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20/04/2023, 18:10 Transtornos depressivos - Transtornos psiquiátricos - Manuais MSD edição para profissionais

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Versão para Profissionais de Saúde

Transtornos depressivos
Por William Coryell , MD, University of Iowa Carver College of Medicine
Avaliado clinicamente ago 2021 | modificado out 2022

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20/04/2023, 18:10 Transtornos depressivos - Transtornos psiquiátricos - Manuais MSD edição para profissionais

Caracterizam-se por tristeza suficientemente grave ou persistente para interferir no funcionamento e, muitas vezes, para
diminuir o interesse ou o prazer nas atividades. A causa exata é desconhecida, mas provavelmente envolve hereditariedade,
alterações nos níveis de neurotransmissores, alteração da função neuroendócrina e fatores psicossociais. O diagnóstico baseia-se
na história. O tratamento geralmente consiste em medicamentos, psicoterapia ou ambos e, algumas vezes, eletroconvulsoterapia
ou estimulação magnética transcraniana rápida (EMTr).

(Ver também Visão geral dos transtornos do humor.)

O termo depressão é utilizado com frequência para se referir a qualquer um dos vários transtornos depressivos. Alguns estão
classificados no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5) por sintomas específicos:

Transtorno depressivo maior (muitas vezes chamado depressão maior)

Transtorno depressivo persistente (distimia)

Outro transtorno depressivo específico ou inespecífico


Outros são classificados pela etiologia:

Transtorno disfórico pré-menstrual

Transtorno depressivo decorrente de outra condição médica

Transtorno depressivo induzido por substância/medicação

Os transtornos depressivos ocorrem em qualquer idade, mas normalmente se desenvolvem em meados da adolescência,
terceira ou quarta década de vida (ver também Transtornos depressivos em crianças e adolescentes). Em contextos de
atenção primária, até 30% dos pacientes relatam sintomas depressivos, porém < 10% têm depressão maior.

Desmoralização e desolamento
  
O termo depressão é usado muitas vezes para descrever o humor para baixo ou desencorajado que resulta de
desapontamentos (p. ex., calamidade financeira, desastre natural, doença grave) ou perdas (p. ex., morte de uma pessoa
querida) Entretanto, termos melhores para esse tipo de humor são desmoralização e desolamento.

Os sentimentos negativos de desmoralização e tristeza, contrariamente aos da depressão, fazem o seguinte:

Ocorrem em ondas que tendem a estar vinculadas a pensamentos ou lembranças do evento deflagrador

Desaparecem quando as circunstâncias ou os eventos melhoram

Podem ser intercalados por períodos de emoção e humor positivos

Não são acompanhados de sentimentos generalizados de inutilidade e autodepreciação

O humor para baixo geralmente dura dias, ao contrário de semanas ou meses; pensamentos de suicídio e perda funcional
prolongada são muito menos prováveis.

Mas eventos e estressores que causam desmoralização e pesar também podem precipitar um episódio depressivo maior,
particularmente em pessoas vulneráveis (p. ex., aqueles com história passada ou história familiar de depressão maior). Em um
número pequeno, mas substancial de pacientes, o luto pode se tornar persistente e incapacitante. Esse transtorno chama-se
transtorno por luto prolongado e pode exigir tratamento especificamente direcionado.

Etiologia dos transtornos depressivos


  
A causa exata dos transtornos depressivos é desconhecida, mas fatores genéticos e ambientais contribuem.

A hereditariedade explica cerca de metade da etiologia (menos na depressão de início tardio). Dessa forma, a depressão é
mais comum entre parentes de 1º grau de pacientes deprimidos, e a concordância entre gêmeos idênticos é alta. Além disso,
os fatores genéticos provavelmente influenciam o desenvolvimento de respostas depressivas a eventos adversos.

