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Resumo de Introdução ao Direito

Margarida mourão gameiro

Cap. II- Ramos do Direito→ Manual pag. 56-63


Cap.III - A norma jurídica→ Manual pag.171-194
Cap. IV- As fontes de direito→ Manual pag.69-106
Cap. V- A determinação da solução jurídica →Manual pag. 113-167

Parte I- Grupo I: A Ordem Jurídica 23-63

Ordem natural e Ordem social


Ordem é a conjugação de vários elementos através dos quais se pretende a
obtenção de uma função comum ou a realização de objetivos. É uma realidade.
Ordem Natural → Ordem do Ser
A ordem natural é a ordem que não se dirige ao homem, mas que visa
compreender os fenómenos naturais.
➢ É alheia a considerações de valor pois tem por base um princípio
da causalidade (causa/efeito)
➢ Não pode ser violada porque se reconduz a esquemas mentais de
explicação da realidade
➢ Exprime-se por leis da física, leis da geografia ou leis de genética
➢ Exemplos: Lei do geocentrismo, lei da gravitação universal de
Newton
Ordem Social
É a ordem das condutas humanas que se expressa através de normas
relacionais.
➢ Tem o objetivo de regular a atividade do homem e as relações entre os
membros da comunidade.
➢ Esta norma é imprescindível para a manutenção da sociedade, uma
sociedade sem normas não pode subsistir.
Dentro da ordem social temos: A ordem técnica, a Ordem fáctica, a Ordem
normativa.
Ordem Técnica
Ordem que disciplina a atividade humana tendente à realização de objetivos.
➢ Composta por regras condicionais, se se quiser alcançar algo é útil que
se proceda de acordo com uma técnica.
➢ Não tem imperatividade, caso o sujeito não queira obter um resultado não
violou qualquer obrigação.
➢ Regras de construção civil, regras de fertilização de solos, regras para o
fabrico de carros
Ordem fáctica
Consiste na descrição das condutas humanas e nas previsões de
comportamentos futuros
➢ Exprime-se por leis sociológicas e económicas.
➢ Distingue-se da Ordem Técnica pois traduz enunciações de juízos de
valor da atuação do homem, não orientando a sua conduta para atingir
um fim
➢ Distingue-se das regras naturais pois estas são exatas e universais, as
regras fácticas são contingentes porquanto a convivência dos homens
muda através dos tempos e do espaço
➢ Exemplos: desvio de emprego para países com mão-de-obra mais barata,
existência de criminalidade mais concentrada nos grandes centros
urbanos
Ordem normativa
É a ordem que visa orientar a conduta do homem na relação com outros homens.
➢ Carater intersubjetivo, pois pretende disciplinar as condutas humanas,
fixando o modo como elas se devem processar
➢ Corresponde a realidades éticas do ponto de vista do “dever-ser”
➢ Carater imperativo à vontade do homem- homem sente um dever de não
roubar, pois se o fizer terá consequências.
➢ Ordem normativa é violável pois a conduta do homem pode adequar-se a
ela ou não
➢ Difere da Ordem Técnica, a ordem normativa situa-se num plano
axiológico de valores
Ordens normativas:
➢ Ordem de trato social
➢ Define as regras de cortesia e de civilidade que se verificam entre os
membros de uma sociedade
➢ Integra todos os usos e praticas do comportamento social como: o modo de
vestir.
➢ Esta ordem facilita a convivência social.
Os usos normativos e os usos não normativos
➢ Ordem religiosa
➢ Estabelece o relacionamento do homem com as divindades, tem
por base a fé e manifesta-se não só no comportamento de cada um
perante si próprio, mas também nas ligações com os outros.
➢ As normas religiosas definem as relações entre o homem e uma
certa divindade, fixam os deveres do crente para com Deus (ex.:
proibição de matar e de roubar).
➢ Violações destas regras implicam sanções divinas como “Deus
castiga”, “Não ir para o céu”.

