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UNIFUNEC

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SANTA FÉ DO SUL


DIREITO NOTURNO – 4º SEMESTRE
DIREITO DO TRABALHO

FELIPE A. DE SOUZA BARBOZA


LUARA CRISTINA B. BRITO
LUÍS FERNANDO AGOSTINHO
RODOLFO LUÍS AGOSTINHO
LEONARDO SILVA TEREZA

MEDICINA E SEGURANÇA NO TRABALHO

SANTA FÉ DO SUL/SP
2022
FELIPE A. DE SOUZA BARBOZA
LUARA CRISTINA B. BRITO
LUÍS FERNANDO AGOSTINHO
RODOLFO LUÍS AGOSTINHO
LEONARDO SILVA TEREZA

MEDICINA E SEGURANÇA NO TRBALHO

Trabalho Bimestral apresentado a matéria


de Direito do trabalho, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título
de Bacharel em Direito.
Professor(a): Janaína Guimarães Mansilia

SANTA FÉ DO SUL
2022
Sumário

1. Introdução .................................................................................................................. 4

2. Acidentes do trabalho: Conceito, tipos e benefícios do acidentado ...................... 4

3. Normatização de medicina e segurança no trabalho.............................................. 7

4. Conclusão ................................................................................................................... 9

5. Bibliografia .............................................................................................................. 11
1. Introdução

A sistematização de regras e garantias relacionadas ao trabalho e aos trabalhadores


implica na proteção dos indivíduos no ambiente de trabalho e nas relações entre empregado e
empregador. As áreas de medicina e segurança do trabalho, dentro do sistema de regras, tratam
especificamente da relação do empregado com os elementos que influenciam sua integridade
física de modo geral. O ambiente de trabalho, a duração da jornada, a natureza da atividade
desenvolvida e outros fatores, podem levar o trabalhador a experienciar algum evento danoso
que prejudique diretamente a sua saúde, ou desenvolver alguma doença incapacitante. Nessa
direção, ambas as áreas capacitam profissionais com intuito de preservar a integridade física do
empregado condicionando a atividade laboral com práticas, métodos e equipamentos de
proteção.
Os profissionais, apesar de atuarem visando objetivos em comum, possuem
capacitações e atividades diferentes dentro do ambiente de trabalho. Em especial a área de
medicina atua além da prevenção de acidentes ou surgimento de doenças, através de avaliações
e exames destinados a qualidade de vida do trabalhador em geral, enquanto os profissionais da
área de segurança do trabalho exercem seus conhecimentos especificamente na prevenção de
acidentes e minimização de riscos, seja pelo fornecimento de equipamentos de segurança ou
desenvolvimento da estrutura e metodologia de trabalho.
Desde 1934 institutos relacionados ao tema foram gradativamente introduzidos e
ampliados no ordenamento jurídico brasileiro até a complexa sistematização de normas
trabalhistas atual, composta pela CLT e legislações esparsas que versam sobre esse assunto em
específico.

2. Acidentes do trabalho: Conceito, tipos e benefícios do acidentado


O acidente do trabalho é, de acordo com o Art. 2 da Lei 6.367/76:
...aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte,
ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho.
Ou seja, é acidente do trabalho qualquer dano sofrido no exercício do trabalho e em
decorrência dele e existem setores responsáveis pelo zelo do trabalho seguro.
De acordo com a Justiça do Trabalho, em seu site, “Segundo dados atualizados do
Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, do Ministério Público do Trabalho (MPT),
nos últimos dez anos, entre os anos de 2012 e 2021, 22.954 mortes no mercado de trabalho
formal foram registradas no Brasil. Apenas em 2021, foram comunicados 571,8 mil acidentes
e 2.487 óbitos associados ao trabalho, com aumento de 30% em relação a 2020” (Justiça do
Trabalho, https://www.tst.jus.br/web/trabalhoseguro/o-que-e-acidente-de-trabalho, acesso em:
08/09/2022).
Os artigos 19, 20 e 21 da lei 8.213/91, definem respectivamente os acidentes do trabalho
típicos, doenças ocupacionais e os especiais/equiparados, muito autoexplicativos, como pode
se observar abaixo:
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo
anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada
pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e
constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho
e da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada
em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com
ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no
inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em
que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de
exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída
na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das
condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se
relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la
acidente do trabalho.

