto mental, visto
que ambas andam lado a lado.
A Fisioterapia pode contribuir muito para as demandas sociais da área de
saúde, pois oferece, além do tratamento fisioterapêutico, a possibilidade de
enxergar o paciente forma holística através de seu trabalho conjunto com
equipes multidisciplinares.

2. Objetivos

O presente estudo tem como objetivo geral apresentar a atuação da


Fisioterapia na saúde mental e os benefícios que ela pode trazer para o
tratamento da depressão, uma doença que tem se tornado cada vez mais
frequente entre as pessoas.
Os objetivos específicos compreendem: analisar o quanto a área da
fisioterapia pode ser explorada com diversas técnicas para o tratamento do
paciente portador do distúrbio mental; mostrar o quanto a fisioterapia pode
contribuir para a saúde tanto física como psicológica dos pacientes; e, por fim,
mostrar o quanto pode ser satisfatório trabalhar em conjunto com a equipe da
área da saúde mental, em busca de resultados positivos para o tratamento dos
pacientes.

3. Depressão

Segundo Humes (2016) a depressão não é necessariamente sinônimo de


tristeza, assim como a população e até alguns médicos acreditam ser, o que
acaba fazendo com que as pessoas assimilem apenas esse sintoma com a
doença, e não analisa o indivíduo em outros aspectos também importantes.
Alguns pacientes podem até mesmo não apresentar um quadro de tristeza e
ainda assim estar com depressão. O quadro depressivo se caracteriza por uma
síndrome com sintomas desde afetivos, até cognitivos e fisiológicos, obtendo
assim um conjunto variável de sintomas que cada indivíduo pode apresentar de
forma similar ou diferente, e a doença pode estar presente tanto de forma
isolada, episódio depressivo, crônica, persistente e também pode ser associada
com outros transtornos mentais.
Há uma grande prevalência de sintomas depressivos ao longo da vida o
que faz algumas pessoas com falta de informação pensarem que todos terão
esse episódio depressivo em algum momento, porém para se caracterizar um
episódio depressivo, normalmente a pessoa tem um quadro de sintomas
presentes por um tempo de pelo menos quinze dias para que se possa obter um
diagnóstico mais eficaz.
Segundo Humes (2016):
Mulheres apresentam um risco mais elevado para o desenvolvimento
da depressão, entre 1,5 e 3 vezes superior aos homens. Os sintomas
podem se iniciar em qualquer momento da vida, com pico de incidência
de primeiro episódio entre 20 e 30 anos de idade. (HUMES, 2016, p.
57)

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A depressão é uma síndrome psiquiátrica que apresenta etiologia
multifatorial, tendo papéis centrais de genética, ambientais, impacto do
temperamento e história de vida. Antes do Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais, a depressão apresentava divisões, sendo elas depressão
endógena, que teria alta carga biológica e também secundária a causa biológica,
e a depressão reativa que teria um menor impacto de vulnerabilidade biológica
e maior impacto de vulnerabilidade ambiental. Ainda assim, os marcadores
biológicos pesquisados nos últimos anos sugerem que essa divisão não é
adequada, sendo dessa forma, observados marcadores biológicos similares
entre pacientes com depressões endógenas e reativas. Alguns dos principais
marcadores biológicos são: variabilidade cardíaca, índices de adesividade
plaquetária, codificações genéticas de receptores serotoninérgicos, medicações
de neuroimagem e dosagens hormonais.

