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TRANSTORNO ALIMENTAR

RESTRITIVO EVITATIVO

O QUE É
E COMO A
NUTRICIONISTA
PODE ATUAR

Luciana Scudeler Fernandes


Sobre a autora
Já andei muito por aí: Minha primeira formação foi em Educação Física, na época atuei na
Educação Infantil e acampamentos e amava o que fazia.
Por circunstâncias da vida acabei assumindo o restaurante da família e nesta época comecei a
minha graduação em Nutrição (2012).

A ideia era ter conhecimento para atuar no ramo de alimentação, mas no final do curso realizei
estágio na Hebiatria da Faculdade de Medicina de Santo André e lá eu sabia o que eu queria ,
sonhava em ter uma Combi cheia de comidas gigantes para através de jogos e brincadeiras ensinar
crianças e adolescentes sobre alimentação nutritiva.
5 anos depois da minha formação, quando questionei muito sobre a atuação da nutrição clínica, fui
buscar conhecimento área da nutrição comportamental e me apaixonei pela nutrição clínica com
essa abordagem acolhedora, e a partir daí pensava em atuar com as famílias. Neste projeto que
estava nascendo , encontrei os meus futuros sócios que atendia crianças com dificuldades
alimentares, mas que precisavam de uma nutricionista para atuar.

No mesmo momento eu disse sim, porém eu só tinha estudado sobre o que a criança deveria comer,
não que ela não come.

Deste momento em diante começou a minha busca por conhecimento pela seletividade alimentar, e
então fui desenhando protocolos de atuação, criando materiais baseado em artigos e literatura
estrangeira.

Atualmente atuo apenas com crianças com dificuldades alimentares em atendimentos individuais e
em grupo, e ensino nutricionistas o universo incrível da terapia alimentar.

A terapia alimentar possibilitou que eu pudesse atuar de forma inovadora, de acolhimento á criança
e a família, praticando um nutrição gentil e ajudando crianças a ter uma boa relação com a
alimentação.

Nutricionista Clínica Comportamental Pediátrica graduada pela Faculdades Integradas de Santo André (FEFISA)
Especialista em Nutrição Pediátrica pela Faculdade de Medicina da USP
Especialista em Gastronomia Funcional pela Faculdade Método de São Paulo (FAMESP),
Idealizadora do Núcleo de Nutrição e Desenvolvimento Infantil Pape&Brinque realiza atendimentos clínicos com
enfoque no comportamento alimentar em crianças e adolescentes, promove cursos, criação de materais para
atendimento clínico, assessoria e consultoria em Educação Nutricional Infantil e Alimentação Escolar e aulas de
culinária saudável pela Escola Tratto Atelier e Cenag -Mogi das Cruzes, Oficinas culinárias no SESC.
Possui diversos cursos na área de nutrição comportamental , nutrição no TEA, TARE (AMBULIM )
APRESENTAÇÃO

Você sabe qual a diferença entre seletividade alimentar e o TARE? Se a reposta for
NÂO, este livro irá te ajudar de uma vez por todas a compreender sobre o assunto.

Em 2018 comecei a minha prática clínica atendo crianças e adolescentes com


restrições alimentares. Naquela época, pouco eu sabia sobre o assunto, e a cada dia
que passava, era comum receber crianças em meu consultório com extrema
dificuldade de se alimentar. Desde de então eu fui adquirindo conhecimento nesta
área e ao longo do tempo fui recebendo muitas famílias com o histórico de
informações e condutas terapêuticas desajustadas. A grande questão é que
infelizmente os profissionais de saúde não tinham acesso ás condutas adequados pois
até então, não se tinha clareza dos mecanismos envolvidos no Transtorno Alimentar
Restritivo Evitativo, o TARE.

Então em 2019 observei um aumento gradual no atendimento de crianças com


seletividade alimentar e hoje 100% dos clientes que eu atendo fazem parte desta
demanda. Com o aumenta da procura, entendi que era o momento de compartilhar a
minha experiência e os estudos que eu adquiri ao longo desses anos, para que novas
(os) profissionais possam suprir essa necessidade do mercado.

