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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL RELATOR DA 5ª TURMA RECURSAL

DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

Processo nº 1017115-46.2023.4.01.0000
RECORRENTE-AGRAVADO: MATHEUS ALVES CRUVINEL e outro
RECORRIDA-AGRAVANTE: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF, já devidamente qualificada


nos autos do processo em epígrafe, neste ato representada pelo advogado ora
subscritor, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, em face da r.
decisão monocrática de 2º grau, interpor AGRAVO INTERNO com fundamento
no artigo 1.021 do Código de Processo Civil, pelas razões de fato e de direito a
seguir expostas.

A r. decisão agravada teve o seguinte teor:

“Não obstante os fundamentos em que se amparou


a decisão agravada, vejo presentes, na espécie, os
pressupostos do art. 1019, I, do CPC, a ensejar a
concessão da almejada antecipação da tutela
recursal, notadamente em face do seu caráter
manifestamente precautivo e, por isso, compatível
com a tutela cautelar do agravo, manifestada nas
letras e na inteligência do referido dispositivo legal,
de forma a possibilitar a formalização de novos
contratos de financiamento estudantil e assegurar,
por conseguinte, o pleno acesso ao ensino superior,
como garantia fundamental assegurada em nossa
Constituição Federal, na determinação cogente e
de eficácia imediata (CF, art. 5º, § 1º), no sentido de
que “a educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho” (CF, art. 205).

Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.


Fone/fax: (91) 3222-4153. e-mail: reisbrandaoadv@gmail.com
Ademais, impende consignar que o mencionado
Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino
Superior – FIES foi criado pela Lei nº 10.260/2001,
posteriormente modificada, que, em seu art. 1º,
assim estabelece:

Art.1º É instituído, nos termos desta Lei, o Fundo de


Financiamento Estudantil (Fies), de natureza
contábil, vinculado ao Ministério da Educação,
destinado à concessão de financiamento a
estudantes de cursos superiores, na modalidade
presencial ou a distância, não gratuitos e com
avaliação positiva nos processos conduzidos pelo
Ministério, de acordo com regulamentação própria.

§ 1º O financiamento de que trata o caput deste


artigo poderá beneficiar estudantes matriculados
em cursos da educação profissional, técnica e
tecnológica, e em programas de mestrado e
doutorado com avaliação positiva, desde que haja
disponibilidade de recursos, nos termos do que for
aprovado pelo Comitê Gestor do Fundo de
Financiamento Estudantil (CG-Fies)

(...)

§ 6º O financiamento com recursos do Fies será


destinado prioritariamente a estudantes que não
tenham concluído o ensino superior e não tenham
sido beneficiados pelo financiamento estudantil,
vedada a concessão de novo financiamento a
estudante em período de utilização de
financiamento pelo Fies ou que não tenha quitado
financiamento anterior pelo Fies ou pelo Programa
de Crédito Educativo, de que trata a Lei no 8.436,
de 25 de junho de 1992.

Por sua vez, estabelece o art. 15-D, caput, da


referida Lei, com a redação dada pela Lei nº
13.530-2017, que “é instituído, nos termos desta Lei,
o Programa de Financiamento Estudantil, destinado
à concessão de financiamento a estudantes em
cursos superiores não gratuitos, com avaliação
positiva nos processos conduzidos pelo Ministério
da Educação, de acordo com regulamentação
própria, e que também tratará das faixas de renda
abrangidas por essa modalidade do Fies”.

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Da leitura dos dispositivos legais em referência,
verifica-se que, efetivamente, não se vislumbra,
dentre as condições legalmente estabelecidas, a
exigência de que o aluno tenha sido submetido ao
Exame Nacional de Ensino Médio – ENEM, nem,
tampouco, que tenha obtido a média mínima
exigida nos atos normativos hostilizados nos
presentes autos.

É bem verdade que o art. 3º da referida Lei nº


10.260/2011, estabelece que a gestão do FIES
caberá ao Ministério da Educação, que editará
regulamento dispondo sobre “as regras de seleção
de estudantes a serem financiados, devendo ser
considerados a renda familiar per capita,
proporcional ao valor do encargo educacional do
curso pretendido, e outros requisitos, bem como as
regras de oferta de vagas”.

De ver-se, porém, que, os tais “outros requisitos” a


que se reporta o dispositivo legal em referência,
não podem extrapolar os limites estabelecidos pela
própria Lei de criação do FIES, como no caso, sob
pena de violação ao princípio da legalidade,
segundo o qual, “ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei” (CF, art. 5º, inciso II), mormente em face da
finalidade precípua do financiamento estudantil em
referência, que consiste em propiciar, sem qualquer
limitação, o livre acesso ao ensino superior,
sintonizando-se, com o exercício do direito
constitucional à educação (CF, art. 205) e com a
expectativa de futuro retorno intelectual em
proveito da nação, que há de prevalecer sobre
formalismos eventualmente inibidores e
desestimuladores do potencial científico daí
decorrente.

