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A LEI DAS XII TÁ BUAS

História do Direito
Regente: Professor Doutor António Amado
Prof. Dra. Mara Rodrigues
Discente:
Ana Paula Gomes 22200141
Ramiro Fernandes 22208682
Rogério Carvalho 22200187
Direito 2º Semestre
2022/2023
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“A lei das XII tábuas é o alicerce sobre o qual se ergueu o edifício do Direito
Romano, um monumento duradouro que influenciou a civilização jurídica por séculos”

Justiniano I
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INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 3

CAP.I - Contexto Histórico............................................................................................................. 4

.................................................................................................................................................... 6

Fig. A – O Senado.......................................................................................................................... 6

CAP. II - Conteúdo das XII tábuas.................................................................................................. 6

CAP. III – Importância das XII tábuas...........................................................................................18

CONCLUSÃO................................................................................................................................. 2

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................................. 1

SITOGRAFIA.................................................................................................................................. 1
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INTRODUÇÃO
A lei das XII tábuas,é um, senão, o mais antigo código legal escrito da história.
Desempenhou um papel crucial na formação do direito romano e contemporâneo.
Elaborada no Sec. V a.c., codificou normas e costumes romanos, estabelecendo os
fundamentos de um sistema jurídico duradouro.
Neste trabalho, de forma superficial que não comporta a magnitude e
importância total desta lei, viajamos um pouco até ao antigo Império Romano e a
criação das XII tábuas, dando um contexto histórico do seu surgimento, demonstrando o
conteúdo de cada tábua e tecendo algumas considerações sobre as mesmas, assim como
demonstrando a sua influência em diversas obras futuras.
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CAP.I - Contexto Histó rico

I.

A lei das XII tábuas foi um conjunto de leis elaboradas no período da República

Romana, relacionada pelas revoltas dos plebeus em confronto e por pressão dos plebeus

levando ao domínio dos patrícios no início da Roma Antiga. Podemos expressar de

como as revoltas executadas pelos plebeus levaram a que decidissem ocupar o Monte

Sagrado exigindo direitos políticos. Resultante de tal facto a origem dos “Tribunos da

plebe”, os representantes dos plebeus operam perante pelas autoridades de Roma e do

Senado.

Em (451 a.c.) também conhecidas por Lex duodecim tabularum / Duodecim tabulae

de origem do latim, concebe uma série de leis assinalado em 451 a.C. nasce uma peça

histórica do direito o primeiro documento legal inscrito no império Romano.

A formação da Lei das XII tábuas tinham como meta reduzir as mudanças de

classes, como os patrícios eram os únicos possuidores dos direitos, os plebeus

mostraram-se descontentes e insatisfeitos por esse motivo elaboraram uma comissão

com a incumbência da criação da lei para que os plebeus tivessem os seus direitos

assegurados.

Nesta época os patrícios que eram eleitos pela Assembleia Centurial é formada por

dezanove centúrias, composta por patrícios, mesmo tinham a maioria absoluta dos votos

o que permitia que propusessem leis e presidissem o Senado e as Assembleias, baseando

nos costumes e normas não eram colocados de forma que toda a sociedade acabando e

permitindo o abuso do poder. Os cônsules careciam das limitações uma vez que as leis

eram formuladas de forma oral e deveriam ser redigidas escritas e tornadas públicas.
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Por iniciativa do Tribuno da Plebe Terentilo Arsa, Terentilo surgiu como defensor

da plebe um homem que era contra a injustiça, por outro lado colocou pressão no

Senado Romano que que fosse redigido um código acessível que pudesse ser visto e

assimilado pelas classes inferiores. Terentilo propôs um plebiscito que fossem

nomeados cinco cidadãos para a formação do código de costumes, mas infelizmente

isso foi recusado devido a pressão de patrícios e do Senado.

