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MANDADO DE SEGURANÇA - Lei n. 12.

016/2009 – mandado de
Segurança – individual e coletivo

“Writ” – “Mandamus”

Art. 5º, inciso LXIX da CF

MS Individual - Previsto na CF de 1934 – Retirado da CF de 1937 -


Reintegrado na CF de 1946

MS Individual e Coletivo – CF/1988

Conceito: Remédio constitucional e está devidamente regulamentado


por norma infraconstitucional e se constitui em garantia fundamental e
pela sua natureza visa a proteger de forma preventiva ou repressiva os
danos causados aos direitos fundamentais.

É uma ação constitucional de viés civil, independente da natureza do


ato impugnado, seja ele administrativo, jurisdicional, criminal, eleitoral
ou trabalhista.

Possui por objetivo a “proteção de direitos líquidos e certos contra ato


de autoridade ou de quem exerça funções públicas”.

Artigo 1º da Lei n. 12.016/2009 prevê as hipóteses de cabimento do


Mandado de Segurança:

Art. 1º - Conceder-se-á mandado de segurança para


proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa
física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio

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de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça.

Direito líquido e certo - pode ser compreendido aquele que não exige
dilação probatória para ser comprovado, podendo ser demonstrado
de plano, mediante prova pré-constituída. Assim, trata-se de direito
perfeitamente determinado, podendo ser exercido prontamente, uma
vez que é incontestável.

Vale dizer, o direito líquido e certo é um direito induvidoso, advindo de


fatos que podem ser demonstrado através da apresentação de
documentos inequívocos, sem necessidade de comprovação ulterior.
Há que se observar que a apresentação da prova pré-constituída
obrigatoriamente deverão acompanhar a peça exordial, em razão do
princípio da celeridade estar presente no Mandado de Segurança,
ressalvada a exceção trazida pelo artigo 6º, § 10 da LMS.

O caput do artigo 1º da Lei n. 12.016/2009 determina o cabimento do


Mandado de Segurança por exclusão, de modo que será cabido para
questionar ato que não seja defendido por habeas corpus ou habeas
data.

Habeas Data - exibição de dados da Administração Pública por via


jurisdicional se dá através de habeas data.

Habeas Corpus - O meio processual adequado quando cerceada a


liberdade de locomoção é o habeas corpus, no entanto se tal
liberdade configura apenas um meio para a obtenção de outra
pretensão é indiscutível a adequação do mandado de segurança.

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Outro requisito imposto para o cabimento do mandado de segurança
pelo artigo 1º é que este seja impetrado para impugnar prática de ato
ou omissão por parte da autoridade que esteja eivado de ilegalidade
ou abuso de poder. Ressalte-se que o mandado de segurança
também terá cabimento no caso de ação ou omissão praticada por
particular no exercício de função pública em decorrência de
delegação.

O caput do artigo 1º da Lei n. 12.016/2009 prevê, ainda que o


mandado de segurança poderá ser impetrado antes ou depois da
prática do ato ou omissão da autoridade que se pretende impugnar.

No último caso estar-se-á diante do denominado Mandado de


Segurança preventivo, oque exige a comprovação de risco objetivo e
fundado de ilegalidade ou abuso de direito esteja na iminência de
ocorrer.

Por fim, o artigo 1º admite que o Mandado de Segurança seja


impetrado tanto por pessoa fisica como por pessoa jurídica que
busque a proteção de seu direito líquido e certo.

Art. 1º - § 1o Equiparam-se às autoridades, para os


efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos
políticos e os administradores de entidades autárquicas,
bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as
pessoas naturais no exercício de atribuições do poder
público, somente no que disser respeito a essas
atribuições.

O § 1º do artigo 1º da referida lei equipara os representantes ou órgãos


de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas,
bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no

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exercício de atribuições do poder público, somente no que disser
respeito a essas atribuições, às autoridades.

“Art. 1º - § 2o Não cabe mandado de segurança contra


os atos de gestão comercial praticados pelos
administradores de empresas públicas, de sociedade de
economia mista e de concessionárias de serviço
público”

No § 2º a lei expressamente determina o não cabimento do Mandado


de Segurança contra ato de gestão comercial, de modo que seu
cabimento será contra atos referentes às suas atribuições institucionais,
conforme redação do artigo.

Percebe-se que a lei inovou ao consagrar a distinção entre atos de


império e os atos de gestão praticados pelos administradores de
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de
concessionária de serviço público, seguindo entendimento do STJ.

“Art. 1º - § 3o Quando o direito ameaçado ou violado


couber a várias pessoas, qualquer delas poderá
requerer o mandado de segurança”.

