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EPIDEMIOLOGIA DA DEPRESSÃO NO BRASIL

Ryan de Paulo Santos¹


¹Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro – FAETEC
¹Escola Técnica Estadual João Barcelos Martins – ETEJBM
A depressão tem sido uma problemática vigente na população, principalmente após o período
epidêmico da covid-19. Posto isso, nossa avaliação visa mencionar estudos relevantes acerca de
dados estatísticos acerca da depressão no Brasil. Analisar a incidência e prevalência. Além disso,
destacar soluções eficazes com o objetivo de abrandar esta problemática.
Segundo estudos, a prevalência de episódios depressivos no Brasil é significativa, com uma
prevalência geral de 18,8%. Em revisões de estudos epidemiológicos populacionais em todo o
mundo, as prevalências de episódios depressivos variam de 2,2% a 5,4% nos últimos 30 dias, de
3,5% a 10,3% no último ano e de 3,7% a 15,7% na vida. Foi observada uma associação significativa
entre a depressão e o sexo feminino, bem como a comorbidade com transtornos de ansiedade,
especialmente transtornos de pânico e ansiedade generalizada (Villano, Luiz; et al, 2011).
No contexto dos cuidados primários de saúde no Brasil, a depressão também é um problema
significativo, com uma prevalência de 16% para episódios depressivos atuais, sendo mais
prevalente em mulheres do que em homens. A distribuição por idade mostra uma progressão
inversa, com uma maior prevalência entre os mais jovens. A depressão apresenta uma grande
magnitude de incapacidade social, sendo uma das principais causas de anos vividos com
incapacidade (YLDs). Estudos mostram que pacientes com depressão relatam comprometimento
significativo no desempenho do papel social e na saúde física, o que afeta sua qualidade de vida
(Villano, Luiz; et al, 2011).
Diversos estudos têm abordado a eficácia de intervenções para melhorar os resultados
terapêuticos em saúde mental, especialmente em cuidados primários. Um título de um artigo de um
grupo de pesquisadores do Estado de Washington, EUA, resume uma dessas abordagens, que é a
“Atuação colaborativa visando atendimento às diretrizes de tratamento — impacto na depressão em
cuidados primários”. Essas intervenções têm como objetivo alcançar metas previamente definidas e
incluem aumento na frequência e nas características das consultas nas primeiras 4 a 6 semanas, com
consultas com o médico de cuidados primários e um psiquiatra alternando-se. Além disso, há um
acompanhamento contínuo da aderência à medicação durante as fases de continuação e manutenção
do tratamento, acompanhado de estratégias de educação em saúde por meio de materiais escritos e
gravados. Essas intervenções mostraram um aumento significativo na aderência à prescrição tanto
para casos de depressão maior quanto para casos de depressão menor, especialmente para os
primeiros, onde também houve aumento da satisfação com o atendimento e melhorias efetivas na
depressão (Villano, Luiz; et al, 2011).
Dois pontos da discussão desses estudos são relevantes. Primeiro, a resposta diferencial entre
casos definidos de depressão e casos limítrofes, como a depressão menor, sugere a necessidade de
uma abordagem diferenciada entre os dois grupos. Segundo, o investimento de tempo nas primeiras
semanas de tratamento, com acompanhamento próximo da aderência à medicação, mesmo sem uma
abordagem psicossocial além da educação para a saúde, pode resultar em melhorias significativas
nos casos mais graves.
Outro estudo na Inglaterra ofereceu quatro opções de tratamento para pacientes com
diagnóstico confirmado de depressão: terapia de resolução de problemas feita pelo médico geral
pesquisador, ou pelo enfermeiro pesquisador, medicação antidepressiva, terapia de resolução de
problemas pelo enfermeiro pesquisador, acompanhado de medicação antidepressiva, e
exclusivamente medicação antidepressiva pelo médico geral pesquisador. Os resultados mostraram
melhorias claras em todos os grupos ao longo de 12 meses, mantidas em avaliações de seguimento
