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Fundamentos do Direito Comum Europeu

1- A degradação da magistratura do Pretor.


R: O Pretor surgiu durante a República (510 a.C. até 27 a.C.).
Durante este período a magistratura era considerada a cadeira das honras pois a importância
dos magistrados define-se pelo poder e pela dignidade dos cargos, como tal possuí-a uma
hierarquia própria, onde temos:
1º Cônsules (tinham o poder político e administrativo)
2º Censores (discutiam assuntos militares e elaboravam leis destinadas à tributação de
impostos)
3º Pretores (definiam se havia direito de acção, e em caso afirmativo, qual o direito que se
aplicava)
4º Questores (colocavam ordem nas cidades, limpavam as cidades e cobravam impostos)
5º Edis Curis (colocavam ordem nas cidades, limpavam as cidades e cobravam impostos)

Com a divisão de poderes existente na magistratura extraordinária (“Potestas”, “Imperium”,


“Iurisdictio”) o Pretor, durante a Época Arcaica, passou a ter controlo total dos poderes, onde
no início decidia se o caso era importante a nível jurídico e, em caso afirmativo, qual seria o
Direito em que o Juíz tinha que se basear.
Desde 242 a.C. que a administração da justiça ficou distribuída por 2pretores, tais como:
. Pretor Urbano, surgiu a 367 a.C., organizava as normas do direito civil (“Ius civile”)
onde estas mesmas normas só englobavam os processos correspondentes a cidadãos romanos
(excepto mulheres e escravos)
. Pretor Peregrino, surgiu a 242 a.C., organizava as normas do direito das pessoas (“Ius
gentium”) onde estas mesmas normas englobavam os processos em que intervinham cidadãos
romanos e estrangeiros ou estrangeiros entre si que vivessem em território romano/sob a
tutela de Roma
Assim, verificamos o “Ius Civile” e o “Ius Gentium” tinham como base o “Mores Maiorum”
(costume romano) e que o Pretor era o interprete da lei (“Lex”), mas acima de tudo era o
defensor do direito (“Ius”).
Por outro lado, temos o Direito Pretório (era produzido pelo Pretor) que consiste na ideia de
qualidade do agente e como tal é considerado inferior ao Direito Honorário (era produzido por
todas as magistraturas das honras). Isto levou a que a actividade do Pretor tivesse tido 3fases
distintas, por exemplo:
. 1ª Fase (entre o séc.V a.C. e o séc.III a.C.) – o Pretor desenvolvia uma actividade meramente
interpretativa do Direito
. 2ª Fase (entre o final do séc.III a.C. e o ano de 130 a.C.) – o Pretor limitava-se a dar/degenar
a acção quando lhe apresentavam uma situação concreta
. 3ª Fase (iniciou-se no ano 130 a.C.) – o Pretor tornou-se num criador de Direito
Como qualquer magistrado o Pretor detinha o poder de comunicar com o povo, o que originou
o “Edicta”. O “Edictum” do Pretor correspondia na comunicação deste anunciar perante o
povo as atitudes que ia tomar e os actos que iria praticar em relação às suas funções.
Por sua vez, o “Edicto Perpetum” apareceu no ano de 130 quando o imperador Adriano
ordenou o jurista Juliano juntar todos os “Edictos” dos pretores num só, tendo-se assim
perdido a criatividade jurídica da actividade do Pretor, sendo controlada, quando Juliano após
o senado aprovar o “Edicto Perpetum” obrigou os pretores a obedecerem-lhe e a seguirem o
seu programa de acção.
2- A queda da Jurisprudência.
R: A Jurisprudência apareceu no Direito Romano durante a Época Arcaica (753 a.C. até 130
a.C.).
A Época Arcaica caracteriza-se pelas instituições serem pouco evoluídas do ponto de vista do
Direito, dado que estas mesmas instituições se encontram numa fase rudimentar, originada
pelo facto de existirem poucos conhecimentos sobre os factos anteriores, e pela imprecisão
devido a não existir uma separação do mundo jurídico, do mundo moral e do mundo da
religião.
Existem 3aspectos na Época Arcaica que são:
1º: O Direito Romano é o facto de este ser um Direito fechado e privativo dos cidadãos que
habitavam em Roma, isto significa que, o Direito Romano não era de todo um Direito
Partilhado, embora em 367 a.C. ter sido criado o Pretor Urbano (aplicava as normas do “Ius
Civile”, onde estas só englobavam processos onde os cidadãos romanos intervinham, com
excepção das mulheres e dos escravos)
2º: Surgiu a Lei das Doze Tábuas, que foi criada provavelmente em 450 a.C. ou no séc.V a.C.,
e tinha o objectivo de equilibrar os direitos e deveres dos Patrícios e dos Plebeus.
A Lei das Doze Tábuas fez com que o Direito Romano passou assim a ter uma base jurídica,
originando a laicização do Direito Romano, ou seja, a definição de todas as matérias que
ficavam no poder do Direito Canónico e do Poder Político
3º: Houve ainda a criação no ano de 242 a.C. do Pretor Peregrino, em que este passou a
definir se em cada caso concreto se justificava a aplicação do Direito e se a resposta fosse que
sim, decidia também qual o Direito que se aplicava.
Concluímos assim que durante a Época Arcaica existiram 2tipos de Direito:
- “Ius Civile” que era aplicado pelo Pretor Urbano, desde 367 a.C.
- “Ius Gentium” que era aplicado pelo Pretor Peregrino, desde 242 a.C.

