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Tipo de senado e Leis feitas pelo senado:

➔ Senatusconsultum Silanianum: com força de lei feito pelo senado que tratava de direito
substantivo ( que no 4 a.C., dos Senatus Consultum já tinha emitido a lei , uma verdadeira
lei). Trata do seu conteúdo um direito subjetivo, normas de funcionamento, não cria direito
novas ou obrigações novas. Direito processual.
Manumissio - eram escravos libertos, ou seja, deixam de ser escravos. Está lei fecha testamentos, não
podia ser aberto quem soubesse quem tinha sido o criminoso, e isso frustrava qualquer resultado
favorável aos escravos, pois eles ficavam sem poder saber se o testamento fechava ou não. Todos os
escravos teriam sido mortos e torturados , enquanto não se sabe quem é o assassino. Trata-se de
direito substantivo, direito penal.

➔ Senatusconsultum Bachanalibus: 186 a.C. (lei das Bacanais – festas em homenagem


ao Baco) – Proibiu as festas e condenava à morte quem participasse. Foi um parecer emitido
pelo senado aos cônsules romanos, sobre um projeto de lei que eles queriam levar aos
comícios.
- Este senatusconsultum não era vinculativo.
- Dá opinião sobre estas festas, como as pessoas destas festas deveriam ser sancionadas.
Como podemos ver, são leis dos senatusconsultos.

➔ Senado Claudianum – 52 d.C– é uma lei do senado sobre um problema que afetava Roma,
que era o excesso de mulheres livres que se uniram sexualmente a escravos e de quem muitas
vezes tinham filhos. Se isto acontecesse e caso o dono do escravo notificava a senhora para se
separar do escravo, podia fazer isso até 3 vezes, se a 3 vez a senhora ainda estivesse ligada ao
escravo ela ficava escravo e caso existisse filhos eles eram tornados escravos do dono do
mesmo.

➔ Senado Valleianum – 58 d.C– Tinha objetivo dar resposta a um problema, que era a
Intercessio Feminina, era o ato jurídico pela qual a pessoa se assume como devedor num
negócio jurídico que não é seu, era só proibido às mulheres. As mulheres não podem
interceder num negócio jurídico por crédulo. A mulher estava proibida de realizar este ato
jurídico - intercessio ( interceder em favor de uma outra pessoa ).

➔ Senado Macedoriaum: - 75 d.C - Proíbe o empréstimo de dinheiro a todo o filiusfamilias,


mesmo que ele ocupasse um alto cargo. A designação deste senatusconsultos surge em
virtude de um comportamento gravemente escandaloso de Macedónio, que matou o seu pai
de modo a obter a sua herança. A finalidade deste senatusconsultos foi evitar a devassidão
dos filiifamilias, e por conseguinte protegê-los. Os filhos de família iam para as bacanais e
endividavam-se e depois pediam dinheiro ao pather famílias, este senatusconsultos proíbe
esse empréstimo. Exceções à sua aplicação - Se o pather famílias beneficiar deste
empréstimo; - Se for por um erro desculpável.
Negócio jurídico mais importante nesta altura era:
Stipulatio – Negócio jurídico de origem obrigacional de natureza financeira, era o caso de um cidadão
romano emprestar dinheiro a outro. Uma parte fica devedora e outra fica credora. Objetivo criar
ligações de crédito pelas quais um cidadão romano empresta uma determinada importância a outro. -
princípio da autonomia da vontade

Intercessio:
1. Cumulativa – o novo devedor assume de forma solidária a dívida. obrigação Correal,
conjuntamente com o devedor original. Passam a existir mais sujeitos passivos. Negócio
jurídico de obrigação natural onde existem pelo menos 2 sujeitos passivos, para responder
pela dívida. Exemplo: A é o credor , B é o devedor, e aparece C que é um novo devedor.
Correal ou seja “ com " tanto pode ser um como outra ( tanto o devedor B como o devedor
C). O que interessa é que A seja realizado. - DIREITO DE CRÉDITO.

2. Privativa – Onde o sujeito passivo é apenas 1, a dívida que tem a A. O devedor original
é substituído por outra pessoa. Ou seja, o devedor original passa a ser o C. Isto
acontecia, pois o novo devedor garantia o pagamento da dívida.

