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RESTRITIVO EVITATIVO
O QUE É
E COMO A
NUTRICIONISTA
PODE ATUAR
A ideia era ter conhecimento para atuar no ramo de alimentação, mas no final do curso realizei
estágio na Hebiatria da Faculdade de Medicina de Santo André e lá eu sabia o que eu queria ,
sonhava em ter uma Combi cheia de comidas gigantes para através de jogos e brincadeiras ensinar
crianças e adolescentes sobre alimentação nutritiva.
5 anos depois da minha formação, quando questionei muito sobre a atuação da nutrição clínica, fui
buscar conhecimento área da nutrição comportamental e me apaixonei pela nutrição clínica com
essa abordagem acolhedora, e a partir daí pensava em atuar com as famílias. Neste projeto que
estava nascendo , encontrei os meus futuros sócios que atendia crianças com dificuldades
alimentares, mas que precisavam de uma nutricionista para atuar.
No mesmo momento eu disse sim, porém eu só tinha estudado sobre o que a criança deveria comer,
não que ela não come.
Deste momento em diante começou a minha busca por conhecimento pela seletividade alimentar, e
então fui desenhando protocolos de atuação, criando materiais baseado em artigos e literatura
estrangeira.
Atualmente atuo apenas com crianças com dificuldades alimentares em atendimentos individuais e
em grupo, e ensino nutricionistas o universo incrível da terapia alimentar.
A terapia alimentar possibilitou que eu pudesse atuar de forma inovadora, de acolhimento á criança
e a família, praticando um nutrição gentil e ajudando crianças a ter uma boa relação com a
alimentação.
Nutricionista Clínica Comportamental Pediátrica graduada pela Faculdades Integradas de Santo André (FEFISA)
Especialista em Nutrição Pediátrica pela Faculdade de Medicina da USP
Especialista em Gastronomia Funcional pela Faculdade Método de São Paulo (FAMESP),
Idealizadora do Núcleo de Nutrição e Desenvolvimento Infantil Pape&Brinque realiza atendimentos clínicos com
enfoque no comportamento alimentar em crianças e adolescentes, promove cursos, criação de materais para
atendimento clínico, assessoria e consultoria em Educação Nutricional Infantil e Alimentação Escolar e aulas de
culinária saudável pela Escola Tratto Atelier e Cenag -Mogi das Cruzes, Oficinas culinárias no SESC.
Possui diversos cursos na área de nutrição comportamental , nutrição no TEA, TARE (AMBULIM )
APRESENTAÇÃO
Você sabe qual a diferença entre seletividade alimentar e o TARE? Se a reposta for
NÂO, este livro irá te ajudar de uma vez por todas a compreender sobre o assunto.
Sempre digo que se o assunto é alimentação, então a nutricionista deve estar lá para
atuar. Eu espero que este e-book lhe auxilie e possa auxiliar outras crianças de
alguma forma.
Boa leitura
A maneira disfuncional de processar os estímulos dos alimentos, por sua vez, faz com
que a criança portadora deste distúrbio, restrinja a sua alimentação de acordo com as
suas preferências sensoriais.
O TARE apresenta subdivisões, embora estas não tenham sido reconhecidas, mas que
são abordadas em diferentes estudos. Estas sub classificações são propostas através
do surgimento de sintomas gerais associados à condições médicas, e ou de ansiedade
alergias alimentares e ou Síndrome do Espectro Autista associados ao padrão de
ingestão de alimentos, que podem estar associados ao TARE:
De acordo com o DSM V(2013), e a CID 11, que entra em vigência no dia 1 de janeiro
de 2022, o critério diagnóstico para o TARE é resultante do comportamento alimentar
que impossibilita o corpo em receber a quantidade de nutrientes e ou energia
adequados para manutenção da saúde resultando em perda de peso importante, ou
déficit de ganho de peso ou altura adequada para idade; e ou importante carência
nutricional; e ou necessidade de alimentação via enteral ou suplementação via oral ; e
ou distúrbios sociais e emocionais associados ao padrão da alimentação. Não são
critérios diagnóstico para o TARE: a falta de acesso ao alimento tanto por religião ou
cultura; não está associado a transtornos de ordem de anormalidades explicadas pela
preocupação com o peso e a forma corporal; não pode ser justificado por um estado
de saúde do indivíduo ou por outras doenças coexistentes.
Para que seja realizado o diagnóstico de TARE, é recomendado que se tenha o total
conhecimento da história alimentar do paciente, assim como seu estado nutricional e
emocional, para compreender de que maneira sua condição impacta na sua saúde e
bem estar.
