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ACIDENTE DO TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS

 
Conforme dispõe o art. 19 de Lei 8.213/91 acidente do trabalho é o que ocorre
pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho
dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 da referida Lei, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
 
Fazem jus a benefícios por acidente de trabalho:
• Os empregados (inclusive os temporários);
• Os trabalhadores avulsos;
• Os segurados especiais;
• Os médicos residentes (conforme art. 4, § 5º da Lei 6.932/81);
• Empregados Domésticos (conforme Emenda Constitucional 72/2013).

Acidente do Trabalho - Equiparação


 
 
Equiparam-se também ao acidente do trabalho:
a. O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou
perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija
atenção médica para a sua recuperação;
b. O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
consequência de:
• Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro
ou companheiro de trabalho;
• Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de
disputa relacionada ao trabalho;
• Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro
ou de companheiro de trabalho;
• Ato de pessoa privada do uso da razão;
• Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou
decorrentes de força maior;
c. A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade;
d. O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho;
e. Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da
empresa;
f. Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar
prejuízo ou proporcionar proveito;
g. Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada
por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra,
independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;
h. No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,
qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade
do segurado. 
Nota: Não se caracteriza como acidente de trabalho o acidente de trajeto sofrido
pelo segurado que, por interesse pessoal, tiver interrompido ou alterado o
percurso habitual.
 
Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de
outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o
empregado é considerado no exercício do trabalho.
 
Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão
que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às
consequências do anterior.
 
Se o acidente do trabalhador avulso ocorrer no trajeto do órgão gestor de mão
de obra ou sindicato para a residência, é indispensável para caracterização do
acidente o registro de comparecimento ao órgão gestor de mão de obra ou ao
sindicato.

Quando houver registro policial da ocorrência do acidente, será exigida a


apresentação do respectivo boletim.
Nota: Considera-se como o dia do acidente, no caso de doença profissional ou
doença do trabalho, a data do início da incapacidade (DII) laborativa para o
exercício da atividade habitual ou o dia da segregação compulsória ou o dia em
que for realizado o diagnóstico, valendo para esse efeito o que ocorrer primeiro.
Doenças Ocupacionais
 
As doenças ocupacionais são aquelas deflagradas em virtude da atividade
laborativa desempenhada pelo Segurado. As doenças ocupacionais são
consideradas como acidente de trabalho e se dividem em doenças profissionais
e do trabalho.
a) Doenças Profissionais: são aquelas decorrentes de situações comuns
aos integrantes de determinada categoria profissional de trabalhadores.
Estão relacionadas no anexo II do Decreto 3.048/99 ou reconhecida
pela Previdência Social;
b) Doenças do Trabalho: são aquelas adquiridas ou desencadeadas em
função de condições especiais em que o trabalho é realizado. Está
relacionada diretamente às condições do ambiente, ou seja, a atividade
profissional desenvolvida não é a causadora de nenhuma doença ou
perturbação funcional, mas as condições do ambiente que cerca o
segurado.

Não são consideradas como doença do trabalho:


• A doença degenerativa;
• A inerente a grupo etário;
• A que não produza incapacidade laborativa;
• A doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela
se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho.
Nota: Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na
relação prevista anexo II do Decreto 3.048/99 resultou das condições especiais
em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a
Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.
Nexo de Causalidade
O nexo de causalidade é o vínculo fático que liga o efeito à causa, ou seja, é a
comprovação de que o acidente de trabalho ou doença ocupacional foi a causa
da incapacidade para o trabalho ou morte.
De acordo como art. 337 do Decreto 3.048/99, o acidente do trabalho será
caracterizado tecnicamente pela perícia médica do INSS, mediante a
identificação do nexo entre o trabalho e o agravo, apontando as seguintes
conclusões;
• O acidente e a lesão;
• A doença e o trabalho;
• A causa mortis e o acidente.
Será considerado agravamento do acidente aquele sofrido pelo acidentado
quanto estiver sob a responsabilidade da reabilitação profissional.
Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se
verificar nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade
mórbida motivadora da incapacidade, elencada na Classificação Internacional
de Doenças - CID em conformidade com o disposto na Lista C do II do Decreto
3.048/99.
Considera-se agravo a lesão, doença, transtorno de saúde, distúrbio, disfunção
ou síndrome de evolução aguda, subaguda ou crônica, de natureza clínica ou
subclínica, inclusive morte, independentemente do tempo de latência.
Reconhecidos pela perícia médica do INSS a incapacidade para o trabalho e o
nexo entre o trabalho e o agravo serão devidas as prestações acidentárias a que
o beneficiário tenha direito.
Contestação da Empresa - Possibilidades
A empresa poderá requerer ao INSS a não aplicação do nexo técnico
epidemiológico ao caso concreto mediante a demonstração de inexistência de
correspondente nexo entre o trabalho e o agravo.
O requerimento poderá ser apresentado no prazo de 15 (quinze) dias da data
para a entrega da GFIP que registre a movimentação do trabalhador, sob pena
de não conhecimento da alegação em instância administrativa.
Caracterizada a impossibilidade da apresentação do requerimento, motivada
pelo não conhecimento tempestivo do diagnóstico do agravo, o mesmo poderá
ser apresentado no prazo de quinze dias da data em que a empresa tomar ciência
da decisão da perícia médica do INSS.
Juntamente com o requerimento a empresa formulará as alegações que entender
necessárias e apresentará as provas que possuir demonstrando a inexistência de
nexo entre o trabalho e o agravo.
A documentação probatória poderá trazer, entre outros meios de prova,
evidências técnicas circunstanciadas e tempestivas à exposição do segurado,
podendo ser produzidas no âmbito de programas de gestão de risco, a cargo da
empresa, que possuam responsável técnico legalmente habilitado.
Impugnação pelo Segurado
O INSS informará ao segurado sobre a contestação da empresa para que este,
querendo, possa impugná-la, juntando as alegações que entender necessárias e
apresentando as provas que possuir, sempre que a instrução do pedido
evidenciar a possibilidade de reconhecimento de inexistência do nexo entre o
trabalho e o agravo.
Possibilidade de Recurso
Da decisão do requerimento da contestação ou da impugnação cabe recurso,
com efeito suspensivo, por parte da empresa ou, conforme o caso, do segurado
ao Conselho de Recursos da Previdência Social, nos termos dos arts. 305 a 310
do Decreto 3.048/99.
Bases: Arts. 19 a 23 da Lei 8.213/91, art. 337 do Decreto 3.048/99;

Doença ocupacional, conceito, características e


direitos do trabalhador

1 Doença ocupacional ou profissional


Atualmente, cresce cada dia mais o número de ações requerendo indenizações decorrentes de
doença ocupacional. Esse aumento está ligado à facilidade de acesso à informação por parte do
trabalhador.
Mas, afinal, o que é a doença ocupacional?
A doença ocupacional ou profissional está definida no artigo 20, I da Lei n. 8.213 de 24 de julho de
1991 como a enfermidade produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade e constante da relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social.
As doenças profissionais, conhecidas ainda com o nome de “idiopatias”, “ergopatias”, “tecnopatias”
ou “doenças profissionais típicas”, são produzidas ou desencadeadas pelo exercício profissional
peculiar de determinada atividade, ou seja, são doenças que decorrem necessariamente do exercício
de uma profissão. Por isso, prescindem de comprovação de nexo de causalidade com o trabalho,
porquanto há uma relação de sua tipicidade, presumindo-se, por lei, que decorrem de determinado
trabalho. Tais doenças são ocasionadas por microtraumas que cotidianamente agridem e vulneram
as defesas orgânicas e que, por efeito cumulativo, terminam por vencê-las, deflagrando o processo
mórbido (MONTEIRO; BERGANI, 2000, p. 15).
A doença ocupacional ou profissional, portanto, é desencadeada pelo exercício do trabalhador em
uma determinada função que esteja diretamente ligada à profissão.
Para simplificar, alguns exemplos de doença ocupacional são: o escrevente que adquiriu tendinite, o
soldador que desenvolveu catarata, o auxiliar de limpeza que sofre com LER, o trabalhador que
levanta peso e sofre com problemas de coluna, entre outros