3. Tácita – Uma pessoa substitui- se substituindo o devedor. O devedor não é o verdadeiro


destinatário do dinheiro pedido. Quem aceitar o Intercessio de uma mulher perde o poder
de executar a dívida. A faz o contrato com C e devolvia o dinheiro a B

Obrigação Correal:

➔ Garantias reais – Vem de Rés que significa coisa, garantias oferecidas pelo intercedente
para convencer o credor que não fica a perder. Oferta de uma coisa móvel ou imóvel para
responder pela dívida caso ela não seja paga. Podem ser 3 tipos:
- Fidúcia: Uma pessoa oferece uma coisa móvel ou imóvel para garantir um
financiamento, o bem oferecido era transmitido a propriedade e a posse. Implicava a
transmissão da posse e inclusivamente da propriedade, obriga a que se celebrasse
uma mancipatium (transmissão de propriedade) que se extingue quando o contrato
for cumprido.
- Penhor: Implica a transmissão da posse, mas não a transmissão da propriedade
durante a vigência do contrato original. Só seria o proprietário no fim do contrato.
Tinha prazo.
- Hipotética: o bem serve como garantia, mas a posse nem a propriedade.

➔ Garantias pessoais: pessoa física ou todo o patrimônio pessoal para a garantia da dívida.
Constituições imperiais:
Decisões de caráter jurídico proferidas diretamente pelo Imperador. Inicialmente não eram
leis, mas como eram escritas pelo Imperador tornava-se difícil não respeitá-las, ou seja, a partir do
séc. II passam a ter valor de lei, contudo não eram leis do ponto de vista formal. A partir do séc. IV
são as únicas fontes de Direito, ou seja, as constituições e as leis são sinónimos.

Partes de uma constituição imperial:


1. Inscriptio- Primeira parte que contém o nome (s) do Imperador (es), autores da
constituição e da pessoa a quem é dirigida;

2. Corpus- A parte onde está a matéria ou o conteúdo da constituição;

3. Subscriptio- Parte final, contém a data e o lugar onde foi escrita.

Constituições imperiais do séc. I-IV:


- Edicta- Constituições de carácter geral, proferidas pelo Imperador; Ex: Edicto de Caracala,
concedeu a todos os habitantes do império a cidadania romana.

- Decreta- Decisões judiciais pronunciadas pelo Imperador, naqueles pleitos submetidos à sua
apreciação; Não têm carácter geral;

- Rescripta- Decisões do Imperador dadas por escrito às perguntas ou aos pedidos que os
magistrados (subscriptio) e os particulares (epistola) lhe faziam;

- Mandata- Ordens ou instruções dadas pelo Imperador aos governantes das províncias,
funcionários, etc. Caráter meramente administrativo.

Constituições imperiais do séc. IV-VI


A partir do séc. IV as constituições imperiais são a única fonte de direito. Só o Imperador é
que tem o poder de criar leis.
- Edicta- São leis gerais, de aplicação a todo o Império. Constituem a fonte principal de direito
deste período, pois este tipo de Constituições são as mais utilizadas pelos imperadores. São as
mais importantes de todas.

- Rescripta- São leis especiais, com igual sentido do período anterior, ou seja, são respostas
dadas pelo Imperador às consultas a ele dirigidas.

- Adnotationes- Forma nova com que o Imperador dá despacho às “preces” que lhe são
dirigidas, substituem as subscriptiones. Constituem num rescrito, colocado no próprio pedido
do particular, concedendo favores;

- Decreta- Diminuem muito, pois o Imperador, agora pessoalmente, resolve poucos casos.
Tem o seu tribunal oficial e a ele devem dirigir-se os interessados;
- Pragmaticae sanctiones- É também um novo tipo de constituição imperial deste período.
Eram um tipo de constituições com um carácter regional.
Iurisprudentia: A ciência do Direito
➔ Fatores de laicização da Iurisprudentia:
1. Lei das XII Tábuas;
2. Publicação, no fim do séc. IV a.C., Pneuplávio, que era escrito de um sacerdote
pontífice cego e aproveitou-se, de algumas normas de processo judicial;
3. 1º Escola Pública do Direito, Tibério Conimcrania, com objetivo de formar pessoas
em Direito (séc. III a.C.).