Fig. A – O Senado
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CAP. II - Conteú do das XII tá buas


II. LEI DAS XII TÁBUAS - LEX DUODECIM TABULARAM

TÁBUA I – Do Chamamento a Juízo


Tábula I – De Ius Vocando

1 – Se alguém for chamado a juízo, (compareça). Se não comparecer, tomem-se


testemunhas e prenda-se.
2- Se tentar enganar ou fugir, lança-lhe a mão (prende-o).
3 – Se a doença, ou a idade, impeder a locomoção, (aquele que o chama juízo) dê-lhe
um jumento. Se, mesmo assim, não quiser, não há motive para lhe dar um veículo
coberto.
4 – Do rico seja fiador também um rico, do pobre, porém, seja qualquer pessoa que o
queira.
5 – O direito do nexum e da mancipatio seja o mesmo para o rico e para o pobre.
6- Quando se cerebra um pacto, ou convenção, proclame-se oficialmente o acordo.
7 – Se não celebrarem o pacto ou convenção, exponham a causa no comício ou no
forum, antes do meio-dia, estando ambas as partes presentes.
8 – Passado o meio-dia, decida-se a lide a favor do litigante que compareceu.
9 – Se ambos (autor e réu) estão presentes, que o pôr-do-sol seja o ultimo tempo.
10 – Como os termos: plebeus, ricos, sanates, fiadores e sub-fiadores, 25 asses, taliões
e a investigação dos furtos com lance et lince e toda a antiguidade das XII Tábuas
tenha caído em desuso… foi revoda pela promulgação da Lei Ébucia.

TÁBUA II – Do procedimento em Juízo


Tábula I I– De Iudiciis

1 – A pena do sacramento (depósito solene) era de 500 asses ou de 50 asses. De facto,


nas acções de valor de 1000 asses, ou mais, o depósito seria de 500 asses; se, eplo
contrário, a quantia fosse einferior, este seria de apenas 50
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asses, pois assim foi determinado pela Lei das XII Tábuas. Mas, se o litígio tratasse
acerca da Liberdade de um homem, por mais ilustre que ele fosse, a mesma lei (das
XII Tábuas), estabelecia que o depósito fosse de 50 asses.
2- Se uma enfermidade grave… ou o dia fixado para o julgamento com um
estrangeiro, for causa de impedimento para o juíz, para o árbitro, ou para o réu, seja
adiado o dia (da audiencia).
3 – Aquele que não tiver testemunhas vá, durante três dias consecutives, gritar em
altas vozes à porta do réu.

TÁBUA III – Do Procedimento em caso de confissão ou de condenação


Tábula III – De aere confesso rebus que iure judicatis

1 – Nas dívidas (de dinheiro), confessadas em juízo, e julgadas judicialmente,


concede-se ao devedor 30 dias (prazo legal) para pagar.
2- Decorrido esse prazo (30 dias), tenha lugar a manus injection e seja (o devedor)
conduzido a juízo (ao tribunal).
3 – Se o Réu não cumpre a sentença, nem apresenta um fiador, leve-o consigo o
credor, amarrado com uma corda, ou com uma corrente nos pés não inferior a 15
libras, ou mais, se o credor assim o entender.
4 – Se (o réu) quiser, viva do que é seu, se não, o que o tiver preso, lhe dê uma libra
de fainha (pão) todos os dias, ou mais, se quiser.
5 – Havia, também, o direito de transigir. Se não houvesse acordo, o réu era levado
preso por um período de 60 dias. Durante esse tempo, era levado a três feiras públicas
consecuticas ao comitium, onde proclamaria em voz alta a quantia pela qual estava
preso. Na Terceira feira, era condenado à pena de morte, ou levado para além do
Tribe para ser vendido(como escravo).
6 – Na terceira feira, cortem ou dividam. Se cortarm mais, ou menos, não seja
condiderado farude.
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TÁBUA IV – Do Pátrio Poder


Tábula IV – De Iure Patrio

1 – Era imediatamente morto, Segundo a Lei das XII Tábuas, o rec+em-nascido monstuoso
(disforme).
2.
a) Como a lei (das XII Tábuas), conferisse ao pai o poder (direito) da vidte sobre o filhoa e
morte;
b) Se o pai vender o filho três vezes, este fica livre do patrio poder (poder paterno).
3 – Ordenou que a mulher apanhasse as suas coisas e, segundo a Lei das XII Tábuas, retirou-
lhe as chaves e expulsou-a de casa.
4 – Fui informado que uma mulher deu à luz no decimo primeiro mês, depois da morte do
marido, e este facto é como se ela tivesse concebido depois da morte do mardo, porque os
decenvitos escreveram que o homem era gerado em dez meses, não no decimo primeiro.

