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P QUESTÃO:
CONCURSO PÚBLICO PARA PROCURADOR E AUDITOR DO TRIBUNAL DE CONTAS
DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Aponte as diferenças entre os conceitos jurídicos de empresa, empresário e estabelecimento e
compare a responsabilidade das sociedades com a dos sócios.
DIREITO EMPRESARIAL - CP04 -01 - CPI - 10 PERÍODO 2017 28/04/2017 - Página ide 5
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
RESPOSTA:
Embora tenha havido no passado (século XIX e princípio do século XX) uma indefinição do conceito
de empresa, ora considerando-a sinônimo de estabelecimento ou de empresário, ou ainda de
sociedade, a doutrina firmou posição que os três institutos, embora relacionados, não se confundem.
Waldemar Ferreira, autor clássico, utilizou três círculos concêntricos para explicar que todos são
"expressões do mesmo fenômeno comercial, econômico-social e jurídico. Ostentam-se, no centro, os
bens, corpóreos e incorpóreos, que constituem o estabelecimento como universalidade de fato. A
empresa superpõe-se-lhe como organização do trabalho e disciplina da atividade no objetivo de
produzir riqueza, a fim de pô-la na circulação econômica. Tudo isso, porém, se subordina à vontade e
às diretrizes traçadas pela pessoa natural ou jurídica que as haja organizado, sujeito ativo e passivo
nas relações jurídicas tecidas pela empresa H". (Instituições de Direito Comercial, v. 2. São Paulo:
Max Limonad, 1957, p. 45).
Waldirio Bulgarelli sintetiza da seguinte forma: "Assim, pode-se conceituar a empresa como 'A
ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA, EXERCIDA PROFISSIONALMENTE PELO
EMPRESÁRIO, ATRAVÉS DO ESTABELECIMENTO'. (Sociedades Comerciais, São Paulo:
Saraiva, 2000, p. 294).
Percebe-se que a empresa é a atividade, o empresário o sujeito de direito que a exerce e o
estabelecimento a universalidade de fato organizada para seu exercício (v. arts. 966 e 1.142, CC).
Empresa e sociedade não se confundem. A empresa não é sujeito de direito, não é dotada de
personalidade jurídica, ao contrário da sociedade, pessoa jurídica de direito privado (arts. 44, II, e
985, CC). "A sociedade empresária, desde que esteja constituída nos termos da lei, adquire a categoria
de pessoa jurídica. Torna-se capaz de direitos e obrigações. A sociedade, assim, é empresária, jamais
empresa. E a sociedade, como empresário, que irá exercitar a atividade produtiva". (Rubens Requião.
Curso de Direito Comercial, v. 1. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 60).
"A sociedade com personalidade adquire ampla autonomia patrimonial. O patrimônio é seu, e esse
patrimônio, seja qual for o tipo da sociedade, responde ilimitadamente pelo seu passivo". (Rubens
Requião, op. cit. p. 382).
Os sócios, ao contrário, podem responder limitada ou ilimitadamente pelas obrigações da pessoa
jurídica (sociedade empresária). No primeiro caso, não terão seus bens pessoais excutidos para solver
o passivo; já no segundo, isto ocorrerá de forma subsidiária (art. 1.024, CC). Por fim, registre-se a
presença de dois tipos societários com sócios de categorias distintas de responsabilidade - sociedade
em comandita simples (art. 1.045, CC) e sociedade em comandita por ações (art. 1.091, CC).
Segundo Fabio Ulhoa Coelho, empresário é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade
econômica de produção ou circulação de bens e serviços. Essa pessoa pode ser física, que emprega
seu dinheiro e organiza a empresa individualmente, como a jurídica, nascida da união de esforços de
seus integrantes. O direito positivo brasileiro, em diversas passagens, ainda organiza a disciplina
normativa da atividade empresarial, a partir da figura da pessoa física. O Código Civil e a lei de
falência são exemplos.
Por o
utro lado, em razão dessa opção - considerar ainda a pessoa fisica o núcleo conceituai das normas que
edita sobre a atividade empresarial - a lei acaba dando ensejo a confusões entre o empresário pessoa
jurídica e os sócios desta. A confusão aumenta, inclusive, pela distância existente entre os conceitos
técnicos do direito e a linguagem natural. A pessoa jurídica empresária é cotidianamente denominada
"empresa" e os seus sócios são chamados "empresários". Em termos técnicos, contudo, empresa é a
atividade e não a pessoa que a explora; e empresário não é o sócio da sociedade empresarial, mas a
própria sociedade.
O integrante de uma sociedade empresária (o sócio) não é empresário, não estando sujeito às normas
que definem os direitos e deveres do empresário. O direito também disciplina a situação do sócio,
garantindo-lhe direitos e imputando-lhes responsabilidades em razão da exploração da atividade
empresarial pela sociedade de que faz parte. Mas não são os direitos e responsabilidades do
empresário que cabem à pessoa jurídica; são outros, reservados pela lei para os que se encontram na
condição de sócio.
2" QUESTÃO:
Stal Imóveis e Administração Ltda. recorre da decisão que decretou sua falência com base na falta de
pagamento de títulos executivos extrajudiciais - duplicatas. Em suas razões recursais, a socidade
sustenta que não é empresária, apenas pessoa jurídica que exerce atividade civil (imobiliária) e, como
tal, está sob a regência das normas da legislação civil e não comercial. Como a falência é um instituto
aplicável exclusivamente ao empresário (art. 10, da Lei n° 11.101/05), é patente sua ilegitimidade
passiva.
Analise o caso à luz da teoria da empresa, comparando-a com a teoria dos atos de comércio.
RESPOSTA:
O professor deverá analisar a adoção da teoria da empresa pelo Código Civil vigente e como isso
repercute nas atividades "civis" pela ultrapassada teoria dos atos de comércio, dentre elas a atividade
imobiliária. Com a teoria da empresa não se perscruta mais qual é o ato que a sociedade pratica, mas,
sim, como ela desenvolve seu objeto, se de forma organizada ou não.
3' QUESTÃO:
HOSPITAL SÓ SAÚDE Ltda. registrou seus atos constitutivos no Registro Civil de Pessoas
Jurídicas, como sociedade civil, em 2000. Em razão de inadimplemento de obrigação líquida,
constante de título executivo extrajudicial no valor de R$40.000,00 (quarenta mil reais), teve a sua
falência requerida em dezembro de 2005, sob o fundamento da impontualidade (art. 94, I, da Lei n°
11.101/05). O devedor, em contestação, alegou sua ilegitimidade passiva. O processo foi extinto sem
resolução do mérito. Correta a decisão? Resposta fundamentada.
RESPOSTA:
E. n° 198 da III Jornada do CJF: "A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito
para a sua caracterização admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário
irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação
comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa
disposição em contrário".
E. n° 199 da III Jornada do CJF:" A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito
delineador de sua regularidade, e não de sua caracterização".
Art. 1°, da Lei n° 11.101/05: "Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e
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a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como
devedor".
TJRJ AC N°0106837-38.2004.8.19.001
DES. CARLOS EDUARDO MOREIRA SILVA - Julgamento: 05/10/2010 - NONA CAMARA
CIVEL Apelação Cível. Pedido de falência. Prestação de serviço médico. Atividade empresarial.
Reconhecimento. Sociedade irregular. Falta de registro na Junta Comercial do Estado do Rio de
Janeiro. Reforma da decisão. Decretação da falência com reconhecimento da responsabilidade
solidária e ilimitada dos sócios. Recurso provido.
Trechos do acórdão: No entanto, analisando os atos constitutivos, verifica-se presente a organização
de administração, retirada de pro-labore, distribuição de lucros e rateio das despesas, além de
evidente exercício de atividade econômica de forma organizada para a produção de serviços na área
da saúde.
A atividade exercida pela apelada não se enquadra na exceção prevista no parágrafo único do art. 966
do Código Civil. O fato de ser formada exclusivamente por profissionais da área da saúde, não
afastando a caracterização do "elemento de empresa"
la QUESTÃO:
Francisco Ferreira dos Santos ME, microempresário individual, exercia atividade organizada ligada
ao transporte de coisas, utilizando-se, para tanto, de uma Kombi, imprescindível para o exercício de
sua atividade. Em razão de situação econômica deficitária, inadimpliu obrigação tributária atinente a
débitos de ICMS. O juiz determinou a penhora do veículo do executado para satisfação do crédito da
Fazenda Pública do Estado. O executado, em embargos, alega a impenhorabilidade do bem. Responda
justificadamente: Os embargos opostos pelo executado merecem provimento?