3.1. Sinais e Sintomas

Segundo Vigueiras (2014) a depressão é o estado psicológico reduzido que


tem associação com frequência de sentimento de tristeza, insatisfação, invalidez,
desmotivação, entre outros. É normal a pessoa se sentir triste algumas vezes,
mas quando esse sentimento persiste em por semanas, meses e até anos, ela
acaba causando uma desordem emocional e psicológica que leva a depressão.
Seu diagnóstico é realizado através de profissionais da saúde especializados no
assunto, e se dá através das características clínicas que evidenciam as
alterações de humor vitais, afetando sua saúde mental diretamente. O
diagnóstico é importante para que a tristeza normal do ser humano não seja
confundida com a depressão, até porque é comum que a pessoa tenha esse
sentimento por algum acontecimento ou motivo em sua vida. A doença apresenta
alguns sintomas bem característicos relacionados a dor e a história de vida,
porém estes são frequentes e não apresentam melhora sem intervenção no caso
de uma pessoa depressiva.
Segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde (2018) a depressão é
um transtorno comum em todo o mundo: estima-se que mais de 300 milhões de
pessoas sofram com ele. A condição é diferente em cada indivíduo, tratando-se
de humor, crises e das respostas emocionais de curta duração aos desafios da
vida cotidiana. Especialmente quando é de longa duração e com intensidade
moderada ou grave, a depressão pode se tornar uma crítica condição de saúde.
Ela pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no trabalho,
na escola, em meio familiar, relação com o (a) parceiro (a) e no seu ciclo de
amizades, implicando diretamente na sua vida pessoal, profissional, e social. Na
pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio, o que infelizmente tem
se tornado cada vez mais frequente nos dias atuais. Cerca de 800 mil pessoas
morrem por suicídio a cada ano - sendo essa a segunda principal causa de morte
entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos.
Um episódio depressivo pode ser categorizado como leve, moderado ou
grave, dependendo da intensidade dos sintomas para cada pessoa. Um
indivíduo com um episódio depressivo leve terá alguma dificuldade em continuar
um trabalho simples e atividades sociais, porém sem grande prejuízo ao
funcionamento global. Já durante um episódio depressivo grave, é improvável
que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou

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domésticas.
A OMS define depressão como um transtorno mental comum,
caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer,
oscilações entre sentimento de culpa e baixa autoestima, além de
distúrbios do sono ou do apetite. Também há a sensação de cansaço
e falta de concentração. (AGÊNCIA BRASIL, 2013, p.1.)

Assim, vimos a importância de obtermos cada vez mais informações


sobre esta doença que faz tantas pessoas sofrerem. As informações são
importantes para que possamos prevenir ou tratar através das diferentes
especialidades da área da saúde disponíveis.

3.2. Diagnóstico e Tratamento

Segundo Humes (2016) o diagnóstico da depressão é feito através de uma


entrevista com o paciente no ato da consulta e quando necessário são feitos
também exames laboratoriais para avaliar as condições mais prevalentes que
podem modificar o quadro e qual tipo de terapia se aplica, interventiva ou
medicamentosa. É comum serem solicitados exames como: hemograma
completo e função tireoidiana, que pode ser complementada com vitamina B12
e ácido fólico pelo fato destas carências poderem atrapalhar no uso e nas
respostas dos antidepressivos. Cada paciente obtém um diagnóstico
individualizado, cabendo ao profissional pedir exames complementares ou não,
e, quando necessário realizar uma investigação mais detalhada do quadro clínico
do paciente.
Segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde (2018) existem
tratamentos eficazes para depressão moderada e grave. Os profissionais de
saúde podem oferecer tratamentos psicológicos, como ativação
comportamental, terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia interpessoal
ou prescrição por psiquiatras de medicamentos antidepressivos. Os profissionais
da saúde devem ainda ter o conhecimento sobre os efeitos adversos associados
aos antidepressivos e a possibilidade de oferecer um outro tipo de intervenção
por conhecimentos técnicos ou pela demanda particular do tratamento em
questão. Entre os diferentes tratamentos psicológicos a serem considerados
estão os individuais ou em grupo, realizados por profissionais. Os tratamentos
visam o melhor para cada paciente, pois como mencionamos anteriormente cada
paciente tem um grau de depressão e consequentemente sente de formas
diferentes depressões leves, moderadas ou graves.

Na fase aguda da doença é muito comum serem prescritos


antidepressivos, medicamentos que aumentam os neurotransmissores
nas fendas sinápticas, nomeadamente a serotonina e a noradrenalina.
Existem diversas classes de antidepressivos, pelo que a sua escolha
deve ser feita tendo em conta o perfil do doente, tanto a nível fisiológico
como a nível socioeconómico. Contudo, os tratamentos existentes
apresentam muitas falhas sendo necessária a pesquisa de terapias
mais eficazes e com um início de ação mais rápido. (FERNANDES,
2014, p. 5)

Assim, vimos que o tratamento da depressão em geral pode ser tanto


medicamentoso como clínico. Com isso destacamos a importância da equipe
multidisciplinar para o tratamento do paciente como um todo, a fim de auxiliar

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não apenas na depressão, mas também com no intuito de evitar doenças
associadas ou doenças que possam ser desencadeadas decorrentes da
depressão.

