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MANDADO DE

SEGURANÇA -
ADMINISTRATIVO
ÍNDICE
1. DEFINIÇÃO E MOMENTO PROCESSUAL........................................................................3
Definição e Momento Processual.................................................................................................................................. 3
Mandado de Segurança Individual................................................................................................................................4
Mandado de Segurança Coletivo...................................................................................................................................4

2. CABIMENTO E NÃO CABIMENTO.................................................................................... 7


Cabimento.................................................................................................................................................................................7
Dicas importantes.................................................................................................................................................................8
Não Cabimento......................................................................................................................................................................8

3. PRINCIPAIS TESES.........................................................................................................10

4. ESTRUTURA DA PEÇA.....................................................................................................11
Estrutura.................................................................................................................................................................................. 11
Endereçamento.................................................................................................................................................................... 11
Preâmbulo...............................................................................................................................................................................12
Dos Fatos, Cabimento, Fundamentação e Liminar.............................................................................................. 14
Pedidos.................................................................................................................................................................................... 15
Finalização............................................................................................................................................................................. 16

5. CASO PRÁTICO - PASSO A PASSO............................................................................... 17


Caso concreto.......................................................................................................................................................................17
1. Definição e Momento Processual
Definição e Momento Processual
O Mandado de Segurança é um remédio constitucional, dentre os arrolados no final do art.
5º da Constituição Federal, sendo também uma forma de controle judicial da Administração
Pública. Na Constituição Federal, está previsto em suas formas individual e coletiva no art.
5º, incisos LXIX e LXX, respectivamente:

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo


menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Trata-se de uma ação judicial de rito sumário especial, e é sempre de natureza civil. Assim,
vamos perceber que tem muitos aspectos de uma petição inicial, mas com peculiaridades
próprias de seu objeto e procedimento especiais: é cabível quando direito líquido e certo for
violado ou ameaçado por ato ou omissão ilegal de autoridade administrativa ou de agente
de pessoa jurídica no exercício das atribuições do Poder Público.

Por direito líquido e certo entende-se aquele que já pode ser verificado de plano, e a respeito
do qual não cabem maiores discussões: as provas do direito já estão pré-constituídas e
esclarecidas. Assim, uma importante característica do Mandado de Segurança é que não
cabe dilação probatória, o que se determina pelo seu rito sumário especial, mais célere e
“prático”.

O Mandado de Segurança também tem caráter subsidiário, visto que pode ser impetrado
apenas quando não for cabível Habeas Corpus nem Habeas Data.

No mais, ele pode se apresentar na modalidade preventiva, quando houver uma ameaça
de lesão a direito líquido e certo e se quer evitá-la, ou na modalidade repressiva, quando já
ocorrida a lesão, quer-se anular o ato ilegal e lesivo e reparar o dano causado.

Também pode dar-se nas formas individual ou coletiva, como devemos ver mais detidamente:

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Mandado de Segurança Individual
Está disciplinado no art. 5º, LXIX da Constituição Federal, acima transcrito, e também no art.
1º da Lei nº 12.016/09, dispositivos que devemos conhecer bem em nossa preparação para a
prova de segunda fase da OAB:

Art. 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica
sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam
quais forem as funções que exerça.

Como já vimos, o Mandado de Segurança se presta a proteger direito líquido e certo, de que
já se tenha prova pré-constituída e que, portanto, não precisa de dilação probatória.

Também devemos estar atentos às hipóteses de cabimento: se for caso de Habeas Corpus
ou de Habeas Data – outros remédios constitucionais – não é possível impetrar Mandado de
Segurança. Nesse ponto, a própria Constituição Federal estabelece uma espécie de ordem
de preferência, conferindo ao Mandado de Segurança um caráter subsidiário.

Destacamos também que o Mandado de Segurança não se presta a proteger qualquer lesão
a direito líquido e certo: deve tratar-se de ameaça ou lesão praticada por ato (ou omissão)
ilegal de autoridade pública ou mesmo de pessoa jurídica de direito privado, contanto
que em exercício de atribuições do Poder Público. Ora, alguns serviços prestados por
particulares têm tal relevância pública que só funcionam sob a delegação da Administração,
após o que serão integrantes do sistema público de serviços. Como exemplo disto, podemos
citar o diretor de universidade privada que impede a matrícula de um determinado aluno sem
justificativa legítima.

