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NUTRIÇÃO 7° SEMESTRE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO II
ALIMENTAÇÃO E RENDA: UM OLHAR
PARA A REALIDADE NO BRASIL
Acadêmica: Ana Carla Gomes Araújo
Professora Stela Oliveira dos Santos

COXIM - MS
INTRODUÇÃO
Nosso objetivo através deste é apresentar sobre a questão da
alimentação e renda, uma vez, que sabemos que a renda pode sim
interferir na questão de uma boa alimentação no nosso País. A
segurança alimentar vem sendo fortemente ameaçada pela
intensificação da crise sanitária, climática e econômica, e tem sido,
historicamente, suscetível ao crescimento populacional, aos conflitos
entre países e às crises econômicas. Diante do grande aumento do
número de desemprego, a questão da crise na economia, fatores que
tem elevado grandemente o valor da cesta básica brasileira, bem
como, a falta de políticas públicas eficazes, tem aumentado a
vulnerabilidade de famílias periféricas e violações de direitos na parte
de alimentação, e isso tem um impacto direto na perspectiva de se
conseguir o acesso ao direito de se alimentar com qualidade e
regularidade.
Frente a uma sociedade capitalista que privatiza tudo, a fome no
Brasil tem sido um problema antigo e sua origem está ligada as
extremas desigualdades do país, forma em que se concentra a extrema
riquezas nas mãos de poucos, mantém uma grande parcela da
população na pobreza, aumentando os índices até os dias de hoje.
Nosso objetivo é destacar o impacto do desemprego e falta de renda
associado à alta do custo de vida justificando o aumento da fome entre
as famílias, que não estão dando conta de suprir as necessidades
alimentares, pois os custos com alimentos não são assegurados com a
renda já comprometida pelos altos preços e demais despesas como
aluguel, transporte e afins.
DESENVOLVIMENTO

A alimentação e renda, deveria ser pauta de muitas


discussões na atualidade, pois sabemos que os seres
humanos necessitam atender suas necessidades de energia
ou de nutrientes, onde a alimentação é a forma como os
seres humanos se constroem como um todo, entretanto,
pouco é feito diante importância deste, pois, não basta que os
alimentos estejam disponíveis, eles precisam ser adequados
as necessidades básicas e ao acesso aos recursos para a
obtenção dos alimentos necessários.
O direito à alimentação adequada é um direito humano inerente a
todas as pessoas de acesso regular, permanente e irrestrito, quer
diretamente ou por meio de aquisições financeiras, a alimentos seguros
e saudáveis, em quantidade e qualidade adequadas e suficientes,
correspondentes às tradições culturais do seu povo e que garanta uma
vida livre do medo, digna e plena nas dimensões física e mental,
individual e coletiva. A alimentação é a forma como os seres humanos
se constroem, não apenas materialmente, mas também
simbolicamente, como seres sociais e culturais que são. Assim, o
direito não pode ser reduzido a uma recomendação mínima de energia
e nutrientes ou não será plenamente realizado.
A fome e a má nutrição existem porque o sistema
socioeconômico hegemônico produz e reproduz acesso limitado,
para a grande maioria das pessoas, aos recursos naturais e
produtivos, à empregos com salários que assegurem uma
existência digna e à condições dignas de trabalho, moradia,
amamentação, saúde, seguridade social, entre outros. Ele produz
e reproduz pobreza e miséria, que por sua vez, produzem
fome e má nutrição.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Na concepção de Panigassi et al. (2008) a insegurança alimentar