Além de trazer as últimas referências científicas da área, do qual eu disponibilizo no


final da sua leitura, este E-book lhe proporcionará informações atualizadas sobre o
assunto que serão agregadas á sua prática clínica.

Embora não seja responsabilidade do nutricionista diagnosticar o TARE, é de extrema


importância reconhecer os aspectos envolvidos no diagnóstico, e qual o nosso papel
no tratamento, para que nós nutricionistas, assim possamos adequar e otimizar a
nossa prática clínica , assim como acolher as famílias que tanto precisam de apoio.

Sempre digo que se o assunto é alimentação, então a nutricionista deve estar lá para
atuar. Eu espero que este e-book lhe auxilie e possa auxiliar outras crianças de
alguma forma.

Boa leitura

Luciana Scudeler Fernandes


Você sabe o que é TARE

O Transtorno Alimentar restritivo/evitativo, o TARE é um transtorno alimentar


caracterizado por disfunções no comportamento alimentar de ordem psiquiátrica.
Avoidant/restrictive food intake disorder (ARFID), sigla em inglês, foi incluído em 2013,
na quinta edição do Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5)
como diagnóstico de doença mental, e na décima primeira edição revisada da
Classificação Internacional de Doenças (CID) em 2018. Este novo critério diagnóstico,
amplia e reformula o diagnóstico provisório no DSM- IV Feeding disorder of infancy
and early childhood (FEDIC), em sua tradução, Distúrbio Alimentar Infantil, aplicado
para investigação de alterações do comportamento alimentar em crianças maiores de
6 anos.

O TARE é uma desordem psiquiátrica, caracterizada pela evitação de determinados


alimentos, podendo ser grupos alimentares inteiros, e ou baixa ingestão alimentar. Na
maioria dos casos é um transtorno que se desenvolve na infância, e se não tratado
pode perdurar até a idade adulta.

A alimentação é um processo heterogêneo que depende da integração e interação


do sistemas gastrointestinal, respiratório, cardíaco, mecanismo orofaríngeo, suporte
das estruturas do crânio, do músculo esquelético e do sistema nervoso central e
periférico. Para que a interação ocorra adequadamente, a criança necessita dominar
e adquirir habilidades adequadas para cada estágio de desenvolvimento e
adequação fisiológica. Qualquer descontinuação desta aprendizagem pode levar a
criança a risco de desenvolvimento de desordens alimentares.

O medo da consequência de situações aversivas provocadas por engasgos, vômitos,


ou dores gastrointestinais, podem levar o indivíduo à restrição alimentar e ao
desenvolvimento do TARE Para essas pessoas, a situação negativa que viveu
relacionada com a alimentação predispõe ao desenvolvimento de ansiedade frente
ao novo alimento, levando a recusa generalizada, evitando classes alimentares,
podendo evitar até alimentos sólidos.

A falta de interesse pelo alimento ou em comer, é frequente em pessoas com TARE.


Esses indivíduos possuem baixo apetite e comer pode ser uma tarefa árdua e sem
prazer, resultando em baixa ingesta alimentar.

Transtornos de ansiedade, transtornos depressivos, transtorno de déficit de atenção e


hiperatividade, transtorno do espectro autista (TEA) e transtorno do processamento
sensorial estão associados ao aparecimento do ARFID.

A recusa do alimento pode estar associada a alta sensibilidade às propriedades


sensoriais dos alimentos como o sabor, textura, temperatura, cheiro e a aparência. Em
pacientes com TEA a esquiva alimentar, relaciona-se com a disfunção do
processamento sensorial, onde a capacidade da criança em armazenar, processar e
organizar os estímulos sensoriais do meio para assim efetuar uma resposta para o
mesmo, podem gerar respostas de hiper ou hipossensibilidade.
Você sabe o que é TARE

A maneira disfuncional de processar os estímulos dos alimentos, por sua vez, faz com
que a criança portadora deste distúrbio, restrinja a sua alimentação de acordo com as
suas preferências sensoriais.