***

Com estas considerações, defiro o pedido de


antecipação da tutela recursal formulado na inicial,
para assegurar à parte demandante o direito à
formalização do contrato de financiamento
estudantil, com recursos do FIES, relativamente ao
curso superior descrito na inicial, junto à instituição
onde fora aprovada em regular processo seletivo,
independentemente das restrições descritas nos
autos, até o pronunciamento definitivo da Turma
julgadora.
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Intimem-se as promovidas, com urgência, para fins
de cumprimento desta decisão mandamental,
cada uma na sua esfera de competência, bem
assim, para as finalidades do art. 1.019, II, do CPC
vigente, cientificando-se, também, ao juízo
monocrático, na dimensão eficacial do art. 1.008 do
referido diploma legal.

Dê-se vistas, após, à douta Procuradoria Regional


da República.”

Com efeito, há alguns equívocos na r. decisão agravada, como


se verificará a seguir, e que merecem a devida reforma.

QUESTÕES PRELIMINARES

1. DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO

Indispensável à garantia do resultado do presente recurso lhe


seja deferido IMEDIATO efeito suspensivo. A relevância da fundamentação
surge manifesta do confronto da decisão recorrida com as razões a seguir
expostas.
É cediço que as liminares são deferidas “com base no juízo de
probabilidade de que a afirmação provada não será demonstrada em
contrário pelo réu” (Marinoni, Luiz Guilherme, in A Antecipação de Tutela, 8ª ed.,
Malheiros, 2004, p.34).

Assim, na consideração dos elementos dos autos, a


probabilidade do direito da agravante não restou demonstrada, ao menos por
ora, haja vista que, conforme dispõe as Portaria Normativa nº 209, de 07 de
março de 2018, competirá ao MEC, por meio da Secretaria de Educação
Superior - SESu/MEC gerir os módulos do Sistema Informatizado do Fies - Sisfies de
oferta de vagas e de seleção de estudantes do Novo FIES:

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“Seção IV

Da inscrição, classificação e pré-seleção nos processos


seletivos do Fies e do P-Fies

Art. 37. As inscrições para participação no processo


seletivo do Fies e do P-Fies serão efetuadas exclusivamente
pela internet, em endereço eletrônico, e em período a ser
especificado no Edital SESu, devendo o estudante,
cumulativamente, atendar as condições de obtenção de
média aritmética das notas no Enem e de renda familiar
mensal bruta per capita a serem definidas na Portaria
Normativa do MEC a cada processo seletivo.

§ 1º Compete exclusivamente ao estudante certificar-se


de que cumpre os requisitos estabelecidos para concorrer
no processo seletivo de que trata o caput, observadas as
vedações previstas no § 4º do art. 29 desta Portaria.

§ 2º A participação do estudante no processo seletivo de


que trata esta Portaria independe de sua aprovação em
processo seletivo próprio da instituição para a qual pleiteia
uma vaga.

§ 3º A oferta de curso para inscrição na modalidade Fies


não assegura existência de disponibilidade orçamentária
ou financeira para o seu financiamento, a qual somente se
configurará por ocasião da conclusão da inscrição do

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estudante.

§ 4º A inscrição para financiamento na modalidade P-Fies


está condicionada à disponibilidade orçamentária e
financeira das fontes de recursos utilizadas de que trata o
art. 15-J da Lei nº 10.260, de 2001.

Art. 38. Encerrado o período de inscrição, os estudantes


serão classificados em ordem decrescente de acordo com
as notas obtidas no Enem, na opção de vaga para a qual
se inscreveram, na sequência a ser especificada em
Portaria Normativa a cada processo seletivo, nos termos do
art. 1º, § 6º, da Lei nº 10.260, de 2001.

§ 1º A nota de que trata o caput considerará a média


aritmética das notas obtidas nas provas do Enem em cuja
edição o candidato tenha obtido a maior média.

§ 2º No caso de notas idênticas, calculadas segundo o


disposto no § 1º deste artigo, o desempate entre os
candidatos será determinado de acordo com a ordem de
critérios a ser especificada na Portaria Normativa do MEC.

Art. 39. O estudante será pré-selecionado na ordem de sua


classificação, nos termos do art. 38 desta Portaria,
observado o limite de vagas disponíveis no curso e turno
para o qual se inscreveu, conforme os procedimentos e
prazos previstos no Edital SESu.

Parágrafo único. A pré-seleção do estudante assegura


apenas a expectativa de direito à vaga para a qual se
inscreveu no processo seletivo do Fies e do P-Fies, estando

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a contratação do financiamento condicionada à
conclusão da inscrição no FiesSeleção no caso da
modalidade Fies, à pré-aprovação de algum agente
financeiro operador de crédito na modalidade P-Fies e, em
ambas modalidades, ao cumprimento das demais regras e
procedimentos constantes desta Portaria e da Portaria
Normativa que regulamenta cada processo seletivo.’'grifo
nosso.