Mandado de Segurança Coletivo


Disciplinado no art. 5º, LXX da Constituição Federal, acima transcrito, e no art. 21 da Lei nº
12.016/09:

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária,
ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há,
pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto,
autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

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II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da
atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante

O Mandado de Segurança Coletivo se presta a proteger direitos coletivos, transindividuais e


individuais homogêneos, também líquidos e certos. Observamos que a legislação não incluiu
neste rol os direitos difusos que, por terem sujeitos indeterminados, não cumprem o requisito
de liquidez e certeza do direito tutelado.

A principal questão sobre o Mandado de Segurança Coletivo, contudo, é compreender seus


Legitimados Ativos. Enquanto o Mandado de Segurança individual pode ser impetrado por
qualquer pessoa física ou jurídica, titular do direito lesado ou ameaçado, no Mandado de
Segurança Coletivo ocorre uma substituição processual: os entes legitimados impetram
o remédio em nome próprio, mas para a defesa de interesses alheios. Assim, para que
os interesses coletivos, transindividuais e individuais homogêneos sejam devidamente
garantidos, a Constituição Federal determina alguns requisitos para a legitimação ativa:

• Partidos políticos podem impetrar Mandado de Segurança Coletivo desde que tenham repre-
sentação no Congresso Nacional (seja na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal);
• Organizações Sindicais, em interesse de sua categoria como um todo;
• Entidades de Classe, também em defesa de sua categoria;
• Associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, igualmente
com interesse delineado de pertinência para seus participantes e coligados.

A exigência de constituição legal há pelo menos um ano aplica-se apenas às associações


(e não às organizações sindicais e às entidades de classe, que têm objetivos determinados
e mais rígidos) para evitar que se constituam associações apenas com este fim. Estas três
entidades podem impetrar o Mandado de Segurança para defender interesse de todos ou
parte de seus membros ou associados, desde que pertinente às suas finalidades e na
forma de seu estatuto.

Os partidos políticos podem impetrar Mandado de Segurança Coletivo desde que tenham
alguma representação no Congresso Nacional na data da impetração, para defender direitos
relativos a seus integrantes ou relacionados à finalidade partidária.

No Mandado de Segurança Coletivo, não há necessidade de que os titulares dos direitos


expressem autorização ao ente legitimado. Sobre o tema, veja as Súmulas 629 e 630 do
Supremo Tribunal Federal:

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Súmula 629

A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe
da autorização destes.

Súmula 630

A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada
interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

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2. Cabimento e Não Cabimento
Cabimento
Vimos que a petição de Mandado de Segurança se assemelha a uma Petição Inicial, mas
inaugura um procedimento sumário especial, o que determina muitas de suas peculiaridades
em relação à Petição Inicial:

• Mandado de Segurança não admite dilação probatória e, portanto, deve-se demonstrar na petição
a constituição do direito líquido e certo, verificado de plano;
• No caso do Mandado de Segurança repressivo (em que já ocorreu o dano ao direito), o art. 23 da
Lei nº 12.016/09 prevê prazo de 120 dias para a impetração, contados da data de conhecimento da
lesão.
Por sua própria natureza, não há que se falar em prazo para impetração de Mandado de Segurança
preventivo;
• Não há condenação em honorários de sucumbência no Mandado de Segurança, o que o torna
menos custoso (este aspecto pode ser uma dica do examinador no enunciado da prova!);
• Embora o Mandado de Segurança preste-se a impedir ou anular o ato lesivo e reparar o dano, este
remédio não admite a restituição de valores referentes a períodos anteriores à sua impetração. Assim,
a reparação do dano se dá a partir do momento da impetração do Mandado de Segurança, de modo
que não cabe pedir, nesta peça, a restituição de valores desde a data do ato impugnado.

Com estas peculiaridades em mente, podemos já identificar algumas dicas no enunciado que
indicam que a peça a ser elaborada é a de Mandado de Segurança:

