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DIREITO CIVIL I
1 – Noção de Direito
1.1 – Conceito de Direito:
Segundo Maria Helena Diniz, “todo conhecimento
jurídico necessita do conceito de direito. O conceito é um esquema prévio, um
ponto de vista anterior, munido do qual o pensamento se dirige à realidade,
desprezando seus vários setores e somente fixando aquele que corresponde
às linhas idéias delineadas pelo conceito.”
Entretanto, como bem observa Lourival Vilanova,
quando buscamos uma definição para o direito, não estamos tentando formular
uma definição nominal consistente em dizer o que a palavra significa. Na
verdade, “buscamos a definição real, essencial, que consiste em dizer o que
uma coisa é, desvendando as essências das próprias coisas que essa palavra
designa.”
Contudo, não há entre os autores um certo
consenso sobre o conceito de direito, pelo fato de que seria impossível
estabelecer uma fórmula única, dada a variedade de elementos e
particularidades que apresenta.
A escolha da perspectiva em que se vai conhecer
está condicionada pelo sistema de referência daquele que conhece o direito,
pressupondo uma reflexão sobre as finalidades da ordem jurídica.
Desta forma, chegamos à conclusão de que o direito
só pode existir em função do homem. Pelo fato de ser o homem um ser
eminentemente social, este necessita viver em sociedade para atingir seus
objetivos, sendo necessária essa convivência para sua própria coexistência.
Desta necessidade, o homem é levado naturalmente
a formar grupos sociais (família, escola, associação, trabalho, etc).
Em virtude disso, estabelecem os indivíduos entre si,
relações de coordenação, subordinação, integração e delimitação, relações
estas que não se dão sem o concomitante aparecimento de normas de
organização de conduta social.
Assim, podemos dizer que a norma pertence à vida
social, pois tudo o que há na sociedade é suscetível de revestir a forma da
normatividade jurídica. A norma jurídica existe para estabelecer um equilíbrio
social imanente à própria coexistência dos seres humanos, possibilitando a
todos e a cada um, o pleno desenvolvimento das suas virtualidades e a
consecução e gozo de suas necessidades sociais, ao regular a possibilidade
objetiva das ações humanas.
À vista do exposto, surge para nós o que chamamos
de Direito Positivo, que nada mais é que o conjunto de normas, estabelecidas
pelo poder político, que se impõem e regulam a vida social de um dado povo
em determinada época.
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4 – FONTES DO DIREITO
4.1 – CONCEITO: O termo fonte do direito é empregado metaforicamente, pois
em sentido próprio – fonte – é a nascente de onde brota uma corrente de água.
Justamente por ser uma expressão figurativa, tem mais de um significado.
4.2 – DIVISÃO:
- Materiais – aponta para a origem do direito;
- Formais:
a) estatais (legislativa, jurisprudencial e convencional);
b) não estatais (consuetudinárias, doutrinária).
2 - CONTEÚDO:
1º - disciplina as próprias normas jurídicas, assinalando-lhes a maneira de
aplicação e entendimento, predeterminando as fontes de direito positivo,
indicando-lhes a vigência e a eficácia no tempo e no espaço.
2º - ultrapassa o âmbito do próprio direito civil, vinculando o direito privado
como um todo e alcançando o direito público, atingindo apenas indiretamente
as relações jurídicas;
3º - contém normas de sobredireito ou de apoio que disciplinam a atuação da
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ordem jurídica.
3 - FUNÇÕES:
1º - regular a vigência e a eficácia das normas jurídicas (art. 1º, 2º)
2º - fornecer critérios de interpretação (art. 5º)
3º - estabelecer mecanismos de integração das normas, quando houver
lacunas (art. 4º)
4º - garantir a eficácia global da ordem jurídica, não admitindo a ignorância da
Lei como escusa ao seu cumprimento (art. 3º)
5º - garantir a certeza, segurança e estabilidade do ordenamento, preservando
as situações consolidadas em que o interesse individual prevalece (art. 6º)
4 - VIGÊNCIA DA LEI
As normas nascem com a promulgação, tornando-se
obrigatórias e entrando em vigor com a publicação e o decurso da vacatio legis.