RESPOSTA:
"EMBARGOS À EXECUÇÃO - Penhora de bens destinados ao exercício da atividade econômica -
Impossibilidade -Inteligência do disposto no artigo 649, inciso V, do Código de Processo Civil -
Irrelevância de terem sido os bens dados em garantia pelo executado - Precedentes jurisprudenciais -
Apelação e reexame necessário parcialmente providos" (Ap. n°9222886-85.2002.8.26.0000, Rel.
Fermino Magnani Filho, j. 06.06.2011 - TJSP).
r QUESTÃO:
XLII CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGO PARA INGRESSO NA
MAGISTRATURA ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO
RESPOSTA:
Para ser empresário é preciso que a pessoa natural esteja em pleno gozo de sua capacidade civil (art.
972, CC). Percebe-se, a contrario sensu, que o incapaz não pode iniciar a atividade empresarial.
Entretanto, excepcionalmente, a lei permite que, mediante autorização judicial (revogável), o
empresário possa prosseguir a atividade empresarial iniciada por ele, enquanto capaz, por seus pais ou
por autor de herança (art. 974, CC). Em qualquer caso, o empresário deverá estar representado ou
assistido, observadas também as prescrições dos parágrafos do art. 974 e art. 975, ambos do CC. É
importante observar que esta autorização, por ser precária e revogável, não tem efeito emancipatório
para o incapaz, se menor. Sem embargo, a emancipação poderá ocorrer, no futuro, por uma das causas
do art. 50, parágrafo único, do Código Civil.
r QUESTÃO:
XLII CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGO PARA INGRESSO NA
MAGISTRATURA ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO
RESPOSTA:
quando o enunciado da questão indica que o sócio Orozimbo manteve a sociedade limitada em
funcionamento "pelo prazo em que Orozambo permaneceria responsável pelas obrigações sociais, nos
termos da lei", significa ser de 2 (dois) anos este prazo, nos termos do art. 1.032, do Código Civil, da
data da averbação de sua retirada na Junta Comercial.
Ocorre que a intenção de manter a sociedade como unipessoal por tal prazo conflita com o art. 1.033,
IV, CC (até 180 dias para o sócio remanescente reconstituir a pluralidade).
Portanto, a sociedade não pode permanecer unipessoal além do prazo do art. 1.033, IV, CC.
durante o período de unipessoalidade temporária, Orozambo não responderá pelas obrigações 1:1
contraídas pela sociedade além do que o tipo societário lhe atribui, isto é, sua responsabilidade é
limitada nos termos do art. 1.052.
Ocorre que se a sociedade for reputada dissolvida por força de lei, por não ter reconstituída a
pluralidade, certamente Orozambo responderá ilimitadamente, seja como administrador (caso seja),
com base no art. 1.036, seja como sócio (art. 1.080).
Por tini, cabe esclarecer que a decisão de manter a sociedade em funcionamento após 180 dias é uma
deliberação do sócio único inffingente da lei, por isso mesmo acarretará para ele a responsabilidade
ilimitada.
r QUESTÃO:
CLÁUDIO RIBEIRO ajuizou ação de dissolução parcial de sociedade anônima em que alega quebra
da affectio societatis. O processo foi extinto sem resolução do mérito por falta de interesse do autor,
pois, diferente das sociedades limitadas, não existe affectio societatis nas sociedades por ações, por
serem de capital. Analise a questão sob todos os aspectos.
RESPOSTA:
O STJ admite, casuisticamente, a resolução da sociedade em relação ao sócio em sociedades
anônimas fechadas com estrutura familiar, considerando-as como "verdadeiras limitadas". O instituto
da resolução da sociedade não tem previsão na Lei n° 6.404/76, que prevê apenas a dissolução nos
casos do art. 206, impondo-se o início da liquidação. Para as companhias abertas o instituto é
inaplicável, valendo-se o acionista dissidente ou do instituto do reembolso, quando cabível, ou da
cessão de suas ações.
SOCIEDADE ANÔNIMA. CAPITAL FECHADO. DISSOLUÇÃO PARCIAL. POSSIBILIDADE.
Trata-se, na origem, de ação para dissolver parcialmente sociedade anônima com a apuração de
haveres ou a exclusão dos acionistas ora recorridos. Na espécie, a sociedade anônima apresenta
estrutura de sociedade familiar, na qual as ações permanecem em poder dos membros de uma mesma
família, não sendo, portanto, negociadas no mercado de capitais. O instituto da dissolução parcial é, a
princípio, voltado às sociedades contratuais e personalíssimas, contudo deve-se observar que
atualmente, a complexa realidade das relações negociais potencializa a extensão daquele instituto às
sociedades "circunstancialmente" anônimas. A jurisprudência deste Superior Tribunal é que, para a
exclusão judicial do sócio, não basta a alegação de quebra da affectio societatis, mas a demonstração
de justa causa, ou seja, dos motivos que ocasionaram essa quebra. No caso, a sentença, ao apreciar o
conjunto fático-probatório, consignou uma série de fatos a configurar ajusta causa: o recorrente
reeleito pela assembleia geral para o cargo de diretor não pode exercê-lo nem sequer conferir livros e
documentos sociais em razão de óbice imposto pelos recorridos, a não distribuição de dividendos aos
recorrentes e os recorridos exercerem a diretoria de forma ilegítima, são os únicos a perceber
rendimentos mensais. Daí, ante a caracterização do justo motivo, deve-se concluir pela exclusão dos
recorridos da sociedade anônima com estrutura de sociedade familiar. Precedentes citados: EREsp
111.294-PR, DJ 10/9/2007, e REsp 1.129.222-PR, DJe 1°/8/2011. REsp 917.531-RS, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 17/11/2011.
EMPRESARIAL. SOCIEDADE ANÔNIMA FECHADA. CUNHO FAMILIAR. DISSOLUÇÃO.
FUNDAMENTO NA QUEBRA DA AFFECTIO SOCIETATIS. POSSIBILIDADE. DEVIDO
PROCESSO LEGAL. NECESSIDADE DE OPORTUNIZAR A PARTICIPAÇÃO DE TODOS OS
SÓCIOS. CITAÇÃO INEXISTENTE. NULIDADE DA SENTENÇA RECONHECIDA. 1. Admite-
se dissolução de sociedade anônima fechada de cunho familiar quando houver a quebra da affectio
societatis.
A dissolução parcial deve prevalecer, sempre que possível, frente à pretensão de dissolução total,
em homenagem à adoção do princípio da preservação da empresa, corolário do postulado de sua
função social.
Para formação do livre convencimento motivado acerca da inviabilidade de manutenção da
sociedade empresária dissolvenda, em decorrência de quebra da liame subjetivo dos sócios, é
imprescindível a citação de cada um dos acionistas, em observância ao devido processo legal
substancial.
Recurso especial não
ia QUESTÃO:
Qual a razão da exclusão das sociedades por ações em organização das normas do Capítulo das
sociedades em comum?
RESPOSTA:
As sociedades por ações são reguladas por lei especial, como determina o art. 1.089, do Código Civil.
A lei especial (Lei n° 6.404/76) não responsabiliza os acionistas solidária e ilimitadamente, ao
contrário do que ocorre com os sócios em comum (art. 990).
Caso uma sociedade por ações não se constitua pela falta de cumprimento das formalidades legais, a
lei responsabiliza os primeiros administradores.
Art. 99, parágrafo único: "A companhia não responde pelos atos ou operações praticados pelos
primeiros administradores antes de cumpridas as formalidades de constituição [...]".
2 QUESTÃO:
XXXII CONCURSO PARA INGRESSO NA CLASSE INICIAL DA CARREIRA DA
MAGISTRATURA FEDERAL
As sociedades em comum se obrigam perante terceiros? Como os sócios respondem nas sociedades
em comum?
RESPOSTA:
As sociedades em comum não se obrigam perante terceiros, uma vez que não são dotadas de
capacidade para contrair obrigações. O art. 988 atribui a titularidade do patrimônio aos sócios em
comum, donde se conclui que são eles e não a sociedade os responsáveis pelas obrigações sociais.
Nas sociedades em comum, os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações
contraídas no interesse geral; entretanto, os sócios que não assumiram obrigação perante terceiros
podem invocar o beneficio de ordem (art. 990).