Funções profissionais dos juristas:


- Cavere, ou seja, aconselhar os particulares como deviam realizar os seus negócios jurídicos;

- Agere, era a função de assistir às partes no processo, ou seja, acompanhavam uma pessoa
que queria ir a Tribunal defender se (semelhante aos advogados do dia de hoje);

- Respondere, dar sentenças ou pareceres a particulares a magistrados sobre questões


jurídicas. Função mais importante da Iurisprudentia.

Ius Praetori (direito do pretor)


➔ Pretor (367 a.C. e outro em 242 a.C.):

É o funcionário mais importante, é o magistrado que tinha o poder jurisdictium (130


a.C.), é da atuação deste magistrado que atuam certas fontes de direito. A sua função é organizar o
processo judicial romano (processo pelo qual se discute habitualmente num tribunal os direitos
das pessoas).
Em 367 a.C. é criado o Pretor Urbano que organiza os processos judiciais romanos de
conflitos entre os civis romanos. É confiada a responsabilidade da 1º fase do processo judicial
(fase in iure- Pretor avalia-se o direito, o pretor olha para a situação e ele concede uma ação
processual e o processo avança para a 2º fase, pode negar a ação se não tiver presente na lei e
“morre” ali), a 2º fase é a Apud inciden.
Em 242 a.C. é criado o Pretor Peregrino que organiza os processos judiciais de
conflitos entre civis e peregrinos (não tinham estatuto de cidadania). Objetivo de diminuir os
conflitos dos peregrinos com os civis.

- O direito dos magistrados é essencialmente o direito feito pelo pretor. O direito do pretor
é que perdurou.

➔ 367 a.C., tem o poder de Imperium (poder de soberania, ou seja, dava ordens, chefiava
exércitos e convocava comícios), contudo não tem o poder jurisdicional de criar Direito, é
apenas intérprete do Direito.
➔ Originalmente era uma espécie de chefe militar, depois é que passa a pretor (em 367 a.C.), e
assim passa a organizar o processo judicial (medidas/fases que o litígio tem que passar desde
o momento em que passa no tribunal ate á sentença), tinha duas fases:
- Era a fase pela qual o pretor era responsável; Recebia os cidadãos Romanos que
tinham litígios entre si, ouvia-os e ia verificar se os factos que estavam a dizer eram
abrangidos pela lei Romana ( os casos em que não eram abrangidos, não passavam
para a segunda fase), isto fazia o Direito Romano evoluir ao longo do tempo; Da
primeira fase para a segunda dá-se o nome de conceder ‘’1 actio’’- Fase in iure

- Fase apud indicen – era garantida pelo juiz, era o índex; Por vezes, estes juízes não
percebiam, nem sequer tinham estudado nada do direito, e julgavam com base no
bom censo, ouviam e apenas decidiam, ou seja, basicamente aplicava o direito
enunciado pelo pretor na primeira fase;

Fases da atividade do pretor:


➔ 1ª Fase (séc. IV até ao séc. III a.C.) :
A função do pretor era administrar a justiça, fundada no ius civile. A sua atividade é
essencialmente interpretativa. Toda a inovação que pretendesse fazer no ius civile tinha que ser
elaborada sob pretexto de o estar a interpretar. Era uma atividade discreta, sendo que era um trabalho
interpretativo. (As suas ações eram baseadas no Ius Civile- “Leges Actores”) .

➔ 2ª Fase (fim do séc. III a.C. até 130 a.C.):


O pretor baseando-se no seu Imperium poder de soberania, a que os cidadãos não podiam
opor-se, usa expedientes próprios para criar direito, ou seja, o ius Praetorium, mas de forma indireta:
se uma situação social merece proteção jurídica e não a tinha no Ius Civile, o pretor colocava-a sob a
alçada do Ius Civile, se, pelo contrário, uma determinada situação estava protegida pelo Ius Civile e
não merecia essa proteção, o pretor retirava-a. O pretor não derrogou o Ius Civile, ele apenas
concedia ou não o Ius Civile conforme era justo ou não.

