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SEGURANÇA -
ADMINISTRATIVO
ÍNDICE
1. DEFINIÇÃO E MOMENTO PROCESSUAL........................................................................3
Definição e Momento Processual.................................................................................................................................. 3
Mandado de Segurança Individual................................................................................................................................4
Mandado de Segurança Coletivo...................................................................................................................................4
3. PRINCIPAIS TESES.........................................................................................................10
4. ESTRUTURA DA PEÇA.....................................................................................................11
Estrutura.................................................................................................................................................................................. 11
Endereçamento.................................................................................................................................................................... 11
Preâmbulo...............................................................................................................................................................................12
Dos Fatos, Cabimento, Fundamentação e Liminar.............................................................................................. 14
Pedidos.................................................................................................................................................................................... 15
Finalização............................................................................................................................................................................. 16
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
Trata-se de uma ação judicial de rito sumário especial, e é sempre de natureza civil. Assim,
vamos perceber que tem muitos aspectos de uma petição inicial, mas com peculiaridades
próprias de seu objeto e procedimento especiais: é cabível quando direito líquido e certo for
violado ou ameaçado por ato ou omissão ilegal de autoridade administrativa ou de agente
de pessoa jurídica no exercício das atribuições do Poder Público.
Por direito líquido e certo entende-se aquele que já pode ser verificado de plano, e a respeito
do qual não cabem maiores discussões: as provas do direito já estão pré-constituídas e
esclarecidas. Assim, uma importante característica do Mandado de Segurança é que não
cabe dilação probatória, o que se determina pelo seu rito sumário especial, mais célere e
“prático”.
O Mandado de Segurança também tem caráter subsidiário, visto que pode ser impetrado
apenas quando não for cabível Habeas Corpus nem Habeas Data.
No mais, ele pode se apresentar na modalidade preventiva, quando houver uma ameaça
de lesão a direito líquido e certo e se quer evitá-la, ou na modalidade repressiva, quando já
ocorrida a lesão, quer-se anular o ato ilegal e lesivo e reparar o dano causado.
Também pode dar-se nas formas individual ou coletiva, como devemos ver mais detidamente:
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Mandado de Segurança Individual
Está disciplinado no art. 5º, LXIX da Constituição Federal, acima transcrito, e também no art.
1º da Lei nº 12.016/09, dispositivos que devemos conhecer bem em nossa preparação para a
prova de segunda fase da OAB:
Art. 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica
sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam
quais forem as funções que exerça.
Como já vimos, o Mandado de Segurança se presta a proteger direito líquido e certo, de que
já se tenha prova pré-constituída e que, portanto, não precisa de dilação probatória.
Também devemos estar atentos às hipóteses de cabimento: se for caso de Habeas Corpus
ou de Habeas Data – outros remédios constitucionais – não é possível impetrar Mandado de
Segurança. Nesse ponto, a própria Constituição Federal estabelece uma espécie de ordem
de preferência, conferindo ao Mandado de Segurança um caráter subsidiário.
Destacamos também que o Mandado de Segurança não se presta a proteger qualquer lesão
a direito líquido e certo: deve tratar-se de ameaça ou lesão praticada por ato (ou omissão)
ilegal de autoridade pública ou mesmo de pessoa jurídica de direito privado, contanto
que em exercício de atribuições do Poder Público. Ora, alguns serviços prestados por
particulares têm tal relevância pública que só funcionam sob a delegação da Administração,
após o que serão integrantes do sistema público de serviços. Como exemplo disto, podemos
citar o diretor de universidade privada que impede a matrícula de um determinado aluno sem
justificativa legítima.
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária,
ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há,
pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto,
autorização especial.
Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
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II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da
atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante
• Partidos políticos podem impetrar Mandado de Segurança Coletivo desde que tenham repre-
sentação no Congresso Nacional (seja na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal);
• Organizações Sindicais, em interesse de sua categoria como um todo;
• Entidades de Classe, também em defesa de sua categoria;
• Associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, igualmente
com interesse delineado de pertinência para seus participantes e coligados.
Os partidos políticos podem impetrar Mandado de Segurança Coletivo desde que tenham
alguma representação no Congresso Nacional na data da impetração, para defender direitos
relativos a seus integrantes ou relacionados à finalidade partidária.
