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A INSEGURANÇA ALIMENTAR E A FOME QUE NOS ATRAVESSA

INSEGURANÇA
substantivo feminino
1.ausência de segurança; periculosidade.
2.sensação ou sentimento de não estar protegido, seguro.

DICIONÁRIO EXPRESSO DO TEMA

FOME
substantivo feminino
1.sensação que traduz o desejo, a necessidade de comer.
2.carência alimentar; subalimentação, subnutrição.
LER, REFLETIR E DISCUTIR

O Brasil precisa ser dirigido por uma


pessoa que já passou fome. A fome
também é professora. Quem passa
fome aprende a pensar no próximo, e
nas crianças. (Carolina Maria de Jesus)
INSEGURANÇA ALIMENTAR E FOME
DEFINIÇÃO

A insegurança alimentar remete à falta de acesso por parte da população a alimentos em


quantidade e qualidade adequadas para a sua saúde. Suas causas são diversas e estão
relacionadas a fatores das esferas econômica, política, social e ambiental.

ESTÁGIOS

LEVE MODERADO GRAVE


Incerteza quanto ao acesso a Quantidade Privação no
alimentos em um futuro insuficiente de consumo
próximo e/ou quando a alimentos de alimentos e fome
qualidade da alimentação já
está comprometida
INSEGURANÇA ALIMENTAR GRAVE

É a insegurança alimentar que persiste ao longo do


tempo, ou seja, uma pessoa que vive por grandes
períodos em que há incerteza em relação às suas
refeições. Esse nível é comumente relacionado a
causas estruturais da sociedade, como o alto preço dos
alimentos.

Por fim, a insegurança alimentar grave é aquela que se


estabelece em um nível no qual a falta de alimentos é
suficiente para ameaçar a vida ou meios de
subsistência de uma pessoa, independentemente da
causa, contexto ou duração. Por exemplo, quando a
pessoa sofre de desnutrição, com risco de óbito.
DIFERENÇA ENTRE INSEGURANÇA ALIMENTAR E FOME
Como os dois conceitos são bastante próximos, por vezes
eles acabam se confundindo. A insegurança alimentar
considera não só a quantidade de alimentos a que a pessoa
tem acesso, mas também a qualidade e quais as causas para
essa incerteza no que está disponível para comer.

Já a fome é definida pela FAO como um desconforto físico


ou dor causada pelo consumo insuficiente de energia
alimentar. Entretanto, quem passa fome por conta de causas
sociais e estruturais, também se encontra em algum nível de
insegurança alimentar.

O termo “fome” também costuma ser usado como sinônimo


de subalimentação crônica, ou seja, a condição persistente –
que dura muito tempo – na qual o consumo alimentar
habitual de um indivíduo é insuficiente para fornecer a
quantidade de calorias necessárias para manter uma vida
normal, ativa e saudável.
FATORES QUE CAUSAM INSEGURANÇA ALIMENTAR E FOME

O relatório O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição


do Mundo 2021, feito pela FAO, destaca que os principais
fatores para o aumento da insegurança alimentar e a
desnutrição são os conflitos, as temperaturas extremas no
clima e as crises econômicas.

- Guerras
- Deslocamentos populacionais (Migrações)
- Eventos climáticos extremos
- Vulnerabilidade social vinculada a altíssima desigualdade
social.
- Desperdício de alimentos
- Consumo não consciente
O AGRONEGÓCIO E A FOME NO BRASIL

“O agronegócio brasileiro alimenta um


bilhão de pessoas.” Certo! Mas essa
comida é pra quem? Nem é preciso ir
longe para checar a realidade: em
2022, qualquer brasileiro está a alguns
passos de um outro brasileiro
passando fome – se é que ele mesmo
não está passando fome. O
agronegócio produz milhões de
toneladas de grãos (soja e milho à
frente) e de carnes. Mas, cada vez
mais, o sistema de produção em larga
escala é contestado não apenas por
descumprir a promessa de erradicar o
problema da fome, como por
potencializar essa questão. Como é
possível?
O AGRONEGÓCIO E A FOME NO BRASIL

1. Avanço sobre áreas da agricultura familiar

Num país como o Brasil, a agricultura familiar tem um papel fundamental na produção dos alimentos mais
consumidos. Nos últimos anos, tornou-se mais clara a competição do agronegócio por áreas de florestas
públicas, terras indígenas e… agricultura familiar. Pequenos produtores relatam como tem sido difícil
permanecer na terra, seja por pressão econômica, seja por violência, grilagem e ameaças.

2. Êxodo rural

O Brasil perdeu 1,5 milhão de postos de trabalho rurais entre 2006 e 2017. Mas essa perda foi bastante desigual.
A agricultura familiar foi reduzida em 2,2 milhões de trabalhadores, ao passo que a agricultura não familiar teve
aumento de 703 mil vagas. Um dos fatores é a maior mecanização do trabalho, em especial o crescimento do
número de tratores. Mas a perda de áreas da produção de alimentos, convertidas para a produção de
commodities, também tem um papel nessa equação. De novo, vale a ressalva de que, cinco anos depois, a
situação real é provavelmente pior.
O AGRONEGÓCIO E A FOME NO BRASIL
3. Privilégio no uso de recursos financeiros públicos

O agronegócio tem privilégio absoluto no acesso ao financiamento público. Além de poder recorrer ao Plano
Safra, tem à disposição uma série de mecanismos do mercado financeiro que já se tornaram até maiores que o
montante de dinheiro governamental. A agricultura familiar acaba obrigada a seguir o mesmo modelo, ou seja,
a se tornar um agronegocinho. As atividades mais financiadas pelo Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf) em 2020 foram a bovinocultura e a soja (59,9%) e a produção de milho (14,4%).
Já para a produção de arroz e feijão foram destinados apenas 2,53% dos recursos do Pronaf Custeio Geral.

4. Exclusão e expulsão de produtores

Nas últimas décadas, praticamente todos os setores alimentícios passaram por concentração de mercado. O
poder nas mãos de poucas empresas afeta agricultores e produtos, que não têm opções na hora de escoar os
alimentos e acabam obrigados a aceitar os preços impostos. O caso do leite é emblemático porque afeta uma
série de itens relevantes na dieta dos brasileiros. Essa demanda concentrada tem um impacto, também, sobre a
biodiversidade, já que as corporações acabam definindo o que será produzido, com impactos terríveis sobre
frutas, legumes e verduras regionais.
TRABALHANDO COM DADOS
TRABALHANDO COM DADOS
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POLÍTICAS PÚBLICAS CONTRA A FOME

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