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ESTRATÉGIAS NÃO FARMACOLÓGICAS PARA O TRATAMENTO

DA DEPRESSÃO

Nicholas Freitas de Oliveira¹; Juliana Souza²; Cristiano de Lima³

¹ Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), Guarujá-SP, Brasil. Bacharel em Educação Física.


nicholasfreitas1701@gmail.com
² Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), Guarujá-SP, Brasil. Discente em Educação Física.
juliana.souza@sou.unaerp.edu.br
³ Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), Guarujá-SP, Brasil. Docente em Educação Física e
Medicina. crlima@unaerp.br

RESUMO:
Nosso trabalho teve como objetivo revisar estudos que investigaram a ação de
métodos não farmacológicos para depressão. O método utilizado para este trabalho
acadêmico foi o bibliográfico descritivo através de artigos científicos disponibilizados
na base de dados acadêmicas Google Scholar, Bireme, Scielo e PubMed. Os
estudos consultados descreveram a relação entre depressão, exercício físico e
propostas de tratamento para depressão. Nós observamos que medidas de
tratamento não farmacológicas atuais têm se mostrado extremamente eficazes tanto
na prevenção como no auxílio ao tratamento da depressão.
PALAVRAS-CHAVE: Depressão; Abordagens Nutricionais; Estimulação
Transcraniana; Exercício Físico.
ÁREA DE CONHECIMENTO: Saúde

1 INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2017) a depressão é conhecida
como “a doença do século XXI”, pois afeta 322 milhões de pessoas no mundo e tudo
isso representa cerca de 4,4% da população mundial, a probabilidade de pessoas
virem a sofrer em algum momento da vida de depressão aumentou 18,4% entre
2005 e 2015, e esse número deverá aumentar exponencialmente ao longo do tempo
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017).
Essa enfermidade é um distúrbio psicológico altamente prevalente na
população em geral, aparece como uma das principais comorbidades associadas a
outra doenças, como tal deve ser vista como um problema de saúde pública.
Estima-se que a depressão acometa de 3% a 5% da população mundial e nos
Estados Unidos 7% da população de acordo com a Associação de Psiquiatria Norte-
Americana. Se for levado em conta formas mais leves de depressão esses índices
poderiam chegar entorno de 25%, ou seja, um quarto da população norte-americana
teria grandes chances de sofrer depressão em algum estágio da vida (SILVA et al.,
2016).
Dentre os transtornos depressivos a depressão é um dos transtornos
psiquiátricos mais prevalentes, com cerca de 25% das mulheres e 12% dos homens
sofrendo pelo menos um episódio depressivo durante a vida. De acordo com os
critérios de diagnóstico recomendados pela American Psychiatric Association (2013),
os transtornos depressivos podem ser distinguidos por seu grau de severidade ou
duração e também são caracterizados por uma alta comorbidade e um aumento da
tensão psicológica da pessoa afetada. É evidente que existe uma forte conexão com
várias condições crônicas, como vícios, doenças neurodegenerativas e doenças
psiquiátricas. Isso leva a depressão como uma das principais causas de
incapacidade em todo o mundo, cujo sintomas passam a prejudicar de maneira
significativa a vida das pessoas, com graves consequências (HALLER et al., 2019).
O sujeito com depressão demonstra em grande parte do dia desânimo, tristeza,
sentimentos de irritabilidade, inutilidade, apatia, baixa autoestima, fadiga, melancolia
acarretando prejuízos sociais, afetivos, laborais e diminuição de apetite ou aumento
(BRUNONNI et al., 2015).
Atualmente, há disponibilidade de mais de oito classes de antidepressivos, com
aproximadamente 22 substâncias ativas no mercado mundial para o tratamento
farmacológico da depressão, mas somente 30 a 35% dos pacientes depressivos
respondem ou persistem no tratamento com psicofármacos (BLUMENTHAL et
al.,1999).
Essa baixa adesão à medicação farmacológica antidepressiva ocorre por ser
esse um tratamento com diversos efeitos colaterais e de alto custo. Muitos
portadores de depressão não se dispõem sequer a fazer psicoterapia. A esses, os
psicólogos orientam, de maneira ainda mais insistente, a praticar exercícios físicos
com regularidade e a aumentar o número de atividades diárias capazes de lhes dar
prazer (SILVEIRA, 2001).
As dietas, incluindo padrões alimentares ou alimentos específicos, e
abordagens nutricionais estão intimamente ligadas ao tratamento da depressão hoje
em dia, além de outras propostas atualmente, como estimulação transcraniana e
programas de exercícios físicos regulares. Nesse trabalho abordaremos como essas
estratégias não medicamentosas auxiliam no tratamento da depressão.