• Julgamento de mérito mais célere: como o direito é líquido e certo, demonstrado por prova pré-
-constituída e sem dilação probatória, o procedimento do Mandado de Segurança, que é sumário e
tem prioridade de tramitação (art. 20 da Lei nº 12.016/09), permite a apreciação de mérito mais célere.
Ainda que se possa falar em medidas liminares nos procedimentos ordinários, a resolução de mérito
se dá mais rapidamente no Mandado de Segurança. Assim, uma dica importante do enunciado para
o Mandado de Segurança é mencionar que se quer o julgamento de mérito mais célere;
• Medida menos custosa: outra característica destacada nos enunciados é dizer que se busca a
medida menos custosa para a resolução da ameaça ou dano a direito, já que no Mandado de Segu-
rança não há condenação em honorários advocatícios de sucumbência;
• Prazo de 120 dias: Ao mencionar a lesão já constituída a direito, o examinador pode dar dicas no
sentido de que ainda se está dentro do prazo de 120 dias;
• Já há provas documentais suficientes: Trata-se do requisito fundamental do Mandado de Se-
gurança, e se o enunciado mencionar que não precisa de dilação probatória e que as provas já estão
pré-constituídas, é um importante indício de que a peça será o Mandado de Segurança;
• O enunciado também informará as peculiaridades de cada modalidade do Mandado de Seguran-
ça: Se mencionar a ameaça a direito líquido e certo por ato ilegal de autoridade pública, estará indi-
cando que a peça a ser elaborada é a de Mandado de Segurança Preventivo.

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Dicas importantes
Entender o remédio constitucional que o Mandado de Segurança representa nos ajuda a
identificar também suas peculiaridades no enunciado e na elaboração da peça. Assim, atenção
para o prazo indicado no enunciado, caso se trate de Mandado de Segurança repressivo, por
força do art. 23 da Lei nº 12.016/09 (marque este artigo em seu Vade Mecum com as cores
escolhidas para o Mandado de Segurança).

Também é importante ter em mente os sujeitos ativos legitimados para impetrar Mandado de
Segurança coletivo, conforme as descrições do art. 5º, LXX da Constituição Federal e do art.
21 da Lei nº 12.016/09.

É essencial que já se tenha a prova constituída do direito lesado ou ameaçado para que se
possa falar em Mandado de Segurança.

Não podemos nos esquecer de que a Constituição Federal atribuiu ao Mandado de Segurança
um caráter subsidiário: só é cabível quando não for caso de Habeas Corpus (ameaça ou lesão
a direito de locomoção) ou de Habeas Data (para conhecimento ou retificação de dados do
impetrante constantes de bancos de dados governamentais ou de caráter público). A este
respeito, também é importante lembrar que a obtenção de certidões não é caso de Habeas
Data. Nestes casos, não se busca o acesso a informações constantes em bancos de dados,
mas de certificações de determinados procedimentos e situações de interesse pessoal. O
direito à obtenção de certidões é previsto no art. 5º, XXXIV, “b” da Constituição Federal, e pode
ser assegurado por Mandado de Segurança (caso o direito já esteja constituído de plano. Se for
necessária dilação probatória deve ser elaborada Petição Inicial de Procedimento Ordinário!).

Não Cabimento
Para além do caráter subsidiário conferido ao Mandado de Segurança pela Constituição
Federal, estabelecendo que o remédio só é cabível quando não for o caso de Habeas Corpus
ou de Habeas Data, a Lei nº 12.016/09 também traz importantes restrições ao uso de Mandado
de Segurança. Grife, em seu Vade Mecum, o art. 5º e o art. 1º, §2º desta Lei para indicar estas
restrições:

Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica
sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam
quais forem as funções que exerça.

§2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;

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II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

III - de decisão judicial transitada em julgado.

A respeito da restrição do art. 1º, §2º, a Lei nº 12.016/09 apenas reforça, em nome da
separação de poderes, os limites da intervenção do Poder Judiciário aos atos de gestão dos
agentes administrativos. – O controle do Poder Judiciário limita-se à análise de legalidade
dos atos administrativos, e não pode discutir questões de conveniência e oportunidade dos
atos discricionários, como os atos de gestão dos administradores de empresas públicas,
sociedades de economia mista e de concessionárias de serviço público.

Por sua vez, o art. 5º da Lei nº 12.016/09 sustenta o caráter de remédio constitucional do
Mandado de Segurança, e veda sua utilização como sucedâneo recursal (não pode o
Mandado de Segurança ser impetrado para fazer as vezes de recurso que seria cabível), caso
ainda caiba recurso com efeito suspensivo de alguma decisão judicial ou administrativa ou,
ainda, em caso de decisão judicial já transitada em julgado. Nestes casos, deve-se valer dos
meios processuais adequados, e é vedado tentar se utilizar do procedimento mais célere do
Mandado de Segurança nesses casos.

O Supremo Tribunal Federal também reconheceu a impossibilidade de se impetrar Mandado


de Segurança contra lei em tese pois, por sua própria natureza, é voltado à proteção de direito
líquido e certo, incompatível com a discussão abstrata de texto de lei:

Súmula 266 STF: Não cabe Mandado de Segurança contra lei em tese.