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos


desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa
única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para
redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido
lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho,
em consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de
disputa relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou
de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou
decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado
no exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário
de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade
da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe
evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da
mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado,
inclusive veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de
propriedade do segurado;
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião
da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho
ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do
trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe
ou se superponha às consequências do anterior;
A segurança no trabalho é setor responsável pela prevenção de acidentes e preservação
da integridade física dos trabalhadores, enquanto a medicina no trabalho é um outro setor
correlacionado com a segurança no trabalho que acumula as funcionalidades também de
prevenção de acidentes e preservação dos trabalhadores além da promoção de sua saúde e
qualidade de vida.
O acidentado tem direitos relacionados a Previdência Social, por isso são considerados
somente os benificiários do regime, definidos pelo art. 11 da lei 8.213/91. Os direitos nos casos
de acidentes do trabalho podem ser separados em três: auxílio doença, auxílio acidente e
aposentadoria por invalidez.
1. Auxilio doença: de acordo com o art. 59, da lei 8.213/91, será segurado o auxílio
doença ao empregado que, desde que já cumprido o prazo de carência de
contribuição de 12 meses, ficar incapacitado para sua atividade habitual por mais
de 15 dias consecutivos, salvo se o beneficiário já for portador de doença ou
lesão quando registrado e não ter agravamento de sua situação, já conhecida, por
conta da atividade. O auxílio doença é o benefício mais solicitado, o beneficiado
recebe cerca de 91% do salário de benefício, porém sua finalidade é de
atendimento de curto prazo, somente o suficiente para cessar a “doença”,
devendo ser substituído pela aposentadoria por invalidez, caso não venha a se
recuperar;
2. Auxílio acidente: o auxílio acidente é independente de período de carência e é
objetivado pelo empregado que sofre sequelas relacionadas ao acidente de
trabalho que o impedem de realizar sua atividade habitual. É um auxílio
provisório e não substitui salário nem tem caráter alimentar, equivalente a cerca
de 50% do salário do beneficiário;
3. Aposentadoria por invalidez: é segurada ao beneficiário que, cumprido o prazo
de carência de 12 meses de contribuição (salvo em casos de acidente do trabalho
e doença profissional), for considerado incapaz de reabilitação profissional. O
valor do seguro será de 100% do salário, podendo ser acrescidos 25% quando
necessitar da assistência permanente de outra pessoa; Obs: a aposentadoria pode
ser cessada quando o aposentado volta voluntariamente a atividade;

3. Normatização de medicina e segurança no trabalho

De fato, a criação da CLT foi essencial para normatizar o relacionamento entre


empregador e empregado, estabelecendo as diretrizes para a harmoniosa e justa exploração
da força de trabalho no Brasil. Entretanto, com a variedade nos tipos de trabalho e com os
riscos que as profissões oferecem, fez-se necessário a criação de disposições complementares
para serem anexadas ao Capitulo V do diploma trabalhista a fim de normatizar e melhorar as
condições de trabalho. As Normas Regulamentadoras (NR), elaboradas por uma Comissão
Tripartite Paritária Permanente (CTPP) no qual inclui a participação de representantes do
governo, dos empregados e dos empregadores, estabelecem as diretrizes em casos
hipotéticos, condicionando a possibilidade e os métodos de operação do trabalhador exposto
aos riscos da sua atividade. Sendo a portaria Nº 12.127 de outubro de 2003 a responsável por
constituir este modelo:
“Art.1º A metodologia de regulamentação na área de segurança e saúde
no trabalho e em questões relacionadas às condições gerais de trabalho,
competência da Secretaria de Inspeção do Trabalho, terá como
princípio básico a adoção do Sistema Tripartite Paritário – Governo,
Trabalhadores e Empregadores – e será estabelecida observando-se as
seguintes etapas:
I – definição de temas a serem discutidos na Comissão Tripartite
Paritária Permanente – CTPP;
II – elaboração de texto técnico básico;
III – publicação de texto técnico básico no Diário Oficial da União –
DOU;
IV – instalação do Grupo de Trabalho Tripartite – GTT; e
V – aprovação e publicação da norma no Diário Oficial da União –
DOU.”

É importante ressaltar que as NRs não possuem caráter de lei, mas têm sua
complementação nas leis trabalhistas e devem ser respeitadas pelas empresas pois direcionam
procedimentos obrigatórios que as empresas devem seguir. Essa premissa está fixada na NR-1
item 1.2.1.1 no qual impõe a “observância obrigatória pelas organizações e pelos órgãos
públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo,
Judiciário e Ministério Público, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis
do Trabalho”. No caso do descumprimento das NRs por parte do empregador, a empresa poderá
responder nas instâncias civil, administrativa, tributária, previdenciária e criminal, gerando
multas destinadas ao Ministério do Trabalho, obrigando o pagamento de adicionais de
periculosidade e insalubridade, tratamento médico e até mesmo ficar responsável pela lesão
corporal ou óbito do empregado. Já o empregado que desrespeita a norma imposta pela empresa,
sem a devida justificativa, comete um ato faltoso, podendo esse ato ser considerado motivo de
justa causa se praticado reiteradamente.
Já é sabido que as NRs são importantes para a segurança do empregado, garantindo a
prevenção de acidentes, proporcionando segurança na execução de tarefas no ambiente de
trabalho. De forma geral, atualmente existem 35 NRs vigentes no país, com a função de
alcançar o máximo de trabalhadores possível com suas regulamentações, e garantindo a
aplicabilidade das NRs no Art. 3º da portaria Nº 787, de 27 de novembro de 2018 que dispõe a
classificação das NRs em normas gerais, especiais e setoriais. As normas gerais1 visam
regulamenta os aspectos da relação jurídica que estão prevista em Lei, excluindo requisitos
condicionado a atividade, instalações, equipamentos ou setores. Já as normas especiais2 são