2 OBJETIVOS
Este trabalho teve como objetivo de investigar estratégias não farmacológicas
que possam auxiliar no tratamento da depressão.

3 MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas buscas online através das plataformas acadêmicas Google
acadêmico, Bireme, Scielo e PubMed com as palavras chaves (Depressão, Nutrição,
estimulação transcraniana, Exercício Físico) não foram estabelecidos limites
temporais.

4 DESENVOLVIMENTO

4.1 REFERENCIAL TEÓRICO


4.1.1 Teorias que tentam explicar e tratar a depressão
Diante a teoria biológica, se um distúrbio de humor não puder ser explicado
pelo histórico familiar ou por eventos estressantes da vida, pode ser que o indivíduo,
nesse caso, os sintomas depressivos possam se manifestar precocemente e
concomitantemente em crianças e adolescentes junto com síndromes epilépticas,
distúrbios do sono, cefalalgias crônicas recorrentes, várias doenças
neurometabólicas e tumores intracranianos (NARBONA, 2014).
Atualmente o déficit de noradrenalina é uma das teorias mais discutidas, pois
dentre os neuromoduladores mais conhecidos podemos também citar a importância
da serotonina que é uma monoamina ligada à adrenalina, noradrenalina e dopamina,
que desempenha um papel fundamental, principalmente no sistema nervoso central,
uma vez que está envolvida em funções importantes, dentre elas apetite, sono,
memória, aprendizado, regulação da temperatura e comportamentos sociais, etc),
bem como muitas patologias psiquiátricas (NIQUE et al., 2014).
A serotonina amplamente discutida na literatura modula a neuroplasticidade,
particularmente durante os primeiros anos de vida, e as disfunções em ambos os
sistemas contribuem para a fisiopatologia da depressão (KRAUS et al., 2017).
Postula-se também, principalmente em crianças que um aumento da atividade
glutamaérgica, mediado pelo glutamato principal neurotransmissor excitatório
contribua aumentando a neurotoxidade (CROARKIN et al., 2013).
Os níveis de serotonina podem aumentar a probabilidade de desenvolvimento
e recuperação da psicopatologia e possuem um papel desempenhado pelo ambiente
social nesse processo. Nesse sentido, Curley et al. (2011) apontam que a qualidade
do ambiente social pode influenciar o desenvolvimento e a atividade dos sistemas
neurais, que por sua vez têm impacto nas respostas comportamentais, fisiológicas e
emocionais.
Os hormônios mais especificamente as alterações endócrinas também estão
relacionadas a presença de fatores de risco biológico, inflamatórios, imunológicos,
cardiovasculares e neuroanatômicos, que podem tornar as pessoas mais
vulneráveis à depressão (CLARKE e CURRIE, 2009). Postula-se que secreções
noturnas de cortisol (BIRMAHER et al., 1996), secreção de hormônios estimulantes
da tireoide (PUIG-ANTICH J.RABINOVICH H, 1986), prolactina (WATERMAN et al.,
1994), altas concentrações de cortisol (HERANE-VIVES et al., 2018), além da
diminuição de secreções de melatonina e da produção do hormônio do crescimento
possuam influência direta na depressão (RYAN et al., 1994; DAHL et al., 2000).
A qualidade de sono apresenta ser uma variável relevante ligada ao
desenvolvimento da depressão, pois os problemas do sono estão frequentemente
associados a situações de privação social, desemprego ou eventos estressantes da
vida (GARBARINO et al., 2016), pois essa relação ocorre como resultado de como o
sono insuficiente afeta o hipocampo, aumentando a sensibilidade neural e a
vulnerabilidade, resultando em uma diminuição líquida da substância cinzenta no
hipocampo no córtex orbitofrontal esquerdo (NOVATI et al., 2012).
O desequilíbrio entre neuromoduladores no sistema nervoso central foi pelo
menos nos últimos 20 anos um dos temas que melhor explicou a hipótese
neurobiológica da depressão, pois em estudos realizados observa-se hiperatividade
do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) (PARIANTE, 2017).
Alguns dos mecanismos fisiopatológicos da depressão incluem desequilíbrio na
neurotransmissão, anormalidades no eixo HPA envolvidas com o estresse crônico,
inflamação, neuroplasticidade reduzida e disfunção da rede (DEAN e KESHAVAN,
2017). Outros estudos relataram alterações na estrutura do cérebro: hipocampo
menor, amígdala e lobo frontal (WHITTLE et al., 2014). No entanto, os mecanismos
moleculares e clínicos subjacentes ainda não foram descobertos (PARIANTE, 2017).
Os estudos na área da genética sugerem que o início da depressão
compreende 40% de um gene relacionado a doença (SCOURFIELD et al., 2003). É
importante reconhecer que uma predisposição genética a uma resposta excessiva
da amígdala ao estresse ou um eixo HPA, pois os autores destacam o papel
potencial dos genes relacionados ao gene homeobox 2 do Orthodenticle (OTX2) e
ao gene relacionado ao OTX2 na fisiopatologia dos transtornos depressivos
relacionados ao estresse principalmente em crianças.
A depressão é um distúrbio altamente complexo, influenciado por múltiplos
fatores, e é claro que nenhuma teoria pode explicar completamente sua etiologia e
persistência, entretanto a psicoterapia e suas vertentes têm utilizadas como uma das
formas com maior adesão pelos sujeitos que sofrem de depressão.
Os tratamentos convergem em uma direção que parece provável que uma
perspectiva mais eclética seja adotada para que possamos progredir na
determinação da origem, desenvolvimento e tratamento dessa patologia.
Alguns estudos mostram a relação da alimentação com a depressão, uma
alimentação saudável pode ajudar a prevenir ou até mesmo auxiliar no processo
melhoria em casos de leve a moderado, a dieta do mediterrâneo que é baseada no
consumo vegetais, peixes e nozes tem se mostrado eficaz (HUANG et al., 2019).
Dentro deste conceito, o presente trabalho abordou a importância da
implantação de observar propostas não farmacológicas em casos de depressão e
entender como essas estratégias, por sua vez, podem contribuir na prevenção e
tratamento de transtornos depressivos.

