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CPIV
1º PERÍODO 2023
TEMAS
04 Intervenção do Estado no domínio econômico II. Agência Reguladora. Fonte normativa. Natureza
jurídica. Função. Regime jurídico dos servidores. Poder normativo. Lei nº 13.848/2019.
1ª QUESTÃO:
O Município X fez editar uma Lei que veda o uso de carros particulares para o transporte
remunerado individual de pessoas, mediante a utilização de plataformas digitais, tais como os
aplicativos.
Paralelamente, o mesmo ente federativo fez editar norma que admitiu o deferimento de autorização
para o serviço de taxi na localidade, mediante requisitos objetivos e razoáveis, sem a realização de
licitação, bem como a transferência inter vivos, mediante alienação, e causa mortis das respectivas
outorgas.
Tais normas foram questionadas, pelas vias pertinentes, de forma autônoma, sob o fundamento de
violação ao disposto no art. 175, da CRFB/88, que exige a realização de licitação para a concessão
e permissão de serviços públicos.
Diante dessa situação hipotética, esclareça se as atividades em questão são serviços públicos, para
fins de enfrentamento da constitucionalidade de cada uma delas, à luz da orientação do C. STF.
RESPOSTA:
Letra A)
Com relação aos serviços de transporte individual pela utilização de plataformas digitais:
STF ADPF 449/DF; Relator(a): Min. LUIZ FUX; Julgamento: 08/05/2019; Publicação:
02/09/2019; Órgão julgador: Tribunal Pleno
Ementa
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E REGULATÓRIO.
PROIBIÇÃO DO LIVRE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE DE TRANSPORTE INDIVIDUAL DE
PASSAGEIROS. INCONSTITUCIONALIDADE. ESTATUTO CONSTITUCIONAL DAS
LIBERDADES. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA LIVRE INICIATIVA E DO VALOR
SOCIAL DO TRABALHO (ART. 1º, IV), DA LIBERDADE PROFISSIONAL (ART. 5º, XIII),
DA LIVRE CONCORRÊNCIA (ART. 170, CAPUT), DA DEFESA DO CONSUMIDOR (ART.
170, V) E DA BUSCA PELO PLENO EMPREGO (ART. 170, VIII). IMPOSSIBILIDADE DE
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ESTABELECIMENTO DE RESTRIÇÕES DE ENTRADA EM MERCADOS. MEDIDA
DESPROPORCIONAL. NECESSIDADE DE REVISÃO JUDICIAL. MECANISMOS DE
FREIOS E CONTRAPESOS. ADPF JULGADA PROCEDENTE. 1. A Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental é cabível em face de lei municipal, adotando-se como
parâmetro de controle preceito fundamental contido na Carta da República, ainda que também
cabível em tese o controle à luz da Constituição Estadual perante o Tribunal de Justiça competente.
2. A procuração sem poderes específicos para ajuizar a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental pode ser regularizada no curso do processo, mercê da instrumentalidade do Direito
Processual. 3. A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental não carece de interesse de
agir em razão da revogação da norma objeto de controle, máxime ante a necessidade de fixar o
regime aplicável às relações jurídicas estabelecidas durante a vigência da lei, bem como no que diz
respeito a leis de idêntico teor aprovadas em outros Municípios. Precedentes: ADI 3306, Relator(a):
Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 17/03/2011; ADI 2418, Relator(a): Min.
TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 04/05/2016; ADI 951 ED, Relator(a): Min.
ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 27/10/2016; ADI 4426, Relator(a): Min. DIAS
TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2011; ADI 5287, Relator(a): Min. LUIZ FUX,
Tribunal Pleno, julgado em 18/05/2016. 4. A União possui competência privativa para legislar sobre
"diretrizes da política nacional de transportes", "trânsito e transporte" e "condições para o exercício
de profissões" (art. 22, IX, XI e XVI, da CRFB), sendo vedado tanto a Municípios dispor sobre esses
temas quanto à lei ordinária federal promover a sua delegação legislativa para entes federativos
menores, considerando que o art. 22, parágrafo único, da Constituição faculta à Lei complementar
autorizar apenas os Estados a legislar sobre questões específicas das referidas matérias. Precedentes:
ADI 3136, Relator(a): Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2006, DJ
10/11/2006; ADI 2.606, Rel. Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ de 07/02/2003; ADI 3.135,
Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJ de 08/09/2006; e ADI 3.679, Rel. Min. Sepúlveda
Pertence, Tribunal Pleno, DJ de 03/08/2007; ARE 639496 RG, Relator(a): Min. Cezar Peluso,
julgado em 16/06/2011; ADI 3049, Relator(a): Min. Cezar Peluso, Tribunal Pleno, julgado em
04/06/2007. 5. O motorista particular, em sua atividade laboral, é protegido pela liberdade
fundamental insculpida no art. 5º, XIII, da Carta Magna,submetendo-se apenas à regulação
proporcionalmente definida em lei federal, pelo que o art. 3º, VIII, da Lei Federal n.º 12.965/2014
(Marco Civil da Internet) e a Lei Federal n.º 12.587/2012, alterada pela Lei n.º 13.640 de 26 de
março de 2018, garantem a operação de serviços remunerados de transporte de passageiros por
aplicativos. 6. A liberdade de iniciativa garantida pelos artigos 1º, IV, e 170 da Constituição
brasileira consubstancia cláusula de proteção destacada no ordenamento pátrio como fundamento
da República e é característica de seleto grupo das Constituições ao redor do mundo, por isso que
não pode ser amesquinhada para afastar ou restringir injustificadamente o controle judicial de atos
normativos que afrontem liberdades econômicas básicas. 7. O constitucionalismo moderno se
fundamenta na necessidade de restrição do poder estatal sobre o funcionamento da economia de
mercado, sobrepondo-se o Rule of Law às iniciativas autoritárias destinadas a concentrar privilégios,
impor o monopólio de meios de produção ou estabelecer salários, preços e padrões arbitrários de
qualidade, por gerarem ambiente hostil à competição, à inovação, ao progresso e à distribuição de
riquezas. Literatura: ACEMOGLU, Daron; ROBINSON, James. Por que as nações fracassam - As
origens do poder, das prosperidade e da pobreza. Trad. Cristiana Serra. 1ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2012. 8. A teoria da escolha pública (public choice) vaticina que o processo politico por
meio do qual regulações são editadas é frequentemente capturado por grupos de poder interessados
em obter, por essa via, proveitos superiores ao que seria possível em um ambiente de livre
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competição, porquanto um recurso político comumente desejado por esses grupos é o poder estatal
de controle de entrada de novos competidores em um dado mercado, a fim de concentrar benefícios
em prol de poucos e dispersar prejuízos por toda a sociedade. Literatura: STIGLER, George. "The
theory of economic regulation". in: The Bell Journal of Economics and Management Science, Vol.
2, No. 1 (Spring,1971). 9. O exercício de atividades econômicas e profissionais por particulares deve
ser protegido da coerção arbitrária por parte do Estado, competindo ao Judiciário, à luz do sistema
de freios e contrapesos estabelecidos na Constituição brasileira, invalidar atos normativos que
estabeleçam restrições desproporcionais à livre iniciativa e à liberdade profissional. Jurisprudência:
RE nº 414426 Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2011; RE
511961, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 17/06/2009. 10. O
sistema constitucional de proteção de liberdades goza de prevalência prima facie, devendo eventuais
restrições ser informadas por um parâmetro constitucionalmente legítimo e adequar-se ao teste da
proporcionalidade, exigindo-se ônus de justificação regulatória baseado em elementos empíricos
que demonstrem o atendimento dos requisitos para a intervenção. 11. A norma que proíbe o "uso de
carros particulares cadastrados ou não em aplicativos, para o transporte remunerado individual de
pessoas" configura limitação desproporcional às liberdades de iniciativa (art. 1º, IV, e 170 da CRFB)
e de profissão (art. 5º, XIII, da CRFB), a qual provoca restrição oligopolística domercado em
benefício de certo grupo e em detrimento da coletividade. Ademais, a análise empírica demonstra
que os serviços de transporte privado por meio de aplicativos não diminuíram o mercado de atuação
dos táxis. 12. O arcabouço regulatório dos táxis no Brasil se baseia na concessão de títulos de
permissão a um grupo limitado de indivíduos, os quais se beneficiam de uma renda extraordinária
pela restrição artificial do mercado, de modo que o ativo concedido não corresponde a qualquer
benefício gerado à sociedade, mas tão somente ao cenário antinatural de escassez decorrente da
limitação governamental, sendo correto afirmar que os princípios constitucionais da igualdade (art.