TÁBUA V – Das Heranças e Tutelas


Tábula V - De Hereditatibus et Tutelis

1 –Os antigos (antepassados) determinaram que as mulheres, ainda que fossem


maiores de idade ,estivessem sob tutela ,por causa da sua fraqueza de espirito,excepto
as virgens vestais, as quais estabeleceram que fossem livres.Assim se providenciou na
Lei das XII Tábuas.
2- As res mancipi de uma mulher que estava sob tutela dos seus agnados, nao se
podiam usucapir, except se fossem entregues pore las proprias com o consentimento
do tutor. E, assim, foi estabelecido pela lei das XII Tabuas .
3 – Seja tido como lei o ordenado pelo paer familias acerca dos seus bens e da (sua)
tutela.
4 – Se alguem morrer intestado, sem deixar heres suus, receba todos os bens o agnado
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mais proximoz.
5 – Se não tiver agnado,recebam a sucessão (sejam herdeiros) os gentis.
6- Segundo a Lei da Xii Tábuas, os tutores são os agnados, no caso daqueles a quem
não tenha sido dado um tutor por testamento.
7–
a) Se (aquando da morte do pater) um demente não tiver quem cuide dele,
pertence aos agnados e gentis, não só o seu poder, como o dos seus bens;
b) … mas se não tiver quem cuide dele…
c) Pela Lei das XII Tábuas, é interdita ao pródigo a administração dos seus bens.
A Lei das XII Tábuas determina que o pródigo, a quem foi proíbido
administrar os seus bens, fique sob caratela dos agnados.
8–
a) A lei das XII Tábuas defere ao patrono a herança de um cidadão romano
liberto, se este morresse sem deixar testamento, nem herdeiros próprio;
b) Quando a lei trata do patrono e do liberto, diz: desta família para esta família,
ou seja, o património do liberto volta para a família do patrono a quem
pertencia inicialmente.
9–
a) As coisas que estão em dívida são, segundo a Lei das XII Tábuas, divididas em
proporções hereditárias, de acordo com o próprio direito;
b) De acordo com a Lei das XI Tábuas, as dívidas da herança eram divididas,
proporcionalmente, entre cada herdeiro
10 – Esta acção familiae erciscundae é oriunda da Lei das 12 Tábuas.

TÁBUA VI – Do Domínio e da Posse


Tábula VI – De Dominio et Possessione

1 – Quando alguém fizer um nexum ou mancipatio oralmente, assim seja tido como
lei.
2- De acordo com a Lei das XII Tábuas, foi ordenado que se cumprissem as palavras
que tivessem sido pronunciadas, ficando aquele que negasse as suas delaraçoes
sujeito a pena do dobro do dano. Foi também estabelecida pelos jurisconsultos uma
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pena para a reticência (ocultação)


3 – A usucapião de um imóvel é de 2 dois anos,ma nas restantes coisas é de um ano.
4 – Contra o estrangeiro,seja eterno o direito de cidadão.
5 – Pela lei das XII Tábuas, determinou-se que, se uma mulher não quisesse ficar
sujeita à manus do marido, se deveria ausentar durante três noites em cada ano, deste
modo interromperia usucapião desse ano.

TÁBUA VII – Do Direito Relativo aos Edifícios e Campos


Tábula VII – De Iure Aedium et Agrorum

1 – Os intérpretes da Lei das XII Tábuas descrevem o ambitus como sendo a franja de
terreno que circunda a parede…Chama-se ambitus a uma superficie aberta em torno
dos edificos de dois pés e meis de largira com amesma longitude que o edificio.
2- Há-de saber que, numa aççao que regula a demarcaçao de limites, se deveobservar
o que se escreveu na lei das XII Tábuas, de certa maneira à imitaçao daquela lei que
se diz que Sólon propõs em Atenas.
3 – a) Na Lei das XII Tábuasnunca se emprega a palavra villa, mas com esse
significado aparece sempre a palavra hortus, e em vez de hortus diz -se heredium.
b)_ Chamavam-se tugúrios às miseráveis cabanas dos camponeses, desta palavra
deriva tecto… por este nome também é designado por Messala na explicação da Lei
das XII Tabuas.-
4 – As XII Tábuas não quiseram que houvesse usucapião num espaço de cinco
pés( que deveria existir entre os prédios).
5 – a ) Se litigarem…
b ) – Se existir uma controvérsia acerca dos limites, fixaremos os limites com ( a
ajuda de três) árbitros, de acordo com a Lei das XII tábuas.
6 – O caminho tem, segundo a ei das XII Tábuas, oito pés de largura, quando vai a
direito e dezasseis nas curvas.
7 – Conservem o caminho: se este não estiver empedrado, podem ir com um jumento,
por onde quiserem.
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8 – a) – Se a água da chuva prejudicar…