Assim, resta manifesto a irregularidade da concessão da


medida, uma vez que, para além da não demonstração da probabilidade do
direito, se trata de tutela com EFEITO SATISFATIVO, que esgotaria no todo o
objeto da ação, tendo em vista que anteciparia não somente as efeitos da
sentença, mas a resultado da própria prestação jurisdicional.

Os perigo ao resultado útil do processo está, ao contratário do


que o Autor, ora agravante, tentou mostrar, na concessão da medida ao
arrepio da legislação vigente sobre o tema, tornando seus efeitos danosos e
desprestigiantes da normatização criada pelo órgão da administração
competente.

Destarte, indispensável à garantia do resultado do presente


recurso lhe seja deferido o efeito suspensivo, o que desde já se requer.

2. DAS RAZÕES PARA REFORMA DA R. DECISÃO RECORRIDA

No caso em exame, deve ser reformada a r. decisão agravada


que deferiu a tutela de urgência, pelas razões que se passa a expor.

2.1 DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA

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A CAIXA, como é cediço, é mera operadora do FIES, sendo o
referido Programa idealizado, organizado, regulado e sustentado
financeiramente pela UNIÃO FEDERAL através do Ministério da Educação.
O Fundo de Financiamento (FIES) é um programa social, cujas
disponibilidades de caixa são mantidas em depósito na conta única do
Tesouro Nacional (§2.º do art. 2.º da Lei 10.260/01, destinando-se a promover o
financiamento de estudantes selecionados por critérios estabelecidos
exclusivamente pelo MEC.
Com a publicação da Lei nº 12.202, de 14/01/2010, a CAIXA
passou a atuar apenas como Agente Financeiro do Programa FIES, passando
ao MEC/FNDE a gestão dos recursos financeiros, operacionalização e
fiscalização do Programa, além da definição das normas e políticas
regulamentares.
Dessa forma, a CAIXA, habilitada pelo Agente Operador
(MEC/FNDE), atua apenas como agente financeiro do FIES, assumindo,
exclusivamente, a competência de conceder os financiamentos com recursos
do Fundo.
No presente caso, a parte autora afirma fazer jus a direito a
concessão do financimanto estudantil, mesmo não preenchendo os requisitos
previstos em legislação federal.
Deste modo, a CAIXA não possui autonomia no processo de
concessão do financiamento, aditamentos ou encerramento do contrato e
não tem acesso às informações acadêmicas da parte autora, pois, como já
informado, figura apenas como agente financeiro submetida às regras
determinadas pelo Governo Federal e pelo Ministério da Educação.
Outrossim, todas as autorizações relacionadas à contratação,
encerramento e manutenção de FIES, formas de negociação, inclusive
suspensão do pagamento das parcelas, cabem exclusivamente ao FNDE/MEC,
não possuindo ingerência da CAIXA.
Portanto, cabalmente demonstrado caber à CAIXA, tão

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somente, a operacionalização dos contratos do FIES, de rigor se mostra a sua
ilegitimidade passiva ad causam, devendo ser excluída da lide, conforme
artigo 485, inciso VI, do CPC.

2.2 DO CABIMENTO, PREPARO E DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO DE MEDIDA


CAUTELAR

Há cabimento para o recurso de medida cautelar, uma vez que


objetivo da sua interposição não foi o de reforma do mérito da Sentença, mas
sim de suspender a liminar deferida em sentença.

Em sede de dacisão interlocutória de 1º Grau, foi indeferida a


tutela requerida, por. O juízo a quo, não vislumbrar a probabilidade do direito
alegado em face.
A referida decisão já fora alvo de Recurso de Agravo de
Instrumento, tendo sido interposto para confrontar a tutela de urgência
indeferida.
Conforme a Portaria PRESI – 7672502, do Egregio Tribunal Federal
da 1ª Região, o presente recurso prescinde de preparo para interposição,
conforme se observa:

Ademais, apesar de a CEF ter sido intimada da em 16/08/2022,


restando assim, tempestivo o presente Agravo.

2.3 DA VEDAÇÃO LEGAL À CONCESSÃO DA LIMINAR

O presente caso versa, indubitavelmente, sobre Direito Público,


atuando a CAIXA não como instituição bancária de mercado, mas sim como
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Agente Operador do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior -
FIES e promotora de política governamental.

Desse modo, mostra-se aplicável ao caso a Lei 8.437/92, cujo


art. 1º, §3º, assim dispõe:

“Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do


Poder Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer
outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez
que providência semelhante não puder ser concedida em
ações de mandado de segurança, em virtude de
vedação legal.
(...)
§ 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo
ou em qualquer parte, o objeto da ação.” (g.n.).

No presente caso, portanto, há vedação legal à concessão da


medida liminar, pois o que a parte autora pretende é a antecipação de todo o
provimento jurisdicional pleiteado em sede liminar.