5º, caput), da livre iniciativa (artigos 1º, IV, e 170) e da livre concorrência (art. 173, § 4º) vedam ao
Estado impedir a entrada de novos agentes no mercado para preservar a renda de agentes
tradicionais. Jurisprudência: ADI 5062, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em
27/10/2016. 13. A proibição legal do livre exercício da profissão de transporte individual
remunerado afronta o princípio da busca pelo pleno emprego, insculpido no art. 170, VIII, da
Constituição, pois impede a abertura do mercado a novos entrantes, eventualmente interessados em
migrar para a atividade como consectário da crise econômica, para promover indevidamente a
manutenção do valor de permissões de táxi. 14. A captura regulatória, uma vez evidenciada, legitima
o Judiciário a rever a medida suspeita, como instituição estruturada para decidir com independência
em relação a pressões políticas, a fim de evitar que a democracia se torne um regime serviente a
privilégios de grupos organizados, restando incólume a Separação dos Poderes ante a atuação dos
freios e contrapesos para anular atos arbitrários do Executivo e do Legislativo. 15. A literatura do
tema assenta que, verbis: "não há teoria ou conjunto de evidências aceitos que atribuam benefícios
sociais à regulação que limite a entrada e a competição de preços" (POSNER, Richard A. "The
Social Costs of Monopoly and Regulation". In: The Journal of Political Economy, Vol. 83, No. 4
(Aug., 1975), pp. 807-828). Em idêntico prisma: SHLEIFER, Andrei. The Enforcement Theory of
Regulation. In: The Failure of Judges and the Rise of Regulators. Cambridge: The MIT Press, 2012.
p. 18; GELLHORN, Walter. "The Abuse of Occupational Licensing". In: 44 U. Chi. L. Rev. 6 1976-
1977. 16. A evolução tecnológica é capaz de superar problemas econômicos que tradicionalmente
justificaram intervenções regulatórias, sendo exemplo a sensível redução de custos de transação e
assimetria de informação por aplicativos de transporte individual privado, tornando despicienda a
padronização dos serviços de táxi pelo poder público. Literatura: MACKAAY, Ejan. Law and
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Economics for Civil Law Systems. Cheltenham: Edward Elgar, 2013. 17. Os benefícios gerados aos
consumidores pela atuação de aplicativos de transporte individual de passageiros são documentados
na literatura especializada, que aponta, mediante métodos de pesquisa empírica, expressivo
excedente do consumidor (consumer surplus), consistente na diferença entre o benefício marginal
na aquisição de um bem ou serviço e o valor efetivamente pago por ele, apartir da interação entre a
curva de demanda e o preço de mercado, por isso que a proibição da operação desses serviços
alcança efeito inverso ao objetivo de defesa do consumidor imposto pelos artigos 5º, XXXII, e 170,
V, da Constituição. 18. A Constituição impõe ao regulador, mesmo na tarefa de ordenação das
cidades, a opção pela medida que não exerça restrições injustificáveis às liberdades fundamentais
de iniciativa e de exercício profissional (art. 1º, IV, e 170; art. 5º, XIII, CRFB), sendo inequívoco
que a necessidade de aperfeiçoar o uso das vias públicas não autoriza a criação de um oligopólio
prejudicial a consumidores e potenciais prestadores de serviço no setor, notadamente quando há
alternativas conhecidas para o atingimento da mesma finalidade e à vista de evidências empíricas
sobre os benefícios gerados à fluidez do trânsito por aplicativos de transporte, tornando patente que
a norma proibitiva nega "ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente", em contrariedade ao
mandamento contido no art. 144, § 10, I, da Constituição, incluído pela Emenda Constitucional nº
82/2014. 19. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental julgada procedente para
declarar inconstitucional a Lei Municipal de Fortaleza nº 10.553/2016, por ofensa aos artigos 1º, IV;
5º, caput, XIII e XXXII; 22, IX, XI e XVI; 144, § 10, I; 170, caput, IV, V e VIII; e 173, § 4º, todos
da Carta Magna.
STF - RE 1054110; Repercussão Geral - Mérito; Órgão julgador: Tribunal Pleno; Relator(a): Min.
ROBERTO BARROSO; Julgamento: 09/05/2019; Publicação: 06/09/2019
Letra B)
STF - RE 967479 AgR / RJ; Relator(a): Min. EDSON FACHIN; Órgão Julgador: Segunda Turma;
DJE 07/05/2019
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL
E ADMINISTRATIVO. SERVIÇO DE TRANSPORTE INDIVIDUAL DE PASSAGEIROS.
TÁXIS. SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA. INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO.
AUSÊNCIA DE OFENSA AO ART. 175 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. DESPROVIMENTO.
1. O Plenário desta Corte, no julgamento do RE 359.444, reconheceu a desnecessidade de submissão
a procedimento licitatório para autorização da exploração da atividade de transporte individual de
passageiros. 2. In casu, o Tribunal de origem dissentiu da orientação firmada na jurisprudência desta
Corte, segundo a qual não há falar em violação ao disposto no art. 175 da Constituição Federal, uma
vez que a exploração de transporte individual de passageiros não se encaixa na modalidade de
serviço público, mas tão somente de "serviço de utilidade pública". 3. Agravo regimental a que se
nega provimento.
STF - ADI 5337 / DF; Relator(a): Min. LUIZ FUX; Julgamento: 01/03/2021; Publicação:
25/03/2021
Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. ARTIGO 12-A, §§ 1º, 2º E 3º, DA LEI 12.587/2012. POLÍTICA
NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA. EXPLORAÇÃO DE SERVIÇOS DE TÁXI.
2ª QUESTÃO:
RESPOSTA:
A) Em relação a Caio
STJ - REsp 1682992 / SE; Rel. Min. HERMAN BENJAMIN; Segunda Turma; Dje 09/10/2017
ADMINISTRATIVO. ENERGIA ELÉTRICA. COBRANÇA DE DÉBITOS PRETÉRITOS.
INTERRUPÇÃO. ILEGALIDADE. RELAÇÃO CONSUMERISTA. 1. O Superior Tribunal de
Justiça consagra entendimento no sentido da ilicitude da interrupção, pela concessionária, dos
serviços de fornecimento de energia elétrica por dívida pretérita, a título de recuperação de
consumo, em face da existência de outros meios legítimos de cobrança de débitos antigos não pagos.
1. Recurso Especial provido.
STJ - AREsp 1557116 / MG; Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES; Primeira Turma; Dje
10/12/2019
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE FORNECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO. PAGAMENTO
DO DÉBITO DE CONSUMO. OBRIGAÇÃO PESSOAL. EXISTÊNCIA DE CONTRATO DE
LOCAÇÃO NÃO INFORMADO À CONCESSIONÁRIA. RESPONSABILIDADE DO
PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL.
1. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que os débitos relativos aos serviços essenciais,
tais como água/esgoto e energia elétrica, são de natureza pessoal, ou seja, de quem efetivamente
obteve a prestação do serviço, não se caracterizando como obrigação de natureza propter rem, pois
não se vinculam à titularidade do imóvel. Precedentes: AgRg no AREsp 45.073/MG, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, Dje 15/02/2017; AgRg no AREsp 829.901/SP, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 11/05/2016AgRg no AREsp 592.870/SP,
Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 21/11/2014; AgRg no Resp 1.320.974/SP, Rel.
DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 1º PERÍODO 2023 9
Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, Dje 18/08/2014; AgRg no REsp 1.444.530/SP, Rel.
Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 16/05/2014.
2. Todavia, no caso dos autos, não obstante tenha havido contrato de locação do imóvel, não houve
a alteração da titularidade contratual perante a concessionária do serviço. Assim, considerando que
o proprietário do bem permaneceu inscrito como titular do serviço nos cadastros da concessionária,
que não foi informada da existência do contrato de locação, não há como imputar a ela a obrigação
de cobrar os custos de terceiro (locatário), que com ela sequer manteve relação contratual.
3. Por conseguinte, não há falar em ilegitimidade da recorrente, proprietária do imóvel, para figurar
na presente execução fiscal, não podendo se eximir de sua obrigação contratual perante a
concessionária de pagamento dos pelos serviços prestados, cujas faturas de consumo estão
regularmente em seu nome, sem prejuízo de eventual direito de regresso em face do inquilino.
4. Esse mesmo raciocínio já foi adotado por esta Corte ao reconhecer a ilegitimidade do locatário
para discutir perante a concessionária questões relativas a contrato de prestação de serviços, em
relação ao qual não fez parte. Precedentes: AgInt no AREsp 1.105.681/SP, Rel. Min. Gurgel de
Faria, Primeira Turma, DJe 09/10/2018; AgRg no REsp 1.185.667/RS, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, Dje 27/09/2010; REsp 1.074.412/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
Primeira Turma, DJe 11/05/2010).