b ) – se um caudal de água, conduzido por um terreno público, prejudicar um
particular, existirá, segundo a Lei das XII Tábuas, uma acção a favor do particular,
para que o dano seja reparado pelo dono.
9 – a ) - A lei das XII Tabuas quis deixar estabelecido que se cortem os ramos das
árvores com uma altura superior a quinze pés ( para que não prejudiquem os
vizinhos).
b ) – Sea arvore do prédio do vizinho estiver inclinada sobre o seu terreno, por
acção do vento, de acordo com a Lei das XII Tábuas, podes pedir, com razão, que a
tire.
10 – Estava previsto na Lei das XII Tábuas que seria lícito recolher os frutos caídos
num terreno alheio.
11 – as coisas vendidas e entregues não se passam ao comprador, antes que este
pague o preço ao vendedor, ou satisfaça, de outro modo, como por exemplo com um
expromissor, ou uma arra; é o que se adverte na Lei XII Tábuas.
Aquele a quem foi ordenada liberdade sob esta condição: “ se entregar dez mil ao
herdeiro, alcançara a liberdade dando o dinheiro ao comprador e, assim o manda a Lei
das XII Tábuas.

TÁBUA VIII – Dos Delitos


Tábula VIII – De Delictis

1–
a) Todo aquele que dissesse cancões difamatórias seria condenado à pena capital;
b) Como as nossas XII Tábuas, castigassem poucas coisas com a pena de morte,
decidiram incluir o seguinte: “se cantasse, ou compusesse uma canção que
difamasse ou provocasse a desonra de outro (sofreria esta pena);
2- Se alguém destruir um membro a outro, e não chegar a acordo com o mutilado,
sofra a Lei de Talião.
3 – A acção de injúrias ou é legítima, ou honorária. Legítima pela Lei das XII Tábuas:
“quem causar injuria a outro, sofra uma pena de 25 sestércios, ou asses”; que foi a lei
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geral. Houve outra especiais, como esta: “Se alguém fracturou com a mão, ou com
um bastão, um osso a outro, sofra uma pena de 300 asses se (o ofendido) for um
homem livre, 150 asses se for um escravo.
4 – Se comete injuria a outrém, incorrerá numa pena de 25 asses.
5 – Reparai o dano….
6- Se se disser que um animal quadrúpede causou dano, a acção procede da Lei das
XII Tábuas, a qual diz que se entrgue aquele que prejudicou, isto é, o animal que
cometeu o dano, ou se ofereça a estimção do prejuízo.
7 – Se o fruto de uma árvore cai num fundo meu, e eu deixo o gado pastar (o dono)
não o poderá reclamar, segundo a Lei das Tábuas, nem por uma ação de pastoreio de
gado porque não pasta no que é teu, nem pela acção de empobrecimento.
8–
a) Aquele que atrair por encatamento…
b) Ou tirar os frutos do campo de outro (através do recurso à magia), será
castigado com a pena capital.
9 – A um adulto por pastar ou ceifar, de noite, os frutos obtidos pelo trabalho do
arado, a Lei das XII Tábuas punia com pena de morte e ordenava que morresse
enforcado por oferenda a Ceres, se era um jovem, Segundo o arbítrio do Pretor, era
condenado a sofrer açoites e pagar o dobro do prejuízo causado.
10 – Aquele que atear fogo a um edifício, ou a um depósito de trigo, junto a uma
casa, se o tivera feito de uma forma consciente e deleberadamente, manda-se que,
depois de atado e açoitado, seja queimado; se por outro lado, o fez acidentalmen te,
isto é, por negligência, manda-se reparar o dano e, se não o puder fazer, seja
castigado de uma forma mais leve.
11 – Advertiu-se, na Lei das XII Tábuas, que aquele que, com dano, cortar árvores
alheias, pagasse 25 por cada árvore.
12 – Se alguém mata aquele que cometeu um furto durante a noite, seja morto
cnforme o direito
13 – De dia (pode-se matar) se ele se defende com armas, (se não as tem ou utiliza)
peça-se ajuda com gritos
14 – Entre os demais ladrões manifestos (apanhados em flagrante delito), (os
decenviros) mandaram que, se fossem livres, os açoitava e entregava (como escravos)
a quem tinham roubado, sempre que o tivessem feito de dia e não tivesse utilizado
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armas; se eram escravos, surpreendidos em furto manifesto, que fossem castigados