Prevalência do TARE
O estudo de triagem de corte para o TARE realizado por DInkler e. col. (2022)
desenvolveu um questionário por especialistas da área, incluindo os critérios de
diagnóstico para o transtorno, adicionados a três fatores que segundo o DMS 5,
explicam a recusa alimentar: a falta do interesse em comer, a fobia alimentar e
sensibilidade sensorial. O estudo procurou saber também dentre as crianças com
dificuldades físicas e ou transtornos psicossociais apresentaram o TARE. Em uma
amostra de 3.728 crianças japonesas, de idade entre 4 a 7 anos, apenas 1,3% dessa
população positivaram para TARE, sendo que metade delas apresentam os critérios de
prejuízo psicossocial relacionado ao transtorno, e a outra metade, as com deficiência
física e psicossocial, apresentaram menor peso corporal e estrutural. Os
comportamentos mais relevantes apontados pelo estudo para a recusa alimentar
foram a sensibilidade oral e respectivamente a falta de interesse em comer. O mesmo
autor cita que há apenas 8 grandes estudos (Dinkler, e. col. apud Chen, Chen, Lin,
Shen e Gau, 2019; Chua,Fitzsimmons-Craft, Austin, Wilfley e Taylor, 2021; Fitzsimmons-
Craftet al., 2019; Hay et al., 2017; Hilbert, Zenger, Eichler e Brahler, 2021;Kurz, van
Dyck, Dremmel, Munsch e Hilbert, 2015; Schmidt, Vogel,Hiemisch, Kiess e Hilbert, 2018)
que correlacionam as características citadas acima que traduzem a estimativa do
AIRFID na população geral (adultos e crianças), mas que variam no percentual de 0,3%
a 5,5%. Esta variação de resultado, segundo o autor, é explicada pelas diferentes
ferramentas de avaliação, ressaltando que nenhum dos instrumentos de avaliação
para triagem do diagnóstico de TARE são clinicamente comprovados.
Por medo de ter que ingerir alimentos que não são suportáveis à elas, ou estarem
expostas à pressão de familiares, amigos e ou colegas, crianças com TARE, deixam de
frequentar ambientes familiares e sociais como festas, reuniões e viagens, por fim
comprometendo as relações sociais nelas envolvidas.
A alimentação restritiva na infância foi correlacionada com um alto fator de risco para
a incidência de sintomas psiquiátricos, segundo estudos. Estes sugerem que crianças
com TARE exibem maior probabilidade de desenvolver patologias quanto às
dificuldades que expressam a relação com o próprio indivíduo, como raiva , tristeza,
medo, resultando em maiores danos emocionais e sociais.
Consequências nutricionais que acometem crianças TARE
Pacientes com TARE podem apresentar sintomas agudo de desnutrição, tais como
fadiga, tontura, síncope, dores abdominais, constipação, intolerância ao frio ,
amenorreia, pele seca , perda de cabelo, bradicardia, caquexia, hipotermia e
hipotensão.
Deficiência de vitamina B1, B2, B12, C, K , zinco, potássio, e ferro são mais comuns
observadas em crianças com TARE. Visto que a criança encontra-se em uma intensa
fase de crescimento, uma dieta restritiva pode resultar em problemas de saúde e de
desenvolvimento.
Edema e desnutrição
Hiper-homocisteinemia, anemia
megaloblástica ou macrocítica, fraqueza,
Alimentos proteicos Vitamina B12
dormência nas mãos e nos pés,
de origem animal (Cobalamina)
dificuldades para andar ou instabilidade,
constipação, anorexia, confusão,
memória deificiente, mudança de humor,
psicose,e desconforto na boca e na
língua
Hiper-homocisteinemia,anemia
megaloblástica ou macrocítica,,fadiga
persistente, palidez, palpitações,
Frutas e vegetais Folato dispneia, dores de cabeça, úlceras na
boca, baixa concentração, perda de
peso e irritabilidade
Gordura animal e
Vitamina E Estresse oxidativo
vegetal
Consequências nutricionais que acometem crianças TARE
Fontes:(Brigham et al. 2018; Feillet e. col. 2019; Dratwa e. col. 2022, Guia Alimentar de Dificuldades Alimentares -
Departamento Científico de Nutrologia Brasileira (2022) adaptado e traduzida pelo autor
O tratamento do transtorno alimentar restritivo evitativo deve ser realizado por equipe
multidisciplinar quando requerer tratamento ambulatorial. Esta equipe deve ser
composta por médico e um profissional clínico que atende saúde mental, de acordo
com as necessidades especiais do paciente, que podem ser diferentes, se fará
necessário incluir os profissionais especialistas: nutricionista, gastroenterologista
pediátrico, terapeuta ocupacional e ou fonoaudiólogos.
Nos transtornos alimentares o tratamento realizado pelo nutricionista, não deve ser
baseado em princípios em que o paciente seja tratado com regras rígidas, como
dietas prescritivas, pois prescrições restritivas, são uns dos principais motivos que
desencadeiam e mantêm o transtorno alimentar.
Para um manejo terapêutico coerente, o plano deve ser elaborado em conjunto com
os profissionais envolvidos, desenvolvendo suas estratégias, referente a cada campo
de atuação, e este deve ser elaborado de acordo com a idade do paciente, incluindo
como parte da terapia o envolvimento de pais e cuidadores.
Pacientes com TARE, podem apresentar peso normal, ou até mesmo o peso acima do
esperado para idade. Nestes casos é necessário que as intervenções terapêuticas
nutricionais sejam baseadas na introdução de alimentos adequados, visando diminuir
o consumo de alimentos ultraprocessados.
Brigham, K.S.; Manzo, L.D.; Eddy, K.T.; Thomas, J.J. Evaluation and Treatment of
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Dinkler, L.; Yasumitsu-Lovell, K.; Eitoku, M.; Fujieda, M.; Suganuma, N.; Hatakenaka, Y.;
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