5. Agravoconhecido para negar provimento ao recurso especial.
STJ - AgRg no REsp 1546899 / MG; REL. Min. OG FERNANDES; Segunda Turma; Dje
16/11/2015
ADMINISTRATIVO E CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. ENERGIA ELÉTRICA. CORTE NO
FORNECIMENTO. REALIZAÇÃO DE REPARO. SÚMULA 7/STJ.
1. O Tribunal local, registrando que a suspensão do fornecimento de energia elétrica, para
conserto, deu-se por período inferior a 24 (vinte e quatro) horas, entendeu inexistir lesão moral
ao autor. Impossível afirmar o contrário sem o reexame dos fatos e provas constantes dos autos.
Incidência da Súmula 7/STJ.
2. Agravo regimental a que se nega provimento.
C) No tocante à Mévio
STJ - AgInt no REsp 1716711 / TO; Relator(a): Ministro FRANCISCO FALCÃO; Órgão Julgador:
T2 - SEGUNDA TURMA; Data do Julgamento; 15/06/2020; Data da Publicação/Fonte
DJe 26/06/2020
Ementa
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. FORNECIMENTO DE
ENERGIA ELÉTRICA. PRESTAÇÃO INADEQUADA DO SERVIÇO. ALEGAÇÃO DE
VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO CPC/2015 (ART. 535 DO CPC/73). INEXISTÊNCIA.
PRETENSÃO DE REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO E DE REVISÃO DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS. INCIDÊNCIA DOS ENUNCIADOS N. 7 E 5 DAS SÚMULAS DO STJ.
I - Na origem, trata-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Tocantins,
que objetiva a reparação, atualização e modernização de todo o sistema de fornecimento de energia
elétrica dos municípios mencionados na inicial. Na sentença,
julgou-se procedente a ação, condenando a concessionária de energia à respectiva reparação, bem
como à indenização no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) por danos morais coletivos.
No Tribunal de Justiça Estadual, a sentença foi reformada somente para afastar a multa aplicada no
julgamento dos declaratórios contra ela opostos.
II - Sobre a alegada violação dos arts. 489 e 1.022 do CPC/2015, por suposta omissão pelo Tribunal
de origem da análise das questões apontadas,tenho que não assiste razão à recorrente.
III - Na hipótese dos autos, verifica-se a inexistência da mácula apontada, tendo em vista que, da
análise do referido questionamento em confronto com o acórdão hostilizado, não se cogita
ocorrência de omissão, contradição, obscuridade ou mesmo erro material, mas mera
tentativa de reiterar fundamento jurídico já exposto pela recorrente e devidamente afastado pelo
julgador, verbis (fls. 874 e ss.): "[.. .] O voto condutor do acórdão deixou clara a responsabilidade
da embargante, enquanto concessionária, quanto à deficiência da prestação do serviço público de
fornecimento de energia elétrica, dada a rotineira interrupção e oscilação na execução do serviço
com o acarretamento de danos que exorbitaram a normalidade que se espera. A concessionária
embargante ultrapassou os índices
Tema 02:
Serviços Públicos II. Titularidade/competência. Execução Direta. Regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões (Estatuto da Metrópole - Lei nº 13.089/2015).
Consórcios públicos (Lei nº 11.107/2005).
1ª QUESTÃO:
O Estado Beta fez editar a Lei Complementar ABC, que criou uma região metropolitana composta
da capital e mais quatro municípios limítrofes, quais sejam, W, X, Y e Z, para a integração e gestão
dos serviços de saneamento básico, com desenho institucional que garante a representatividade e
DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 1º PERÍODO 2023 18
participação de cada um dos entes federativos na execução das respectivas atividades e repartição
de eventuais benesses.
Ocorre que o Município W não concorda em ter que compulsoriamente integrar a região
metropolitana em questão, tal como decorre da Lei Complementar, de modo que seus representantes
questionam a constitucionalidade da norma estabelecida, sob o fundamento de que viola a
autonomia municipal (art. 18 CRFB/88), bem como pelo fato de que eventual gestão associada
deveria se dar por consórcio público, tal como decorre do art. 241 da CRFB/88, na forma
regulamentada pela Lei nº 11.107/2005.
Analise a viabilidade de criação da região metropolitana para a gestão dos serviços públicos em
comento, mediante o enfrentamento dos argumentos apontados pelo Município W acerca de sua
inconstitucionalidade, à luz da orientação do C. STF.
RESPOSTA:
STF - INFORMATIVO 1055 - 27 DE MAIO DE 2022; DIREITO CONSTITUCIONAL -
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO; REGIÕES METROPOLITANAS, AGLOMERAÇÕES
URBANAS E MICRORREGIÕES - DIREITO AMBIENTAL - SANEAMENTO BÁSICO
Região metropolitana: saneamento básico, poder decisório e recursos obtidos com a empreitada
comum - ADI 6573/AL e ADPF 863/AL
Resumo: É inconstitucional norma que prevê a concentração excessiva do poder decisório nas
mãos de só um dos entes públicos integrantes de região metropolitana.
A integração metropolitana de municípios visando promover melhorias das condições de
saneamento básico é compatível com a CF/1988, e a simples existência fática de isolamento ou não
integração do sistema não obsta a sua formação nos moldes da legislação de regência.
A concorrência entre o princípio do interesse comum e a autonomia municipal não deve traduzir-se
em total centralização do poder decisório metropolitano, uma vez que prevalece a tese da
competência e da titularidade conjuntas, que enseja a existência de uma estrutura colegiada
assecuratória da participação dos municípios integrantes da região metropolitana (1).
Ainda que a gestão colegiada das regiões metropolitanas não esteja obrigada a respeitar a paridade
de votos entre seus integrantes, afronta o princípio da proibição da concentração decisória todo o
desenho institucional que agrupe poderes em apenas uma de suas pessoas políticas, conferindo-lhe
o exercício do predomínio absoluto nas instâncias deliberativas e/ou executivas.
Nesse mesmo contexto, é inadmissível que a gestão e a percepção dos frutos da empreitada
metropolitana comum, incluídos os valores referentes a eventual concessão à iniciativa
privada, aproveitem a apenas um dos entes federados.
A densificação da autonomia dos entes deve ser exercida com a lógica do compartilhamento,
assegurando-se a participação de todos na gestão dos recursos, mesmo que não siga uma proporção
estrita. Ainda que a Constituição e a jurisprudência não imponham um único modelo pré-fixado, é
vedado que apenas um ente absorva a integralidade das competências e das benesses.
RESPOSTA:
STF - ACO 1289 AgR / AC - ACRE; Rel. Min. TEORI ZAVASCKI; Tribunal Pleno; DJE
09/12/2015
Ementa: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. FINANCEIRO. AGRAVO REGIMENTAL
NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. INSCRIÇÃO DE ENTE FEDERATIVO NO CADASTRO
ÚNICO DE CONVÊNIO (CAUC). OFENSA AO PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DAS
MEDIDAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. OCORRÊNCIA. PENDÊNCIA ORIUNDA DO
TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. JURISPRUDÊNCIA. PRECEDENTES. ACO 1.612-
AGR, REL. MIN. CELSO DE MELLO, PLENO, DJE DE 13/2/2015. 1. O Plenário do Supremo
Tribunal Federal uniformizou o entendimento no sentido de que o Estado só pode sofrer restrições
nos cadastros de devedores da União por atos praticados pelo Executivo. Em consequência, atos do
Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e dos entes da Administração Pública
indireta (como as autarquias e as empresas públicas) não podem gerar sanções da União contra o
Estado, diante da ausência de ingerência direta do Executivo sobre eles. (ACO 1.612-AgR, Rel.
Min. Celso de Mello, Pleno, DJe 13/2/2015). 2. Agravo regimental a que se nega provimento.