A vacatio legis trata-se do período compreendido
entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor. Atualmente, a Lei
Complementar n.º 95/98 estabelece que “a vigência da lei será indicada de
forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha
amplo conhecimento”(art. 8º).
Entretanto, a Lei de Introdução ao Código Civil
contém regra geral destinada a suprir a omissão do prazo de vacatio legis
preceituando que, “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em
todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”(art. 1º,
caput) e que, “nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei
brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente
publicada”(art. 1º, § 1º).
O critério da vacatio legis adotado atualmente é
único, uma vez que a lei entra em vigor em todo o país a um só tempo. No
exterior, de igual forma, entra em vigor a um só tempo, ressalvando-se que, em
regra, isso ocorre após sua entrada em vigor dentro do país.
A Lei de Introdução ao Código Civil anterior adotava
o critério progressivo, ou seja, estabelecia prazos diferenciados para a entrada
em vigor da lei em diversas partes do território nacional.
O cômputo do prazo da vacatio legis obedece ao
disposto no art. 8º, § 1º da LC 95/98, segundo o qual, “a contagem do prazo
para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-
se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo,
entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral.”
Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova
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5 – OBRIGATORIEDADE DA LEI
Pelo princípio da obrigatoriedade da lei, ninguém se
escusa de cumpri-la alegando que não a conhece.
Esse princípio tem por fundamento a necessidade
de preservação do império da ordem jurídica e da própria segurança jurídica.
2º - Costumes – fonte jurídica em plano secundário, eis que somente pode ser
utilizada no caso de omissão da lei.
Conceito: É o uso implantado numa coletividade e considerado por ela como
juridicamente obrigatório. Provém da prática reiterada e uniforme de um certo
procedimento, a qual vai gerar, no espírito da comunidade, a persuasão de sua
necessidade e de sua obrigatoriedade. Tem como elementos principais, o uso
e a convicção jurídica.
Espécies:
- Secundum legem – está previsto em lei, que reconhece sua eficácia
obrigatória.
- Praeter legem – é o que tem caráter supletivo, suprindo a lei nos casos
omissos.
- Contra legem – é o costume contrário à lei e não admitido no direito
brasileiro. Ordinariamente não se afigura aplicável, tendo em vista que a
lei somente se revoga por outra lei.
O juiz pode aplica-lo de ofício, se for notório ou de
seu conhecimento. Na falta de conhecimento, pode exigir comprovação por
quem o alega, podendo a parte interessada produzir essa prova por todos os
meios permitidos em direito.
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IV – PESSOA NATURAL:
1 – CONCEITO: expressão adotada pelo nosso Código Civil (Título I) e pode
ser conceituado como o ser humano enquanto sujeito de direitos e obrigações.
2 – CAPACIDADE JURÍDICA: como já dito, é a medida jurídica da
personalidade (art. 1º).
Divide-se em:
- capacidade de gozo ou de direito – que é a aptidão oriunda da
personalidade para adquirir direitos e contrair obrigações na vida civil;
- capacidade de fato ou de exercício – que é a aptidão para exercer por
si só os atos da vida civil, dependendo, portanto, do preenchimento de
certos requisitos que a lei determina. (arts. 3º e 4º do CC).
3 – REGISTRO CIVIL DA PESSOA NATURAL: A lei 6.0015/73 exige que todo
nascimento deve ser registrado (art. 50 e 53), norma que também é prevista no
Código Civil (art. 9º, I). É uma norma criada a fim de identificar os cidadãos,
garantindo seus direitos.
Essa individuação da pessoa natural se dá através
dos seguintes pontos:
- Nome civil (art. 54, 4º item da Lei 6.015/73 e art. 16 do CC): É o sinal
exterior através do que se individualiza a pessoa. Integra a personalidade,
possuindo, portanto todos os atributos já mencionados (inalienáveis, etc).