Outras teorias se concentram nas alterações dos níveis dos neurotransmissores, como desregulação dos neurotransmissores
colinérgicos, catecolaminérgicos (noradrenérgicos e dopaminérgicos) glutamatérgicos e serotoninérgicos (5-hidroxitriptamina)
(1). A desregulação neuroendócrina pode ser um fator, com ênfase particular em 3 eixos: hipotálamo-hipófise-suprarrenal,
hipotálamo-hipófise-tireoide e hipotálamo-hipófise-hormônio do crescimento.

Fatores psicossociais também parecem estar envolvidos. Estressores vitais importantes, em especial separações e perdas,
comumente precedem episódios de depressão maior; entretanto tais eventos não causam geralmente depressão grave e
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comumente precedem episódios de depressão maior; entretanto, tais eventos não causam, geralmente, depressão grave e
duradoura, exceto em pessoas predispostas a um transtorno do humor.
Direitos autorais © 2023 Merck & Co., Inc., Rahway, NJ, EUA e suas afiliadas. Todos os direitos reservados.

Pessoas que tiveram um episódio de depressão maior têm risco maior de episódios subsequentes. Pessoas que são menos
resilientes e/ou que têm tendências ansiosas podem ter mais chance de desenvolver transtorno depressivo. Muitas vezes, tais
pessoas não desenvolveram as habilidades sociais para se ajustar às pressões da vida. A presença de outros transtornos
mentais aumenta os riscos de transtorno depressivo maior.

As mulheres têm risco maior, mas nenhuma teoria explica o motivo. Possíveis fatores incluem:

Maior exposição ou resposta aumentada a estresses cotidianos

Níveis mais elevados de monoamino-oxidase (a enzima que degrada neurotransmissores considerados importantes
para o humor)

Taxas mais altas de disfunção tireoidiana

Alterações endócrinas que ocorrem com a menstruação e na menopausa


Na depressão de início n peri-parto, os sintomas se desenvolvem durante a gestação ou em 4 semanas após o parto
(depressão pós parto); alterações endócrinas foram implicadas, mas a causa específica é desconhecida.

Nos transtornos afetivos sazonais, os sintomas se desenvolvem em um padrão sazonal, normalmente durante outono ou
inverno; o transtorno tende a ocorrer em climas com invernos longos ou intensos.

Sintomas ou transtornos depressivos podem acompanhar vários distúrbios físicos, incluindo doenças da tireoide doenças da
glândula adrenal, tumores cerebrais benignos e malignos, acidente vascular encefálico, aids, doença de Parkinson e esclerose
múltipla (ver tabela Algumas causas dos sintomas de depressão e mania).

Certos fármacos, como corticoides, alguns betabloqueadores, interferona e reserpina, também podem resultar em
transtornos depressivos. O abuso de algumas drogas recreativas (p. ex., álcool, anfetaminas) pode levar a ou acompanhar a
depressão. Efeitos tóxicos ou abstinência de drogas podem causar sintomas depressivos transitórios.

Referência sobre etiologia

1. Ghasemi M, Phillips C, Fahimi A, et al: Mechanisms of action and clinical efficacy of NMDA receptor modulators in mood
disorders. Neurosci Biobehav Rev 80:555-572, 2017. doi: 10.1016/j.neubiorev.2017.07.002

Sinais e sintomas dos transtornos depressivos


  
A depressão provoca disfunções cognitivas, psicomotoras e de outros tipos (p. ex., dificuldade de concentração, fadiga, perda
do desejo sexual, perda de interesse ou prazer em praticamente todas as atividades que anteriormente eram apreciadas,
distúrbios do sono), bem como humor depressivo. Pessoas com transtorno depressivo frequentemente têm pensamentos
suicidas e podem tentar o suicídio. Outros sintomas ou transtornos mentais (p. ex., ansiedade e ataques de pânico)
comumente coexistem, algumas vezes complicando diagnóstico e tratamento.

Os pacientes com todas as formas de depressão têm maior probabilidade de fazer uso abusivo de álcool ou de outras drogas
ilícitas na tentativa de automedicar distúrbios do sono ou sintomas de ansiedade; entretanto, a depressão é uma causa menos
comum de transtorno por uso de álcool e transtorno por uso de outras substâncias do que já se pensou. Os pacientes
também têm mais chance de se tornarem fumantes pesados e de negligenciar sua saúde, aumentando o risco de
desenvolvimento ou progressão de outras enfermidades (p. ex., DPOC [ doença pulmonar obstrutiva crônica]).