moderada e grave concentra-se em famílias com maior número de
membros, menor renda, maior aglomeração intra-domiciliar, expostas
a condição de saneamento básico precária e cujos responsáveis e
membros têm menor escolaridade.
A organização da atenção nutricional no Brasil, desde o século
passado, tem se deparado com desafios e encontra-se fortemente
marcada por respostas eficazes, mas muitas vezes fragmentadas. Este
processo tornou-se vulnerável pela desconstrução das redes de
proteção social e cenários que impactam na renda e nas garantias,
como as reformas trabalhista e previdenciária, portanto, é necessário
uma reflexão histórica e o entendimento dos avanços realizados no
atendimento das necessidades nutricionais da população brasileira
(JAIME et. al.; 2018).
Nos últimos anos a fome deixou de ser um tema oculto e se tornou um
tema da agenda política do Estado e da sociedade brasileira, resultante do
esforço de muitas pessoas, organizações e instituições, civis e governamentais,
a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) através da implementação de um
amplo espectro de políticas públicas que vêm contribuindo para mudar a dura
realidade da insegurança alimentar e garantir que mais gente tenha vida e
dignidade em todo território. A alimentação não ocorre apenas para suprir as
necessidades biológicas, ela está internalizada na cultura do indivíduo e
depende de sua vontade e disponibilidade. Ela expressa as relações sociais,
valores e história do indivíduo e dos grupos populacionais, além de ter
implicações diretas na saúde e na qualidade de vida.
A LIGAÇÃO ENTRE ALIMENTAÇÃO E
RENDA
A renda é um dos principais, senão o mais importante dos fatores que
afetam o consumo alimentar. É possível constatar que mesmo sem
substanciais aumentos na produção, caso a distribuição de renda fosse
mais igualitária, a subalimentação não seria tão expressiva (CONTI; 2009).
Atualmente entende-se a relação entre a insegurança alimentar e a
realidade social, no entanto, somente a partir de Josué de Castro, na
década de 30, que o problema da fome entrou na agenda política do Brasil.
Um dos maiores estudiosos sobre o tema alimentação e nutrição, afirmava
que a fome e a má nutrição não eram fenômenos naturais, mas, sim,
fenômenos sociais. Sendo assim, só seria possível mudar a realidade do
direito universal à alimentação por meio de ações sociais e coletivas
(CARDOSO; 2014).
A pobreza absoluta ocorre quando, por falta ou insuficiência de
renda, as pessoas são privados do acesso aos meios básicos como
alimentação, saúde, habitação, vestuário, educação, transporte e
segurança para levarem uma vida digna. Mas também há o que
comumente se chama de pobreza relativa, que é medida pela média geral
do nível de vida da população. Nessa modalidade, as situações de
desigualdade social podem servir de mecanismo para esconder ou
distorcer a real dimensão da absoluta, sobretudo em sociedades
assimétricas como a brasileira. No Brasil convivem estes dois tipos de
pobreza e ambos apresentam níveis elevados, apesar das iniciativas de
políticas públicas que vêm sendo tomadas no sentido de superar a
pobreza (CONTI; 2009 pobreza).
Efetivar o direito humano à alimentação exige medidas que busquem a
superação dos fatores geradores desta condição. Envolvendo questões que vão além
da oferta ou do acesso ao alimento em si ou de um mínimo de renda, demandando
estratégias que contribuam para a efetivação do conjunto dos direitos sociais e em
uma proteção social que atenda às necessidades básicas do ser humano e não apenas
a alimentação. As recomendações do Guia Alimentar são as ideais para uma
alimentação completa, porém nem sempre é possível segui-las pela grande parte da
população brasileira, sem acesso a emprego e renda essa parcela da população não
consegue acessar esses alimentos de maneira regular. Restrições econômicas à
compra do alimento, como as vivenciadas por indivíduos de baixa renda, conduzem
a dietas com baixo consumo de frutas e hortaliças e de alta densidade energética,
principalmente alto consumo de cereais processados, açúcar e óleo.
DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO
SAUDÁVEL