O § 3º, artigo 1º, da lei em análise, no caso de se encontrar ameaçado


ou violado direito de várias pessoas, qualquer delas poderá se valer do
mandado de segurança.

“Art. 2o Considerar-se-á federal a autoridade coatora se


as consequências de ordem patrimonial do ato contra o
qual se requer o mandado houverem de ser suportadas
pela União ou entidade por ela controlada”.

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O artigo 2º cumpre esclarecer que a entidade será considerada
federal não apenas quando a União ou autarquia estiver em juízo, mas
sempre que a autoridade coatora for vinculada a fundação federal,
empresa pública federal ou sociedade de economia mista federal,
independentemente de estas últimas serem prestadoras de serviço
público ou exploradoras de atividade econômica.

De acordo com o disposto no artigo 4º:

Art. 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os


requisitos legais, impetrar mandado de segurança por
telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de
autenticidade comprovada.

§ 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a


autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio
que assegure a autenticidade do documento e a
imediata ciência pela autoridade.

§ 2o O texto original da petição deverá ser apresentado


nos 5 (cinco) dias úteis seguintes.

§ 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de


documento eletrônico, serão observadas as regras da
Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.

O mandado de segurança poderá ser impetrado por telegrama,


radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade
comprovada em casos de urgência, desde que observados os
requisitos legais elencados no artigo 1º.

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Sob a mesma ótica, reza o § 1º que também o juiz poderá notificar a
autoridade coatora por telegrama, radiograma ou outro meio que
assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela
autoridade em caso de urgência. Tanto na hipótese do caput deste
artigo, como de seu § 1º, no prazo de cinco dias úteis deverá ser
apresentado o texto original da petição.

O artigo 5º trata das hipóteses em que não será concedido mandado


de segurança:

Art. 5o Não se concederá mandado de segurança


quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com


efeito suspensivo, independentemente de caução;

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito


suspensivo;

III - de decisão judicial transitada em julgado.

Parágrafo único. (VETADO)

O artigo 5º trata das hipóteses em que o mandado de segurança não


será concedido como sucedâneo/substituto ao recurso originalmente
cabível.

Inciso I – esgotamento das vias ordinária de impugnação à decisão


com a interposição de recurso administrativo se com efeito suspensivo,
desnecessário será provocar o judiciário, vez que não existirá lesão ou
grave ameaça ao direito que está sendo discutido
administrativamente. Ausente o interesse de agir, ante a ausência de
prejuízo.

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Inciso II - não será concedido contra decisão judicial da qual caiba
recurso com efeito suspensivo, uma vez que, tal como ocorre na
hipótese do inciso I, faltaria interesse de agir.

Inciso III - Súmula 268 do STF – contra decisão judicial transitada em


julgado cabe ação rescisória

A petição inicial:

- Requisitos dos artigos 319 e 320 do CPC;

- Apresentação em 2 vias com os documentos que a instruírem a


primeira reproduzidos na segunda;

- Indicará além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta


integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

Art. 6o - A petição inicial, que deverá preencher os


requisitos estabelecidos pela lei processual, será
apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que
instruírem a primeira reproduzidos na segunda e
indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica
que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual
exerce atribuições.

§ 1o No caso em que o documento necessário à prova


do alegado se ache em repartição ou estabelecimento
público ou em poder de autoridade que se recuse a
fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará,
preliminarmente, por ofício, a exibição desse
documento em original ou em cópia autêntica e

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marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10
(dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento
para juntá-las à segunda via da petição.

§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira


for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio
instrumento da notificação.

§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que


tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a
ordem para a sua prática;

§ 4o (VETADO);

§ 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos


previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro
de 1973 - Código de Processo Civil (art. 485 do
CPC/2015);

§ 6o O pedido de mandado de segurança poderá ser


renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão
denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

Pelo novo código, esse prazo correrá em dias úteis, posto ser um prazo
processual.

Será denegado o mandado de segurança quando se amoldar aos


dispositivos do art. 485, como indeferimento da inicial, processo
negligenciado pelas partes por mais de um ano, perempção,
litispendência ou coisa julgada etc.

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O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do
prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver
apreciado o mérito.

No despacho da inicial, além da notificação do coator do conteúdo


da inicial para prestar as informações dentro de 10 dias, o juiz ordenará
que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da
pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem
documentos, para que, querendo, ingresse no feito.

O Juiz poderá, ainda, determinar se suspenda o ato que deu motivo


ao pedido, desde que haja fundamento relevante e do ato
impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja
finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução,
fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à
pessoa jurídica.