com açoites e precipitados da rocha Tarpeia; mas se fossem crianças eram açoitados
de acordo com o arbítrio do Pretor e que se reparasse o dano por eles cusado.
15 –
a) Pela Lei das XII Tábuas, a pena de furto descoberto era do triplo;
b) Com prato e tanga.
16 – Se alguém comete um furto que não é flagrante, seja condenado a pagar o dobro
(do valor do objeto).
17 – A Lei das XII Tábuas proibe de usucapir a coisa roubada.
18 –
a) De facto, desde o inicio se consagrou, na Lei das XII Tábuas, que ninguém
procurasse interesse superiores a uma 12ª parte( os juros não podiam ser superiores a
1% ao ano).
b) os (nossos) antepassados estabeleceram, nas leis, que o ladrão seria condenado
e o usurárioao quádruplo.
19 – Pela lei das XII tabuas dá-se acçao in duplum,por causa de depósito.
20 –
a) – Deve saber-se que o delito do tutor suspeito deriva da lei das XII Tábuas.
b) Se os tutores roubarem algo ao pupilo, deveremos por esta acção, a qual foi
criada pela Lei das XII Tábuas contra os tutores, estará cada um obrigado pelo
todo.
21 – Se o patrono deixar indevidamente de proteger o seu cliente seja consagrado aos
deuses (podia ser morto por qualquer um)
22 - Aquele que, sendo testemunha ou libripeus, se recusa a prestar
testemunho, seja considerado infame e inabilitado para testemunhar ou ter
testemunha.
23 – Se, alguém, de forma consciente, prestou um falso testemunho, pela Lei
das XII Tábuas, seria precipitado da rocha Tarpeia.
24 –
a) Se a arma escapa da mão, pague-se um carneiro;
b) Aquele que pastar, ou cortar frutos furtivamente durante a noite, será
castigado, pela Lei das XII Tábuas, com a pena capital, e enforcado e
morto em honra de Ceres; este crime era considerado mais grave que o
homicídio.
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25 – Aquele que falar sobre veneno, deve acrescentar se são bons ou maus; pois os
medicamentos também são venenosos.
26 – Sabemos que, através da Lei das XII Tábuas, se proibiu que ninguém
organizasse reuniões nocturnas tumultuosas dentro da cidade.
27 – Mas a Lei das XII Tábuas, permitiu que os membros das associações pudessem
realizar, entre si, os pactos que quisessem, desde que não fossem contra nenhum
preceito da lei pública. Porém, parece que este preceito foi tomado de uma lei de
Sólon.

TÁBUA IX – Do Direito Público


Tábula IX – De Iure Publico

1 – Não se devem propor leis contra uma pessoa em particular. Acerca da pena de
morte de um cidadão, só se poderá decider pelo comício centuriado. Das duas
ilustríscimas leis retiradas da Lei das XII Tábuas, das quais uma retirava os
privilégios e a outra proibia fazer propostas sobre a pena de morte, a não ser no
comício centuriado.
2 – Consideras dura uma lei que castiga com a morte o juiz ou o árbitro, nomeado
pelo magistrado, convicto de ter recebido dinheiro para pronunciar uma sentença?
3 – Questores… que presidiam às penas de morte, …. Chamavam-sr quaestores
parricidi, dos quai ainda conserva memória a Lei das XII Tábuas.
4 – A Lei das XII Tábuas manda castigar, com pena de morte, aquele que provocar o
inimigo, ou lhe entregar um cidadão.
5 – Pois os preceitos da Lei das Tábuas também proibiram que nenhum homem fosse
morto, sem antes ter sido julgado.

