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ACIDENTE DE

TRABALHO
ÍNDICE
1. ESPÉCIES............................................................................................................................3
Espécies de Acidente de Trabalho................................................................................................................................. 3

2. DOENÇAS EQUIPARADAS AO ACIDENTE DE TRABALHO..........................................4


Doença profissional..............................................................................................................................................................4
Doença do trabalho..............................................................................................................................................................4
Não é acidente de trabalho...............................................................................................................................................4

3. ACIDENTE TÍPICO.............................................................................................................5
Segurado Especial................................................................................................................................................................ 5

4. ACIDENTE NO TRAJETO.................................................................................................. 7
Exceções (Não Configuram Acidentes do Trabalho)...............................................................................................7

5. BENEFÍCIOS DO INSS.......................................................................................................9
Auxílio-Doença...................................................................................................................................................................... 9
Aposentadoria por Invalidez............................................................................................................................................. 9
Auxílio-Acidente.................................................................................................................................................................... 9
Natureza dos Benefícios.................................................................................................................................................. 10

6. DEVERES DO EMPREGADOR..........................................................................................11

7. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR....................................................................12
Responsabilidade objetiva...............................................................................................................................................12
Responsabilidade subjetiva.............................................................................................................................................12
1. Espécies
Espécies de Acidente de Trabalho
Primeiramente, é essencial apontar que a lei responsável por dispor acerca dos acidentes de
trabalho não é a CLT e sim a Lei dos Planos de Benefício da Previdência Social (Lei 8213/91),
onde estão dispostos nos arts. 19 a 21.

Nesse sentido, nos termos da supramencionada legislação, acidente de trabalho é um


gênero do qual são as quatro espécies:

• acidente típico;
• doença profissional;
• doença do trabalho;
• acidente no trajeto.

Apesar dessas diferenças entre os tipos de acidentes, é importante lembrar que a melhor
forma de os identificar não será pelo acidente em si, mas pela incapacidade gerada por ele.

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2. Doenças Equiparadas ao Acidente de Trabalho
As doenças equiparadas ao acidente de trabalho não são um fato ou acidente em si, mas
sim ocasiões que acabam gerando uma incapacidade no trabalhador, podendo ocorrer
em duas hipóteses: doença profissional e doença do trabalho.

Doença profissional
A doença profissional não é um acidente, mas um fato que ocorre com o trabalhador
causando-lhe incapacidade para continuar praticando seu labor, sendo certo que essa
incapacidade foi causada, direta ou indiretamente, por sua profissão, ou seja, o exercício
da profissão acabou por gerar a incapacidade.

Ex.: Laura trabalha corrigindo cadernos e digitando textos o dia todo no computador, o que
acabou lhe causando um LER – Lesão por Esforço Repetitivo -, impossibilitando que ela
continue trabalhando corrigindo e digitando textos.

Doença do trabalho
Por outro lado, a doença do trabalho não tem a ver com a profissão em si, mas sim com as
condições em que o profissional exerce essa profissão.

Ex.: Laura trabalha corrigindo cadernos e, por conta de seu chefe, Beto, que insiste em deixar
temperatura do ar condicionado demasiadamente baixa no escritório, acabou por contrair
uma pneumonia.

Não é acidente de trabalho


• A doença degenerativa. Pode-se citar como exemplo o Mal de Alzheimer;
• A inerente a grupo etário, ou seja, aquela que em razão da idade, o trabalhador contrai. Pode-se
citar como a pessoa que já é de idade e desenvolve Osteoporose;
• A que não produza incapacidade laborativa, ou seja, aquela que quando adquirida, não impossibili-
ta o trabalhador de continuar desenvolvendo sua prestação de serviços;
• A doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, sal-
vo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do
trabalho. Pode-se citar como exemplo uma região onde a Malária é endêmica e, em razão disso, o
trabalhador acaba desenvolvendo Malária.

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3. Acidente Típico
O acidente típico é aquele que todos conhecem, tendo em vista ser o mais corriqueiro.

Esse tipo de acidente ocorre, por exemplo, quando um marceneiro acaba por serrar o
próprio dedo, gerando uma incapacidade que possui relação com a execução do serviço
profissionalmente.

Vejamos o art. 19 da L. 8213/91:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador
doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária,
da capacidade para o trabalho.

Segurado Especial
Note-se que o segurado do inciso VII do art. 11 mencionado na legislação é o segurado
especial, ou seja, aquele trabalhador rural que trabalha em regime de subsistência.

Nesse contexto, se ocorrer o acidente de trabalho, a pessoa deve ser encaminhada ao


departamento médico do local, se houver, ou ao hospital para que receba os cuidados
necessários.