➢ Ordem moral
➢ Define os deveres da natureza ética através dos quais se visa o
aperfeiçoamento da pessoa.
➢ O desrespeito da regra moral tem como consequência o
surgimento de sanções internas por exemplo “pesos na consciência”.
➢ Caracteriza-se pela interioridade, absolutidade e espontaneidade.
As três grandes áreas dentro da moral:
➢ Moral de consciência individual- é a moral que faz parte da
consciência de cada ser humano e o que o leva a optar pelas condutas
que geram o bem, em detrimento das condutas que gerem o mal.
➢ Moral social ou positiva- conjunto de preceitos de carater ético
que se verificam numa época entre os membros da sociedade.
Três tipos de moral social:
• Moral social própria de cada país
• Moral social urbana e rural
• A moral social universal ou consciência moral comum que
respeita às regras morais aceitas nos vários países.
➢ Morais particulares-atendem aos preceitos de carater ético
existentes no âmbito de certas profissões
▪ Ética médica ou bioética- respeita aos princípios
éticos que devem pautar a investigação científica e
tecnológica sobre a vida humana (clonagem, o
aborto, eutanásia.)
▪ Deontologia jurídica ou jornalística- traduz o
conjunto de deveres de natureza moral a que se
encontram os sujeitos na relação com os colegas e
no desempenho da sua atividade.

➢ Ordem jurídica
➢ Ordena os aspetos mais importantes da convivência social
➢ Exprime-se através de regras jurídicas e visa a prossecução dos
valores da justiça e da segurança
As regras jurídicas ou normas jurídicas concretizam a ordem jurídica e têm a
seguinte estrutura:
➢ Previsão ou fattispecie- parte da regra que estabelece um
acontecimento. “aquele que perfizer dezoito anos de idade”
➢ Instituição ou efeito jurídico- parte da regra que fixa a consequência
jurídica. “fica habilitado a reger a sua pessoa e a dispor dos seus bens.”

Relações entre o Direito e a Moral


Critério teológico
A moral tem por base um fim pessoal: visa a realização plena do homem.
O direito tem por base um fim social: visa a realização da justiça→
imprescindível para a garantia da paz nas sociedades.
Critica: não atende a que os fins da moral apenas se conseguem alcançar
porque o homem se relaciona com os seus semelhantes, e também para que
as finalidades do Direito se concretizem, as suas regras não podem estar
desligadas dos valores morais.
Critério do objeto
A moral incide sobre a interioridade, com o que se processa ao nível do
pensamento e da consciência (motivação dos atos e intenções).
O Direito incide sobre a exterioridade, sobre as atuações do homem.
Critica: não atende à relevância que o Direito confere à “intenção” nas ações
humanas- o Direito não dispensa a apreciação de fatores internos como a
culpa. Este critério não toma em consideração a importância que a moral
confere ao lado externo.
critério da imperatividade
A moral é unilateral porque impõe deveres, mas não reconhece os direitos
→não se pode impor a outrem o cumprimento de deveres morais.
O Direito é bilateral porque impõe deveres e reconhece os direitos.
Critica: nem todo o direito é bilateral, pois existem normas que não são
suscetíveis de sanção ou imposição coativa.
critério da autonomia
A moral é autónoma porque as normas sociais emanam da consciência do
sujeito que as deve cumprir, que constitui também a instância julgadora sobre o
seu incumprimento.
➢ Revela-se como um imperativo categórico que cada sujeito comporta em
si.
O direito é heterónomo porque as normas jurídicas emanam de entidades
exteriores aos sujeitos que lhe devem obediência e que vêm também sancionar
um eventual desrespeito dessas normas.
➢ Revela-se um imperativo hipotético.
Critica: dado que muitas normas morais resultam de máximas universais
importantes na relação com os outros, e não da consciência do individuo, a
moral também é heterónoma, da mesma forma que o direito tem uma vertente
autónoma, pois o cumprimento de certas normas jurídicas tem por base não só
a sujeição a uma vontade alheia, mas também o reconhecimento da existência
de um dever que se impõe à própria consciência.
critério do mínimo ético
O direito é a parte da moral que respeita aos preceitos que são indispensáveis
à ordenação da sociedade.
Por isso pode-se considerar que a moral constitui uma área maior e que o
direito constitui uma parte menor dessa área→ todo o direito faz parte da
moral, mas nem toda a moral faz parte do direito.
Critica: não são todas as regras do direito que têm uma conotação ética
(regras de trânsito) e também embora o critério indique uma área de
sobreposição entre o direito e a moral, não esclarece a razão delimitadora
dessa área.
Caracterização da ordem jurídica
➢ Necessidade
Necessidade como imprescindibilidade social do direito
O homem é um ser social que se relaciona com os outros para satisfazer as
suas necessidades. A existência das relações entre os membros da sociedade
determina o aparecimento de regras que as regulem ou disciplinem.
Por isso, o Direito surge como algo natural ao próprio estado social do homem,
revelando-se imprescindível para a sobrevivência da sociedade- O direito é
uma realidade social inerente à condição humana.
Esta ideia da necessidade da ordem jurídica, para efeitos da subsistência da
sociedade e do homem, permite distingui-la das ordens normativas:
• Ordem de trato social- a sociedade pode viver perfeitamente sem as
regras de trato social não obstante a redução da qualidade de vida
• Ordem religiosa- imprescindibilidade individual de sobrevivência
espiritual de cada um e não social (a sociedade consegue viver sem
religião).
• Ordem moral- imprescindibilidade individual e não social, embora o
direito se preocupe em transformar certas regras morais em regras
jurídicas devido ao seu inevitável reflexo na sociedade.
Necessidade como fundamento do direito
A intervenção sobre inúmeros sectores da vida social só se justifica se existir
uma razão de necessidade ou utilidade que fundamente o Direito.
Esta razão de necessidade legitima a forma de exercício do poder, o que
sucede com:
• A intervenção jurídico-penal- incriminação de condutas so deve ocorrer
se o comportamento em causa ofender os valores ou bens essenciais da
sociedade
• A intervenção fiscal- a fixação de impostos não deve ser arbitraria mas
deve ter fundamentação suficiente.