2 O que é a doença ocupacional?


A doença de trabalho tem previsão legal no inciso II do artigo 20 da Lei n. 8.213 de 24 de julho de
1991, que a define como enfermidade adquirida ou desencadeada em função de condições especiais
em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada
no inciso I.
Diferentemente da doença profissional, a doença de trabalho não está atrelada à função
desempenhada pelo trabalhador, mas ao local onde o operário é obrigado a trabalhar.
Como exemplo de doença de trabalho, podemos citar: o câncer que acomete trabalhadores de minas
e refinações de níquel, as pessoas que trabalham em contato com amianto ou em proximidade com
algo radioativo, os trabalhadores que sofrem de doenças pulmonares por estarem em contato
constante com muita poeira, névoa, vapores ou gases nocivos, a surdez provocada por local
extremamente ruidoso, entre outros.

3 Quais tipos de doenças não são considerados doença de


trabalho
Existem algumas doenças que não são consideradas doença de trabalho em virtude de sua natureza,
pois se desenvolvem naturalmente. São elas:
1. a) doença degenerativa;
2. b) doença inerente ao grupo etário;
3. c) doença que não produza incapacidade laborativa;
4. d) doença endêmica adquirida por segurado habitante de região e que se desenvolva, salvo
comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza
do trabalho.

As hipóteses acima estão dispostas no artigo 20, parágrafo 1o da Lei n. 8.213/1991, as quais serão
detalhadas a seguir.

3.1 Doença degenerativa


Doenças degenerativas são as que modificam o comportamento da célula, causando uma gradual
lesão do tecido de caráter irreversível e evolutivo. Essas doenças são cada vez mais comuns e são
assim conhecidas porque causam a degeneração progressiva do organismo como um todo.
Provocam a degeneração da estrutura das células e tecidos afetados e podem envolver todo o
organismo: vasos sanguíneos, tecidos, ossos, visão, órgãos internos, cérebro, entre outros.
As doenças degenerativas são crônicas, não transmissíveis e algumas não têm cura conhecida. O
conhecimento que se tem é de que elas podem se desenvolver devido a diversos fatores, como
tabagismo, excesso de peso corporal, má alimentação, vida sedentária, predisposição genética e
alcoolismo.
Alguns exemplos de doença degenerativa são: câncer, diabetes, esclerose múltipla, osteoartrose,
osteoporose, degeneração dos discos vertebrais, hipertensão arterial, Mal de Alzheimer, Mal de
Parkinson, Coreia de Huntington, entre outras.

3.2 Doença inerente ao grupo etário


As doenças ligadas ao grupo etário têm necessariamente a idade como fato gerador da enfermidade.
Sua causa não decorre das atividades exercidas, e sim da própria idade. Como exemplos dessa
doença, podemos citar a presbiacusia (que é a perda da acuidade auditiva iniciada a partir dos 30
anos, resultante da degenerescência das células sensoriais), a catarata, doenças reumáticas,
Alzheimer, entre outras.

3.3 Doença que não produz incapacidade laborativa


Também são consideradas doenças de trabalho as enfermidades que não ensejam a perda da
capacidade laboral, como simples queda ou até mesmo um pequeno corte.

3.4 Doença endêmica


Adquirida por segurado habitante de região e que se desenvolva, salvo comprovação de que é
resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

4 Concausa
A concausa é outra espécie de acidente de trabalho, estando sua teoria estabelecida no inciso I do
artigo 21 da Lei n. 8.213/1991:
Art. 21 – Equiparam-se também ao acidente de trabalho, para efeitos desta Lei:

I – o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua
capacidade para o trabalho, ou produzindo lesão que exija atenção médica para a sua
recuperação […].