TÁBUA X – Do Direito Sagrado


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Tábula X – De Iure Sacro

1 – Não seja sepultado nem queimado, dentro da cidade, qualquer cadaver humano.
2 – Não façais mais isto: não políeis a madeira para as fogueiras (piras).
3 – Ficando, portanto, reduzida a sumptosidade de luto a três véus, numa pequena
tunica purpura e a dez flautistass, e, além disso, aboliu também as lamentações.
4 – As mulheres não arranhem os rostos nem gritem nos funerrais.
5–
a) Não se recolham os restos mortais de um homem para, depois, lhe fazer um
funeral;
b) Excepção para aqueles que morressem na guerra ou em terra estrangeira
6–
a) Existem estes preceitos nas leis (das XII Tábuas); suprime-se a unção pelos
escravose toda a bebida, “nem sumptuosos derrames de vinho, nem grandes
coroas, nem acerras (altar n qual se queimava o incense)”:
b) Deduz-se que os antigos usaram poções com mirra, porque na Lei das XII
Tábuas se adverte que não se coloquem no morto.
7 – Aquele que conquistar uma coroa, pelos seus escravos, pelos seus cavalos, ou
pelos seus próprios méritos, que a mesma lhe seja colocada durante o funeral, sem
que isso seja considerado fraude.
8 – Não coloqueis ouro na sepultura, Mas se alguém tiver dentes de ouro, enterrem-no
ou queimen-no com eles, sem que isso seja ilícito.
9 – A lei das XII Tábuas proíbe colocar a pira funerária nova, ou o local de
incineração, a menos de sessenta passos de um edifício alheio, contra a vontade dos
donos.
10 – Proíbe-se de adquirir por usucapion o forum (vestíbulo do sepulcro), ou o local
da incineração.

TÁBUA XI – Tábua Suplementar


Tábula XI
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1 – Tendo aqueles(decenviros) redigido dez tábuas de leis com grande equidade e


prudência, no ano seguinte elegeram, no seu lugar, outros decenviros… que
acrescentaram duas tábuas de leis iníquas… proibiram com uma lei muito desumana,
o casamento de plebeus com patrícios.
2 – Tutitano refere que … os decenviros, que acrescentaram duas tábuas às dez,
inquiriram o povo sobre a intercalação. Cássio também escreve isso.
3 – De entre os quais (livros sobre a República)…, de Cneo Flávio, filho de Annio.
Com efeito, este não é anterior aos decenviros; na verdade, foi Edil Curul,
magistratura instituida muitos anos após os decenviros. Para que serviu, pois, que
tornara públicos, os (dias) fastos? Pensa-se que esta tábua foi ocultada durante um
certo tempo, pelo que se deveria perguntar a uns poucos quais eram os dias em que se
podia agir em juízo.

TÁBUA XII – Tábua Suplementar


Tábula XII

1 – Através de uma lei como a das XII Tábuas, introduziu-se a toma de penhor contra
aquele que, tendo comprado um animal mediante empréstimo para sacrificar aos
deuses, não pagasse o preço e, também, contra aquele que não pagasse o preço obtido
pelo aluguer de um animal, se tal preço estivesse destinado a um banquete sagrado,
isto é, a um sacrifício.
2–
a) Se um escravo comter furto ou causar algum outro dano (será dado para
compensar o dano)
b) Pelos delitos dos filhos de família e dos escravos… deram-se acções noxais,
para que fosse lícito ao pai, ou dono, suportar a estimação da lide, ou entregar
o delinquente… As acções noxais criaram-se, ou pelas leis, ou pelo delito do
Pretor: pelas leis, por exemplo, a de furto pela Lei das XII Tábuas
3 – Se alguém obtém, de má fé, a posse de uma coisa litigiosa, nesse caso, o Pretor
nomeia três árbitros e, por sentença destes, será condenado a restituir o dobro dos
frutos.
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4 – Proibimos (Lei das XII Tábuas) consagrar uma coisa pela qual se litiga, caso
contrário sofremos a pena a dobrar… Porém, não apresenta nada acerca do dobro que
se deve entregar, se ao fisco, se ao adversário.
5 – Existe uma Lei das XII Tábuas, segundo a qual, qualquer decisão definitiva que o
povo adoptar seja considerada lei.
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CAP. III – Importâ ncia das XII tá buas

III. O teste do tempo

As XII tábuas deixaram um legado duradouro e influente ao longo da história do Direito