A depressão pode reduzir as respostas imunitárias protetoras. A depressão eleva o risco de doenças cardiovasculares, infarto
do miocárdio e acidente vascular encefálico, talvez porque na depressão citocinas e fatores que aumentam a coagulação
sanguínea estão elevados e a variabilidade da frequência cardíaca está reduzida — todos fatores de risco de doenças
cardiovasculares.

Depressão maior (depressão unipolar)


Os pacientes podem parecer infelizes, com olhos lacrimejantes, testa enrugada, cantos da boca voltados para baixo, postura
retraída, pouco contato visual, perda da expressão facial, pouco movimento corporal e mudanças no discurso (p. ex., voz
suave, perda da prosódia, uso de palavras monossilábicas). A aparência pode ser confundida com doença de Parkinson. Em
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alguns pacientes, o humor deprimido é tão profundo que as lágrimas secam; eles relatam que ficam incapazes de sentir as
emoções habituais e sentem que o mundo se tornou sem cor ou sem vida.

A nutrição pode estar gravemente comprometida, exigindo intervenção imediata.

Alguns pacientes depressivos negligenciam a higiene pessoal ou mesmo seus filhos, entes queridos ou animais de estimação.

Para o diagnóstico da depressão maior ≥ 5 dos seguintes devem estar presentes quase todos os dias durante o mesmo
período de 2 semanas, e um deles deve ser humor deprimido ou perda de interesse ou prazer:

Humor deprimido durante a maior parte do dia

Diminuição acentuada do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades durante a maior parte do dia

Ganho ou perda ponderal significativo (> 5%) ou diminuição ou aumento do apetite

Insônia (muitas vezes insônia de manutenção do sono) ou hipersonia

Agitação ou atraso psicomotor observado por outros (não autorrelatado)

Fadiga ou perda de energia

Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada

Capacidade diminuída de pensar, concentrar-se ou indecisão

Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, tentativa de suicídio ou um plano específico para cometer suicídio

Transtorno depressivo persistente


Sintomas depressivos que persistem por ≥ 2 anos sem remissão são classificados como transtorno depressivo persistente
(TDP), uma categoria que consolida os transtornos anteriormente denominados transtorno depressivo maior crônico e
transtorno distímico.

Os sintomas tipicamente começam insidiosamente durante a adolescência e podem persistir por muito anos ou décadas. O
número de sintomas muitas vezes oscila acima e abaixo do limiar para episódio depressivo maior.

Os pacientes afetados podem estar habitualmente melancólicos, pessimistas, sem senso de humor, passivos, letárgicos,
introvertidos, hipercríticos de si mesmos e dos outros e queixosos. Pacientes com TDP também têm maior probabilidade de
apresentar transtornos de ansiedade, transtorno por uso abusivo de substâncias ou transtornos de personalidade subjacentes
(isto é, personalidade borderline).

Para o diagnóstico do transtorno depressivo persistente, os pacientes devem ter tido humor deprimido na maior parte do dia
por um número maior de dias do que os dias sem sintomas durante ≥ 2 anos, e ≥ 2 dos seguintes:

Baixo apetite ou comer em excesso

Insônia ou hipersonia

Baixa energia ou fadiga

Baixa autoestima

Falta de concentração ou dificuldade em tomar decisões

Sentimentos de desespero

Transtorno disfórico pré-menstrual


O transtorno disfórico pré-menstrual envolve sintomas de humor e ansiedade claramente relacionadas ao ciclo menstrual,
com início durante a fase pré-menstrual e um intervalo livre de sintomas após a menstruação. Os sintomas devem estar
presentes durante a maioria dos ciclos menstruais por todo o último ano.

