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1.

Certos Prolegómenos ao conceito de Direito Romano



Necessidade da existência de normais sociais
Razoes:
- Liberdade: Se cada um fizesse o que quisesse havia um abuso de liberdade, e a liberdade deixava de existir
- Sociabilidade do homem: O homem tem a necessidade de sociabilizar para se realizar, e só poderá
encontrar uma convivência pacifica com recurso a certas normas sociais.

Espécies de Normas

Existem várias espécies de normas sociais, uma delas são as normas jurídicas – Direito.
As normas sociais podem ser de diversas ordens: religiosa; morais, éticas, de educação, de diplomacia etc.

Normas Jurídicas – são aquelas que eficazmente determinam e protegem o que pertence a cada um,
contribuindo de um modo especial para a coexistência pacífica entre pessoas.

As normas jurídicas determinam eficazmente em virtude do deu poder coercivo.
Contribuem de um modo especial para a convivência pacifica pois determinam eficazmente o que é de cada
um, não permitindo abusos de ninguém.
Coexistência pacífica entre pessoas: Associações (pessoas físicas) fundações (entidades)

Características das normas jurídicas:

Externa: pelo caráter coercivo, pela sua força imperativa.
Internas: pelo seu conteúdo intimo, pois a própria essência de qualquer norma jurídica.
“honeste vivere, alterum non leadare, suum cuique tribuere” – não abusar dos seus direitos, não prejudicar
ninguém, atribuir a cada um o que é seu”.

2. Análise da primeira parte da expressão “Ius Romanum”

Ius (noção etimológica)
Ius Romano – Direito Romano
O ius, na sua estrutura originária, teria, portanto, um certo conteúdo ou sentido religioso, que jamais
haveria de perder por completo. Segundo recentes investigações a palavra ius, etimologicamente, deve ser
primitiva, mas tem uma relação com a divindade (?)

Ius (noção real)
É difícil definir direito pelo que se trata de uma realidade altamente complexa, porem podemos descrevê-lo
com base em noções específicas.
¶ Em sentido Normativo: O ius é a norma jurídica ou o conjunto de normas jurídicas ou o
ordenamento jurídico, que determina o modo de ser ou de funcionar de um ordenamento jurídico
¶ Em sentido Subjetivo: É a situação jurídica, o poder facultativo moral que alguém tem de exigir, fazer
existir, para obter qualquer coisa.
¶ Em sentido objetivo: Significa o devido, a própria coisa justa, a realidade justa.
¶ Local: O local onde se administra a justiça é nos tribunais.






3.
4. Várias aceções em que pode e deve ser tomada a expressão “Direito Romano
O direito romano é empregar uma expressão muito vaga; daí a necessidade de se estabelecer uma
diversidade de aceções.

3 sentidos:
Sentido Rigoroso: O direito romano é o conjunto de normas jurídicas que vigoram em Roma e nos seus
territórios desde o início (753 a.c) até à morte de Justiniano.
Ocupa 13 séculos (7 sec. a.c 6 sec. d.c)
Este conjunto de normas levou a que se formasse o corpus iuris civilis (famosa e extraordinária compilação
do ius Romanum, ordenada pelo imperador justianeio.

Sentido Amplo: É a tradição romanista: abrange o período de 14 séculos, mas sobretudo o período que vai
desde da receção do Direito Romano até aos nossos dias.

Sentido Muito Amplo: Compreende o ius Romanum, mas também a tradição romanista.

5. Ius Romanum – sentido restrito

Épocas Históricas do Ius Romanum

O ius Romanum apresenta uma evolução completa: nasce, cresce, atinge o seu apogeu e cai, retoma uma
fase de certo esplendor, para depois se codificar

Critérios da periodização

Critério Político: As fases o ius Romanum são tantas como os períodos da história política de Roma
Critica: Não pode ser usado como critério base, muito menos como critério exclusivo para determinar as
fases do ius Romanum uma vez que não foram só as transformações políticas de Roma que marcaram a
evolução do ius romanum

Critério Normativo: Há tantas épocas como modos de formação de normas jurídicas.
Critica: Embora tenha a sua importância este critério não nos indica de uma forma direta a evolução do
direito privado em Roma sendo que sobretudo a evolução do direito publico.