O nome da pessoa natural é composto pelo
prenome e sobrenome (nome de família), podendo ter ainda o agnome. (art. 16
CC)
Possui entretanto, elementos secundários tais como:
títulos nobiliárquicos ou honoríficos(conde, duque, etc.), títulos eclesiásticos
(bispo, cardeal), qualificativos de dignidade ou identidade oficial (senador,
prefeito) além de títulos acadêmicos ou científicos (mestre, doutor).
Temos ainda a alcunha, que é o mesmo que
apelido, podendo, inclusive, incorporar-se ao nome da pessoa. Por último
temos o hipocorístico, que é o nome que se dá a uma pessoa para exprimir
carinho ( Betinho, Tião).
O art. 58 da LRP diz que o prenome é definitivo, só
podendo ser modificado nos casos previstos em lei (art. 55 e 56)
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estrangeiro, naturalizado).
Também integram a personalidade com todos os
seus atributos.
- Domicílio – É a sede jurídica da pessoa. No caso da pessoa natural, a regra
é de que seu domicílio será o lugar onde ele estabelece sua residência com
ânimo definitivo, ou seja, é o lugar onde ela se presume presente para os
efeitos de direito e onde ela exerce e pratica com habitualidade seus atos e
negócios jurídicos.
Pluralidade domiciliar: se a pessoa natural possui
diversas residências onde viva alternadamente, considerar-se-á domicílio seu,
qualquer destes.
Falta de domicílio certo: no caso de não possuir
residência habitual, seu domicílio será o lugar onde for encontrada.
Espécies:
- VOLUNTÁRIO – fixado livremente pelo indivíduo. Pode ser:
a) geral (fixado pela própria vontade);
b) especial (estabelecido de acordo com os interesses das pares em um
contrato) e;
- NECESSÁRIO OU LEGAL (determinado por lei – art. 76 CC)
Perda do domicílio: se dá pela mudança, por determinação legal ou por
contrato.
V - INCAPACIDADE
1 – NOÇÃO – É a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. Deve-se
levar em consideração de que a incapacidade é exceção e a capacidade a
regra.
1.1 – Incapacidade absoluta (art. 3º) – serão sempre representados.
1.2 – Incapacidade relativa (art. 4º) – serão assistidos.
1.3 – Proteção aos incapazes – O ordenamento jurídico estabelece
instrumento de proteção aos incapazes, entre os quais se sobressai a
representação e a assistência, que são formas de se suprir a incapacidade. A
incapacidade cessa quando desaparecem as causas que a determinaram
(maioridade, emancipação (16) – que pode se dar pó concessão dos pais por
instrumento público ou por determinação judicial no caso de tutela, pelo
casamento, emprego público efetivo, colação de grau e pelo estabelecimento
civil ou comercial com economia própria). – art. 142 do ECA , art. 166, 171 do
CC. Entretanto, essa proteção aos incapazes não admite o chamado benefício
da restituição (restitutio in integrum – art. 180 CC). Este instituto era utilizado
em caráter extraordinário quando o menor, lesado em seus direitos, pleiteava a
devolução do que pagou, mesmo quando o ato lesivo era válido, por ter sido
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O artigo 84, §1º, EPD, enfatiza que, “quando necessário, a pessoa com
deficiência será submetida a curatela”, “proporcional às necessidades às
circunstâncias de cada caso”, durando o menor tempo possível (§3º). A
manutenção da legitimidade ativa do Ministério Público para ajuizar a interdição
nos casos de "deficiência mental ou intelectual", nos termos do artigo 1.769,
Código Civil, apenas explicita a manutenção dessa possibilidade de interdição
de deficientes que não consigam expressar sua vontade.
2 – REQUISITOS:
I – organização de pessoas ou de bens;
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II – licitude de propósitos;
III – capacidade jurídica reconhecida por norma;
IV – observância das condições legais para sua formação.