Manifestações são semelhantes àquelas da síndrome pré-menstrual, mas são mais graves, causando sofrimento clinicamente
significativo e/ou prejuízo acentuado no funcionamento social ou ocupacional. O transtorno pode começar a qualquer
momento após a menarca; pode piorar com a aproximação da menopausa, mas cessa depois da menopausa. Estima-se que a
prevalência seja 2 a 6% em mulheres que menstruam em um dado intervalo de 12 meses.

Para o diagnóstico, as pacientes devem ter ≥ 5 sintomas na semana antes da menstruação. Os sintomas devem começar a
diminuir em alguns dias após o início da menstruação e tornam-se mínimos ou inexistentes na semana após a menstruação.
Sintomas devem incluir ≥ 1 dos seguintes:

Oscilações de humor acentuadas (p ex sentir se de repente triste ou chorosa)


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Oscilações de humor acentuadas (p. ex., sentir-se de repente triste ou chorosa)

Irritabilidade ou raiva acentuada ou conflitos interpessoais intensificados

Depressão acentuada, sensação de desesperança ou pensamentos de autodepreciação

Ansiedade acentuada, tensão ou sensação de nervos à flor da pele


Além disso, ≥ 1 dos seguintes deve estar presente:

Interesse diminuído em atividades habituais

Dificuldade de concentração

Baixa energia ou fadiga

Alteração significativa no apetite, comer em excesso ou desejos por alimentos específicos

Hipersonia ou insônia

Sensação de opressão ou de falta de controle

Sintomas físicos como dor à palpação ou edma de mamas, artralgia ou mialgia, sensação de estar empanturrado e
ganho de peso

Transtorno por luto prolongado


O luto prolongado consiste na tristeza persistente seguinte à perda de um ente querido. Difere da depressão pelo fato de que
a tristeza está relacionada com a perda específica, em vez dos sentimentos mais gerais de falha associados à depressão. Em
contraposição ao luto normal, esse transtorno pode ser altamente incapacitante e requer terapia especificamente projetada
para o transtorno por luto prolongado.

Considera-se que o luto prolongado está presente quando a resposta ao luto (tipificada por saudade ou anseio persistente
e/ou preocupação com o falecido) dura um ano ou mais e é persistente, generalizado e excede as normas culturais. Também
deve ser acompanhado por ≥ 3 dos seguintes no último mês, em um grau que causa sofrimento ou inaptidão:

Descrença

Dor emocional intensa

Sensação de confusão de identidade

Evitar coisas que o fazem lembrar da perda

Sensações de entorpecimento

Solidão intensa

Sensações de falta de importância

Dificuldade de se envolver em aspectos da vida diária


Algumas ferramentas de triagem úteis incluem o Inventory of Complicated Grief e o Brief Grief Questionnaire.

Outros transtornos depressivos


Grupos de sintomas com características de transtorno depressivo que não atendem todos os critérios para outros transtornos
depressivos, mas que causam sofrimento ou prejuízo do funcionamento clinicamente significativo são classificados como
outros transtornos depressivos (especificados ou não especificados).

Estão incluídos períodos recorrentes de disforia com ≥ 4 outros sintomas depressivos que duram < 2 semanas em pessoas
que nunca atenderam os critérios para outro transtorno de humor (p. ex., depressão breve recorrente) e os períodos de
depressão que duram mais tempo, mas que incluem sintomas insuficientes para o diagnóstico de outro transtorno
depressivo.

Especificadores
Depressão maior e transtorno depressivo persistente podem incluir um ou mais especificadores que descrevem
manifestações adicionais durante um episódio depressivo:

Sofrimento ansioso: pacientes se sentem tensos e extraordinariamente inquietos; eles têm dificuldade de
concentração porque se preocupam ou temem que algo terrível pode acontecer, ou eles sentem que podem perder o
controle deles mesmos.

Características mistas: pacientes também têm ≥ 3 sintomas de mania ou hipomaníacos (p ex humor elevado
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Características mistas: pacientes também têm ≥ 3 sintomas de mania ou hipomaníacos (p. ex., humor elevado,
grandiosidade, maior loquacidade do que o habitual, fuga de ideias, diminuição do sono). Pacientes com esse tipo de
depressão têm maior risco de desenvolver transtorno bipolar.