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Súmula 629
A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe
da autorização destes.
Súmula 630
A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada
interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
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2. Cabimento e Não Cabimento
Cabimento
Vimos que a petição de Mandado de Segurança se assemelha a uma Petição Inicial, mas
inaugura um procedimento sumário especial, o que determina muitas de suas peculiaridades
em relação à Petição Inicial:
• Mandado de Segurança não admite dilação probatória e, portanto, deve-se demonstrar na petição
a constituição do direito líquido e certo, verificado de plano;
• No caso do Mandado de Segurança repressivo (em que já ocorreu o dano ao direito), o art. 23 da
Lei nº 12.016/09 prevê prazo de 120 dias para a impetração, contados da data de conhecimento da
lesão.
Por sua própria natureza, não há que se falar em prazo para impetração de Mandado de Segurança
preventivo;
• Não há condenação em honorários de sucumbência no Mandado de Segurança, o que o torna
menos custoso (este aspecto pode ser uma dica do examinador no enunciado da prova!);
• Embora o Mandado de Segurança preste-se a impedir ou anular o ato lesivo e reparar o dano, este
remédio não admite a restituição de valores referentes a períodos anteriores à sua impetração. Assim,
a reparação do dano se dá a partir do momento da impetração do Mandado de Segurança, de modo
que não cabe pedir, nesta peça, a restituição de valores desde a data do ato impugnado.
Com estas peculiaridades em mente, podemos já identificar algumas dicas no enunciado que
indicam que a peça a ser elaborada é a de Mandado de Segurança:
• Julgamento de mérito mais célere: como o direito é líquido e certo, demonstrado por prova pré-
-constituída e sem dilação probatória, o procedimento do Mandado de Segurança, que é sumário e
tem prioridade de tramitação (art. 20 da Lei nº 12.016/09), permite a apreciação de mérito mais célere.
Ainda que se possa falar em medidas liminares nos procedimentos ordinários, a resolução de mérito
se dá mais rapidamente no Mandado de Segurança. Assim, uma dica importante do enunciado para
o Mandado de Segurança é mencionar que se quer o julgamento de mérito mais célere;
• Medida menos custosa: outra característica destacada nos enunciados é dizer que se busca a
medida menos custosa para a resolução da ameaça ou dano a direito, já que no Mandado de Segu-
rança não há condenação em honorários advocatícios de sucumbência;
• Prazo de 120 dias: Ao mencionar a lesão já constituída a direito, o examinador pode dar dicas no
sentido de que ainda se está dentro do prazo de 120 dias;
• Já há provas documentais suficientes: Trata-se do requisito fundamental do Mandado de Se-
gurança, e se o enunciado mencionar que não precisa de dilação probatória e que as provas já estão
pré-constituídas, é um importante indício de que a peça será o Mandado de Segurança;
• O enunciado também informará as peculiaridades de cada modalidade do Mandado de Seguran-
ça: Se mencionar a ameaça a direito líquido e certo por ato ilegal de autoridade pública, estará indi-
cando que a peça a ser elaborada é a de Mandado de Segurança Preventivo.
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Dicas importantes
Entender o remédio constitucional que o Mandado de Segurança representa nos ajuda a
identificar também suas peculiaridades no enunciado e na elaboração da peça. Assim, atenção
para o prazo indicado no enunciado, caso se trate de Mandado de Segurança repressivo, por
força do art. 23 da Lei nº 12.016/09 (marque este artigo em seu Vade Mecum com as cores
escolhidas para o Mandado de Segurança).
Também é importante ter em mente os sujeitos ativos legitimados para impetrar Mandado de
Segurança coletivo, conforme as descrições do art. 5º, LXX da Constituição Federal e do art.
21 da Lei nº 12.016/09.
É essencial que já se tenha a prova constituída do direito lesado ou ameaçado para que se
possa falar em Mandado de Segurança.
