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Organização Judiciária - Resumo do Livro

Organização judiciária (Universidade Lusíada de Lisboa)

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Organização
Judiciária
Resumo do Livro

Florian Leichtenmüller

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Organização Judiciária
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Organização Judiciária
Resumo do Livro

Matéria da Frequência

I – Parte Introdutória
1. Função Jurisdicional
1.1. Noção
Podemos definir função jurisdicional como o poder de aplicar o direito, de dizer o
direito, de julgar ou de administrar a justiça. A função jurisdicional tem três finalidades: a)
defender os direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos; b) reprimir a
violação da legalidade democrática; e c) dirimir os conflitos de interesses públicos e
privados.

Em relação aos atos jurisdicionais podemos afirmar que: a) dirigem-se à resolução


de uma questão jurídica através da declaração do direito, do acertamento do direito; b)
são praticados segundo uma perspetiva jurídica; e c) prosseguem o interesse público da
realização da justiça.

1.2. Tribunais e Organização Judiciária


O poder jurisdicional é atribuído aos tribunais, que são órgãos soberanos e
administram a justiça. Cada tribunal constitui um órgão de soberania, mas não de forma
coletiva ou múltipla. Enquanto órgãos de soberania os tribunais pertencem a um
monopólio do exercício do poder jurisdicional.

Podemos definir organização Judiciária como o conjunto de órgãos aos quais compete
administrar a justiça, nos termos legalmente previstos – exercer o poder jurisdicional de
dizer e fazer cumprir o Direito.

1.3. Meios de resolução


É de referir que são procedimentos completares aos processos jurisdicionais que
correm os seus termos nos tribunais integrados na Organização Judiciária do Estado,
em que as decisões a proferir se baseiam essencialmente em regras de legalidade
estrita. Existem três formas de composição:
1) Mediação – carateriza-se por ser um meio alternativo onde cabe às partes
encontrar a solução do conflito. É onde as partes tentam chegar a um
contrato, auxiliados por um terceiro imparcial. É nas partes que reside a
solução do problema – é através da mediação que se encontrará a solução
adequada. Ao mediador cabe estabelecer e procurar manter a comunicação
entre as partes de forma a que as mesmas encontrem uma solução. As partes
podem ou não recorrer à mediação. Caso recorram e em caso de
incumprimento, deve haver indemnização por eventuais danos.

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2) Conciliação – aqui o terceiro imparcial (o conciliador) cabe conduzir o


processo, promovendo ou pondo as soluções a adotar pelas partes para a
resolução do conflito – é uma alternativa ao julgamento. Art. 594º CPC –
tentativa de conciliação.

3) Arbitragem – importa agora sublinhar a arbitragem voluntária que é um meio


privado de resolução de litígios caraterizado pelo facto de as partes poderem
designar pessoas que investem no poder de dirimir os seus conflitos, através
da prolação de uma decisão vinculativa – de cumprimento obrigatório. É um
meio alternativo de resolução, uma vez que não ocorre nos tribunais.

2. Princípios gerais referentes à função jurisdicional e à organização dos Tribunais


2.1. Organização dos Tribunais
Existem tribunais de dois tipos de existência:
1) Existência Obrigatória:
a) Tribunal Constitucional - que tem competência específica em
matérias de natureza jurídico-constitucional (Art. 221º CRP). Entre as
várias competências, presentes no Art. 223º CRP, cabe a este tribunal
apreciar a inconstitucionalidade e a ilegalidade das normas. A
fiscalização a cargo do mesmo encontra-se nos Arts. 277º e ss CRP.

b) Supremo Tribunal de Justiça e os Tribunas Judiciais de primeira e de


segunda instância (este último grupo de tribunais são tribunais
comuns em matéria cível e criminal que exercem jurisdição em todos
as áreas não atribuídas a outras ordens judiciais – Art. 211º, nº 1 CRP.
A competência destes tribunais é aferida por exclusão: cabe aos
tribunais judiciais julgar todas as matérias que não sejam atribuídas
aos tribunais não judiciais).

c) Supremo Tribunal Administrativo e os demais tribunais


administrativos e fiscais

d) Tribunal de Contas

2) Existência Facultativa: Tribunais Marítimos; Tribunais Arbitrais; Julgados de


Paz; Tribunais de Conflitos; Tribunais Militares

2.2. Princípios Gerais da função jurisdicional


2.2.1. Princípio da Independência – os tribunais apenas devem obediência à lei: a
junção jurisdicional é atribuída apenas aos juízes e por isso está vedada o seu
exercício a outros órgãos ou poderes.
1) Independência pessoal dos Juízes – os juízes devem atuar de acordo
e apenas com a sua consciência. Este subprincípio só se aplica no
memento da decisão. Implica um conjunto de garantias e
incompatibilidades (Art. 216º CRP): a) Inamovibilidade (proibição de
transferências, suspensões ou demissões); b) Incompatibilidades (no
exercício das suas funções, os juízes não podem desempenhar
qualquer outra função, a não se de docentes ou de investigação
jurídica, desde que não renumerados); c) Autonomia (traduz-se na
circunstância de a relação hierárquica existente não poder incidir
sobre o ato de julgar)

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2) Independência Coletiva – os juízes, enquanto corporação, gozam de


autonomia (Art. 215º CRP).
3) Independência Funcional – os juízes, no exercício das suas funções,
apenas devem obediência às diferentes fontes de direito.

2.2.2. Princípio da Imparcialidade dos Juízes – os juízes devem ser equidistantes


relativamente às partes. Não podem ter determinadas ligações ou
proximidade face às partes. Isto justifica o seguinte:
a) Dever legal dos juízes se declararem impedidos de julgar (Art. 115º
CPC)
b) Podem pedir escusa/dispensa, sempre que entender – Art. 119º CPC
c) Poder atribuído às partes de suscitarem incidentes de suspeição (Art.
120º CPC) e recusa de juiz ou de requerer a sua declaração de
impedimento (Art. 116º CPC).
As garantias de imparcialidade reúnem-se em duas espécies:

1) Impedimentos – situações que criam um elevado risco de


parcialidade dos magistrados ou funcionários judiciais e constituem
os mesmos no dever, por vontade própria, de se absterem de intervir
no processo. O Art. 115º CPC apresenta a lista de impedimentos:
objetivos (relação entre o juiz e o objeto do processo – als. a), c),e) e
h)) ou subjetivos (as restantes alíneas).
2) Suspeições – são situações de menor gravidade/risco. O juiz não tem
de abster-se de intervir, pode apenas pedir dispensa, desde que
fundamentada (Arts. 119º e 120º CPC).