Diante do exposto, deve ser provido o presente recurso, a fim de


reformar-se a r. decisão agravada e afastar-se a tutela de urgência deferida.

2.4 DA AUSÊNCIA DE REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA TUTELA

Mesmo que essa Turma entenda pela inexistência de


vedação legal à concessão da tutela de urgência no presente caso (o que se
admite para argumentar), ainda assim deverá ser afastada a tutela de
urgência deferida, eis que não restaram demonstrados os requisitos necessários
à sua concessão.
Para a concessão da tutela de urgência, é
necessário que existam elementos que evidenciem a probabilidade do direito e
a demonstração de perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo,
conforme prevê o art. 300 do CPC.
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No caso, como bem apontado pelo juízo de origem
na decisão atacada, ausente demonstração de urgência ou risco de dano
irreparável ou de difícil reparação com a não concessão, de imediato, da
celebração do contrato de financimento estudantil, eis que o material
probatório acostado à inicial não explicita qualquer risco grave imediato à
parte autora.
Fato é que, diante das imposições legais, a dilação
probatória se fez necessária para não incorrer, o Juízo, em concender direito
inexistente, senão vejamos em caso analogo, envolvendo a transferência do
referido financimento:

Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de


antecipação da tutela recursal, interposto por Natalia
Lucas dos Santos de decisão em que, nos autos de
mandado de segurança impetrado pela ora agravante
contra ato (s) atribuído (s) a COORDENADOR DE
DEPARTAMENTO PESSOAL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO
UNINOVAFAPI, CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, DIRETOR
GERAL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI,
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUI LTDA, FUNDO
NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO,
SUPERINTENDENTE DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, foi
indeferida liminar para que os impetrados, cada qual no
âmbito de sua responsabilidade, procedam com sua
transferência integral do financiamento estudantil ( FIES)
para o curso de Medicina, referente ao período de
aditamento 2020.1. A decisão agravada foi assim
fundamentada: Trata-se de pedido de liminar em
MANDADO DE SEGURANÇA em que a impetrante objetiva
basicamente, que a impetrada proceda com sua
transferência integral do financiamento estudantil ( FIES)
para o curso de Medicina, referente ao período de
aditamento 2020.1 Alega, basicamente, que cursou
Odontologia e utilizava FIES, passando a cursar medicina
na NOVAFAPI. Narra, ainda, que diante da possibilidade
de transferência de financiamento, solicitou a
transferência do FIES para o curso de Medicina da
UNINOVAFAPI, referente ao semestre 2020.1, pois a
transferência do referido financiamento é regulamentada
pelas Portarias Normativas Nº 25/2011 e Nº 209/2018, todas
do MEC, e é realizada, geralmente, ao final de cada
período semestral. Observa, ainda, que as transferências
de financiamento podem se dá dentro de uma mesma
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instituição para outro curso, ou entre instituições,
podendo ser para o mesmo curso ou não, conforme art.
1º, inciso III, da Portaria Nº 25/2011/MEC. Por fim, noticia
que, mesmo estando completamente dentro dos
parâmetros normativos exigidos para a realização do
procedimento, os réus se negaram a atender seu pleito,
razão pela qual socorre-se do Judiciário para obter a
referida transferência de financiamento estudantil.
Informações prestadas. É o relatório. DECIDO. (...) Cinge-
se a controvérsia em determinar o direito da parte
impetrante em transferir crédito de financiamento
estudantil ( Fies) para vaga no curso de Medicina não
contemplada pelo Fies. O Fundo de Financiamento
Estudantil ( Fies)é um programa do Ministério da
Educação (MEC), que entrou em vigor em 2001, por meio
da Lei nº 10.260, e é regulamentado através de portarias
editadas pelo MEC. O Fies faculta a adesão ao programa
do fundo a Instituições de Ensino Superior IES que
obtenham avaliação positiva nos processos conduzidos
pelo MEC, nos termos da referida Lei 10.260/2001 e,
atualmente, da Portaria do MEC nº 209/2018. De acordo
com os artigos 14 e 15 da supracitada portaria, as
