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Aula - Transtorno Disfórico Pré-mestrual

Psicóloga Bianca Perez


2016
Em Dezembro de 2012, a Associação Psiquiátrica Americana aprovou
a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-V). A partir de então, fez história a respeito da Saúde
Mental da Mulher, movendo o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual
(TDPM)

O que é?
O período pré-menstrual é um momento de vulnerabilidade para o
aparecimento de sintomas físicos e psíquicos, o que não significa que
o gênero feminino seja menos competente e capaz que o masculino.
Segundo a estimativa de pesquisas epidemiológicas, em torno de
75% das mulheres em idade reprodutiva experimentam alguns
sintomas atribuídos à fase pré-menstrual do ciclo, mas a maioria
destas mulheres é capaz de administrá-los através de mudanças no
estilo de vida e terapias conservadoras, diferentemente do TDPM3 .
O TDPM apresenta prevalência de 2 a 8% e, embora possam existir os
sintomas físicos, as queixas psíquicas são mais relevantes,
Sintomas

caracteriza pela recorrência cíclica, durante a fase lútea, de


sintomas somáticos, comportamentais e de humor em
primeira instância, sendo ansiedade, labilidade afetiva,
sintomas depressivos, tensão, irritabilidade, ira, distúrbios do
apetite e do sono os mais frequentes

Os sintomas são tão severos que não se restringem à relação


do indivíduo consigo mesmo, mas por refletirem também no
relacionamento interpessoal e complexo da sociedade
Diagnostico

Trata-se de um diagnóstico realizado através de


uma completa anamnese, exame físico e exclusão
de outras causas
Para o diagnóstico, os sintomas devem estar
presentes durante a maioria dos ciclos menstruais
no último ano e ser severo o suficiente para causar
impacto no funcionamento diário na vida desta
mulher. O preenchimento de diários prospectivos,
por pelo menos dois ciclos menstruais
consecutivos, é muito utilizado e de grande valia4 .
Os sintomas são tão severos que não se restringem
à relação do indivíduo consigo mesmo, mas por
refletirem também no relacionamento interpessoal
e complexo da sociedade
Opções de tratamento:

1. Tratamento Hormonal Pílula Anticoncepcional Oral Segundo Vigod e


colaboradores2 , a associação de etinilestradiol (0,02mg) com drospirenona
(3mg) administrada diariamente por 24 dias, com intervalo de 4 dias

GnRH Uma forma de supressão da ovulação é o uso de agonistas do GnRH, que


tem ação de downregulation sobre os receptores de GnRH no hipotálamo,
levando à diminuição da produção de FSH e LH pela glândula pituitária,
resultando em níveis diminuídos de estrogênio e progesterona11. Por levar a
uma menopausa farmacológica, GnRH agonistas são reservados para
pacientes com sintomas severos que não responderam a outros tratamentos.
Com a menopausa-like, a paciente poderá apresentar sintomas físicos e
psíquicos deste período9 . Estes fármacos são menos eficazes nas alterações
do humor do que nos sintomas físicos. Além disso, estão associados a risco
de cardiotoxicidade e osteoporose2,11,13

2. Psicofármacos Algumas mulheres não respondem a tratamentos não


farmacológicos e outras têm indicação imediata de tratamento
medicamentoso, devido gravidade do quadro. Medicações serotoninérgicas,
3. Psicoeducação e tratamentos comportamentais Grupos de psicoeducação
têm ajudado no melhor entendimento e aceitação da menstruação, mas não
têm alterado o resultado final do tratamento2 . Através de uma revisão
sistemática, Lustky et al21 avaliaram a eficácia da terapia cognitivo
comportamental no TDPM. Concluíram que, apesar da terapia cognitiva
comportamental oferecer algum benefício, a magnitude dos efeitos é muito
menor quando comparada com psicofármacos e técnicas de relaxamento.

4. Vitaminas e Minerais Tentativas de associar deficiências de vitaminas e


minerais ao TDPM têm sido inconclusivas. Níveis normais de magnésio sérico e
vitaminas A, B6 e E têm sido observados9 . Existem algumas evidências de que
a vitamina E possa modular a produção das prostaglandinas. Sua
suplementação bloquearia a diminuição do ácido gama-linolêico, reduzindo
sintomas dolorosos. Entretanto, segundo Chuong e Dawson22, não existe
diferença entre o placebo e a vitamina E. Níveis séricos de Cálcio podem estar
diminuídos na fase pré- -menstrual2
Pesquisa

Metodo-
A seleção da amostra foi feita utilizando-se o programa estatístico Epi-Info
2000, tendo como freqüência mínima do TDPM 3% e como pior resultado
esperado 10% na população urbana de Belo Horizonte (IBGE) de 1.300.000
mulheres, sendo a amostra de 113 pacientes, representativa em 99,99%. As
pacientes foram recrutadas por encaminhamento dos Serviços de
Ginecologia e de Psiquiatria e ambulatório de saúde do trabalhador, ambos
da UFMG, e por procura direta após entrevistas na mí- dia divulgando o
estudo. O grupo-controle foi recrutado a partir da mesma população
encaminhada para o estudo entre as mulheres que apresentaram as
mesmas queixas, porém não preencheram os critérios do DSM IV para
TDPM. Elas foram pareadas por estado civil, situação socioeconômica,
escolaridade e religião, idade de menarca, regularidade e duração do ciclo
menstrual, tendo sido avaliadas com a mesma metodologia, durante o
mesmo período e intervalos de tempo e pelos mesmos avaliadores.

Critérios de inclusão Pacientes do sexo feminino; com idade entre 18 e 50


INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO
-M.I.N.I.- Mini International Neuropsychiatric Interview, versão M.I.N.I PLUS, que tem
como objetivo ser uma entrevista diagnóstica padronizada breve (15-30 minutos), ■

-Inventário de depressão de Beck (Beck Depression Inventory)


- Escala de Avaliação para depressão de Hamilton (HAM-D)
-Escala de ansiedade de Hamilton
-Escala de Adaptação Social (SAS)
-Questionário de qualidade de vida F-36 OMS
-Questionário de impulsividade de Burs-Durkee
Observou-se diferença significativa do ponto
de vista estatístico entre o grupo TDPM e o
grupocontrole no que se refere à idade das
pacientes. Constatou-se que as mulheres
incluídas tinham idade média de 38,3 anos,
com desvio-padrão de 8,6 e as do grupo-
controle tinham idade média de 34,6, anos
com desvio-padrão de 8,3, teste t de Student
de 2,05 e o valor de p de 0,021 (Tabela 1). As
participantes com TDPM eram mais velhas que
os controles (teste t: 2,05; valor de p de 0,021),
com idade média 38,3 anos. Em relação às
outras variáveis sociodemográficas (estado
civil, nível socioeconômico, escolaridade e
religião), não foram encontradas diferenças
(Tabela 1).
Não se observou relevância na regularidade
menstrual das pacientes ao se compararem os
grupos TDPM e controle, sendo que 87,2% das
TDPM e 93,9% das controles descreveram
ciclos regulares junto a 12,8% das disfóricas no
período pré-menstrual e 6,1% das
pertencentes ao grupocontrole relataram
irregularidade nos seus ciclos. Foi encontrado
para este parâmetro um χ2 de 1,099, com o p
de 0,294, utilizando-se o teste de Fisher
(Tabela 2).

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