2.2.3. Princípio da Irresponsabilidade dos Juízes – a independência dos tribunais


pressupõe a irresponsabilidade dos juízes (Art. 216º, nº 2 CRP). Só em
situações de gravíssima censurabilidade é que os juízes podem ser obrigados
a supor consequências negativas da sua atuação – em princípio os juízes não
respondem civilmente, ou seja, não ficam obrigados a indemnizar terceiros
por atos praticados no exercício da sua função.

2.2.4. Princípio da Obrigatoriedade de Fundamentação – está presente no Art. 205º,


nº 1 CRP. Por decisão de mero expediente deve entender-se a decisão que
não interfere no conflito de interesses em causa, destinando-se apenas a
assegurar o andamento regular do processo. São três razões que justificam
a obrigatoriedade de fundamentação:
1) Controlo da administração da Justiça
2) Exclusão do carater voluntarístico e subjetivo do exercício da
atividade jurisdicional e abertura do conhecimento da racionalidade
e coerência argumentativa dos juízes
3) Melhor estruturação dos eventuais recursos, permitindo às partes
em juízo um recorte rigoroso dos vícios das decisões judiciais
recorridos
Uma decisão não fundamentada ou deficientemente fundamentada é uma
decisão que convida à impugnação.

2.2.5. Princípio da Obrigatoriedade das decisões (caso julgado) – as decisões dos


tribunais são obrigatórias (Art. 205º, nº 2 CRP) e todos devem respeitar a

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eficácia das decisões. No entanto, as decisões só produzem efeitos erga


omnes, daí a importância do caso julgado, que pressupões o trânsito em
julgado. É uma qualidade da sentença, que produz um efeito preclusivo.

1) Eficácia da sentença – tem dos tipos de efeitos: a) efeitos constitutivos


(a sentença altera a ordem jurídica, constituindo, modificando ou
extinguindo situações jurídicas decorridas); b) efeito declarativo (a
sentença declara o direito, afirma as situações jurídicas, aumentando a
sua eficácia. Torna certa a realidade jurídica).
2) Eficácia do caso julgado – a qualidade da sentença produz um efeito
preclusivo, ou seja, a extinção do poder jurídico de obter uma decisão
jurisdicional suscetível de declarar uma situação jurídica incompatível
com uma situação anteriormente declarada. A sentença torna-se
imodificável, quer isto dizer, adquire a qualidade de caso julgado. A
mesma só produz efeitos entre as partes. A eficácia do caso julgado deve
distinguir-se com clareza da eficácia da sentença
3) Eficácia da sentença – as decisões são obrigatórias para todas as
entidades, mas só produz efeitos em relação às partes.

2.2.6. Princípio da Publicidade das audiências – a administração da justiça deve ser


efetuada em nome do povo, no interesse geral da coletividade e deve ser
desenvolvida em condições de independência e imparcialidade. As
audiências realizadas em tribunal têm de ser públicas, ou seja, suscetíveis de
serem acompanhadas por todas as pessoas. Esta publicidade não pode ser
absoluta – o tribunal pode restringir este princípio, como modo de
salvaguardar a dignidade das pessoas e da moral pública.

II – Pressupostos Processuais
1. Noção
Podemos definir os pressupostos processuais como os requisitos necessários para que o
juiz possa apreciar o mérito da causa (para que o juiz possa apreciar e decidir sobre o pedido
formulado, concedendo ou indeferindo a providência requerida). Constituem requisitos
impostos pelo interesse público da correta administração da justiça, pretendendo-se com os
mesmos garantir que as decisões sobre o mérito da causa sejam úteis e idóneas.

Na categoria dos pressupostos processuais, dizem-se positivos, aqueles cuja verificação


é necessária para que o juiz possa apreciar o mérito da causa, sendo eles: a personalidade
judiciária, a capacidade judiciária, a legitimidade, o interesse em agir, o patrocínio judiciário
e a competência. Os negativos cuja verificação impede o juiz de entrar na apreciação do
mérito em causa: caso julgado e litispendência.

2. Personalidade Judiciária

2.1. Noção e critério de aferição


A personalidade judiciária consiste na suscetibilidade de ser parte (Art. 11º, nº 1 CPC),
ou seja, de demandar ou de ser demandado. Traduz no poder de requerer providências

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de tutela jurisdicional. Quem é demandado está de certo modo a requer uma providência
de tutela jurisdicional.

Temos de fazer uma distinção entre parte em sentido formal e parte em sentido
material. Em sentido formal, parte é quem propõe ou contra quem é proposta uma
determinada ação, em sentido material é o verdadeiro sujeito da relação material
controvertida. Também em sentido material, parte surge como a entidade que pode
demandar ou ser demandada. Para além deste sentido, pode ainda ser parte em sentido
formal, quem no processo exerce o direito (ou atua), em sentido material é o titular do
direito que se pretende fazer valer em juízo. Em caso de representação, o representante
é parte em sentido formal. No Art. 11º CPC é usado o conceito de parte em sentido
formal, ou seja, a parte é quem demanda e é demandado e não quem pode demandar
ou ser demandado.

No caso da representação, parte é o representado e não o representante (ex: se o


progenitor que exerce o poder paternal intentar, em representação do filho, uma ação,
parte é, naturalmente, o incapaz e não o progenitor).

Segundo o nº 2 do Art. 11º CPC, tem personalidade judiciária quem tem


personalidade jurídica – princípio da equiparação. Quem goza da suscetibilidade de ser
sujeito de direitos e obrigações tem, por inerência, personalidade judiciária. A
personalidade jurídica, como sabemos, é reconhecida desde o nascimento completo e
com vida a toda a pessoa humana (Art. 66º CC) e atribui a mesma a determinadas
entidades que autonomiza. Para além desta, a lei atribui personalidade judiciária a quem
não é dotada de personalidade jurídica – as denominadas situações de extensão de
personalidade judiciária (Art. 12º CPC).

2.2. Consequências da falta de personalidade


Em regra, a falta de personalidade é insanável (incorrigível). Mas esta regra tem
como exceções dois grupos de situações:

a) No caso da falta de personalidade judiciária das sucursais, agências, filiais,


delegações ou representações (Art. 14º CPC), sempre que não se verifiquem as
situações reguladas no Art. 13º CPC.
b) No caso de morte do demandado ainda que ocorrida antes da propositura da
ação, bem como no caso da ação proposta pelo mandatário do autor tendo este
falecido antes de instaurada a ação (Art. 351º CPC).
Não sendo sanada, a falta de personalidade tem como consequência o
indeferimento liminar da petição (Art. 590º CPC). Não havendo lugar a despacho liminar,
o réu deve ser absolvido da instância, nos termos conjugados dos Arts. 577º, al. c); 576º,
nº 2; e 278º, nº 1, al. c) CPC. A absolvição deve ser decretada no despacho saneador (Art.
595º CPC).