3aQUESTÃO:
XXIX CONCURSO PARA INGRESSO NA CLASSE INICIAL DA CARREIRA DO MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A sociedade X Ltda. dedica-se ao comércio de artigos desportivos. Aproveitando a realização dos
Jogos Pan-americanos na cidade do Rio de Janeiro, a sociedade X Ltda. celebra um contrato de
sociedade em conta de participação com a sociedade Z Ltda., que explora uma rede de lojas na
referida cidade. De acordo com esse contrato, a sociedade X irá entregar à sociedade Z uma
determinada quantidade de material desportivo, que será vendido pela sociedade Z nas suas lojas. O
resultado das vendas será repartido da seguinte forma: 65% para a sociedade X e 35% para a
sociedade Z. Antes de terminadas as vendas, a sociedade Z tem a sua falência decretada.
Indique quais os efeitos da falência da sociedade Z sobre o negócio celebrado.
Pode a sociedade em conta de participação ter a sua falência decretada?
RESPOSTAS OBJETIVAMENTE JUSTIFICADAS.
provido.
(REsp1303284/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHL TERCEIRA TURMA, julgado em
16/04/2013, DJe 13/05/2013)
Em sentido contrário (posição minoritária) Resp n° 171354, Rel. Min. Waldemar Zveiter.
COMERCIAL - SOCIEDADE ANÔNIMA - DISSOLUÇÃO - IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO
PEDIDO - CARÊNCIA DE AÇÃO. I - Pedido de dissolução, in casu, é juridicamente impossível,
pois a espécie societária admite o direito de recesso do sócio descontente. II - Recurso não conhecido.
Sociedade anônima. Dissolução parcial. Precedentes da Corte.
É incompatível com a natureza e o regime jurídico das sociedades anônimas o pedido de dissolução
parcial, feito por acionistas minoritários, porque reguladas em lei especial que não contempla tal
possibilidade.
Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 419.174/SP, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA,
julgado em 15/08/2002, DJ 28/10/2002, p. 311)
3' QUESTÃO:
CARLOS, casado em regime de comunhão universal de bens com ISADORA, constituiu sociedade
simples com mais três sócios. A sociedade teve indeferido pedido de inscrição de seus atos
constitutivos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, com base no art. 977 do Código Civil, que veda a
constituição de sociedades entre cônjuges. Correta a decisão?
Resposta justificada.
RESPOSTA:
A vedação diz respeito à contratação de sociedades entre cônjuges casados sob os regimes da
comunhão universal ou separação obrigatória de bens, não se aplicando às sociedades formadas por
sócios casados sob esses regimes em que os cônjuges não integrem, em conjunto, os quadros
societários. Como no caso em comento, Isadora não faz parte do quadro societário, não haveria
nenhuma vedação. (1) a vedação à participação de
Cf. Enunciado 205, da 111 Jornada de Direito Civil do CJF: "[...]
cônjuges casados nas condições previstas no artigo refere-se unicamente a uma mesma sociedade;
Situação diversa seria se Isadora fizesse parte do quadro societário, hipótese na qual haveria vedação.
Neste sentido: "Direito Empresarial e Processual Civil. Recurso especial. Violação ao art. 535 do
CPC. Fundamentação deficiente. Ofensa ao art. 5° da LICC. Ausência de prequestionamento.
Violação aos arts. 421 e 977 do CC/02. Impossibilidade de contratação de sociedade entre cônjuges
casados no regime de comunhão universal ou separação obrigatória. Vedação legal que se aplica tanto
às sociedades empresárias quanto às simples.
- Não se conhece do recurso especial na parte em que se encontra deficientemente fundamentado.
Súmula 284/STF.
Inviável a apreciação do recurso especial quando ausente o prequestionamento do dispositivo legal
tido como violado. Súmula 211/STJ.
A liberdade de contratar a que se refere o art. 421 do CC/02 somente pode ser exercida
legitimamente se não implicar a violação das balizas impostas pelo próprio texto legal.
O art. 977 do CC/02 inovou no ordenamento jurídico pátrio ao permitir expressamente a
constituição de sociedades entre cônjuges, ressalvando essa possibilidade apenas quando eles forem
casados no regime da comunhão universal de bens ou no da separação obrigatória.
- As restrições previstas no art. 977 do CC/02 impossibilitam que os cônjuges casados sob os regimes
de bens ali previstos contratem entre si tanto sociedades empresárias quanto sociedades simples.
Negado provimento ao recurso especial.
(REsp 1058165/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
14/04/2009, DJe 21/08/2009)
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DIREITO EMPRESARIAL - CP04 -01 - CPI - 1° PERÍODO 2017
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DIREITO EMPRESARIAL - CP04 -01 - CPI - 1° PERÍODO 2017
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QUESTÃO:
Qual é a diferença entre a EIRELI, o empresário individual e a subsidiária integral? Responda,
fundamentadamente.
RESPOSTA:
A EIRELI difere do empresário individual, pois este último não é pessoa jurídica, mas sim a própria
pessoa fisica do seu titular. Já a EIRELI é uma pessoa jurídica, distinta da pessoa de seu titular. O
CNPJ do empresário individual é uma mera equiparação para fins tributários, não societários ou civis.
Somado a isso, o titular da EIRELI responderá limitadamente pelas obrigações da pessoa jurídica, ao
passo que o empresário individual responde de forma ilimitada.
A EIRELI difere da subsidiária integral (art. 251, da Lei n°6.404/76), porque enquanto a subsidiária
integral deverá ser, necessariamente, uma sociedade anônima, a EIRELI seguirá, no que couber, as
regras previstas para as sociedade limitadas (art. 980-A, §6°, Código Civil).
Ademais, de acordo com o art. 981 c/c 44, IV, do Código Civil e Enunciado 468, da V Jornada de
Direito Civil, a EIRELI não é uma sociedade, não tem sócio nem decorre de um contrato de
sociedade, de modo que prescinde de Assembleia, órgão essencial a qualquer sociedade.
Vale observar as alterações feitas pela In. 10/2013 do DRE1.
QUESTÃO:
Sobre a EIRELI, pergunta-se:
Qual é a natureza jurídica do membro da EIRELI, segundo o ordenamento jurídico pátrio?
A EIRELI poderá ser constituída por pessoa jurídica?
É possível a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica para a EIRELI?
Qual é a consequência da falta de arquivamento ou de registro de alterações dos atos constitutivos
da EIRELI?
É possível a integral ização do capital da EIRELI por meio de bens imateriais, como a imagem, o
nome ou a voz?
Responda, fundamentadamente.
RESPOSTA:
a) e b) Análise dos arts.44, IV, 980-A, 981, 966, Código Civil.
Ver: Enunciado 469, da V Jornada de Direito Civil: "A empresa individual de responsabilidade
limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado"; Enunciado 473, da V
Jornada de Direito Civil: "é inadequada a utilização da expressão 'social' para as empresas individuais
de responsabilidade limitada"; Enunciado 468, da V Jornada de Direito Civil: "a empresa individual
de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por pessoa natural".
Enunciado 470, da V Jornada de Direito Civil: "o patrimônio da empresa individual de
responsabilidade limitada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o
patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do instituto da
desconsideração da personalidade jurídica".
Enunciado 471, da V Jornada de Direito Civil: "os atos constitutivos da EIRELI devem ser
arquivados no registro competente, para fins de aquisição da personalidade jurídica. A falta de
arquivamento ou de registro de alterações dos atos constitutivos configura irregularidade
superveniente".
Enunciado 473, da V Jornada de Direito Civil: "A imagem, o nome ou a voz não podem ser
utilizados para a integralização do capital da EIRELI" e IN n° 10/2013.
ia QUESTÃO:
Rogério, sócio da sociedade Ferraz, Daher e Cia., sociedade em nome coletivo, com prazo de duração
de dez anos, sofreu ação de execução por credor particular, em razão de obrigação inadimplida,
consubstanciada por nota promissória. O juiz indeferiu o pedido de liquidação de quotas do sócio
devedor, sob o fundamento da aplicação do art. 1.043 do Código Civil. Correta a decisão? Resposta
fundamentada.
RESPOSTA:
A decisão está correta. Durante o prazo de duração da sociedade em nome coletivo (necessariamente
determinado) o credor particular não pode pretender a liquidação da quota do sócio. A regra não se
aplica se a sociedade for prorrogada tacitamente (art. 1.033, I, CC) ou expressamente.