Natureza Jurídica - Teorias:
- Teoria da ficção legal (Saviny): para ele, só o homem é capaz
de ser sujeito de direito, logo, a pessoa jurídica é uma ficção
legal, ou seja, é uma criação artificial da lei para exercer direitos
patrimoniais e facilitar a função de certas entidades. Não se pode
aceitar esta concepção por ser abstrata e não corresponder à
realidade, pois, se o Estado que é uma pessoa jurídica fosse uma
ficção legal, o direito que dele emana também o seria.
- Teoria da equiparação (Windscheid e Brinz): para esta teoria, a
pessoa jurídica é um patrimônio equiparado no seu tratamento
jurídico às pessoas naturais. Também inaceitável por elevar os
bens à categoria de sujeito de direitos e obrigações, confundindo
pessoas com coisas.
- Teoria da realidade objetiva ou orgânica(Gierke e Zitelmann):
para eles, há junto às pessoas naturais, que são organismos
físicos, organismos sociais constituídos pelas pessoas jurídicas,
que têm existência e vontade própria e distinta da de seus
membros, tendo por finalidade realizar um objetivo. Essa
concepção cai quando afirma que a pessoa jurídica tem vontade
própria, já que, o fenômeno volitivo é peculiar do ser humano e
não do ente coletivo.
- Teoria da realidade das instituições jurídicas(Hariou): essa
teoria admite que há um pouco de verdade em cada uma das
anteriores. Como a personalidade humana deriva de um do direito
(tanto que já privou seres humanos de personalidade – escravos),
da mesma forma ele pode concede-la a agrupamentos de
pessoas ou de bens que tenham por objetivo a realização de
interesses humanos. Assim, a personalidade jurídica é um
atributo que a ordem jurídica estatal outorga a entes que o
merecem. Esta é, portanto, a teoria que melhor define a natureza
jurídica das pessoas jurídicas.
Classificação da pessoa jurídica:
- Quanto à nacionalidade: nacional (art. 1.126 CC) e
estrangeira(1.134 CC). Leva em conta a subordinação à ordem
jurídica que lhe conferiu personalidade, e não a nacionalidade de
seus membros ou a origem do seu controle financeiro.
- Quanto à estrutura interna: universitas
personarum(universidade de pessoas) que, coletivamente, goza
de direitos e os exerce por vontade única. Ex.: sociedades e
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3 – INÍCIO E CAPACIDADE:
As pessoas jurídicas de direito público iniciam-se em
razão de fatos históricos, de criação constitucional, de lei especial e de tratados
internacionais, no caso de pessoa jurídica de direito público externo.
Já as pessoas jurídicas de direito privado tem o
início de sua existência legal com o registro de seus atos constitutivos, nos
termos do art. 119 da LRP e art. 45 CC.
O processo genético da pessoa jurídica de direito
privado apresenta duas fases: 1) a do ato constitutivo, que deve ser escrito; 2)
a do registro público.
A capacidade da pessoa jurídica decorre da
atribuição de personalidade pela ordem jurídica. Tem capacidade para exercer
todos os direitos compatíveis com a sua natureza jurídica, observadas as
limitações legais (Por sua natureza: não se sujeita ao direito de família; Por
norma jurídica: impossibilidade de pessoa jurídica estrangeira ser acionista em
empresa jornalística)
Segundo o art. 47, os atos dos administradores
obrigam a pessoa jurídica.
Importante notar inovação do NCC ao prever
claramente a desconsideração da pessoa jurídica, atingindo assim os bens
particulares dos sócios. Antes, tal procedimento somente existia no Código do
Consumidor e vinha sendo estendido aqueles efeitos pela jurisprudência.
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OBS: O novo Código Civil não mais contempla os imóveis por acessão
intelectual ou por destinação do proprietário, que de acordo com o Código
Civil de 1.916 era tudo quanto ao imóvel o proprietário mantivesse duradoura e
intencionalmente empregado em sua exploração industrial, aformoseamento ou
comodidade, que, entretanto, poderiam ser a qualquer tempo mobilizados por
mera declaração de vontade. Ex. escultura, uma obra de arte, etc.