O TARE apresenta subdivisões, embora estas não tenham sido reconhecidas, mas que
são abordadas em diferentes estudos. Estas sub classificações são propostas através
do surgimento de sintomas gerais associados à condições médicas, e ou de ansiedade
alergias alimentares e ou Síndrome do Espectro Autista associados ao padrão de
ingestão de alimentos, que podem estar associados ao TARE:

comedor exigente: limita a variedade de ingestão de alimentos associada à falta


de apetite ou baixo interesse em comer.
comedor fóbico: evitam o alimento relacionado á um medo referente a um trauma,
dor, evento específico ou as consequências desfavoráveis relacionado à
alimentação
comedor com variedade limitada: evita alimentos de características sensoriais
específicas.

De acordo com o DSM V(2013), e a CID 11, que entra em vigência no dia 1 de janeiro
de 2022, o critério diagnóstico para o TARE é resultante do comportamento alimentar
que impossibilita o corpo em receber a quantidade de nutrientes e ou energia
adequados para manutenção da saúde resultando em perda de peso importante, ou
déficit de ganho de peso ou altura adequada para idade; e ou importante carência
nutricional; e ou necessidade de alimentação via enteral ou suplementação via oral ; e
ou distúrbios sociais e emocionais associados ao padrão da alimentação. Não são
critérios diagnóstico para o TARE: a falta de acesso ao alimento tanto por religião ou
cultura; não está associado a transtornos de ordem de anormalidades explicadas pela
preocupação com o peso e a forma corporal; não pode ser justificado por um estado
de saúde do indivíduo ou por outras doenças coexistentes.

Considera-se o TARE de causa multifatorial que acomete a saúde fisiológica,


psicológica e social da criança. O seu desenvolvimento pode estar relacionado a
sintomas gastrointestinais, histórico de vômitos, alergias alimentares, doenças
respiratórias, cardiopatias, prematuridade, doenças neurológicas. O hábito alimentar
familiar, assim como a condução da alimentação podem contribuir para a
manutenção do transtorno.

Para que seja realizado o diagnóstico de TARE, é recomendado que se tenha o total
conhecimento da história alimentar do paciente, assim como seu estado nutricional e
emocional, para compreender de que maneira sua condição impacta na sua saúde e
bem estar.
Prevalência do TARE

O conhecimento sobre a prevalência em crianças ainda é insuficiente. A inclusão do


diagnóstico recente,a falta de instrumentos de rastreio para o diagnóstico do
transtorno, colaboram para a divergência de resultados nos estudos realizados até
agora. As ferramentas de triagem utilizadas até o momento, são dispares no foco de
interesse: enquanto algumas avaliam os critérios de diagnóstico para o TARE com
enfoque nas consequências do transtorno, outras avaliam o comportamento
indicadores do transtorno.

O estudo de triagem de corte para o TARE realizado por DInkler e. col. (2022)
desenvolveu um questionário por especialistas da área, incluindo os critérios de
diagnóstico para o transtorno, adicionados a três fatores que segundo o DMS 5,
explicam a recusa alimentar: a falta do interesse em comer, a fobia alimentar e
sensibilidade sensorial. O estudo procurou saber também dentre as crianças com
dificuldades físicas e ou transtornos psicossociais apresentaram o TARE. Em uma
amostra de 3.728 crianças japonesas, de idade entre 4 a 7 anos, apenas 1,3% dessa
população positivaram para TARE, sendo que metade delas apresentam os critérios de
prejuízo psicossocial relacionado ao transtorno, e a outra metade, as com deficiência
física e psicossocial, apresentaram menor peso corporal e estrutural. Os
comportamentos mais relevantes apontados pelo estudo para a recusa alimentar
foram a sensibilidade oral e respectivamente a falta de interesse em comer. O mesmo
autor cita que há apenas 8 grandes estudos (Dinkler, e. col. apud Chen, Chen, Lin,
Shen e Gau, 2019; Chua,Fitzsimmons-Craft, Austin, Wilfley e Taylor, 2021; Fitzsimmons-
Craftet al., 2019; Hay et al., 2017; Hilbert, Zenger, Eichler e Brahler, 2021;Kurz, van
Dyck, Dremmel, Munsch e Hilbert, 2015; Schmidt, Vogel,Hiemisch, Kiess e Hilbert, 2018)
que correlacionam as características citadas acima que traduzem a estimativa do
AIRFID na população geral (adultos e crianças), mas que variam no percentual de 0,3%
a 5,5%. Esta variação de resultado, segundo o autor, é explicada pelas diferentes
ferramentas de avaliação, ressaltando que nenhum dos instrumentos de avaliação
para triagem do diagnóstico de TARE são clinicamente comprovados.