O objetivo da norma, embora criticável, é proteger os credores sociais em eventual situação de
insolvência da pessoa jurídica, quando a responsabilidade subsidiária dos sócios torna-se efetiva. Para
atenuar a medida e cientificar o credor particular da restrição temporária, a lei somente permite a
incidência do art. 1.043 às sociedades em nome coletivo regulares e constituídas por tempo
determinado; assim sendo, o credor poderá verificar através do RPEM o teor do contrato social.
Cf. enunciado 63, da I Jornada de Direito Civil do CJF - Art. 1.043: Suprimir o art. 1.043 ou
interpretá-lo no sentido de que só será aplicado às sociedades ajustadas por prazo determinado.
r QUESTÃO:
O sócio comanditado, que ingressa em sociedade em comandita simples três anos após a sua
constituição, responde pelas obrigações pretéritas da sociedade? Justifique.
RESPOSTA:
Sim. Art. 1.025, do Código Civil.
3a QUESTÃO:
De acordo com o art. 983, do Código Civil, a sociedade simples pode constituir-se de conformidade
com um dos tipos empresariais (em nome coletivo, em comandita simples ou por ações, limitada ou
anônima) e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. Por outro lado, o art. 982,
parágrafo único, considera empresárias as sociedades por ações, independentemente de seu objeto.
Pergunta-se: se uma sociedade simples adotar o tipo anônima ou comandita por ações, qual será a sua
natureza: simples ou empresária?
RESPOSTA:
Quando a sociedade simples (em relação ao objeto) é constituída sob a forma de sociedade anônima
ou comandita por ações, o seu regime é o das sociedades empresárias. Nas sociedades por ações, a
forma prevalece sobre o objeto, como determina o parágrafo único, do art. 982, do CC. Portanto,
mesmo que o objeto não seja atividade própria de empresário sujeito à inscrição obrigatória, a
sociedade será empresária por ser uma sociedade por ações.
Enunciado 477 da V Jornada de Direito Civil: "0 art. 983 do Código Civil permite que a sociedade
simples opte por um dos tipos empresariais dos arts. 1.039 a 1.092 do Código Civil. Adotada a forma
de sociedade anônima ou de comandita por ações, porém ela será considerada empresária."
*Enunciado incluído em 15/05/2013 em razão do RDA 34
P QUESTÃO:
Discordando de deliberação de sociedade limitada, tirada em assembleia, para a alteração do
respectivo objeto social, sócio minoritário exerceu o direito de retirada com base no art. 1.077 do
Código Civil. O contrato social era omisso quanto ao critério de liquidação das quotas e a apuração se
fez com base na situação patrimonial da sociedade, em balanço especialmente levantado à época da
saída do sócio. O sócio dissidente pediu, judicialmente, a revisão do cálculo do valor pago, para a
inclusão do fundo de reserva, instituído pela vontade dos sócios. Julgado procedente o pedido, a
sentença determinou a inclusão dos elementos do estabelecimento, por integrarem o patrimônio da
sociedade, e eventuais dividendos do retirante, não pagos, por se tratar de direito essencial, tudo sob
pena de enriquecimento sem causa da ré.
Analise a questão sob todos os aspectos, inclusive quanto à caracterização de julgamento extra petita.
(.5 t:i r r:‘,Inune orni rDfl,I iii CM Ia PUT)innr) ')(11 7 11 /f1S/11.117 - P4u.in2 1 F1.•
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
RESPOSTA:
O estabelecimento empresarial e o fundo de reserva instituído pela vontade dos sódos integram o
patrimônio da sociedade e, por isso, devem ser considerados na apuração dos haveres, por ocasião da
dissolução, sem que a sua inclusão caracterize julgamento extra petita.
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etirante ao remanescente sobre a dissolução, incorrem este e a sociedade em mora, tomando devidos,
desde então, os juros moratórios.
EMPRESARIAL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE COMERCIAL. ESTABELECIMENTO
EMPRESARIAL. COMPOSIÇÃO DO PATRIMÓNIO.- O estabelecimento empresarial (fundo de
comércio) deve ser considerado para fins de apuração dos direitos do sócio retirantes. - Agravo no
recurso especial não provido. (AgRg no REsp 1147733/BA, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 18/09/2012, DJe 21/09/2012)
2a QUESTÃO:
XXVII CONCURSO PARA PROCURADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Quais são as consequências do contrato de trespasse em relação ao passivo do trespassante?
RESPOSTA:
O trespasse do estabelecimento impõe ao adquirente responsabilidade pelo pagamento dos débitos
anteriores à transferência, vencidos e vincendos, desde que tenham sido contabilizados pelo
trespassante regularmente. Portanto, se o alienante manteve ou movimentou recursos, valores ou
realizou transações paralelamente à contabilidade legal, não responderá o adquirente por estes
débitos. Enquanto a responsabilidade do adquirente persiste até a prescrição, a do trespassante fica
limitada ao prazo de 1 ano, findo o qual desaparece o vinculo obrigacional entre eles. O termo a quo é
distinto conforme o crédito esteja vencido ou seja vincendo; no primeiro caso, conta-se da data da
publicação do contrato na imprensa oficial (art. 1.144) e, no segundo, da data do vencimento.
Outro efeito importante do trespasse em relação ao passivo do alienante encontra-se no art. 1.148. As
partes podem regular no contrato se haverá ou não a sub-rogação do adquirente nos contratos para a
exploração do estabelecimento, exceto os de caráter pessoal, cuja extinção se impõe. Não havendo
esta estipulação, haverá sub-rogação e terceiros poderão rescindir o contrato em 90 (noventa) dias da
publicação, provando justa causa.
um empresário por outrem.
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09 Tema: CONTRATO SOCIAL. Natureza dos atos constitutivos. Cláusulas obrigatórias. Art. 997
do Código Civil. Inscrição, averbação e arquivamento. órgãos competentes. Prazo para
arquivamento.
QUESTÃO:
CONCURSO PARA JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO DO ESTADO DE MINAS GERAIS -
2007
José Leal, brasileiro, casado sob o regime da separação absoluta de bens, engenheiro, residente e
domiciliado em Belo Horizonte (MG), e John Smith, americano, solteiro, residente e domiciliado na
cidade do Rio de Janeiro, resolveram constituir a sociedade CONSTRUTORA BRASAM Ltda. O
capital social, no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), totalmente integralizado no ato da
assinatura do contrato social, encontra-se dividido em 500.000 (quinhentas mil) quotas, no valor
nominal de R$ 1,00 (um real) cada uma, de forma que cada sócio subscreveu 250.000 (duzentas e
cinquenta mil) quotas. O objeto social, previsto no instrumento constitutivo, corresponde ao seguinte:
"construção. incorporação e compra e venda de imóveis populares". Assim, o contrato social, datado
e assinado por ambos os sócios em 30 de janeiro de 2006, foi submetido ao RPEM somente em 28 de
fevereiro de 2006, tendo sido devidamente arquivado nessa data.
Para alavancar os negócios, a sociedade, através do sócio administrador - José Leal, contraiu diversos
empréstimos, o que possibilitou a aquisição de alguns imóveis populares na periferia de Belo
Horizonte para revenda. Em 11 de setembro de 2006, venceu um contrato de mútuo firmado em 02 de
fevereiro de 2006 pela sociedade com um determinado credor. Com problemas de liquidez, a
sociedade não conseguiu honrar a dívida, motivo pelo qual o credor ingressou com uma execução por
quantia certa contra ela.
Pergunta-se: O patrimônio pessoal do administrador da sociedade poderia ser atingido nesta
execução, tendo em vista que a referida dívida foi contraída em 02 de fevereiro de 2006?
Resposta justificada.
RESPOSTA:
O contrato foi arquivado dentro de 30 dias contados da constituição da sociedade (30/01/2006).
Assim sendo, o arquivamento retroagirá à data da constituição e, por conseguinte, ao início da
personalidade jurídica da sociedade.
Art. 1.151, §1°, do Código Civil e art. 36, da Lei n°8.934/94.
Deve ser comentado que o tipo societário é Ltda., aplicando-se o art. 1.052, não respondendo o sócio
além do valor de suas quotas. O ato praticado está conforme o objeto social e a sociedade deverá
responder pelo seu adimplemento, sendo cabível a menção ao art. 1.022, CC.
2a QUESTÃO:
Leopoldo propôs ação em face de Joseph para compeli-lo a prestar contas de importâncias entregues
para o fim de constituir sociedade empresária. A sociedade não se constituiu formalmente (contrato
inscrito no RPEM), mas o réu realizou despesas para o empreendimento que ambos mantinham.