Instituições de Ensino Superior que desejarem ofertar
cursos de graduação pelo Fies deverão acessar o Sistema
Informatizado do Fies Sisfies e aderir ao programa,
mediante Termo de Adesão ao Fies. Uma vez cadastradas
no programa, as IES interessadas em participar do
processo seletivo do Fies deverão assinar Termo de
Participação em cada uma de suas edições, no qual
constará proposta de oferta de vagas (art. 30 da Portaria
do MEC nº 209/2018). Ressalte-se que, durante o processo
de inscrição do estudante, o MEC disponibiliza quais
faculdades que oferecem vagas naquela edição do
processo seletivo, bem como os cursos que terão vaga
para o Fies, tudo em página localizada no seu sítio da
internet (...). A IES (UniNovafapi), em diversos processos
que tramitam nesta Vara, vem informando que não foram
disponibilizadas vagas no curso de medicina destinadas
ao Fies na cidade de Teresina PI. Portanto, o estudante
que se interessou em transferir financiamento de Fies para
o curso de medicina, ao consultar as vagas destinadas ao
Fies no supracitado site, prontamente verificaria a
ausência de oferta para o curso de medicina da
UNINOVAFAPI em Teresina. Na espécie, em que pese as
alegações da parte, não vislumbrei qualquer ilegalidade
nos atos praticados pela impetradas. Com efeito, a
Constituição Federal, no seu artigo 207, prevê autonomia
administrativa e didático-científica para as universidades,
assim dispondo: Art. 207. As universidades gozam de
autonomia didático-científica, administrativa e de gestão
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financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Deste modo, entendo que a independência da
administração universitária deve ser preservada, se
constituindo em uma afronta à liberdade destas
entidades o judiciário imiscuir-se em matéria que diz
respeito à vida acadêmica e financeira da IES, pois
estaria se usurpando a flexibilidade autonômica que as
universidades têm de ter para cumprir plenamente o seu
papel. Inclusive, a Portaria do MEC nº 25/2011 prevê que a
transferência de curso ou de instituição de ensino
realizada através do Sistema Informatizado do Fies
(SisFies) necessita de validação pela CPSA de destino
Comissão Permanente de Supervisão e
Acompanhamento do Fies constituída no âmbito do local
de oferta de curso da instituição de ensino de destino,
reforçando assim a autonomia que têm as Instituições de
Ensino Superior para ofertar vagas destinadas ao Fies em
seus cursos. Art. 5º A transferência integral de curso ou de
instituição de ensino deverá ser realizada por meio do
Sistema Informatizado do FIES (SisFIES), mediante
solicitação do estudante e validação pelas CPSA de
origem e de destino. Seguindo este pensamento, a
autonomia inerente as IES lhes confere a prerrogativa de
estabelecerem o número de vagas por curso que irão
ofertar pelo Fies em cada semestre e, malgrado a
irresignação da parte impetrante, o fato é que esta não
comprovou a existência de vagas abertas no curso de
medicina da IES destinadas ao Fies no semestre 2020.1, o
que impede a transferência de crédito do Fies vindicada
na inicial. Eventuais transferências feitas em semestres
passados demandam dilação probatória e não conferem
direito subjetivo à parte, em razão dos fundamentos já
declinados. Dessa forma, INDEFIRO o pedido de liminar. A
agravante reitera as alegações da inicial da impetração.
Decido. Conforme consignado na decisão agravada, a
instituição de ensino não disponibilizou vagas para o curso
de Medicina a serem preenchidas por candidatos
contratantes do FIES. Avaliação sobre a razoabilidade ou
não dessa previsão depende, quanto menos, de exame
das alegações que a autoridade impetrada da instituição
de ensino irá prestar. Por princípio, a distribuição de vagas
a contratantes do FIES obedece à programação
orçamentária e financeira da instituição. Indefiro, por isso,
o pedido de antecipação da tutela recursal. Proceda-se
na forma do art. 1.019, II, do CPC. Oferecida (s) a (s)
resposta (s), vista ao MPF PRR -1ª Região (Lei n.
12.016/2009, art. 12). Publique-se. Intimem-se. Brasília, data
da assinatura eletrônica. JOÃO BATISTA MOREIRA
Desembargador Federal - Relator
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(TRF-1 - AI: 10127002520204010000, Relator:
DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, Data
de Julgamento: 12/05/2020, Data de Publicação:
12/05/2020)