Embora o transtorno alimentar restritivo/evitativo possa acometer qualquer idade e


sexo, a literatura apresenta uma prevalência em meninos com TARE de 35% a 68% dos
casos, em idade média de 2 a 4 anos de idade, com o inicío na infância ou na
adolescência. Outra consideração importante do autor é o alto grau de pacientes
com TARE de 3 a 23% dentre os que apresentam transtornos do neurodesenvolvimento
como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro autista (TEA). Indivíduos com
transtorno do espectro autista (TEA), tendem a desenvolver o TARE, devido a presente
condição relacionada ao transtorno do processamento sensorial. Essa condição é
caracterizada pela inabilidade de assimilar, organizar e responder aos estímulos
sensoriais do ambiente, atribuindo a recusa alimentar quanto às características
sensoriais dos alimentos .Já pacientes com TDAH têm dificuldades para se alimentar
devido ao seu comportamento como impulsividade, distração, apetite reduzido e
outros.
Fatores que contribuem para o desenvolvimento do TARE

A causa etiológica do TARE ainda é desconhecida e requer muitos estudos. Acredita-


se que assim como outros transtornos alimentares, a interação de fatores ambientais e
fisiológicos contribuem para a patogenia.

As causas orgânicas que podem gerar dor ao se alimentar e contribui para o


surgimento das dificuldades alimentares: doenças gastrointestinais, doenças
cardiorrespiratórias, neurais e metabólicas.

Outras condições médicas que tendem a evoluir em casos severos de dificuldade de


alimentação em bebês e em crianças menores, pois essas condições afetam a
capacidade da criança de se alimentar: anormalidades da estrutura da face,
cavidade oral, ou alteração no sistema aerodigestivo, disfunção neuromuscular e de
coordenação, inadequação de força, resistência , assim como incapacidade de
coordenar o processo de mastigação, distúrbios de motilidade intestinal que podem
gerar desconfortos no momento da alimentação.

É comum o surgimento de transtorno alimentares em pacientes psiquiátricos, em


particular aqueles que apresentam transtorno de ansiedade, TEA, déficit de atenção e
hiperatividade, pois o tratamento destes distúrbios é capaz de atuar negativamente
na diminuição do apetite, efeito colateral comum causado pelo medicamento
estimulante comumente transcrito para esta população.
Características do comportamento da criança com TARE

Durante o período de formação de hábitos alimentares entre 2 a 5 anos de idade,


dentro do prisma da evolução do ser humano, é comum que as crianças apresentam
neofobia alimentar, evidenciado pelo comportamento de resistir em experimentar
alimentos que por ela não são conhecidos com a finalidade de minimizar a ingestão
de alimentos que podem vir causar danos à saúde . Este comportamento pode ser
sanado ao longo do desenvolvimento do pré- escolar sem submissão de qualquer
tratamento, diferente de crianças com TARE, onde o comportamento seletivo é
persistente e severo, associado ao desenvolvimento de condições médicas e ou
psicológicas.

Crianças com o transtorno apresentam inadequados comportamentos na hora da


refeição como cuspir, bater na comida, manter a comida na boca e não engoli-la,
inquietação geral durante a refeição e hiperatividade, solicitam a comida
repetidamente, apresentam frustração e ansiedade, dificuldade em comer novos
alimentos, alta exigência em comer, baixo apetite, se alimentam apenas de comidas
preparadas de uma maneira específica, apresentam grande desinteresse por comida.

Quanto ao comportamento dos cuidadores, estudos mostram que estes tendem a


oferecer comidas diferentes para a criança na hora da alimentação, usam a comida
para distrair as crianças, quando a criança não aceita a comida servida preparam
novos alimentos e sentem dificuldade em fazer a criança comer.