STF - ACO 1726; Relator(a): Min. EDSON FACHIN; Julgamento: 06/03/2020; Publicação:
10/03/2020
Decisão
CADASTRO ÚNICO DE CONVÊNIO (CAUC) E ALEGAÇÃO DE OFENSA AO PRINCÍPIO
DA INTRANSCENDÊNCIA DAS MEDIDAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. - O postulado da
intranscendência impede que sanções e restrições de ordem jurídica superem a dimensão
estritamente pessoal do infrator. Em virtude desse princípio, o descumprimento de obrigações
contraídas por Municípios não pode atingir os Estados-membros, projetando, sobre estes,
conseqüências jurídicas desfavoráveis e gravosas, pois o inadimplemento obrigacional - por revelar-
DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 1º PERÍODO 2023 21
se unicamente imputável aos entes municipais vinculados ao respectivo Estado - só a estes pode
afetar. (AC 2317MC-REF/MA REFERENDO NA MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO
CAUTELAR Relator(a):Min. CELSO DE MELLO, Julgamento: 29/04/2009, Órgão Julgador:
Tribunal Pleno, Publicação DJe 05.06.09). Como bem noticiado pelo autor e confirmado por meu
antecessor na apreciação da tutela de urgência desta Ação, o precedente assemelha-se à situação ora
analisada. Examinados os autos, verifico que o Estado de Minas Gerais poderia executar de forma
indireta os trabalhos necessários à consecução do Projeto de Implantação dos Consórcios
Intermunicipais de Saúde, conforme cláusula primeira do Convênio 194/95
Tema 03:
Intervenção do Estado no domínio econômico I. Estado Regulador, Estado Executor e Estado
Monopolista. Desestatização e Privatização. Descentralização legal (outorga) e negocial
(delegação). Regime jurídico da empresa prestadora de serviços públicos e da empresa que
explora atividades econômicas pelo Estado. Lei nº 13303/2016 (Aspectos Gerais)
1ª QUESTÃO:
Logo após ao advento da Constituição de 1988, foi criada a sociedade Alfa, sociedade de economia
mista com o escopo de desenvolver atividade econômica em sentido estrito, certo que a lei de
regência de tal entidade administrativa previa a possibilidade de criação de subsidiárias e não
contém exigência no sentido de que sua extinção dependa de lei específica.
Pouco tempo atrás, após o advento da Lei nº 13.303/2016, com vistas a implementar metas de
desinvestimento, a sociedade Alfa, utilizando-se da previsão autorizativa genérica de sua lei de
regência, criou uma subsidiária, a sociedade Beta, para o desempenho de parcela da sua atividade,
a fim de, posteriormente, vender o controle acionário na bolsa de valores, sem autorização legal
específica e sem licitação, nos termos do art. 29, XVIII, do aludido Diploma Legal.
No ano corrente, entendeu-se que a sociedade Alfa deveria passar a integrar o plano nacional de
desestatização, objetivando-se alienar o seu controle acionário, através de leilão, com base na
autorização genérica constante do art. 2º, da Lei nº 9.491/97, in verbis:
Diante dessa situação hipotética, responda, fundamentadamente, aos questionamentos a seguir, à luz
da orientação do E. STF.
RESPOSTA:
LETRA A)
Acerca da compreensão da desestatização, cumpre destacar as palavras de José dos Santos Carvalho
Filho, em Manual de Direito Administrativo, 33ed., São Paulo: Atlas, p. 368/369:
“ A Lei nº 9491/97, porém, passou a chamar de desestatização o que a lei anterior chamava de
privatização, de modo que o termo, além de se tornar compatível com o próprio nome do Programa,
indicou claramente que o objetivo pretendido era apenas o de afastar o Estado da posição de
executor de certas atividades e serviços. Ampliando um pouco mais o conceito da lei anterior,
dispôs a nova lei:
Art. 2º Poderão ser objeto de desestatização, nos termos desta Lei:
§ 1º Considera-se desestatização:
a) a alienação, pela União, de direitos que lhe assegurem, diretamente ou através de outras
controladas, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos
administradores da sociedade;
b) a transferência, para a iniciativa privada, da execução de serviços públicos explorados pela
União, diretamente ou através de entidades controladas, bem como daqueles de sua
responsabilidade.
c) a transferência ou outorga de direitos sobre bens móveis e imóveis da União, nos termos desta
Lei.
Esse é o sentido atual da desestatização: o Estado, depois de abraçar, por vários anos, a execução
de muitas atividades empresariais e serviços públicos, com os quais sempre teve gastos infindáveis
e pouca eficiência quanto aos resultados, resolveu imprimir nova estratégia governamental: seu
afastamento das atividades e serviços para sociedade e grupos empresarias.”
Quanto aos requisitos para alienação do controle acionário de sociedade de economia mista, vale
destacar o seguinte julgado do E. STF:
STF - ADI 5624 MC- Ref/ DF; Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI; Órgão Julgador:
Tribunal Pleno; DJE 29/11/2019
DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 1º PERÍODO 2023 23
Ementa: MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
CONCESSÃO PARCIAL MONOCRÁTICA. INTERPRETAÇÃO CONFORMEÀ
CONSTITUIÇÃO. ART. 29, CAPUT, DA LEI 13.303/2016. VENDA DE AÇÕES. ALIENAÇÃO
DO CONTROLE ACIONÁRIO DE EMPRESAS PÚBLICAS, SOCIEDADES DE ECONOMIA
MISTA OU DE SUAS SUBSIDIÁRIAS E CONTROLADAS. NECESSIDADE DE PRÉVIA
AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA E DE LICITAÇÃO. VOTO MÉDIO. MEDIDA CAUTELAR
PARCIALMENTE PELO PLENÁRIO. I - A alienação do controle acionário de empresas públicas
e sociedades de economia mista exige autorização legislativa e licitação pública. II - A transferência
do controle de subsidiárias e controladas não exige a anuência do Poder Legislativo e poderá ser
operacionalizada sem processo de licitação pública, desde que garantida a competitividade entre os
potenciais interessados e observados os princípios da administração pública constantes do art. 37 da
Constituição da República. III - Medida cautelar parcialmente referendada pelo Plenário do
Supremo Tribunal Federal.
Recentemente, o E. STF entendeu que tal autorização legislativa não precisa ser específica, sendo
cabível a alienação do controle acionário de sociedade de economia ter fundamento na autorização
genérica constante do Plano Nacional de Desestatização (Lei nº 9491/97), tal como se depreende do
julgado na ADI 6241, noticiado no informativo 1004, de fevereiro de 2021, cujo resumo e
conclusões estão citados a seguir:
RESUMO: É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia mista
ou de empresa pública em programa de desestatização.
LETRA B)
2ª QUESTÃO:
O Estado X fez editar uma Emenda à Constituição estadual que determina que os serviços de
saneamento básico e abastecimento de água, por se tratarem de serviços essenciais, deverão ser
prestados por pessoa jurídica de direito público ou por sociedade de economia mista sob o controle
acionário e administrativo do Estado ou de Município.
Já o Estado Y, que não possui tal norma constitucional específica, fez editar uma lei que criou a
Agência Reguladora - ABC, conferindo a tal entidade competência regulatória sobre o serviço de
saneamento básico, no sentido de prevenir e arbitrar, conforme a lei e os contratos, os conflitos de
interesses entre concessionários e usuários ou entre aqueles e o Poder Concedente, bem como de
definir os valores das tarifas, observados os termos e a juridicidade do contrato subjacente.
Analise, fundamentadamente, a constitucionalidade das normas editadas por cada um dos
mencionados entes federativos, à luz da orientação do E. STF.
RESPOSTA:
LETRA A) Inconstitucionalidade da Emenda Constitucional do Estado X:
ADI 4454; Órgão julgador: Tribunal Pleno; Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA; Julgamento:
05/08/2020; Dje Publicação: 25/08/2020
Ementa
Tema 04:
Intervenção do Estado no domínio econômico II. Agência Reguladora. Fonte normativa.
Natureza jurídica. Função. Regime jurídico dos servidores. Poder normativo. Lei nº
13.848/2019.
1ª QUESTÃO:
No regular exercício da fiscalização inerente ao poder de polícia outorgado pela Lei de Regência, a
Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL - constatou a prática de ilícitos por parte das
sociedades Alfa e Beta, que atuam no respectivo setor regulado.
Quanto à sociedade Alfa, foi verificada a violação de norma constante de uma de suas Resoluções
acerca da prestação de serviços, a ensejar a aplicação de multa. Já com relação à sociedade Beta,
observou-se o cometimento de crime e a necessidade de busca e apreensão dos bens utilizados para
tal finalidade, no âmbito de sua competência, que seria pertinente no caso.
Acerca das referidas situações, vale transcrever o disposto no art. 19, IV, X e XV, da Lei nº 9.472/97:
Art. 19. À Agência compete adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público
e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, atuando com independência,
imparcialidade, legalidade, impessoalidade e publicidade, e especialmente:
IV - expedir normas quanto à outorga, prestação e fruição dos serviços de telecomunicações no
regime público;
DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 1º PERÍODO 2023 27
X - expedir normas sobre prestação de serviços de telecomunicações no regime privado;
XV - realizar busca e apreensão de bens no âmbito de sua competência;
RESPOSTA:
LADI 1668 / DF - DISTRITO FEDERAL; Relator(a): Min. EDSON FACHIN
Julgamento: 01/03/2021; Publicação: 23/03/2021; Órgão julgador: Tribunal Pleno
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-055 DIVULG 22-03-2021 PUBLIC 23-03-2021
Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI GERAL DE
TELECOMUNICAÇÕES. LEI 9.472/1997. CRIAÇÃO DE ÓRGÃO REGULADOR.
INDEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA. SUPERVISÃO MINISTERIAL. NÃO
CONHECIMENTO. COMPETÊNCIAS ANATEL. DELEGAÇÃO LEGISLATIVA AO PODER
EXECUTIVO NÃO VERIFICADA. PODER NORMATIVO DAS AGÊNCIAS
REGULATÓRIAS. SUBMISSÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. COMPETÊNCIA
PARA REALIZAÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO PELO ÓRGÃO REGULADOR.
IMPOSSIBILIDADE. LICITAÇÃO. OBEDIÊNCIA À COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA
UNIÃO. ESTABELECIMENTO DE PREGÃO E CONSULTA COMO MODALIDADE
LICITATÓRIA. POSSIBILIDADE. OUTORGA DE SERVIÇOS MEDIANTE CONCESSÃO,
PERMISSÃO OU AUTORIZAÇÃO. GLOSA AO PROCEDIMENTO SIMPLIFICADO
PREVISTO PARA A PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. POSSIBILIDADE DE REGRAS
ESPECÍFICAS PREVISTAS EM LEI PARA O SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES. REGIME
JURÍDICO DOS SERVIÇOS. CONCOMITÂNCIA ENTRE REGIMES PÚBLICO E PRIVADO.
AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL. PREVISÃO DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
POR MEIO DE AUTORIZAÇÃO. AÇÃO DIRETA CONHECIDA EM PARTE E, NA PARTE
CONHECIDA, JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. Por ocasião da apreciação do
pedido de medida cautelar, por votação unânime, o Plenário não conheceu da ação direta, quanto
aos arts. 8º e 9º, da Lei nº 9.472/1997. 2. A competência atribuída ao Chefe do Poder Executivo,
para expedir decreto em ordem a instituir ou eliminar a prestação do serviço em regime público, em
concomitância ou não com a prestação no regime privado, aprovar o plano geral de outorgas do
serviço em regime público e aprovar o plano de metas de universalização do serviço prestado em
regime público está em consonância com o poder regulamentar previsto no art. 84, IV, parte final,
da Constituição Federal. 3. O poder de expedir normas quanto à outorga, prestação e fruição
dos serviços de telecomunicações no regime público e no regime privado é imanente à
atividade regulatória da agência, a quem compete, no âmbito de sua atuação e nos limites do
DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 1º PERÍODO 2023 28
arcabouço normativo sobre o tema, disciplinar aprestação dos serviços. Interpretação
conforme à Constituição para fixar o entendimento de que a competência da Agência Nacional
de Telecomunicações para expedir tais normas subordina-se aos preceitos legais e
regulamentares que regem matéria.4. A busca e posterior apreensão, efetuada sem ordem
judicial, com base apenas no poder de polícia de que é investida a agência, mostra-se
inconstitucional diante da violação ao disposto no princípio da inviolabilidade de domicílio, à
luz do art. 5º, XI, da Constituição Federal. 5. A competência atribuída ao Conselho Diretor da
ANATEL para editar normas próprias de licitação e contratação deve observar o arcabouço
normativo atinente às licitações e contratos. Interpretação conforme à Constituição, no ponto, em
observância ao princípio da legalidade. 6. Diante da especificidade dos serviços de
telecomunicações, é válida a criação de novas modalidades licitatórias por lei de mesma hierarquia
da lei geral de licitações. Contudo, sua disciplina deve ser feita por meio de lei, e não de atos
infralegais, em obediência aos artigos 21, XI, e 22, XXVII do texto constitucional. 7. A possibilidade
de concomitância de regimes público e privado de prestação do serviço, assim como a definição das
modalidades do serviço são questões estritamente técnicas, da alçada da agência, a quem cabe o
estabelecimento das bases normativas de cada matéria relacionada à execução, à definição e ao
estabelecimento das regras peculiares a cada serviço. Assim, a atribuição à agência da competência
para definir os serviços não desborda dos limites de seu poder regulatório. 8. Não viola a
competência legislativa da União lei federal que disciplina licitações no âmbito de Agência
reguladora. Ademais, o legislador atende ao comando do art. 21, XI, da Constituição Federal, ao
editar normas específicas atinentes à organização do serviço de telecomunicações. 9. Ação direta
conhecida em parte, e, na parte conhecida, julgada parcialmente procedente.
STF INFORMATIVO 1007/2021 - 5 de março de 2021
DIREITO ADMINISTRATIVO - AGÊNCIAS REGULADORAS
Serviços de telecomunicações:criação da ANATEL e competências do órgão regulador - ADI
1668/DF
Resumo: A competência atribuída ao chefe do Poder Executivo para expedir decreto em ordem a
instituir ou eliminar a prestação do serviço em regime público, em concomitância ou não com a
prestação no regime privado, aprovar o plano geral de outorgas do serviço em regime público e o
plano de metas de universalização do serviço prestado em regime público está em perfeita
consonância com o poder regulamentar previsto no art. 84, IV, parte final, e VI, da Constituição
Federal (CF). O art. 18, I, II e III da Lei 9.472/1997 (1) é compatível com os arts. 21, XI, e 48, XII,
da Constituição Federal (CF) (2).
De fato, as medidas previstas no art. 18 são atinentes à execução da política de telecomunicações
definidas no corpo da Lei 9.472/1997 e estão condicionadas por várias normas desse diploma.
O caput do art. 18 da Lei 9.472/1997 observa, portanto, esses dispositivos constitucionais, que
atribuem ao Presidente da República a competência para expedir decretos e regulamentos destinados
à fiel execução de lei, e a ele outorgam o poder de dispor, mediante decreto, sobre a organização e
funcionamento da administração federal.
2ª QUESTÃO:
Sociedade Servitios é uma concessionária de transporte interestadual e, diante de cometimento de
infração ao respectivo contrato de delegação, foi multada pela Agência Nacional de Transportes
Terrestres - ANTT, após procedimento simplificado, cujo trâmite está estabelecido em Resolução
da Agência, editada com respaldo em sua competência normativa, delineada na Lei nº 10.233/2001.
Inconformada, Servitios ajuizou ação anulatória da mencionada penalidade, sob o fundamento de
que o procedimento simplificado em questão não prevê a oportunidade de a interessada apresentar
alegações finais, direito consagrado no art. 2º, parágrafo único, X, c/c art. 38, da Lei nº 9.784/99,
que não lhe foi assegurado pela Agência, a violar, portanto, o princípio da legalidade, bem como o
da ampla defesa e do contraditório.
Analise se os argumentos da demandante merecem acolhida, mediante o enfrentamento da validade
do poder normativo das agências reguladoras, à luz da orientação do C. STJ.
RESPOSTA:
STJ - AgInt no AgInt no REsp 1879659 / PR; Relator(a): Ministra ASSUSETE MAGALHÃES;
Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA; Data do Julgamento: 09/08/2021; Data da Publicação/Fonte:
DJe 16/08/2021
Ementa
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AGÊNCIA
NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES - ANTT. PROCESSO ADMINISTRATIVO
SIMPLIFICADO. RESOLUÇÃO ANTT 442/2004. NÃO OPORTUNIZAÇÃO DE
APRESENTAÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. APLICAÇÃO
DA LEI 9.784/99 APENAS SUBSIDIARIAMENTE AOS PROCESSOS REGULADOS POR
NORMA ESPECÍFICA. NULIDADE DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO AFASTADA.
AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
I. Agravo interno aviado contra decisão que julgara Recurso Especial interposto contra acórdão
publicado na vigência do CPC/2015. II. Trata-se, na origem, de ação anulatória, proposta por Rumo
Malha Sul S/A. em face da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, objetivando a
declaração de nulidade dos atos administrativos praticados no curso do processo administrativo
50520.006003-06 que decorreu do Auto de Infração lavrado pela Agência reguladora, em face de
alegado descumprimento de cláusula de contrato de concessão, bem como da multa aplicada no
aludido processo administrativo. O Tribunal de origem manteve a sentença que julgou parcialmente
procedente a ação, para reconhecer a nulidade do referido processo administrativo, a partir do
momento em que deveria ter sido oportunizada à concessionária a apresentação de alegações finais.
STJ - AgInt no REsp 1875014 / PR; Relator(a): Ministra REGINA HELENA COSTA; Órgão
Julgador: PRIMEIRA TURMA; Data do Julgamento: 14/06/2021: Data da Publicação/Fonte
DJe 16/06/2021
Ementa
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. DIREITO ADMINISTRATIVO.