Não podemos nos esquecer de que a Constituição Federal atribuiu ao Mandado de Segurança
um caráter subsidiário: só é cabível quando não for caso de Habeas Corpus (ameaça ou lesão
a direito de locomoção) ou de Habeas Data (para conhecimento ou retificação de dados do
impetrante constantes de bancos de dados governamentais ou de caráter público). A este
respeito, também é importante lembrar que a obtenção de certidões não é caso de Habeas
Data. Nestes casos, não se busca o acesso a informações constantes em bancos de dados,
mas de certificações de determinados procedimentos e situações de interesse pessoal. O
direito à obtenção de certidões é previsto no art. 5º, XXXIV, “b” da Constituição Federal, e pode
ser assegurado por Mandado de Segurança (caso o direito já esteja constituído de plano. Se for
necessária dilação probatória deve ser elaborada Petição Inicial de Procedimento Ordinário!).
Não Cabimento
Para além do caráter subsidiário conferido ao Mandado de Segurança pela Constituição
Federal, estabelecendo que o remédio só é cabível quando não for o caso de Habeas Corpus
ou de Habeas Data, a Lei nº 12.016/09 também traz importantes restrições ao uso de Mandado
de Segurança. Grife, em seu Vade Mecum, o art. 5º e o art. 1º, §2º desta Lei para indicar estas
restrições:
Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica
sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam
quais forem as funções que exerça.
§2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;
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II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
A respeito da restrição do art. 1º, §2º, a Lei nº 12.016/09 apenas reforça, em nome da
separação de poderes, os limites da intervenção do Poder Judiciário aos atos de gestão dos
agentes administrativos. – O controle do Poder Judiciário limita-se à análise de legalidade
dos atos administrativos, e não pode discutir questões de conveniência e oportunidade dos
atos discricionários, como os atos de gestão dos administradores de empresas públicas,
sociedades de economia mista e de concessionárias de serviço público.
Por sua vez, o art. 5º da Lei nº 12.016/09 sustenta o caráter de remédio constitucional do
Mandado de Segurança, e veda sua utilização como sucedâneo recursal (não pode o
Mandado de Segurança ser impetrado para fazer as vezes de recurso que seria cabível), caso
ainda caiba recurso com efeito suspensivo de alguma decisão judicial ou administrativa ou,
ainda, em caso de decisão judicial já transitada em julgado. Nestes casos, deve-se valer dos
meios processuais adequados, e é vedado tentar se utilizar do procedimento mais célere do
Mandado de Segurança nesses casos.
Súmula 266 STF: Não cabe Mandado de Segurança contra lei em tese.
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3. Principais Teses
Vistas as principais características do Mandado de Segurança, antes de adentrar as
características da petição, vamos sumarizar algumas das principais teses cobradas, ao longo
das provas práticas da OAB, acerca desta peça. Para isso, o Trilhante separou os casos mais
recorrentes, o que não quer dizer que o Mandado de Segurança se restringe a estas teses ou
que, caindo algum destes temas, a peça será necessariamente o Mandado de Segurança.
• Exigências ilegais em edital de licitação – além dos conhecimentos sobre o procedimento licitató-
rio, seus requisitos e regras, a licitação em si tem fundamento no princípio da impessoalidade, explí-
cito no art. 37 da Constituição Federal, para garantir que a Administração Pública determine critérios
objetivos e impessoais em suas contratações e demais atos;
• Obtenção de certidão – Como vimos, a obtenção de certidões é garantida no art. 5º, XXXIV, “b” da
Constituição Federal e não é caso de Habeas Data, visto que não se busca acesso a informações
pessoais constantes de banco de dados de caráter público, mas a um atestado de situação ou pro-
cedimento de interesse pessoal. Nestes casos, se não for necessária dilação probatória, o direito pode
ser assegurado por Mandado de Segurança;
• Inobservância do devido processo legal ao cancelar contrato de gestão;
• Redução ilegal do salário de servidor público – Sobre os vencimentos, aposentadoria, direitos e
condições do servidor público é sempre importante conhecer as disposições dos arts. 40 e 41 da
Constituição Federal.