Se a liminar for concedida ou denegada, caberá agravo, conforme art.


1.015 do novo Código.

Não será concedida medida liminar que tenha por objeto: (i) a
compensação de créditos tributários, (ii) a entrega de mercadorias e
bens provenientes do exterior, (iii) a reclassificação ou equiparação de
servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de
vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada,


persistirão até a prolação da sentença e, quando deferida, o processo
terá prioridade para julgamento.

Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

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I - que se notifique o coator do conteúdo da petição
inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as
cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10
(dez) dias, preste as informações;

II - que se dê ciência do feito ao órgão de


representação judicial da pessoa jurídica interessada,
enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para
que, querendo, ingresse no feito;

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido,


quando houver fundamento relevante e do ato
impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso
seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do
impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo
de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder


ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento,
observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro
de 1973 - Código de Processo Civil. (Art; 1015 do
CPC/2015)

§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por


objeto a compensação de créditos tributários, a entrega
de mercadorias e bens provenientes do exterior, a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e
a concessão de aumento ou a extensão de vantagens
ou pagamento de qualquer natureza.

§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou


cassada, persistirão até a prolação da sentença. § 4o

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Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade
para julgamento.

§ 5o As vedações relacionadas com a concessão de


liminares previstas neste artigo se estendem à tutela
antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no
5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
(Arts. 294 e 300 e 311 e 498 do CPC/2015).

Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da


medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério
Público quando, concedida a medida, o impetrante
criar obstáculo ao normal andamento do processo ou
deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os
atos e as diligências que lhe cumprirem.

Art. 9o As autoridades administrativas, no prazo de 48


(quarenta e oito) horas da notificação da medida
liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se
acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou
a quem tiver a representação judicial da União, do
Estado, do Município ou da entidade apontada como
coatora cópia autenticada do mandado notificatório,
assim como indicações e elementos outros necessários
às providências a serem tomadas para a eventual
suspensão da medida e defesa do ato apontado como
ilegal ou abusivo de poder.

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança


extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias,

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contados da ciência, pelo interessado, do ato
impugnado.

Prazo 120 dias - A inicial será desde logo indeferida, por decisão
motivada, quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe
faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal
para a impetração. Do indeferimento cabe apelação, na primeira
instância, e agravo, quando julgado originariamente nos tribunais.

Com a nova disposição do Código atual, que trata da contagem em


dias úteis dos prazos processuais, tem surgido divergência de
entendimento sobre ser processual o prazo de 120 (cento e vinte) dias
para impetração do mandado – não se aplica

Dias corridos – regra de contagem do prazo decadencial -


classificação de Chiovenda, que em analogia ao direito civil,
“encontrou a natureza jurídica do direito de ação” na classe dos
direitos potestativos. E exatamente por estarem, no âmbito do direito
civil, os direitos potestativos vinculados sempre a prazos decadenciais,
a doutrina brasileira passou a qualificar como decadenciais também
os prazos estabelecidos pela lei processual, para a propositura de
determinadas demandas, como o mandado de segurança.

Assim, o prazo do mandado não seria processual, devendo ser


contado, portanto, em dias corridos.

Entretanto, há entendimento de que seria sim um ato processual da


parte, uma vez que o mandado de segurança (dai contar-se-ia em
dias uteis, na regra do CPC/2015), não importa se é previsto
pela Constituição ou pela Lei Federal, nada mais é do que um
procedimento legal, uma técnica processual diferenciada. E
exatamente por este motivo, possui requisitos de admissibilidade
diferenciados, dentre os quais prazo para sua utilização, assim como o

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possuem outros procedimentos especiais, como as ações possessórias,
por exemplo.

Não se admite o ingresso de litisconsorte ativo após o despacho da


petição inicial.

Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão


motivada, quando não for o caso de mandado de
segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou
quando decorrido o prazo legal para a impetração.

§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro


grau caberá apelação e, quando a competência para
o julgamento do mandado de segurança couber
originariamente a um dos tribunais, do ato do relator
caberá agravo para o órgão competente do tribunal
que integre.

§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido


após o despacho da petição inicial.

Após o termo final do prazo de 10 dias para que a autoridade coatora


preste informações (Lei 12.016/2009 art. 7º, I), o Ministério Público
deverá opinar, também no prazo de 10 dias, contudo, se nesse prazo
não haver manifestação do órgão ministerial, os autos deverão ir
conclusos ao Juiz para proferir a decisão, no prazo de 30, dias nos
termos do artigo 12 parágrafo único da Lei 12.016/2009:

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Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do do art.
7odesta Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério
Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de
10 (dez) dias.

Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério


Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a
decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida
em 30 (trinta) dias.

Após a concessão da segurança (julgamento do MS acolhendo o


pedido do impetrante), deverá o juiz expedir ofício, através de oficial
do juízo, ou por meio do correio, mediante correspondência com aviso
de recebimento, o inteiro teor da sentença para a autoridade coatora
e também à pessoa jurídica interessada (art. 13, caput,
Lei 12.016/2009). Em situações de urgência, o juiz poderá enviar a
sentença, por telegrama, radiograma, ou qualquer outro meio que
garanta a autenticidade do documento e a rápida ciência pela
autoridade (art. 13, parágrafo único e art. 4º, Lei 12.016/2009).

Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em


ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio,
mediante correspondência com aviso de recebimento,
o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à
pessoa jurídica interessada. Parágrafo único. Em caso de
urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4º
desta Lei.

Da sentença que denegar (não acolher o pedido do impetrante) ou


conceder (acolher o pedido do impetrante) a segurança caberá
recurso de apelação (art. 14, caput, Lei 12.016/2009).

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Ainda em caso de concessão da segurança, a sentença,
obrigatoriamente, estará sujeita ao duplo grau de jurisdição (art. 14, §
1º, Lei 12.016/2009).

Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o


mandado, cabe apelação.

§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita


obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.

§ 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de


recorrer.

§ 3o A sentença que conceder o mandado de


segurança pode ser executada provisoriamente, salvo
nos casos em que for vedada a concessão da medida
liminar.

§ 4o O pagamento de vencimentos e vantagens


pecuniárias assegurados em sentença concessiva de
mandado de segurança a servidor público da
administração direta ou autárquica federal, estadual e
municipal somente será efetuado relativamente às
prestações que se vencerem a contar da data do
ajuizamento da inicial.

O artigo 15 e seus parágrafos da LMS, definem que o Presidente do


Tribunal competente para o conhecimento do recurso interposto
poderá suspender os efeitos da decisão liminar, quando requerido pela
pessoa jurídica interessada, ou pelo Ministério Público, “para evitar
grave lesão à ordem, à saúde, à segurança, a economia públicas”
(art. 15, caput, Lei 12.016/2009), dessa decisão caberá agravo, o qual

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haverá julgamento na próxima sessão após sua interposição, o prazo é
de 5 dias. Sobre esse ponto, traz a súmula 626 do Superior Tribunal
Federal que vigorará a suspensão da liminar até o trânsito em julgado
da concessão definitiva de segurança, salvo determinação contrária a
decisão: “626. A suspensão da liminar em mandado de segurança,
salvo determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará
até o trânsito em julgado da decisão definitiva da concessão de
segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo
Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total
ou parcialmente, com o da impetração”.

Nos casos em que o Tribunal tiver competência originária para o


recebimento do mandado de segurança, a instrução caberá ao
relator, e a defesa é garantida, também, a sustentação oral (art. 16,
caput, Lei 12.016/2009), da decisão dada pelo relator caberá agravo
interno conforme dispõe o parágrafo único do artigo 16, da
Lei 12.016/2009, a cerca disso também leciona o artigo 1.021 do
atual Código de Processo Civil (Lei n 13.105/2015): “Art. 1.021. Contra
decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo
órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento as regras do
regimento interno do tribunal”.

O art. 18 da Lei 12.019/2009 traz a previsão do cabimento de recursos


especial e extraordinário, em face das decisões proferidas em única
instância no mandado de segurança.

Regulamentando o disposto na CF/1988, nos


arts. 102, III e 105, III. Além disso, dispôs sobre o cabimento de recurso
ordinário contra as decisões que denegam a ordem pleiteada, o que
também encontra previsão no texto
constitucional (arts. 102, II e 105, II da CRFB/1988).

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“Art. 18. Das decisões em mandado de segurança
proferidas em única instância pelos tribunais cabe
recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente
previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for
denegada”.

“Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar


mandado de segurança, sem decidir o mérito, não
impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os
seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais”.

Mandado de segurança coletivo, o art. 21 da lei 12.019/2009


regulamenta a previsão constitucional do art. 5º, LXX.

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser


impetrado por partido político com representação no
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses
legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade
partidária, ou por organização sindical, entidade de
classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa
de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte,
dos seus membros ou associados, na forma dos seus
estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado


de segurança coletivo podem ser:

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os


transindividuais, de natureza indivisível, de que seja

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titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para


efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da
atividade ou situação específica da totalidade ou de
parte dos associados ou membros do impetrante.