Assim, a concausa é definida como outra causa que se junta à principal, concorrendo com o
resultado, ou seja, ela não dá origem à enfermidade, mas acaba fazendo com que esta se agrave.
O acidente de trabalho pode ocorrer em virtude de vários motivos diferentes, no entanto, a atividade
laborativa desenvolvida pelo trabalhador está sempre presente. Os fatores que caracterizam a
concausa podem ocorrer em virtude de acontecimentos anteriores, simultâneos ou posteriores ao
evento. Diante disso, podemos classificar as concausas como preexistentes, concomitantes e
supervenientes. No entanto, essa classificação tem finalidade apenas didática, pois, na prática, é
desconsiderada.
Constituem as concausas preexistentes os fatores que preexistem ao acidente, contribuindo,
juntamente com o fator laboral, decisivamente para a ocorrência do evento que causa incapacidade
do indivíduo.
Também conhecidas como anteriores, prévias ou predisponentes, são as causas que não apresentam
vinculação direta com o trabalho, mas que, quando a ele associadas, determinam a ocorrência do
acidente, ocasionando a morte ou produzindo lesão corporal ou perturbação funcional no
trabalhador, que apresenta uma predisposição latente para o acometimento do infortúnio. Assim, a
atividade laborativa, isoladamente, é incapaz de resultar na lesão, mas, diante das condições
pessoais do empregado, o acidente torna-se realidade (BRANDÃO, 2006, p. 170-171).
Esse tipo de concausa pode ser verificado quando o trabalhador já era portador de alguma moléstia
quando iniciou suas atividades para o empregador, mas, diante de situações específicas decorrentes
do ambiente de trabalho, há o aparecimento de sintomas ou o agravamento da doença, que pode
resultar na redução da capacidade laborativa do trabalhador ou até mesmo em sua morte.
Assim, se um trabalhador portador de grave hipertensão arterial que atua em fundição, próximo aos
fornos, em trabalho pesado e sujeito a altas temperaturas, morre em função de sua patologia, ou se
um empregado hemofílico sofre, em serviço, um ferimento no braço que, para outro trabalhador
sadio, não teria maiores consequências, e morre em decorrência de séria hemorragia, estamos diante
de hipóteses de concausas preexistentes (BRANDÃO, 2006, p. 170-171).
A concausa concomitante ocorre ao mesmo tempo que o acidente de trabalho. Como exemplo dessa
modalidade, podemos citar o indivíduo que sofre infarto durante um assalto ocorrido nas
dependências da empresa, vindo a falecer ou a perder o movimento de parte do corpo, de modo a
incapacitá-lo para o trabalho.
Já a concausa superveniente acontece em momento posterior ao próprio acidente de trabalho.
Relaciona-se a fatos posteriores à sequela, acarretando prejuízo ao acidentado no período de
tratamento ou evolução dos problemas decorrentes do acidente ou da doença. Podemos citar como
exemplos as intervenções cirúrgicas mal feitas, as altas médicas ocorridas de forma precipitada e
indevida, as infecções hospitalares, a falta de medicamentos adequados, a deficiência de
acompanhamento médico em período de recuperação do evento, ou seja, todas as circunstâncias que
contribuem para o agravamento do dano, para a piora das condições de saúde do trabalhador, de
forma a complicar o quadro clínico ou representar perigo de vida para o acidentado (COSTA, 2007,
p. 85).
5 Medidas a serem adotadas após sofrer um acidente de
trabalho