Ainda nesse sentido, a jurisprudência dessa Egregia Corte


entende:
Bruno Duarte Maciel Faria interpõe agravo de instrumento
de decisão que indeferiu o pedido de tutela de urgência
formulado em ação de procedimento comum,
objetivando a transferência do financiamento estudantil
do curso de Odontologia, da Instituição de Ensino
Superior Centro Universitário de Belo Horizonte, para o
curso de Medicina, da Faculdade de Minas (Faminas). O
agravante relata que, sendo aprovado em procedimento
seletivo e obtendo o financiamento estudantil para o
curso de Odontologia no semestre 2020.1, pleiteou a
transferência do financiamento para o curso de
Medicina, que já cursava anteriormente em instituição de
ensino diversa, o que vem sendo negado, com
fundamento na Portaria n. 535/2020. Sustenta que lhe
assiste o direito à transferência de financiamento,
considerando o disposto na Portaria n. 209/2018, na
Portaria MEC 25/2011 e na Lei n. 10.260/2001, além de
haver previsão contratual que autoriza o procedimento.
Alega que não se aplica o disposto na Portaria n.
535/2020 do Ministério da Educação (MEC), que
estabelece requisitos aos pedidos de transferência, a
partir de 2020.2, aos estudantes com contrato celebrado
anteriormente. Defende que o Fies foi criado para dar
efetividade ao direito à educação, previsto na
Constituição Federal. Aduz que o risco de dano se
configura, na espécie, considerando que não dispõe dos
recursos financeiros para arcar com os altos encargos
educacionais. Pugna, pois, pela antecipação da tutela
recursal, a fim de que sejam afastados os efeitos da
Portaria n. 535/2020. Decido. A decisão agravada
indeferiu o pedido de antecipação da tutela, nestes
termos: Prosseguindo no exame do feito, registro que a
tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito
afirmado e, cumulativamente, o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo (art. 300 do Código de
Processo Civil). No caso em tela, examinados os termos
da inicial e a documentação vinda, ao menos em juízo
de cognição provisória, próprio desta sede, não verifico a
presença de elemento essencial para o deferimento da
medida urgente. Realmente. Em que pese a alegação do
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Autor de que a impossibilidade de se proceder à
transferência de seu financiamento estudantil para outro
curso e instituição de ensino tenha se dado em virtude da
aplicação do que disposto na Portaria 535/2020 do
Ministério da Educação, tal fato não restou devidamente
comprovado. É que, conforme consta do Comunicado
FIES (ID 356022865), o SIFES foi adequado para atender à
Resolução do CG- FIES nº 35/2019. Referida resolução
alterou a Resolução 2/2017 do Ministério da Educação e
do FNDE, que passou a prever, nos termos do art. 2º-A: Art.
2º-A. A transferência de que trata os artigos 1º e 2º desta
Resolução somente será permitida no caso em que a
média aritmética das notas obtidas pelo estudante no
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), utilizada para
sua admissão ao Fies, for igual ou superior à média
aritmética do último estudante pré-selecionado no curso
de destino no processo seletivo mais recente do
programa em que houver estudante pré-selecionado
para o financiamento estudantil. Desse modo,
diferentemente do que afirmado pelo demandante, à
época da celebração de seu contrato de financiamento
estudantil (19/03/2020; ID 356022873), a regra trazida na
Portaria 535/2020 do Ministério da Educação, cuja
irretroatividade é sustentada pelo Autor, já era aplicada
em virtude de disposição idêntica contida em outro ato
normativo. Portanto, neste exame, verifica-se a ausência
de elementos suficientes a sustentar a probabilidade do
direito alegado na exordial, essencial à antecipação da
tutela pretendia. Necessária, portanto, dilação probatória
para os fins. Assim sendo, ausentes os elementos que
evidenciam a probabilidade do direito invocado,
requisito processual exigível, impõe-se o indeferimento do
pedido urgente. Isto posto, decido INDEFERIR o pedido de
tutela de urgência. Apesar das alegações do agravante
não há como divergir do entendimento estabelecido na
decisão impugnada. Com efeito, o recorrente pretende
que a parte agravada seja compelida a transferir o
financiamento estudantil obtido para o curso de
Odontologia de uma instituição de ensino para outro
curso e instituição de sua preferência, ao fundamento de
que lhe assiste o direito a tal transferência. Conforme se
depreende dos autos, o pedido de transferência foi
negado, em razão do não preenchimento dos requisitos
exigidos, de acordo com a legislação vigente quando do
protocolo do pleito. Nesse contexto, não obstante a
possibilidade de transferência de financiamento, prevista
contratualmente, tal medida não se mostra incondicional,
submetendo-se às regras estabelecidas pelas IES, a quem
cabe definir quantas vagas e quais os cursos e turnos
serão ofertados para o Programa de Financiamento
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Estudantil, bem como ao Ministério da Educação, através
de seus órgãos competentes, responsável por autorizar o
financiamento. No caso, não se trata de aplicação
retroativa da norma, considerando que o pedido de
transferência foi formulado quando já se encontrava em
vigência a alteração introduzida pela Resolução n.
35/2019 no art. 2º-A da Resolução n. 02/2017,
estabelecendo que: Art. 2º-A A transferência de que trata
os artigos 1º e 2º desta Resolução somente será permitida
no caso em que a média aritmética das notas obtidas
pelo estudante no Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem), utilizada para sua admissão ao Fies, for igual ou
superior à média aritmética do último estudante pré-
selecionado no curso de destino no processo seletivo
mais recente do programa em que houver estudante pré-
selecionado para o financiamento estudantil. (NR) Art. 2º-
B A transferência de que trata os artigos 1º e 2º desta
Resolução somente poderá ser efetuada para curso de
destino em que já houver estudantes pré-selecionados
nos processos seletivos do Fies por meio da nota do Enem.
(NR) Vale ressaltar, ainda, que tal critério não se mostra
desarrazoado nem atentatório ao direito à educação
àqueles que necessitam do benefício, mas, pelo
contrário, assegura que aquele estudante, igualmente
necessitado, com nota superior no Enem e que se
encontra aguardando o financiamento na instituição de
ensino, não seja preterido em razão de transferências de
estudantes de outras instituições, que tenham obtido
notas inferiores no Enem, as quais não seriam suficientes
para lhe assegurar a vaga pretendida naquela instituição.
Ante o exposto, por não vislumbrar a presença dos
requisitos autorizadores, indefiro o pedido de antecipação
da tutela recursal. Intime-se a parte agravada para,
querendo, apresentar resposta, nos termos do art. 1.019,
inciso II, do novo Código de Processo Civil ( CPC).
Publique-se. Brasília, 2 de fevereiro de 2021.
Desembargador Federal DANIEL PAES RIBEIRO Relator
(TRF-1 - AI: 10030719020214010000, Relator:
DESEMBARGADOR FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO, Data de
Julgamento: 02/02/2021, Data de Publicação: PJE
02/02/2021 PAG PJE 02/02/2021 PAG)