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4. Estrutura da Peça
Passemos agora ao estudo da estrutura da peça em si. A seguir, visualizamos os tópicos da
peça do Mandado de Segurança e, em seguida, estudamos cada um deles
Estrutura
• Endereçamento;
• Preâmbulo;
• Do ato coator / dos fatos;
• Do cabimento do Mandado de Segurança – este é um tópico sempre importante, de petições de
procedimentos especiais, para demonstrar ao examinador que você identificou os requisitos da peti-
ção e do procedimento especial;
• Da legitimidade ativa (principalmente para MS Coletivo) e passiva;
• Do direito líquido e certo – tópico para demonstrar os fundamentos de direito;
• Da liminar (se for o caso, conforme a exigência do enunciado;
• Dos pedidos;
• Valor da Causa;
• Finalização
Endereçamento
O endereçamento indica a competência para o processamento dos pedidos submetidos.
Marque em seu Vade Mecum os dispositivos sobre competência processual!
JUÍZO COMPETENTE
No caso do Mandado de Segurança, a competência depende da autoridade coatora: em regra,
atos de autoridades estaduais são de competência da Justiça Estadual comum e, os atos de
autoridades de órgãos e entidades da União, suas autarquias e empresas públicas federais
são julgados pela Justiça Federal (art. 109, III Constituição Federal), também comum – não se
processa Mandado de Segurança em Juizados Especiais.
• Supremo Tribunal Federal – art. 102, I, “d” e “r” da Constituição Federal: julga Mandados de Se-
gurança contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
Tribunal Federal, bem como do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
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Público;
• Superior Tribunal de Justiça – art. 105, I, “b” da Constituição Federal: julga Mandados de Segu-
rança contra atos de Ministros de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
e do próprio Superior Tribunal de Justiça;
• Tribunal Regional Federal – art. 108, I, “c” da Constituição Federal: julga Mandados de Segurança
contra atos do próprio Tribunal ou de Juiz Federal.
FORO COMPETENTE
O foro competente para o processamento do Mandado de Segurança é o do local onde a
autoridade coatora presta suas atividades.
EXEMPLOS DE ENDEREÇAMENTO
Justiça Estadual:
Justiça Federal:
Preâmbulo
No preâmbulo, indicamos o impetrante, o fundamento legal, a ação e o impetrado.
IMPETRANTE
A identificação do impetrante merece maior atenção quando se tratar de Mandado de
Segurança Coletivo, visto que devemos estar atentos aos legitimados e seus requisitos para
ingressar com Mandado de Segurança Coletivo, como disposto no art. 5º, LXX da Constituição
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Federal e no art. 21 da Lei nº 12.016/09: partido político com representação no Congresso
Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade
partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos
e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus
estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades. Lembre-se de que a exigência de
constituição e funcionamento há pelo menos um ano se aplica apenas às associações.
Por sua vez, o Mandado de Segurança Individual pode ser impetrado por qualquer pessoa
física ou jurídica que houver tido direito lesado ou ameaçado por ato ilegal de autoridade em
exercício de função pública.
Em qualquer caso, as partes devem estar qualificadas conforme as exigências do art. 319, II
do Código de Processo Civil: nome completo, estado civil, profissão, número do CPF ou do
CNPJ, endereço eletrônico, domicílio e endereço. Não se preocupe: se não tiver estes dados,
apenas indique a informação e acrescente as reticências, como no exemplo a seguir:
Nome completo ..., estado civil ..., inscrito no CPF sob o nº ..., endereço eletrônico ..., residente
e domiciliado em ...
FUNDAMENTO LEGAL
Como vimos, o Mandado de Segurança é remédio constitucional com previsão no art. 5º, incisos
LXIX e LXX da Constituição Federal, regulamentado, ainda, pela Lei nº 12.016/09. Assim, em
nossa peça, devemos indicar ambos os fundamentos, que variam apenas conforme tratar-se
de Mandado de Segurança Individual ou Coletivo:
• Mandado de Segurança Individual: fundamento é o art. 5º, LXIX da Constituição Federal e art. 1º
da Lei nº 12.016/09. Se houver pedido liminar, o fundamento é o art. 7º, III também da Lei nº 12.016/09;
• Mandado de Segurança Coletivo: o fundamento é o art. 5º, LXX da Constituição Federal e o art.
21 da Lei nº 12.016/09. Se houver pedido liminar, o fundamento são os arts. 7º, III e 22, §2º da Lei nº
12.016/09.