➢ Imperatividade
A imperatividade tem por base uma ideia de obrigatoriedade dos atos jurídicos,
dado que a sua essência é a do dever ser.
É esta obrigatoriedade que fundamenta a função de ordenação social que
incumbe ao direito, pois caso se pudesse optar livremente entre o seu
acatamento ou não, as normas jurídicas dificilmente conseguiram assegurar a
justiça e a segurança necessárias à convivência humana.
Para a afirmação da obrigatoriedade do Direito →existência de sanções→
consequências jurídicas que ocorrem quando se respeita uma certa norma
jurídica.
Imperatividade enquanto característica do Direito
Todo o direito é imperativo no sentido de que todos os atos têm natureza
obrigatória ou impõem a adoção de uma determina conduta. A imperatividade
não tem reunido consenso enquanto característica do direito, havendo várias
teses a este respeito:
• Tese imperativista- a imperatividade é uma característica do direito→ só
existe direito quando há imperatividade
• Tese anti-imperativista- nega-se a todas as normas jurídicas uma
natureza imperativa.
• Conceções mistas- apenas reconhecem imperatividade a uma parte dos
atos jurídicos sem que aqueles que não perfilhem desta característica
percam o caracter jurídico.
Atos não imperativos
Não podem ser considerados verdadeiros imperativos→ definições legais
Entendimento da imperatividade
Imperatividade deve ser entendida como uma característica de ordem jurídica
em geral. Corresponde a toda a norma uma ideia de obrigatoriedade que
decorre do dever de respeito ao Direito enquanto garante da resolução de
conflitos na sociedade.
➢ Coercibilidade
➢ Consiste na possibilidade de um aparelho organizado usar a força
sempre que uma disposição jurídica seja violada.
➢ A coercibilidade separa-se da coação porque coercibilidade traduz
a possibilidade do uso da força, enquanto a coação é o efetivo uso da
força.
➢ Só o Estado pode exercer coação. Os meios de tutela privada (ex:
em legitima defesa) em que se autoriza a defesa a certa agressão pela
via da força.
Coercibilidade enquanto característica do Direito
Tese tradicional- a coercibilidade é uma característica do direito pois este
configura-se como um conjunto de normas que são garantidas através da
utilização da força. Em primeiro lugar o Direito e em segundo lugar a força.
Tese do direito como regulador da força- O direito é um conjunto de normas
que regula o exercício da força, por isso, temos agora em primeiro lugar a força
e em segundo lugar o direito. As normas jurídicas disciplinam o quando, o
como do exercício do poder de coação.
Tese configuradora da força como um elemento não essencial do direito- a
coação e a coercibilidade não são características do direito devido a três
fatores:
• A coação não é necessária a todo o direito porque o cumprimento das
normas jurídicas fundamenta-se em motivações psicológicas que
ultrapassam o receio do exercício da força por parte do Estado.
• A coação não existe em todo o direito dado que o respeito de normas
jurídicas não se consegue assegurar através do uso da força.
• A coação não é possível em todo o direito porque não existe proteção
coativa em relação à norma que permite o uso da coação.
A coação não é necessária, não existe e não é possível em todo o direito.
