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Bom dia a todos, como tema deste trabalho escolhi o impacto da

pandemia na saúde mental. Apesar da pandemia já fazer parte do nosso


passado, a meu ver, as suas consequências continuam a influenciar a nossa
vida quotidiana nos dias de hoje. Para além disso, penso que a altura da
pandemia foi uma época muito sensível para todos, e por isso, acho este tema
muito pertinente. O objetivo deste trabalho é realçar que, mesmo que a
pandemia tenha “terminado”, todos nós carregamos alguma alteração, a nível
mental. Nesta apresentação pretendo, num primeiro momento, falar sobre a
pandemia. Seguidamente passarei a destacar alguns impactos importantes,
tanto a nível de doenças mentais, como a nível do cérebro. E, por fim,
apresentarei uma conclusão de tudo o que irei apresentar e bem como todas
as referências bibliográficas que utilizei.
Em dezembro de 2019, na China, surgiu o coronavírus, ou Síndrome
Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2), que se espalhou mundialmente,
tendo sido considerada uma pandemia em março de 2020 pela OMS. Assim, o
COVID-19 tornou.se uma emergência de saúde pública, levando os países a
tomarem medidas de prevenção contra este vírus. Com o objetivo de evitar a
disseminação descontrolada deste novo vírus, foram adotadas medidas de
prevenção, como o isolamento e distanciamento social, sendo isto designado
por confinamento, o uso de máscara, a lavagem frequente das mãos, entre
muitas outras. Com a chegada do confinamento, e consequentemente, com o
distanciamento social, houve um grande aumento de preocupações, quer com
os seus familiares e a sua saúde, quer com o trabalho/estudos, e também um
alargamento de atritos matrimoniais. Em suma, o confinamento contribuiu para
o aumento de problemas sociais económicos, educacionais, físico e, para além
disso, psicológicos dos indivíduos. Muitas pessoas desenvolveram doenças
como a ansiedade e a depressão durante este período. Como já referido em
apresentações anteriores, a depressão é uma doença psiquiátrica
caracterizada pela tristeza persistente, perda de vontade de realizar tarefas,
oscilações de humor e, por vezes, com pensamentos suicidas. Já a ansiedade
é representada por sentimentos de tensão, preocupação e insegurança.
Com o aumento destas doenças, aumentou também o consumo de
antidepressivos que atuam no controlo de neurotransmissores do Sistema
Nervoso Central. Obviamente que o consumo em excesso tanto de
antidepressivos como de ansiolíticos, poderá ter consequências graves, a
longo prazo. No caso dos antidepressivos, o consumo durante algum tempo,
poderá levar ao efeito contrário à função inicial. A administração crónica de
antidepressivos pode causar certas alterações cerebrais dependendo do tipo
de fármaco: os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina e os
Inibidores da Monoaminoxidase subsensibilizam os recetores
somatodendríticos e os autorecetores pré-sinápticos, que, respetivamente são
responsáveis pela receção de estímulos do impulso nervoso e pela formação
de segundos mensageiros, funcionando assim como uma segurança. Já no
caso dos ansiolíticos, estes atuam no controlo da ansiedade, podendo ser
naturais, como os chás ou em comprimido. Estes poderão provocar uma
possível dependência e, para além disso, o retorno de muitos sintomas
anteriores. Apesar de ter aumentado o consumo destas medicações, o álcool, o
tabaco e qualquer outro tipo de droga, não foram postos de parte. Tal como é
do conhecimento de todos, o consumo exagerado de qualquer uma destas
substâncias, provoca, em muitos casos, efeitos irreversíveis para o ser
humano. Um deles, é a diminuição da transmissão e processamento de
informações, por parte dos neurónios que, consequentemente, irá dificultar o
pensamento, a fala, a coordenação motora, entre outras funções. Qualquer
uma destas substâncias também age de forma acentuada no córtex pré-frontal,
o principal responsável pelas funções cognitivas. Sendo assim, prejudicam a
capacidade de julgar e tomar decisões, o que explica o comportamento
inconsequente de pessoas.

Numa forma de tentar demonstrar a degradação da saúde mental devido


à pandemia, passarei a apresentar um estudo realizado por estudantes da
Faculdade de Psicologia de Ciências e da Educação da Universidade do Porto.
Este estudo teve a participação de 111 jovens e adultos com idades
compreendidas entre 18 e 58 anos. Numa primeira fase, foi elaborado um
questionário sociodemográfico para recolher informações dos participantes,
como idade, género, estatuto profissional, estado civil, estatuto socioeconómico
e grau de satisfação com a vida. Com o objetivo de avaliar o bem-estar e a
felicidade, optou-se pela utilização da Escala para Medir as Manifestações de
Bem-estar Psicológico. Esta escala é composta por 25 itens e está dividida em
seis subdimensões: autoestima, equilíbrio, envolvimento social, sociabilidade,
controlo de si e dos acontecimentos e felicidade. Para cada área o indivíduo
tem de indicar, tendo por base uma escala de 5 pontos desde 1 (Nunca) a 5
(Quase sempre), para cada uma das suas respostas. Quanto maior for a
pontuação total obtida, maior será considerado o bem-estar psicológico do
indivíduo.
No estudo original realizado em 2018 a média da escala para os 111
participantes apresentou níveis moderados de bem-estar psicológico. Já em
2020, com os mesmos participantes, os resultados foram significativamente
inferiores. (ver gráfico?)
Assim, os resultados obtidos neste estudo demonstram o impacto
negativo da Covid-19 ao nível do bem-estar, independentemente do sexo ou
idade do participante.
Para além disto, é notável que, desde o final da pandemia, o tema de
saúde-mental é muito mais abordado do que era anteriormente. Do meu ponto
de vista, existe uma maior sensibilização para o nosso bem-estar psicológico,
muita dessa por parte dos nossos familiares, e também na passada época
natalícia duas operadoras de telecomunicações realizaram anúncios televisivos
a apelar o bem-estar psicológico e a preocupação pelo outro. (apresentar os
dois vídeos).

Como se já não bastasse o aumento de doenças mentais, as


consequências da pandemia poderão ser responsáveis pelo envelhecimento do
cérebro humano, especialmente o das crianças. Um estudo realizado por
cientistas da Universidade Stanford nos Estados Unidos demonstrou isso
mesmo. Este ensaio teve como participantes 163 adolescentes, que foram
cuidadosamente pareados e avaliados antes e após as paralisações
relacionadas à pandemia, sendo todos sujeitos a ressonâncias magnéticas nos
dois momentos. Mudanças na estrutura cerebral ocorrem naturalmente à
medida que envelhecemos. Durante a puberdade, por exemplo, sabe-se que
ocorre um crescimento mais expressivo no hipocampo, área do cérebro que
controla o acesso a certas memórias e ajuda a modular as emoções. Já os
tecidos do córtex cerebral, uma área envolvida no funcionamento executivo,
tornam-se mais finos. No entanto, ao comparar exames de ressonância
magnética do grupo de adolescentes após a pandemia, ficou claro que esse
processo de desenvolvimento parece ter sido mais intenso no segundo grupo.
Este envelhecimento seria previsível numa pessoa de 70/80 anos, contudo os
cientistas não esperavam isto de uma pessoa de 16. Portanto irão ser repetidos
os mesmos exames, às mesmas pessoas, de modo a averiguar se isto será
permanente.
Em suma, e concluo assim a minha apresentação afirmando que,
apesar da pandemia ser um assunto do passado, não deve ser totalmente
esquecido pois não só levou a uma pior saúde mental como também a um
envelhecimento cerebral acelerado em adolescentes.

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