Melancólico: pacientes perderam o prazer em quase todas as atividades ou não respondem a estímulos geralmente
agradáveis. Eles podem estar desanimados ou desesperados, sentir culpa excessiva ou inapropriada, ter despertar
matutino precoce, agitação ou retardo psicomotor marcantes e anorexia ou perda ponderal significante.

Atípico: o humor dos pacientes melhora temporariamente em resposta a eventos positivos (p. ex., visita de filhos). Eles
também têm ≥ 2 dos seguintes: reação exagerada a críticas ou rejeição percebida, sentimentos de paralisia de chumbo
(sensação pesada ou de peso, geralmente nas extremidades), ganho de peso ou aumento de apetite e hipersonia.

Psicótico: pacientes têm delírios e/ou alucinações. Delírios muitas vezes envolvendo ter cometido pecados ou crimes
imperdoáveis, de portar transtornos incuráveis ou vergonhosos ou de ser perseguido. Alucinações podem ser auditivas
(p. ex., ouvir vozes acusatórias ou condenatórias) ou visuais. Se apenas vozes forem descritas, deve-se ter consideração
especial se as vozes representam alucinações verdadeiras.

Catatônico: pacientes têm retardo psicomotor grave, envolvem-se em atividade excessiva sem propósito e/ou se
isolam; alguns pacientes fazem caretas e imitam fala (ecolalia) ou movimento (ecopraxia).

Início no peri-parto: o início ocorre durante a gestação ou até a 4ª semana após o parto. Características psicóticas
podem estar presentes; infanticídio é frequentemente associado a episódios psicóticos envolvendo alucinações de
comando para matar o lactente ou delírios de que o recém-nascido está possuído.

Padrão sazonal: os episódios ocorrem em um determinado momento do ano, na maioria das vezes no outono ou
inverno.

Diagnóstico dos transtornos depressivos


  

Critérios clínicos (DSM-5)

Hemograma completo, eletrólitos, níveis de hormônio tireoestimulante (thyroid-stimulating hormone, TSH), vitamina
B12 e folato para descartar enfermidades físicas que provocam depressão
O diagnóstico dos transtornos depressivos baseia-se na identificação dos sinais e sintomas e nos critérios clínicos descritos
acima. Questões fechadas específicas ajudam a determinar se os pacientes têm os sintomas exigidos pelos critérios do DSM-5
para o diagnóstico de depressão maior. Para ajudar a diferenciar transtornos depressivos de variações comuns no humor,
deve existir sofrimento significativo ou comprometimento do funcionamento social, ocupacional ou de outras áreas
importantes.

A gravidade é determinada por grau de sofrimento e incapacitação (física, social e ocupacional) e duração dos sintomas. O
médico deve gentilmente, porém de forma direta, perguntar ao paciente sobre quaisquer pensamentos e planos de ferir a si
mesmo ou outros, quaisquer ameaças prévias e/ou tentativas de suicídio e outros fatores de risco. Psicose e catatonia indicam
depressão grave. Características melancólicas indicam depressão moderada ou grave. Condições físicas coexistentes,
transtornos de abuso de substâncias e transtornos de ansiedade podem acrescentar gravidade.

Diagnóstico diferencial
Os transtornos depressivos devem ser distinguidos da desmoralização e do desolamento. Outros transtornos mentais (p. ex.,
transtornos de ansiedade) podem mimetizar ou obscurecer o diagnóstico de depressão. Algumas vezes, há mais de um
transtorno. O transtorno de depressão maior (transtorno unipolar) deve ser distinguido do transtorno bipolar.

Em pacientes idosos, a depressão pode se manifestar como demência da depressão (anteriormente chamada
pseudodemência), que provoca muitos dos sinais e sintomas de demência como retardo psicomotor e diminuição da
concentração. Entretanto, demência inicial pode causar depressão. Em geral, quando o diagnóstico é incerto, o tratamento do
transtorno depressivo deve ser tentado.