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3. Principais Teses
Vistas as principais características do Mandado de Segurança, antes de adentrar as
características da petição, vamos sumarizar algumas das principais teses cobradas, ao longo
das provas práticas da OAB, acerca desta peça. Para isso, o Trilhante separou os casos mais
recorrentes, o que não quer dizer que o Mandado de Segurança se restringe a estas teses ou
que, caindo algum destes temas, a peça será necessariamente o Mandado de Segurança.

Lembremo-nos de que a Peça Prática, além de testar nossos conhecimentos processuais e


exigir formalidades de cada petição, pede que demonstremos também conhecimentos sobre
o direito material. Assim, para cada tese a seguir, é importante que se fundamentem todos os
tópicos de direito material de que se conseguir lembrar. Nossa dica também é que sempre se
busque relacionar, em seus fundamentos, os Princípios Administrativos e as disposições do
art. 37 e do art. 5º da Constituição Federal.

Vamos aos principais temas em Mandado de Segurança:

• Exigências ilegais em edital de licitação – além dos conhecimentos sobre o procedimento licitató-
rio, seus requisitos e regras, a licitação em si tem fundamento no princípio da impessoalidade, explí-
cito no art. 37 da Constituição Federal, para garantir que a Administração Pública determine critérios
objetivos e impessoais em suas contratações e demais atos;
• Obtenção de certidão – Como vimos, a obtenção de certidões é garantida no art. 5º, XXXIV, “b” da
Constituição Federal e não é caso de Habeas Data, visto que não se busca acesso a informações
pessoais constantes de banco de dados de caráter público, mas a um atestado de situação ou pro-
cedimento de interesse pessoal. Nestes casos, se não for necessária dilação probatória, o direito pode
ser assegurado por Mandado de Segurança;
• Inobservância do devido processo legal ao cancelar contrato de gestão;
• Redução ilegal do salário de servidor público – Sobre os vencimentos, aposentadoria, direitos e
condições do servidor público é sempre importante conhecer as disposições dos arts. 40 e 41 da
Constituição Federal.

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4. Estrutura da Peça
Passemos agora ao estudo da estrutura da peça em si. A seguir, visualizamos os tópicos da
peça do Mandado de Segurança e, em seguida, estudamos cada um deles

Estrutura
• Endereçamento;
• Preâmbulo;
• Do ato coator / dos fatos;
• Do cabimento do Mandado de Segurança – este é um tópico sempre importante, de petições de
procedimentos especiais, para demonstrar ao examinador que você identificou os requisitos da peti-
ção e do procedimento especial;
• Da legitimidade ativa (principalmente para MS Coletivo) e passiva;
• Do direito líquido e certo – tópico para demonstrar os fundamentos de direito;
• Da liminar (se for o caso, conforme a exigência do enunciado;
• Dos pedidos;
• Valor da Causa;
• Finalização

Endereçamento
O endereçamento indica a competência para o processamento dos pedidos submetidos.
Marque em seu Vade Mecum os dispositivos sobre competência processual!

JUÍZO COMPETENTE
No caso do Mandado de Segurança, a competência depende da autoridade coatora: em regra,
atos de autoridades estaduais são de competência da Justiça Estadual comum e, os atos de
autoridades de órgãos e entidades da União, suas autarquias e empresas públicas federais
são julgados pela Justiça Federal (art. 109, III Constituição Federal), também comum – não se
processa Mandado de Segurança em Juizados Especiais.

Lembremo-nos também de que o Mandado de Segurança tem sempre natureza Cível e,


portanto, se for impetrado perante Juízo Comum, da Justiça Estadual, deve ser endereçado
à Vara Cível.

Contudo, determinadas autoridades são processadas perante o Superior Tribunal de Justiça,


o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Regional Federal:

• Supremo Tribunal Federal – art. 102, I, “d” e “r” da Constituição Federal: julga Mandados de Se-
gurança contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
Tribunal Federal, bem como do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério

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Público;
• Superior Tribunal de Justiça – art. 105, I, “b” da Constituição Federal: julga Mandados de Segu-
rança contra atos de Ministros de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
e do próprio Superior Tribunal de Justiça;
• Tribunal Regional Federal – art. 108, I, “c” da Constituição Federal: julga Mandados de Segurança
contra atos do próprio Tribunal ou de Juiz Federal.