Joseph considera que não tem o dever legal de prestar contas ao autor, pois a sociedade não se
transformou em pessoa jurídica.
Analise o caso em todos os aspectos e indique, com amparo legal, os dispositivos do Código Civil que
embasaram o pedido do autor.
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RESPOSTA:
EMENTA: AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS - SOCIEDADE DE FATO - CONJUNTO
PROBATÓRIO EVIDENCIANDO A EXISTÊNCIA DA AFFECTIO SOCIETA TIS ENTRE
AUTORES E RÉUS - DEVER DE PRESTAÇÃO EXISTENTE. "Tendo as partes constituído uma
sociedade de fato. situação essa que se encontra bem delineada através das provas produzidas nos
autos, exsurge o direito dos autores buscarem dos réus a prestação de contas dos valores havidos com
a comercialização dos produtos negociados." Apelação com Revisão n° 968743-0 - TJSP.
3" QUESTÃO:
Quais são os principais direitos e obrigações dos sócios nas sociedades reguladas pelo Código Civil?
Indicar, no mínimo, três direitos e três obrigações, dar o amparo legal e fundamentar.
RESPOSTA:
DEVERES:
Art. 981 CC/02 - obrigação de contribuir com bens e/ou serviços para a sociedade, sendo que a
contribuição com bens formará o capital social (art.997. III);
Arts. 981 e 1008 - obrigação de responder pelas perdas, considerando-se o resultado positivo ou
negativo;
Art.1004 - integralizar o valor da quota nos prazos previstos;
Art. 1010, § 3°- não participar de deliberação em que tenha interesse conflitante com o da
sociedade;
Art. 1005 - responder pela evicção ou pela solvência do devedor;
Art.1006 - não se empregar em negócios estranhos aos da sociedade, no caso de sócio de serviços;
Art. 1032 - responder pelas obrigações existentes à data da exclusão, morte ou retirada do sócio até
o prazo de dois anos.
DIREITOS:
P QUESTÃO:
Com a aproximação do verão, Carlos Caveirinha, Manoel Boaonda e João Pranchão pretendem
constituir uma sociedade para atuar com vendas de pranchas de surf.
Manoel Boaonda não tem dinheiro nem bens para investir na sociedade e pretende contribuir com seu
trabalho Esta solução é possível? Como atender ao desejo de Manoel? Em caso negativo, justifique.
RESPOSTA:
Será possível, caso a sociedade em questão seja simples tanto quanto ao objeto e quanto ao tipo; o
contrato deverá mencionar as prestações do sócio (art. 997, V). Se sua atividade for própria de
empresário não será possível, em razão da vedação de sócio de serviço nas sociedades empresárias
QUESTÃO:
XXXVII CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGO PARA INGRESSO NA
MAGISTRATURA ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO
Três médicos - um cirurgião, um clínico e um ortopedista- constituíram uma sociedade limitada para
explorar uma casa de saúde, na qual os sócios passaram a exercer suas especialidades médicas, com
concurso de colaboradores e auxiliares.
Esta sociedade caracteriza-se, ou não, como empresária? Resposta fundamentada.
RESPOSTA:
Partindo-se da compreensão de que uma "casa de saúde" tem uma estrutura empresarial, onde são
prestados serviços de hotelaria, realizados exames, contratados profissionais de várias especialidades,
percebe-se que a sociedade é empresária, eis que a atividade-fim não é apenas o exercício da
profissão (atividade intelectual de cunho científico). A mesma solução não ocorreria se os médicos
alugassem ou comprassem uma sala para instalar um consultório, onde nele exercessem
exclusivamente suas especialidades médicas.
QUESTÃO:
XIII CONCURSO PARA PROCURADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Responda se são simples ou empresárias:
uma sociedade limitada que tenha por objeto a criação de gado e crie 5.000 cabeças em uma área
de 10.000 hectares no Estado de Mato Grosso do Sul;
uma sociedade anônima que tenha por objeto a prestação de serviços médicos;
uma sociedade limitada que tenha por objeto a prestação de serviços de auditoria.
RESPOSTA:
RESPOSTA:
atividade rural caracteriza atividade simples, salvo se o contrato for arquivado no RPEM (art. 984,
CC).
empresária (art. 982, parágrafo único, do CC).
sociedade simples (art. 982 c/c art. 966, parágrafo único, CC), salvo se a atividade profissional for
elemento de empresa; neste caso será sociedade empresária.
DIREITO EMPRESARIAL - CP04 -01 - CPI - 1" PERÍODO 2017 12/05/2017 - Página 1 de 1
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la QUESTÃO:
la QUESTÃO:
A dissolução da sociedade implica na perda de sua personalidade jurídica? Responda
fundamentadamente.
RESPOSTA:
STJ. RESP 317255/MA, 3° Turma. Rel. Min. Ari pargendler. J. 27/11/2001. PROCESSO CIVIL.
EXECUÇÃO DE SENTENÇA. COISA JULGADA. Nada importa a revelação, em execução de
sentença, de que a respectiva autora, pessoa jurídica, já fora dissolvida à data da propositura da ação
de conhecimento; a coisa julgada se sobrepõe a esse fato, porque abrange as alegações e defesas
deduzidas e, também, aquelas clue poderiam ter sido deduzidas (CPC, art. 474). COMERCIAL.
DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇAO DA SOCIEDADE. A dissolução da sociedade não implica a
extinção de sua personalidade jurídica, circunstância que se dá apenas por ocasião do término do
procedimento de liquidação dos respectivos bens; se, todavia, o distrato social eliminou a fase de
liquidação, partilhando desde logo os bens sociais, e foi arquivado na Junta Comercial, a sociedade já
não tem personalidade jurídica nem personalidade judiciária. Recurso especial conhecido e provido
Segundo os ensinamentos de Fabio Ulhoa Coelho, a sociedade empresária dissolvida não perde de
imediato, a personalidade jurídica por completo. Ao contrário, converva-a, mas apenas para liquidar
as pendências obrigacionais existentes (art. 207, LSA e art. 51, Código Civil). Em outros termos, ela
sofre uma considerável restrição na sua personalidade, na medida em que somente pode praticar os
atos necessários ao atendimento das finalidades da liquidação. Qualquer negócio jurídico realizado
em nome da sociedade empresária dissolvida que não vise dar seguimento à solução de pendências
obrigacionais não pode ser imputado à pessoa jurídica. Esta não é mais um sujeito apto a titularizar
direitos ou contrair obrigações, salvo os indispensáveis ao regular processamento da liquidação.
Imputam-se, desse modo, as consequências do ato exclusivamente à pessoa física que o praticou em
nome da sociedade dissolvida.
r QUESTÃO:
Em razão da retirada de um dos sócios de uma sociedade limitada, o sócio remanescente presenteou
sua sobrinha com metade das quotas, atribuindo-lhe o cargo de administrador. Posteriormente, em
razão de desinteligências pessoais, foi decretada a dissolução judicial da sociedade. Os únicos sócios
não estão de acordo com a escolha do liquidante. O juiz nomeou liquidante o sócio mais antigo pelos
seguintes fundamentos: a) "é inconteste que o sócio nomeado foi quem capitalizou a empresa, dando
de presente à outra sócia, sua sobrinha, a participação de 50%"; b) a nomeação de ambos é
desaconselhável, visto que as desinteligências pessoais só levariam tumulto à liquidação e c) a
nomeação de terceiro estranho à sociedade só levaria a delongas na liquidação, portanto, a liquidação
se fará sob o controle do outro sócio e, fundamentalmente, do Juízo, resguardando assim plenamente
os interesses da sócia.
A sócia recorreu da decisão, alegando violação ao art. 657, §2°, do CPC/39, mantido pelo art. 1.218,
do CPC/73. O Tribunal de Justiça acolheu os fundamentos da decisão monocrática e a manteve.
Corretas as decisões?