Critério Jurídico: O critério jurídico assenta à própria vida do ius romanum e às manifestações dessa vida
Externo
Período do direito Romano nacional
Período do direito Romano universal
Período do direito Romano helénico
Interno
Época Arcaica
Época clássica
Época pós-clássica
Época Justianeia

ÉPOCA ARCAICA
Abrange o período histórico que vai desde 753 a.c até 130 a.c

Fim da época arcaica:
1º razão: É a data da Lex Aebutia de formulis, lei que introduz um novo processo judicial.
2º razão: Roma já se tinha tornado uma grande potência com um vasto território, estabelecendo as bases
do seu poder político.
Conceito: A época arcaica pode ser definida como período da formação e do estado rudimentar das
instituições jurídicas romanas, sobre as quais, muitas vezes, podem formular-se hipóteses, devido à escassez
de documentos.

Principal característica: Imprecisão: não se vê ainda o limite do jurídico, do religioso e do moral; estes 3
mundos formam um só mundo; as instituições jurídicas surgem sem contornos bem definidos; como que
num estado embrionário.

Estabelece-se duas divisões da época arcaica:
1ª divisão
(desde 730 a.c até 242 a.c) – data de criação do pretor peregrino
O ius romanum apresenta-se como um direito fechado, privativo do cives
Os estrangeiros, residentes em território romano, não eram sujeitos de direito romano.

2ª divisão
(desde 242 a.c até 130 a.c) – período do ius civile e do ius gentium
Necessidade de regulamentação das relações entre cives e peregrini (nome que antes eram chamados os
non-cives) e os próprios peregrini, que sujeitos de novas necessidades comerciais e ao desenvolvimento da
vida social e civil se encontravam em conflitos.

ÉPOCA CLÁSSICA
Abrange o período que é compreendido entre 130 a.c e 230 d.c

Fim da época clássica
1ª razão: em 228 aparece o último grande jurista clássico
2ª razão: O império no início do século III entra em crises sucessivas (critério político novamente utilizado
para a periodificação dos Ius Romanum

Conceito da época arcaica: Esta época é definida como o período do verdadeiro apogeu e culminação do
ordenamento jurídico romano, sendo considerada modelo de canon comparativo para épocas posteriores e
etapa final da evolução jurídica precendente.

Principal característica: A exatidão e a precisão, sendo por isso considerada o modelo especifico da grandeza
do direito romano nesta época.

Aqui o ius romanum apresenta a casuística, criando figuras jurídicas concretas e não conceitos gerais: os
jurisconsultos romanos, dotados de uma instituição jurídica penetrante, baseavam-se na subtileza ao invés
da especulação.
Investe-se na criação de normas para casos específicos que surjam, pois estes não estavam anteriormente
previstos nas normas já existentes – a ciência jurídica (iurisprudencia) da época clássica era fecunda e
criadora.

3 subdivisões da época classica

pré-classica (130 a.c até 30 a.c): Desenvolvimento do estado de grandeza do ius romanum
clássica central (30 a.c até 130 d.c): período esplendor e de maior perfeição do ius romanum
classica tardia (130 a.c até 230 d.c): Inicio da decadência: falta do génio criador; Os jurisconsultos dedicam-
se a obras de compilação (repetir e coordenar o que os grandes mestres disseram – e não obras de
comentário.



ÉPOCA PÓS-CLÁSSICA
Abrange o período que é compreendido entre 230 d.c e 530 d.c – início da elaboração do corpus iuris civilis

Apresenta-se como a época da decadência do ius romanum, sendo que o génio intuitivo, criador e subtil dos
juristas deixa de existir. Relativamente aos textos, há apenas uma reelaboração dos textos anteriores
adaptada a novas realidades

Principal Característica: Confusão (confusão de terminologia, confusão de conceitos, confusão de
instituições, e até confusão de textos)

No Ocidente:
A confusão caracteriza-se numa vulgarização, surge o direito romano vulgar (1ª característica naturalista, o
império está impregnado de conceitos naturalísticos, não jurídicos ou juridicamente elaborados; 2ª
característica: funcional, tem outros fins que não a própria funcionalidade jurídica; 3ª característica:
emocional, apelo a um discurso sentimentalista para captar a funcionalidade jurídica)

No Oriente:
A confusão manifesta-se através de uma reação contra certas manifestações vulgaristas isoladas:
classicismo, tendência intelectual que pretende valorar e imitar o clássico – a perfeição – e reagir contra
suas deturpações.
O ius romanum: progresso influenciado pela filosofia e os direitos gregos – helenização; enfrenta
dificuldades para depois as superar, apresentando uma solutio do caso
Tendência para as regulae iuris, para as definitiones, para a generalização etc.