NOME DA AÇÃO
Deve-se indicar que se está impetrando a peça de “Mandado de Segurança”, acrescentando,
conforme o caso, Mandado de Segurança Coletivo, Preventivo e, se tiver pertinência, pedido
liminar. Por sua vez, se for caso de Mandado de Segurança Individual e Repressivo, não há
necessidade de destacar por escrito estas modalidades, visto que são as mais comuns.
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IMPETRADO
O Impetrado, no Mandado de Segurança, é a Autoridade que proferiu o ato ilegal que ameaça
ou lesiona o direito líquido e certo tutelado.
EXEMPLO DE PREÂMBULO
Nome completo ..., estado civil ..., inscrito no CPF sob o nº ..., endereço eletrônico ..., residente
e domiciliado em ..., vem, por meio de seu advogado (procuração anexa), com endereço
profissional em ..., respeitosamente, perante Vossa Excelência, tempestivamente, impetrar
Mandado de Segurança com pedido Liminar, com fundamento no art. 5º, LXIX da Constituição
Federal, bem como nos arts. 1º e 7º, III da Lei nº 12.016/09, contra o senhor ... (Diretor, por
exemplo. Escrever somente o cargo), vinculado à pessoa jurídica .../ pessoa jurídica de direito
público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., endereço ..., pelos motivos de fato e de direito a seguir
expostos.
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forma de seu estatuto e de suas finalidades. Por sua vez, evidencia-se que a lesão se dá por
ato ilegal de autoridade pública, indicando-se a Pessoa Jurídica à qual está vinculada.
DA LIMINAR
Se o enunciado indicar que se pretende um pedido liminar, este tópico deve demonstrar a
verossimilhança das alegações (a probabilidade do direito apresentado, ou fumus boni
iuris) e o risco na demora da prestação jurisdicional (ineficácia da medida após transcurso
de certo tempo, o periculum in mora). O art. 300 do Código de Processo Civil descreve os
requisitos para a concessão da tutela de urgência, também aplicáveis à concessão de pedido
liminar em Mandado de Segurança:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
No caso, devemos fundamentar conforme o art. 7º, III da Lei nº 12.016/09 e, se for caso de
Mandado de Segurança Coletivo, também conforme o art. 22, §2º da mesma Lei, que exige
audiência do representante judicial da pessoa jurídica à qual a autoridade impetrada está
vinculada para a concessão da liminar:
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante
caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.
Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do
grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.
§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
Pedidos
DOS PEDIDOS
• Concessão da medida liminar, com fundamento no art. 7º, III da Lei nº 12.016/09, para o fim de sus-
pender o ato ilegal (por exemplo) – é claro que a finalidade da medida liminar se dá conforme o caso;
• Oitiva do impetrado em 72h para a concessão do pedido liminar, com fundamento no art. 22, §2º
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da Lei nº 12.016/09 – este pedido se aplica apenas ao Mandado de Segurança Coletivo, e deve ser o
primeiro formulado neste caso;
• Que se acatem as provas juntadas, pré-constitutivas do direito líquido e certo tutelado;
• Notificação da autoridade coatora para que preste informações, nos termos do art. 7º, I da Lei nº
12.016/09;
• Notificação do representante judicial da pessoa jurídica da autoridade coatora para que tome ciên-
cia do feito, nos termos do art. 7º, II da Lei nº 12.016/09;
• Notificação do Ilmo. Representante do Ministério Público para que se manifeste nos termos do art.
12 da Lei nº 12.016/09;
• Fixação de multa, nos termos do art. 77, §2º do Código de Processo Civil;
• Que se confirme a liminar e se conceda definitivamente a segurança, para o fim de ... (anular o ato
coator e se reparar o dano causado ao impetrante, por exemplo);
• A condenação do impetrado ao pagamento de custas processuais, nos termos do art. 82 do Códi-
go de Processo Civil (não cabe pedido de condenação em honorários advocatícios, que não é admiti-
da no Mandado de Segurança).
Finalização
Expostos os pedidos, a peça é finalizada com o valor da causa, pedido de deferimento, local,
data e indicação do advogado (sem sua identificação!), como no exemplo a seguir:
Local e data.
Advogado, OAB.