Agora, estes bens são considerados apenas
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STJ, 3ª Turma, RESP 98191/SP, Rel. Min. Waldemar Zveiter, decisão de 04/12/1997, DJ de
09/03/1998, p.88.
*RESP significa Recurso Especial.
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com outro, de modo que se não possa distinguir; ou quando fica em lugar de
onde não pode ser retirado” (art. 77 e ss. do CC antigo). Embora essas regras
não tenham sido repetidas pelo novo Código Civil, elas continuam a ser
aplicadas, uma vez que decorrem do sistema jurídico como um todo.
Isso se deve ao fato de que, como tudo que existe
na realidade que nos cerca, os direitos nascem, tem existência mais ou menos
longa, com ou sem modificações, e se extinguem, ou seja, morrem, perecem.
Assim, o direito pode perecer por alienação,
renúncia, abandono, pelo falecimento do titular do direito, pela confusão ou
ainda, pelo implemento de uma condição resolutiva. Exs.: arts. 381, 385, 682,
etc.
3.2 – CLASSIFICAÇÃO
- Atos materiais ou reais – “consistem numa atuação de vontade que
lhes dá existência imediata, porque não se destinam ao conhecimento
de determinada pessoa, não tendo, portanto, destinatário.” (MHD). Ex.:
abandono, ocupação.
- Participações – “consistem em declarações para ciência ou
comunicação de intenções ou de fatos, tendo como conseqüência,
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4.2 – CLASSIFICAÇÃO
4.2.1 – Quanto às vantagens que produzem:
- Gratuitos: sem contraprestação, ou seja, são aqueles em que só uma
das partes aufere vantagens ou benefícios (Ex.: doação pura).
- Onerosos: com contraprestação, ou seja, ambos os contratantes
auferem vantagens. Subdividem-se em:
a) Comutativos – se as prestações forem
equivalentes e certas. Ex. compra e venda.
b) Aleatórios – se ao menos uma das prestações
não for certa, dependendo o benefício de evento futuro. Ex. contrato de seguro.
c) Bifrontes – podem ser considerados onerosos ou
gratuitos, conforme a intenção das partes. Ex.: o mútuo, o mandato, o depósito.
A conversão só se torna possível se o contrato é definido na lei como negócio
gratuito, pois a vontade das partes não pode transformar um contrato oneroso
em benéfico, visto que subverteria sua causa. Ex.: o contrato de doação e o
comodato se fosse permitida sua conversão, transformariam-se em venda e
locação.
d) Neutros – não implicam em atribuição
patrimonial. Caracteriza-se pela destinação dos bens. Enquadra-se nessa
modalidade os negócios que têm por finalidade a vinculação de um bem, como
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Há autores, como Sílvio Rodrigues, que encaram a capacidade do agente, a licitude do objeto e
a forma prescrita em lei como “pressupostos de validade do ato jurídico”, e não como elementos
essenciais.
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negócio jurídico, a contar, no caso de coação, do dia em que ela cessar e, nos
demais casos, do dia em que se realizou o negócio jurídico.
a imputação de má-fé.
V – erro quanto ao fim colimado (falso motivo): o falso motivo só vicia a
declaração de vontade, quando expresso como razão determinante (art. 140
CC). Ex.: o testamento em que o doador deixa determinado bem com expressa
declaração do motivo determinante (filiação, parentesco, etc.), que entretanto
se revelam,posteriormente, falsos.
Observações:
A transmissão errônea da vontade por meios
interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. Ex.:
declaração por fax, internet ou interposta pessoa que não se faz com fidelidade
e chega truncada.
O erro não prejudica a validade do negócio jurídico
quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer
para executa-la na conformidade da vontade rela do manifestante. Com essa
conduta, afasta-se o prejuízo da pessoa que agiu em situação de erro e,
conseqüentemente, o caráter real deste defeito.