RESPOSTA:
ST.1. Resp n° 205271/RJ, 4' Turma, unânime, que conheceu e deu provimento ao recurso para
reformar decisão da justiça fluminense por entendê-la violadora do art. 657, §2°, nos termos do voto
do Relator Ministro Sálvio Teixeira. COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. DISSOLUÇÃO DE
SOCIEDADE POR COTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. NOMEAÇÃO DE
LIQUIDANTE. DOIS ÚNICOS SÓCIOS. ART. 657, § r, CPC/I939. TERCEIRO ESTRANHO À
SOCIEDADE. RECURSO PROVIDO. I - A divergência pessoal entre os dois únicos sócios da
sociedade por si só impõe a nomeação de liquidante estranho à sociedade, nos termos do art. 657, §
2°, CPC/1939, em vigor por força do art. 1.218, CPC/I973. II - A capitalização da empresa por um
dos sócios e a maior delonga na liquidação, se feita por terceiro, não justificam a nomeação desse
sócio como liquidante, em face das divergências pessoais com sua única sócia. - Acórdão mantido por
ser paradigma sobre o tema.
V QUESTÃO:
Qual é o tipo de dissolução e liquidação que ficam sujeitas as sociedades cooperativas em estado de
insolvência, uma vez que o Código Civil de 2002 diz, em seu artigo 982 parágrafo único, que as
cooperativas são sempre sociedades simples? Responda fundamentadamente.
RESPOSTA:
TJMG - 100810700621870011 MG 1.0081.07.006218-7/001(1) (TJMGI
Data de Publicação: 07/03/2008 Ementa: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL SOCIEDADE
COOPERATIVA DECLARAÇÃO DE INSOLVÊNCIA CIVIL IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA
DO PEDIDO PREVISÃO DE DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO ESPECÍFICA LEI N° 5.764 /71
CARÊNCIA DE AÇÃO. Muito embora as sociedades cooperativas estejam definidas pela novel
legislação civil como sociedades simples, isto é, não empresárias, não se pode olvidar que elas
também se subordinam à Lei n° 5.764 /71, diploma específico que lhes regula o procedimento de
dissolução.
sujeitasainsolvência civil), não se pode olvidar que elas também se subordinam à Lei n° 5.764/71,
diploma específico que lhes regula o procedimento de dissolução (decisão de extinguir a sociedade) e
liquidação (apuração dos créditos e pagamento dos débitos da sociedade dissolvida). Assim é que, nos
termos do art. 63 da lei do cooperativismo, considerando a possibilidade de se encontrar a cooperativa em
estado de insolvência e considerando também possível omissão de seus respectivos órgãos
administrativos (não tomando a providência de instalar assembléia geral extraordinária para deliberar a
dissolução/liquidação da sociedade), autoriza a lei que qualquer sócio ajuíze ação própria destinada a esse
fim, ocasião em que nomeará o Juiz um liquidante que passará a cumprir os trâmites dos arts. 66 e
seguintes da Lei das Cooperativas. Vedada, portanto, a insolvência civil à sociedade cooperativa. No
mesmo sentido já decidiu o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul: 'EMENTA:
APELAÇÃO CIVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. EXTINTO O FEITO POR INÉPCIA DA INICIAL.
DECISÃO MANTIDA. PRELIMINAR DE NULIDADE POR CERCEAMENTO DE DEFESA
AFASTADA. Não houve cerceamento de defesa, uma vez que a possibilidade de perícia judicial não
desonera o autor de provar a verdade de suas alegações na apresentação da inicial. Por outro lado,
mantida a extinção por outro fundamento, a solução da lide não seria modificada com a perícia
pretendida. É inepta a inicial que pretende, na realidade, a declaração da 'insolvência civil', vedada à
Cooperativa. (...)APELO IMPROVIDO. (Apelação Cível N°70019602416, Décima Sexta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Helena Ruppenthal Cunha, Julgado em 30/05/2007) (grifei) Logo, o
que se vê é que, pelo princípio básico de resolução de antinomias segundo o qual a regra especial
prevalece sobre a regra geral - lex specialli derogat generali, deve prevalecer aqui a Lei especial, mesmo
porque, os regimes de liquidação concursal são de ordem pública, não podendo ser desconsideradas as
exceções expressas postas pelo legislador. Decorre disso a carência da ação, em virtude da
impossibilidade jurídica do pedido, por não corresponder a pretensão autoral à natureza do provimento
jurisdicional buscado na peça inaugural, pelo que entendo mereça confirmação a r. sentença guerreada.
Conclusão/dispositivo: Pelo exposto e ao pulso destas reflexões é que nego provimento à apelação,
mantendo a r. sentença invectivada por seus próprios fundamentos, além dos que ora acrescento. Sem
custas. O SR. DES. OTÁVIO PORTES: De acordo. O SR. DES. NICOLAU MASSELLI: De acordo.
SÚMULA : NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
MINAS GERAIS APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0081.07.006218-7/001 APELAÇÃO CÍVEL N°
1.0081.07.006218-7/001 - COMARCA DE BONFIM - APELANTE(S): COOP LEITE PRODUTORES
RURAIS RIO MANSO CLRM - RELATOR: EXMO. SR. DES. SEBASTIÃO PEREIRA DE SOUZA
ACÓRDÃO Vistos etc., acorda, em Turma, a 16 CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e
DIREITO EMPRESARIAL - CP04 -01 - CPI - 1' PERÍODO 2017 15/05/2017 - Página 8 de
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
P QUESTÃO:
A sociedade de RÁDIO ABC LTDA. propõe ação em face de RÁDIO XYZ LTDA. requerendo que a
ré cesse o uso do slogan "RÁDIO XYZ - A RÁDIO DOS CARIOCAS", assim como da estrutura de
programação e conhecimentos técnico-operacionais que recebeu da autora, em razão de contrato
havido entre ambas no passado e já terminado. Requereu também a condenação ao pagamento de
multa contratual e indenização por danos materiais e morais.
Alega a autora que manteve com a ré contrato de afiliação entre 27/09/1998 e 01/08/2007, tendo-lhe
fornecido lcnow-how, procedimentos operacionais, informações comerciais e de marketing para que a
ré pudesse operar dentro dos padrões "RÁDIO CARIOCA FM", padrão este original e característico
da autora e que é utilizado por todas as suas afiliadas.
Ocorre que, uma vez expirado o termo de vigência do aludido contrato, e não tendo o mesmo sido
prorrogado, a autora tomou conhecimento de que durante toda a última semana de vigência de
operação sob a marca e padrão "RÁDIO CARIOCA FM", a ré informou ao seu público que na
semana seguinte passaria a se chamar "RÁDIO XYZ FM" e que usaria o slogan "RÁDIO XYZ - A
RÁDIO DOS CARIOCAS".
Aduz a autora que ao usar o slogan "RÁDIO XYZ -A RÁDIO DOS CARIOCAS" a ré estaria
reproduzindo parcialmente sua marca registrada "RÁDIO CARIOCA FM". Ademais, ao imitar a
estrutura de programação criada e desenvolvida pela autora (e.g. trilhas, vinhetas, efeitos sonoros,
locução, forma de veiculação das músicas, estrutura e operacionalização dos hreaks comerciais,
programação musical, atendimento ao ouvinte, jornalismo, promoções, utilização da marca, política
comercial etc.), estaria a ré praticando ato de concorrência desleal.
Considerando que o termo "CARIOCA" é de uso comum em qualquer segmento de mercado, indaga-
se: como você decidiria a causa? Dê o amparo legal.
RESPOSTA:
Apelação Chiei n" 2005.001.17046, 12" Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
de Janeiro. Relator: Desembargador Gamaliel Q. de Souza. Julgada em 06.09.2005.
CONTRATO DE FILIACAO. DESCUMPRIMENTO DO CONTRATO. CONCORRENCIA
DESLEAL. RESSARCIMENTO DOS DANOS Descumprimento de contrato de afiliação. Perdas e
danos decorrentes da prática de ato de concorrência desleal. Reprodução parcial de marca. Agravos
retidos não conhecidos, tendo em vista a sua não reiteração nas razões do recurso de apelação. De
acordo com a Lei n. 810/49, o contrato de afiliação iniciado em 01/08/99 tem a sua vigência
encerrada em 01/08/2000, tendo ocorrido o descumprimento do referido contrato e sendo cabível a
imposição da multa contratual. A continuidade no uso da estrutura de programação e da imagem da
autora caracteriza a prática de ato de concorrência desleal, gerando perdas e danos a serem
indenizados (art. 209, Lei n. 9.279/96). Dano moral não caracterizado. Não houve a reprodução
parcial de marca, segundo o laudo pericial, sendo possível a convivência pacifica das marcas "Jovem
Pan" e "Radio Jovem Rio". Primeiro recurso provido em parte e segundo recurso improvido.
Ementário: 28/2006 - N. 7 - 03/08/2006. Precedente Citado: STJ REsp 6934/SP, Rel. Min.Sálvio de
Figueiredo Teixeira,julgado em 04/03/91.
