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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPV B 12023


Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Sessão: 02 - Dia 31/01/2023 - 08:00 às 09:50
Professor: ALEX ASSIS DE MENDONÇA

02 Tema: Previdência Privada Fechada e Aberta: regras constitucionais e as principais previsões da


LC 109/2001.

1ª QUESTÃO:
Diante de difícil situação financeira e atuarial de determinado Fundo de Pensão, seus administradores
apresentaram um plano de recuperação que prevê o auxílio financeiro da União, com um aporte
substancial de recursos para garantir o equilíbrio do sistema e a regularidade do pagamento das
complementações de aposentadorias a milhares de beneficiários. Pergunta-se: seria possível à União,
mediante previsão legal, subsidiar a recuperação do Fundo de Pensão?

RESPOSTA:
Não. A Constituição veda esse tipo de subsídio a sistema de previdência privada no art. 202, §3°.
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma
em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas
que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e
outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma,
sua contribuição normal poderá exceder a do segurado

2ª QUESTÃO:
Um beneficiário da Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social (REFER), que concede
benefícios complementares a empregados da RFFSA, recorre da decisão do juiz de Direito que
declinou da competência para julgar ação proposta em face da Fundação, sob argumento de que
haveria interesse da União, nos termos do art. 109, I, da Constituição. Intimada, a União alega que a
demanda envolve apenas interesses entre particulares. Como deve o tribunal decidir o recurso?

RESPOSTA:
REsp 1187776 / MG
RECURSO ESPECIAL
2010/0056171-7
Relator(a)
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO (1144)
Órgão Julgador
S2 - SEGUNDA SEÇÃO
Data do Julgamento
11/12/2013
Data da Publicação/Fonte
DJe 03/02/2014
RSSTJ vol. 44 p. 15
Ementa
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. JULGAMENTO NOS MOLDES DO ART. 543-C DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. RESTITUIÇÃO DE
CONTRIBUIÇÕES. FUNDAÇÃO REDE FERROVIÁRIA DE SEGURIDADE SOCIAL -
REFER. ENTIDADE FECHADA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA INSTITUÍDA POR
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
PRECEDENTES.
1. Para efeitos do art. 543-C do Código de Processo Civil: A
competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto

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obrigações decorrentes dos contratos de planos de previdência
privada firmados com a Fundação Rede Ferroviária de Seguridade
Social (REFER) é da Justiça Estadual.
2. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

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Turma: CPV B 12023


Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Sessão: 03 - Dia 31/01/2023 - 10:10 às 12:00
Professor: ALEX ASSIS DE MENDONÇA

03 Tema: A estrutura previdenciária pública no Brasil. Regime Geral de Previdência Social (RGPS):
conceito e riscos sociais protegidos; previsão constitucional no art. 201, da CRFB. Competência
da Justiça para julgar ações de interesse do INSS.

1ª QUESTÃO:
O Município de Cipoal de Fora impetrou mandado de segurança contra ato do Delegado Regional da
Secretaria de Receita Federal do Brasil e requereu liminar para suspender a exigibilidade do suposto
crédito tributário, com todos os consectários legais, advindos da aplicação do art. 40, § 13 da
Constituição Federal aos servidores celetistas que, até então, vinham contribuindo para o fundo de
previdência do município e, a partir da referida norma, vincularam-se, no entendimento estatal, ao
INSS. Decida a questão.