➔ 3ª Fase (a partir de 130 a.C.):


A partir da Lex Aebutia de Formulis, o pretor, baseado na sua iurisdictio (poder de
administrar a justiça de um modo normal), mediante expedientes adequados, cria também direito, ou
seja, o Ius Praetorium. Quando vários casos não estavam previstos na lei, o pretor concedia uma actio
própria, ou seja, uma actio praetoria.

Ações pretorias – Ações criadas diretamente pelo pretor.


Até 130 a.C. o processo judicial era um processo que não era escrito, decorria com base na
oralidade, a intervenção era oral não havendo documentação escrita, mas era um processo com
encadeamento que tinha de ser respeitado, era um processo formal.
Depois os poderes do pretor são reforçados, e o processo muda, passando a ser escrito, deixa
de ser um processo tão formalista e todo o processo passa a se basear na fórmula processual escrita
pelo pretor.
Fórmula processual – documento escrito pelo pretor que recebia o demandante, documento
para mandar ao juiz onde está feita a síntese do processo começando por designar o Juiz.

Fórmula processual:
- Intentio (Intenção) - descrevia o objeto do processo.
- Condenatio (Condenação) – ordem dada diretamente ao juiz, manda-se que se se provar
que A deve a B, A restitua o que deve. Verifique se A cometeu o que é acusado, se cometeu é
condenado (que já vai citada) se não cometeu seja absolvido. O Juiz apenas verifica a versão
das partes, ouvir as testemunhas e concluir condenando ou absolvendo. Esta é a forma de
como o pretor agiu de 367
a.C. até o fim do século III d.C.

➔ Edicto - Sempre que mudava de pretor ele publicava um edicto. Era o plano do magistrado
publicado no início do ano. O pretor antes de iniciar funções publicava o edicto, era a lista de
situações que o pretor anunciava que ia dar actio e situações às quais negava actio. Chamava-
se Edicto Anual.

➔ Edicto Nova - Por vezes tinha situações novas previstas pelo pretor acrescentadas pelo
pretor.

➔ Edicto Tralaticia - A parte que passava de um ano para o outro.

➔ Edicto Repentinue – Não era anual, nele se continham situações que não estavam previstas
no início do ano, mas o pretor acreditava que deveriam ser acrescentadas.

O imperador Adriano (117 – 138 d.C.) – Reuniu todos os edictos anteriores e publicou apenas
um último edicto – Edicto Perpétuo. Os pretores já não podiam fazer editos próprios.

Expedientes do pretor baseados no seu “Imperium” :

1. Stipulationes praetoriae (Estipulações do pretor) - Stipulatio era imposta pelo pretor a fim
de proteger uma situação social não prevista pelo Ius Civile e que merecia proteção. Estipulações do
Pretor, é uma forma do pretor agir para corrigir uma injustiça do Ius Civile, uma situação que deveria
ser protegida pelo Ius Civile, mas não era previsto. Era um negócio jurídico solene – era realizado na
presença de Deuses. Gera obrigações. É abstrato. É formal. É verbal.

Ex: Quando duas pessoas fazem uma stipulacio e uma das partes engana-se a responder, como
um dos critérios é a formalidade, o negócio jurídico não fica válido. A parte que ficou injustiçada vai
ao pretor e explica a situação, a partir do séc. III o pretor começa a impor se e chama as duas partes
para repetirem o negócio jurídico.
2. Restitutiones in integrum (Restituições por inteiro): Restituição na
íntegra/recomposição integral da situação anterior ao negócio jurídico anulado pelo pretor.
É um expediente do pretor, baseado no seu poder de Imperium, pelo qual ele causa o efeito
contrário ao das stipulationes praetoriae: retira, por decreto baseado naquele poder, a proteção
jurídica de uma situação injusta, mas que a tinha, e que deixa de ter a partir daí, passando a ser
inexistente para o direito.
Os negócios jurídicos, aqui, têm proteção do lus Civile, mas não a deveriam ter, porque
foram realizados sob o efeito de vícios graves, que o lus Civile não reconhece, mas que são
importantes para desvirtuar a vontade real de uma das partes.

Vejamos exemplos:

➔ Restitutiones in integrum ob metrum: Era concedida a favor daquele que celebrou um


negócio jurídico sob coação grave. O pretor pode anular o negócio jurídico respondendo aos
factos antes da celebração indevida do negócio.

