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EGOCLINIC - Clínica em Neurociências - Artigos 3/10/12 12:55 AM

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Ansiedade e Perturbação de Ansiedade Generalizada


2012-03-02
Dr. António Gomes

O que é a Ansiedade ?

A ansiedade é uma emoção presente em todos nós e que nos permite uma melhor
adaptação ao meio em que vivemos. A ansiedade aparece perante qualquer situação de
ameaça e alerta-nos para a presença de um potencial perigo. Durante milhares de anos,
enquanto vivíamos na savana, foi-nos muito útil para nos defendermos de predadores.
Esta emoção aparecia quando nos sentíamos ameaçados e assim que estávamos em
segurança desaparecia. Servia para estarmos alerta e fugir mais rapidamente se
fossemos atacados.
Classicamente esta reação designa-se por “fight or flight”, ou seja, lutar ou fugir. Hoje em
dia já não vivemos na savana, mas o nosso organismo ainda reage da mesma forma. Já
não somos perseguidos por leões, mas a ansiedade está bem patente nas nossas vidas e
é uma resposta ao stress. O stress é a exigência e a pressão a que a pessoa é submetida
por força das suas condições de vida.

Nos últimos cem anos o nosso ritmo de vida acelerou de uma forma muito intensa. Basta
sair da cidade e notamos que a vida se vive mais lentamente no campo. O ritmo
alucinante a que estamos sujeitos faz-nos sentir que estamos permanentemente sob
ameaça e vai despoletar em muitas pessoas a mesma resposta emocional como se
estivesse a ser atacada por um predador. Algumas pessoas perdem a capacidade de
desligar da pressão e da exigência exteriores e estão permanentemente com sintomas de
ansiedade. Acontece que a fuga de um predador em regra é rápida e ou a presa
consegue fugir ou é caçada. Contudo, o stress, a exigência e a pressão são constantes e
as consequências para a saúde física e psíquica são elevadas.
Há que arranjar estratégias para conseguir “desligar” e descansar das preocupações.

As Perturbações de Ansiedade (Perturbação de Pânico, Perturbação de Ansiedade


Generalizada) não devem ser entendidas como doenças exclusivas das zonas urbanas,
estas doenças podem ocorrer em todos os locais dependendo de inúmeros factores.
Sabe-se que o meio ambiente apenas despoleta a acção de genes que a pessoa herdou.
Sabe-se ainda que determinados factores de personalidade e conflitos psicológicos
também podem contribuir significativamente para o desencadear destas patologias.

A ansiedade pode ser uma resposta normal em situações apropriadas, como já vimos, ou
patológica. A ansiedade torna-se patológica quando é excessiva face ao estimulo que a
desencadeia ou quando aparece em situações em que a pessoa não está sob ameaça.
Podemos caracterizar a ansiedade normal como compreensível, apropriada e
proporcionada ao estimulo que a desencadeia e muitas vezes produtiva. A ansiedade
patológica é excessiva, não apropriada e desproporcionada ao estimulo que a
desencadeia. Este tipo de ansiedade é extremamente desconfortável e inibe ou bloqueia
a pessoa. A ansiedade excessiva em situações não apropriadas torna-se marcadamente
incapacitante.

Contudo, a ansiedade também pode ser-nos muito útil pois permite que trabalhemos
melhor, que sejamos mais empenhados, mais aplicados, que sejamos melhores e dá-nos
mais motivação. Se conseguirmos controlar este processo emocional melhoramos a
nossa qualidade de vida e reduzimos a probabilidade de sofrer de doenças psiquiátricas
como as Perturbações de Ansiedade (Perturbação de Pânico, Perturbação de Ansiedade
Generalizada), de doenças depressivas e de doenças físicas como as doenças
cardiovasculares (Hipertensão Arterial, Enfarte do Miocárdio e Acidentes Vasculares
Cerebrais).

A Ansiedade patológica pode manifestar-se de duas formas: de forma aguda e elevada


intensidade como ocorre numa crise de pânico ou de forma constante e com intensidade
mais baixa como acontece na Perturbação de Ansiedade Generalizada.

Perturbação de Ansiedade Generalizada (PAG)

A Perturbação de Ansiedade Generalizada (PAG) é uma doença caracterizada pela


preocupação constante. Estes pacientes estão permanentemente preocupados e com
uma antecipação receosa face a inúmeras situações do dia a dia. Pensamentos negativos
recorrentes como : “espero que não aconteça nada ...”, “e se não consigo ...”, medos e
preocupações com a família, com o trabalho, com problemas financeiros, com o
desemprego, com a crise, com o futuro, com doenças, etc... são um constante tormento
para a pessoa. Os problemas de facto são reais e existem mas a pessoa reage
excessivamente a estes e fica como que bloqueada sem conseguir encontrar uma saída.

A PAG foi reconhecida pela primeira vez em 1987 pela Associação Americana de
Psiquiatria. Até então esta doença era designada por Neurose Ansiosa. Em 1992 a
Organização Mundial de Saúde reconhece também a existência desta patologia e integra-
a na Classificação Internacional das Doenças (CID 10). A PAG é uma doença crónica
caracterizada pela presença de preocupação e ansiedade excessivas por um período
prolongado no tempo (superior a seis meses). A ansiedade e preocupação são
acompanhadas por sintomas físicos como palpitações, náuseas, vómitos, diarreia, dor,
tensão muscular, insónia, entre muitos outros.
Na Perturbação de Ansiedade Generalizada é muito frequente a preocupação ser
desproporcional aos acontecimentos. Os tópicos da preocupação podem envolver

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problemas do dia-a-dia tais como saúde, trabalho, finanças, família, etc...