O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da
declaração de vontade.
- Interesse negativo: leciona Sílvio Venosa que, “a anulação por erro redunda
em situação toda especial, ou seja, a responsabilidade é exatamente daquele
que pede a anulação do negócio, já que é o único responsável por sua má
destinação. Seria sumariamente injusto que o declaratário que não errou, nem
concorreu para o erro do declarante, arcasse com duplo prejuízo, duplo
castigo: a anulação do negócio e a absorção do prejuízo pelas importâncias a
serem pagas ou devolvidas, conforme o caso, além dos ônus da sucumbência
processual. Devem, portanto, os juízes atentar para essa importante
particularidade ao decretar a anulação do negócio jurídico por erro”.
Maria Helena Diniz ressalta no mesmo sentido que,
“têm-se observado com razão, que basta o erro de uma das partes para que o
negócio seja anulável. Mas o contratante que se achou em erro e promove a
invalidade do contrato pode ser condenado a ressarcir os danos que causar à
outra parte por não ter procedido com a diligência necessária ao prestar o seu
consentimento.”
Pelo novo Código Civil, não há mais que se falar em
responsabilidade exclusiva do contratante que agiu em situação de erro pela
anulação do ato. Não bastasse isso, o novo Código confere ao destinatário da
declaração proveniente de erro, o direito de evitar a anulação do negócio
jurídico, desde que se ofereça para executa-lo na conformidade da vontade
real do manifestante, o que leva em conta a ausência de dolo na conduta
daquele.
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4
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, 19. ed.,v.1, p.349. Rio de Janeiro:
Forense, 1.999. p. 349.
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para essa doação, a concretização do ato sob a forma de compra e venda era
considerada simulação inocente, por não objetivar fraudar à lei.
Observações:
Dissimulação não é o mesmo que simulação, pois
nesta se quer enganar sobre a existência de uma situação não verdadeira,
enquanto que naquela simplesmente se oculta de outrem uma situação
existente, ou seja, há o propósito de enganar sobre a inexistência de situação
real. Todavia, a simulação relativa se destina a encobrir um negócio
dissimulado. Diante disso, o Código Civil estabelece que, apesar de nulo o
negócio simulado, subsiste o que se dissimulou, se válido for na sua substância
e na forma (art. 167 CC).
O § 1º do art. 167 do Código Civil dispõe que haverá
simulação:
- por interposição de pessoa. Ex.: terceiro que adquire bem de homem
casado e o transfere à concubina deste;
- por ocultação da verdade. Ex.: declaração de valor inferior na escritura.
- Por falsidade de data.
Reserva mental ou reticência é a emissão de uma
intencional declaração não querida em seu conteúdo, nem em seu resultado,
tendo por único objetivo enganar o declaratário. Equipara-se à simulação, em
seus efeitos jurídicos, no caso de ser bilateral. Caso contrário (se for unilateral),
não pode ser invocada pelo declarante para invalidar o negócio. A esse
respeito, o Código Civil estabelece que “a manifestação de vontade subsiste
ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que
manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento”.
Assim, se o declaratário efetivamente sabe da
reserva e com ela compactua, os efeitos serão de simulação, com
aplicabilidade do art. 167 do CC.
Portanto, a reserva mental configura-se por uma
mentira do declarante, sendo que, essa mentira somente será relevante para o
negócio se tiver efeitos jurídicos. No dizer de Serpa Lopes, “à mentira pura e
simples, que não traduza nenhum reflexo no âmbito do direito, não pode se dar
importância para o fim de conceituar a reserva mental”.
Desta forma, essa mentira deve permitir a anulação
do negócio por parte do declaratário, que foi induzido maliciosamente em erro
(dolo).