A coercibilidade é uma característica tendencial do Direito.
➢ Exterioridade
Consiste no facto de as normas jurídicas disciplinarem comportamentos que se
manifestam exteriormente, o que significa que as meras intenções sem
manifestação externa não provocam direito, embora se dê relevância à
consciência para determinar os motivos que explicam as condutas sociais. Ex:
Se alguém tem intenção de furtar uma carteira, caso não concretiza essa
vontade num ato externo, o Direito não lhe dá importância.
➢ Estatalidade
Todo o direito brota dos órgãos do Estado.
Defende que o Estado é o Direito (direito positivo) e que o Direito é o Estado
(enquanto conjunto de normas dotadas de coercibilidade e emanadas das
estruturas decisórias do poder) → a aplicação e a criação das normas jurídicas
competem sempre ao Estado.
Ramos de Direito
Critérios de distinção entre direito público e direito privado
➢ critério do interesse
As normas de direito publico visam proteger os interesses públicos do Estado e
as normas de direito privado visam proteger os interesses próprios dos
indivíduos.
A norma fiscal sobre o imposto de imoveis servem os interesses públicos →
Direito Publico.
A norma civil sobre o contrato de arrendamento entre particulares são normas
que servem os interesses privados dos indivíduos→ Direito Privado
Critica: Há normas de direito publico que têm por missão concretizar os
interesses dos particulares.
➢ critério da qualidade dos sujeitos
É direito publico aquele que regula as relações em que ambos os sujeitos ou
um deles são sujeitos públicos, isto é, o estado ou as outras pessoas coletivas
de direito publico (institutos públicos)
É direito privado aquele em que ambos os sujeitos da relação são particulares,
isto é, pessoas coletivas privadas (associações)
Critica: Muitas vezes o estado e os entes públicos intervêm na vida jurídica nas
mesmas condições em que intervêm os particulares, estando sujeitos à
aplicação de idênticas regras. Ex: Estado a celebrar um contrato de compra e
venda- normas de direito privado.
➢ critério da posição dos sujeitos
A base de distinção é a posição que nela assumem que permite a separação
entre direito publico e direito privado.
Direito publico é aquele em que o Estado e as pessoas coletivas de direito
publico intervêm na posição de supremacia.
De direito privado as relações que intervêm os particulares, ou mesmo o
Estado e as outras pessoas coletivas de direito publico atuam em posição de
igualdade
Ex: quando o Estado celebra um contrato de arrendamento com um
proprietário para instalar um novo serviço publico.
Critica: Direito privado também disciplina algumas relações em que os sujeitos
se encontram numa situação de desigualdade jurídica
Classificações dos ramos de direito
Direito Público
➢ Direito constitucional
➢ Direito administrativo, direito do urbanismo, direito do ambiente
➢ Direito financeiro, Direito tributário e fiscal
➢ Direito Processual
Direito Privado
➢ Direito privado comum ou civil: direito das obrigações, direitos
reais, direito da família.
➢ Direitos privados especiais: Direito comercial, Direito do Trabalho
Áreas do Direito com natureza mista
➢ Direito internacional privado
➢ Direito da segurança social
➢ Direito bancário
➢ Direito Agrário

