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– Medicina
de Família e
Comunidade
SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................3
2. Fisiopatologia......................................................................................................4
3. Rastreio...............................................................................................................6
4. Quadro Clínico.....................................................................................................8
5. Abordagem Terapêutica.......................................................................................9
6. Suicídio.............................................................................................................11
Referências ........................................................................................................................14
1. INTRODUÇÃO
Existem diferentes formas de alguém expressar seu sofrimento e este é um senti-
mento possível de ocorrer em todas as pessoas desde um choro, tristeza, angústia
até, em algum momento, vontade de morrer. Diversos são os nomes dados para o
sofrimento ou tristeza, mas nas últimas décadas a palavra depressão é a que tem
sido utilizada para definir diversos sintomas e situações de sofrimento.
De acordo com o Tratado de Medicina de Família e Comunidade, essa “simplifica-
ção” direcionada ao termo depressão foi formulada pela biomedicina com o intuito
de homogeneizar, porém o médico de família e comunidade deve sempre relativizar
tal diagnóstico, pois apesar da existência de um termo para dar nome ao problema
ajudar, por outro lado, fechar as possibilidades em uma patologia pode acabar imo-
bilizando em momentos em que as reflexões são necessárias. Além disso, o uso
excessivo do termo depressão pode precipitar a utilização de medicações antide-
pressivas, assim como os critérios diagnósticos podem levar a um “sobrediagnósti-
co” quando inserem situações corriqueiras da vida na sua composição. O principal
na APS é que diante de uma pessoa em sofrimento seja feita uma escuta qualifica-
da, direcione-se o cuidado e seja proporcionada a melhora dos sintomas.
Os sintomas depressivos costumam comprometer a qualidade de vida da pessoa,
levando à incapacitação funcional e comprometimento da saúde física. A depressão
costuma ser crônica e recorrente, o que a torna a 3ª doença mais onerosa para a
sociedade (causa mais prejuízo do que angina, asma, artrite, diabetes) e, em 2030
será a 1ª causa de incapacidade. É importante causa de morbidade, pois costuma
estar presente em conjunto com outras doenças clínicas (DPOC, câncer, enxaqueca,
problemas de coluna etc.) e, em pacientes com doenças crônicas, está associada
ao aumento de sintomas físicos, prejuízo na funcionalidade e má adesão ao trata-
mento. Além disso, os indivíduos com transtornos depressivos têm maiores riscos
de apresentar outros transtornos comórbidos como: abuso/dependência alcóolica,
transtorno do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno de ansiedade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) defende que os cuidados com a saúde
mental devem ser iniciados na APS, tratando o mais rápido possível e próximo da
casa/comunidade do paciente. Como os problemas de saúde física e mental costu-
mam estar interligados, proporcionar um cuidado a nível primário permitindo atender
integralmente as necessidades destes pacientes.
Estudos relacionados a prevalência de transtornos mentais pontuam que cerca de
50% das pessoas terão em algum momento da vida alguma condição classificada
como diagnóstico psiquiátrico, sendo que os transtornos de humor estaria presente
em 20,8% dos casos. Quanto à prevalência por sexo, fala-se de uma prevalência de
depressão de 2 a 4 vezes maior em mulheres.
2. FISIOPATOLOGIA
A depressão possui origem multifatorial abrangendo fatores biológicos, genéti-
cos e psicossociais. No que diz respeito ao fator biológico, diversos estudos relatam
diferenças entre as pessoas com e sem transtorno de humor e, a hipótese mais
aceita no que diz respeito ao aspecto biológico é a dos neurotransmissores monoa-
minérgicos, sobretudo, serotonina e noraepinefrina (aminas biogênicas). A evidência
isolada mais convincente dessa hipótese é a resposta clínica dos pacientes aos an-
tidepressivos, mas outras evidências mostram que há uma alteração nos receptores
β2 pré-sinápticos resultando na liberação de quantidade reduzida dos neurotrans-
missores serotonina e noraepinefrina.
Além disso, alguns estudos evidenciaram a forte relação da redução da serotonina
e depressão, ao verificar que a depleção desse neurotransmissor é mais pronunciada
em pacientes com impulsos suicidas visto pela concentração baixa dos metabólitos
da serotonina no líquor e baixas zonas de captação da serotonina nas plaquetas.
3. RASTREIO
Ao se deparar com uma pessoa com tristeza intensa, perturbações depressivas ou
outro tipo de sofrimento, o primeiro passo deve ser fazer uma boa escuta e permitir que
a pessoa relate aquilo que está lhe afligindo. É possível também realizar um breve teste
de rastreio, com sensibilidade 96-97% e especificidade 57-67% o que o torna bom para
triagem, e consiste em realizar 2 perguntas aqueles pacientes que possuem fator de
risco:
Diante disso, é fundamental que o médico avalie o que desse sofrimento relatado
é algo comum no cotidiano de qualquer pessoa, ou seja, uma reação habitual a even-
tos que de fato irão levar qualquer pessoa a sofrer ou ficar triste. A depressão em si
não é isto, mas sim a persistência/duração dessas emoções, com abrangência das
repercussões para diversas áreas da vida do indivíduo interferindo no seu funciona-
mento fisiológico, psicológico e funcional a partir de uma resposta desproporcional
ao fator desencadeante.
NÃO SIM
Além disso, como vimos na aula de Dra. Maithê, é possível classificar os quadros
que chegam à APS em leve, moderado ou grave para a partir daí pensar possíveis
abordagens terapêuticas.
Sofrimento importante,
Comprometimento
mas sem repercussão Incapacidade
das funções e
pro funcionamento mais acentuada.
incapacidade parcial.
do indivíduo.
5. ABORDAGEM TERAPÊUTICA
A abordagem terapêutica para os sintomas depressivos é bastante diversa com
orientações que passam por mudanças no estilo de vida/prática de exercícios, tera-
pia cognitivo-comportamental (TCC), terapia de resolução de problemas (TRP) com
o médico de família e o tratamento medicamentoso com inibidores seletivos da
recaptação de serotonina (ISRS), inibidores seletivos da recaptação de serotonina e
noradrenalina (ISRSN) ou antidepressivos tricíclicos (ADTC). Porém, antes de qual-
quer coisa, é fundamental o reforço do método clínico centrado na pessoa, fazendo
uma escuta ativa e cuidadosa, auxiliando o paciente na construção do seu processo
terapêutico, vendo suas expectativas com relação ao mesmo, oferecendo opções e
garantindo a autonomia da pessoa no processo.
6. SUICÍDIO
O suicídio é o ato deliberado executado pelo próprio indivíduo cuja intenção seja
a morte usando um meio que ele acredita ser letal. Além disso, alguns outros ele-
mentos fazem parte do que se chama de comportamento suicida: pensamentos,
planos e tentativa. No Brasil, de acordo com o gráfico abaixo, pelo menos 17% da
população já pensou em tirar a própria vida, porém, sabemos que essa porcentagem
pode ser ainda maior. O Brasil é o 8º país em números absolutos de suicídio, com
uma variabilidade grande de taxas entre as regiões do país, além de uma provável
subnotificação.
É possível prevenir o suicídio, por isso, é tão importante sua abordagem e que os
profissionais de saúde saibam identificar aqueles pacientes que possuem fatores de
risco para tal. O risco de suicídio é uma urgência, devendo a avaliação sistemática
do risco ser feita na rotina da prática clínica.
Os 2 principais fatores de risco para suicídio são: tentativa prévia e presença de
algum transtorno psiquiátrico (quanto mais comorbidades psiquiátricas, maior o
risco). Os transtornos de humor representam 35,8% dos diagnósticos associados ao
suicídio sendo a depressão a doença que está mais associada ao suicídio. Outros
fatores de risco são: ser jovem, homem (óbitos são maiores nos homens, ao passo
que as tentativas são maiores entre as mulheres), sentimentos de desesperança/de-
samparo/desespero, presença de doenças clínicas, histórico familiar e poucos laços
sociais.
Escuta cuidadosa,
dar espaço para a pessoa
relatar o que sente
Interferência no
funcionamento? Resposta
Crônica e recorrente desproporcional ao fator
desencadeante?
Sanar
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