1) Relacione os principais sintomas comportamentais apresentados
por Jéssica com as estruturas do cérebro que sofrem alterações nesses transtornos. Quando uma pessoa está deprimida, como no caso Jéssica, que apresenta sintomas clássicos da depressão: sensação de cansaço constante, tensão constante, preocupação excessiva ou fantasias catastróficas sobre o futuro; ideação suicida, sono interrompido (insônia), diminuição do apetite sexual, dificuldade de manter a atenção, irritabilidade, retração, baixa no sistema imunológico; isso é devido ao cérebro estar sofrendo alterações químicas que desencadeiam sentimentos negativos, e ela vai precisar de ajuda para voltar ao seu funcionamento normal. É como se essa rede de neurônios do cérebro ficasse muito ativa, então o indivíduo não consegue desengajar o humor de aspectos negativos, e aí vem a tristeza e a anedolia, que (dificuldade de experimentar prazer nas coisas). Por conta disso, dizer para alguém deprimido “se animar e sair de casa” não faz sentido, pois o indivíduo não é capaz por questões químicas que estão ocorrendo em seu sistema. As principais regiões onde se encontram as alterações são a substância branca subcortical, periventricular e frontal e o núcleo caudado, especificamente em bipolares e idosos unipolares. Esses dados dão reforço à idéia de que a depressão seja um processo subcortical, ao menos em algumas de sua formas de apresentação (Brumback, 1993). Os principais neurotransmissores envolvidos na depressão são a serotonina e a noradrenalina. Quando há um desequilíbrio na produção delas, a doença se instala. Ter em mente que a depressão é uma doença de origem biológica permite ao indivíduo acometido e sua família a encararem o problema por uma perspectiva de menos culpabilização do sujeito. 2) Diferencie as alterações cognitivas de pacientes ansiedade ou depressão?
Indivíduos que sofrem de ansiedade, apresentam como alteração
cognitiva principal um quadro de angústia constante, acompanhados por tensão e inseguranças constantes. Esses fatores levam o sujeito a vivenciar diversos sintomas físicos, como enjôos frequentes, vertigem/tontura, taquicardia/arritmia, dificuldade para respirar, entre outros. A ansiedade també, leva o sujeito a distorções cognitivas tais quais preocupação excessiva, dificuldade de concentração, tremores, paralisação, dificuldade de falar em público e evitação social. Já a depressão é um quadro marcado principalmente por um sentimento de tristeza constante e sua intensidade varia em cada quadro, podendo ser leve e constante, ou uma tristeza profunda e periódica. As distorções cognitivas causadas pela depressão são prejuízo na memória, prejuízo na atenção, prejuízo no sono, prejuízo ao raciocínio lógico, perda de apetite, irritabilidade, pensamentos catastróficos, ideação suicida, entre outros. A ansiedade é um fator frequente e importante em quadros depressivos. O DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e a CID-11 (Classificação Internacional de Doenças) propõem que se distinga uma forma de depressão, geralmente moderada ou grave, com marcante componente de ansiedade, tensão e inquietação psicomotora, chamada depressão ansiosa ou depressão agitada. Nem sempre a pessoa que tem depressão se tornará uma pessoa ansiosa, entretanto, ela tem mais predisposição para desenvolver tal transtorno. Tanto a ansiedade como a depressão podem levar o paciente a não conseguir executar atividades cotidianas. Por isso, quando a pessoa está com sintomas de ansiedade todos os dias, sem nenhum acompanhamento médico e nenhum controle, ela pode acabar desenvolvendo a depressão. Estima-se que, atualmente,4% da população global sofre com depressão e 3, 6% apresenta transtornos de ansiedade (World Health Organization [WHO], 2017). No Brasil, os dados epidemiológicos apontam que a depressão atinge 11, 5 milhões de pessoas (5, 8% da população), enquanto distúrbios relacionados à ansiedade afetam mais de 18, 6 milhões dos brasileiros (9, 3% da população - WHO, 2017).
3) Discuta quais possíveis funções evolutivas das características de
ansiedade e depressão para o nosso processo evolutivo.
A depressão em si, se classifica enquanto uma patologia e por isso não
tem função evolutiva para a nossa espécie, já a ansiedade, fator por vezes presente de maneira excessiva em indivíduos com depressão, é um fator que tem função evolutiva para a nossa espécie e presente em todos os indivíduos, em todas as fases de suas vidas, variando de acordo com fatores ambientais, e emocionais, de âmbito individual. As raízes da ansiedade se encontram nas reações de defesa dos animais em face de estímulos que representam perigo/ameaça à sobrevivência, ao bem-estar ou à integridade física das diferentes espécies. A ansiedade pode ser uma reação adaptativa a situações de perigo, apresentando semelhanças com o que foi formulado por Charles Darwin na obra "A expressão das emoções no homem e nos animais" (1872). Para Darwin, o valor adaptativo dessa emoção encontra-se no fato de a ansiedade ter uma função biológica a cumprir. Para Freud, a ansiedade é adaptativa não apenas por preparar o animal para lidar com o perigo por meio da mobilização de energia psíquica, mas também por auxiliar na detecção antecipada de novas ocorrências do estado de perigo.