O empregador tem até 24h úteis para elaborar o CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho),
que deve ser encaminhado à previdência social.

Importante observar que quem pagará o funcionário afastado é o empregador, nos primeiros
15 dias. Depois desse prazo, ficará o INSS responsável pelo pagamento da remuneração após
devida perícia médica.

Por fim, essencial observar que a L. 8213/91, em seu art. 21, apresenta as hipóteses de acidente
de trabalho que irão gerar o mesmo efeito do acidente típico, apesar de não ocorreram
exatamente da mesma forma. Vejamos:

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Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para
a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija
atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;

III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade;

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4. Acidente no Trajeto
O acidente no trajeto, como mencionado anteriormente, não ocorre dentro das dependências
do empregador.

Vejamos sua previsão legal:

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos
para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive
veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de
locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades
fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente
de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior.

Os dispositivos apresentados são autoexplicativos. Todavia, essencial ressaltar a importância


da alínea “d” do artigo, vez que é objeto de prova de forma corriqueira.

Essa alínea se refere ao percurso em que o empregado vai ou volta do trabalho, que, antes da
reforma trabalhista, era considerada hora in itinere, o que não acontece mais.

Atualmente, por força do art. 58, §2º da CLT, o tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho bem como o tempo de seu retorno,
independentemente do meio de transporte, inclusive se fornecido pelo empregador, não
será computado na jornada de trabalho por não ser tempo à disposição do empregador,
então a incapacidade gerada nesse percurso não será acidente de trabalho mas, para fins
previdenciários, continua valendo o art. 21, d da L. 8213/91.

Exceções (Não Configuram Acidentes do Trabalho)


A Lei 8213/91 apresenta quatro hipóteses que não serão consideradas acidentes de trabalho.
Importante ressaltar que são exatamente essas previsões que mais costumam cair em prova.

A primeira hipótese é a de doença degenerativa, como doença de Parkinson, Alzheimer,


esclerose múltipla, etc.

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A segunda hipótese é a de doença inerente ao grupo etário, que surge em razão da avançada
idade da pessoa, como a osteoporose.

A terceira hipótese é a de doença que, ainda que presente, não produz incapacidade laborativa,
seja ela qual for.

Por fim, temos a hipótese de doença endêmica adquirida por segurado habitante de região
em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato
direto determinado pela natureza do trabalho (Ex.: malária).

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5. Benefícios do INSS
Auxílio-Doença
O trabalhador que, no exercício de sua profissão, acaba por se envolver em algum acidente de
trabalho ou contrai alguma doença será afastado do labor.

Nos primeiros 15 dias do afastamento, quem paga sua remuneração é o empregador, a partir
do 16º dia, esse encargo recai sobre o INSS, consistindo este no denominado auxílio-doença,
obtido após avaliação médica que comprova a persistência da impossibilidade de trabalho.

O auxílio-doença é referente a 91% do salário de benefício desse funcionário, que deverá


recebe-lo até que esteja plenamente capaz para retornar às suas funções, sendo seu
afastamento forçosamente temporário.

Obs: as bases de cálculo dos benefícios e das contribuições do INSS são o salário de
benefício (SB) e o salário de contribuição (SC), respectivamente. Em linhas gerais, o SB
não pode ser menor que um salário mínimo e nem maior que o SC. Ele é calculado pela
média aritmética dos 80% maiores SC de todo período contributivo.

Aposentadoria por Invalidez


Na hipótese da aposentadoria por invalidez, ocorre algo parecido com a situação anterior
mas, aqui, a lesão é tão severa que, além de ser total, ela é permanente, impossibilitando
fixamente o retorno do trabalhador para sua atividade.

Importante ressaltar que, nesse cenário, o trabalhador irá receber 100% do salário de benefício,
diferentemente do que foi analisado no auxílio-doença.

Auxílio-Acidente
Por fim, o auxílio-acidente é a situação em que o trabalhador se machucou, foi afastado,
recuperou-se e retornou para o trabalho, mas a lesão acabou deixando alguma sequela.

Note-se que a sequela não o impede de trabalhar, mas o atrapalha, porque gera uma
dificuldade maior para a conclusão de suas tarefas.

Esse benefício será calculado no valor de 50% do salário de benefício do trabalhador que
sofrer a sequela.

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Natureza dos Benefícios
Os três benefícios estudados podem ter natureza acidentária, que são os casos relacionados
ao acidente de trabalho, não sendo necessário o decurso de um período de carência frente
ao INSS, garantindo-se ao trabalhador um período de estabilidade de 12 meses, sendo certo
que ele não poderá ser demitido nesse período.