Algumas definições:
Corrupção: caracteriza-se pela simplificação de conceitos, pela confusão de noções clássicas, pelo
predomínio do aspeto prático, pela desordem (falta de inspiração sistemática; assuntos tratados pela
semelhança empírica.

ÉPOCA JUSTIANEIA
Abrange o período que é compreendido entre 530 d.c e 565 d.c – data da morte do imperados justiano

O imperador justiniano sucede o seu tio justiniano I em 527, tendo como aspiração a restauração da
unidade, da desordem, da ordem e da glória do império através da política e da legislação e para além disso
restaurar todo o saber clássico.
Relativamente ao plano jurídico e, aproveitando a prosperidade económica e comercial que lhe
proporcionavam as novas conquistas, empreendeu o mais importante trabalho legislativo e de compilação
jurídica, através da elaboração de uma coleção de ius e de leges.
Deste modo, nesta época, o ius romanum chega ao termo da sua evolução e codificação para se perpetuar.

Principal Característica: Generalização, estabelecer a unidade de diversidade, atualização e compilação do
direito romano na forma tendente a seguir ao clássico.

6. Relação entre o Ius romanum e Imperium → Poder Político > Protegido pelo
imperial imprime
A conexão entre a vida do ius romanum e a vida do imperium pq

O ius romanum surge como uma expressão do poderio político de Romano visto que a sua vigência só atinge
períodos de grandeza ou de rejuvenescida vitalidade quando protegido pelo imperium, sendo considerado
um direito tipicamente imperial. Se tivermos em conta o direito romano em sentido estrito, ou seja, as
épocas históricas podemos dizer que a época central coincide com o auge do poder romano; verifica-se que
as oscilações da sua grandeza são acompanhadas das oscilações de grandeza do poder político em Roma.
Outro tanto se verifica também com o ius romanum em sentido amplo, ou seja, na sua tradição.
Após a compilação justianeia, a vigência e o estudo do direito romano divergem:
- em 476, o ocidente entra em profunda crise, chegando quase a um desaparecimento geral, mas no século
XII, surge cheio de vitalidade, influencia de um novo império, o império germânico;
- no oriente, no inicio permanece forte e com vitalidade, porém no século XV, o ius romanum sofre uma
enorme decadência, desparecendo totalmente em 1453.

Em suma, a arvore do direito romano só se desenvolve à sombra e protegida pelo imperium. Torna-se então
matéria de interesse a confronto entre várias épocas do ius romanum e as épocas históricas da organização
política de Roma.
i Us a força que necessita
a) “Ius” e “auctoritas” da acertar it as pl ser eficiente

A conexão entre o ius romanum e o imperium reside na própria noção de ius, pois ius é uma força que
necessita de uma auctoritas para ser eficiente. E essa autoridade, que se traduz num “impor-se” e não num
“não se desobedecer”, tem de verificar-se não só quando o ius é criado por uma entidade publica, mas
também quando é criada pelos próprios juristas que, para além de ciência, precisam de autoridade social
para que as suas doutrinas se imponham e trunfem, ou seja, se sustentem.
















b) Várias formas políticas de Roma: O estado cidade; o estado- território
Estado cidade: Significa um agrupamento de homens livres, estabelecendo sobre um pequeno território,
todos disposto a defendê-lo contra qualquer ingerência estranha e sobretudo onde igualmente todos detêm
parcela do poder (característica principal que distingue o estado território)
De forma geral :

Um ou vários chefes, vitalícios ou não (conforme se trate de uma monarquia ou de uma república
Uma assembleia de nobres ou de homens experimentados na vida
Uma assembleia do Povo

Estado território: onde só um homem exerce o poder de uma forma absoluta e exclusiva, logo aqui, os seus
membros participam juntamente das decisões que dizem respeito ao interesse comum (isto não quer dizer
que formem todos um único organismo político).