de 52 meses. Os autores ressaltam que a combinação de tratamentos não foi mais eficaz do que o
tratamento isolado, e que a abordagem psicoterápica, seja pelo médico ou pelo enfermeiro, com
treinamento específico, é tão adequada quanto a abordagem medicamentosa.
Esses estudos enfatizam a importância do investimento nas consultas iniciais, com um
planejamento terapêutico claro e garantia da adesão à prescrição. Isso sugere que a depressão grave
em si não impede o atendimento exclusivo pelo clínico geral, mas pode demandar uma abordagem
diferenciada. A possibilidade de tratamentos psicoterápicos específicos também foi destacada.
Para determinar se o Solvit produz transtorno depressivo, é crucial realizar estudos
epidemiológicos que analisem a incidência e prevalência desse transtorno em usuários do produto.
Dois projetos de pesquisa epidemiológica que poderiam ser utilizados são:
1. Estudo de coorte prospectivo: Neste tipo de estudo, uma amostra de usuários de Solvit seria
acompanhada ao longo do tempo para verificar o desenvolvimento de transtorno depressivo. Pontos
fortes desse projeto incluem a capacidade de estabelecer relações temporais entre a exposição ao
produto e o desenvolvimento do transtorno, além de permitir a avaliação de múltiplos desfechos ao
longo do tempo. No entanto, esse tipo de estudo pode ser demorado e dispendioso, especialmente se
o acompanhamento for prolongado, e pode haver perda de participantes ao longo do tempo, o que
pode afetar a validade dos resultados.
2. Estudo transversal: Neste tipo de estudo, uma amostra de usuários de Solvit seria avaliada
em um único ponto no tempo para determinar a prevalência de transtorno depressivo. Pontos fortes
desse projeto incluem a rapidez e a eficiência na coleta de dados, além da capacidade de avaliar
uma grande quantidade de participantes em um curto período. No entanto, esse tipo de estudo não
permite estabelecer relações causais entre a exposição ao produto e o desenvolvimento do
transtorno, e pode haver viés de seleção de participantes.
Para determinar se o Solvit produz transtorno depressivo, podemos considerar diferentes
projetos de pesquisa epidemiológica. Dois exemplos seriam estudos observacionais longitudinais e
ensaios clínicos randomizados (ECRs) controlados. No primeiro tipo de estudo, como um estudo de
coorte prospectivo, acompanharíamos ao longo do tempo uma grande população de usuários de
Solvit, registrando seu uso da substância e avaliando a incidência de transtorno depressivo. Em
contraste, em um ECR controlado, os participantes seriam aleatoriamente designados para receber
Solvit ou um placebo, e a ocorrência de depressão seria monitorada ao longo do tempo.
Os pontos fortes de um estudo observacional longitudinal incluem sua capacidade de
acompanhar uma grande amostra ao longo do tempo, refletindo o uso real do Solvit na população.
Além disso, esses estudos podem identificar associações de longo prazo entre o uso do Solvit e o
desenvolvimento de transtorno depressivo. No entanto, eles são suscetíveis a viés de seleção e
confusão de variáveis, já que outros fatores além do Solvit podem influenciar o desenvolvimento da
depressão. Por outro lado, os ECRs controlados têm como principal ponto forte sua capacidade de
controlar variáveis de confusão, uma vez que os participantes são randomizados para grupos de
tratamento. Isso permite uma avaliação mais precisa do efeito causal do Solvit na depressão. No
entanto, esses estudos podem ser caros e demorados, e o processo de randomização pode não
refletir totalmente as condições do mundo real.
REFERÊNCIAS
VILLANO, Luiz; NANHANY, Abdon. Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados
primários de saúde. 2. ed. São Paulo: Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, 2011. 12
p. v. 10.
BRITO, V; et al. Prevalência de depressão autorreferida no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde
2019 e 2013. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 31, n. spe1, p. e2021384, 2022.

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