APLICAÇÃO DE MULTA ADMINISTRATIVA. INFRAÇÃO À RESOLUÇÃO. EXERCÍCIO
DO PODER NORMATIVO CONFERIDO ÀS AGÊNCIAS REGULADORAS. CONTROLE DE
LEGALIDADE. ANTT. PROCESSO ADMINISTRATIVO SIMPLIFICADO. ALEGAÇÕES
FINAIS. PREVISÃO. AUSÊNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO
STJ - AgInt no REsp 1884482 / PR; Relator(a): Ministro GURGEL DE FARIA; Órgão Julgador:
PRIMEIRA TURMA; Data do Julgamento: 08/02/2021; Data da Publicação/Fonte: DJe 17/02/2021
Ementa
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRARTIVO. ANTT. PROCESSO ADMINISTRATIVO
SIMPLIFICADO. ALEGAÇÕES FINAIS. PREVISÃO. AUSÊNCIA. NULIDADE.
INOCORRÊNCIA.
1. Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, "aos recursos interpostos com fundamento no
CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidosos
requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC" (Enunciado Administrativo n. 3).
2. A Lei n. 9.784/1999 se aplica de forma subsidiária aos processos administrativos em geral, na
hipótese de haver lacuna normativa.
3. A falta de previsão na Resolução ANTT n. 442/2004 para oferecimento de alegações finais não
acarreta omissão normativa, mas simplificação do processo administrativo, razão pela qual não há
cerceamento de defesa em sua não oportunização.
Tema 05:
Concessão de Serviços Públicos. Fontes normativas constitucional e infraconstitucional.
Modalidades de concessão. Natureza jurídica. Política tarifária, fiscalização e encargos do
concedente. Responsabilidade e encargos do concessionário. Prazo da concessão, extinção e
reversão.
1ª QUESTÃO:
RESPOSTA:
AgInt no REsp 1892769 / PR; Relator(a): Ministro GURGEL DE FARIA; Órgão Julgador:
T1 - PRIMEIRA TURMA; Data do Julgamento: 23/02/2021; Data da Publicação/Fonte
DJe 09/03/2021
Ementa
ADMINISTRATIVO. CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. UTILIZAÇÃO DE FAIXA DE
DOMÍNIO. INSTALAÇÃO DE OBRAS DE SANEAMENTO POR OUTRA
CONCESSIONÁRIA. COBRANÇA PELO USO. PREVISÃO CONTRATUAL.
POSSIBILIDADE.
1. Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir
de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma nele
prevista (Enunciado Administrativo n. 3).
2. Esta Corte de Justiça firmou entendimento de que não é possível a cobrança pelos entes da
Federação em face de concessionária de serviço público pelo uso de solo, subsolo ou espaço aéreo,
admitindo-se, porém, nos termos do art. 11 da Lei n. 8.987/95, que a concessionária responsável
pela administração da área cobre pelo uso de faixa de domínio por terceiros, inclusive quando seja
concessionária de serviço público, para passagem de cabos ou dutos,
não havendo ressalvas sobre o tipo de serviço prestado.
3. Hipótese em que o Tribunal de origem manteve a sentença, afastando a possibilidade de cobrança
de valor a ser pago pela ocupação da faixa de domínio com as obras de saneamento, porque as vias
públicas são bens de uso comum do povo, sendo inadmissível a exigência de remuneração para
instalação de obras de serviço público, o que ensejou o provimento do apelo nobre .
4. Agravo interno desprovido.
DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 1º PERÍODO 2023 36
RE 1272322 AgR; Órgão julgador: Segunda Turma; Relator(a): Min. EDSON FACHIN
Julgamento: 17/02/2021; Publicação: 26/02/2021
Ementa
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTERPOSIÇÃO EM
21.08.2020. DIREITO ADMINISTRATIVO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. AUTORIZAÇÃO PARA
INSTALAÇÃO DE POSTES DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. COBRANÇA.
USO DA FAIXA DE DOMÍNIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. RE 581.947-
RG. TEMA 261 DA REPERCUSSÃO GERAL. INAPLICABILIDADE. LEIS ESTADUAIS Nºs
7.835/1992 E 12.635/2007. PORTARIA ARTESP 18/2010. LEI FEDERAL 8.987/1995.
REEXAME DE FATOS E PROVAS E DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL.
OFENSA REFLEXA. SÚMULAS 279 E 280 DO STF. 1. Inviável o recurso extraordinário para a
apreciação de legislação infraconstitucional e de fatos e provas, porque a alegada afronta à
Constituição, se houvesse, seria reflexa ou indireta e por incidir, na espécie, os óbices das Súmulas
279 e 280 do STF. 2. A controvérsia ora analisada não se amolda ao quanto decidido no Tema 261
da Repercussão Geral, porquanto o que aqui se examina é a possibilidade da cobrança de valor, pelo
uso da faixa de domínio, entre concessionária de serviço público, empresa de direito privado, ao
passo que no referido tema de Repercussão Geral foi abordada a questão referente à cobrança de
tributo por parte de Município, pessoa jurídica de direito público, pelo uso do solo urbano. 3. Agravo
regimental a que se nega provimento. Mantida a decisão agravada quanto aos honorários
advocatícios, eis que já majorados nos limites do art. 85, §§ 2º e 3º, do CPC.
STJ - AgInt no AREsp 2020519 / SP; RELATOR: Ministro HERMAN BENJAMIN; ÓRGÃO
JULGADOR: SEGUNDA TURMA; DATA DO JULGAMENTO: 21/06/2022; DATA DA
PUBLICAÇÃO/FONTE: DJe 27/06/2022
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO. FAIXAS DE DOMÍNIO.
COBRANÇA PELA UTILIZAÇÃO. PREVISÃO NO EDITAL. NECESSIDADE DE AFERIÇÃO
DOS FATOS, PROVAS, EDITAL E CONTRATO. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 5 E 7/STJ.
1. Cuida-se de Agravo Interno contra decisum que conheceu do Agravo para não se conhecer do
Recurso Especial.
2. Na origem, trata-se de inconformismo com decisum do Tribunal a quo que não admitiu o Recurso
Especial, sob o fundamento de incidência da Súmula 7/STJ. O Recurso Especial combatia aresto da
Corte Regional que considerou devida a cobrança por contrapartida de uso de bem público.
3. Esbarra na Súmula 7/STJ a tentativa de alterar o quadro fático e revisão do edital para se
demonstrar a inexigibilidade da remuneração cobrada pela utilização das faixas de domínio de
ferrovia concedida.
4. Para corroborar a presente constatação, citam-se os fundamentos adotados noacórdão: "Pretensão
à inexigibilidade da remuneração cobrada pela utilização das faixas de domínio de ferrovia
concedida.
Cobrança autorizada pela Lei n. 8.987/95, não havendo controvérsia quanto à existência de
autorização no edital e no contrato de concessão, correspondente a contrapartida pelo uso de bem
público cuja exploração econômica foi concedida a particular".
5. Agravo Interno não provido.
STJ - REsp 1677414 / SP; RELATORA: Ministra REGINA HELENA COSTA; ÓRGÃO
JULGADOR: PRIMEIRA TURMA; DATA DO JULGAMENTO: 14/12/2021; DATA DA
PUBLICAÇÃO/FONTE: DJe 01/02/2022; RB vol. 675 p. 184
DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 1º PERÍODO 2023 38
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
APLICABILIDADE. JUÍZO DE ADEQUAÇÃO. ART. 1.040, II, DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL DE 2015. DIREITO ADMINISTRATIVO. COBRANÇA PELO ENTE FEDERADO PELO
USO DA FAIXA DE DOMÍNIO POR CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. NÃO
CABIMENTO. RE N. 581.947. DISTINGUISHING. ART. 11 DA LEI N. 8.987/1995. CONFLITO
ENTRE CONCESSIONÁRIAS. EXIGÊNCIA DE CONTRAPRESTAÇÃO. POSSIBILIDADE.
PREVISÃO NO CONTRATO DE CONCESSÃO. IMPRESCINDIBILIDADE. ERESP N.
985.695/RJ. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime
recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. In casu,
aplica-se o Código de Processo Civil de 1973 II - Retorno dos autos ao colegiado para eventual juízo
de adequação, a teor do art. 1.040, II, do Código de Processo Civil de 2015.
III - O Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência firme e consolidada de que a cobrança
pelo ente federado em face de concessionária de serviço público pelo uso de solo, subsolo ou espaço
aéreo é ilegal, uma vez que: a) a utilização, nesse caso, se reverte em favor da sociedade - razão pela
qual não cabe a fixação de preço público; e b) a natureza do valor cobrado não é de taxa, pois não
há serviço público prestado ou poder de polícia exercido.
Precedentes do Supremo Tribunal Federal.
IV - O entendimento do Supremo Tribunal Federal segundo o qual os entes da federação não podem
cobrar retribuição pecuniária pela utilização de vias públicas, inclusive solo, subsolo e espaço aéreo
para a instalação de equipamentos destinados à prestação de serviço público, não impede que as
concessionárias de rodovias realizem a cobrança pela utilização das faixas de domínio, nos termos
do art. 11 da Lei 8.987/95, desde que tal exação seja autorizada pelo poder concedente e esteja
expressamente prevista no contrato de concessão, porquanto não houve discussão sobre esta
hipótese no RE 581.497. Distinguishing.