1. Fazer de alimentos in natura ou 6. Fazer compras em locais que


minimamente processados a base ofertem variedades de alimentos in
da alimentação natura ou minimamente processados.
2. Utilizar óleos, gorduras, sal e 7. Desenvolver, exercitar e partilhar
açúcar em pequenas quantidades habilidades culinárias.
ao temperar e cozinhar alimentos 8. Planejar o uso do tempo para dar à
e criar preparações culinárias. alimentação o espaço que ela merece.
3. Limitar o consumo de alimentos 9. Dar preferência, quando fora de
processados. casa, a locais que servem refeições
4. Evitar o consumo de alimentos feitas na hora.
ultraprocessados. 10. Ser crítico quanto a informações,
5. Comer com regularidade e orientações e mensagens sobre
atenção, em ambientes alimentação veiculadas em
apropriados e, sempre que propagandas comerciais.
possível, com companhia.
AS POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS
A ALIMENTAÇÃO
A renda é um determinante muito importante nas escolhas feitas no consumo
de alimentos. Vários estudos, relatam o aumento do consumo de alimentos
de baixa qualidade, principalmente pelas pessoas de baixa renda, são os mais
baratos, o que consequentemente induz ao consumo destes pela camada de
baixo nível de renda; logo, essa parte da população acaba sofrendo com
desnutrição, obesidade ou doenças provenientes de uma má alimentação. No
Brasil, a agenda das políticas públicas de proteção social tem incorporado o
debate sobre o Programa de Transferência Condicionada de Renda (PTCR) que
se destina às famílias pobres que, em geral, enfrentam situações de múltiplas
vulnerabilidades, também do ponto de vista da segurança alimentar e
nutricional. o PTCR apresenta vantagens, como o fortalecimento da economia
local, os baixos custos operacionais, a autonomia dos usuários no uso dos
recursos, além do impacto na demanda por serviços de saúde e educação.
O DHAA movimenta-se pelo combate à fome e promoção do acesso à
alimentação nutricionalmente equilibrada, no entanto, não se limita a isso. Já o
termo “adequada” envolve questões relacionadas com justiça social, econômica e
política dos países, além de uma alimentação livre de agrotóxicos e organismos
geneticamente modificados.
O marco que iniciou uma política de alimentação e nutrição foi a criação do
Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), em 1940, extinto em 1967. A
ação tinha os trabalhadores como o principal grupo populacional a ser
beneficiado, otimizando o acesso à alimentação. Suas principais atividades
contemplavam o fornecimento de refeições, venda de alimentos a preços de
custo, educação alimentar, apoio a pesquisa e formação de pessoal técnico
especializado. Além disso, o preço de alimentos frescos, em comparação ao preço
dos ultraprocessados, parece ser desfavorável ao seu consumo para famílias de
baixa renda isto porque, ainda que estudos demonstrem que o consumo de
alimentos in natura e minimamente processados em preparações culinárias feitas
em casa seja mais econômico do que consumir ultraprocessados (esta opção nem
sempre é viável a todas as pessoas)
Iniciativas como o surgimento do Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional (SISVAN), em 1990, e a Política Nacional de Alimentação e Nutrição
(PNAN) em 1999, contendo um conjunto de políticas públicas voltadas aos direitos à
saúde e alimentação, que asseguraram um maior controle e acompanhamento dos
problemas relacionados à nutrição, que passaram a considerar como relevantes a fome, a
pobreza, os direitos humanos e a vulnerabilidade social.
Como forma de incentivo ao consumo de frutas e hortaliças, podemos
pensar em programas e campanhas com esse fim, além de ações de educação alimentar e
nutricional em diversas instituições públicas, bem como ações de regulamentação da
publicidade excessiva de alimentos industrializados. Tal conjunto de iniciativas
integradas desde o incentivo à produção até o consumo desses alimentos, poderia
promover não apenas uma alimentação mais saudável, como processos de produção e
comercialização de alimentos mais justos social e economicamente, mais sustentáveis e
com maior valorização da cultura e dos alimentos locais.
METODOLOGIA
A metodologia usada para a realização deste, foi uma revisão bibliográfica, a
partir de materiais pertinentes ao tema, a partir da análise dos resultados das
pesquisas no período entre os anos de 2003 e 2020, onde abordamos sobre os
hábitos alimentares a partir do ponto de vista econômico, da qualidade e da
variedade dos alimentos, onde a seleção dos artigos, revistas e livros, os quais
buscam destacar o impacto da falta de renda, ou a baixa renda associada à alta
do custo de vida, o que justifica o aumento da fome entre as famílias, que não
estão conseguindo de suprir as necessidades alimentares, devido a renda já estar
comprometida pelos altos preços e demais despesas moradia, transporte e afins.
A pesquisa foi pautada em artigos que validavam o tema sobre a questão da
influência da renda na questão da alimentação no contexto brasileiro, bem
como, como a mesma muda conforme o poder aquisitivo da população, tendo a
população de baixa renda maior vulnerabilidade às deficiências nutricionais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os direitos humanos são aqueles que os seres humanos possuem, e devem
assegurar condições básicas para vida digna como, por exemplo, o acesso à
liberdade, igualdade, terra, saúde, moradia, educação, água, alimentos de
qualidade, dentre outros. Esses direitos foram conquistados a partir de lutas e
demandas sociais, que avançam à medida que se avança a humanidade, bem
como se modificam as necessidades e as relações sociais das populações.
Porém, segundo Ferreira (2007), a transição nutricional ocorrida no país,
que trata da mudança da desnutrição para a obesidade, traz a necessidade de
reformulações urgentes para atender a essa nova demanda. A complexidade dos
problemas alimentares pode e deve ser enfrentada com propostas inovadoras de
promoção da saúde no campo da alimentação e nutrição.
Esse debate cada vez mais apontará para a necessidade de articulação e
manutenção dos programas com outras políticas como saúde, educação, geração
de emprego e renda, entre outras, uma vez que é ingênuo depositar expectativas
de reversão de problemas históricos do país em um único programa de
transferência de renda. O problema da falta de acesso a alimentos saudáveis e
suficientes se intensificou diante do aumento dos índices de desemprego, onde
sem ter condições de adquirir alimentos as famílias não tem acesso ao mínimo de
sua nutrição não tendo condições de comer frutas, legumes ou verduras e até
mesmo proteínas animais, entretanto, existe um outro fator que também traz
consigo consequências de uma má alimentação, é a questão de se ter um poder
aquisitivo, mais se alimentar de maneira errada, consumindo alimentos
processados, fast food, não ingerindo frutas, verduras ou legumes.
É necessário a mobilização de diferentes setores da sociedade (tais como
agricultura, abastecimento, educação, saúde, desenvolvimento e assistência social,
trabalho) para a promoção da segurança alimentar e nutricional da população. Pois os
fatores que determinam a alimentação e os hábitos alimentares são muitos e de
diferentes naturezas (econômica, psicossocial, ética, política, cultural).
Porém a escolha do que comemos se dá de acordo com o gosto individual, com a
cultura em que estamos inseridos, com a qualidade e o preço dos alimentos, com o
tempo que temos disponível, com convicções éticas e políticas (como, por exemplo,
algumas pessoas vegetarianas defensoras dos animais e do meio ambiente), entre outros
aspectos. Cada um desses fatores pode promover a segurança alimentar e nutricional, ou
dificultar o seu alcance, para determinada população.
Os alimentos ultra processados e fast food tendem a ser mais numerosos,
atrativos e baratos do que as opções de alimentação saudável, em grande parte
das cidades. Além da maior oferta e menor preço, os alimentos
ultraprocessados contam ainda com uma publicidade intensa espalhada por
todos os cantos das cidades, nos meios de comunicação e nas redes sociais, o
que faz com que as pessoas sejam estimuladas, constantemente, a desejarem
aqueles produtos, mesmo quando sabem que não fazem bem à saúde.
Podemos afirmar que o direito à alimentação deve ser realizado,
prioritariamente a partir de um sistema alimentar justo, de maneira a produzir
saúde, dignidade e prazer, além de respeitar os hábitos alimentares e a cultura,
porém, além dos sistemas alimentares, algumas perspectivas sobre a
alimentação se mantém em espaços de pouca luz, ainda que estruturantes
para que aconteçam as mudanças necessárias.
CONCLUSÃO