FORO COMPETENTE
O foro competente para o processamento do Mandado de Segurança é o do local onde a
autoridade coatora presta suas atividades.

EXEMPLOS DE ENDEREÇAMENTO
Justiça Estadual:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DO FORO DA


COMARCA DE ...

Justiça Federal:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA DA JUSTIÇA FEDERAL DA


SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ...

Supremo Tribunal Federal:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL


FEDERAL

Superior Tribunal de Justiça:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE


JUSTIÇA

Tribunal Regional Federal:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL


REGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃO

Preâmbulo
No preâmbulo, indicamos o impetrante, o fundamento legal, a ação e o impetrado.

IMPETRANTE
A identificação do impetrante merece maior atenção quando se tratar de Mandado de
Segurança Coletivo, visto que devemos estar atentos aos legitimados e seus requisitos para
ingressar com Mandado de Segurança Coletivo, como disposto no art. 5º, LXX da Constituição

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Federal e no art. 21 da Lei nº 12.016/09: partido político com representação no Congresso
Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade
partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos
e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus
estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades. Lembre-se de que a exigência de
constituição e funcionamento há pelo menos um ano se aplica apenas às associações.

Por sua vez, o Mandado de Segurança Individual pode ser impetrado por qualquer pessoa
física ou jurídica que houver tido direito lesado ou ameaçado por ato ilegal de autoridade em
exercício de função pública.

Em qualquer caso, as partes devem estar qualificadas conforme as exigências do art. 319, II
do Código de Processo Civil: nome completo, estado civil, profissão, número do CPF ou do
CNPJ, endereço eletrônico, domicílio e endereço. Não se preocupe: se não tiver estes dados,
apenas indique a informação e acrescente as reticências, como no exemplo a seguir:

Nome completo ..., estado civil ..., inscrito no CPF sob o nº ..., endereço eletrônico ..., residente
e domiciliado em ...

Diferentemente do Habeas Corpus, por exemplo, o Mandado de Segurança exige a assistência


de um advogado. Portanto, no preâmbulo você deve indicar que o impetrante apresenta a
peça por intermédio de seu advogado, mencionando ainda que a procuração está anexa à
petição.

FUNDAMENTO LEGAL
Como vimos, o Mandado de Segurança é remédio constitucional com previsão no art. 5º, incisos
LXIX e LXX da Constituição Federal, regulamentado, ainda, pela Lei nº 12.016/09. Assim, em
nossa peça, devemos indicar ambos os fundamentos, que variam apenas conforme tratar-se
de Mandado de Segurança Individual ou Coletivo:

• Mandado de Segurança Individual: fundamento é o art. 5º, LXIX da Constituição Federal e art. 1º
da Lei nº 12.016/09. Se houver pedido liminar, o fundamento é o art. 7º, III também da Lei nº 12.016/09;
• Mandado de Segurança Coletivo: o fundamento é o art. 5º, LXX da Constituição Federal e o art.
21 da Lei nº 12.016/09. Se houver pedido liminar, o fundamento são os arts. 7º, III e 22, §2º da Lei nº
12.016/09.

NOME DA AÇÃO
Deve-se indicar que se está impetrando a peça de “Mandado de Segurança”, acrescentando,
conforme o caso, Mandado de Segurança Coletivo, Preventivo e, se tiver pertinência, pedido
liminar. Por sua vez, se for caso de Mandado de Segurança Individual e Repressivo, não há
necessidade de destacar por escrito estas modalidades, visto que são as mais comuns.

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IMPETRADO
O Impetrado, no Mandado de Segurança, é a Autoridade que proferiu o ato ilegal que ameaça
ou lesiona o direito líquido e certo tutelado.

Assim, o impetrado é qualificado com a indicação do cargo da autoridade coatora – e não


o nome da autoridade em si, e com a indicação da Pessoa Jurídica à qual se vincula a
autoridade.

EXEMPLO DE PREÂMBULO
Nome completo ..., estado civil ..., inscrito no CPF sob o nº ..., endereço eletrônico ..., residente
e domiciliado em ..., vem, por meio de seu advogado (procuração anexa), com endereço
profissional em ..., respeitosamente, perante Vossa Excelência, tempestivamente, impetrar
Mandado de Segurança com pedido Liminar, com fundamento no art. 5º, LXIX da Constituição
Federal, bem como nos arts. 1º e 7º, III da Lei nº 12.016/09, contra o senhor ... (Diretor, por
exemplo. Escrever somente o cargo), vinculado à pessoa jurídica .../ pessoa jurídica de direito
público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., endereço ..., pelos motivos de fato e de direito a seguir
expostos.