➔ Restitutiones in integrum ob dolum: Concedia aquele que realizou um negócio jurídico


em virtude de dolo, pelo facto de ter sido enganado.

➔ Restitutiones in integrum ob errorem: Concedia ao que efetuou o negócio jurídico em


virtude de um erro desculpável, ou seja, que se equivocou, contudo esse equivoco não se deve
considerar um erro indesculpável. Sendo assim, o negócio é restituído.

➔ Restitutiones in integrum ob aetatem: Era concedida aos menores de 25 anos


relativamente aos negócios jurídicos, realizados por eles próprios ou pelos seus
representantes, que fossem lesivos, em se mesmos, dos interesses dos menores. O pretor
também podia anular o negócio jurídico se fosse celebrado por um menor de 25 anos e fosse
prejudicial para ele.

➔ Restitutiones in integrum ob fraudem creditorium: Era concedido ao pretor a favor


de um credor contra o devedor, mas principalmente contra o direto adquirente dos bens do
devedor por estes ter tentado enganar o credor. Além de fraude ao credor, existia má fé quer
do devedor quer do direito adquirido. Quando o credor vai em busca do seu dinheiro, o
devedor não tem dinheiro nem patrimônio. Quando se fazem negócios jurídicos para enganar
o credor, o pretor fazia uma restituição por inteiro, para evitar a fraude de crédito.

Na época justinianeia (530-565 d:C.), estes expedientes fundem-se num só: na Ação
Pauliana, que hoje está consagrada no nosso Código Civil, nos artigos 610° a
618°.
3. Missiones in possessiones (embargos de bem): É um meio de coação, justa, que o pretor
tem ao seu dispor. É uma ordem dada pelo pretor no seu imperium, autorizando alguém a apoderar-se,
durante um certo tempo, dos bens de outrem, com poderes de administração e de fruição.

- Espécies:
- In Ren – quando essa ordem atingia apenas um bem.
- In Bona – ordens para embargar todo o património da pessoa.

- Modalidades:
➔ Missio in possessionem rei servandae gratia
Conservação preventiva de um bem ou bens durante um x número de tempo, ou seja, a pessoa
não pode mexer nos seus bens. Ex: Alguém tem 20 casas e fica impedido de as vender de modo a
garantir os seus bens para este cumprir o negócio jurídico.

➔ Missio in possessionem ex secundo decreto


Se o pretor já tinha ordenado uma coisa e o destinatário dessa ordem não tenha cumprido, o
pretor força-o a cumpri-la decretando-lhe uma missio in possessionem. Ex: O pretor chama alguém para
repetir uma stipulacio, como uma das partes não aparece, o pretor faz uma missio in possessionem e dá
a ordem de por exemplo a pessoa não poder mexer nos seus bens, de modo a ir ao encontro do pretor.

➔ Missio in possessionem executionis


É o modo ordinário de executar as sentenças, se os responsáveis não as cumprirem
voluntariamente, ordenando uma missio in possessionem sobre todo o património do condenado. Se
este embargo de bens incidir sobre apenas uma parte do património designa-se por missio in
possessionem Ren, se incidir em todo o património designa-se missio in possessionem bone.

4. Interdicta (interditos):
Ordem sumária, dada pelo pretor para resolver uma situação que tem que protegê-la pelo menos
uma aparência jurídica, contudo essa ordem fica condicionada a uma possível apreciação ulterior.

- Formus in iures - É uma situação juridicamente protegida.


- Providência cautelar – decisão do tribunal que serve para acautelar uma situação que tem o
direito aparentemente a seu favor e se não for acautelada corre o risco de ser já não funcionar
no fim do processo. Medida tomada no âmbito de uma ação em que o juiz olha para o
processo e diz que pode demorar anos, e que pode acabar e por exemplo um contrato de
trabalho pode desaparecer. Enquanto o processo não termina impede alguém de por exemplo de
vender a casa. São medidas provisórias que servem para evitar um prejuízo.
Espécies:
Exibitórios: o pretor dá a ordem para o cidadão lhe mostrar um determinado bem ou um objeto.
Servia para que um devedor se desfaça dos bens para não pagar ao credor e assim o devedor deve
mostrar os bens para saber se ainda tem consigo o que serve para satisfazer uma dívida.
Restitutórios: ordens dadas por uma pessoa para que ela imediatamente restitua um bem que se
apropriou de forma violenta.
Proibitórios: ordens dadas pelo pretor com o objetivo de impedir de uma pessoa utilizar um
determinado bem que outra pessoa diz ser dela.