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RESPOSTA:
A redação do aludido dispositivo é bastante clara, e por isso toda pessoa que ocupe exclusivamente
cargo em comissão, cargo temporário ou emprego público é, necessariamente, vinculado ao RGPS, na
condição de segurado empregado. Ademais, O STF não vislumbrou qualquer inconstitucionalidade
neste dispositivo (Adin 2024/DF, Rel Min. Sepúlveda Pertence), chegando mesmo a afirmar que, por
se tratar de norma geral em matéria previdenciária, poderia até ser tratada por lei federal.
EMENTA: I. Ação direta de inconstitucionalidade: seu cabimento - sedimentado na jurisprudência do
Tribunal - para questionar a compatibilidade de emenda constitucional com os limites formais ou
materiais impostos pela Constituição ao poder constituinte derivado: precedentes. II. Previdência
social (CF, art. 40, § 13, cf. EC 20/98): submissão dos ocupantes exclusivamente de cargos em
comissão, assim como os de outro cargo temporário ou de emprego público ao regime geral da
previdência social: argüição de inconstitucionalidade do preceito por tendente a abolir a "forma
federativa do Estado" (CF, art. 60, § 4º, I): improcedência. 1. A "forma federativa de Estado" -
elevado a princípio intangível por todas as Constituições da República - não pode ser conceituada a
partir de um modelo ideal e apriorístico de Federação, mas, sim, daquele que o constituinte originário
concretamente adotou e, como o adotou, erigiu em limite material imposto às futuras emendas à
Constituição; de resto as limitações materiais ao poder constituinte de reforma, que o art. 60, § 4º, da
Lei Fundamental enumera, não significam a intangibilidade literal da respectiva disciplina na
Constituição originária, mas apenas a proteção do núcleo essencial dos princípios e institutos cuja
preservação nelas se protege. 2. À vista do modelo ainda acentuadamente centralizado do federalismo
adotado pela versão originária da Constituição de 1988, o preceito questionado da EC 20/98 nem
tende a aboli-lo, nem sequer a afetá-lo. 3. Já assentou o Tribunal (MS 23047-MC, Pertence), que no
novo art. 40 e seus parágrafos da Constituição (cf. EC 20/98), nela, pouco inovou "sob a perspectiva
da Federação, a explicitação de que aos servidores efetivos dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, "é assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial", assim como as normas relativas às respectivas
aposentadorias e pensões, objeto dos seus numerosos parágrafos: afinal, toda a disciplina
constitucional originária do regime dos servidores públicos - inclusive a do seu regime previdenciário
- já abrangia os três níveis da organização federativa, impondo-se à observância de todas as unidades
federadas, ainda quando - com base no art. 149, parág. único - que a proposta não altera - organizem
sistema previdenciário próprio para os seus servidores": análise da evolução do tema, do texto
constitucional de 1988, passando pela EC 3/93, até a recente reforma previdenciária. 4. A matéria da
disposição discutida é previdenciária e, por sua natureza, comporta norma geral de âmbito nacional de
validade, que à União se facultava editar, sem prejuízo da legislação estadualsuplementarou p

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lena, na falta de lei federal (CF 88, arts. 24, XII, e 40, § 2º): se já o podia ter feito a lei federal, com
base nos preceitos recordados do texto constitucional originário, obviamente não afeta ou, menos
ainda, tende a abolir a autonomia dos Estados-membros que assim agora tenha prescrito diretamente a
norma constitucional sobrevinda. 5. É da jurisprudência do Supremo Tribunal que o princípio da
imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) - ainda que se discuta a sua aplicabilidade a outros
tributos, que não os impostos - não pode ser invocado na hipótese de contribuições previdenciárias. 6.
A auto-aplicabilidade do novo art. 40, § 13 é questão estranha à constitucionalidade do preceito e,
portanto, ao âmbito próprio da ação direta.

2ª QUESTÃO:
José Alves, que percebe auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença) decorrente de acidente
do trabalho, tem seu benefício suspenso pelo INSS, sem prévio aviso, tendo somente recebido uma
singela carta após a suspensão, explicitando que a autarquia previdenciária considera sua prestação
ilegal, em decorrência de fraude. Irresignado, José, por meio de seu advogado, vem a impetrar
mandado de segurança contra o ato do Chefe da Agência do INSS responsável pela suspensão.
Ingressa com o feito perante o Juízo Estadual. O INSS, preliminarmente, pede o reconhecimento da
incompetência absoluta do juízo. Decida a respeito da questão.

RESPOSTA:
Ver ementa e fundamentação do acórdão do STJ: CC nº 18.239/RS, Relator Ministro Vicente Leal.
Sobre a necessidade de defesa prévia do segurado, ver art. 11 da Lei n° 10.666/03 e TRF - 2ª R. -
SÚMULA Nº 46 - A SUSPEITA DE FRAUDE NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO NÃO AUTORIZA, DE IMEDIATO, A SUA SUSPENSÃO OU
CANCELAMENTO, SENDO INDISPENSÁVEL A APURAÇÃO DOS FATOS MEDIANTE
PROCESSO ADMINISTRATIVO REGULAR, ASSEGURADOS O CONTRADITÓRIO E A
AMPLA DEFESA.

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