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3. Capacidade Judiciária
3.1. Noção e critério de aferição
Para ser apreciado o pedido pelo juiz é necessário que as partes possuam capacidade
judiciária ou que se encontrem representadas ou autorizadas. A capacidade judiciária
consiste na suscetibilidade de estar, por si mesmo, em juízo (Art. 15º CPC) - corresponde à
capacidade de exercício no âmbito do direito civil. Ao estatuir que a capacidade judiciária
tem por base (significa que têm plena capacidade judiciária as pessoas que possuem
integral capacidade de exercício, bem que carecem de capacidade judiciárias todos
aqueles que não têm capacidade de exercício) e por medida (significa que as limitações
a esta capacidade correspondem idênticas limitações à capacidade judiciária) a
capacidade de exercício. A extensão da capacidade judiciária depende da extensão da
capacidade jurídica de exercício. A capacidade judiciária é aferida pela capacidade de
exercício para a produção dos possíveis efeitos da ação. Quanto às entidades que não
são pessoas singulares, mas gozam de personalidade judiciária, importa saber quem as
pode representar em juízo. A representação das pessoas coletivas e das sociedades cabe
às pessoas designadas na lei, nos estatutos ou pacto social (Art. 25º CPC). No que diz
respeito às sociedades comerciais, deve ter-se em conta a disciplina jurídica de cada tipo
de sociedade. Relativamente à representação das entidades que carecem de
personalidade jurídica rege o disposto no Art. 26º CPC. Os patrimónios autónomos devem
ser representados pelos seus administradores, as sociedades e associações sem
personalidade, assim como as sucursais, agenciais, filiais ou delegações, pelas pessoas
que ajam como diretores, gerentes ou administradores. A representação do Estado cabe
ao Ministério Público (Art. 24º CPC).

3.2. Meios de suprimento


Em caso de incapacidade as partes só podem estar em juízo por intermédio dos seus
representantes ou autorizados pelo seu curador. Assim resulta do Art. 16º CPC: os
menores podem ser representados pelos progenitores que exercem o poder paternal
(Arts. 1877º e 1881º CC) ou pelo tutor (no caso do menor: Arts. 1921º e ss. CC; no caso
do interdito: Arts. 139º e 143º CC); já os inabilitados podem ser assistidos por um curador
(Art. 153º CC).

Quando o poder paternal compete a ambos os progenitores a representação deve


ser levada a cabo por ambos, sendo exigível o seu acordo para a propositura de ações.
Quando o réu seja um menor sujeito ao poder paternal, ambos os progenitores devem
ser citados (Art. 16º CPC). Se houver desacordo entre os pais deve ser aplicado o Art. 18º
CPC. Se os incapazes não tiverem representantes legais ou for necessária a nomeação de
um curador especial, temos de ter em conta o Art. 17º CPC. Caso o incapaz não tenha
representante legal deve requerer-se a sua nomeação ao tribunal competente para o
efeito. Havendo urgência na nomeação de um representante deve requerer-se um
curador provisório no tribunal competente para a causa. O tribunal competente para a
ação será igualmente competente para a nomeação de um curador especial, ou seja,
quando: a) existem conflitos de interesses entre o incapaz e o seu representante (Art.

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1881º, nº 2 CC); b) existir norma que especialmente o determine (Art. 1846º, nº 3; 1870º,
1891º CC); c) ocorra uma impossibilidade de facto de se proceder à citação (Art. 20º CPC).

Se a incapacidade judiciária disser respeito ao autor, a nomeação de um curador


provisório ou especial, deve ser promovida pelo Ministério Público. Se disser respeito ao
réu, recai sobre o autor o ónus de requere a nomeação de um curador (Art. 17º, nº 4
CPC). Quanto às situações de incapacidade de facto do réu rege o disposto no Art. 20º
CPC. A representação dos incertos cabe ao Ministério Público (Art. 22º CPC) +
representação pelo Ministério Público dos incapazes e ausentes sempre que para
acautelar os seus interesses seja necessário intentar em juízo quaisquer ações (Art. 23º
CPC); bem como a representação dos ausentes e incapazes demandados em ações
judiciais nas situações do Art. 21º CPC.

3.3. Modos de suprimento da incapacidade judiciária e consequências do não suprimento


A incapacidade judiciária é sanável, de acordo com o Art. 27º, nº 1 CPC, através da
intervenção ou citação do representante, ou do curador do incapaz. Tem de ser
distinguido as situações de incapacidade do autor da incapacidade do réu.

A incapacidade judiciária do autor sana-se através da intervenção e ratificação do


processado pelo seu representante ou curador. Já a incapacidade judiciária do réu é
sanada com a intervenção ou citação do seu representante ou curador (Arts. 27º, nº 2 +
28º, nº 2 CPC).

Se o representante ou curador do incapaz intervierem no processo ratificando os


atos anteriormente processados consideram-se sanados os vícios resultantes da
incapacidade. Se intervierem sem ratificarem o processado devem ter-se como ineficazes
os atos praticados após o momento em que a falta do pressuposto ocorreu, passando a
correr novamente os prazos para que os atos não ratificados possam ser renovados. Se,
após o prazo, os atos não vierem a ser renovados, importa distinguir os casos em que os
vícios dizem respeito ao autor daqueles em que o vício diz respeito ao réu. Se o vício
disser respeito ao réu incumbe ao Ministério Público deduzir a sua defesa (Art. 21º CPC)
e caso este não conteste, a ação seguirá à revelia – há um vício resultante da
incapacidade: apresentação da contestação pelo réu incapaz. Não estamos perante a
falta do pressuposto processual da capacidade judiciária, mas perante a falta de um
requisito específico para a prática de um ato efetuado pelo incapaz. Se a incapacidade
disser respeito ao autor, a não renovação da petição inicial faz cair o próprio ato de
propositura da ação e o réu é absolvido da instância (Arts. 27º, nº 2 + 278º, nº 1, al. c)
CPC). A absolvição do réu da instância quando a incapacidade diz respeito ao autor,
também se aplica quando o incapaz é o réu, mas o não suprimento da incapacidade é
imputável ao autor – Art. 17º, nº 4 CPC.

Se a incapacidade disser respeito ao réu importa distinguir duas situações:

a) Caso o não suprimento da incapacidade judiciária seja imputável ao autor,


como sucederá nos casos em que ao mesmo incumbe requerer a nomeação
de um curador (Art. 17º, nº 4 CPC), o réu deve ser absolvido da instância -
Art. 278º, nº 1, al. c) CPC.