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5. Caso Prático - Passo a Passo
Caso concreto
Para praticar a peça, vejamos o enunciado do XIV Exame da OAB, na prova de Direito
Administrativo, que exigiu a elaboração de Mandado de Segurança:
I. a única prova a ser produzida consiste na juntada do edital, isto é, não há necessidade de
dilação probatória;
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III. a licitação está agendada para menos de uma semana e que o seu cliente, expressamente,
requereu a adoção da medida judicial cujo procedimento seja, em tese, o mais célere;
IV. a Constituição do Estado X, observando o princípio da simetria, prevê foro por prerrogativa
de função para o presente caso, assim como o respectivo Código de Organização Judiciária.
DO ATO COATOR
A Secretaria de Administração do Estado X publicou edital de licitação, na modalidade
concorrência, para a elaboração de projetos básico e executivo e para a realização de obras
de contenção de encostas, no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) exigindo, como
requisito de habilitação técnica, documentos que comprovem a participação anterior do
licitante em obras de drenagem, pavimentação e contenção de encostas que alcancem o
valor de R$ 150.000.000,00 (cento e cinquenta milhões de reais). Ainda, como requisito de
qualificação econômica, o edital exige a apresentação de balanço patrimonial e demonstrações
contábeis do último exercício social. Para a participação de empresas em consórcio, o edital
ainda exige como requisito de habilitação um acréscimo de 50% dos valores exigidos para
licitante individual.
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licitação. O direito da impetrante evidencia-se com a cópia do edital impugnado, juntada em
anexo. Destaca-se ainda a tempestividade da presente impetração, nos termos do art. 23 da
Lei nº 12.016/09, dada a ciência ao ato coator há 60 dias.
Também os requisitos para a qualificação técnica estão em desacordo com o art. 30 da Lei
n. 8.666/1993, que determina que a documentação relativa à qualificação técnica deve se
limitar à comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível
em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, o que não é o caso do
edital impugnado. A exigência de experiência prévia com serviços e valores muito superiores
ao do objeto ora licitado viola o dispositivo acima mencionado. Por fim, também se mostra
ilegal a exigência, para os consórcios, de requisitos de habilitação com acréscimo de 50% dos
valores exigidos para licitante individual, em violação ao Art. 33, III da Lei n. 8.666/1993, que
estabelece, como limite, acréscimo de 30% dos valores exigidos para licitante individual.
DA LIMINAR
Demonstrada a ilegalidade do ato da autoridade impetrada, deve-se ainda conceder a
segurança em liminar, uma vez presentes os requisitos da verossimilhança das alegações e
do fundamento relevante, diante da evidente violação às disposições da Lei nº 8.666/93, e
do risco da ineficácia do provimento caso não se deferida a liminar, uma vez que o certame
pode chegar ao fim com a adjudicação do objeto ao licitante vencedor e o início das obras,
situação que resultará prejuízo à Administração. Assim, é de rigor a concessão da liminar para
suspender a licitação até decisão final, de mérito, nos termos do art. 7º, III da Lei nº 12.016/09.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se:
1. A concessão da medida liminar, com fundamento no art. 7º, III da Lei nº 12.016/09,
para o fim de suspender a licitação até decisão final, de mérito;
2. Sejam acatadas as provas juntadas, pré-constitutivas do direito líquido e certo tu-
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telado, consistentes na cópia do edital impugnado, prova suficiente a demonstrar as
ilegalidades narradas;
3. A notificação da autoridade coatora para que preste informações, nos termos do art.
7º, I da Lei nº 12.016/09;
4. A notificação do representante judicial da pessoa jurídica da autoridade coatora para
que tome ciência do feito, nos termos do art. 7º, II da Lei nº 12.016/09;
5. A notificação do Ilmo. Representante do Ministério Público para que se manifeste nos
termos do art. 12 da Lei nº 12.016/09;
6. Seja confirmada a liminar e se conceda definitivamente a segurança, para o fim de
determinar a anulação do procedimento de licitação, viciado pelo edital contrário à legis-
lação;
7. A fixação de multa, nos termos do art. 77, §2º do Código de Processo Civil;
Dá-se à causa o valor de R$ ...
Local, data.
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