Diferenciar transtornos depressivos crônicos, tais como a distimia, dos transtornos por abuso de substâncias pode ser difícil,
particularmente porque eles podem coexistir e um pode contribuir para o outro.

Enfermidades físicas também devem ser excluídas como causas de sintomas depressivos. O hipotireoidismo frequentemente
provoca sintomas de depressão e é comum, principalmente entre idosos. A doença de Parkinson, em particular, pode se
manifestar com sintomas que mimetizam a depressão (p. ex., perda de energia, falta de expressividade, pobreza de
movimentos). Exame neurológico completo é necessário para excluir o transtorno.

Triagem
Vários questionários breves estão disponíveis para triagem da depressão Eles ajudam a identificar alguns sintomas
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Vários questionários breves estão disponíveis para triagem da depressão. Eles ajudam a identificar alguns sintomas
depressivos, mas não podem ser usados isoladamente para o diagnóstico. Mas muitas dessas ferramentas são úteis para
identificar pessoas em risco que precisam de avaliação mais detalhada. Algumas das ferramentas de triagem mais
amplamente utilizadas são o Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) e o Beck Depression Inventory (BDI).

Exames
Nenhum achado laboratorial é patognomônico para transtornos depressivos. Entretanto, são necessários exames
laboratoriais para excluir condições físicas que podem causar depressão (ver tabela Algumas causas da depressão). Os
exames são hemograma completo, níveis de hormônio tireoestimulante e níveis de eletrólitos, vitamina B12 e folato de rotina;
em idosos, níveis de testosterona. Algumas vezes, testes para uso de drogas ilícitas são apropriados.

Tratamento dos transtornos depressivos


  

Suporte

Psicoterapia

Fármacos
(Ver também Tratamento farmacológico da depressão.)

Os sintomas podem remitir espontaneamente, sobretudo, quando são leves ou de curta duração. A depressão leve pode ser
tratada com suporte geral e psicoterapia. A depressão moderada a grave é tratada com fármacos, psicoterapia ou ambos e,
algumas vezes, eletroconvulsoterapia. Alguns pacientes necessitam de uma combinação de fármacos. A melhora pode não ser
aparente até depois de uma a 4 semanas de tratamento medicamentoso.

A depressão, em especial em pacientes que já tiveram > 1 episódio, provavelmente recorrerá; dessa forma, casos graves quase
sempre necessitam de farmacoterapia de manutenção a longo prazo.

Muitas pessoas com depressão são tratadas ambulatorialmente. Pacientes com ideação suicida significativa, principalmente
na ausência de suporte familiar, exigem hospitalização, assim como aqueles com sintomas psicóticos ou debilidade física.

Em pacientes com transtornos de abuso de substâncias, os sintomas depressivos geralmente desaparecem em poucos
meses com a interrupção do uso da droga. O tratamento antidepressivo tem muito menos chances de ser eficaz enquanto o
abuso de substâncias continuar.

Se um distúrbio físico ou toxicidade por fármaco puder ser a causa, o tratamento é direcionado primeiro para a causa
subjacente. Entretanto, se o diagnóstico for duvidoso ou se os sintomas forem incapacitantes ou incluírem ideação suicida ou
desesperança, uma tentativa terapêutica com antidepressivo ou estabilizador do humor pode ajudar.

Pessoas com transtorno por luto prolongado podem se beneficiar de psicoterapia especificamente voltada a esse transtorno.

Suporte inicial
Até que melhora clara comece, um médico pode precisar ver o paciente semanalmente ou a cada duas semanas a fim de
fornecer suporte e educação, além de monitorar o progresso. Ligações telefônicas podem complementar as visitas ao
consultório.

Pacientes e seus entes queridos podem estar preocupados ou constrangidos com a ideia de ter um transtorno mental. O
médico pode ajudar explicando que a depressão é um transtorno médico sério causado por distúrbios biológicos que requer
tratamento específico e que o prognóstico com tratamento é bom. Pacientes e seus entes queridos devem ser assegurados de
que a depressão não reflete falha de caráter (p. ex., preguiça, fraqueza). Contar aos pacientes que o caminho para a
recuperação muitas vezes oscila, os ajuda a colocar os sentimentos de desesperança em perspectiva e melhorar a adesão.