Direito comercial
Conjunto de normas eu regulam os actos de comercio (atos objetivamente
comerciais- regulados na lei comercial- como os atos subjetivamente
comerciais- contratos e obrigações dos comerciantes.
Dentro do direito comercial, tendem a ganhar certa autonomia, sectores como o
Direito Bancário, Direito dos Seguros, Direito dos Transportes.
Cap. II- Fontes do Direito- pag. 69-106
Classificação das fontes de Direito
Fontes imediatas e fontes mediatas:
a) Fontes imediatas- são as fontes que produzem diretamente normas
jurídicas sem qualquer subordinação a outra fonte- lei e as normas
corporativas- Costume, Lei
b) Fontes mediatas- são aquelas que só são reconhecidas como fonte de
Direito na medida em que a lei lhes confere essa valor- jurisprudência,
doutrina.

Lei, Costume, Jurisprudência e Doutrina NÃO SÃO FONTES DE


DIREITO.
➢ apenas têm força de lei devido ao regime jurídico estatal que assim
determina. Mas, art. 1.º, 2ª parte CC
➢ não são gerais, nem abstactas.
➢ Eles não implicam direito objetivo, mas só direitos subjetivos.
Fontes voluntarias e fontes não voluntarias:
a) Fontes voluntarias- são as fontes que expressam uma vontade dirigida
especificamente à criação de uma norma jurídica como é o caso da lei,
da jurisprudência e da doutrina
b) Fontes não voluntarias- são aquelas que não expressam uma vontade
dirigida especificamente à criação de uma norma jurídica como o
costume.

Usos- estão previstos no art.3.º do CC e são fonte do Direito na medida em


que são acolhidos pela lei- art. 560 n. º3 do CC.

Equidade- prevista no art.4.º do CC e não se pode considerar uma fonte de


Direito visto não ser um facto produtor ou revelador de normas jurídicas, mas
antes um modo de decisão de casos concretos de acordo com a sua justiça
própria- art. 339.º n. º2 do CC. Art. 437.º, n.º 1 CC, Art. 1407.º, n.º 2
O costume
Elementos essenciais do costume:
O corpus- traduzido na observância generalizada e uniforme com certa
duração de determinado padrão de conduta em que está implícita a norma;
O Animus- traduzido na convicção de se estar a obedecer a uma regra geral e
abstrata obrigatória juridicamente, caucionada pela consciência jurídica da
comunidade.
O costume pode ser distinguido em três modalidades:
Segundo a lei “secundum legem” - Acontece quando o costume está de
acordo com a lei
Para lá da lei “praeter legem” - A lei é necessariamente imperfeita, a vida é
muito mais complexa que a imaginação do legislador, havendo nela muitos
aspetos que escapam à previsão legislativa, assim o costume aparece como
complemento da lei, integrando e normalizando situações em que a lei nada
disse.
Contra a lei “contra legem” - O costume aparece em total desconformidade
com a lei.
Valia pratica do costume por comparação com a lei
O costume e a lei apresentam diferentes valias enquanto fontes do direito:
O costume tem como vantagem o facto de implicar uma maior adaptação à
evolução social, mas tem como desvantagem a sua maior incerteza
A lei implica uma maior certeza e adequação enquanto instrumento de
regulação, contudo a sua rigidez impede-a de acompanhar a evolução social.
A jurisprudência
Conjunto de decisões em que se exprime a orientação seguida pelos tribunais
ao julgarem os casos concretos que lhes são submetidos.
Analisa a forma mais justa de anular o desentendimento tendo em consta os
princípios fundamentais de direito de modo a obter-se justiça.
A decisão que o tribunal dizer possui eficácia concreta, só é obrigatória para as
partes que intervém no conflito. O Tribunal formula a sentença, com ela dá à
disputa uma solução que as partes têm de acatar.
A doutrina
A doutrina reconduz-se às opiniões dos jurisconsultos sobre uma determinada
questão jurídica que são manifestadas em manuais.
A doutrina é feita pelos teóricos do Direito para ser usada pelos práticos do
Direito por isso influencia os poderes legislativo e judicial.
A doutrina pode ser exercida: de forma individual- professor, de forma coletiva-
opinião comum de vários professores.
A lei
Lei formal e Lei material
Lei formal- é o diploma emanado por um órgão Legislativo, sujeito a um
determinado procedimento legislativo. (lei constitucional, lei ordinária, decreto-
lei
Assembleia da República, Governo e Assembleias legislativas regionais →
constituem o poder legislativo
Lei material- é o diploma emanado pelo órgão competente com conteúdo
normativo- contem normais gerais ou abstratas.
Classificação de leis
Atendendo à solenidade, as leis podem ser:
1. Solenes- as leis que obedecem a um procedimento específico: a) leis
constitucionais; b) leis ordinárias
2. Comuns- as leis que não obedecem a um procedimento específico: a)
leis elaboradas pelos órgãos centrais do Estado; b) leis elaboradas pelos
órgãos locais do Estado

Regulamento
É o ato unilateral do Estado, ou de outra entidade publica ou privada habilitada
a exercer o poder executivo que modifica normas jurídicas subordinadas à lei.
Estão previstos no art.112.º nº 6 e 7 da CRP.
Leis Formais Materiais
São leis que são emanadas pelos órgãos legislativos com caracter genérico e
abstrato
Leis formais Não Materiais
Leis emanadas pelos órgãos legislativos com caracter nominal e concreta. Leis
individuais→ respeita a uma só pessoa.
Leis constitucionais
São leis constitucionais, a constituição e as leis que fazem a sua alteração
Leis ordinárias
São todas as outras leis que não são constitucionais→ subordinadas à
constituição.