Os mecanismos de percepção dos alimentos impactam diretamente no


comportamento de crianças com o comer exigente. A visão é uma ferramenta
sensorial importante na determinação de preferência alimentares, norteadas pelas
cores, assim como a forma de apresentação dos alimentos no prato. Isso explicaria o
porque crianças seletivas tendem a não consumir alimentos de misturados no prato ou
comidas com molho onde não conseguem identificar as características dos alimentos.
Neste mesmo contexto a textura granulosa, impacta negativamente na aceitação de
determinados alimentos, pois essa é visualmente percebida. Crianças com
dificuldades alimentares têm a capacidade de identificar odores mais fracos,
contribuindo para a rejeição de determinados alimentos.
Impactos psicossociais que acometem crianças com TARE

A recusa alimentar impacta diretamente no desenvolvimento cognitivo e psicossocial


da criança. O alto número de brigas durante a refeição, o descrédito à refeição da
criança e a diferenciação do tipo de comida, podem levar a um maior grau de
insegurança, ansiedade, dependência, agitação, pressão para comer, somatizando
assim processos psicológicos negativos, até um menor vínculo com os pais.

Por medo de ter que ingerir alimentos que não são suportáveis à elas, ou estarem
expostas à pressão de familiares, amigos e ou colegas, crianças com TARE, deixam de
frequentar ambientes familiares e sociais como festas, reuniões e viagens, por fim
comprometendo as relações sociais nelas envolvidas.

O crescimento ineficiente resultante da ingesta inadequada, pode afetar


psicologicamente a criança, devido a falta de acolhimento do grupo, resultando em
baixa autoestima , fazendo com que ela evite o contato social.

Em instituições educacionais que têm o objetivo de evitar o consumo de alimentos


ultraprocessados, podem por fim gerar sentimentos de fracasso ou vergonha nas
crianças , visto que a maneira como elas se alimentam não são aceitas, podendo levar
a conflitos pela falta de compreensão dos mesmos.

A alimentação restritiva na infância foi correlacionada com um alto fator de risco para
a incidência de sintomas psiquiátricos, segundo estudos. Estes sugerem que crianças
com TARE exibem maior probabilidade de desenvolver patologias quanto às
dificuldades que expressam a relação com o próprio indivíduo, como raiva , tristeza,
medo, resultando em maiores danos emocionais e sociais.
Consequências nutricionais que acometem crianças TARE

Pacientes com TARE podem apresentar sintomas agudo de desnutrição, tais como
fadiga, tontura, síncope, dores abdominais, constipação, intolerância ao frio ,
amenorreia, pele seca , perda de cabelo, bradicardia, caquexia, hipotermia e
hipotensão.

Deficiência de vitamina B1, B2, B12, C, K , zinco, potássio, e ferro são mais comuns
observadas em crianças com TARE. Visto que a criança encontra-se em uma intensa
fase de crescimento, uma dieta restritiva pode resultar em problemas de saúde e de
desenvolvimento.

Estudo americano conduzido por Harshman et al.(2019) avalia a ingestão alimentar de


micronutrientes e carboidratos, proteínas e lipídios em 52 crianças e adolescentes
com TARE subclínica, meninas e meninas, de idade entre 9 a 22 anos de idade,
através da coleta de prontuários entre o período de 2008 a 2018, comparada com um
grupo controle de crianças saudáveis. Dentre o padrão alimentar observado foi um
alto consumo de açúcar de adição e carboidratos totais provenientes de alimentos
como pães, bolos, tortas, biscoitos e doces, baixo consumo de proteínas, frutas e
vegetais, de vitamina B12 devido ao baixo consumo de proteínas de fonte animal e
vitamina K quando comparados ao grupo controle.

O estudo observa ainda que, devido às suas restrições alimentares, as crianças


acabam necessitando do consumo de alimentos processados, acarretando em
consequências negativas associadas à sua saúde, incluindo obesidade, diabetes
mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares.