Portanto, não demonstrada a urgência, ausentes os requisitos


para a tutela provisória, a improcedência do pedido é medida que se impõe

2.5 DO CONTRATO E DA REALIDADE FÁTICA

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O FIES é um programa do Ministério da Educação – MEC,
destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes
regularmente matriculados em cursos superiores não gratuitos, com avaliação
positiva nos processos conduzidos pelo referido órgão.
Com a publicação da Medida Provisória 785/17, de 06 de julho
de 2017, que reformula o Financiamento Estudantil, a CAIXA vem se adequando
para assumir o papel de única instituição financeira pública a atuar no
Programa FIES acumulando, portanto, as responsabilidades de Agente
Operador, Agente Financeiro e Gestor do Fundo Garantidor de Crédito.
No entanto, conforme dispõe as Portaria Normativa nº 209, de
07 de março de 2018, competirá ao MEC, por meio da Secretaria de Educação
Superior - SESu/MEC gerir os módulos do Sistema Informatizado do Fies - Sisfies de
oferta de vagas e de seleção de estudantes.
A mesma Portaria assim o diz:

O estudante é pré-selecionado e finaliza seu processo de


inscrição ao FIES por meio da SESu/MEC e neste momento
manifesta sua concordância com as condições para o
financiamento, não cabendo posteriormente alegar
desconhecimento das regras.
Art. 29 - A pré-seleção de estudantes aptos a realizarem os
demais procedimentos para contratação de
financiamento com recursos do Fies e do P-Fies ocorrerá
exclusivamente por meio de processo seletivo conduzido
pela SESu/MEC.
Art. 37 - As inscrições para participação no processo
seletivo do Fies e do P-Fies serão efetuadas exclusivamente
pela internet, em endereço eletrônico, e em período a ser
especificado no Edital SESu, devendo o estudante,
cumulativamente, atendar as condições de obtenção de
média aritmética das notas no Enem e de renda familiar
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mensal bruta per capita a serem definidas na Portaria
Normativa do MEC a cada processo seletivo.
Art. 38 - Encerrado o período de inscrição, os estudantes
serão classificados em ordem decrescente de acordo com
as notas obtidas no Enem, na opção de vaga para a qual
se inscreveram, na sequência a ser especificada em
Portaria Normativa a cada processo seletivo, nos termos do
art. 1º, § 6º, da Lei nº 10.260, de 2001.
Art. 39 - O estudante será pré-selecionado na ordem de
sua classificação, nos termos do art. 38 desta Portaria,
observado o limite de vagas disponíveis no curso e turno
para o qual se inscreveu, conforme os procedimentos e
prazos previstos no Edital SESu.
Art. 41 - O estudante pré-selecionado no processo seletivo
na modalidade Fies deverá acessar o FiesSeleção para
realizar a conclusão de sua inscrição, devendo, para
tanto, informar seu número do Cadastro de Pessoas Físicas
- CPF da SRFB e prestar todas as informações solicitadas.
Parágrafo único - Para fins do disposto no caput, o
estudante deverá conferir todas as informações e
manifestar sua concordância com as condições para o
financiamento, a qual será considerada ratificada para
todos os fins de direito com a conclusão da sua inscrição
no FiesSeleção. (grifo nosso)

Os dados da contratação são enviados pelo FNDE à CAIXA via


troca de arquivos eletrônicos, não cabendo nenhum tipo de alteração por
parte da agência. No mais, para a contratação, o estudante realiza a inscrição
no financiamento através do site do FNDE, valida as informações e emite DRI
(documento de regularidade de inscrição) na IES (Instituição de Ensino Superior)
e de posse deste documento, que habilita o estudante ao FIES, o aluno
comparece a uma agência do agente financeiro para formalizar a