As leis da Assembleia da República - que não sejam leis constitucionais ou


leis de valor reforçado - e os decretos-leis do Governo (art. 198º, nº 1 CRP)
têm a mesma hierarquia (art. 112º, nº 2 CRP)
Elaboração da lei decorre em 4 etapas:
1. Elaboração
2. Promulgação
3. Publicação
4. Entrada em vigor após vactio legis
➢ Não pode o início da vigência verificar-se no próprio dia da
publicação
Hierarquia das fontes
Podemos considerar que no topo da hierarquia das fontes estão os Princípios
Fundamentais do Direito, pois estes são transversais a todas as fontes de
direito.
Quer a Lei, o costume e a Jurisprudência têm em comum a sua finalidade, a
Justiça, e para se a atingir é necessário que estas estejam de acordo com os
princípios fundamentais de direito → representam o caminho para a justiça,
para o bem comum.
Hierarquia das fontes:
1.º- Lei→ principal fonte de direito
2.º- Costume
3.º- Jurisprudência
4.º- Doutrina

1.º- Constituição
2.º- Leis, Decretos-leis- atos legislativos
3.º Decretos regulamentares, 4.º- Portarias, 5.º- Regulamentos das autarquias
locais – executado pelo poder executivo)

Princípios fundamentais de Direito


São princípios que não podem ser derrogados sem perversão da própria ordem
jurídica e do “sentimento jurídico” da comunidade.
Por outro lado, são princípios universais de direito, por imporem as suas
exigências a todo e qualquer ordenamento jurídico.
➢ Princípio democrático
➢ Princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem
➢ Princípios do Direito internacional geral ou comum
➢ Princípios gerais do ordenamento interno

Cap. IV- Norma Jurídica pag.171-206


Estrutura da norma jurídica
A norma é composta por dois elementos:
a) previsão ou antecedente→ onde se descreve o facto ou situação fáctica que
norma pretende regular.
b) estatuição ou consequente→ é a determinação de consequências (positivas
ou negativas) que se irão verificar no caso da norma se aplicar.
Exs.:
Artigo 130.º do Código Civil
“Aquele que perfizer dezoito anos de idade (Previsão) adquire plena
capacidade de exercício de direitos (Estatuição).”
Artigo 1323-º do CC
“Aquele que encontrar animal ou outra coisa movel perdida e souber a quem
pertence (Previsão) deve restituir o animal ou coisa a seu dono ou avisar este
do achado (Estatuição).”
Artigo 198.º da CRP
“O presidente da república dissolverá obrigatoriamente a Assembleia da
República (Estatuição) quando esta haja recusado a confiança ou votado a
censura ao governo, determinando por qualquer destes motivos a terceira
substituição do Governo (Previsão).”

Características da Norma Jurídica


➢ Generalidade
A norma jurídica é destinada a uma generalidade de pessoas, e não a uma
única pessoa em concreto.
Situa-se no plano subjetivo dos destinatários.

➢ Abstração
Traduz-se no facto de a norma jurídica não se aplicar a um caso específico,
mas a um número indeterminado de situações subsumíveis à categoria
anunciada.
Situa-se no plano objetivo da situação jurídica.

➢ Imperatividade
Na sua forma fundamental, a norma contém uma estatuição ou comando.

➢ Violabilidade
A norma dirige-se a entes livres, e para estes estui; pelo que é essencialmente
violável.
Esta violabilidade desenrola-se no plano dos factos (embora esteja em vigor a
norma de não matar, há muita gente que mata.) No plano das consequências
jurídicas, a norma é inviolável (se C mata D poderá escapar à cadeia mas de
certeza que é responsável.)

➢ Coercibilidade

Tipos de normas jurídicas


Critério da vontade dos destinatários
➢ Normas injuntivas ou imperativas
Normas que se aplicam independentemente da vontade das pessoas
destinatárias. Trata-se de comandos que prosseguem interesses gerais ou
individuais muito fortes pelo que têm de ser acatadas a todo o custo.
✓ Normas injuntivas preceptivas
Normas que impõem um comportamento. Ex: a norma que manda pagar
impostos, ou que manda circular pela direita.