4. Fisioterapia e Saúde Mental

De acordo com Silva; Pedrão e Miasso (2012) a participação de


profissionais ligados ao corpo, como os fisioterapeutas têm se tornado cada vez
mais necessário na atuação da saúde mental para tratamentos terapêuticos com
foco em minimizar alterações corporais que os portadores de transtornos
mentais apresentam, embora o estudo nessa área ainda seja pouco explorado.
A literatura traz que dentro das manifestações clínicas de algumas doenças
mentais ocorrem alterações na estrutura corporal, tais como dificuldade em
realizar determinados movimentos, tensões e rigidez musculares, alterações
posturais, alteração no padrão respiratório, entre outros. As alterações podem
ser tanto devido ao transtorno mental em si, como dos medicamentos
psicoterápicos utilizados para o tratamento, interferindo diretamente nas
atividades de vida diária e até mesmo na vida pessoal do paciente.
A fisioterapia possui algumas intervenções que podem auxiliar no
tratamento que contribuem para saúde do indivíduo, aprimorando a
funcionalidade motora e reestruturação dos aspectos físicos no processo de
reabilitação, favorecendo a melhora de relação e interação entre os pacientes.
Desta forma, podemos destacar a importância da atuação da fisioterapia
em diversos campos da saúde, inclusive na área da saúde mental.
Segundo Barbosa e Silva (2013) com base em estudos realizados, foi
possível observar a importância da atividade física e o papel da fisioterapia nos
transtornos mentais. A Fisioterapia tem como finalidade restaurar, desenvolver e
conservar a capacidade física do paciente, tendo em vista que as substâncias
dos medicamentos ministrados para tratamentos fisioterapêuticos ou
psiquiátricos podem causar diversos efeitos colaterais, assim como os hábitos
de vida do paciente devido a doença, comprometendo diretamente na
capacidade funcional. Além dos benefícios já citados, a fisioterapia também é
capaz de melhorar a marcha, o equilíbrio, a propriocepção, a postura, a
consciência corporal e, também a socialização do paciente através de terapias
realizadas.

[...]a Organização de Fisioterapia em Saúde Mental recomenda que os


fisioterapeutas sejam treinados para reconhecer e tratar
adequadamente os sintomas de doença mental grave, e que a
fisioterapia como tratamento complementar pode melhorar a saúde
física, mental e a qualidade de vida. (MATAMOROS et al., 2012 apud
BARBOSA E SILVA, 2013, p. 25)

A seguir abordaremos de forma específica os recursos da Fisioterapia


para o tratamento da depressão, ressaltando suas contribuições e importância.