Após sofrer um acidente de trabalho, algumas medidas tornam-se necessárias para que o acidentado
possa garantir seus direitos: a) logo após a ocorrência do acidente e tendo condições físicas, deve-se
comunicar imediatamente o superior hierárquico ou pedir que alguém o faça em seu nome; b)
procurar por socorro médico o mais rápido possível, e solicitar um atestado descrevendo quais
foram os danos sofridos; c) ir até a empresa ou pedir que alguém vá para que seja providenciada a
abertura do Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT). É importante destacar que,
independentemente de ser o próprio acidentado ou terceiro a comparecer à empresa, é
imprescindível a apresentação do atestado médico para que o CAT possa ser lavrado
adequadamente.
O CAT é uma peça de suma importância para o trabalhador, pois é capaz de provar que o obreiro
sofreu um acidente de trabalho, servindo como prova para requerimento de benefícios
previdenciários e para obrigar que a empresa indenize o empregado pela perda ou redução da
capacidade laborativa.
Existe uma situação peculiar em relação ao acidente de trabalho que diz respeito ao momento em
que o empregado está indo ou voltando do ambiente laboral. Nesses casos, o empregado
primeiramente deve buscar atendimento médico e sempre pedir um atestado médico na hipótese de
ser atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Se for atendido por outra
unidade semelhante, como Bombeiros ou Polícia Militar, deverá pedir uma Cópia do Boletim de
Atendimento, bem como uma cópia do Boletim de Ocorrência, caso este último tenha sido lavrado.
Após se recuperar do acidente, o empregado deve providenciar a elaboração do CAT junto à
empresa, levando os documentos necessários para a comprovação do acidente, quais sejam: atestado
médico, boletim de atendimento (se houver), boletim de ocorrência (se houver).

6 Estabilidade provisória do empregado


O acidente do trabalho repercute e gera efeitos no contrato de trabalho entre empregado e
empregador, o que deixa clara a importância de descobrir a origem do acidente ou da doença sofrida
pelo empregado, bem como a importância que representa para o empregador ver-se eximido dessa
responsabilidade.
Os principais efeitos derivados na relação empregatícia decorrentes de um acidente laboral
correspondem à suspensão do contrato de trabalho e ao reconhecimento da estabilidade provisória
do empregado.
A estabilidade provisória decorrente da doença profissional é uma garantia que assegura a
manutenção do contrato de trabalho, independentemente da vontade do empregador. Ela pode ser
aplicada para trabalhadores que se encontram em determinadas situações de caráter especial e em
decorrência de autorização de lei. Quando o funcionário está abrangido pela proteção ao emprego, o
empregador fica impedido de dispensá-lo, salvo em caso de justo motivo.
O artigo 118 da Lei n. 8.213/1991 dispõe que:
Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo
de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação
do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.

Conforme inteligência do artigo citado, o trabalhador vítima de acidente de trabalho goza de


estabilidade pelo período de 12 meses após a concessão do auxílio acidentário, independentemente
da percepção do benefício acidentário concedido pelo INSS.. Dessa maneira, não pode ser
dispensado de forma arbitrária ou sem justa causa.
Essa proteção busca possibilitar que o empregado se readapte e se reinsira no mercado de trabalho,
sendo que sua obtenção ocorre no 16o dia de afastamento, quando o trabalhador passa a receber o
benefício de auxílio-doença da previdência, tendo seu contrato de trabalho suspenso.
Tais medidas têm como objetivo assegurar a proteção ao emprego em razão da doença ou acidente
de trabalho.
Nesse sentido já manifestou o Tribunal Superior do Trabalho:
RECURSO DE REVISTA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DE
TRABALHO. São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior
a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada,
após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a
execução do contrato de emprego . Extrai-se do acórdão regional ter sido constatada,
pelo perito do juízo, doença profissional que guarda relação de causalidade com a
execução do contrato de emprego. Recurso de revista conhecido e provido. (TST – RR:
328007720075020027, Relator: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento:
27/05/2015, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/05/2015)

Por fim, é importante destacar que, caso o empregado seja dispensado durante o período de
estabilidade provisória sem justa causa, terá direito de pedir judicialmente que seja reintegrado ou
até mesmo receber uma indenização pelo tempo em que estaria resguardado pela estabilidade.