2' QUESTÃO:
Foi instaurado Processo Administrativo no CADE, formalizado pela Secretaria de Direito Econômico,
com base em representação feita pela EMOG, representante da categoria econômica das "Empresas de
Odontologia de Grupo", contra a COODONTO, cooperativa de trabalho odontológico que oferta
serviços odontológicos, através de seus cooperados. A primeira acusa a segunda de conduta ilícita, ao
inserir no regime de cooperação cláusula de exclusividade, o que configuraria infração à ordem
econômica, nos termos da Lei n° 8.884/94.
A EMOG alega que suas associadas estão sendo prejudicadas pela COODONTO, impedindo-as de
exercerem livremente as suas atividades, ao determinar aos dentistas cooperados que deixem de
atender os usuários de Planos de Saúde Oral dos concorrentes, sob pena de sofrerem punições. Como
prova dos fatos alegados, a Representante apresenta correspondência, na qual a COODONTO exige
de uma dentista cooperada exclusividade de prestação de serviços, sob pena de exclusão da
cooperativa, e o pedido feito pela referida dentista junto à ODONTOPREV, concorrente, solicitando
descredenciamento, argumentando ser esta uma exigência da Representada. Consta, ainda,
correspondência de outra dentista cooperada, solicitando descredenciamento da ASSOCIL, entidade
concorrente, em vista da incompatibilidade para prosseguimento da relação profissional com a
mesma.
Em defesa, a Representada alega, em síntese, o seguinte:
É inadmissível a afirmação de que a exigência do respeito à fidelidade societária seja um ato ilegal
da representada;
A criação de uma cooperativa objetiva, fundamentalmente, eliminar as intermediações que só
prejudicam a relação econômica, como no caso das atividades relacionadas ao atendimento à saúde;
Ao se associar à cooperativa, o dentista opta livremente por se afastar das iniciativas de
intermediação comercial da odontologia, consideradas contrárias aos princípios legais que regem o
cooperativismo, ficando, por conseguinte, proibido de manter relações profissionais com instituições
contrárias a este propósito;
A Lei n°5.764/71 defere às cooperativas a faculdade de eliminar o cooperado que insistir em
manter a dupla militância. O cooperado transgride o estatuto quando exerce atividades profissionais
em uma operadora de plano de saúde concorrente.
Pergunta-se: deve ser julgada procedente a representação da EMOG em face da COODONTO?
Fundamente e dê o amparo legal na resposta.
RESPOSTA:
CADE/PROCESSO ADMINISTRATIVO N° 08012.005981/2002-24. Conselheiro-Relator:
Ricardo Villas Bôas Cueva.
Ementa: Processo Administrativo. Cláusula de exclusividade para a prestação de serviços
odontológicos e vedação à dupla militância. Infração tipificada no artigo 36, incisos I e IV c.c §1°,
incisos III e IV da Lei 12.529/20011. 4. Conduta configurada e comprovada. Jurisprudência reiterada
do CADE. Determinação para cessação das práticas, imposição de multa e penalidades acessórias.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, na conformidade dos votos e das notas eletrônicas,
acordam a Presidente e os Conselheiros do Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE,
por unanimidade, julgar a Representada como incursa no artigo artigo 36, incisos I e IV c.c §1°,
incisos III e IV da Lei 12.529/20011, impondo as seguintes sanções: a) aplicação de multa no valor de
R$ 63.846,00 (sessenta e três mil, oitocentos e quarenta e seis reais); b) determinação para que a
Representada exclua de seu Estatuto Social, Regimento Interno, Propostas de Admissão e Fichas de
Cadastro quaisquer imposições ou cláusulas que contenham dispositivos referentes à exclusividade na
prestação de serviços ou vedação à dupla militância de seus cooperados, comprovando-se perante o
CADE o cumprimento da determinação no prazo de 30 dias após a publicação do presente acórdão; c)
determinação para que a Representada realize às suas expensas, e sem prejuízo da multa já cominada,
a publicação, em meia página, no jornal de maior circulação de Manaus/AM, do extrato do presente
voto, por dois dias seguidos e em duas semanas consecutivas; d) determinação para que a
Representada comunique aos seus associados, através de meio idôneo de comunicação, o teor da
presente decisão, comprovando-se perante o CADE o cumprimento da determinação no prazo de 60
dias após a publicação do presente acórdão; e) a reintegração aos quadros da Representada dos
profissionais cooperados porventura descredenciados em decorrência da dupla militância; advertindo-
se que a continuidade da prática infrativa ou mesmo o descumprimento da presente decisão acarretará
multa diária no valor de R$ 5.320,00 (cinco mil trezentos e vinte reais). Vencido, no tocante ao valor
da multa estipulada no item 'a' supra, o Conselheiro Luiz Carlos Thadeu Delorme Prado. Participaram
do julgamento a Presidente Elizabeth M. M. Q. Farina e os Conselheiros Roberto Augusto
Castellanos Pfeiffer, Luiz Alberto Esteves Scaloppe, Ricardo Villas Bôas Cueva, Luis Fernando
Rigato Vasconcellos e Luiz Carlos Thadeu Delorme Prado. Presente a Procuradora-Geral Maria Paula
Dallari Bucci. Brasília, 01 de setembro de 2004 (data do julgamento 329a SO).
3' QUESTÃO:
Cervejaria X S/A. ajuíza ação indenizatória, com base no art. 195, III, da Lei n°9.279/96. em que
pretende obrigar sua concorrente (Cervejaria W. Ltda.) a abster-se da prática de concorrência desleal
referente ao fato de que os rótulos de uma de suas cervejas têm a mesma embalagem de uma das
cervejas da autora. Aduz que a ré deseja locupletar-se, utilizando um rótulo que é cópia inequívoca
das cervejas fabricadas pela autora, o que foi confirmado pela perita do juízo.
A ré nega que esteja ocorrendo prática de concorrência desleal e afirma que o consumidor é livre para
escolher a cerveja de sua preferência, ou até mais de uma. A semelhança dos rótulos é irrelevante,
pois, na verdade, o que destaca o produto cerveja é o seu sabor e as suas qualidades. Ademais, as
cervejas da ré possuem um lacre higiênico que as diferenciam de qualquer outra marca de cerveja.
Pergunta-se: deve ser julgado procedente o pedido? Justifique.
RESPOSTA:
TJRJ. Apelaçâo Cível n° 2007.001.36455. 42 Câmara Ova Rel. Des. Sidney Hartung Buarque.
J. 13/11/2007.
APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO. CONCORRÊNCIA DESLEAL. RÓTULOS DE CEVEJAS
SEMELHANTES. MARCA COMERCIALIZADA PELA APELADA COM RÓTULO
SEMELHANTE AO DA APELANTE. DIREITO MARCÁRIO. Semelhança de cores que não é de
molde a induzir o consumidor em erro ao adquirir produto que não quer. A habitualidade em seu
consumo faz com que todo usuário demonstre a sua preferência por determinada marca. Inaplicável à
hipótese presente tanto o art. 2°, inc. V e art. 195, inc. III da Lei de Propriedade Industrial. Falta de
ofensa ao desenvolvimento tecnológico ou econômico decorrente de concorrência desleal. Falta de
evidência de emprego de meio fraudulento visando se apropriar de clientela alheia.
IMPROVIMENTO DO APELO.(acórdão mantido por ser paradigma sobre o tema).
DIREITO EMPRESARIAL - CP04 -01 - CPI - 1" PERÍODO 2017 17/05/2017 - Página 4 del5
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
a QUESTÃO:
V CONCURSO PARA INGRESSO NA CLASSE INICIAL DA CARREIRA DA
MAGISTRATURA FEDERAL
RESPOSTA:
Não se consideram invenção, nem modelo de utilidade descobertas, logo não são patenteáveis (art. 10,
I, Lei n°9.279/96). Denis Borges Barbosa explica a razão para tal exclusão: "Como se vê, as
descobertas, como simples ato de conhecimento, inclusive de material biológico, encontrado na
natureza, as criações estéticas, as técnicas operatórias e de diagnóstico, assim como todas as formas
de criação prática não industrial estão excluídas da proteção da Lei n° 9.279/96, como aliás das
demais leis nacionais. O patenteamento da descoberta [...] é universalmente vedado no sistema de
patentes; nenhum país concede privilégio por simples descoberta. Isso se dá porque, pela concessão
de patentes, tenta-se promover a solução de problemas técnicos - questões de ordem prática no
universo fisico. Para a promoção da atividade científica pura, estética, ou de outra natureza, há outros
meios de estimulo". (Uma introdução à propriedade industrial. 2 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2003, p. 344). Douglas Gabriel Domingues, no mesmo sentido, sintetiza: "A par de ser a descoberta
simples revelação de algo já existente, a mesma resulta do espírito especulativo do homem, na
investigação dos fenômenos e leis naturais. Assim, a descoberta apenas aumenta os conhecimentos do
homem sobre o mundo físico, e não satisfaz nenhuma necessidade de ordem prática. Finalmente, a
descoberta não soluciona nenhum problema de ordem técnica". (Direito Industrial - Patentes. Rio de
Janeiro: Forense, 1982. p. 31).