4.1. Recursos da Fisioterapia para o tratamento da Depressão

De acordo com Silva; Pedrão e Miasso (2012) através de estudos


realizados em pacientes que se encontravam em internação psiquiátrica com

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quadro grave de depressão e outros transtornos mentais, pode se verificar a
eficácia de dois protocolos fisioterápicos, sendo um específico para atividade
psicomotora, treino de força e exercícios de resistência aeróbica, e o outro
protocolo voltado para atividades físicas de um modo geral e também
relaxamentos.
Depois de obter os resultados dos protocolos foi realizada uma comparação
entre ambos, onde mostrou uma melhora significativa em relação aos pacientes,
entre elas citamos: a autoestima, imagem corporal, força muscular, um melhor
desempenho cardiovascular e, também a melhora dos sintomas da depressão.
Observou-se que as sessões de fisioterapia com pacientes portadores de
sofrimentos psíquicos, proporcionaram mudanças em relação ao aspecto
emocional, expressão verbal, socialização, dores musculares, e sentimentos de
angústia com a inclusão de exercícios da terapia bioenergética. Os exercícios de
alongamento e relaxamento também melhoraram os níveis de ansiedade e
favoreceram a qualidade do sono dos pacientes. Desta forma, a fisioterapia
mostra através de sua prática quão significativa ela é para a reabilitação de
pacientes portadores de transtornos mentais.
Os recursos terapêuticos utilizados nas sessões de fisioterapia
compreendem técnicas de expressão corporal, exercícios de cinesioterapia,
exercícios posturais, relaxamento muscular, massagem terapêutica e atividades
de interação, ao fim de cada sessão uma dinâmica verbal entre os pacientes
pode ser aplicada com a finalidade de interação entre eles. Ao decorrer do
tratamento, são observadas as dificuldades dos pacientes em determinado
aspecto, e com base nisso é traçado novos objetivos, sendo eles mais
específicos para o tratamento dos pacientes, tais como: melhora da
funcionalidade motora, promoção do relaxamento, desenvolvimento da
consciência e expressão corporal, estimulo do contato corporal e a interação
entre os pacientes.
A compreensão dos aspectos psicológicos envolvidos no processo de
reabilitação é fundamental nas tarefas específicas da fisioterapia, já
que reabilitar é atingir os resultados plenos, ou seja, é atender o
paciente em suas necessidades físicas, psicossociais e emocionais.
(LIMA, 2012, p.58)

Dessa forma cada paciente é profundamente modificado pelo meio em que


ele está, com o grupo do qual ele participa e convive, e, a partir daí, cria
significados para o seu mundo pessoal.

5. Materiais e Métodos

O trabalho compreende uma revisão bibliográfica, utilizando-se de


informações disponíveis em livros acadêmicos, artigos científicos e dados da
OMS – Organização Mundial de Saúde que abordam sobre a fisioterapia e os
benefícios para a saúde mental, mais especificamente para o tratamento da
depressão. Para tanto foi realizada uma pesquisa de Abordagem Qualitativa que
se fundamenta em dados coletados nas interações interpessoais, na
coparticipação das situações dos informantes, analisadas com base teórica
buscando significação. Em pesquisas de Abordagem Qualitativa “o pesquisador
participa, compreende e interpreta” (CHIZZOTTI, 2000, p.52).
A pesquisa qualitativa propicia a utilização de métodos que auxiliem a uma

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visão mais abrangente dos problemas, pois supõe o contato direto com o objeto
de análise e um enfoque diferenciado para a compreensão da realidade.
Segundo Denzin e Lincoln (2006) a pesquisa qualitativa é um conjunto de
atividades práticas e interpretativas que dão visibilidade ao mundo uma vez que
cabe ao pesquisador apresentar o entendimento e/ou interpretação dos
fenômenos a partir dos significados que as pessoas atribuíram a ele. Conforme
destaca os autores:
A pesquisa qualitativa envolve o estudo do uso e a coleta de uma
variedade de materiais empíricos - estudo de caso; experiência
pessoal; introspecção; história de vida; entrevista; artefatos; textos e
produções culturais; textos observacionais, históricos, interativos e
visuais — que descrevem momentos e significados rotineiros e
problemáticos na vida dos indivíduos. Portanto, os pesquisadores
dessa área utilizam uma ampla variedade de práticas interpretativas
interligadas, na esperança de sempre conseguirem compreender
melhor o assunto que está ao seu alcance. (DENZIN E LINCOLN,
2006, p.17).

Assim, o método adotado viabiliza o esclarecimento de conceitos, teorias e


técnicas que tangem o universo fisioterapêutico e seus benefícios para o
tratamento da depressão possibilitando análise das informações e compreensão
dos pontos temáticos propostos nesta pesquisa pelos leitores.

6. Resultados e Discussão

Conforme informações obtidas na revisão bibliográfica apresentadas neste


artigo, a aplicação de intervenções fisioterapêuticas em pacientes depressivos
proporciona mudanças significativas em relação ao aspecto emocional, a
expressão verbal, ao processo de socialização e a redução dos sentimentos de
angústia, por exemplo.
Os principais autores que fundamentaram a temática deste artigo são
apresentados abaixo com um breve resumo de suas considerações acerca dos
benefícios da Fisioterapia na área da saúde mental.