Esta doença causa sofrimento significativo e incapacidade em vários graus. É uma
doença caracterizada pela elevada recorrência dos episódios e por muitas vezes coexistir
com outras doenças físicas e psiquiátricas (comorbilidade).

Muitas vezes o doente não a reconhece como uma doença mas como parte da sua
própria personalidade. São pessoas ansiosas por natureza mas cuja intensidade da
ansiedade, preocupação e sintomas físicos se tornou incapacitante e fonte de elevado
sofrimento. Como esta evolução geralmente é lenta a pessoa demora até se aperceber
que está doente.
Estes pacientes recorrem em regra ao Clínico Geral com queixas como insónia, dor,
vertigem, desiquilíbrios, sintomas gastrointestinais ou sintomas depressivos. São
estudados em todas estas áreas mas os exames complementares de diagnóstico não
demonstram nenhuma doença que justifique os sintomas e as queixas que apresentam.
Muitas vezes são repetidos exames na tentativa de encontrar alguma doença orgânica
que justifique o elevado sofrimentos destes pacientes.
Estas queixas físicas ocorrem pela hiperactividade do Sistema Nervoso Vegetativo, que
está em todo o organismo e pode afectar todos os órgãos e sistemas causando
numerosos sintomas somáticos. São estes os sintomas que trazem estes doentes ao
médico. Por vezes estes pacientes recorrem ou são encaminhados para consultas de
especialidades como a Gastroenterologia, a Cardiologia, a Otorrinolaringologia ou a
Reumatologia. Estas especialidades muitas vezes também não encontram no paciente
uma doença que esteja na base dos sintomas que apresenta.
Para o paciente todo este processo é vivido com elevada ansiedade e frustração por não
obter respostas. Este percurso é muito lento e há o estigma e a negação face às doenças
mentais pelo que em média estes pacientes demoram cerca de cinco a dez anos até
chegarem a uma consulta da especialidade de Psiquiatria. Muitas vezes já apresentam
sintomas depressivos, sintomas de pânico ou dependência de BZD´s o que dificulta o
diagnóstico e o tratamento.

A PAG não é uma doença rara. Estima-se que cerca de 3,1% da população geral sofre
desta patologia. A probabilidade de sofrer desta doença ao longo da vida é de 5,1%. A
sua prevalência tem tendência para aumentar com a idade e afecta duas vezes mais as
mulheres do que os homens.

Outra característica desta doença é a presença frequente de outras doenças designadas


de comorbilidades.

A PAG é com frequência acompanhada por doenças mentais como :

Depressão major
Perturbação de pânico
Fobia social e outras Fobias
Perturbação de stress pós- traumático
Abuso de álcool ou drogas

Ou por doenças físicas tais como:

Síndrome de fadiga crónica


Doença gastrointestinal - Síndrome do Cólon Irritável, Úlcera Duodenal
Doença cardiovascular

Sintomas da Perturbação de Ansiedade Generalizada

A PAG manifesta-se por um conjunto de sintomas psíquicos e físicos.

Os sintomas psíquicos incluem:

antecipação receosa
nervosismo
irritabilidade
preocupação
dificuldade de concentração
perda de memória
agitação, tensão e incapacidade de relaxar
dificuldade em tomar decisões

Nos sintomas físicos predomina:

insónia
tonturas, vertigem, sensação de desmaio
dor de cabeça
dor e tensão muscular
taquicardia, palpitações
sudação
tremor das extremidades
sintomas gastrointestinais (náuseas, vómitos, diarreia)
fadiga

Tratamento da PAG

A PAG é uma doença com tratamento. O tratamento desta doença passa pela utilização
de medicamentos e pela psicoterapia.

Os medicamentos indicados no tratamento desta doença são:

Antidepressivos com propriedades ansiolíticas – Paroxetina (Seroxat®),


Escitalopram (Cipralex®), Venlafaxina (Efexor®), Duloxetina (Cymbalta®),
Sertralina entre outros em estudo
Pregabalina (Lyrica®)
Benzodiazepinas (BZD´s). Existem várias por ex: Alprazolam (Xanax®), Diazepam

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(Valium®, Metamidol®), Oxazepam (Serenal®), Lorazepam (Lorenin®),


Flurazepam (Morfex®, Dalmadorm®), etc.
Buspirona (Buspar®, Ansiten®) outros: Gabapentina (Neurontin®), Quetiapina
(Seroquel®, Alzen®), ...

(Para aprofundar este tema consulte : Breve Guia dos Medicamentos Psiquiátricos)

As Psicoterapias são muito eficazes no tratamento deste tipo de doenças, principalmente


quando acompanhadas pela medicação psiquiátrica. A maior parte das abordagens
psicoterapêuticas demonstram resultados positivos nestas patologias. As Psicoterapias
mais utilizadas são a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e a Psicoterapia de Grupo.

São também muito úteis as técnicas de relaxamento, o exercício físico moderado e a


informação acerca desta patologia. A informação é muito importante no sentido de
esclarecer a pessoa acerca da doença e seus sintomas e de lhe dar a segurança de que
a sua doença tem tratamento.

Se não tratada esta doença pode trazer consequências para a pessoa como:

depressão
conflitos laborais e familiares
incapacidade laboral
doenças cardiovasculares
doenças gastrointestinais
abuso de substâncias como álcool, drogas ou medicamentos (o mais frequente
são as BZD´s)
perda de memória (ocorre com a exposição prolongada à ansiedade)

< ver lista de artigos

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