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contratação.
Após concluir sua inscrição no SISFIES e validar as informações
na CPSA, o estudante comparece a uma agência da CAIXA, com o DRI válido
e a documentação exigida, para formalizar a contratação do financiamento;
Caso o estudante não formalize o contrato com o Agente
Financeiro dentro do prazo do DRI, a inscrição é cancelada e o estudante
perde o direito ao FIES, exceto quando da existência de erros ou de óbices
operacionais por parte da IES, da CPSA, da CAIXA e/ou dos gestores do FIES,
que resultem na perda do prazo.
Os artigos a seguir transpostos da portaria acima citada versam
sobre a questão posta:

Seção IV
Da inscrição, classificação e pré-seleção nos processos
seletivos do Fies e do P-Fies

Art. 37. As inscrições para participação no processo


seletivo do Fies e do P-Fies serão efetuadas exclusivamente
pela internet, em endereço eletrônico, e em período a ser
especificado no Edital SESu, devendo o estudante,
cumulativamente, atendar as condições de obtenção de
média aritmética das notas no Enem e de renda familiar
mensal bruta per capita a serem definidas na Portaria
Normativa do MEC a cada processo seletivo.
§ 1º Compete exclusivamente ao estudante certificar-se de
que cumpre os requisitos estabelecidos para concorrer no
processo seletivo de que trata o caput, observadas as
vedações previstas no § 4º do art. 29 desta Portaria.
§ 2º A participação do estudante no processo seletivo de
que trata esta Portaria independe de sua aprovação em
processo seletivo próprio da instituição para a qual pleiteia
uma vaga.

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§ 3º A oferta de curso para inscrição na modalidade Fies
não assegura existência de disponibilidade orçamentária
ou financeira para o seu financiamento, a qual somente se
configurará por ocasião da conclusão da inscrição do
estudante.
§ 4º A inscrição para financiamento na modalidade P-Fies
está condicionada à disponibilidade orçamentária e
financeira das fontes de recursos utilizadas de que trata o
art. 15-J da Lei nº 10.260, de 2001.
Art. 38. Encerrado o período de inscrição, os estudantes
serão classificados em ordem decrescente de acordo com
as notas obtidas no Enem, na opção de vaga para a qual
se inscreveram, na sequência a ser especificada em
Portaria Normativa a cada processo seletivo, nos termos do
art. 1º, § 6º, da Lei nº 10.260, de 2001.
§ 1º A nota de que trata o caput considerará a média
aritmética das notas obtidas nas provas do Enem em cuja
edição o candidato tenha obtido a maior média.
§ 2º No caso de notas idênticas, calculadas segundo o
disposto no § 1º deste artigo, o desempate entre os
candidatos será determinado de acordo com a ordem de
critérios a ser especificada na Portaria Normativa do MEC.
Art. 39. O estudante será pré-selecionado na ordem de sua
classificação, nos termos do art. 38 desta Portaria,
observado o limite de vagas disponíveis no curso e turno
para o qual se inscreveu, conforme os procedimentos e
prazos previstos no Edital SESu.
Parágrafo único. A pré-seleção do estudante assegura
apenas a expectativa de direito à vaga para a qual se
inscreveu no processo seletivo do Fies e do P-Fies, estando
a contratação do financiamento condicionada à
conclusão da inscrição no FiesSeleção no caso da
modalidade Fies, à pré-aprovação de algum agente

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financeiro operador de crédito na modalidade P-Fies e, em
ambas modalidades, ao cumprimento das demais regras e
procedimentos constantes desta Portaria e da Portaria
Normativa que regulamenta cada processo seletivo.

Cabe ressaltar, ainda, que o FIES não é um serviço bancário,


mas sim um programa de governo, custeado inteiramente com recursos da
União, portanto, não é regido pelo Código de Defesa do Consumidor.

2.6 DA IRREVERSIBILIDADE DA DECISÃO

Ademais, a regra posta no § 3º do artigo 300 do CPC, prevendo


que "a tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão", inviabiliza a tutela de
urgência, uma vez que, se ao final do processo a ação vier a ser julgada
improcedente (o que fatalmente ocorrerá), a parte autora/agravada
dificilmente terá condições de repor os valores gastos na concessão da
medida.
Logo, na prática, a tutela de urgência mostra-se irreversível, o
que é outro fator impeditivo à sua concessão.
Por todo o exposto, no caso em exame não se fazem presentes
os requisitos previstos no artigo 300 do CPC, uma vez que não há “elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao
resultado útil do processo”, além de verificar-se a irreversibilidade da medida.
Logo, de rigor a reforma da r. decisão recorrida, para o fim de
afastar-se a tutela de urgência deferida.

3. DO(S) REQUERIMENTO(S)

Ante o exposto, requer esta Empresa Pública seja conhecido e


provido o presente AGRAVO INTERNO, reformando-se a r. decisão recorrida

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para revogar a tutela de urgência deferida.

Termos em que,
pede deferimento.

Brasília/DF, 22 de maio de 2023.

FABRÍCIO DOS REIS BRANDAO


OAB/PA 11.471
OAB/DF 56.450

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