Dos Fatos, Cabimento, Fundamentação e Liminar


DO ATO COATOR – DOS FATOS
Logo em seguida à apresentação dos dados da peça, é hora de resumir os fatos discutidos.
Este tópico não recebe muita pontuação e deve ser breve e objetivo: descreva resumidamente
o quanto narrado no enunciado, destacando o ato da autoridade coatora e a ameaça ou lesão
ao direito de seu cliente.

DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA


É o momento de destacar os requisitos do Mandado de Segurança. Neste tópico, também
breve, você deve descrever o ato ilegal da autoridade coatora, a lesão ou ameaça ao direito
líquido e certo, bem como a impossibilidade de assegurar o direito por Habeas Corpus ou por
Habeas Data.

Destaque que as provas já estão pré-constituídas e que não há necessidade de dilação


probatória, razão pela qual o Mandado de Segurança é o instrumento adequado para a tutela
pretendida.

Também, em caso de Mandado de Segurança Repressivo, este é o momento para demonstrar


a tempestividade da ação, indicando que o Mandado de Segurança é impetrado dentro do
prazo de 120 dias, contados da data da ciência do ato coator.

DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA


Indica-se que o impetrante é o titular do direito líquido e certo lesado ou, no caso do Mandado
de Segurança Coletivo, é ente legitimado em defesa dos interesses de seus associados, na

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forma de seu estatuto e de suas finalidades. Por sua vez, evidencia-se que a lesão se dá por
ato ilegal de autoridade pública, indicando-se a Pessoa Jurídica à qual está vinculada.

DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO – DO DIREITO


Este é o momento de demonstrar ao examinador seus conhecimentos de direito material:
fundamente o máximo possível com seus conhecimentos pertinentes à peça, relacionando-
os, sempre que possível, aos princípios administrativos e disposições do art. 37 da Constituição
Federal.

DA LIMINAR
Se o enunciado indicar que se pretende um pedido liminar, este tópico deve demonstrar a
verossimilhança das alegações (a probabilidade do direito apresentado, ou fumus boni
iuris) e o risco na demora da prestação jurisdicional (ineficácia da medida após transcurso
de certo tempo, o periculum in mora). O art. 300 do Código de Processo Civil descreve os
requisitos para a concessão da tutela de urgência, também aplicáveis à concessão de pedido
liminar em Mandado de Segurança:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

No caso, devemos fundamentar conforme o art. 7º, III da Lei nº 12.016/09 e, se for caso de
Mandado de Segurança Coletivo, também conforme o art. 22, §2º da mesma Lei, que exige
audiência do representante judicial da pessoa jurídica à qual a autoridade impetrada está
vinculada para a concessão da liminar:

Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante
caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do
grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.

§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

Pedidos
DOS PEDIDOS
• Concessão da medida liminar, com fundamento no art. 7º, III da Lei nº 12.016/09, para o fim de sus-
pender o ato ilegal (por exemplo) – é claro que a finalidade da medida liminar se dá conforme o caso;
• Oitiva do impetrado em 72h para a concessão do pedido liminar, com fundamento no art. 22, §2º

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da Lei nº 12.016/09 – este pedido se aplica apenas ao Mandado de Segurança Coletivo, e deve ser o
primeiro formulado neste caso;
• Que se acatem as provas juntadas, pré-constitutivas do direito líquido e certo tutelado;
• Notificação da autoridade coatora para que preste informações, nos termos do art. 7º, I da Lei nº
12.016/09;
• Notificação do representante judicial da pessoa jurídica da autoridade coatora para que tome ciên-
cia do feito, nos termos do art. 7º, II da Lei nº 12.016/09;
• Notificação do Ilmo. Representante do Ministério Público para que se manifeste nos termos do art.
12 da Lei nº 12.016/09;
• Fixação de multa, nos termos do art. 77, §2º do Código de Processo Civil;
• Que se confirme a liminar e se conceda definitivamente a segurança, para o fim de ... (anular o ato
coator e se reparar o dano causado ao impetrante, por exemplo);
• A condenação do impetrado ao pagamento de custas processuais, nos termos do art. 82 do Códi-
go de Processo Civil (não cabe pedido de condenação em honorários advocatícios, que não é admiti-
da no Mandado de Segurança).