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b) Caso o não suprimento da incapacidade judiciário não seja imputável ao


autor, incumbe ao Ministério Público a representação do incapaz (Art. 21º
CPC) e o processo seguirá à sua revelia. Este regime aplica-se nos casos de
citação ou intervenção do representante (ou curador) em que estes não
ratificam nem renovam os atos praticados.
Em relação às consequências da incapacidade judiciária temos de prestar a nossa
atenção para o Art. 278º, nº 3 CPC, que afasta a absolvição do réu da instância, sempre
que nenhum outro motivo obste a que se conheça do mérito da causa e a decisão deva
ser inteiramente favorável ao incapaz. Caso a parte se encontre devidamente
representada, mas falte alguma autorização ou deliberação exigida por lei, é designado
prazo para se proceder à sanação da falta, suspendendo-se, entretanto, a instância (Art.
29º CPC).

4. Legitimidade
4.1. Noção
Podemos definir legitimidade como o poder de condução do processo. Trata-se do
poder de deduzir uma determinada e concreta pretensão, mas não, naturalmente, de a
obter. Pretende-se garantir que as partes sejam os sujeitos que podem discutir a
procedência da ação e, assim, garantir a própria utilidade do processo. Na legitimidade
trata-se de aferir qual a posição que as partes devem ter perante as situações jurídicas
afirmadas para que o juiz possa pronunciar-se sobre a procedência das suas pretensões.

Temos de separar os requisitos de procedência da ação deste pressuposto. Numa


ação de indemnização decorrente de um acidente de viação, por exemplo, o requisito é
a procedência (ou condição da ação) que o autor seja a pessoa lesada. No entanto, para
que o autor seja considerado parte legítima, ou seja, a pessoa que pode dirigir a
pretensão indemnizatória, o mesmo não terá de provar que foi vítima do acidente,
bastando a alegação de que assim o sucedeu. Se o réu conseguir provar que tal não
ocorreu o mesmo será absolvido do pedido e não da instância. Para aferir da legitimidade
processual o que importa é apurar qual a posição da parte perante o objeto do processo e
não se o mesmo é titular do direito a que se arroga. A legitimidade assenta na posição que
as partes têm ou arrogam ter numa determinada situação jurídica e afere-se, sempre,
por referência a uma determinada e concreta ação.

A ilegitimidade tem como consequência a impossibilidade de o juiz se poder


pronunciar sobre o mérito da causa dando origem à absolvição do réu da instância – Arts.
278º, nº 1, al. c) + 577º, al. e) + 576º, nº 2 CPC. A ilegitimidade singular é insanável, a
despeito do regime do litisconsórcio subsidiário (Art. 39º CPC), mas o mesmo não sucede
no caso da ilegitimidade plural (Art. 261º CPC). Sendo proferido despacho liminar, a
consequência da ilegitimidade singular é o indeferimento (liminar) da petição (Art. 590º
CPC).

4.2. Critérios de aferição

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4.2.1. Critério geral. A titularidade dos interesses em causa – encontra-se no Art. 30º
CPC. Temos agora de considerar quais os sujeitos portadores do interesse
direto em demandar e do interesse direto em contradizer a pretensão
formulada. Para avaliar o primeiro interesse, o nº 2 do preceito exprime a
utilidade económica decorrente da procedência da ação ou do prejuízo que
dessa mesma procedência pode resultar para o demandado. O critério de
aferição da legitimidade encontra-se na titularidade dos interesses em causa
no processo. Se numa ação o autor invocar a titularidade de um crédito que
pretende ver reconhecido, pode concluir-se pela sua legitimidade na medida
em que é o portador do interesse que o direito material pretende tutelar,
supondo a sua existência. O mesmo não se poderá dizer se o autor for um
herdeiro do credor, pois pode ter interesse em demandar, mas não é o
portador do interesse direto em causa nos atos.

4.2.2. Critérios especiais. Interesses difusos e substituição processual – A regra geral


de aferição da legitimidade processual em função da titularidade dos
interesses em causa é afastada na presença de interesses difusos (Art. 31º
CPC) ou nas situações que a doutrina autonomiza na figura da substituição
processual.
Os interesses difusos são os que se revelam insuscetíveis de apropriação
por qualquer classe, grupo ou individuo – dizem respeito a bens indivisíveis,
públicos. Destes interesses difusos distinguem-se os interesses coletivos
(interesses que incidem sobre bens privados de uma pluralidade de sujeitos)
e os interesses individuais homogéneos (podem ser configurados como os
interesses de cada um dos titulares de um interesse difuso stricto sensu ou
de um interesse coletivo). No Art. 31º CPC a lei confere legitimidade a certos
indivíduos que tenham estes interesses.

Existe substituição processual nas situações em que a lei atribui


legitimidade a quem não é o titular do objeto do processo, ou pelo menos
não é o único titular dos interesses em causa.

4.3. Legitimidade na pluralidade de partes


4.3.1. O litisconsórcio – A legitimidade é singular quando a relação controvertida se
apresenta apenas com um sujeito quer do lado ativo quer do lado passivo, é
plural quando num dos lados da relação encontramos mais do que um
sujeito. Haverá ilegitimidade plural quando não estejam em juízo todos os
sujeitos que integram o lado ativo ou passivo dessa relação, e tal seja exigido
por lei, pela vontade das partes ou pela própria natureza da relação
controvertida, ou seja, haverá ilegitimidade sempre que exista preterição de
um litisconsórcio necessário (legal, convencional ou natural).
No litisconsórcio existe uma pluralidade de partes e um único pedido.
Temos de distinguir litisconsórcio voluntário do litisconsórcio necessário. O
litisconsórcio voluntário é aquele em que a intervenção dos vários sujeitos
da relação material controvertida não é exigida para assegurar a
legitimidade das partes. No litisconsórcio necessário a intervenção de todos
os sujeitos da relação controvertida é imposta, sob pena de ilegitimidade,
por lei, convenção das partes ou pela própria natureza da relação material
controvertida. Em regra, e como resulta do Art. 32º CPC, o litisconsórcio é

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voluntário. Se a relação material controvertida disser respeitos a várias


pessoas, a ação pode ser proposta por todos ou contra todos os interessados
(não tem de ser proposta por todos ou contra todos) – a intervenção de um
só dos interessados é, pois, suficiente para assegurar a legitimidade. Importa
distinguir as situações em que a lei ou o negócio permitem que o direito seja
exercido por um só ou contra um só (o juiz pode decidir sobre a totalidade
do pedido), das situações que tal não é admitido (o tribunal só pode
conhecer da respetiva quota-parte do interesse ou responsabilidade).
O litisconsórcio natural está regulado no Art. 33º CPC. E podemos afirmar
que se subdivide em outros três tipos de litisconsórcio:
a) Litisconsórcio Necessário Legal – verifica-se sempre que a lei exige de
forma expressa, sob pena de ilegitimidade, a intervenção de todos
os sujeitos da relação controvertida. É o que sucede quanto às ações
que têm de ser propostas por ambos ou contra ambos os cônjuges –
Art. 34º CPC + Arts. 1682º, 1682º - A e 1682º - B CC. Este litisconsórcio
é referente às obrigações indivisíveis com pluralidade de devedores.
Tratam-se de obrigações cuja prestação não comporta
fracionamento ainda que sejam vários os credores ou devedores.