A Jurisprudência é considerada a ciência do Direito, cabendo-lhe a função de revelar


(interpretar), desenvolver e adaptar o Direito às exigências de cada momento.
Ou seja, corresponde a uma técnica para revelar o Direito pelos “Mores Maiorum”
inicialmente uma tarefa realizada pelos sacerdotes e que depois a partir da laicização do
Direito Romano (Lei das Doze Tábuas) passou a ser realizada pelos jurisprudentes e pelos
juristas.
Nos dias de hoje chamamos de Doutrina, isto é, a opinião de quem estuda o Direito ao que
antigamente se intitulava de Jurisprudência.
Os Romanos consideravam a Jurisprudência como sendo um conjunto de ciência (distinguia o
certo do errado) e técnica (determinava o modo de alcançar a justiça).
Os Jurisprudentes tinham 3funções:
- “Cavere”: traduzia-se no acompanhamento e aconselhamento aos particulares, sobre a
forma como estes deveriam realizar os seus negócios jurídicos
- “Agere”: traduzia-se em orientações dadas aos particulares, em relação às acções jurídicas
- “Respondere”: traduzia-se nas respostas que elaboravam sobre os problemas jurídicos que
lhes fossem apresentados, quer pelos magistrados quer pelos particulares.

Por sua vez, a Jurisprudência clássica é dominada por duas escolas:


. Proculeiana: era conservadora, tradicionalista e cautelosa. Foi fundada por Labeo (pretor) e
seguida por Proculos
. Sabiniana: era audaciosa e inovadora. Foi fundada por Capito e seguida por Sabinus

Desde o séc.I que alguns juristas, tais como o Ulpiano e Paulo, passaram a ter o privilégio do
direito público responder, isto é, a faculdade de que todas as respostas que davam tinham a
autoridade de uma resposta directa ao imperador.
Com a publicação da Lei das Citações ou o Tribunal dos Mortos, o imperador estabeleceu que
só eram válidas as decisões de Ulpiano, Paulo, Gaio, Papiniano e Modestino.