1
Inciso I do artigo 3º da Portaria Nº 787
2
Inciso II do artigo 3º da Portaria Nº 787
normas que regulamentam a execução do trabalho, considerando as atividades, instalações ou
equipamentos empregados, sem estarem condicionadas a setores ou atividades econômicas
especificas. E, as normas setoriais3 regulamentam a execução do trabalho em setores ou
atividades econômicas específicas.
Várias NRs moldaram a estrutura das empresas e trouxeram segurança para os
empregados exercerem suas atividades. Sendo destaque a NR-5 – Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes – CIPA. Esta comissão faz-se presente na empresa com o objetivo de
prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, com a instrução e fiscalização dos seus
membros que são compostos por representantes do empregador e dos empregados. Seu texto
original foi normatizado pela Portaria MTb n. º 3.214, de 8 de julho de 1978, e tem sua última
alteração pela portaria SERPT n. º 915, de 30 de julho de 2019. Faz-se saber:

“5.1 A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – tem


como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do
trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com
a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. ”

A CIPA exerce atividade de grande importância dentro das empresas, visto que uma de
suas funções é mapear os riscos que os funcionários são expostos e promover ações preventivas
no campo da segurança e saúde no trabalho. Também a Comissão fica responsável por realizar
vistorias periódicas nos ambientes de trabalho com o intuito de avaliar as condições em que os
funcionários estão sendo submetidos.
Assim, percebe-se o crédito que as Normas Regulamentadora possuem para a atividade
laboral no país. Sendo necessárias para estabelecer níveis de segurança aceitáveis para que os
empregados exerçam sua atividade sem riscos. Também é de suma importância que a
obediência das NRs não parta somente do empregador, pois, de fato, uma vez que o empregado
transgrida uma NR, o maior prejudicado acaba sendo ele mesmo.
4. Conclusão
A categorização dos possíveis acidentes de trabalho, das indenizações e auxílios
correspondentes, assim como a regulamentação de práticas de avaliação e atuação médica
dentro do ambiente de trabalho conferem ao empregado e ao empregador uma espécie de
segurança alicerçada na existência da lei, essa característica torna indispensável esse conjunto
de regras específicas para a manutenção da relação entre essas duas figuras. É evidente que o
processo de sistematização desse conjunto de regulamentações ocorre gradativamente em
correspondência com as mudanças e necessidades sociais, vide todo processo de evolução desde

3
Inciso III do artigo 3º da Portaria Nº 787
as primeiras garantias nos diplomas anteriores até a formação da CLT e o agregado das Normas
Regulamentadoras, haja vista a importância do tema e a capacidade de responder as
necessidades sociais do ordenamento jurídico é de esperar agregados futuros frente aos desafios
que submetem a sociedade e o ambiente de trabalho a uma pressão por mudanças, a exemplo o
problema da pandemia, as novidades tecnológicas que impulsionam cada vez mais a
mecanização e informatização no trabalho, assim como a análise e a elaboração de questões de
fronteira a respeito desses desafios pelas pesquisas acadêmicas traduzindo as necessidades
sociais e otimizando o tempo de resposta do Direito.
5. Bibliografia
GOV.BR. Normas Regulamentadoras - NR. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-
previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-
saude-no-trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-nrs. Acesso em: 15 set. 2022.
GUIATRABALHISTA. Normas Regulamentadoras. Disponível em: http://www.guiatrabalhista.
com.br/obras/seguranca.htm. Acesso em: 15 set. 2022.
PONTO TEL. Entenda o que são as normas regulamentadoras, quais foram atualizadas e
quantas NRS existem atualmente. Disponível em: https://www.pontotel.com.br/normas-
regulamentadoras/. Acesso em: 15 set. 2022.
TST.JUS.BR. Oque é acidente de trabalho? Disponível em:
https://www.tst.jus.br/web/trabalhoseguro/o-que-e-acidente-de-trabalho. Acesso em: 15 set. 2022.
ABRAHAO, LOUISE DE FREITAS. SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO E SUA CONTRIBUIÇÃO
NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES. Disponível em: http://siaibib01.univali.br/pdf/Louise%20de%
20Freitas%20Abrahao.pdf. Acesso em: 15 set. 2022.
TST.JUS.BR. Saúde e Segurança do Trabalho. Disponível em: https://www.tst.jus.br/saude-e-
seguranca-do-trabalho. Acesso em: 15 set. 2022.
REZENDE, JOANA. Medicina e Segurança do Trabalho: saiba tudo sobre essa especialidade.
Disponível em: https://www.medway.com.br/conteudos/medicina-e-seguranca-do-trabalho-saiba-
tudo-sobre-essa-especialidade/. Acesso em: 15 set. 2022.

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