Incentivar os pacientes a gradualmente aumentar atividades simples (p. ex., caminhar, exercitar-se regularmente) e elevar
interações sociais deve ser balanceado com o reconhecimento do seu desejo de evitar atividades. O médico pode sugerir que
os pacientes evitem se culpar e deve explicar que pensamentos obscuros são parte do transtorno e desaparecerão.

Psicoterapia
Inúmeros estudos controlados mostraram que a psicoterapia, particularmente a terapia comportamental cognitiva e terapia
interpessoal, é eficaz em pacientes com transtorno depressivo maior, tanto para tratar os sintomas agudos como para
diminuir a probabilidade de recaída. Pacientes com depressão leve tendem a apresentar resultados melhores do que aqueles
com depressão mais grave, mas a magnitude da melhoria é maior em pacientes com depressão mais grave.

Tratamento medicamentoso da depressão


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Várias classes farmacológicas e fármacos podem ser usados para tratar depressão:

Inibidores seletivos de recaptação de serotonina

Moduladores da serotonina (bloqueadores 5-HT2)

Inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina

Inibidor de recaptação de dopamina e noradrenalina

Antidepressivos heterocíclicos

Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs)

Antidepressivo melatonérgico

Fármacos do tipo cetamina


A escolha do fármaco pode ser orientada pela resposta anterior a um antidepressivo específico. De outra maneira, os ISRS
costumam ser os fármacos de escolha inicial. Ainda que os diferentes ISRS sejam igualmente efetivos para casos típicos, certas
propriedades dos fármacos os tornam menos ou mais apropriados para certos pacientes (ver tabela Antidepressivos).

Eletroconvulsoterapia (ECT)
A eletroconvulsoterapia (ECT) envolve a indução elétrica de uma convulsão sob condições controladas. Seu mecanismo de
ação é incerto, mas a produção de atividade convulsiva parece ser essencial para seus efeitos antidepressivos. A ECT moderna,
administrada sob sedação profunda/anestesia geral, costuma ser bem tolerada, mas agudamente podem ocorrer confusão
mental e comprometimento da memória. Parte disso melhora e desaparece em 6 meses depois do tratamento com ECT, mas
a amnésia retrógrada pode persistir a longo prazo. Isso é particularmente verdadeiro para as memórias dos vários meses
anteriores à ECT. Pacientes com déficits cognitivos de base, aqueles que recebem tratamentos bilaterais, pacientes idosos e
pacientes em uso de lítio têm maior risco de confusão mental e comprometimento da memória.

Os seguintes são muitas vezes tratados com ECT se os fármacos são ineficazes:

Depressão suicida grave

Depressão com agitação ou retardo psicomotor

Depressão delirante

Depressão durante a gestação

Pacientes que pararam de comer podem precisar de ECT para prevenir a morte. A ECT é especialmente eficaz para depressão
psicótica.

A resposta a 6 a 10 sessões de ECT, geralmente, é dramática e pode salvar a vida. Recaída após ECT é comum; muitas vezes, a
farmacoterapia é mantida após a interrupção da ECT.

Fototerapia
É mais conhecida por seus efeitos na depressão sazonal, mas parecer ser igualmente eficaz para depressão não sazonal.

O tratamento pode ser fornecido em casa com uma unidade de luz especial que fornece 2.500 a 10.000 lux a uma distância de
30 a 60 cm que os pacientes olham por 30 a 60 minutos/dia (mais tempo com uma fonte de luz menos intensa).

Para pacientes que vão dormir tarde da noite e acordam tarde de manhã, a fototerapia é mais eficaz pela manhã, algumas
vezes complementada com exposições de 5 a 10 minutos entre 15:00 e 19:00. Para pacientes que dormem e levantam cedo, a
fototerapia é mais eficaz entre 15 h e 19 h.