Admite-se que devido a composição dos alimentos ultraprocessados altamente


palatável contribua para desorganização da função eixo intestino cérebro, podendo
encorajar comportamentos alimentares disfuncionais .

O Guia de Orientações de Dificuldades Alimentares do Departamento Científico de


Nutrologia Brasileira (2022) em seu documento recente acrescenta que a diminuição
da velocidade de aumento de peso, ou a perda de peso, é comum em crianças que
apresentam diferentes quadros de dificuldades alimentares. Associado a este
panorama, o guia cita que a criança pode apresentar baixa imunidade, distúrbios
cognitivos e metabólicos, perda de massa óssea, podendo evoluir para o nanismo com
o prolongamento do balanço energético negativo, resultando em um aumento de
morbidade e mortalidade. Frequentemente sintomas gastrintestinais como dores
abdominais, refluxo, náusea, alergias alimentares, diarreia e fezes amolecidas estão
relacionados ao TARE.
Consequências nutricionais que acometem crianças TARE

A tabela 1 abaixo descreve as principais carências nutricionais, encontradas nos


estudos de revisão resultante da restrição de determinados grupos alimentares,
utilizados como critério de investigação :

Grupo Deficiência Consequências á


alimentar Nutricional saúde

Cerais Carboidratos Hipotrofia

Raquitismo, hipocalemia, redução da


Leite e produtos Cálcio
densidade mineral óssea, osteopenia,
lácteos
osteoporose, fraturas ósseas

Baixa concentração de energia, baixo


Alimentos proteicos Vitamina B2
crescimento, pele seca, queda de
de origem animal (riboflavina)
cabelo, rachaduras nos cantos da boca e
nos lábios, língua magenta, dor de
garganta coceira nos olhos, olhos
avermelhados, perda de massa magra e
anemia

Edema e desnutrição

Alimentos proteicos Proteínas totais


de origem animal

Hiper-homocisteinemia, anemia
megaloblástica ou macrocítica, fraqueza,
Alimentos proteicos Vitamina B12
dormência nas mãos e nos pés,
de origem animal (Cobalamina)
dificuldades para andar ou instabilidade,
constipação, anorexia, confusão,
memória deificiente, mudança de humor,
psicose,e desconforto na boca e na
língua

Anemia microcítica, palidez, fraqueza,


fadiga, irritabilidade, baixa
concentração, Dificuldade de
Alimentos proteicos Ferro aprendizagem e cognitiva, mudança de
de origem animal humor, dores de cabeça, intolerância à
temperaturas, imunossupressão, redução
do apetite devido a mudança de
mucosas
Consequências nutricionais que acometem crianças TARE

Grupo Deficiência Consequências á


alimentar Nutricional saúde

Alimentos proteicos Selênio Estresse oxidativo


de origem animal

Estresse oxidativo, baixo crescimento e


Alimentos proteicos Zinco
desenvolvimento, imunossupressão,
de origem animal
anorexia, alterações na percepção de
cheiro e sabor, queda de cabelo,
diarréia, cegueira noturna e má
cicatrização de feridas

Peixes Ômega-3 Desordens do sistema nervoso central e


Vitamina -D do sistema cardiovascular
Raquitismo, osteomalácia e osteopenia

Hiper-homocisteinemia,anemia
megaloblástica ou macrocítica,,fadiga
persistente, palidez, palpitações,
Frutas e vegetais Folato dispneia, dores de cabeça, úlceras na
boca, baixa concentração, perda de
peso e irritabilidade

Anemia microcitica, escorbuto,


petéquias, sangramento e fáceis
Frutas e vegetais Vitamina C contusões, sangramento, inflamação de
gengivas, anorexia, anemia, mal-estar,
dores articulares, hemorragia perianal,
desordens de má cicatrização,
hiperqueratose, fraqueza e desordens de
humor

Hemeralopia, cegueira noturna,


Gordura animal e Vitamina A imunossupressão, hiperqueratose,má
vegetal cicatrização de feridas

Gordura animal e
Vitamina E Estresse oxidativo
vegetal
Consequências nutricionais que acometem crianças TARE

Grupo Deficiência Consequências á


alimentar Nutricional saúde

Gordura animal e Prolongado tempo de protrombina,


Vitamina K
vegetal Ferimentos e fácil sangramento.