➔ Interdicta retinendae possesssionis (são proibitórios):


Têm por objeto obter o reconhecimento da posse, no caso de perturbação ou incômodo por
parte de terceiros, ou seja, proíbe que alguém tenha a posse pacífica de outrem.

➔ Interdicta recuperandae possesionis (são restitutórios)


Destinam-se a recuperar a posse, que foi perdida, ou porque alguém emprestou algo e esse
alguém não o quer devolver, ou porque alguém tinha obtido a posse de algo e foi privado dela
pela violência ou também porque embora tenha obtido posse pela violência, foi depois lhe
retirado a posso por homens armados.

Poder “Iurisdictio”: Prevê determinadas situações que não estão previstas na lei, ou estão mal
previstas, por isso aplica o direito do pretor de modo a que a situação seja bem resolvida.

Agere per formulis: Ações processuais passam a ser diferentes das outras. É um documento escrito
pelo pretor que dia ao juiz qual a situação política que ele devia aplicar baseado nos factos.

Expedientes do pretor baseados na sua “Iurisdictio”:


1. Denegatio actiones: O pretor nega uma actio pois verifica que, apesar de estar presente no
Ius Civile, no caso concreto, ia criar uma injustiça.
2. Exceptio: Exceção processual. Não se desconhece o direito do autor ou a objetividade do
facto ilícito contestado, ou seja, o juiz e o pretor podem acabar com o processo se não tiverem
tido conhecimento de alguma situação no início, por exemplo uma mulher ser uma devedora
solidária numa stipulacio.

3. Actiones in factum conceptae: O pretor, vendo que determinada situação merece a


proteção jurídica e não a tem no ius civile, concede uma actio baseada nesse facto para que se
faça justiça.

4. Actiones Ficticiae: Quando o pretor, para aplicar a justiça, finge como existente uma coisa
ou um facto que se sabe que não existe, ou finge como não existente um facto ou até um
negócio que sabe que existe. É a imposição de uma irrealidade ou de uma inexatidão
5. Actiones utiles: Se o pretor aplica, por analogia, actiones civiles a casos diferentes, mas
semelhantes, dos que o ius civile protege.
Obras Jurídicas
1. Código Gregoriano (291- 292 d.C.):
Denominado em virtude do seu autor, Gregoriano, elaborado no Oriente, é uma coletânea
privada de rescritos imperiais, desde Adriano até Diocleciano. Está dividido em 15 livros, com
rescritos imperiais que são respostas dadas pelo Imperador a perguntas feitas por magistrados ou por
particulares. Não são mandadas fazer pelo Estado Romano, ou seja, são de carácter particular.

2. Código Hermogeniano (295 ou 314-324 d.C.):


É apenas um livro, muitos dizem que é o 16º do código Gregoriano por conter rescritos do
Imperador Diocleciano. Tem também um carácter particular, ou seja, não foi algo pedido pelo Estado
Romano.

3. Código Teodosiano (438 d.C.):


Os dois códigos já existentes não bastavam pois continham apenas rescritos e eram de carácter
privado, ou seja, não se impunham. O Imperador Teodósio II resolveu realizar uma reforma do Direito.
Começou por reformar os estudos jurídicos e depois reformou a legislação. - Não contém rescritos, só
contém edictos e tem um carácter geral, ou seja, aplica-se a todos os cidadãos romanos.

São designados como coletâneas. Estas coletâneas reuniam apenas o direito imperial, que era
essencialmente direito público, o direito privado está nas obras jurídicas de ius Romanum.

Lei das Citações (426) ou tribunal dos mortos, era uma lei que mandava o juiz proferir
as suas sentenças exclusivamente através de livros de juristas que já tinham falecido. Os juízes já só vão
poder aplicar nas sentenças as obras de 5 juristas, que eram: o Modestino, o Ulpiano, Papiniano, Gaio,
Paulo. Esta lei serviu para diminuir a insegurança da aplicação do Direito, ou seja, para estabelecer uma
ordem na aplicação do Direito Jurisprudencial.

