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Organização
Judiciária
Resumo do Livro
Florian Leichtenmüller
Organização Judiciária
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Organização Judiciária
Resumo do Livro
Matéria da Frequência
I – Parte Introdutória
1. Função Jurisdicional
1.1. Noção
Podemos definir função jurisdicional como o poder de aplicar o direito, de dizer o
direito, de julgar ou de administrar a justiça. A função jurisdicional tem três finalidades: a)
defender os direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos; b) reprimir a
violação da legalidade democrática; e c) dirimir os conflitos de interesses públicos e
privados.
Podemos definir organização Judiciária como o conjunto de órgãos aos quais compete
administrar a justiça, nos termos legalmente previstos – exercer o poder jurisdicional de
dizer e fazer cumprir o Direito.
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d) Tribunal de Contas
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II – Pressupostos Processuais
1. Noção
Podemos definir os pressupostos processuais como os requisitos necessários para que o
juiz possa apreciar o mérito da causa (para que o juiz possa apreciar e decidir sobre o pedido
formulado, concedendo ou indeferindo a providência requerida). Constituem requisitos
impostos pelo interesse público da correta administração da justiça, pretendendo-se com os
mesmos garantir que as decisões sobre o mérito da causa sejam úteis e idóneas.
2. Personalidade Judiciária
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de tutela jurisdicional. Quem é demandado está de certo modo a requer uma providência
de tutela jurisdicional.
Temos de fazer uma distinção entre parte em sentido formal e parte em sentido
material. Em sentido formal, parte é quem propõe ou contra quem é proposta uma
determinada ação, em sentido material é o verdadeiro sujeito da relação material
controvertida. Também em sentido material, parte surge como a entidade que pode
demandar ou ser demandada. Para além deste sentido, pode ainda ser parte em sentido
formal, quem no processo exerce o direito (ou atua), em sentido material é o titular do
direito que se pretende fazer valer em juízo. Em caso de representação, o representante
é parte em sentido formal. No Art. 11º CPC é usado o conceito de parte em sentido
formal, ou seja, a parte é quem demanda e é demandado e não quem pode demandar
ou ser demandado.
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3. Capacidade Judiciária
3.1. Noção e critério de aferição
Para ser apreciado o pedido pelo juiz é necessário que as partes possuam capacidade
judiciária ou que se encontrem representadas ou autorizadas. A capacidade judiciária
consiste na suscetibilidade de estar, por si mesmo, em juízo (Art. 15º CPC) - corresponde à
capacidade de exercício no âmbito do direito civil. Ao estatuir que a capacidade judiciária
tem por base (significa que têm plena capacidade judiciária as pessoas que possuem
integral capacidade de exercício, bem que carecem de capacidade judiciárias todos
aqueles que não têm capacidade de exercício) e por medida (significa que as limitações
a esta capacidade correspondem idênticas limitações à capacidade judiciária) a
capacidade de exercício. A extensão da capacidade judiciária depende da extensão da
capacidade jurídica de exercício. A capacidade judiciária é aferida pela capacidade de
exercício para a produção dos possíveis efeitos da ação. Quanto às entidades que não
são pessoas singulares, mas gozam de personalidade judiciária, importa saber quem as
pode representar em juízo. A representação das pessoas coletivas e das sociedades cabe
às pessoas designadas na lei, nos estatutos ou pacto social (Art. 25º CPC). No que diz
respeito às sociedades comerciais, deve ter-se em conta a disciplina jurídica de cada tipo
de sociedade. Relativamente à representação das entidades que carecem de
personalidade jurídica rege o disposto no Art. 26º CPC. Os patrimónios autónomos devem
ser representados pelos seus administradores, as sociedades e associações sem
personalidade, assim como as sucursais, agenciais, filiais ou delegações, pelas pessoas
que ajam como diretores, gerentes ou administradores. A representação do Estado cabe
ao Ministério Público (Art. 24º CPC).
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1881º, nº 2 CC); b) existir norma que especialmente o determine (Art. 1846º, nº 3; 1870º,
1891º CC); c) ocorra uma impossibilidade de facto de se proceder à citação (Art. 20º CPC).
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4. Legitimidade
4.1. Noção
Podemos definir legitimidade como o poder de condução do processo. Trata-se do
poder de deduzir uma determinada e concreta pretensão, mas não, naturalmente, de a
obter. Pretende-se garantir que as partes sejam os sujeitos que podem discutir a
procedência da ação e, assim, garantir a própria utilidade do processo. Na legitimidade
trata-se de aferir qual a posição que as partes devem ter perante as situações jurídicas
afirmadas para que o juiz possa pronunciar-se sobre a procedência das suas pretensões.
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4.2.1. Critério geral. A titularidade dos interesses em causa – encontra-se no Art. 30º
CPC. Temos agora de considerar quais os sujeitos portadores do interesse
direto em demandar e do interesse direto em contradizer a pretensão
formulada. Para avaliar o primeiro interesse, o nº 2 do preceito exprime a
utilidade económica decorrente da procedência da ação ou do prejuízo que
dessa mesma procedência pode resultar para o demandado. O critério de
aferição da legitimidade encontra-se na titularidade dos interesses em causa
no processo. Se numa ação o autor invocar a titularidade de um crédito que
pretende ver reconhecido, pode concluir-se pela sua legitimidade na medida
em que é o portador do interesse que o direito material pretende tutelar,
supondo a sua existência. O mesmo não se poderá dizer se o autor for um
herdeiro do credor, pois pode ter interesse em demandar, mas não é o
portador do interesse direto em causa nos atos.