b) Litisconsórcio Necessário Convencional – o litisconsórcio pode ser


necessário por exigência de negócio jurídico. Os sujeitos da relação
controvertida podem acordar que a propositura duma ação com
fundamento numa determinada causa só poderá ser efetuada por
todos ou contra todos os sujeitos dessa mesma relação – a exigência
não tem de ser expressa, apenas convencionada entre as partes que
é necessário todos.

c) Litisconsórcio Necessário Natural – está previsto no Art. 33º, nº 2


CPC. O litisconsórcio é necessário natural sempre, por força da
natureza da relação jurídica, a decisão final só possa produzir o seu
efeito útil normal com a intervenção de todos os interessados.
Conforme o nº 3 do preceito, a decisão tem o seu efeito útil normal
quando a sua eficácia se pode manter inalterada apesar de não
vincular todos os interessados. Pretende-se evitar a prolação de
decisões que possam vir a ser colocadas em causa do ponto de vista
da sua eficácia, por decisões proferidas em ações cujos sujeitos não
estão vinculados à força de caso julgado daquelas. Um bom exemplo
de litisconsórcio necessário natural é a ação de divisão de coisa
comum (Arts. 925º a 929º CPC), uma vez que, para a decisão produzir
o seu efeito útil normal, devem estar em juízo todos os proprietários
do bem em causa.
A distinção entre litisconsórcio voluntário e necessário não se reflete
apenas no pressuposto da legitimidade. A circunstância de no litisconsórcio
voluntário haver uma simples acumulação de ações, enquanto no
litisconsórcio necessário uma única ação (Art. 35º CPC), transporta outras
consequências:

a) Falta de citação (Art. 190º CPC) – havendo vários réus, a falta de


citação de um deles importa, no caso de litisconsórcio necessário, a
anulação de tudo o que se tenham processado depois das citações.

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Tratando-se do voluntário nada se anula, o autor pode requer a


citação, em falta, se o processo ainda não estiver na fase de ser
designado dia para audiência final.
b) Confissão, desistência e transação (Art. 288º CPC) – no caso de
litisconsórcio necessário, estas figuras só produzem efeitos quanto a
custas.
c) Recursos (Art. 634º CPC) – o recurso interposto por um dos
litisconsortes só aproveita aos demais no caso do litisconsórcio
necessário.

4.3.2. Coligação – encontra-se no Art. 36º CPC. Para além da pluralidade de partes
existe uma pluralidade de pedidos, formulados diferenciadamente por cada
um dos autores ou contra cada um dos réus. A coligação não depende
apenas da vontade do autor, a lei processual estabelece diferentes requisitos
de admissibilidade:
1º Compatibilidade Substantiva dos pedidos (Art. 555º CPC) – os pedidos
não podem ser contraditórios à luz do direito material aplicável. Por
exemplo, não admissível pedir a anulação de um contrato e,
simultaneamente, a condenação do réu a cumprir uma das obrigações
decorrentes desse mesmo contrato.
2º Conexão material entre os pedidos formulados (Art. 36º CPC) – existe
nos seguintes casos: a) Identidade da causa de pedir; b) Relação de
prejudicialidade ou de dependência entre os pedidos; c) Quando a
procedência dos pedidos principais dependa, essencialmente, da
apreciação dos mesmos factos; d) Quando a procedência dos pedidos
principais dependa da interpretação e aplicação das mesmas regras de
direito ou de cláusulas contratuais perfeitamente análogas; e) quando os
pedidos deduzidos contra os vários réus se baseiam na obrigação
cartular, quanto a uns, e na respetiva relação subjacente, quanto a
outros.
4.3.2.1. Consequências da ilegalidade da coligação – tem vários tipos de
consequências, dependendo da situação:
a) Se resultar da violação do Art. 555º CPC, ou da violação do
Art. 36º CPC, o juiz deve notificar o autor para indicar qual o
pedido que pretende ver apreciado no processo, sob pena
de absolvição quanto a todos eles. Feita a indicação, o juiz
deve absolver o réu da instância quanto aos demais pedidos
(Arts. 38º e 577º, nº 1, al. f) CPC).
b) Se resultar da violação do requisito da identidade de forma:
sendo sanável, incumbe ao juiz adaptar o processado à
cumulação autorizada (Art. 37º, nº 2 e 3 CPC); não sendo
sanável o réu deve ser absolvido da instância.
c) Se resultar da violação das regras de competência absoluta,
o tribunal deve absolver o réu ou réus da instância quanto a
todos os pedidos relativamente aos quais o tribunal sela
incompetente.

5. Interesse Processual
5.1. Noção, critério de aferição e consequências da sua falta – o interesse processual ou
interesse em agir é um requisito necessário para que o juiz possa apreciar o mérito da
causa, traduz-se na necessidade de instaurar e fazer seguir a ação, ou seja, na carência

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de tutela jurisdicional. O recurso ao tribunal não tem de ser a única via ou a última
possibilidade para a realização do interesse em causa. O recurso à ação deve
encontrar-se justificado – é assim devido a duas razões: a) evitar que as pessoas
sejam obrigadas a defender os seus interesses, quando não existe qualquer interesse
da contraparte que o justifique; e b) evitar que os tribunais se vejam ocupados com
ações em que não se justifica a sua intervenção, com prejuízo dos interesses
merecedores da sua atividade jurisdicional.
Nesta matéria é necessário falar de dois tipos de ações: 1) ações de condenação
– para demonstrar o interesse em agir bastará invocar a violação de um direito. Se a
condenação disser respeito a obrigações não exigíveis e não vencidas, haverá
interesse processual quando a exigência da obrigação tiver sido posta em causa pelo
devedor (Art. 610º CPC). Se disser respeito a prestações ou obrigações periódicas
haverá interesse processual desde que seja alegado que o devedor deixou de pagar
alguma delas, pois face ao risco de incumprimento justifica-se o recurso aos
tribunais; 2) ações constitutivas – haverá interesse processual sempre que o efeito
jurídico que se pretenda alcançar, não possa ser obtido através de simples
declaração extrajudicial do demandante.
A falta de interesse processual constitui uma exceção dilatória, porquanto obsta
a que o tribunal conheça do mérito da causa dando origem à absolvição do réu da
instância (Arts. 576º, nº 2 + 278º, nº 1, al. e) CPC).
Nas ações de condenação, caso o juiz conclua que a obrigação não se venceu e
que não existe interesse processual, deve indeferir a petição em despacho liminar
(Art. 590º, nº 1 CPC) ou absolver o réu da instância em despacho saneador (Art. 595º
CPC). Se a falta do interesse só for apurada na sentença final, o juiz pode conhecer
do mérito da causa, condenado, se for caso disso, o réu a cumprir a obrigação em
falta, mas também o autor nas custas do processo (Art. 610º, nº 3 CPC).
Caso o tribunal se convença da improcedência da ação e caso se conclua a falta
deste pressuposto, o réu deve ser absolvido do pedido (Art. 278º, nº 3 CPC).