3- A codificação em Roma.
R: A lei é uma declaração elaborada pelo “Populus Romanus” com valor normativo, onde este
reunido nos “Comitia” aprova e confirma a proposta que o presidente ou magistrado
apresenta ao senado.
O acordo denominado por “Publica Pactio” ou “Communis Rei Publicae Sponsio” é feito entre
os 3órgãos constitucionais da república, que são:
. “Populos” que vota
. “Omagistratus” que propõe
. “Senatus Consultum” que dá a sua “Auctoritas Patrum”

Por sua vez, a lei pode ser proposta pelo magistrado ou presidente à assembleia comicial a que
preside, que depois de aprovada, deve ser referendada pelo senado que lhe dá a “Autoritas
Patrum”, ou seja, segundo estes critérios trata-se de uma lei rogada.
A data é fornecida por um magistrado ou presidente, que é delegada pelos “Comitia” e que
contém normas de carácter administrativo, estabelecendo o regime municipal.
As leis públicas mais importantes são as “Lex Rogata” e o seu processo formativo:
. “Promulgatio”: o projecto de lei é fixado num local público para que possa ser conhecido
. “Conciones”: são as reuniões elaboradas na praça pública para discussão do projecto de lei
. “Rogatio”: é o pedido que o magistrado ou presidente faz à assembleia
. “Comicial”: é quem aprova o projecto de lei 
. Votação: no início faz-se oralmente, de seguida é feito por escrito para que seja secreto
. Aprovação: é feita pelo Senado, que referenda com a “Autoritas Patrum”
. Afixação: é feita no fórum em tábuas de madeira ou de bronze
. “Praescripto”: é o prefácio que contém o nome do magistrado, o lugar, a data da votação, o
nome da cúria, “centúria” que abriu a votação e o do 1º cidadão que votou
. “Minus Quam Perfectae”: são aquele que impõem pena aos transgressores, embora não
invalidem os actos contrários
. “Imperfectae”: são aqueles que não estabelecem nenhuma sanção, pois ignoram os
motivos que terão determinado estas leis e os meios que antes da criação do pretor as
protegeram
Para além da lei pública também existia a lei privada, que consistia na convenção que
acompanha e que se propõe a disciplinar um acordo entre particulares.
Por outro lado, esta distinção quanto ao processo formativo das leis públicas começou a decair
devido a não haver uma diferença entre as leis que declaram nulos os actos contrários (“Lex
Perfectae”) e as leis que o pretor protege (“Lex Imperfectae”).
As leis públicas perderam a sua importância desde o ano 438 quando Teodósio elaborou como
sanção a nulidade de qualquer acto em contradição com a lei.
O estado não se preocupou com as relações entre os particulares que eram disciplinadas pelo
costume. Como tal, originou a distinção nos finais da república entre “Ius” (direito que regula
relações entre particulares) e “Lex” (direito que disciplina as relações do “populus”).
“Lex” consiste em compreender as “Lex Rogata”, os “Senatus Consultum”, o “Edictum Pretor”
e as “Constitutiones Imperium”.
A “Constitutiones Imperium” é uma lei onde se manifesta a vontade do imperador, teve início
no Principado (27 a.C. até 284 d.C. – Época Clássica Central e Tardia) e terminou no Dominado
(284 d.C. até 565 d.C. – Época Pós-Clássica) sendo a única fonte de Direito.
A época do imperador Justiniano caracteriza-se:
. Como sendo a época onde se procurou recuperar os padrões normativos do Direito Romano
da Época Clássica, pois foi nesta época que se elaborou o Código Justiniano (compilação de leis
que no séc.XII deram origem à formação do Direito Europeu e no séc.XVI serviu de base para a
criação do “Corpus Juris Civilis”), embora não tenha deixado de ser uma época de decadência
na medida em que só se fizeram compilações de leis e códigos
. Por ter uma grande influência helenista onde se generalizou, compilou e sistematizou o
Direito Romano. Todo o trabalho de compilação e sistematização dos ordenamentos foi
elaborado por juristas formados em três escolas (Escola de Constantinopla, Escola de Beirute e
Escola de Damasco).
Justiniano tornou-se o imperador Romano do Oriente, porque era sobrinho de Justino tendo
sido o seu sucessor como imperador do Império Romano do Oriente até ao ano 565 d.C. da era
cristã.
Enquanto a parte ocidental do Império desaparecia pelas invasões dos povos estrangeiros,
Justiniano fortaleceu o Império Romano do Oriente, na cidade Constantinopla, iniciando a obra
militar/legislativa e estruturou o seu governo, enfrentando os invasores e como isto elaborou a
codificação do Direito Romano (“Corpus Juris Civilis”).