Gordura animal e Gordura


Perda de peso, ausência da menstruação
vegetal

Fontes:(Brigham et al. 2018; Feillet e. col. 2019; Dratwa e. col. 2022, Guia Alimentar de Dificuldades Alimentares -
Departamento Científico de Nutrologia Brasileira (2022) adaptado e traduzida pelo autor

Para diagnosticar as carências nutricionais que acometem o TARE em crianças, se faz


necessário o levantamento do histórico da ingestão alimentar, avaliação clínica
através do exame físico e laboratoriais e se há ou não a implicação de agravos para a
saúde física do paciente. Na anamnese nutricional, deve-se incluir a história de saúde
atual e pregressa do paciente, sua situação sócio demográfica, se já realizou de
tratamentos anteriores ou se ainda é assistido por algum profissional especializado.

Os exames de triagem incluem o hemograma completo, magnésio, fósforo, hormônio


estimulante da tireoide (TSH), proteína c-reativa e velocidade de hemossedimentação
(VHS), e urina, assim como exames de rastreio para identificação de carências
nutricionais.
Tratamento do TARE

O tratamento do transtorno alimentar restritivo evitativo deve ser realizado por equipe
multidisciplinar quando requerer tratamento ambulatorial. Esta equipe deve ser
composta por médico e um profissional clínico que atende saúde mental, de acordo
com as necessidades especiais do paciente, que podem ser diferentes, se fará
necessário incluir os profissionais especialistas: nutricionista, gastroenterologista
pediátrico, terapeuta ocupacional e ou fonoaudiólogos.

Nos transtornos alimentares o tratamento realizado pelo nutricionista, não deve ser
baseado em princípios em que o paciente seja tratado com regras rígidas, como
dietas prescritivas, pois prescrições restritivas, são uns dos principais motivos que
desencadeiam e mantêm o transtorno alimentar.

O objetivo principal de qualquer intervenção é ajudar a criança a alcançar


habilidades de alimentação adequadas à idade por meio de experiências positivas de
alimentação enquanto garantir a segurança da deglutição e nutrição e crescimento
adequado. A terapia pode se concentrar em intervenções comportamentais,
tratamentos motores orais, tratamentos físicos e sensoriais, ajustes na dieta e os
métodos de ingestão ou uma combinação destas abordagens.

Para um manejo terapêutico coerente, o plano deve ser elaborado em conjunto com
os profissionais envolvidos, desenvolvendo suas estratégias, referente a cada campo
de atuação, e este deve ser elaborado de acordo com a idade do paciente, incluindo
como parte da terapia o envolvimento de pais e cuidadores.

A prática clínica do nutricionista deve ser pautada em reconhecer e retratar os


comportamentos apresentados nos transtornos alimentares, garantindo o padrão
alimentar regular, proporcionando ao paciente o aumento da quantidade e variedade
de alimentos, se diferenciando da abordagem com enfoque prescritivo.

No momento, não existem pesquisas conclusivas que estabeleçam a prescrição de poli


vitamínicos para melhorar o apetite da criança seletiva, assim como a suplementação
de zinco sendo responsável em alterar o paladar do paciente. O que se tem
conhecimento até o momento é que o tratamento deve ser baseado em suprir as
deficiências de micronutrientes específicas, com o acompanhamento de um médico.

Para crianças que com o transtorno ingerem calorias insuficientes, a estratégia de


manejo dietético é baseada na administração de suplementação calórica via oral, ou
em casos mais extremos podem necessitar de nutrição enteral. A alimentação por
sonda deve ser manipulada de forma temporária, e o desmame é realizado para
indução do apetite e adequar a transição para alimentação de alimentos sólidos.
Para tal, deve-se monitorar o peso corporal do paciente, assim como a adequada
hidratação.
A Associação Brasileira de Nutrologia, recomenda a utilização de suplementos
modulares, quando há comprovação de ingestão inadequada de macronutrientes de
forma isolada, ou quando a criança apresenta prejuízos no seu estado nutricional.
Tratamento do TARE

