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2º teste - Direito Romano e Direito Peninsular

O Direito Romano é constituído por um conjunto de normas jurídicas que resultam de dois
sistemas:
▪ Ius Civile
▪ Ius Honorarium – Direito Magistral

Fontes de Ius Civile


➢ Lei:
• Leis comiciais – Lex Rogata – leis de Direito Público (regras de Direito do Estado com
o cidadão)
• Leis Senatoriais – Senatusconsultos
• Leis imperiais – leis dos imperadores

Distinção entre leis comiciais, leis senatoriais e leis imperiais:


— A principal diferença entre estas leis encontra-se no órgão que as emana.
As leis comiciais eram leis públicas, ou seja, vinculavam toda a população romana. Surgem no
período da República, sendo que a primeira lei romana, a Lei das XII Tábuas é uma lei comicial. O
órgão legislativo que emana as leis comiciais é o Comício.
No Principado, o poder legislativo transfere-se para o Senado que realiza as leis senatoriais.
O Senado era constituído por pessoas com grande influência e grande poder pessoal, militar
e financeiro, tratando-se de um cargo vitalício.
Durante a Monarquia e a República, os documentos emitidos pelo Senado em resposta a
consultas, designados por Senatusconsultos, não eram leis, uma vez que, resultavam do poder de
Auctoritas.
Até ao Principado, os Senatusconsultos não têm força autónoma de lei.
No Principado, os Senatusconsultos passam a ser realizados de forma autónoma, sendo o
Senado o órgão com poder legislativo.
O Oracioprinceps trata um discurso do Princeps ao Senado, de modo a pedir aos Senadores
que realizassem uma lei sobre determinada matéria que o estaria a preocupar.
Nesta sequência, os Senatusconsultos passaram a ser leis que realizam pedidos do
Imperador.
Ius Respondendi ex autoritate Princeps
O primeiro Imperador, Otávio César Augusto, consciente da importância do trabalho destes
homens, jurisconsultos, os juristas mais importantes, criou esta distinção.
Para os Imperadores, a opinião que estes juristas tinham sobre o Direito tinha o mesmo valor
que as suas opiniões.
As opiniões jurídicas destes juristas passam a ter a mesma validade das opiniões imperiais.
O Ius Respondendi foi concedido ao longo do tempo por vários imperadores a vários juristas.
Problema: Nem todos os juristas tinham a mesma opinião sobre um determinado assunto de Direito
e, este mecanismo que tinha como objetivo simplificar tornou-se problemático. Havia situações de
confronto entre opiniões distintas que originavam resultados diferentes por juristas às quais lhes
havia sido concedido o Ius Respondendi.
Ano 426 d.C: o Imperador Teodízio II realiza a lei das citações ou o Tribunal dos Mortos (nesta altura,
séc. V, com a realização desta lei, estes juristas já haviam falecido) – esta lei pretendia resolver o
problema anterior citado.
▪ Afirma que de todos os juristas a quem ao longo dos séculos o Imperador concedeu o
Ius Respondendi, apenas as obras de 5 juristas poderiam ser aclamadas em Tribunal:
❖ Ulpiano
❖ Papiniano – foi considerado aquele cuja opinião deveria ser mais atendida
❖ Gaio
❖ Modestino
❖ Paulo
▪ Na existência de desentendimentos doutrinais sobre os mesmos assuntos, o juíz para
formar uma opinião deve conhecer o ponto de vista destes 5 juristas sobre o assunto
em causa e, uma vez verificado, o juiz terá de decidir sobre a opinião da maioria
▪ Regra da Maioria:
❖ se sobre determinado assunto, tiverem se pronunciado os 5 juristas:
3 dos juristas pronunciaram-se da mesma forma – a opinião com mais
seguidores vence
❖ No caso de haver um empate:
- apenas 2 dos juristas se pronunciaram sobre determinado assunto, o juíz
seguia a opinião de Papiniano
Imperador Justiniano: 50 constituições imperiais – Quinquaginta decisiones – dirimir as duvidas do
direito jurisprudencial.

Direito Pretório
Ius Praetorum

➢ Integra o Ius Honorarium, o Direito Magistral


➢ Núcleo fundamental do Direito Magistral
➢ Direito que resultava da aplicação prática do processo judicial romano
➢ Pretor Urbano percebe que o Ius Civile continha muitas deficiências e necessitava de ser
melhorado

As grandes deficiências que o Pretor Urbano encontra são:

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▪ Lacunas
▪ Espaços omissos
▪ Áreas às quais o Direito ainda não havia alcançado (matérias sobre as quais o Pretor
não encontrava Direito Aplicável)
Nota: Princípio de que há Direito, há Ação Processual (actio)!
Não há Direito aplicável, não há ação processual.

3 funções do Pretor:
❖ Integrar lacunas
❖ Interpretar Ius Civile
❖ Corrigir a aplicação do Ius Civile
É desta tripla atividade (integrar, interpretar e corrigir) que resultou o Direito do Pretor: Ius
Praetorum.
Os Pretores tinham de interpretar o Direito originário do Ius Civile e, em certos casos, era
necessário corrigir o próprio Ius Civile.
Ius Civile: era um Direito muito formalista e ritualizado, que em diversas situações falhava e
os Pretores começaram a perceber a necessidade de corrigir situações que o Ius Civile continha.
Ordo Iudiciorum Privatorum – traduz-se por ordem dos juízes privados. Trata-se do sistema
processual onde intervém o pretor.
O Pretor urbano presidia à primeira fase ( fase in iure ) das duas fases em que este sistema
processual se dividia: fase in iure e fase apud iudicem.
O Pretor urbano é responsável pela primeira fase do processo judicial romano (fase in iure)
onde concede ou nega a ação processual – actio – se perante o conflito dos queixosos existir direito
aplicável, avançar-se-á para a segunda fase do processo (fase apud iudicem).
A fase apud iudicem inclui um juíz que era um particular escolhido por consenso entre as
partes ou designado pelo Pretor.
Este sistema processual, que se mantém durante séculos, é um sistema tradicional de justiça
romana.
No Principado, os Imperadores de forma gradual começam a desenvolver um sistema
processual onde os mesmos intervêm, designado por: Cognitio extra ordinem – processo
extraordinário.
Nota: No Principado, o processo comum existe, mas os Imperadores começam a tratar algumas
causas (processo extraordinário).

Séc. III da era Cristã: Absolutismo Imperial – o que era a exceção, passa a ser comum. O
processo imperial (processo extraordinário) tornou-se o processo comum.
▪ Tribunais do Estado com juízes juristas

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▪ O processo já não decorre em 2 fases
▪ O pretor já não intervém no processo: termina a intervenção do Pretor no processo judicial
e o próprio Pretor como magistrado desaparece.

Pretor
Ius Praetorum: Direito do Pretor – criado na atuação do Pretor na primeira fase do processo judicial
romano (fase in iure), onde o Pretor encontra lacunas ao interpretar o Ius Civile para o aplicar de
modo a obter justiça no processo.
➢ Magistrado criado em 367 a.C
➢ Poder de Imperium menor: podia dar ordens aos cidadãos romanos dentro das suas
competências
➢ Inicialmente, o Pretor não tinha o poder de Iurisdictio (de declarar, afirmar o Direito)
O Pretor, nesta altura, não podia criar Direito, apenas podia contornar o Ius Civile, com base no
seu poder de Imperium.
▪ Setiplactio: contrato formal obrigacional
- destinado a criar vínculos credetícios
- detém uma série de exigências, que não se encontrando realizadas, o
contrato para o Direito não existia.
Ao existir alguma quebra contratual, o Pretor não podia conceder a ação processual, uma vez
que, para o Direito era como se o contrato não tivesse existido!
O negócio jurídico – a Setiplactio – não foi realizado.
Ou as formalidades do negócio jurídico eram cumpridas, ou estes negócios jurídicos não
existiam (mesmo que no plano dos factos estes negócios tivessem ocorrido).
Para solucionar estas situações: o Pretor realizava uma Setiplactio Pretória – negócio jurídico
imposto pelo Pretor de modo a este ficar devidamente realizado.
Nesta fase, o Pretor tem apenas poder de Imperium menor e obriga as pessoas colocarem-se
dentro do Direito, uma vez que, o Pretor só pode conceder uma actio se existisse direito aplicável à
situação.
Ano 130 a.C:
Lex Arrebutia de Formais
Reforçada pela
Lex Julia judiciorum privatorum
Com estas duas leis, ao Pretor foi lhe atribuído o poder da Iurisdictio – de ele próprio criar
direito.
A partir da Lex Arrebutia há uma nova forma de atuação do Pretor: Agire Praetor Formulas
▪ O Pretor passa a poder agir por fórmulas

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▪ Reforço dos poderes do Pretor
▪ Dentro do processo, o Pretor passa a trabalhar por escrito
▪ Conclui a primeira fase do processo (fase in iure) realizando um documento que se
designa por: fórmula processual – onde se dirige ao juíz ordenando como este deve
proceder e que sentença deve aplicar após averiguar os factos que envolvem a causa

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