Monarquia (753 a.c – 510 a.c): Rei, Senado, Povo


A forma política da qual Roma nasce é o estado-cidade (civitas) e assim continua durante a república, e sob
certo aspeto, até ao século III d.c. E antes da civitas, que era Roma?
A família romana inicialmente era um agregado de coisas e de pessoas submetidas a um chefe –
Paterfamilias (senhor soberano das famílias). O vínculo que liga as pessoas ao paterfamilias não é de sangue,
mas o de sujeição ao seu poder, que em princípio é absoluto de vida ou de morte.
A família é formada por um conjunto de famílias que se encontram submetidas politicamente a uma
autoridade em comum, o pater gentis. Os membros da gens usam, por vezes um mesmo nome, por se
julgarem descendentes de um antepassado comum.

O poder político de Roma está repartido por 3 órgãos:

Rei (Rex): Sacerdote, chefe de exército, juiz supremo, numa palavra, o diretor da civitas.
O seu cargo é vitalício e não hereditário, cada rei poderia designar um sucessor, porem este só poderia ser
chamado de rei, depois de investido pelo povo no comício das cúrias – lex curiata do imperio – os romanos
tinham a convicção que o poder partia do povo e era transmitido posteriormente ao rei.

Senado (senatus): O rei (rex) era assistido principalmente pelo senado. O senado no início era constituído
pelos patres de gentes fundadoras da civitas enquanto, mais tarde pelos homens na vida.
Senatus deriva de senex (velho) escolhidos só entre patrícios. Os plebeus inicialmente não poderiam fazer
parte do senado, mas depois alguns plebeus foram podendo fazer parte o que deu origem à criação da
designação patres conscripti. O senado é uma das instituições políticas mais antigas de Roma, foi criado
sobretudo para aconselhar o rex formando assim uma espécie de junta consultiva ao rei.
Havia também as atribuições de nomear o interrex que – membro do senado que tinha a função de exercer
o poder supremo, durante o interregnum existente entre a morte e a proclamação de um sucessor e a de
conceder a autorictas patrum (consentimento, ratificação) às leis votadas nos comícios, para que elas
fossem válidas.
A resposta do Senatus, dada as consultas que eram feitas chama-se senatusconsulto.

Povo










pq
Nunca foram

considerados uau
-
aves

A sociedade romana, desde o início era formada essencialmente pelos patrícios (aristocratas, de classe
social elevava; tinham todos os direitos;). Os patrícios tinham todos os poderes, os plebeus não. Os plebeus
desejavam equiparação aos patrícios, já que, embora de classe inferior, desde sempre nunca foram
considerados estrangeiros, sempre parte do povo romano. desejavam
% atingir condição
a
de 09 Civil as

Plebeus: Eram tao cidadãos como os patrícios, possuíam a condição da civitas na organização político-
militar. A plebe servia-se principalmente da tribus para estabelecer uma organização à parte, e com chefes
próprios (os tributos da plebe), formando como que um estado dentro do estado, a luta entre plebeus e
patrícios durou séculos, mas os plebeus acabaram por triunfar.

O povo era detentor de uma parcela do poder político, exerceria os seus direitos manifestando a sua
vontade em assembleias, denominadas de comícios (comitia, celebrados em determinados dias ou quando
convocados)
Comitia curiata: comícios mais antigos e importantes; de início eram só patrícios mas os plebeus também
conseguiram acesso;

A partir da república, as atribuições pelos comitia foram absorvidas pelos comitia centuriata e pelos comitia
tributa, conservando apenas atribuições religiosas.

Nos comícios não se contavam os votos por cabeça, mas, respetivamente, por cúrias, centúrias ou tribos:
cada um destes agrupamentos, por maior que seja, possui um voto.


República (530 a.c – 27 a.c)

A constituição política de roma nos primeiros tempos da republica não sofre grandes alterações, sendo que,
se pode considerar que a republica so principiou em 367 a.c, quando se estabeleceu uma verdadeira divisão
de poderes pelas várias magistraturas criadas nessa altura. A partir de 510 a.c o poder supremo não
pertence somente a um único chefe (rex), mas geralmente a dois (os cônsules) exercendo estes últimos um
cargo por um ano (e não um cargo vitalício), sendo eleitos pelo povo (ao invés de sere, designados pelo
antecessor ou pelo senado). A constituição republicana consta três grandes elementos: magistraturas, o
senado e o povo.

Magistraturas (magistrados)
Substituem o elemento monárquico
A palavra latina magistratus tanto significa cargo a governar (magistratura) com a pessoa que governa
(magistrado): na terminologia romana “magistrado” compreende todos os detentores de cargos políticos de
consulado para baixo
Os magistrados são verdadeiros detentores do imperium que anteriormente tinham os reis, sendo que o
imperium é um poder absoluto/soberania do qual os cidadãos não se podem opor.