7 Do dano moral
O artigo 7o, XXVIII da Constituição Federal garante ao trabalhador a indenização por doença
ocupacional, uma vez demonstrado o nexo causal entre a atividade profissional desenvolvida pelo
trabalhador na empresa e a doença adquirida.
Dessa forma, é indispensável que a moléstia tenha origem exclusiva nas atividades desempenhadas
na empresa para que se estabeleça uma relação de culpa ou mesmo dolo na conduta ilícita comissiva
ou omissiva do empregador a justificar o pagamento da indenização por dano moral.
A indenização moral objetiva minimizar a dor sentida pela vítima, compensando-a pelo sofrimento.
Quanto ao valor a ser pago a título de indenização por danos morais, este pauta-se nas regras, nas
peculiaridades de cada caso concreto em relação a cada ofensor e ofendido.
Os nossos tribunais mantêm o entendimento de que essa indenização possui caráter muito mais
disciplinar do que reparatório, uma vez que o sofrimento pessoal da vítima não pode ser medido e
muito menos reparado.
Assim, seguem algumas jurisprudências exemplificativas sobre o tema:
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL.
DOENÇA OCUPACIONAL. DORT/TENOSSINOVITE. INDENIZAÇÃO DEFERIDA
EM R$ 87. 805,20. MAJORAÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO. Recurso de
revista que não merece admissibilidade porque não restou configurada, nos termos do
artigo 896, alíneas a e c, da CLT, a alegada ofensa aos artigos 5º, incisos V e X, 6º, 7º,
incisos XXII e XXVIII, da Constituição Federal, 72, 225 e 818 da CLT, 145, 333, inciso
I, 426, inciso II, e 427 do CPC , 159 e 1.539 do Código Civil, 19,20 e 21 da Lei nº
8.213/91, tampouco divergência jurisprudencial, pelo que, não infirmados os
fundamentos do despacho denegatório do recurso de revista, mantém-se a decisão
agravada por seus próprios fundamentos. Ressalta-se que, conforme entendimento
pacificado da Suprema Corte (MS-27. 350/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ
04/06/2008), não configura negativa de prestação jurisdicional ou inexistência de
motivação a decisão do Juízo ad quem pela qual se adotam, como razões de decidir, os
próprios fundamentos constantes da decisão da instância recorrida (motivação per
relationem), uma vez que atendida a exigência constitucional e legal da motivação das
decisões emanadas do Poder Judiciário. Agravo de instrumento desprovido. (TST –
AIRR: 351403420045030071 35140-34.2004.5.03.0071, Relator: José Roberto Freire
Pimenta, Data de Julgamento: 19/09/2012, 2ª Turma)

RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DOENÇA


OCUPACIONAL. HÉRNIA DE DISCO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.
MAJORAÇÃO VALOR ARBITRADO. Deve ser mantida a v. decisão regional que
reduziu o valor arbitrado a título de indenização por danos morais de R$ 120.000,00
(cento e vinte mil reais) para R$ 37.730,50 (trinta e sete mil e setecentos e trinta reais e
cinquenta centavos), equivalente a 50 vezes a remuneração para fins rescisórios, pois
observou os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, tendo levado em conta
na fixação do valor a finalidade compensatória e pedagógica da indenização por danos
morais, e a vedação do enriquecimento ilícito da vítima, a idade e a capacidade de
recuperação do reclamante. Recurso de revista não conhecido. MULTA DO ART. 475-J
DO CPC. INCOMPATIBILIDADE COM O PROCESSO DO TRABALHO. REGRA
PRÓPRIA COM PRAZO REDUZIDO. MEDIDA COERCITIVA NO PROCESSO
TRABALHO DIFERENCIADA DO PROCESSO CIVIL. O art. 475-J do CPC
determina que o devedor que, no prazo de quinze dias, não tiver efetuado o pagamento
da dívida, tenha acrescido multa de 10% sobre o valor da execução e, a requerimento do
credor, mandado de penhora e avaliação. A aplicação de norma processual extravagante,
no processo do trabalho, está subordinada à omissão no texto da Consolidação. Nos
incidentes da execução o art. 889 da CLT remete à Lei dos Executivos Fiscais como
fonte subsidiária. Persistindo a omissão, tem-se o processo civil como fonte subsidiária
por excelência, como preceitua o art. 769 da CLT. Não há omissão no art. 880 da CLT a
autorizar a aplicação subsidiária do direito processual comum. Nesse sentido firmou-se
a jurisprudência da c. SDI no julgamento dos leading cases E-RR – 38300-
47.2005.5.01.0052 (Relator Ministro Brito Pereira) e E-RR – 1568700-
64.2006.5.09.0002 (Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga), julgados em
29/06/2010. Recurso de revista não conhecido. (TST – RR: 421003820095060009
42100-38.2009.5.06.0009, Relator: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento:
01/06/2011, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/06/2011)

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DOENÇA OCUPACIONAL.


MAJORAÇÃO DO VALOR. Considerando que a indenização perseguida possui caráter
muito mais disciplinar do que reparatório, eis que o sofrimento pessoal não pode ser
mensurado nem verdadeiramente reparado, o que mais importa na fixação do valor da
indenização é que este se traduza em uma repreensão que leve a demandada a se
precaver, a fim de evitar a prática de novos fatos geradores de dano. À vista disso, dá-se
provimento ao apelo obreiro, para majorar a reparação para R$ 50.000,00 (cinquenta
mil reais), valor este que se encontra em consonância com a natureza do dano, a
capacidade econômica da recorrida, o caráter pedagógico da medida e o princípio do
não enriquecimento sem causa (artigos 186 e 927, caput, do Código Civil, e o artigo 5º,
inciso X, da CF/88). (TRT-2 – RO: 00006793620125020442 SP
00006793620125020442 A28, Relator: SERGIO ROBERTO RODRIGUES, Data de
Julgamento: 18/11/2014, 11ª TURMA, Data de Publicação: 27/11/2014)

Portanto, fica claro que a indenização por dano moral tem como objetivo coibir que as empresas
exponham seus funcionários ao risco de sofrerem lesões e acidentes graves no ambiente de trabalho.

8. Conclusão
Pela observação dos aspectos analisados, entende-se que a doença profissional ou ocupacional é
decorrente do exercício da profissão, enquanto a doença de trabalho é desenvolvida em virtude do
ambiente de trabalho. Ambas podem ser agravadas em decorrência do cumprimento do contrato de
trabalho, dando origem à concausa.
Cabe ainda mencionar que os custos da doença ocupacional são muito altos para o empregado,
podendo gerar graves danos a sua saúde e até resultar em sua morte.
Desse modo, sempre que houver um acidente de trabalho, o empregado deve se preocupar com sua
saúde e integridade física, mas também lembrar-se de cientificar a empresa sobre o incidente, para
que possa ser lavrado o CAT a fim de garantir seus direitos no futuro.

Além disso, o trabalhador que sofre acidente de trabalho após o 16o dia adquire estabilidade
provisória, no entanto, é importante lembrar que existem algumas doenças que não são consideradas
acidente de trabalho.
Por fim, os pedidos de indenização decorrente de doença ocupacional aumentam a cada ano; em
virtude desse cenário jurídico, este artigo teve a finalidade de esclarecer o trabalhador sobre seus
direitos e garantias decorrentes de doença profissional.

Referências
BRANDÃO, Cláudio. Acidente do Trabalho e Responsabilidade Civil do Empregador. ed. São
Paulo: LTr, 2009.
BRASIL. Presidência da República. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos
de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213compilado.htm>. Acesso em: 18 maio 2016.
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