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UNIP- UNIVERSIDADE PAULISTA

SERVIÇO SOCIAL EAD

PATRICIA GOMES DE ALMEIDA RIZZO


RA: 1898839

ANÁLISE CRÍTICA

Cachoeiro de Itapemirim-ES
2023
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Desigualdade Social e Insegurança Alimentar

É incompreensível para o Brasil, país rico em recursos involuir a níveis de


desigualdade social e por sua vez em insegurança alimentar. Pesquisas apontam o
retorno ao Mapa da Fome da ONU desde 2015 com um agravante ao longo da
pandemia de Covid-19. Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar em
2022; mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança
alimentar em grau leve, moderado ou grave. Sabe-se que a desigualdade é um fator
histórico, construído pela própria sociedade que persiste em confinar a uma
condição social inferior muitos brasileiros assistidos pela mesma Constituição
Nacional e Declaração Universal de Direitos Humanos.
O alto índice de violência, miséria, desemprego que apontam estatísticas
diariamente na sociedade sinalizam, significativamente, a exclusão social. A qual,
caracteriza-se pela privação de um ou vários fatores considerados essenciais para
qualidade de vida, ou seja, a exclusão no mercado de trabalho impede o acesso a
bens e serviços socialmente relevantes, como educação, habitação, saúde e lazer. A
falta de acesso e proteção social adequada exclui o cidadão, com desvantagens que
o distanciam de alcançar a equidade a fim de devolver sua identidade social no
trabalho, na família ou na comunidade.

O campo de estágio no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS)


possibilitou vivenciar essa dura realidade de muitas famílias em condições precárias
de vida e baixa escolaridade como resultado de exclusão social, perda de
identidade, rupturas de laços comunitários e sociais.
Atualmente, a realidade social acompanhada no CRAS se traduz em famílias
chefiadas por mulheres, com predomínio de elevado grau de pobreza, sendo este,
foco de critérios para programas sociais. Esses programas buscam oferecer
subsídios para que as famílias busquem autonomia, ou seja, sua cidadania plena, e
não fiquem dependentes e incapazes de proteger seu lar, e que possam oferecer
oportunidade para que saiam da situação de pobreza por meio de programas de
geração de renda.
No campo de estágio foi observado que a desigualdade social está presente na vida
social do indivíduo com baixa ou ausência de saneamento básico, transporte, saúde,
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educação, cultura, trabalho, etc, bem como na vida física, quando toca em
habitação, mobiliário, vestuário, alimentação, etc. cujas debilidades parecem preferir,
principalmente, mulheres, chefes de famílias, e negras. Esse deplorável cenário
aumentou com a pandemia da covid-19 e ficou mais difícil para as famílias
colocarem o que básico em suas mesas para uma alimentação suficiente em
nutrientes para a vida humana.
Embora, Marcio Borba, economista, formado pela UNICAP tenha publicado no jornal
Folha de Pernambuco em 28 de dezembro de 2021 a manchete “Brasil: Um dos
Maiores Produtores de Alimentos do Planeta”, esses recursos passam longe das
mesas dos brasileiros. De fato a diversidade e potência de produção poderia traduzir
crescimento econômico e erradicação das desigualdades sociais, contudo o que
ainda subsiste são diferenças gritantes de distribuição de renda, as quais, o
agricultor não tem acesso ao produto que produz com suas mãos, e menos ainda
pessoas que tem renda menor que os custos necessários para sobreviver.
Assim como nos versos da canção de Zeca Pagodinho “Caviar é comida de rico” é
retratada a realidade de muitas famílias brasileiras.

Você sabe o que é caviar nunca vi, nem comi eu só ouço falar
Você sabe o que é caviar nunca vi, nem comi eu só ouço falar
Caviar é comida de rico curioso fico só sei que se como
Na mesa de poucos fartura adoidado
Mas se olhar pro lado depara com a fome. (Zeca Pagodinho, 2002)

Assim também, esses versos apontam uma alusão a igualdade social, que se ouve
falar mas ainda é insuficiente o que se tem feito para que se torne realidade. Visto
que o acesso a boa alimentação de qualidade é escasso por diversos fatores.
Primeiro, pelo crescimento da pobreza e da inflação no país, intensificados pela
pandemia. Segundo fator é a popularização dos produtos ultraprocessados, mais
acessíveis no mercado e no bolso do consumidor, porém pouco nutritivos.
As famílias em situação de vulnerabilidade social têm como determinantes a
desigualdade social na distribuição de renda e, consequentemente, das riquezas
produzidas. É importante compreender que a pobreza é resultante de um processo
histórico decorrente de uma sociedade capitalista, sendo assim quando falamos a
respeito da igualdade social, tratamos de a variedade de iniciativas individuais e
coletivas, de caráter político e cultural com oportunidades, sem discriminação de
nenhuma espécie.
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Se a expressiva desigualdade social e insegurança alimentar são problemas político-


econômicos, é necessário que o Estado continue adotando programas de
transferência de renda, com a finalidade de solucioná-lo: com políticas públicas. O
fortalecimento de políticas de segurança alimentar, a geração de emprego e a
valorização do salário mínimo acima da inflação .
São reconhecidos os avanços na política social quando comparamos as estruturas
do século passado, momento do seu surgimento. Entretanto, quando comparamos
com as condições de acesso de outros países desenvolvidos e as situações que
vivenciam a população que dependem dos serviços destas políticas assim vemos o
quanto ainda falta a caminhar.

Portanto, os desafios passam pelo enfretamento das profundas desigualdades


sociais existentes em nossa sociedade. Em que se pese políticas que garantam aos
usuários uma melhor qualidade de vida e que ofereça oportunidades e programas de
geração de renda, visto que o problema vai além de não ter o que comer. Tais
aspectos econômicos, sociais, políticos e estruturais indica o tamanho do desafio
posto na sociedade atual.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

GUEDES, ALINE. Retorno do Brasil ao Mapa da Fome da ONU preocupa


senadores e estudiosos. Fonte: Agência Senado. Disponível em
https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2022/10/retorno-do-brasil-ao-
mapa-da-fome-da-onu-preocupa-senadores-e-estudiosos. Acesso em 08 de Abril de
2023.

BORBA, MARCIO. Brasil: Um dos Maiores Produtores de Alimentos do Planeta.


Disponível em: https://www.folhape.com.br/colunistas/pernambuco-economico/brasil-
um-dos-maiores-produtores-de-alimentos-do-planeta/28874/. Acesso em 09 de Abril
2023.

Brasil. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para População: Brasília, DF, 2014.

Brasil. Ministério do Desenvolvimento social e combate á Fome. Política Nacional


de Assistência Social. PNAS 2004.

DIAS, REINALDO.Introdução á Sociologia: São Paulo (SP): Pearson,2005.

IAMAMMOTO, M.Prefácio. In: COUTO, B.R. O direito Social e a Assistência


Social na Sociedade Brasileira: uma equação possível. Ed. São Paulo: Cortez,
2008.

Letra da canção “Caviar” de Zeca Pagodinho. Disponível em:


https://zecapagodinho.com.br/historias-de-um a-cancao-caviar/. Acesso em 07 de
Abril 2023.

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