4.1.2 Abordagens nutricionais e depressão


O consumo de alimentos inflamatórios faz com que o corpo aumente o
estresse, visto que o organismo não consegue metabolizar os excessos de gorduras
saturadas, frituras e açúcares. Frutas, legumes, nozes e peixes tendem a ser mais
elevados em fibras, vitaminas, minerais e polifenóis que podem reduzir a inflamação,
dieta pró-inflamatória pode induzir inflamação sistêmica do corpo, o que pode
aumentar diretamente o risco de depressão (LASSALLE et al., 2019).
Existem também evidências que mostram que a relação entre o intestino e o
cérebro conhecida como “segundo cérebro” desempenha um papel fundamental na
saúde mental, esse eixo é modulado por bactérias gastrointestinais, que podem ser
modificadas de acordo com a dieta, como a serotonina, também conhecida como 5-
hydroxytryptamine (5HT), é o hormônio e o neurotransmissor envolvido
principalmente na excitação de órgãos e constrição de vasos sanguíneos (Caspi et
al., 2010). A serotonina é produzida em células especializadas – as
enterochromafinas. Esta substância também é encontrada nas paredes sanguíneas,
e localizada no hipotálamo e parte central do cérebro (VAN RIEDEL et al., 2003).
O excesso de gases dentro do aparelho digestivo, causado por bebidas
gasosas como refrigerantes pode criar bolhas de ar que levam a dificuldade da
formação e andamento do bolo fecal, resultando em prisão de ventre e inflamação
das paredes intestinais, o que ocasiona uma redução significativa na produção de
serotonina intestinal (SILVA, 2016).
Grande parte da serotonina produzida no corpo, por volta de 95% é produzida
no trato gastrointestinal por células enterendócrinas ou enterocromafins, dentro do
intestino, e nos neurônios serotoninérgicos do sistema nervoso entérico
(VEDOVATO et al., 2014).