Na vigência do Código Civil de 1916, os contraentes
não poderiam alegar, ou requerer em juízo quanto à simulação maliciosa, em
litígio de um contrato contra o outro, ou contra terceiros. Tratava-se de
aplicação do princípio de que ninguém pode ser ouvido em juízo alegando a
própria torpeza (nemo auditur propriam turpitudinem allegans). Entretanto,
diante do Código Civil de 2002, a regra não mais se afigura aplicável, uma vez
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Apostila de Direito Civil I
5 – ATO ILÍCITO
5.1 – CONCEITO: É o ato praticado em desacordo com a ordem jurídica,
violando direito subjetivo individual, ou seja, é aquele praticado com infração ao
dever legal de não lesar a outrem.
Tal dever é a todos impostos no artigo 186 do CC,
que dispõe que, “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
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5.4 – ELEMENTOS:
1º - Prática pelo agente de ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência – culpa em sentido amplo, que abrange o dolo (violação
intencional de um dever jurídico) e a culpa em sentido estrito (violação não
intencional de um dever jurídico por imprudência, negligência ou imperícia).
O agente deve ter conhecimento da ilicitude do seu
ato. Excepcionalmente a legislação contempla hipóteses de responsabilidade
objetiva (independente de culpa). A esse respeito, preceitua o parágrafo único
do artigo 927 do CC, onde diz que, “haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem”. Os “casos especificados em lei” são
os previstos no próprio Código Civil (art. 933, por exemplo) e em leis esparsas
(Lei de acidentes do trabalho, Código Brasileiro de aeronáutica, Lei 6.453/77
que estabelece a responsabilidade do operador de instalação nuclear, etc). Já
no caso relativo à natureza da atividade desenvolvida pelo autor do dano temos
como exemplo a caso do transporte de passageiros (empresas de ônibus),
onde a responsabilidade é objetiva (independente de culpa) em virtude da
existência de riscos para os usuários simplesmente pelo fato de usarem os
serviços da empresa.
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5.6 – ATOS LESIVOS QUE NÃO SÃO ILÍCITOS: Alguns atos lesivos não são
ilícitos, tais como:
- os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito;
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6 – PRESCRIÇÃO
O Código Civil trata das disposições gerais sobre a
prescrição extintiva nos artigos 189 a 196; e dos prazos prescricionais nos
artigos 205 (geral) e 206 (especiais).
6.3 – REQUISITOS:
- existência de uma pretensão, que possa ser exercida através de uma
ação ou exceção (defesa);
- inércia de seu titular;
- ausência de algun fato ou ato a que a lei confere eficácia impeditiva
(impede o curso da prescrição), suspensiva (paralisa temporariamente
o curso da prescrição e, superada, o prazo prescricional continua a
correr pelo tempo restante) ou interruptiva de curso prescricional
(inutiliza o lapso prescricional já decorrido e, superada, o prazo
prescricional recomeça a correr por inteiro da data do ato que a
interrompeu ou do último ato do processo que a interromper). A
interrupção da prescrição pode ocorrer somente por uma única vez.
- Exceção quanto às regras pertinentes à interrupção: “A interrupção
em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a
partir do ato interruptivo, mas não fica reduzido aquém de cinco anos,
embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do
prazo”.(Súmula 383 do STF)
As principais causas impeditivas e suspensivas da
prescrição encontram-se elencadas nos arts. 197 a 201 do CC. Já as principais
causas interruptivas da prescrição encontram-se previstas no art. 204 do CC.
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6.6 – PRAZOS:
- Prescrição ordinária comum: 10 (dez) anos – art. 205 CC;
- Prescrição especial: aquela que está sujeita a prazos mais exíguos
previstos em lei – art. 206 do CC.
OBS: Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
(art. 192 CC)
7– DECADÊNCIA:
7.1 – CONCEITO: Extinção do direito pela inação de seu titular, que deixa
escoar o prazo legal ou voluntariamente fixado para o seu exercício. Extingue,
indiretamente, a ação correspondente ou impede o seu nascimento.