Contudo, é importante notar que esses três benefícios também são recebidos quando a
pessoa se afasta do trabalho por outros motivos não ligados a qualquer acidente de trabalho,
tendo natureza previdenciária.

Por exemplo, pode ocorrer com um trabalhador que está desfrutando de um momento de
lazer durante o final de semana e acaba se acidentando, impossibilitando-se de trabalhar
por certo tempo. Destarte, o trabalhador será afastado do seu emprego, mas não estará isto
relacionado com o instituto do acidente de trabalho.

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6. Deveres do Empregador
O empregador deve ser zelar pela segurança e pela medicina do trabalho, vez que é
responsável por tudo que acontece dentro do perímetro da empresa, devendo tomar os
cuidados necessários para o desenvolvimento seguro da atividade.

Nesse contexto, é dever do empregador adquirir e disponibilizar todo o equipamento


necessário para a segurança do trabalhador.

Importante ressaltar que não basta apenas disponibilizá-los, mas garantir que o emprega-
do possua treinamento para sua utilização e fiscalizar sua utilização para que sempre se
dê de forma certa e segura.

Na hipótese de ocorrer o acidente de trabalho, ainda que tomados os devidos cuidados, é


dever do empregador, em até 1 dia útil após a ocorrência, produzir o CAT (Comunicação de
Acidente de Trabalho), que deverá ser encaminhado ao INSS.

Importante notar que se o empregador for responsabilizado pelo ocorrido, ele poderá arcar
com diversas verbas indenizatórias, como danos materiais, danos morais, multa, danos
estéticos, etc., além de garantir o depósito do FGTS pelo tempo que o funcionário ficar
afastado e a estabilidade de 12 meses ao trabalhador que retornar do afastamento.

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7. Responsabilidade do Empregador
As verbas indenizatórias mencionadas anteriormente somente serão devidas pelo empregador
na hipótese em que ele for considerado responsável pelo acidente.

Acerca disso, existem duas correntes que tratam da responsabilidade do empregador:


responsabilidade objetiva ou subjetiva.

Responsabilidade objetiva
A corrente que advoga pela responsabilidade objetiva do empregador, à qual não importa se
houve dolo ou culpa, é atualmente o posicionamento minoritário e não muito aceito em
nosso ordenamento.

Essa corrente se fundamenta na teoria do risco: o empregador é responsável pela atividade,


sendo responsável pela relação e pela criação dos riscos, então, se os riscos são decorrentes
da atividade que ele criou para lucrar, ele deve arcar com os custos dos acidentes de qualquer
sorte.

Responsabilidade subjetiva
A corrente majoritária no Brasil é a corrente que defende a responsabilidade subjetiva, na
qual se avalia se houve realmente comportamento culposo ou doloso do empregador.

Encontra-se sua fundamentação estampada na Constituição Federal, em seu art. 7º, XXVIII.
Vejamos:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

Dessa forma, a teoria da responsabilidade subjetiva tem fundamento constitucional expresso.

Assim, o empregador somente será responsabilizado se agir com dolo, intencionando o mal
causado ao trabalhador ou, ainda, com culpa, sendo negligente, imperito ou imprudente e
permitindo, assim, que o mal fosse causado.

Importante ressaltar que, de acordo com a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,


essa teoria pode ser relativizada casuisticamente, sendo possível aplicar a teoria do risco, a
qual pressupõe responsabilidade objetiva, se este risco estiver diretamente relacionado à
atividade do funcionário e for inerente a esta.

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Vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. TEORIA DO RISCO.


RESPONSABILIDADE OBJETIVA. CARACTERIZAÇÃO. Demonstrada a violação do art. 927, parágrafo único, do
Código Civil, merece provimento o Agravo de Instrumento. Agravo de Instrumento conhecido e provido. RECURSO
DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. TEORIA DO RISCO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. CARACTERIZAÇÃO.
A regra geral no Direito Brasileiro é a responsabilidade subjetiva, que pressupõe a ocorrência concomitante do
dano, do nexo causal e da culpa do empregador. Tratando-se, todavia, de acidente de trabalho em atividade de
risco, há norma específica para ser aplicada a responsabilidade objetiva, conforme se extrai do parágrafo único
do art. 927 do Código Civil. Esta Corte tem entendido que o trabalhador da construção civil atua em situação de
risco acentuado. Precedentes. Recurso de Revista conhecido e provido. (TST - RR: 10862220155080005, Relator:
Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 04/04/2018, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 06/04/2018).

Entenda-se: a teoria do risco será aplicável quando a atividade em si for uma atividade de
risco.

Dessa forma, será aplicada a responsabilidade objetiva quando o perigo de dano for inerente
à atividade desempenhada pelo trabalhador.

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Acidente de Trabalho

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