4.1.3 Estimulação transcraniana e depressão


A estimulação transcraniana (ETTC) por corrente contínua vem sendo usada
no campo clínico de forma terapêutica como tratamento não farmacológico para
depressão, baseia-se em uma técnica não invasiva com equipamentos de baixo
custo e manuseio simples, com o intuito de estimular a liberação de
neurotransmissores e reestabelecer conexões cerebrais através da
neuroplasticidade cerebral (COLLEN et al., 2012). São utilizados eletrodos de
silicone envolvidos por uma esponja imersa em uma solução de salina são
posicionadas na cabeça, sobre o córtex que se deseja estimular.
Uma corrente elétrica contínua que varia entre 0,4-2 miliampères é sobreposta
na região cortical durante um período de 3-20 minutos. Este procedimento possibilita
modificações na excitabilidade cortical, alguns estudos mostram uma relação direta
entre o tratamento de ETTC e a depressão (LOO et al., 2009)
Montenegro et al. (2013) observou em revisão realizada que pesquisas
recentes sugerem que um novo campo de aplicabilidade da ETCC possui uma
relação provável com efeito ergogênico, especialmente sobre a geração de força
muscular, rendimento aeróbio, percepção do esforço, além de funcionar como
possíveis estratégias positivas de auxílio ao tratamento para populações especiais
que possuem hipertensão, Parkinson, Alzheimer e depressão.

4.1.4 Exercício físico e depressão


Além dos tratamentos já citados, estudos (GUERRA et al.,2019) veem
evidenciando o exercício físico (Mello, 2013) como um forte aliado tanto na
prevenção quanto no tratamento do distúrbio depressivo (Goodwin, 2003).
Estudo realizado por Vieira et al. (2007) observou melhoras significativas em
indivíduos com quadro depressivo praticantes de hidroginástica durante duas seções
semanais, com duração de 50 (cinquenta) minutos e após 6 meses de conclusão da
intervenção por meio de exercícios hidroginásticos, contudo houve uma regressão
aos escores iniciais de depressão. Não houve anulação total da psicopatologia,
porém os exercícios mostraram-se fundamentais e de uma influência positiva como
complemento terapêutico no tratamento da depressão.
Mazo et al. (2012) investigou que a prevalência da depressão em idosos que
praticam exercício físico regularmente possibilitou um escore leve da doença, em
contrapartida foi observado que idosos que apresentavam índices de autoestima
baixo eram a grande maioria no grupo depressivo. Observando assim, que a prática
regular de exercício físico é de extrema importância, elevando a autoestima do idoso
e por consequência reduzindo os sintomas depressivos.
Em relação à depressão, um estudo controlado randomizado mostrou uma
relação dose-resposta entre o escore de exercício físico e depressão (com uma
redução de 47% do exercício aeróbio em altas intensidade e 30% no exercício
aeróbio em baixas intensidades) avaliada pela Hamilton Rating Scale for Depression
(HAM- D) (DUNN et al., 2005). Além disso, Blumenthal et al. (1999) relataram que o
exercício com predominância aeróbia por si só ou em associação com a medicação
sertralina (um inibidor seletivo da recaptação da serotonina) diminuiu o escore
depressivo e a taxa de recorrência aos 6 meses de acompanhamento (FERNANDES
et al., 2017).
Os estudos mostram que o exercício físico regular é um excelente aliado
também como uma das terapias mais eficazes para redução dos níveis de
severidade da depressão em populações especiais (RETHORST e TRIVEDI, 2013),
(KVAM et al., 2016), tendo em vista, que é uma das comorbidades mais associadas
a essa população, com isso ajudando no tratamento em doenças relacionadas ao
cérebro, como Parkinson, Alzheimer e Epilepsia, (CHIN et al., 2015), (MATURA et
al., 2016), (de ALMEIDA et al., 2017), (SHU et al., 2014), (REYNOLDS et al., 2016).
Torna-se evidente os efeitos dos exercícios físicos como antidepressivos.
Determinando que há uma heterogeneidade nos exercícios físicos em questão de
formação, execução, e metabolismo energético, torna-se complexo determinar qual
tipo de exercício se torna melhor para obtenção do máximo benefício psicológico,
entretanto existe na literatura evidencias de que tanto exercícios aeróbicos quanto a
anaeróbicos promovem benefícios psicológicos similares (MELLO, 2013),
(BARBANTI, 2010), ( BRUNONI et al, 2015), (SILVA et al., 2017), (ABDELBASSET,
2019).