2' QUESTÃO:
Um empresário utiliza tecnologia criada por ele, mas não patenteada. No caso de a patente ser
requerida por outra pessoa, existe alguma possibilidade de o empresário continuar a utilizar a
tecnologia?
Justifique a resposta.
RESPOSTA:
Se ficar comprovado que o empresário usava a tecnologia sem saber que outra pessoa a estava
desenvolvendo, ou ainda não a tinha desenvolvido antes do pedido de depósito, ou de prioridade,
poderá manter a exploração sem pagamento ao titular da patente, pois será considerado usuário
anterior e de boa-fé, nos termos do art.45 da Lei n° 9.279/96.
3a QUESTÃO:
Em ação ordinária movida por Cledson Calçados S/A em face de Reis & Cia. Ltda. foi deferido
pedido de antecipação de tutela para que o réu se abstenha de fabricar, comercializar e oferecer à
venda calçados que contenham total ou parcialmente os modelos criados pelo autor, sob pena de
multa diária, além de busca e apreensão de tais produtos e suas matrizes.
Reis 8c Cia Ltda. interpôs agravo de instrumento da decisão, afirmando que o autor não detém ainda o
registro do desenho do calçado, na forma do art. 107, do Código da Propriedade Industrial. Ademais,
há distinção e independência do design dos calçados. Requereu a concessão de efeito suspensivo, uma
vez que a decisão atacada causa-lhe lesão grave e de difícil reparação, por se tratar de calçado
produzido para atender moda sazonal.
Ficou comprovado que o requerimento de concessão do registro formulado por Reis & Cia Ltda. ao
INPI foi apresentado anteriormente ao de Cledson Calçados S/A.
Pergunta-se: Deve ser concedido efeito suspensivo? Deve ser tornada sem efeito a decisão que
concedeu a tutela antecipada? Respostas fundamentadas.
RESPOSTA:
TJMG. Agravo de Instrumento n° 1.0452.06.026120-6/001. 15 Câmara Cível. Rel. Des. Bitencourt
Marcondes.15/02/2007.
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - DESENHO INDUSTRIAL - REGISTRO NO INPI -
INEXISTÊNCIA - REQUERIMENTO POSTERIOR - EXCLUSIVIDADE - AUSÊNCIA -
AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO. I - O direito à exclusividade do desenho industrial de
determinado produto, adquire-se pelo registro validamente expedido pelo INPI, conforme as
disposições da Lei 9.279/96. II - Constatado a ausência de registro do desenho pela Agravada junto ao
INPI, não há que se falar em exclusividade na fabricação e comercialização do produto. III - Recurso
conhecido e provido.
I' QUESTÃO:
Diante de um pedido de reconhecimento de notoriedade de uma marca formulado em juízo, de que
parâmetros pode o juiz se valer para conferir-lhe a proteção prevista na legislação?
RESPOSTA:
A marca notoriamente conhecida é aquela que goza de proteção especial em seu ramo de atividade,
mesmo que não esteja previamente depositada ou registrada no Brasil. Tal proteção aplica-se tanto às
marcas de produto quanto de serviço.
Esta proteção está prevista no art. 6°, bis (I), da Convenção da União de Paris, cuja Revisão de
Estocolmo de 1967 foi promulgada no Brasil pelo Decreto n°635/92. De acordo com este dispositivo,
"os países da União comprometem-se a recusar ou invalidar o registro, quer administrativamente, se a
lei do país o permitir, quer a pedido do interessado, e a proibir o uso de marca de fábrica ou de
comércio (atualmente marca de produto) que constitua reprodução, imitação ou tradução, suscetíveis
de estabelecer confusão, de uma marca que a autoridade competente do país do registro ou do uso
considere que nele é notoriamente conhecida como sendo já marca de uma pessoa amparada pela
presente Convenção, e utilizada para produtos idênticos ou similares. O mesmo sucederá quanto a
parte essencial da marca notoriamente conhecida ou imitação suscetível de estabelecer confusão com
esta"
As circunstâncias e os parâmetros que o juiz pode se valer para o julgamento em ação judicial onde se
requeira a proteção são apontados pela jurisprudência: a) efeito extraterritorial e desespecializante
(Cf. TRF, r Região, 2 Turma. Apelação n° 89.02.01005-8. Relator Des. Sergio D'Andrea
Ferreira. J. 03/08/1993); b) novidade (Cf. TRF, 2' Região, P Turma. Apelação n° 94.02.15118-4.
Relator Des. André Kozlowski. J. 25/04/1996); c) distinguibilidade (Cf. TRF, 2' Região, 3'
Turma. Apelação n°91.02.10006-1. Relator Des. Celso Passos. J. 11/10/1994);d) notoriedade
excepcional (TRF, r Região, 1' Turma. Apelação n° 90.02.00413-3. Relator Des. Frederico
Gueiros. J. 20/10/1993); e) notoriedade relativa, isto é, não precisa ser do conhecimento de todos os
consumidores, mas de um certo grupo (TRF, T' Região, r Turma. Apelação n° 90.02.20267-9.
Relator Des. Joaquiam Castro Aguiar. J. 23/04/1996).
Em relação a este último aspecto, o Acordo TRIPS, promulgado no Brasil pelo Decreto n° 1.355/94
dispõe no art. 16. 2, que: "[...] Ao determinar se uma marca é notoriamente conhecida, os Membros
levarão em consideração o conhecimento da marca no setor pertinente do público, inclusive o
conhecimento que tenha sido obtido naquele Membro, como resultado de promoção da marca".
2a QUESTÃO:
LOUIS VUITTON DISTRIBUIÇÃO Ltda. ajuizou ação ordinária em face de CALIENTE
COMÉRCIO DE MODAS Ltda., com os seguintes pedidos: a) busca e apreensão de produtos
falsificados; b) abstenção na comercialização de tais produtos; c) condenação da ré ao pagamento de
indenização por danos materiais e morais derivados da comercialização dos produtos contrafeitos. A
falsificação dos produtos apreendidos foi constatada pela prova pericial. A ré alega que os produtos
foram licitamente fabricados, já que recolhidos todos os encargos fiscais devidos. Quanto ao pedido
de indenização por danos materiais, sustenta não ter a autora comprovado a comercialização dos
produtos supostamente contrafeitos e, portanto, não teria sofrido qualquer diminuição de suas vendas.
Da mesma forma, não procede o pedido de danos morais, pela inexistência de provas de que sua
conduta tenha desabonado a imagem da autora. Os autos foram conclusos para sentença. Decida a
questão.
RESPOSTA:
STJ. REsp 466.761/RJ. 3' Turma. Rel. Min. Nancy Andrighi. DJ 04/08/2003. Direito Comercial e
Processo civil. Recurso especial. Ação de conhecimento sob o rito ordinário. Propriedade industrial.
Marca. Contrafação. Danos materiais devidos ao titular da marca. Comprovação. Pessoa jurídica.
Dano moral. - Na hipótese de contrafação de marca, a procedência do pedido de condenação do
falsificador em danos materiais deriva diretamente da prova que revele a existência de contrafação,
independentemente de ter sido, o produto falsificado, efetivamente comercializado ou não. - Nesses
termos considerados, a indenização por danos materiais não possui como fundamento tão-somente a
comercialização do produto falsificado, mas também a vulgarização do produto, a exposição
comercial (ao consumidor) do produto falsificado e a depreciação da reputação comercial do titular da
marca, levadas a cabo pela prática de falsificação. - A prática de falsificação, em razão dos efeitos que
irradia, fere o direito à imagem do titular da marca, o que autoriza, em conseqüência, a reparação por
danos morais. - Recurso especial a que se dá provimento.