6. Patrocínio Judiciário Obrigatório


6.1. Noção, critério e consequência da sua falta
O patrocínio judiciário consiste no exercício de poderes de representação perante o
tribunal, por profissionais do foro na condução e orientação técnico-jurídica do processo. A
necessidade de patrocínio é justificada por duas razões essenciais:

a) Razão de ordem técnica – a condução e orientação do processo exige


conhecimentos técnicos e experiência profissional que não está ao alcance das
partes.
b) Razão de ordem psicológica – a condução adequada do processo exige uma
objetividade e serenidade que as partes não dispõem.
O patrocínio pode ser exercido por advogados, advogados estagiários e
solicitadores, nos termos dos estatutos profissionais. Quanto aos advogados estagiários,
o estágio comporta duas fases (Art. 188º do Estatuto da Ordem dos Advogados) e que
apenas na segunda, uma vez obtida a cédula profissional (Art. 189º do diploma), os
mesmos podem autonomamente, mas sob orientação do patrono, exercer o patrocínio
judiciário em processos cíveis de valor não superior à alçada dos tribunais de primeira
instância e, independentemente do valor, em processos da competência dos tribunais de
menores assim como em processos de divórcio por mútuo consentimento. O advogado

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estagiário pode praticar atos próprios da advocacia em todos os demais processos desde
que seja acompanhado de advogado que assegure a tutela do seu tirocínio (Art. 189º, nº
2 do EOA). Para além disto, os advogados estagiários podem exercer o patrocínio nas
causas em que não seja obrigatória a constituição de advogado (Art. 42º CPC) e podem,
em qualquer caso, fazer requerimentos em que não se levantem questões de direito (Art.
40º, nº 2 CPC).

O mandato judicial (atribuição de poderes de representação em juízo), pode ser


conferido nos termos do Art. 43º CPC. Para além disto, importa sublinhar a faculdade que
os mandatários têm de se substabelecer – o substabelecimento é a transferência que o
mandatário faz para um terceiro dos poderes conferidos pelo mandante. Temos duas
espécies de substabelecimento: com ou sem reserva, consoante o mandatário mantenha
ou não, conjuntamente com o novo mandatário, os poderes de representação (Art. 44º
CPC). O patrocínio pode ser exercido sem que seja a própria parte a constituir
mandatário, como sucede nos casos de nomeação oficiosa de patrono pela Ordem dos
Advogados. Quanto à revogação e à renúncia do mandato deve atentar-se no está
disposto no Art. 47º CPC.

Em relação ao patrocínio judiciário a título de gestão de negócios, o Art. 49º CPC


estatui que se parte não ratificar a gestão dentro do prazo fixado pelo juiz, o gestor é
condenado nas custas que provocou e na indemnização do dano causado. O patrocínio
judiciário só é obrigatório nas situações taxativamente enunciadas no Art. 40º CPC. Se as
partes não constituírem advogado nos casos em que é obrigatório fazê-lo, o juiz deve
determinar a sua notificação para sanarem a falta de patrocínio. Não se verificando a
sanação, importa distinguir se a falta diz respeito ao autor ou ao réu. Se disser respeito
ao autor o réu é absolvido da instância (Arts. 41º e 577º, al. h) CPC), dizendo respeito ao
réu o processo segue à sua revelia (Art. 41º CPC).

7. Competência
7.1. Noção
Podemos definir competência como a fração ou parcela do poder jurisdicional
atribuído a cada tribunal. Um tribunal diz-se competente quando uma ação cabe dentro
da fração do poder jurisdicional que lhe for atribuída.

7.2. Competência Internacional


A repartição do poder jurisdicional entre os vários tribunais não obedece a um único
critério, e é considerando os vários critérios utilizados para se proceder a esta repartição
que se distinguem as diferentes modalidades de competência. A primeira divisão a
estabelecer é entre a competência internacional e a competência interna.

A competência internacional é a fração do poder jurisdicional atribuída aos tribunais


portugueses, no seu conjunto, para julgar as ações que tenham algum elemento de conexão
com ordens jurídicas estrangeiras. Conforme o que está estipulado no Art. 59º CPC, os
tribunais portugueses são internacionalmente competentes quando assim resulte do
direito internacional aplicável, de algum dos elementos de conexão referidos nos Arts.
62º e 63º CPC, ou ainda por força de um pacto atributivo de jurisdição.

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7.2.1. Regras de Direito Internacional – aos tribunais portugueses é atribuída


competência para julgar ações como elementos de conexão com outras
ordens jurídicas, por normas de direito internacional que prevalecem sobre
o direito interno.
7.2.1.1. Regulamento de Bruxelas I – Este Regulamento (UE) nº 1215/2012 é
relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de
decisões em matéria civil e comercial. Tem como objetivo melhorar e
simplificar o reconhecimento e a execução das decisões em matéria civil
e comercial, bem como promover a compatibilidade das normas
aplicáveis aos Estados-Membros em matéria de conflitos de jurisdições.
Este regulamente prevalece sobre o direito interno relativo à
competência internacional dos tribunais portugueses – Arts. 288º
Tratado da União Europeia + 8º, nº 3 e 76º CRP.
Quanto ao seu âmbito material, o regulamento aplica-se em matéria
civil (exceto: em questões relativas ao estado e à capacidade das pessoas
singulares, aos regimes de bens do casamento ou de relações análogas,
às obrigações de alimentos, aos testamentos e às sucessões) e em
matéria comercial (exceto: as falências, as concordatas e os processos
análogos; questões relativas à segurança social e à arbitragem – Art. 1º
do Regulamento).
Quanto ao seu âmbito subjetivo, o Regulamento Bruxelas I é aplicável
quando o réu, independentemente da sua nacionalidade, tenha
domicílio ou sede num Estado-Membro (Art. 4º Regulamento).
Tendo isto em conta vamos analisar certos aspetos de extrema
importância:
1) Critérios Gerais de Competência:
a) Se o réu tiver domicílio ou sede num Estado-Membro,
os tribunais internacionalmente competentes são os
tribunais do Estado do seu domicílio ou sede (Art. 4º
Regulamento) – esta regra mantém-se mesmo que o
réu não seja nacional do Estado que se encontra
domiciliado, nem nacional de qualquer outro Estado-
Membro.
b) Se o réu não se encontrar domiciliado num Estado-
Membro, a competência será regulada, de acordo com
o Art. 6º do Regulamento, em cada Estado-Membro pela
lei processual do Estado onde foi proposta a ação.