Outros tratamentos
Psicoestimulantes (p. ex., dextroanfetamina, metilfenidato) são usados algumas vezes, frequentemente, com
antidepressivos. Alguns estudos controlados apoiam seu uso nos transtornos depressivos (1).

Ervas medicinais são usadas por alguns pacientes. A erva-de-são-joão pode ser eficaz para tratar depressão leve, embora os
dados sejam contraditórios. A erva-de-são-joão pode interagir com outros antidepressivos e outros fármacos. Alguns estudos
controlados com placebo de suplementação com ômega-3, utilizada como potencialização ou monoterapia, sugeriram que o
ácido eicosapentaenoico 1 a 2 g por dia possui efeitos antidepressivos úteis.

A estimulação do nervo vago envolve a estimulação intermitente do nervo vago por meio de gerador de pulso implantado.
Pode ser útil para a depressão refratária a outros tratamentos mas costuma levar 3 a 6 meses para ser eficaz
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Pode ser útil para a depressão refratária a outros tratamentos, mas costuma levar 3 a 6 meses para ser eficaz.

O uso de estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr) para o tratamento agudo do transtorno depressivo maior
tem suporte substancial de estudos controlados. EMTr de baixa frequência pode ser aplicada ao córtex pré-frontal
dorsolateral direito (CPDL), e EMTr de alta frequência pode ser aplicada ao CPDL esquerdo. Os efeitos adversos mais comuns
são dores de cabeça e desconforto no couro cabeludo; ambos ocorrem mais frequentemente quando EMTr de alta frequência
em vez de baixa freqüência é usada.

Estimulação cerebral profunda utilizando eletrodos implantáveis que visam o cingulado subgenual ou a parte ventral interna
da cápsula anterior/estriado ventral teve resultados promissores em uma série de casos não controlados (2). Ensaios
controlados estão em realização.

Grupos de suporte (p. ex., a Depression and Bipolar Support Alliance [DBSA] ) podem ajudar os pacientes fornecendo um
fórum para compartilhar suas experiências e sentimentos comuns.

Referências sobre o tratamento

1. McIntyre RS, Lee y, Zhou AJ, et al: The efficacy of psychostimulants in major depressive episodes: A systematic review and
meta-analysis. J Clin Pscyhopharmacol 37 (4):412-418, 2017. doi: 10.1097/JCP.0000000000000723

2. Bergfeld IO, Mantione M, Hoogendoorn MLC, et al: Deep brain stimulation of the ventral anterior limb of the internal capsule
for treatment-resistant depression: A randomized clinical trial. JAMA Psychiatry 73 (5):456-64, 2016. doi:
10.1001/jamapsychiatry.2016.0152

  
Pontos-chave   

A depressão é um transtorno comum que envolve humor deprimido e/ou perda quase completa do interesse ou
prazer em atividades que eram anteriormente apreciadas; manifestações somáticas (p. ex., alteração de peso,
distúrbios do sono) e cognitivas (p. ex., dificuldade de concentração) são comuns.

A depressão pode prejudicar acentuadamente a capacidade de funcionar no trabalho e interagir socialmente; o


risco de suicídio é significativo.

Às vezes, os sintomas depressivos são causados por distúrbios físicos (p. ex., doenças tireoidianas ou da
glândula suprarrenal, tumores cerebrais benignos ou malignos, acidente vascular encefálico, aids, doença de
Parkinson, esclerose múltipla) ou uso de certos fármacos (p. ex., corticoides, alguns betabloqueadores,
interferon, alguns fármacos recreativas).

O diagnóstico baseia-se em critérios clínicos; distúrbios físicos devem ser excluídos por meio de avaliação
clínica e testes selecionados (p. ex., hemograma; eletrólitos, níveis de TSH, B12 e folato).

O tratamento envolve psicoterapia e geralmente fármacos; ISRSs são geralmente tentados primeiro e, se forem
ineficazes, outros fármacos que afetam a serotonina, noradrenalina e/ou dopamina podem ser tentados.

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiquiátricos/transtornos-do-humor/transtornos-depressivos# 9/9

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