O carater absoluto do imperium fica limitado por 3 circunstâncias
Temporalidade: cargos de 1 ano.
Pluralidade: O poder estava repartido por várias magistraturas, ou seja, por cinco graus de magistrados –
consulado, questura, censura, pretura e edilidade curul;
Colegialidade: dentro de cada magistratura, por exemplo, no consulado havia mais um magistrado, cada um
dos colegas estava encarregado de um determinado setor, dentro do qual tinha poder absoluto, imperium,
mas o outro colega ou magistrado de ordem superior podia exercer o poder de veto (ius cessionis)

As magistraturas importantes eram: a dos cônsules, a dos censores, a dos pretores, a dos questores e a dos
edis curuis - as magistraturas designavam-se ordinárias por estarem integradas numa certa hierarquia

A ordem hierárquica, contado do cargo inferior, era: questor, edil curul, pretor, cônsul, censor

Poderes dos magistrados: socialmente
reconhecido
o poder
µ

Representar
÷:*
i.
Patetas


Poderes
dos
{ EIE Ia ,

Iurisdictio

Magistrados


-
Administrar a
Justiça
ç de forma Normal
Como se verifica, o pretor era um magistrado que tinha 3 poderes: Potestas, imperium e iurisdictio. No
aspeto jurídico, a magistratura mais importante (excetuado sob certo aspeto a dos cônsules) é a dos
pretores.

Pretor } Principal Magistrado
¶ A palavra pretor significa que vai à frente, o que está à cabeça
¶ Ao principio era uma designação genérica para indicar o chefe de qualquer organização: dito isto, os
cônsules eram os magistrados mais antigos, considerados os imediatos continuados dos reis como
detentores de poder supremo, de início intitularam-se de preatores, isto é, chefes militares;
Primeiramente os pretores tinham a função de consultar (consulere), convocar o senado e o povo e
não de comandar exércitos.
¶ Após a criação da questura (450 a.c) e da censura (em 443 a.c), a palavra “praetor” ainda conservou
um caráter genérico, pois era nome com de qualquer magistrado (cônsul, questor, censor)
¶ Magistratura dos pretores: criada em 367 a.c, pelas leges “liciniae sextiae”
¶ Com a magistratura dos pretores, “preator” deita de ter caráter genérico para significar apenas o
magistrado especificamente encarregado de administrar a justiça de uma forma normal ou
corrente, nas causas civis, através de duas fases: a “fase in iure” e a “fase apud iudicem”












¶ Inicialmente só existia um pretor, mas a partir do ano de 242 a.c, a administração da justiça é
distribuída por dois: o pretor urbano (preator urbanus), encarregado de organizar (dentro das
normas do ius civile) os processos civis em que só interviessem cidadãos romanos; e o pretor
peregrino (preator peregrinus), incumbido de organizar (mas dentro das normas do ius gentium) os
processos em que pelo menos uma das partes era um peregrino (um non-cives)
¶ Quando se fala em pretor era o interprete da lex, mas sobretudo defensor do ius

Senado

! Representa o elemento aristocrático

! Segundo elemento da constituição republicana

! Órgão político por excelência da república

! Nas relações internacionais de Roma, vem indicando em primeiro lugar não o povo, mas o senado.

A fórmula passou a ser “Senatus populusque romanus”


! Constituído pelas pessoas mais influentes da civitas, tinha um verdadeiro poder aristocrático

! No senado encontravam-se reunidas a autoridade (formada sobretudo pelos antigos magistrados) a

riqueza e o saber técnico. §


torrava
o poder do

iuuperi
um
! O senado não possuía um império, mas tinha a auctoritas eficiente

! Não era dotado de funções prepotentes, na aparência, mas na realidade, o senado republicano devido ao

seu caráter permanente, gozava de uma influência social extraordinária


! No aspeto jurídico, as suas decisões tinham a forma de conselho, as suas decisões tinham a forma de

conselho, mas na prática, eram verdadeiras ordens


← Poder lego cativo
! A atribuição mais importante era a da concessão da auctoritas patrum para que as leis, depois de votadas
e aprovadas nos comícios, tivessem validade, a partir da lex publilia phionis (339 a.c), essa aprovação do
senado passa a ser concedida antes de ser votada pelos comícios a proposta de lei
! A verdadeira deliberação (com efeito normativo), é a auctoritas patrum do senado.