Admite-se expressamente o uso de mandado de segurança por


partido político com representação no Congresso Nacional,
organização sindical, entidade de classe ou por associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,
em defesa dos direitos da totalidade ou parte de seus membros ou
associados.

Assim, o mandado de segurança também está destinado a tutela dos


direitos coletivo, e deverá ser impetrado na defesa de interesse de
uma categoria, classe ou grupo, independentemente da autorização
dos associados.

Neste sentido a Súmula 629 do Supremo Tribunal Federal, prevê que “a


impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de
classe em favor dos associados independe da autorização destes.”
Trata-se aqui de uma substituição processual, bastando a previsão em
lei para que seja exercitada.

Legitimidade ativa - Súmula 630 do Supremo Tribunal Federal, que diz:


“a entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança
ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da
respectiva categoria”.

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Nas ações coletivas, a coisa julgada limita-se aos membros do grupo
ou categoria substituídos pelo impetrante, é o que determina o art. 22
da lei 12.019/2009.

Ou seja, evita-se a atribuição de efeito erga omnes às decisões em


mandado de segurança coletivo.

IMPORTANTE - O § 1º do art. 22 da lei 12.019/2009 determina que não


há litispendência entre as ações individuais. No entanto, os efeitos da
coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual, se este
não requerer a desistência de seu mandado de segurança individual,
no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência comprovada da
impetração da segurança coletiva.

Os honorários de sucumbência nas ações de mandado de segurança


sempre foram negados aos advogados, tomando como fundamento a
súmula nº 512 editada do Supremo Tribunal Federal (STF) “Não cabe
condenação em honorários de advogado na ação de mandado de
segurança”.

Entretanto, o Estatuto da OAB dispõe em sentido contrário, garantindo


aos advogados sem distinção à modalidade de ação na qual tais
serviços foram prestados: “Art. 22: A prestação de serviço profissional
assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados,
aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência”.

Destarte, o novo código de Processo Civil prevê o cabimento de


honorários sucumbenciais nas três fases distintas do processo: fase de
conhecimento, fase recursal e fase de cumprimento, conforme artigo
85, parágrafo 1º: “Art. 85, § 1º: São devidos honorários advocatícios na

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reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo,
na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos”.

Frisa-se, que o mandado de segurança é regido pela Lei


nº 12.016/2009 e segue um rito especial até fase de conhecimento.
Depois de proferida a sentença de primeiro grau ou acórdão (ação
de competência originária dos Tribunais), as fases seguintes, como a
recursal e o cumprimento são regidas pelo novo código de Processo
Civil que permitem a admissibilidade dos honorários, até mesmo nas
ações de mandado de segurança.

Justificava- se o não cabimento de honorários nos mandados de


segurança em razão da parte impetrada ser a autoridade coatora
(pessoa física) pertencente ou vinculada a um ente público (pessoa
jurídica) que praticou ato ou omissão do objeto, não devendo
responder, com seu próprio patrimônio, pelas despesas de honorários
de sucumbência, pois havia praticado o ato em nome do ente público
que representa. O pressuposto de pagamento dos honorários também
desaparecia nas fases de recurso e de cumprimento, pois a
legitimidade recursal e de cumprimento de sentença passa a ser do
ente público a que pertence a autoridade impetrada. Destarte, o ente
público participa de toda a instrução, e é quem responderá
efetivamente pela execução de parcelas que porventura tenham sido
deferidas.

Diante da vigência do CPC/2015, a súmula do STF torna-se sem efeito.


Os honorários de sucumbência em mandado de segurança, nas fases
de recurso e de cumprimento, atendem ao princípio genérico dos ônus
da sucumbência: se vencedor o impetrante, serão devidos honorários
pelo ente público interessado; se vencido o impetrante, esse
responderá pela sucumbência em favor dos advogados do ente
público. É o que preceitua o artigo 85, § 19, CPC/2015: “Os advogados
públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei”.

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Sobre o art. 26, a Lei nº 12.016/09 prevê:

Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do


Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não cumprimento
das decisões proferidas em mandado de segurança, sem prejuízo das
sanções administrativas e da aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril
de 1950, quando cabíveis.

O tipo penal abordado no artigo supracitado configura-se quando a


autoridade a que é dirigida a ordem não a cumpri. “Art. 330, CP/1940
Desobediência: Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa”. Ademais,
esclarece outras punições de natureza civil, penal e administrativa
diante do descumprimento de ordens emanadas.

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