Finalização
Expostos os pedidos, a peça é finalizada com o valor da causa, pedido de deferimento, local,
data e indicação do advogado (sem sua identificação!), como no exemplo a seguir:

Dá-se à causa o valor de r$ ...

Termos em que pede deferimento

Local e data.

Advogado, OAB.

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5. Caso Prático - Passo a Passo
Caso concreto
Para praticar a peça, vejamos o enunciado do XIV Exame da OAB, na prova de Direito
Administrativo, que exigiu a elaboração de Mandado de Segurança:

A Secretaria de Administração do Estado X publicou edital de licitação, na modalidade


concorrência, para a elaboração dos projetos básico e executivo e para a realização de obras
de contenção de encosta, na localidade de Barranco Alto, no valor de R$ 1.000.000,00 (um
milhão de reais). O prazo de conclusão da obra é de 12 (doze) meses.

Como requisito de habilitação técnica, o edital exige a demonstração de aptidão para


desempenho do objeto licitado, por meio de documentos que comprovem a participação
anterior do licitante em obras de drenagem, pavimentação e contenção de encostas que
alcancem o valor de R$ 150.000.000,00 (cento e cinquenta milhões de reais).

Como requisito de qualificação econômica, o edital exige a apresentação de balanço


patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, que comprovem a boa
situação financeira da empresa, podendo ser atualizados por índices oficiais, quando
encerrado há mais de 3 (três) meses antes da data de apresentação da proposta, assim
como a apresentação de todas as certidões negativas e de garantia da quantia equivalente
a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação.

O edital admite a participação de empresas em consórcio, estabelecendo, como requisitos


de habilitação do consórcio, um acréscimo de 50% (cinquenta por cento) dos valores exigidos
para licitante individual.

As empresas ABC e XYZ, interessadas em participar da licitação em consórcio, entendem


ilegais as exigências contidas no edital e apresentam, tempestivamente, impugnação. A
Administração, entretanto, rejeita a impugnação, ao argumento de que todas as exigências
decorrem da legislação federal e que devem ser interpretadas à luz do princípio constitucional
da eficiência, de modo a afastar do certame empresas sem capacidade de realizar o objeto
e, assim, frustrar o interesse público adjacente.

A empresa ABC o procura para, na qualidade de advogado, ajuizar a medida adequada a


impedir o prosseguimento da licitação, apontando ilegalidade no edital.

Elabore a peça adequada, considerando que

I. a única prova a ser produzida consiste na juntada do edital, isto é, não há necessidade de
dilação probatória;

II. já se transcorreram 60 (sessenta) dias desde a publicação do edital;

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III. a licitação está agendada para menos de uma semana e que o seu cliente, expressamente,
requereu a adoção da medida judicial cujo procedimento seja, em tese, o mais célere;

IV. a Constituição do Estado X, observando o princípio da simetria, prevê foro por prerrogativa
de função para o presente caso, assim como o respectivo Código de Organização Judiciária.

Podemos verificar no enunciado as principais dicas para a elaboração do Mandado de


Segurança: desnecessidade de dilação probatória, prazo tempestivo para a impetração e a
necessidade do procedimento mais célere.

No caso, o Impetrante é a empresa ABC e o impetrado tem prerrogativa de função, de modo


que a peça deve ser apresentada ao Tribunal de Justiça do Estado em apreço.

A petição, então, ficará mais ou menos assim:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR DA ... CÂMARA CÍVEL DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X
ABC, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o nº ..., endereço eletrônico ..., com
sede em ..., vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado
(procuração anexa), impetrar Mandado de Segurança com pedido Liminar, com fundamento
no art. 5º, LXIX da Constituição Federal, bem como nos arts. 1º e 7º, III da Lei nº 12.016/09,
em face do Sr. Secretário de Administração, vinculado ao Estado X, pessoa jurídica de direito
público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

DO ATO COATOR
A Secretaria de Administração do Estado X publicou edital de licitação, na modalidade
concorrência, para a elaboração de projetos básico e executivo e para a realização de obras
de contenção de encostas, no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) exigindo, como
requisito de habilitação técnica, documentos que comprovem a participação anterior do
licitante em obras de drenagem, pavimentação e contenção de encostas que alcancem o
valor de R$ 150.000.000,00 (cento e cinquenta milhões de reais). Ainda, como requisito de
qualificação econômica, o edital exige a apresentação de balanço patrimonial e demonstrações
contábeis do último exercício social. Para a participação de empresas em consórcio, o edital
ainda exige como requisito de habilitação um acréscimo de 50% dos valores exigidos para
licitante individual.