2) Critérios Especiais – o regulamento permite que o réu


domiciliado num Estado-Membro seja demandado nos
tribunais de um outro Estado sempre que se verifique um
dos fatores de conexão enunciados nos Arts. 7º a 26º do
diploma. Nestes artigos são enunciados critérios especiais de
competência alternativa com a que resulta dos critérios
gerais. O autor pode optar por qualquer dos tribunais
determinados pela aplicação dos critérios gerais ou
especiais.
a) Em matéria contratual, é competente o tribunal do
lugar onde a obrigação foi ou devia ser cumprida;

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b) Em matéria de obrigação de alimentos é


competente o tribunal do lugar em que o credor tem
o seu domicílio ou a sua residência habitual.
c) Em matéria de responsabilidade extracontratual, é
competente o tribunal do lugar onde ocorreu ou
poderá ocorrer o facto danoso.

3) Competências Exclusivas – estão presentes no Art. 24º do


Regulamento. São situações em que a competência atribuída
aos tribunais de um Estado prevalece sobre a competência
determinada pelos critérios gerais ou especiais, ainda que o
demandado não tenha domicílio ou sede num dos Estados-
Membros. As principais situações são:
a) Em matéria de direitos reais sobre imóveis e de
arrendamento, têm competência exclusiva os
tribunais do Estado-Membro onde se encontre o
imóvel.
b) Em matéria de validade, nulidade ou dissolução de
sociedades ou de outras pessoas coletivas que
tenham a sua sede num Estado-Membro, ou de
validade ou nulidade das decisões dos seus órgãos,
os tribunais desse Estado-Membro.
c) Em matéria de execução de decisões judiciais, os
tribunais do Estado-Membro do lugar da execução.

4) Pactos atributivos de jurisdição – as normas da competência


podem ser afastadas pelas partes. Conforme o Art. 25º do
diploma, se as partes acordarem que um tribunal ou os
tribunais de um Estado-Membro têm competência para
decidir quaisquer litígios, os mesmos terão competência nos
termos da lei desse Estado-Membro. Os pactos atributivos
de jurisdição devem ser celebrados:
a) Por escrito ou verbalmente com confirmação
escrita;
b) De acordo com os usos que as partes tenham
estabelecido entre si; OU
c) No comércio internacional;

7.2.2. Regras de Direito Interno – Os tribunais portugueses têm competência


internacional sempre que se verifique algum dos elementos de conexão
referidos nos Arts. 62º e 63º CPC, por força do Art. 59º CPC.
1) Competência Exclusiva – de acordo com a lista do Art. 63º CPC, a
competência dos tribunais portugueses é exclusiva nesses casos. Em
caso de violação da competência exclusiva, a decisão proferida pelo
tribunal de um Estado estrangeiro não pode ser reconhecida pela
ordem jurídica portuguesa (Art. 980º, al. c) CPC).

2) Critérios atributivos de competência internacional – caso os tribunais


portugueses não tenham competência exclusiva e não exista
qualquer pacto atributivo ou privativo, caberá apurar se ocorre
algum dos fatores atributivos de competência internacional

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elencados no Art. 62º CPC. Neste artigo são enunciados três critérios
de atribuição de competência

a) Coincidência (Art. 62º, al. a) CPC) – os tribunais portugueses


têm competência internacional sempre que a ação possa ser
proposta em Portugal segundo as regras da competência
territorial (Arts. 70º a 81º CPC). Estas disposições ao fixarem
a competência territorial dos tribunais portugueses
determinam a sua competência internacional. O legislador
impõe assim uma coincidência entre a competência interna
territorial e a competência internacional, acolhendo o
entendimento de que a relação de proximidade deve ter um
papel essencial na definição da jurisdição.

b) Causalidade (Art. 62º, al. b) CPC) – os tribunais portugueses


têm competência internacional sempre que o facto ou
alguns dos factos que integram a causa de pedir tenham
ocorrido em território nacional.

c) Necessidade (Art. 62º, al. c) CPC) – os tribunais portugueses


têm competência, desde que entre o objeto do litígio e a
ordem jurídica nacional exista um elemento de conexão, nas
seguintes situações:
- Quando o direito invocado não possa efetivar-se a não
ser através de ação proposta em Portugal;

- Quando não seja exigível ao autor a propositura da ação


no estrangeiro

3) Pactos atributivos e privativos de jurisdição – as partes podem


acordar que os seus litígios sejam julgados nos tribunais portugueses
que não teriam jurisdição. Assim estamos perante os pactos
atributivos de jurisdição. São de jurisdição na medida em que em
causa está a competência atribuída aos tribunais portugueses no seu
conjunto. Já os pactos privativos de jurisdição retiram a jurisdição aos
tribunais portugueses. O regime dos pactos atributivos está no Art.
94º CPC. Esse acordo deve ser reduzido a escrito e obedecer aos
seguintes requisitos:
a) Dizer respeito a direitos disponíveis;
b) Ser aceite pela lei do tribunal designado;
c) Corresponder a um interesse sério de ambas as partes ou
apenas a uma delas desde que não envolva inconveniente
grave para a outra parte;
d) Não recair sobre matéria de exclusiva competência dos
tribunais portugueses;

7.3. Competência Interna


A competência interna pode ser aferida em razão da matéria, do valor da causa, da
hierarquia judiciária e do território (Art.º 60, n° 2 CPC).

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7.3.1. Competência em razão da matéria - Como refere a constituição, o poder


jurisdicional é repartido por diferentes categorias de tribunais. Existe aqui
um princípio de especialização. Quanto a sua competência, diz-nos o Art.
211º CRP que a competência dos tribunais judiciais é em matéria civil e
criminal, e ainda são competentes em todas as matérias não atribuídas a
outras ordens judiciais (o mesmo refere o Art. 62º CPC).
1) Tribunais de 1° Instância - Dentro dos tribunais de 1° Instância temos
dois tipos de tribunais (Art. 33º LOSJ):
a) Tribunais de competência territorial alargada - são tribunais
de competência especializada, ou seja, só julgam
determinadas matérias (Art. 83º, nº 2 LOSJ). Os tribunais de
competência territorial alargada são os previstos no nº 3 do
Art. 83º LOSJ, sendo que as suas sedes e áreas que afetam são
as previstas no Anexo lll da LOSJ. Quanto a competência destes
tribunais, esta vem prevista do Art. 111º ao Art. 116º LOSJ. Diz-
nos ainda o nº 5 do Art. 83º LOSJ que a lei pode vir a criar
outras categorias de tribunais de competência territorial
alargada.

b) Tribunais de comarca - são os tribunais competentes para


preparar e julgar as causas não abrangidas pela competência
dos outros tribunais (Art. 80º, nº 1 LOSJ). A competência
destes tribunais faz-se por exclusão de partes. Estes tribunais
são de competência genérica e competência especializada
(Art. 80º, nº 1 LOSJ). Os tribunais de competência
especializada são:
- Central Civil – Art. 117º LOSJ

- Central Criminal – Art. 118º LOSJ

- Instrução Criminal – Art. 119º a 121º LOSJ

- Família e Menores – Art. 122º a 125º LOSJ

- Trabalho – Arts. 126º a 127º LOSJ

- Comércio – Art. 128º LOSJ

- Execução – Art. 129º LOSJ

- Juízos de proximidade

A competência destes tribunais encontra-se prevista no Art. 130º LOSJ. O


desdobramento destes tribunais por cada comarca vem previsto dos Arts.
66º a 102º ROFTJ. Devido as necessidades impostas por cada região do país,
a organização judiciária não e idêntica nas 23 comarcas.