V - Em juízo de adequação, mantido o acórdão.
STJ - REsp 1817302 / SP; Tema IAC 8; RELATORA: Ministra REGINA HELENA COSTA;
ÓRGÃO JULGADOR: PRIMEIRA SEÇÃO; DATA DO JULGAMENTO: 08/06/2022
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE: DJe 15/06/2022
EMENTA
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA - IAC NOS AUTOS DE RECURSO
ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE.
ADMINISTRATIVO. FAIXA DE DOMÍNIO DE RODOVIA CONCEDIDA. USO DO LOCAL
POR PRESTADORAPÚBLICA DE SERVIÇO DE SANEAMENTO BÁSICO. COBRANÇA
PELA CONCESSIONÁRIA. DESCABIMENTO. FIXAÇÃO DE TESE VINCULANTE.
2ª QUESTÃO:
Após os devidos trâmites, Sociedade Vainafé S/A tornou-se concessionária de serviço público de
transporte estadual, mas, no curso do contrato de concessão devidamente formalizado, houve uma
profunda reformulação societária que importou na transferência de seu controle acionário e alteração
de sua denominação para Sociedade Voudeboua S/A.
O Poder concedente anuiu com a aludida transferência, na medida em que atendidas às exigências
de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção
do serviço, bem como porque a sociedade comprometeu-se a cumprir todas as cláusulas do contrato
em vigor.
Por discordar da conduta administrativa, o Ministério Público ajuizou ação civil pública para
impugnar a conduta da Administração, com fulcro no art. 37, XXI, c/c art. 175 da CRFB/88, sob a
alegação de que os contratos de concessão são formalizados intuitu personae, com a sociedade
vencedora da respectiva licitação, qual seja, sociedade Vainafé S/A, de modo que a transferência da
concessão subverte as determinações constitucionais, notadamente os princípios da isonomia e da
impessoalidade, indispensáveis na formalização de avenças pelo Poder Público.
Analise se os argumentos do parquet merecem acolhida, à luz da orientação do C. STF.
RESPOSTA:
Acerca do tema, cumpre mencionar o disposto no art. 27, §1º, da Lei nº 8987/95:
Tema 06:
Permissão de Serviços Públicos. Conceito, natureza, referências constitucionais. Aplicação de
regras das concessões. Extinção. Serviços Públicos Autorizados.
1ª QUESTÃO:
O Estado Alfa almeja realizar uma concessão especial, na modalidade parceria público-privada, no
âmbito da educação universitária.
A ideia do projeto inclui a construção de manutenção dos edifícios e contratação de professores para
a realização das atividades educacionais, mediante contraprestação em dinheiro do poder público e
cobrança de tarifa dos usuários de matrícula e mensalidades a preços populares.
Diante dessa situação hipotética, responda fundamentadamente aos questionamentos a seguir.
A) Estabeleça a distinção entre as modalidades de parcerias público-privadas previstas no
ordenamento, para então indicar qual seria aquela almejada pelo Estado Alfa no projeto mencionado.
B) Analise se a cobrança dos usuários almejada é viável, à luz da orientação do C. STF.
RESPOSTA:
A) Quanto à distinção entre as modalidades de parceria público-privada
Segundo Irene Patrícia Nohara, em Direito Administrativo, 11 ed, Barueri: Atlas, 2022, pg. 46:
Já José do Santos Caravalho Filho, em Manual de Direito Administrativo, 36ed., Barueri: Atlas,
2022, pg. 384:
STF - RE 1334066 AgR; Órgão julgador: Primeira Turma; Relator(a): Min. ROSA WEBER;
Julgamento: 08/02/2022; Publicação: 15/02/2022
Ementa
EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO. PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA. COBRANÇA DE
TARIFA DOS USUÁRIOS DE SERVIÇO PÚBLICO NA ÁREA DA EDUCAÇÃO.
CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTS. 30, I, II E V, E 175,
PARÁGRAFO ÚNICO, III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. SÚMULAS NºS 282 E 356
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
RECURSOEXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE TRÂNSITO. AGRAVO MANEJADO
SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015. 1. O entendimento da Corte de origem, nos moldes do
assinalado na decisão agravada, não diverge da jurisprudência firmada no Supremo Tribunal
Federal, no sentido da impossibilidade de cobrança de taxas para a expedição de diplomas, para
inscrição de processo seletivo seriado, bem como para custeio de alimentação, considerada a
gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. 2. As razões do agravo interno não se
mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada. 3. Cristalizada a
jurisprudência desta Suprema Corte, nos termos das Súmulas nºs 282 e 356/STF: "Inadmissível o
recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada", bem
como "O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não
pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento". 4. Agravo
interno conhecido e não provido. 5. A teor do art. 85, § 11, do CPC/2015, o "tribunal, ao julgar
recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional
realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado
ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor,
ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento".
2ª QUESTÃO:
A União fez editar a Lei XYZ, que determinou a gratuidade no direito de passagem da infraestrutura
para as redes necessárias para a prestação do serviço de internet de banda larga em vias públicas,
em faixas de domínio e bens de uso comum do povo, inclusive os explorados por meio de concessão
ou outra forma de delegação, excetuadas aquelas cujos contratos decorram de licitações anteriores
à da norma em questão.
A constitucionalidade da mencionada norma foi questionada, pelas vias pertinentes, com base em
diversos fundamentos, dentre os quais, foi alegado que o serviço de comunicação multimídia
(internet de banda larga) é objeto de autorização por parte do Poder Público, o que descaracterizaria
tal atividade como serviço público propriamente dito, na medida em que regido pelo direito privado,
em regime de liberdade de preços, que não se confunde com aquele dos serviços públicos.
RESPOSTA:
O ente competente para explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os
serviços de telecomunicações, é a União, nos termos do art. 21, XI, da CRFB/88.
Com relação à natureza de serviço público, ainda que submetido à autorização, cumpre destacar o
seguinte julgado:
STF - ADI 6482 / DF; Relator(a): Min. GILMAR MENDES; Julgamento: 18/02/2021; Publicação:
21/05/2021
Órgão julgador: Tribunal Pleno
Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 12, CAPUT, DA LEI
13.116/2015. INSTALAÇÃO DE INFRAESTRUTURA E DE REDES DE
TELECOMUNICAÇÕES. GRATUIDADE DO DIREITO DE PASSAGEM EM VIAS
PÚBLICAS, EM FAIXAS DE DOMÍNIO E EM OUTROS BENS PÚBLICOS DE USO COMUM
DO POVO, AINDA QUE ESSES BENS OU INSTALAÇÕES SEJAM EXPLORADOS POR
MEIO DE CONCESSÃO OU OUTRA FORMA DE DELEGAÇÃO. CONTEXTO
REGULATÓRIO SETORIAL DA NORMA IMPUGNADA. CONSTITUCIONALIDADE
FORMAL. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE
TELECOMUNICAÇÕES. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA
EDITAR NORMAS GERAIS DE LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO ADMINISTRATIVA.
CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DA EFICIÊNCIA, DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA.
RESTRIÇÃO AO DIREITO DE PROPRIEDADE DOS ESTADOS VOLTADA À GARANTIA
DA PRESTAÇÃO E DA UNIVERSALIZAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL. NORMA
QUE IMPÕE RESTRIÇÃO ADEQUADA, NECESSÁRIA E PROPORCIONAL EM SENTIDO
ESTRITO AO DIREITO DE PROPRIEDADE DOS ESTADOS E DOS MUNICÍPIOS. AÇÃO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA IMPROCEDENTE. 1. O Setor Brasileiro
de Telecomunicações passou por importantes mudanças na década de 1990, com a aprovação da
Emenda Constitucional 8/1995 e da Lei 9.472/1997, que promoveram a liberalização do setor e a
privatização do sistema Telebras. A expansão do acesso à internet de alta velocidade tem empurrado
as políticas de telecomunicações da década de 1990 para um verdadeiro "ponto de inflexão"
(inflection point). (COWHEY, Peter F.; ARONSON, Jonathan D. Transforming Global Information
and Communication Markets: The Political Economy of Innovation. Cambridge, Massachusetts:
The MIT Press, 2011, p. 8 e 10-11). Ainda que intuitivamente a internet seja considerada um espaço
livre e desregulado, a conexão dos usuários à rede depende da prestação de serviços de
telecomunicações e da interação entre agentes econômicos que atuam de forma verticalmente
integrada entre a camada física composta pela gestão de infraestrutura de telecomunicações, a
Tema 07:
Parceria Público-Privada. Regime especial de outorga: peculiaridades. Concessão
Patrocinada e Concessão Administrativa. Requisitos. Fundo Garantidor de Parcerias.