Nota:
Havia o direito antigo (Ius) e o direito imperial (Leges) (Século IV). Até ao século IV
era considerado direito antigo (Ius- Ius vetus) e depois do mesmo era direito imperial (Leges – Ius
novum).
O que era direito antigo era a doutrina feita no tempo clássico, o trabalho dos grandes juristas a
interpretar o direito feito ao longo do tempo pelos imperadores. O trabalho dos juristas era interpretar as
fontes de direito existentes.
Muitos juristas clássicos tinham recebido ao longo da sua vida uma distinção pelas suas
obras, que era Ius Respondendi, ex auctoritate principis.
Corpus iuris civile
É uma obra jurídica fundamental, publicada a partir do ano de 533 d.C. por determinação do
imperador bizantino Justiniano I (que assumiu o trono em 527 d.C.). Ele, dentro de seu projeto de
unificar e expandir o Império Bizantino, viu que era indispensável criar uma legislação congruente e
que tivesse capacidade de atender às demandas e litígios vivenciados à época.
A expressão Corpus Juris Civilis não é justinianeia e sua difusão se deve à edição publicada em
1583 por Dionísio Godofredo. Atualmente, entende-se que o que se convencionou chamar de Corpus
Iuris Civilis compreende quatro partes: Institutas, Digesto, Código e Novelas.
Conjunto de livros mandados fazer por Flávio Justiniano (subiu ao poder em 587), que contém
Ius (fragmentos de obras de juristas clássicos) e de leges (excertos de Constituições importantes). É
considerado o maior monumento jurídico de todos os tempos e foi a obra que imortalizou o Imperador
Justiniano.
Durante o seu tempo no poder teve uma revolta contra ele devido à escassez, à pobreza e aos
elevados impostos. O Imperados tentou reconstruir o Império, contudo nunca conseguiu reconstruir na
totalidade.
Em 527 atualizou o código Teodosiano, com a ajuda de uma comissão que nomeou que tinha
como chefe o juiz Tribunianum.
529- Tribunianum, conhecido como Codex Vetus entrega uma obra intitulada por Codex, que
era a primeira obra legislativa feita por Justiniano. Era composto por 12 livros, que continham
conteúdo antigo só que atualizado.
530- São publicadas leis, Quinquaginta decisiones (50 decisões), sendo que o objetivo dessas
leis era dar mais segurança a todo o Direito em vigor. Neste ano Justiniano fez mais uma coletânea de
Direito Clássico, pegaram em 35 obras de 36 juristas, em 533 surge o Digesto que eram leis adaptadas
de Direito Privado, ou seja, sobre a família, casa, bens, etc. São no total 50 livros que continham todas
as leis de Direito Privado Romano (Digesto também podia ser aplicado em Tribunal).
533- Fez a obra Institutiones que servia para ensinar nas escolas, era 4 livros, que eram uma
síntese do Digesto, ou seja, eram livros que explicavam o Direito Privado.
534- Surge a 2ª edição do Codex, Codex repetitae praelectionis, onde já tinha leis imperiais de
Justiniano, com isto o Codex deixa de estar em vigor.
Há uma obra dividida em 4 livros chamada “Institutiones'', também de criação jurisprudencial
que era um resumo do Digestos e tinha como finalidade principal de serem manuais de ensino nas
escolas de direito Romano, mas também poderia ser usado em tribunal como código de leis.
Em 565 morre Justiniano.
Em 1583, Dionísio Godofredo deu o nome de Corpus Iuris Civiles, composto pelo Códex de
534, pelo Digeto e pelas Iustitutiones.
A segunda edição do Codex Justinianeus (534) não paralisou a atividade legiferante de
Justiniano, que continuou a editar outras constituições importantes (em número de 177, da data da
promulgação do Código Novo, em 535, até sua morte, em 565), introduzindo um grande número de
modificações na legislação. Essas novas constituições são conhecidas por "Novas Leis", "Novelas"
(Novellae), Autênticas ou Plácida.

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