Se o objetivo da terapia nutricional é aumentar o valor calórico da refeição, é


recomendado que se faça uso da maltodextrina digerível, em sua forma de pó,
podendo ser adicionada em diferentes alimentos, sendo que cada grama fornece
aproximadamente 4 calorias. O triglicerídeo de cadeia média com ácidos graxos
essenciais, fornece 9 calorias por grama, e também pode ser utilizado com o objetivo
de aumentar o balanço energético, não ultrapassando do percentual máximo de 3%
do volume de lipídio disponível durante o dia. As proteínas são fornecidas em pó e
geralmente são provenientes de soro isolada ou hidrolisada, são indicados no
tratamento de doenças crônicas com alta demanda proteica, ou no tratamento de
desnutrição.

Os suplementos infantis completos normocalóricos (1kcal/ml) são apenas


recomendados para crianças que acompanham as curvas de crescimento e ganho de
peso, porém apresentam alimentação com pouca qualidade e variedade resultando
em risco de deficiência de micronutrientes e fibras. Já os suplementos infantis
hipercalóricos (1,5 kcal/ml), são recomendados para crianças que apresentam
estagnação no crescimento, ou perda de peso, que se alimentam com baixa
quantidade, variedade e qualidade de alimento resultando em risco de deficiência em
micronutrientes e fibras.

Pacientes com TARE, podem apresentar peso normal, ou até mesmo o peso acima do
esperado para idade. Nestes casos é necessário que as intervenções terapêuticas
nutricionais sejam baseadas na introdução de alimentos adequados, visando diminuir
o consumo de alimentos ultraprocessados.

No entanto, o nutricionista deve ter conhecimento sobre as técnicas de aproximação


gradual dos alimentos, para que não tenha a atitude errônea de julgar os alimentos
que a criança ingere, assim como tentar mudar os hábitos alimentares da criança,
alterando os alimentos não saudáveis por alimentos saudáveis, pois a criança pode
escolher ficar com fome ao invés de ingerir o alimento. No tratamento do TARE, a
exposição ao alimento deve ser realizada de forma gradual, variações alimentares
dentre os alimentos aceitos pela criança são parte importante do processo de
tratamento, e o mesmo deve ser aceito pela família e intuições que a criança
participa . O comportamento almejado nas intervenções alimentares, é que a criança
consuma uma maior variedade, quantidade e volume de alimentos consumidos e
apresente comportamentos adequados durante as refeições.
Ultimas considerações

O tratamento do TARE é complexo e demanda a intervenção de uma equipe


multidisciplinar, pois, além de ser causa multifatorial, os profissionais da saúde não
possuem um guideline para avaliação ou para tratamento. Portanto, a efetividade da
avaliação e do tratamento dependem diretamente da atuação e capacidade do
profissional em conhecer a etiologia, além de desempenhar suas atividades de forma
concreta às suas competências.

A condição deste transtorno, extrapola as condições físicas e nutricionais do paciente,


extrapolando-se aos aspectos psicossociais. Desta maneira, é imprescindível que o
nutricionista compreenda as limitações do paciente na esfera psicossocial como parte
do processo terapêutico.

Contudo, as intervenções nutricionais abordadas ao longo deste livro, aplicadas ao


tratamento do TARE, são responsáveis pelo manejo e tratamento das possíveis
consequências do transtorno. Estas intervenções são de extrema importância para a
manutenção da qualidade da saúde infantil, do crescimento e do seu pleno
desenvolvimento, bem como positivamente impactar nas relações psicossociais da
criança.
Referências

Almeida,C.A.N.;Weffort,V.R.S.Uso de suplemento infantil nutricionalmente completo


nas dificuldades alimentares: o que é recomendado e o que não deve ser
recomendado Guia de Dificuldades alimentares – Departamento Científico de
Nutrologia, p.50-53,2022.
American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders, 5th ed.; American Psychiatric Association:Washington, DC, USA, 2013.

Borowitz K.C; Borowitz,S.M..Feeding Problems in Infants and Children Assessment and


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