Chegamos à conclusão de que a o ato de alimentar-se reflete profundamente a


riqueza e a complexidade da vida humana em sociedade, os hábitos e práticas
alimentares de um ser humano, de sua família e de sua comunidade são um
produto da história e da vida de seus antepassados.
Onde concluímos que a discussão sobre o tema da alimentação deve
incorporar muito mais elementos além da renda, mas sim sobre a produção
(tipos de alimentos produzidos, quantidade, composição nutricional,
qualidade); quem produz, como e onde, o acesso físico e econômico aos
alimentos e à água, informações sobre balanceamento nutricional
recomendável da dieta, os riscos e benefícios potenciais à saúde de diferentes
alimentos, como gorduras saturadas, carne vermelha, alimentos transgênicos,
por exemplo, entre outros.
Por fim, após a realização deste, concluímos que é possível manter uma
alimentação adequada, mesmo com poucos rendimentos, já que existem
métodos que auxiliam a reduzir o custo do cardápio, incluindo a elaboração de
receitas de aproveitamento integral dos alimentos contribuindo para redução
nos custo com alimentação e proporcionar uma alimentação saudável para as
famílias em estudo. Além do que, muitas pessoas para combater a crise e a
fome, precisam ser inseridos em projetos que tenham como foco os mais
vulneráveis. Além disso, incentivar uma alimentação mais saudável e acessível
é a chave para a melhoria da alimentação brasileira.
Agradecimentos

Primeiramente a Deus, por me capacitar cada dia, a minha família pelo


apoio incondicional, aos professores e tutores que me ajudaram nessa
caminhada e as colegas de faculdade que se tornaram mais que amigas.

“Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem
desanime, pois o senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar”
Josué 1:9

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