Romano e posteriormente. Tendo sido uma das primeiras codificações legais
influenciou o Direito positivo ao longo da história, assim como vários ordenamentos
jurídicos contemporâneos sendo considerada a mais antiga lei escrita de que se tem
conhecimento no mundo e, segundo Tito Lívio, “fonte de todo o direito publico e
privado”1. Estabelece princípios jurídicos e normas em áreas como o direito civil,
direito público e direito processual.
Podemos atentar p.ex. no conceito de propriedade da tábua III, contendo disposições
sobre aquisição e transferência de propriedade, compra e venda de terra e bens, assim
como limites e disputas de propriedade que ainda hoje se encontram presentes no nosso
ordenamento jurídico.
Na tábua IV tratando de regras de sucessão e herança, direitos e obrigações de
herdeiros em relação às dívidas ou encargos do falecido.
Na tábua V que fala de contractos e obrigações, estabelecendo regras sobre a
validade dos contractos, direitos e responsabilidades das partes contratantes e formas de
cumprimento ou rescisão de contractos, etc. a verdade é que qualquer jurista
contemporâneo encontrará vários sinais de influência das XII tábuas no ordenamento
jurídico português e entre outros ordenamentos jurídicos europeus.
Apesar do conteúdo específico das tábuas se ter perdido num incêndio pela mão dos
Gauleses contra Roma em 390 a.c., foi sendo reencontrado ao longo do tempo e apesar
de algumas partes terem sido perdidas ou danificadas, o necessário ainda foi
salvaguardado para fornecer uma valiosa visão do sistema legal romano antigo e do
berço do positivismo. Pelas mãos de historiadores e jurisconsultos, como Dionísio,
Gaio ,Festo ,Pompónio, Macróbio, Ulpiano, entre outros, as tábuas foram sobrevivendo
ao teste do tempo. Cícero disse: “De facto, nós em crianças aprendíamos de cor as XII
tábuas como uma oração necessária”2 pelo que esse costume feito até certa altura
contribuiu também para que as normas escritas, como direito positivo, fossem
ironicamente salvas pela palavra oral.
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1
Tito Lívio, História de Roma, III, 34 apud Fernanda Carrilho, “A lei das XII tábuas”, Almedina, pp.5,
introdução por Eduardo Vera-Cruz Pinto
2
Cícero, De legibus, II,23,59 apud Fernanda Carrilho, “A lei das XII tábuas”, Almedina, pp.9, introdução
por Eduardo Vera-Cruz Pinto
IV. O seu significado

A lei das XII tábuas, embora tendo forte significado jurídico, apenas
correspondia a uma tentativa de positivação de regras jurídicas, não tendo caracter
normativo1.
O seu significado jurídico traduzia-se pela separação do ius, da moral cívica
(Mores Maiorum) e religiosa (Fas). Assentou por escrito as regras fundamentais
para o desenvolvimento jurisprudencial do Ius Civile e era complementada na sua
aplicação pelos Mores Maiorum, costumes e usos da época, estando sujeita a
interpretação.
Marcou o desenvolvimento de novas normas posteriores no seu estilo escrito de
forma imperativa, directa e sucinta e trouxe também clareza ao Direito, nunca tendo
sido revogada pode-se dizer que se manteve em vigor até ao Corpus Iuris Civilis.
As normas das XII tábuas eram centradas no papel da família patriarcal e do pai
como chefe de família (Pater famílias) sendo um ponto de identidade Romana e das
suas tradições, actuou também como forma de limitar a jurisdição dos magistrados,
impedir o arbítrio dos tribunais, etc.
Tal como o próprio Direito, a lei das XII tábuas não era estática, sendo flexível.
Cinco anos depois da sua elaboração em 445 a.c. a lei Canuleia veio abolir a
proibição de casamento entre Patrícios e Plebeus nela presente, no entanto as
alterações legislativas nesta época eram feitas de forma cautelosa. Segundo uma
antiga lenda, era dito que quem pretendesse alterar uma lei o deveria fazê-lo com
uma corda ao pescoço para ser imediatamente enforcado caso a alteração fosse
reprovada2.

1
Mais sobre este assunto em Eduardo Vera Cruz, “Introdução ao estudo do Direito Romano, as questões
fundamentais”,AAFDL,Lisboa, 2021, pp.293 e ss.
2
Eduardo Vera Cruz, “Introdução ao estudo do Direito Romano, as questões
fundamentais”,AAFDL,Lisboa, 2021
2
ISMAT 2022/2023