4 – Quais as etapas de laicização do Direito Romano?


R: O Direito em Roma possuía uma ligação forte com a religião.
Os sacerdotes eram os únicos que tinham o sagrado da aplicação do Direito, em que eram eles
próprios a encontrar a solução mais justa e a solucionar os problemas do povo.

Com o Ius Flavianum iniciou-se um processo de laicização do Direito Romano, ou seja, um


processo de separação entre o Direito e a Religião.
O Ius Flavianum ocorreu quando Flávio (escravo de um sacerdote) decidiu resolver alguns
casos de Direito no lugar do sacerdote, o que originou a descodificação usadas pelos
sacerdotes tornando assim o Direito público e menos formal.

Em 451 a.C. foi elaborada a “Lei das Doze Tábuas”, tendo sido a principal consequência da
divulgação do Direito.
Cada tábua corresponde a diferentes códigos utilizados nos dias de hoje, por exemplo:
- Código Civil
- Código Penal
Esta codificação do Direito Romano teve como fundamento as “Leis de Sólon”, Sólon foi um
legislador e jurista grego, que tentaram tornar Patrícios e Plebeus iguais.
Com esta lei, deu-se assim, a laicização do Direito Romano, isto é, definiram-se as matérias que
consistiam no Direito Canónico e no Poder Político.
Pois nesta época o Pretor tornou-se numa figura ainda mais importante porque definia se
havia Direito de acção e, em caso afirmativo, qual o Direito que se devia aplicar.
O Direito tornou-se acessível a todos aqueles que soubessem ler ou que o quisessem
conhecer.
Iniciou-se então assim o ensino público do Direito sendo os estudantes da ordem considerados
“iurisprudentes” (jurisprudentes).
Durante a Época Clássica a Jurisprudência, que consistia na opinião e argumentação daqueles
que estudam o Direito, procurava a ideia de justiça levando à construção de um sistema
jurídico rigoroso e científico.

Em conclusão, sendo o direito acessível a todos, iniciou-se o ensino público do direito. Sendo os
estudantes desta ordem considerados “Iurisprudentes”. Durante a época clássica a
Jurisprudência – opinião e argumentação daqueles que estudam direito – procurava a ideia de
Justiça levando à construção de um sistema jurídico rigoroso e científico.

Os jurisprudentes tinham três funções principais:


- “Cavere”: acompanhamento e aconselhamento de particulares no âmbito dos
negócios jurídicos
- “Agere”: função de orientar os particulares no que diz respeito à acção judicial
- “Respondere”: traduz-se em respostas e pareceres elaborados sobre problemas
jurídicos que lhes fossem apresentados.

Com a morte de Ulpiano, o ultimo grande jurista da época clássica, inicia-se a época Pós-
Clássica terminando assim com o trabalho dos “iurisprudentes” durante a época de 230 a 530
d.C.

5- Início da República e da Magistratura.


R: Na Monarquia o povo era constituído pela classe patrícia e pela classe plebeia.
Enquanto que os Patrícios constituíam o Senado os Plebeus constituíam os Comícios (onde se
elaboravam as leis).
A guerra entre Patrícios e Plebeus aconteceu porque a segurança da cidade de Roma dependia
cada vez mais de um exército forte e numeroso, como tal os Plebeus eram indispensáveis na
formação deste exército.
Conscientes disso iniciaram uma luta política para conquistar direitos políticos.
Essa luta durou mais de um século e resultou com as seguintes conquistas:
- Criação do Tribuno da Plebe: 493 a.C. os plebeus passaram a ter direito de eleger
dois representantes que tinham direitos invioláveis
- Lei das XII Tábuas: 450 a.C. eram um conjunto de leis escritas válidas para patrícios e
plebeus
- Lei Canuleia: 445 a.C. autorizava o casamento entre os plebeus e patrícios, mas na
prática só os plebeus ricos conseguiam casar com os patrícios
- Proibição da Escravidão por Dívida: 366 a.C. foi decretada uma lei que proibia a
escravização de romanos por dívida.

A República surge depois da Monarquia, entre 510 a.C. a 27 a.C. quanto à períodificação
política do Direito Romano.

Desde o 510 a.C. que o poder político deixou de ser regido pelo rei, passando a estar centrado
em dois cônsules (tinham períodos de governação de um ano) eleitos pelo povo.
Por isso, o poder político da República passou a reger-se pelas figuras da magistratura, do
senado e do povo.

Na República o Senado continuou a ser bastante importante, em que chegou a ser um órgão
de prestígio na esfera externa e interna, onde passaram as suas decisões a serem tomadas
pelos Senados Consultum.

Na República a Magistratura romana significava o acto de governar, onde os magistrados


eram os sucessores dos reis e por isso detinham cargos políticos que lhes davam poder
absoluto.
Havia dois tipos de magistraturas:
- Magistratura Ordinária (os magistrados eram eleitos anualmente, com excepção dos
Cônsules)
- Magistratura Extraordinária (os magistrados eram eleitos em circunstâncias especiais)
Na Magistratura Extraordinária a hierarquia era a seguinte:
- Ditador: tinha o poder absoluto sendo que era o único posto da hierarquia de Roma
que não obedecia ao princípio da Colegialidade e da Responsabilidade.
Era nomeado pelos Cônsules em situação de crise militar ou económica.
- Decênviros: são dez membros de um tribunal permanente encarregado de julgar os
processos relativos à liberdade.
- Praefectus Urbi: substituíam os Cônsules quando estes estivessem fora de Roma.

Na Magistratura Ordinária, considerada a carreira das honras, possuía uma hierarquia tal
como:
- Cônsules: tinham o poder político e administrativo
- Pretores: definiam se havia Direito de acção e, em caso afirmativo, qual o Direito que se
devia aplicar
- Censores: ocupavam os cargos militares
- Edis Curis: tinham o trabalho de colocar ordem nas cidades, de limpar e de cobrar impostos
- Questores: impostos e supervisionavam o tesouro e a contabilidade do Estado.

6- O que é a “Lex Rogata”.


R: A lei era uma declaração com valor normativo, baseada num acordo entre quem emitia a
declaração e os seus destinatários, havendo uma distinção entre a lei pública e a lei privada.
A Lei Pública era aquela que provinha dum órgão específico do poder político.
A Lei Privada era uma declaração de vontade, normativa, emitidas por alguém, relativamente a
um bem sobre o qual detinha disponibilidade ou propriedade.
A “Leges Regiae” eram leis votadas nos comícios das cúrias e que incidiam sobre a proposta de
um determinado rei.

Até ao período da República, eram as Assembleias que tinham o poder legislativo,


nomeadamente os comícios e as assembleias da plebe, porém, além destas assembleias, os
magistrados passaram também a poder desencadear o processo legislativo, dando origem às
leis públicas.
Haviam 3tipos de leis públicas:
. “Lex Rogata”
. “Lex Data”
. “Lex Dicta”

A “Lex Rogata” é a lei de aplicação geral que vincula os cidadãos romanos.


Logo era uma lei rogada, ou seja, uma lei pedida ou solicitada que era votada nos comícios do
povo romano, nomeadamente nos comícios das centúrias.
Os comícios curiais mantiveram desde a República a votação e aprovação da investidura dos
cônsules e passaram a discutir essencialmente questões políticas, votando propostas de lei dos
magistrados.
Os comícios centuriais indiciam-se sobre as questões militares e após o fim da monarquia,
passaram também a eleger alguns magistrados, nomeadamente os cônsules, censores,
pretores e o ditador.
Os comícios tribais, compostos pelos elementos das famílias ou tribos, habitantes de outras
cidades, e com o fim da monarquia passaram a eleger os magistrados inferiores,
nomeadamente os Questores e os “Edis Curis”.
Havia também o comício da plebe, que elegia os tribunos da plebe e os edis da plebe e que
tinham competência para aprovar os plebiscitos (no início só vinculavam os plebeus, porém,
com a aprovação da “Lex Hortênsia” os patrícios passaram a ficar sujeitos aos plebiscitos).
A “Lex Rogata” dividiam-se em:
- “Index” (parte da lei que contém a indicação sumária)
- “Praescriptio” (parte da lei que contém o nome do magistrado que propôs a referência
dos títulos, dia e lugar que foi votada)
- “Rogatio” (parte da lei que descreve o conteúdo total da lei)
- “Sanctio” (parte da lei que determinava as penas aos infractores da lei)
Este tipo de lei era proposta pelo magistrado proponente (proposta essa que se denominava
“Rogatio”) e tinha 6fases de tramitação, tais como:
. “Promulgatio”: fase inicial, onde o magistrado elaborava um projecto de lei e mandava
afixar num local público durante 3semanas para que o povo tomasse conhecimento
. “Consiones”: fase que possibilitava ao cidadão a discussão da proposta em praça pública.
Os discursos favoráveis designavam-se por “Suasiones” e os desfavoráveis por “Dissuasiones”,
podendo então os cidadãos apresentar propostas de alteração
. “Rogatio”: fase em que o magistrado lia o projecto-lei na assembleia e apelava à orientação
divina, solicitando depois a aprovação da proposta
. Votação: fase em que se votava a proposta do magistrado, podendo o voto ser favorável
(“Uti Rogas”), desfavorável (“Antiquo”), ou nem favorável nem desfavorável (“Non Liquet”)
que na prática significava uma abstenção ou a possibilidade de não decidir. Caso os votos “Non
Liquet” tivessem a maioria ou influenciassem as votações, de modo a evitar uma aprovação, o
magistrado proponente tinha a faculdade de pedir a repetição da votação. Inicialmente a
votação era feita oralmente, mas depois passou a fazer-se por escrito
. Aprovação do Senado: fase em que o Senado ratificava, “à posteriori”, a aprovação da lei
nos comícios, porém como os senadores que eram constituídos por Patrícios e pelos chefes
políticos de estrutura familiar mais prestigiadas (“Pater Família”), verificaram que nesta fase
não tinham qualquer influência sobre a discussão da lei, dado que a mesma era discutida e
aprovada nos momentos anteriores, no ano de 339 a.C., elaboraram, aprovaram e publicaram
a “Lex Publilia Philonis”, a qual lhes conferiu a “Autoritas Patrum”, alterando de forma
significativa a tramitação da “Lex Rogata”, passando a aprovação do Senado a ser efectuada
“à anterior”, isto é, depois da “Conciones” e antes da discussão e da votação da lei nos
comícios
. Afixação: fase em que se afixava a lei no fórum, em tábuas de madeira ou de bronze

A estrutura da “Lex Rogata” é a seguinte:


. “Praescriptio”: é uma espécie de prefácio da lei onde se indica o nome do magistrado que a
propôs, a assembleia que a votou, a pessoa que a votou primeiro
. “Rogatio”: fase em que o magistrado lia o projecto-lei na assembleia e apelava à orientação
divina, solicitando depois a aprovação da proposta
. “Sanctio”: fixa os termos da sua eficácia, que podem ser:
. Perfeitas: quando estabelece nulidade do acto que a contraria
. Menos que perfeitas: quando apenas estabelece uma multa para o acto contrário
. Imperfeitas: quando não estabelece multa, nem sequer a nulidade do acto contrário

O Magistrado Pretor era um magistrado romano investido de poderes extraordinários. Era


hierarquicamente subordinado aos Cônsules, e equivalia modernamente ao juiz ordinário ou
de primeira instância.
Este tinha por função administrar a justiça e era posto privativo das famílias Patrícias, até 337
a.C., quando os Plebeus puderam ascender ao cargo.
Os pretores, cujo cargo era vitalício, estabeleciam as audiências do fórum.
Os mesmos, eram encarregados de presidir os tribunais, durante o período de um ano, ao fim
do qual podiam ser convertidos em "propretores", e governar por mais um ano sobre um
determinado território.
Existiam dois tipos de pretores:
- Pretor Urbano (cuidava dos conflitos entre Patrícios)
- Peregrino (cuidava dos conflitos entre os Plebeus e os Patrícios).

Assim o processo de formação de lei até entrar em vigor envolvia a “Autoritas Patrum”, o
“Imperium” através do populus.
Após a degradação dos comícios da “Lex Rogata” degrada-se e a “Autoritas Patrum” passa a
ser o início e não o fim do processo de criação da lei.

7- O que foram os “Senatus Consultos”.


R: O Senado é uma das instituições mais antigas em Roma e mantém-se activo do inico até ao
fim do Império Romano. O Senado provém da palavra latina Senatus, que por sua vez vem de
“Senex” que significa velho ou ancião.
Era, inicialmente, constituído apenas por Patrícios, sendo os seus membros (“Patres”), chefes
das famílias escolhidos pelo rei.
Na Monarquia, o Senado, funcionava como um conselho que auxiliava o rei, pois este só tinha
o poder de o convocar, de forma meramente consultiva. Para além desta função, o Senado
contava ainda com poder da “Autoritas Patrum” e com o poder de eleição de um “Interrex”
que era o senador nomeado que escolhia o próximo rei.

Durante a República, o Senado servia de órgão de consulta e conselho dos magistrados,


cuidava também da política externa, e, apesar de não possuir “Imperium”, possuía
“Autoritas”.

Ainda no período Republicano, o Senado, órgão que até 312 a. C. só poderia ser composto por
Patrícios, passa também a ser constituído por plebeus que com a “Lex Ovinia” passam a poder
assumir este cargo de grande importância na sociedade romana. Os senadores eram
escolhidos pelos cônsules e tribunos militares e mais tarde através dos censores. Assim, o
“Senatus Populus Que Romanus” passa a ser um órgão ainda mais prestigiado e respeitado
por todos, pois tanto Plebeus e Patrícios são representados neste conselho de homens sábios.
Apesar de no aspecto jurídico os “Senatus Consultos” terem forma de conselho, na prática
funcionavam quase como ordens. Quando os “Senatus Consultos” davam um conselho em
relação a um “Lex” ou em relação a outro assunto, geralmente esse conselho era levado como
uma ordem no sentido em que esse conselho era quase sempre seguido.

Em 339 a.C., com a “Lex Publilia Philonis”, o Senado vê a sua posição de meramente consultiva
ganhar importância e transformar se numa verdadeira deliberação, visto que sua “Autoritas
Patrum” passa a ser dada antes da proposta de lei ser votada pelos comícios. O Senado, na
altura do Principado, serviu, como instrumento principal, para legitimar e ajudar na
concentração de poderes no “Prínceps”, por isso podemos dizer que o Senado teve o seu
exponencial máximo de poder no início do principado mas também foi nesta época que os
seus poderes foram maioritariamente perdidos.

Octávio garantiu a manipulação do Senado e o seu controlo através da redução do número dos
senadores, da escolha feita por ele dos senadores onde escolheu aqueles em quem mais
confiava deixando em menor numero aqueles que se o punham a ele e através do facto que só
ele podia convocar o Senado. Assim o Senado passou a ser o local onde o “Princeps” anunciava
as suas decisões, saudadas pelos senadores, fazendo com que os “Senatus Consultos” fossem
substituídos pela “Oratio Principis”. Que posteriormente viriam a desaparecer e o prínceps
passaria a receber os senadores no seu palácio, fazendo assim com que o Senado perdesse
todo o poder que tinha recebido na Republica e também um pouco da sua importância social.
Concluindo que o Senado é uma das instituições mais antigas do Imperio Romano e que
através dele houve mudanças na política romana incluindo na forma como essa política estava
organizada.

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