Na vigência do Código Civil antigo, foram várias as
tentativas de se encontrar a linha divisória entre prescrição e decadência, uma
vez que aquele Código somente fazia referência à prescrição.
Entretanto, o novo Código Civil, considerando que a
doutrina e a jurisprudência tentaram, durante anos a fio, sem sucesso,
distinguir os prazos prescricionais dos decadenciais, optou por uma fórmula
segura: prazos de prescrição são unicamente os taxativamente
discriminados na Parte Geral (arts. 205 e 206), sendo de decadência todos
os demais, estabelecidos como complemento de cada artigo que rege a
matéria, tanto na Parte Geral como na Especial. Adotou ainda, de forma
expressa, a tese da prescrição da pretensão.
Acrescente-se que a prescrição resulta
exclusivamente da lei, enquanto que a decadência pode resultar da lei, do
contrato e do testamento.
7.2 – REGRAS:
- Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as
normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição
(art. 207 CC). Entretanto, a decadência não corre contra os
absolutamente incapazes e, uma vez iniciado o seu prazo, é obstada
apenas pelo exercício do direito ou da ação;
- Corre contra todos, exceto contra os absolutamente incapazes;
- O prazo decadencial estabelecido em lei é irrenunciável e, portanto,
apreciável de ofício pelo juiz. É nula a renúncia à decadência fixada
em lei (art. 209 e 210 CC);
- O prazo decadencial estabelecido pelas partes relativamente a direito
disponível pode ser renunciado, razão pela qual, não pode ser
apreciado de ofício pelo juiz, cabendo à parte a quem aproveita, alegá-la
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7.3 – PRAZOS:
Podem ser previstos em lei (art. 501 do CC, por
exemplo) ou convencionado pelas partes se não houver previsão legal. Só há
prazos especiais.
7.4 – DISTINÇÃO PRÁTICA ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA:
Os institutos apresentam as seguintes diferenças:
- A decadência acarreta a extinção do direito, enquanto que a prescrição
acarreta a extinção da pretensão (o direito continua a existir, tanto que
se considera válido o pagamento voluntário de dívida prescrita, cuja
restituição não pode ser reclamada – art. 882 CC);
- O prazo decadencial pode ser estabelecido pela lei ou pela vontade
unilateral ou bilateral, enquanto que, o prazo prescricional decorre
apenas da lei;
- Na prescrição, o direito preexiste à ação, pois pressupõe pretensão
resistida; na decadência, ambos – direito e ação – nascem num mesmo
momento;
- A decadência, em regra corre contra todos, salvo contra os
absolutamente incapazes, não admitindo suspensão ou interrupção; a
prescrição não corre contra algumas pessoas que se encontrem em
determinadas situações previstas em lei e pode ser suspensa, impedida
ou interrompida em certos casos;
- A decadência decorrente de prazo legal não pode ser renunciada pelas
partes; a prescrição, após sua consumação, pode ser renunciada;
- A decadência só tem prazos especiais e expressos; a prescrição tem
prazos gerais e especiais;
- Só as ações condenatórias podem sofrer os efeitos da prescrição, pois
são as únicas que se destinam a proteger os direitos que irradiam
pretensões (apenas os direitos a uma prestação são suscetíveis de
violação);
- A Decadência atinge as ações constitutivas com prazo para exercício
estabelecido em lei, pois se referem a direitos sem pretensão ou sem
prestação que se caracterizam pelo fato de não poderem ser violados,
uma vez que, tendem basicamente à alteração de um estado jurídico
preexistente.
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BIBLIOGRAFIA
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AMORIM FILHO, Agnelo. Critério Científico para distinguir a prescrição da
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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, v.1, Saraiva, 2015.
FIÚZA, César. Direito Civil – Curso Completo, 6. ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2003.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil – Parte Geral. Sinopses Jurídicas,
São Paulo: Saraiva, 2016.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil – Parte Geral, 35.ed.
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RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Parte Geral, 34.ed. São Paulo: Saraiva,
2003.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil – Parte Geral, Atlas, 2014.
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