Diante das ilegalidades dos requisitos do edital, a impetrante apresentou impugnação


tempestiva que, contudo, foi rejeitada pela autoridade impetrada, não restando outra
alternativa senão a presente medida para impedir o prosseguimento da licitação.

DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA


Tem-se que a autoridade coatora publicou edital de licitação contendo requisitos ilegais e, ato
contínuo, impugnado o edital, negou-se a retificar o instrumento, mantendo as ilegalidades
apontadas e violando direito líquido e certo da impetrante, interessada em participar da

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licitação. O direito da impetrante evidencia-se com a cópia do edital impugnado, juntada em
anexo. Destaca-se ainda a tempestividade da presente impetração, nos termos do art. 23 da
Lei nº 12.016/09, dada a ciência ao ato coator há 60 dias.

DA LEGITIMIDADE DAS PARTES


Verifica-se que a desídia do Secretário de Administração, vinculado ao Estado X, que mantém
ato ilegal de publicação de edital contendo requisitos ilegais, viola direito líquido e certo da
impetrante ABC de participação da licitação, corrigida a ilegalidade do ato.

DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO


O edital impugnado representa ato francamente ilegal da autoridade impetrada, como
demonstrado pela sua cópia juntada em anexo. Isto porque o projeto básico e a obra estão
sendo licitados em conjunto, o que é vedado, por implicar que, indiretamente, a obra está
sendo licitada sem projeto básico, o que viola a previsão constante do Art. 7º, § 2º, I da Lei n.
8.666/1993. Também o art. 9º, I da Lei n. 8.666/1993 veda expressamente a elaboração de
projeto básico e a realização da obra pelo mesmo licitante, permitindo, contudo, a realização
do projeto executivo e a obra pelo mesmo licitante, conforme Art. 9º, §2º da mesma Lei.

Também os requisitos para a qualificação técnica estão em desacordo com o art. 30 da Lei
n. 8.666/1993, que determina que a documentação relativa à qualificação técnica deve se
limitar à comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível
em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, o que não é o caso do
edital impugnado. A exigência de experiência prévia com serviços e valores muito superiores
ao do objeto ora licitado viola o dispositivo acima mencionado. Por fim, também se mostra
ilegal a exigência, para os consórcios, de requisitos de habilitação com acréscimo de 50% dos
valores exigidos para licitante individual, em violação ao Art. 33, III da Lei n. 8.666/1993, que
estabelece, como limite, acréscimo de 30% dos valores exigidos para licitante individual.

DA LIMINAR
Demonstrada a ilegalidade do ato da autoridade impetrada, deve-se ainda conceder a
segurança em liminar, uma vez presentes os requisitos da verossimilhança das alegações e
do fundamento relevante, diante da evidente violação às disposições da Lei nº 8.666/93, e
do risco da ineficácia do provimento caso não se deferida a liminar, uma vez que o certame
pode chegar ao fim com a adjudicação do objeto ao licitante vencedor e o início das obras,
situação que resultará prejuízo à Administração. Assim, é de rigor a concessão da liminar para
suspender a licitação até decisão final, de mérito, nos termos do art. 7º, III da Lei nº 12.016/09.

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se:
1. A concessão da medida liminar, com fundamento no art. 7º, III da Lei nº 12.016/09,
para o fim de suspender a licitação até decisão final, de mérito;
2. Sejam acatadas as provas juntadas, pré-constitutivas do direito líquido e certo tu-

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telado, consistentes na cópia do edital impugnado, prova suficiente a demonstrar as
ilegalidades narradas;
3. A notificação da autoridade coatora para que preste informações, nos termos do art.
7º, I da Lei nº 12.016/09;
4. A notificação do representante judicial da pessoa jurídica da autoridade coatora para
que tome ciência do feito, nos termos do art. 7º, II da Lei nº 12.016/09;
5. A notificação do Ilmo. Representante do Ministério Público para que se manifeste nos
termos do art. 12 da Lei nº 12.016/09;
6. Seja confirmada a liminar e se conceda definitivamente a segurança, para o fim de
determinar a anulação do procedimento de licitação, viciado pelo edital contrário à legis-
lação;
7. A fixação de multa, nos termos do art. 77, §2º do Código de Processo Civil;
Dá-se à causa o valor de R$ ...

Termos em que pede deferimento.

Local, data.

Advogado, OAB ...

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Mandado de Segurança
- Administrativo

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