7.3.2. Competência em razão da hierarquia - Esta competência é a que resulta da


distribuição do poder jurisdicional entre os tribunais da mesma ordem
verticalmente escalonados para efeito de recurso das suas decisões (Arts.

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67º a 69º CPC). Dentro da hierarquia dos tribunais de judiciais importa


distinguir 3 tipos:
1) Supremo Tribunal de Justiça - Sem prejuízo do tribunal
constitucional, o STJ é o órgão superior da hierarquia dos tribunais
judiciais (nº 1 do Art. 210º CRP), ou seja, é a última instância em
matérias da competência dos tribunais judiciais. Este está dividido
por secções em matéria civil, penal e social (Art. 47º LOSJ) e, em
princípio, apenas conhece em matéria de direito, dai, por regra, ser
um tribunal de recurso. Pode, porém, funcionar como tribunal de 1°
Instância caso se verifique uma das exceções da al. c) do Art. 55º
LOSJ. A competência deste traduz-se essencialmente nos
julgamentos dos recursos das decisões dos tribunais de Relação (Art.
69º, n° 2 CPC) ou das decisões, em casos excecionais (Art. 678º CPC),
dos tribunais de 1° Instância (Art. 69º, n° 2 CPC).

2) Tribunais de Relação - Os tribunais de segunda instância são, em


regra os tribunais da Relação (n° 4 do Art. 210º CRP + nº 1 do Art. 67º
LOSJ). Este, tal como o STJ, também funciona por secções (nº 2 do
Art. 67º LOSJ) sendo cada secção especializada em determinada
matéria (nº 3 do Art. 67º LOSJ). Quanto a sua competência, estes
conhecem sobretudo dos recursos provenientes das decisões dos
tribunais de 1° Instância (Art. 68º CPC), sendo que em certos casos
não funciona esta regra geral. Estes são os casos previstos na al. b)
do Art. 73º LOSJ, ou nas situações em que os tribunais de contas
decidem como tribunais de recurso. Estes tribunais conhecem quer
em matéria de direito, quer em matéria de facto, sendo que quando
atuam em sede de recurso tenham algumas limitações em matéria
de facto (Art. 662º CPC).

3) Tribunais de 1° Instância - Os tribunais de 1° Instância são por regra os


tribunais de comarca (Art. 210º, nº 3 CRP), tendo as suas competências
previstas no Art. 67º CPC.

7.3.3. Competência em razão do valor - A competência em razão do valor importa


saber quando queremos determinar se o tribunal competente e o da
instância central ou da instância local.
Ora, caso o valor da ação for superior a 50.000,00 € e caso se trate de uma
ação declarativa de processo comum a ação deve ser intentada nos juízos
centrais cíveis (Art. 117º LOSJ).

Caso o valor seja 50.000,00€ ou inferior deve a ação ser intentada nos juízes
locais cíveis.

7.3.4. Competência em razão do território - A competência em razão do território


determina-se através de dois elementos: a circunscrição territorial (prende-
se com a divisão do território pelas 23 comarcas) e a conexão do tipo de ação
com a circunscrição, que tem como elementos mais relevantes:
a) Foro do Réu - É competente para a ação o tribunal em cuja
circunscrição o reu tem o seu domicílio (Art. 80º, n° 1 CPC). Esta é a
regra aplicável, entre outras, as ações de declaração de nulidade

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ou de anulação de um negócio jurídico. É igualmente elemento de


conexão caso se trate de um dos casos de ação previstas no Art.
71º, nº 1 do CPC.
Quando pela aplicação desta regra verificamos a existência de
um litisconsórcio ou de coligação a competência afere-se segundo
o nº 1 do Art. 82º CPC. Segundo este o autor deve demandar os réus
no tribunal na residência do maior número, caso seja igual pode o
autor escolher em qual deles demanda.
Ex: A quer demandar B, C e D, tendo B e C residência em Lisboa
e D residência em Viseu, ora aplicando este artigo concluímos
que a ação deve ser intentada em Lisboa. Agora imagine-se que
A quer demandar B,C,D e E, B e C com residência em Lisboa, D e
E com residência em Viseu, aqui, aplicando o mesmo artigo o
autor(A) pode escolher demandar os réus em Lisboa ou em
Viseu, entre os réus há um igual número tendo em conta a
Residência (Dois em Lisboa e Dois em Viseu).
Já no nº 2 e 3 do Art. 82º CPC refere quando há uma pluralidade
de pedidos (Coligação ou mera cumulação), e para a apreciação são
territorialmente competentes diversos tribunais.

Quando estamos perante pessoas coletivas (sem contar com o


estado) o critério encontra-se adaptado no nº 2 do Art. 82º CPC e só
atua quando não se verifiquem a aplicação dos critérios especiais
dos artigos anteriores (Arts. 70º a 79º CPC).

b) Foro real ou situação dos bens - Encontra-se definido no Art. 70º


CPC, e segundo este as ações referidas nos números deste artigo,
as ações devem ser propostas no tribunal da situação dos bens.

c) Foro obrigacional - Encontra-se previsto nos nº 1 e 2 do Art. 71º


CPC. Segundo o nº 1 deste artigo, quando o réu é uma pessoa
coletiva, o autor pode optar por propor as ações nele referidas no
lugar onde a obrigação deveria ser cumprida. Esta regra de opção
para o autor também se aplica caso tanto o credor como o reu
tenham a sua residência na área metropolitana de Lisboa ou do
Porto. No nº 2 do Art. 71º CPC que quando a ação se destina a
efetivar a responsabilidade civil baseada em facto ilícito ou em
risco, o tribunal competente é o lugar onde o facto ocorreu.

d) Foro do autor - O lugar da residência do autor apenas é um


elemento relevante nos casos previstos no Arts. 72º e 80º, nº 2 CPC.

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