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4.3.2. Coligação – encontra-se no Art. 36º CPC. Para além da pluralidade de partes
existe uma pluralidade de pedidos, formulados diferenciadamente por cada
um dos autores ou contra cada um dos réus. A coligação não depende
apenas da vontade do autor, a lei processual estabelece diferentes requisitos
de admissibilidade:
1º Compatibilidade Substantiva dos pedidos (Art. 555º CPC) – os pedidos
não podem ser contraditórios à luz do direito material aplicável. Por
exemplo, não admissível pedir a anulação de um contrato e,
simultaneamente, a condenação do réu a cumprir uma das obrigações
decorrentes desse mesmo contrato.
2º Conexão material entre os pedidos formulados (Art. 36º CPC) – existe
nos seguintes casos: a) Identidade da causa de pedir; b) Relação de
prejudicialidade ou de dependência entre os pedidos; c) Quando a
procedência dos pedidos principais dependa, essencialmente, da
apreciação dos mesmos factos; d) Quando a procedência dos pedidos
principais dependa da interpretação e aplicação das mesmas regras de
direito ou de cláusulas contratuais perfeitamente análogas; e) quando os
pedidos deduzidos contra os vários réus se baseiam na obrigação
cartular, quanto a uns, e na respetiva relação subjacente, quanto a
outros.
4.3.2.1. Consequências da ilegalidade da coligação – tem vários tipos de
consequências, dependendo da situação:
a) Se resultar da violação do Art. 555º CPC, ou da violação do
Art. 36º CPC, o juiz deve notificar o autor para indicar qual o
pedido que pretende ver apreciado no processo, sob pena
de absolvição quanto a todos eles. Feita a indicação, o juiz
deve absolver o réu da instância quanto aos demais pedidos
(Arts. 38º e 577º, nº 1, al. f) CPC).
b) Se resultar da violação do requisito da identidade de forma:
sendo sanável, incumbe ao juiz adaptar o processado à
cumulação autorizada (Art. 37º, nº 2 e 3 CPC); não sendo
sanável o réu deve ser absolvido da instância.
c) Se resultar da violação das regras de competência absoluta,
o tribunal deve absolver o réu ou réus da instância quanto a
todos os pedidos relativamente aos quais o tribunal sela
incompetente.
5. Interesse Processual
5.1. Noção, critério de aferição e consequências da sua falta – o interesse processual ou
interesse em agir é um requisito necessário para que o juiz possa apreciar o mérito da
causa, traduz-se na necessidade de instaurar e fazer seguir a ação, ou seja, na carência
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de tutela jurisdicional. O recurso ao tribunal não tem de ser a única via ou a última
possibilidade para a realização do interesse em causa. O recurso à ação deve
encontrar-se justificado – é assim devido a duas razões: a) evitar que as pessoas
sejam obrigadas a defender os seus interesses, quando não existe qualquer interesse
da contraparte que o justifique; e b) evitar que os tribunais se vejam ocupados com
ações em que não se justifica a sua intervenção, com prejuízo dos interesses
merecedores da sua atividade jurisdicional.
Nesta matéria é necessário falar de dois tipos de ações: 1) ações de condenação
– para demonstrar o interesse em agir bastará invocar a violação de um direito. Se a
condenação disser respeito a obrigações não exigíveis e não vencidas, haverá
interesse processual quando a exigência da obrigação tiver sido posta em causa pelo
devedor (Art. 610º CPC). Se disser respeito a prestações ou obrigações periódicas
haverá interesse processual desde que seja alegado que o devedor deixou de pagar
alguma delas, pois face ao risco de incumprimento justifica-se o recurso aos
tribunais; 2) ações constitutivas – haverá interesse processual sempre que o efeito
jurídico que se pretenda alcançar, não possa ser obtido através de simples
declaração extrajudicial do demandante.
A falta de interesse processual constitui uma exceção dilatória, porquanto obsta
a que o tribunal conheça do mérito da causa dando origem à absolvição do réu da
instância (Arts. 576º, nº 2 + 278º, nº 1, al. e) CPC).
Nas ações de condenação, caso o juiz conclua que a obrigação não se venceu e
que não existe interesse processual, deve indeferir a petição em despacho liminar
(Art. 590º, nº 1 CPC) ou absolver o réu da instância em despacho saneador (Art. 595º
CPC). Se a falta do interesse só for apurada na sentença final, o juiz pode conhecer
do mérito da causa, condenado, se for caso disso, o réu a cumprir a obrigação em
falta, mas também o autor nas custas do processo (Art. 610º, nº 3 CPC).
Caso o tribunal se convença da improcedência da ação e caso se conclua a falta
deste pressuposto, o réu deve ser absolvido do pedido (Art. 278º, nº 3 CPC).
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estagiário pode praticar atos próprios da advocacia em todos os demais processos desde
que seja acompanhado de advogado que assegure a tutela do seu tirocínio (Art. 189º, nº
2 do EOA). Para além disto, os advogados estagiários podem exercer o patrocínio nas
causas em que não seja obrigatória a constituição de advogado (Art. 42º CPC) e podem,
em qualquer caso, fazer requerimentos em que não se levantem questões de direito (Art.
40º, nº 2 CPC).
7. Competência
7.1. Noção
Podemos definir competência como a fração ou parcela do poder jurisdicional
atribuído a cada tribunal. Um tribunal diz-se competente quando uma ação cabe dentro
da fração do poder jurisdicional que lhe for atribuída.
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elencados no Art. 62º CPC. Neste artigo são enunciados três critérios
de atribuição de competência
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- Juízos de proximidade
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Caso o valor seja 50.000,00€ ou inferior deve a ação ser intentada nos juízes
locais cíveis.
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