Programa de parcerias de Investimentos - PPI (Lei nº 13.334/2016).
1ª QUESTÃO:
O Município Alfa editou a Lei XYZ, com o intuito de regulamentar as Parcerias Público-Privadas a
serem estabelecidas pelo ente federativo em questão.
A mencionada norma prevê que, mediante contraprestação do mencionado ente federativo, poderão
ser realizadas as citadas concessões especiais nas modalidades de concessão patrocinada e
concessão administrativa.
A lei previu, ainda, que todos os projetos propostos para a formalização de todos os contratos
concernentes às parcerias em questão, independentemente de seu valor, deverão ser previamente
remetidos e aprovados pela Câmara de Vereadores.
Diante dessa situação hipotética, responda, fundamentadamente aos questionamentos a seguir:
A) Existe distinção entre concessão patrocinada e administrativa? Em caso positivo, esclareça
os principais aspectos diferenciadores.
B) É constitucional a submissão dos contratos à autorização legislativa?
RESPOSTA:
DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 1º PERÍODO 2023 48
LETRA A) Com relação à distinção entre concessão patrocinada e administrativa
Acerca do tema, cumpre destacar as lições de José dos Santos Carvalho Filho (pag. 455/456), que
bem sintetiza a matéria, mediante o apontamento dos dispositivos pertinentes da Lei nº 11.079/2005:
2ª QUESTÃO:
Em 2016, a União fez editar a Lei nº 13.334/2016, que estabelece o Programa de Parcerias de
Investimentos - PPI, destinado a ampliação e fortalecimento da interação entre o Estado e a iniciativa
privada por meio da celebração de contratos de parceria para a execução de empreendimentos
públicos de infraestrutura e de outras medidas de desestatização.
Pelas vias pertinentes, foram questionados diversos dispositivos da mencionada norma,
notadamente o disposto no respectivo art. 6º, in verbis:
Com relação ao aludido dispositivo, alegou-se que se teria configurado ofensa ao princípio da
reserva legal, na medida em que o Poder Executivo Federal se autoconcede um verdadeiro cheque
em branco para regular, independentemente do que prescrever a legislação pátria e em detrimento
das prerrogativas do Poder Legislativo, atos e ações administrativas necessárias à consecução dos
objetivos do PPI.
Analise se os argumentos apresentados acerca da inconstitucionalidade do dispositivo em questão
merecemacolhida, à luz da orientação do E. STF.
RESPOSTA:
ADI 5551 - Órgão julgador: Tribunal Pleno; Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA; Julgamento:
15/03/2021
Publicação: 23/03/2021
Ementa
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISÓRIA N.
727/2016, CONVERTIDA NA LEI N. 13.334/2016. PROGRAMA DE PARCERIAS E DE
INVESTIMENTOS - PPI. INTERAÇÃO ENTRE ESTADO E INICIATIVA PRIVADA.
CONTRATOS DE PARCERIA PARA EMPREENDIMENTOS PÚBLICOS DE
INFRAESTRUTURA. ATENDIMENTO AOS PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS DE
RELEVÂNCIA E URGÊNCIA. INEXISTENTE AFRONTA À AUTONOMIA DOS ENTES
FEDERADOS. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA. PERDA DE OBJETO QUANTO AOS ARTS. 4º,
5º, 7º E 8º, ALTERADOS PELA LEI N. 13.901/2019. AÇÃO IMPROCEDENTE QUANTO AO
INC. II DO § 1º E AO CAPUT DO ART. 1º, AO ART. 6º E AO ART. 18 DA MEDIDA
PROVISÓRIA N. 727/2016.
DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 1º PERÍODO 2023 51
INFORMATIVO 1009 - MARÇO DE 2021 - PLENÁRIO -
DIREITO ADMINISTRATIVO - ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Por meio do PPI é implementada política pública nas contratações estatais para a execução de
empreendimentos de infraestrutura, tidas como de importância fundamental e urgente pelas
autoridades administrativas e governamentais competentes para a definição das políticas públicas.
Não se cuida de criação de nova forma de contratação pública. O programa nacional abrange
instrumentos legais existentes no ordenamento jurídico, como se extrai do § 2º do art. 1º da MP
727/2016 (2).
A possibilidade de empreendimentos públicos de infraestrutura dos estados, Distrito Federal e
municípios serem incluídos no PPI (MP 727/2016, art. 1º, § 1º, II) (3) também não afronta a
autonomia político-administrativa daqueles entes federativos. Isso porque não se confere à União
possibilidade de ingerência na gestão de contratos celebrados por estados, Distrito Federal ou
municípios ou em suas escolhas administrativas. Estabelece-se apenas que os empreendimentos
executados por aqueles entes com o fomento da União ou mediante delegação deverão integrar o
PPI, o que se mostra compatível com os princípios da eficiência e do controle, notadamente pela
responsabilidade do ente federal nestes casos.
Cabe destacar que, pelo teor da norma do art. 6º da MP 727/2016 (4), tornou-se expresso apenas o
poder regulamentar da Administração Pública para a consecuçãodos fins estatais, ou seja, para a
implementação do PPI estatuído em lei. Nesse ponto, não se vislumbra contrariedade aos princípios
da reserva legal ou da separação dos Poderes, porque pela norma não se transferiu ao Poder
Executivo a disciplina de matéria de competência do Congresso Nacional. Na MP, determina-se que
os órgãos, entidades e agentes públicos com competência para a prática de atos administrativos
relacionados ao PPI deverão aplicar, na regulação administrativa, as “práticas avançadas
recomendadas pelas melhores experiências nacionais e internacionais”, preceito que atende ao
princípio da eficiência insculpido no art. 37 da CF. Também está expresso na norma que a regulação
administrativa deve observar “as competências da legislação específica” (MP 727/2016, art. 6º, I),
exigindo-se também a “articulação com os órgãos e autoridades de controle, para aumento da
transparência das ações administrativas e para a eficiência no recebimento e consideração das
contribuições e recomendações”, preceitos alinhados aos princípios da probidade e publicidade.
Tema 08:
Estado Gestor (3º Setor). Regimes de parcerias: regimes de convênios administrativos, regimes
de contrato de gestão (as Organizações Sociais), Gestão por colaboração (OSCIP-Organização
da sociedade civil de interesse público). Lei nº 13.019/2014 (Aspectos Gerais) Serviço Social
Autônomo.
1ª QUESTÃO:
Associação Mundomelhor é uma entidade sem fins lucrativos que se dedica a promover atividades
educativas complementares para menores em situação de risco.
Trata-se de entidade que exerce suas atividades junto ao Estado Beta há mais de cinco anos e que
foi qualificada pelo mencionado ente federativo como Organização Social nos termos da lei
estadual, que dispõe especificamente sobre a matéria.
Ocorre que Mundomelhor vem ampliando o seu espectro de atuação e visa buscar recursos junto ao
governo federal, mediante a qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
- OSCIP, razão pela qual questionou a sua assessoria jurídica sobre quem seria a autoridade
competente para tanto, se há discricionariedade no ato de reconhecimento ou qualquer outro
impedimento para alcançar a mencionada finalidade, bem como quanto a aplicabilidade da Lei nº
13019/2014 aos termos de parceria formalizados com uma OSCIP.
Esclareça os questionamentos suscitados pela Associação Mundomelhor, à luz do ordenamento
vigente.
RESPOSTA:
Ocorre que o art. 2º, IX, c/c art. 18, §1º e §2º, da Lei 9790/90 estabelecem que as organizações
sociais não podem ser qualificadas como OSCIP, argumento que pode ser afastado no caso concreto,
em razão do fato de tanto a Lei 9637/98 quanto a Lei 9790/90 serem normas federais, ao passo que
a associação Mundomelhor foi qualificada como organização social em âmbito estadual, de acordo
com a norma local.
Demais disso, há de se pontuar que o disposto na Lei 13019/2014 não é aplicável aos termos de
parceria formalizados com a OSCIP, na forma do art. 3º, VI, deste diploma legal.
2ª QUESTÃO:
Em um município interiorano, o Prefeito celebrou acordo de cooperação diretamente com empresa
sob controle acionário estadual para planejar, executar e operar o saneamento básico em todo o seu
território, atribuindo-lhe, portanto, os serviços mediante remuneração paga pelos respectivos
usuários. Considerando que o Ministério Público recebeu representação questionando tal avença,
examine a juridicidade do ajuste.
Resposta objetivamente fundamentada.
RESPOSTA:
Questão do XXXV Concurso para Ingresso na Carreira do Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro