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Direito romano

clássico: seus
institutos jurídicos e
seu legado para o
mundo ocidental,
com ênfase para o
Basil.
HISTÓRIA DO DIREITO

Rafael Mendes Gonçalves


FACESB FACULDADE DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS DE SÃO JOAQUIM DA BARR- SP| RUA MARIA
ROSA DA SILVA 151
1. Direito romano clássico: seus institutos jurídicos e seu legado para o
mundo ocidental, com ênfase para o Basil.

O Direito Romano Clássico inicia-se entre os anos 149-126 a.C., durante o período da
República Romana. É o momento mais importante da história do direito, permeando o ápice
da história romana.

“O conjunto de normas jurídicas regeram o povo romano nas várias épocas


de sua história, desde as origens de Roma até a morte de Justiniano.
Imperador do Oriente, ocorrida em 565 da era cristã” (GRASSI. Apud VÉRAS
NETO: 2002, p. 121.)

Nessa fase em que a cidade imperial anexa todo o entorno do Mar Mediterrâneo, fundando
sua riqueza no comércio e no trabalho escravo, o direito perde as características arcaicas
(formalismo, materialismo e religiosidade), tornando-se um pouco mais simples e adequado à
velocidade das transações mercantis.

“O direito romano continua vivo em várias instituições liberais individualistas


contemporâneas, principalmente naquelas instituições jurídicas concernentes ao
direito de propriedade no seu prisma civilista e ao direito das obrigações,
norteando o caráter privatístico do nosso Código Civil, priorizador da defesa da
propriedade como direito real, erga omnes, absoluto, portanto, como um direito
ilimitado, calcado no privilégio de usar (jus utendi), gozar (jus fruendi) e abusar da
coisa (jus abutendi), justificando inclusive o desforço in continenti (art. 502 do
Código Civil brasileiro), ou seja a legítima defesa da posse”. (VÉRAS NETO: 2002, p.
122)

No plano das ideias, o individualismo que já caracterizou outros direitos como o egípcio, o
mesopotâmico e o grego, ganha seus contornos mais acentuados. O cidadão romano,
individualmente considerado, é reconhecido enquanto proprietário, enquanto agente que
celebra contratos, enquanto pessoa que transmite seu patrimônio entre vivos e após a morte.
Desenvolvem-se as noções de propriedade privada, posse, obrigações, contratos e
responsabilidade civil.
Além disso, o direito torna-se laico, ou seja, perde suas características religiosas. Isso leva ao
gradativo desaparecimento do formalismo e do materialismo, surgindo um esboço da
concepção voluntarista, respeitando a intenção dos sujeitos de direito acima dos rituais
praticados ou não.

A ciência jurídica poderá desenvolver-se sem as amarras religiosas, chegando ao ápice.


Inúmeros grandes autores da história do direito romano, como Gaio e Ulpiano, produziram
suas obras no período.

Com transformação da cidade em um enorme Império, aos poucos a cidadania começa a


atingir novas pessoas, mesmo aquelas fora das fronteiras urbanas iniciais. Uma cidadania
diferenciada ganha contornos, havendo uma diferenciação entre o cidadão de Roma e o
cidadão oriundo de outros povos que habitam dentro das fronteiras imperiais.

Na prática, podemos constatar que mais e mais pessoas passam a ser vistas como portadoras
de direito. Essa expansão pode ser explicada pela necessidade de coesão interna e pela
articulação comercial do Império.

Ou seja, com a conquista de novos territórios e dominio sobre novos povos, surge a
necessidade de inovar e aperfeiçoar as leis romanas, para melhor adequação.

Os responsáveis em inovar e aperfeiçoar as Leis foram os pretores e juristas


(magistrados).

Os pretores cuidavam da primeira fase do processo entre particulares, verificando as


alegações e fixando os limites da contenda. Seu amplo poder de mando, denominado
imperium, lhes dava discrição para negar ações propostas ou admitir ações até então
desconhecidas pelo Jus Civile. Suas reformas e inovações pretendidas eram publicadas em
EDITOS, ao início de seu mandado.
2. Fontes do direito romano clássico
O Período Clássico apresenta o maior volume de fontes do direito da história jurídica romana.
Ao menos quatro tipos diferentes de direitos convivem:

O Ius Civile, já destacado no período clássico, ou direito dos cidadãos originários de Roma,
contendo a maior quantidade de direitos, derivados dos costumes originários;

O Ius Gentium, ou Direitos das Gentes, cidadania diferenciada que foi sendo concedida aos
povos do Império Romano, contendo alguns dos direitos derivados do direito civil;

O Ius Honorarium, ou Direito dos Pretores, normas jurídicas que passam a ser feitas pelos
Pretores, por meio dos Editos, com a finalidade de indicar os direitos que reconheceriam nas
demandas judiciais mas que terminam criando novos direitos ou atenuando as características
de formalismo e materialismo do Direito Arcaico;

O Ius Extraordinarium, ou Direito do Imperador, normas jurídicas que derivam de


manifestações do Imperador sobre casos concretos ou abstratos, inicialmente de modo
excepcional.

Esses direitos possuíam fontes específicas das normas jurídicas:

Os costumes, a doutrina e as leis arcaicas, fontes tradicionais do Jus Civile, enfraquecem


durante o período clássico;

Os Editos dos Pretores, fontes do Ius Honorarium, eram muito fortes incialmente, sendo a
principal fonte da primeira fase do período clássico, mas enfraquecem depois. A rigor, quando
um Pretor tomava posse de seu cargo, ele criava um documento, o Edito, para indicar quais
direitos reconheceria em seu Fórum. Esse documento, como citado, passa a criar e modificar
direitos. Durante a segunda fase do período, todavia, o Pretor é proibido pelo Imperador de
inovar no Editos, que perdem importância;

As Constituições Imperiais, ou leis do Imperador, eram as fontes mais relevantes do Ius


Extraordinarium. Parecidas com as nossas leis atuais, continham regras gerais e abstratas
criadas pelo próprio Imperador. Tornam-se cada vez mais frequentes na segunda metade do
período clássico, sendo a única fonte a ficar crescentemente mais forte.
Do que foi dito, podemos concluir que o Direito Clássico terminará com uma grande fonte do
direito, as Constituições Imperiais.

O processo judicial romano clássico mantém as características essenciais do processo arcaico:


inicia-se com o chamamento ao processo, passa pelo Pretor, é julgado pelo Iudex e possui
execução privada.

Em suma: Foi marcado pela atividade dos Pretores e dos Jurisconsultos romanos. Eles


foram os responsáveis por tornar o Direito do período arcaico mais adequado às novas
formas de interação social.

· Pretores: Magistrados responsáveis por investigar, a princípio, as alegações das partes,


determinar os limites do conflito e encaminhá-lo ao juiz.

· Jurisconsultos (Iudex ) Juristas de renome que emitiam pareceres jurídicos sobre casos
concretos. Entre as suas atividades, estavam: instruir as partes sobre como agirem em juízo
e orientar os leigos nos negócios jurídicos.

Analisando o ocorrido com as fontes, podemos concluir que a diferença fundamental


decorrerá do ganho de poder do Pretor. No momento de nomear o Iudex, árbitro privado, o
Pretor cria um documento chamado “fórmula”. Nesse documento, ele dá todas as ordens
indicando o que o Iudex deveria fazer para julgar o caso e, até mesmo, qual seria o julgamento
se determinadas provas fossem apresentadas.

De modo simplificado, podemos criar uma “fórmula”:

Roberto processa Abreu alegando que este não entregou o bem por ele comprado;

Abreu alega que não recebeu pelo bem;


Roberto deve provar que pagou pelo bem;

Se Roberto provar que pagou, deve vencer a demanda;

Se Roberto não provar que pagou, Abreu deve vencer a demanda.

Tendo-se em vista o papel da “fórmula”, o processo clássico também é conhecido como


“Processo Formular”. Percebam que o Pretor esvazia as funções do Iudex, indicando todos os
caminhos a seguir e como julgar.

Numa analogia aos nossos tempos, pode-se comparar os editos pretorianos às súmulas de
jurisprudência.

Por fim, é importante salientar que muitas normas e regras de direito romano são aplicados
em casos concretos no brasil, como por exemplo: DIREITO DAS COISAS; DA POSSE; DA
PROPRIEDADE; DA FALÊNCIA; DO CASAMENTO; e do DIVÓRCIO.

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