Autores Considerações Teóricas


SILVA, Soraya Batista da; PEDRÃO, A Fisioterapia contribui, minimizando
Luiz Jorge; MIASSO, Adriana os comprometimentos corporais
Inocenti. (2012) causados pelos transtornos mentais,
promove benefícios físicos e
psíquicos, favorece a interação e as
possibilidades de reabilitação
psicossocial.
BARBOSA, Érika Guerrieri; SILVA, A fisioterapia pode promover
Edilene. (2018) respostas satisfatórias para o
tratamento dos pacientes de saúde
mental. Atua melhorando a marcha,
equilíbrio, postura, consciência
corporal, propriocepção, socialização
do paciente através de grupos

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HUMES; VIEIRA, JUNIOR (2016) Descreve a importância de atividades
físicas como por exemplo atividades
aeróbicas para colaborar no
tratamento de doenças psiquiátricas e
aponta, entre outras intervenções
fisioterapêuticas, a estimulação
magnética transcraniana que pode
proporcionar alterações dos efeitos
psicofisiológicos.
Fonte: Autora

Os exercícios de alongamento e relaxamento também melhoraram os


níveis de ansiedade e favoreceram a qualidade do sono dos pacientes, sintomas
estes também característicos da depressão.
Desta forma, a fisioterapia mostra através de sua prática quão significativa
ela é para a reabilitação de pacientes portadores de transtornos mentais. Vimos
que, os pacientes necessitam ser vistos de maneira holística, pois alterações
físicas podem influenciar aspectos emocionais e alterações emocionais podem
influenciar aspectos físicos. Nesse sentido a saúde do indivíduo está relacionada
ao equilíbrio físico, mental e social, equilíbrio este que a Fisioterapia possui
instrumentos e práticas que podem contribuir para o desenvolvimento do
indivíduo, para o tratamento ou prevenção de doenças.

7. Considerações Finais

Com base nos dados obtidos nesta pesquisa pode-se verificar a


importância da inserção do profissional fisioterapeuta na equipe multidisciplinar
da saúde mental, e os benefícios apresentados tanto para o paciente quanto
para a atuação do Fisioterapeuta, que tem a oportunidade de aprimorar sua
capacidade de atuação na área da saúde, área que acomete tantas pessoas nos
dias atuais, e portanto, sendo necessária uma equipe de profissionais que
possam reabilitar o paciente, e prevenir de possíveis comprometimentos
associados as doenças físicas e mentais.
A fisioterapia tem como objetivo de tratamento a reabilitação tanto mental
quanto corporal, ou seja, a conduta é realizada no intuito de proporcionar a
interação da mente com o corpo, fazendo com que o paciente tenha uma melhor
compreensão corporal e perceptiva sobre si mesmo. A fisioterapia permite que o
indivíduo seja capaz de descobrir suas capacidades físicas e mentais de forma
holística, ajudando-o na integração social e intelectual, bem como no
desenvolvimento da autoconfiança.
Apesar de ser uma área ainda escassa, vimos que o tratamento
fisioterapêutico apresenta resultados significativos para os pacientes em
tratamento da depressão e contribui de forma direta para a evolução do mesmo.
No entanto, é fundamental que esse assunto seja mais abordado e até mesmo
mais estudado para disseminar informações em prol de tratamentos que
beneficiem o paciente depressivo de forma mais abrangente.

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8. Referências

ASSIS, Rodrigo Deamo. Condutas práticas em fisioterapia neurológica. São


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BAHLS, Saint-Clair. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes.


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75572002000500004. Acesso em 20 fev. de 2019

BARBOSA, Érika Guerrieri; SILVA, Edilene. Aparecida Moreira. Fisioterapia na


saúde mental: uma revisão de literatura: Revista Saúde Física & Mental.
Disponível em:
ttps://revista.uniabeu.edu.br/index.php/SFM/article/view/1433/1039. Acesso em
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CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 5.ed. São Paulo:


Cortez, 2001. 164p.

DENZIN, N.K. e LINCOLN, S.L. A disciplina e a prática da pesquisa qualitativa.


In: DENZIN, N.K., LINCOLN, S.L. e col. O planejamento da pesquisa qualitativa.
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JÚNIOR, G. E. L. D. M. K. E. A. S. L. H. C. J. R. Z. Atividade física e depressão:


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VIGUEIRAS, Evelyn; Psicologia da Saúde: Edição. São Paulo: Pearson


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