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os trabalhos elencados em nosso estudo mostraram que a depressão é uma
doença multifatorial, pois é difícil afirmar a sua causa, levando em consideração o
alto grau de complexidade da doença e os níveis de severidade, que podem estar
relacionadas as questões sociais, psicológicas, genéticas e neurobiológicas. As
estratégias de tratamentos utilizadas como abordagens nutricionais ligadas ao
tratamento da depressão, estimulação transcraniana e programas de exercícios
físicos regulares se mostraram promissoras para o seu uso junto aos sujeitos com
depressão.
Diante dos resultados obtidos nessa revisão, o exercício físico apresenta um
campo positivo para a discussão de medidas não farmacológicas envolvendo a
depressão, visto que há uma quantidade maior disponível de trabalhos na literatura
investigando seus possíveis benefícios e limitações (FERNANDES et al., 2017).
As outras propostas não farmacológicas, como abordagens nutricionais e
estimulação transcraniana, embora apresentem bons resultados, entretanto, ainda
estão em fase de investigação e carecem de mais resultados como medida
terapêutica e tratamento com sujeitos que possuem depressão, principalmente
levando em conta que os níveis de severidade da doença são diferentes. Porém, os
resultados animadores obtidos até agora, nos motivam a crer também na utilização
dessas medidas em um futuro próximo para auxiliar na prevenção e tratamento da
depressão (COLLEN K. et al., 2012) (SILVA, 2016).
Apesar da maioria dos trabalhos envolvendo exercícios físicos e depressão
demonstrarem principalmente diminuição dos escores de depressão (MELLO, 2013;
BRUNONI et al., 2015) ainda não está claro na literatura qual o exercício físico mais
indicado, principalmente porque o profissional de educação física tem que levar em
conta, o grau de complexidade que envolve quanto a doença, além da recorrência
que o indivíduo está sujeito a sofrer. Por outro, lado os trabalhos citados mostraram
que existe uma correlação positiva envolvendo a prática de exercício físico e a
diminuição dos escores de depressão (BLUMENTHAL et al., 1999), (FERNANDES
et al., 2017).
Pode se afirmar que o tratamento para a depressão deve ser multifatorial e
também ter em mente as características pessoais indivíduo, sua estratégia de
enfrentamento dos problemas, o tipo de relacionamento que eles têm com eles
mesmos e o tipo de relacionamento que estabelecem com seu ambiente (amigos,
escola, família etc.) e por fim, os hábitos cultivados (HALLER et al., 2019). Assim,
para que o indivíduo atinja o nível mais alto possível de bem-estar psicológico, a
atenção deve se concentrar nesses e em outros aspectos relacionados.
Diante desse cenário, nossas perspectivas futuras sugerimos a necessidade de
serem utilizadas em estudos prospectivos estratégias de tratamentos onde o
pesquisador realize a intervenção em cima de propostas utilizando a ideia de
observar em conjunto propostas de mudanças comportamentais, alimentares e de
nível de atividade física no indivíduo com depressão. Além disso, levar em
consideração a terapia medicamentosa utilizada e compreender quais as
possibilidades de adesão ao tratamento em conjunto com essas drogas.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As estratégias não medicamentosas observadas nesse estudo nos mostram
que são boas alternativas de tratamento auxiliando o sujeito com depressão, mas
principalmente que temos que levar em conta o grau de severidade da depressão.
A partir desta análise dos estudos observou-se que existem já embasadas na
literatura estratégias não farmacológicas para prevenção e tratamento de depressão,
porém vale ressaltar que a realização de um programa de exercícios físicos
moderado com predominância aeróbia tem desempenhado um papel importante
dentre estas estratégias não farmacológicas.
A depressão se mostra um doença multifatorial, pois é clarividente o papel
fundamental que profissionais da saúde devem desempenhar no tratamento e
prevenção e tratamento da depressão, além de salientar a importância de uma
equipe multidisciplinar para uma melhor adesão aos programas de tratamentos, visto
que pessoas com depressão se mostram muito debilitadas e desestimuladas.
Uma orientação adequada juntamente com a organização e planejamento de
programas multidisciplinares envolvendo médicos, psicólogos, nutricionistas e o
profissional de educação física devem fazer parte de um trabalho interdisciplinar
composto, para que auxilie e colabore na qualidade de vida, saúde física e mental
desses indivíduos.

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