V. O Pater Potestas

O “Pater Potestas” foi uma instituição central do direito romano antigo que
concedia ao pai de família romano poderes e autoridade quase absolutos sobre os
seus filhos, netos e descendentes sob a sua autoridade legal. O termo significa
“poder do Pai” e era baseado no conceito de “pátria potestas” derivando da
autoridade do pai como chefe da família romana. Esta autoridade conferia ao pai
uma amplitude de poderes sobre a vida, liberdade, propriedade e casamento dos
descendentes sob a sua alçada. O Pai tinha assim o direito de autorizar ou proibir
casamentos, determinar a escolha do cônjuge, decidir sobre a adopção ou a
emancipação dos filhos e gerir os seus bens e propriedade, este poder também
concedia ao Pai a possibilidade de impor disciplina e punição aos descendentes
inclusive aplicar castigos físicos.
Os descendentes estavam assim sujeitos à autoridade do pai até atingirem a
emancipação, ocorrida quando se casavam ou eram adoptados por outra família e até
depois disso o Pai mantinha o direito de herança.
O Pater Potestas era assim uma instituição central na estrutura familiar e
social romana, reflectindo valores patriarcais e a importância da continuidade da
linhagem e do poder familiar sendo reflectida na relevância que se pode observar nas
XII tábuas.
[Escreva o título do documento]

VI. Principais obras influenciadas pelas XII tábuas

Como já referido a lei das XII tábuas, como um dos primeiros códigos escritos
influenciou de forma significativa várias obras e ordenamentos jurídicos
subsequentes. Algumas das obras mais conhecidas foram:

IV.1) O Digesto de Justiniano

Uma das partes do Corpus Iuris Civilis, foi compilado por ordem de
Justiniano I no Sec. VI. Era uma compilação do direito romano que incluía vastas
opiniões e interpretações de juristas romanos antigos. Muitos desses juristas citaram
e interpretaram as leis contidas nas XII tábuas nas presentes obras demonstrando a
sua influência.

IV.2) Institutas de Justiniano

Outra parte do Corpus Iuris Civilis servindo como manual introdutório


ao direito romano. Justiniano fez esta compilação com base em bárias obras e fontes
jurídicas anteriores, sendo uma delas a lei das XII tábuas, contendo partes da
mesma.

IV.3) Commentarii Pintificum et Antiqui Iuris

Obra que não sobreviveu até aos dias de hoje, fragmentos e referências a
ela foram preservados em outras obras jurídicas e literárias. Estes Comentários
continham explicações e interpretações das leis romanas, incluindo das XII tábuas, e
influenciou a compreensão e interpretação das leis romanas e contribui para a
disseminação dos princípios contidos nas XII tábuas.

IV.4) Vários juristas romanos posteriores

Vários juristas romanos posteriores fizeram referências e comentários


sobre a lei das XII tábuas nas suas obras. Alguns exemplos notáveis são Ulpiano,
Paulo e Papiniano, cujas obras estão presentes no Digesto (compilação de opiniões
legais de juristas romanos antigos, fazendo parte do Corpus Iuris Civilis, promovida
pelo Imperador Justiniano I no sec. VI), sendo uma das mais importantes fontes de
estudo do direito romano. Entre outros nomes anteriormente mencionados.
ISMAT 2022/2023

CONCLUSÃ O

A partir deste trabalho, podemos concluir que a Lei das XII tábuas teve uma relevante
importância em equiparar os Patrícios aos Plebeus, trazendo uma maior hegemonia ao
Direito Romano da época assim como as bases para o direito positivo e a sua forma de
realização.
Através dos seus primórdios influenciou todo o Direito positivo futuro, desde o
presente no Direito Romano até ao Europeu que possuí-mos hoje, com noções de
propriedade privada, direito das obrigações e sucessões e até mesmo contractos. Muito
do Direito contemporâneo português pode ser rastreado até ao Império Romano e a sua
legislação, inclusive as várias referências em latim que datam dessa altura.
Apesar de nem todas as obras terem sobrevivido ao teste do tempo , ao longo da
história foram sendo redescobertas e estudadas por vários juristas que nos fizeram
chegar moldando assim o Direito que hoje suportamos na palma da nossa mão na
legislação codificada.
[Escreva o título do documento]

BIBLIOGRAFIA
Carrilho, Fernanda, “A lei das XII tábuas”, Almedina

Vera Cruz, Eduardo, “Introdução ao estudo do Direito Romano as questões


fundamentais”, AAFDL, Lisboa, 2021

SITOGRAFIA
https://museuvirtual.trp.pt/pt/colecao/corpus-iuris-civilis-romani
https://www.youtube.com/watch?v=UVsTD1-
EbjE&ab_channel=ProfessorBernardoMoraes
https://www.britannica.com/topic/patria-potestas
https://www.migalhas.com.br/coluna/lauda-legal/158400/digesto-de-justiniano

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