✓ Normas injuntivas proibitivas


Normas que proíbem ou impedem uma conduta. Ex: normas penais (as
pessoas não devem ofender a liberdade e património de outras pessoas.)

➢ Normas dispositivas ou facultativas


Normas que se aplicam atendendo à vontade dos seus destinatários. Um dos
seus pressupostos à a vontade das partes quanto à sua aplicação.
Ex: Art. 1445.º e 2113.º do CC

✓ Normas dispositivas permissivas


São normas que permitam ou autorizam certos comportamentos ou condutas.
Ex: norma que permite o casamento ou o divórcio.

✓ Normas dispositivas supletivas


Normas que visam suprir as ausências/deficiências de manifestação de
vontade das partes em determinados actos jurídicos. Ex: art. 1717.º do CC;
772.º do CC. Direito das obrigações- domínio de eleição

Critério da plenitude do sentido


➢ Normas autónomas ou completas
Normas que se pode retirar um conteúdo sem necessidade de serem
combinadas com outros preceitos.
Ex: art. 130.º do CC que fixa os efeitos jurídicos da maioridade, art. 1690º do
CC que reconhece a legitimidade a qualquer dos cônjuges para contrair
dividas.
➢ Normas não autónomas ou incompletas
Normas que por si só não têm um sentido completo, só o obtendo em
combinação com outros preceitos.

✓ Remissões explícitas
Quando existe uma indicação expressa para uma outra norma. 678.º, 753.º;
1794.º

✓ Normas interpretativas
Normas que visam fixar o sentido das palavras utilizadas no texto de um outro
preceito ou esclarecer as dúvidas que o seu conteúdo suscita.

✓ Normas de devolução
Normas que não disciplinam diretamente certa matéria, mas que se limitam a
remeter para uma outra norma. Ex: Art. 14.º do CC.

o Fricções legais
Consideram duas realidades diferentes como idênticas.
Ex: art. 275.º n. º2 do CC finge a verificação da condição quando esta tenha
sido impedida contra as regras da boa-fé. 224.º, n.º 2; 275.º, n.º 2; 805.º, n.º 2,
alínea c) C.C.
• São regras não autónomas porque não regulam diretamente certa matéria,
mas tem de ser combinadas com outras regras para obter o regime aplicável.
• Objetivo é aplicar a um facto diferente as consequências jurídicas de outro
facto.

o Presunções legais
Verificam-se quando o legislador, devido às dificuldades da prova de certos
factos, entende que provada a existência de um facto, também se considera
provada a existência de outro facto.
Ex: art. 1826.º do CC estabelece a presunção de paternidade- Provado que A
tem por mãe B (facto X) presume-se que o pai é marido da mãe (facto y).
349.º a 351.º C.C., p. ex. artigos 1260.º, n.º 2; 1268.º, n.º 1 (relativas); 243.º, n.º
3; 1260.º, n.º 3 C.C. (absolutas) - a segurança jurídica exige força probatória
plena de documentos autênticos ou particulares, artigos 371.º e 376.º C.C.

Critério do âmbito pessoal de validade das normas


➢ Normas gerais ou comuns
Normas que definem um regime regra para a generalidade dos factos ou
situações consideradas. Ex: a norma que impõe o dever de pagamento de
impostos aos trabalhadores, art. 219º e 342 do CC.

➢ Normas especiais
Normas que estabelecem um regime diferente para uma situação de facto
específica. Ex. art. 874 do CC porque disciplinam um dos contratos em
particular, a compra e venda,; a norma que prece o dever de pagar impostos
por parte dos agentes desportivos é uma norma especial porque se dirige uma
categoria de cidadãos que desenvolvam uma determinada modalidade de
trabalho por conta de outrem.

➢ Normas excecionais
Normas que também estabelecem um regime diferente para uma situação de
facto particular e que agora se apresenta diretamente oposto ao regime da
generalidade das situações.
Ex: art.º 875 do CC que exige escritura publica autenticado para a celebração
de certos negócios jurídicos, regime que isenta do certo imposto um sector de
cidadãos (pessoas deficientes). Art. 1143.º do CC

Critério do âmbito espacial de validade


➢ Normas universais, nacionais ou globais
Normas que se aplicam a todo o território do Estado

➢ Normas regionais
Normas que só se aplicam a determinada região

➢ Normas locais
Normas que se aplicam apenas numa autarquia local.

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