! O povo nos comícios, agora, como que se limita a sancionar (a dar, portanto, um mero consentimento e

não já um verdadeiro iussum) aquilo que na realidade é a vontade dos senadores ou, quanto muito, dum
magistrado. dum autor it as Pactuam
↳ tequila
Povo
Representa o elemento democrático
Terceiro elemento da constituição republicana
Reúne-se em assembleias ou comícios, cujos poderes são essencialmente o de eleger certos magistrados e o
de votar, nos termos acima referidos, as leis propostas por aqueles magistrados;
Em certas circunstâncias, os comícios funcionavam como tribunais de última instância, quando tinha lugar a
provocatio ad populum.

4TIPOS DE COMÍCIOS:












A constituição da república de Roma fundava-se, portanto no equilibro de três grandes forças: O imperium
dos magistrados, a autorictas do senado, a maiestas do Populus. Estes equilíbrios entre forças autocrática,
aristocrática e democrática, dotou a república romana duma grande flexibilidade, permitindo a superação
de graves crises internas e externas.


Principado (27 a.c – fins do sec. III)

Prínceps, senado, povo
A constituição republicana a certa altura torna-se insuficiente para as novas realidades.
Essas novas realidades são:
- alargamento extraordinário do poder de Roma, que se estende desde a Hispânia e as gálias até à Asia
menor, dominando todo o mediterrâneo
- uma grave e profunda desmoralização da gente de Roma
O aparecimento de novas classes sociais
O antagonismo entre a velha nobreza e a nova aristocracia formada por armadores de navios, banqueiros e
industrias
Lutas de classes de vária ordem
Revolta dos escravos que pretendem liberdade.

Após inúmeras desilusões com quem estava no poder, por exemplo, a monarquia de César, o povo romano
considera octavio cesar augusto o prínceps civitalis, o primeiro entre os cives, o mais indicado para restaurar
a paz e a justiça, após o período do caos moral, políticio e económico.
Augusto instaura uma nova forma constitucional – o principado
Augusto declarou fim das guerras entre o oriente e o ocidente, impulsionando o engrandecimento de Roma
em todos os ramos do saber. Para além de transmitir elementos de cultura, religião e língua latina às regiões
onde se fixavam as guarnições militares, bem como a criação de condições favoráveis para o
desenvolvimento das economias locais, a sua presença impunha o respeito e a aceitação incondicional da
soberania de Roma: a paz romana, mais conhecida na altura por paz augusta.

Princeps
¶ Novidade trazida por esta reforma constitucional, instaurada no ano de 27 a.c
¶ Figura central da nova constituição política
¶ Acumula uma serie de títulos e de faculdades que lhe são outorgadas pelos órgãos republicanos
sobreviventes.
¶ Augusto renuncia o consulado e recebe como caracter vitalício a tribuna potestas e é lhe concedido
também o imperium proconsultare maius por dez anos.
¶ O Princeps não é magistrado
¶ Encarna o novo órgão político, de caráter permanente, investido de um imperium especial e de
tribuna potestas, constatando com as velhas características da temporalidade, da colegialidade, e da
pluralidade
¶ Gradualmente a figura de prínceps vai concentrando três poderes: o melhor imperium das
magistraturas, a auctoritas do senado e sob certo aspeto a maiestas do populus.

Senado
¶ Ao início ganha uma certa importância, sendo que as suas decisões (senatusconsulta) durante um
século têm caráter legislativo
¶ No tempo de augusto, perde grande importância por parte da sua autoridade política que vai
passando gradualmente para o Princeps.
¶ No final do principado, os senatusconsulta são apenas discursos do imperador.

Povo
¶ Os comitia não foram abolidos, mas pouco a pouco, deixam de funcionar e vêm a morrer por
inatividade
¶ As suas atribuições passaram para o senado, mas sobretudo, para um novo elemento que se vem
afirmando no tempo de Adriano – o Exército.
¶ Criação do corpo burocrático de funcionários – oficiais da casa do Princeps – que hão de chegar a
fiscalizar tudo. Estes funcionários dependem unicamente do imperados, respondem perante ele e
administram o império segundo uma diretriz burocrática.

Governadores das províncias
Província: cargo confinado a um magistrado, e especialmente administração de um território conquistado; o
próprio território sobre um qual um magistrado exerce os seus poderes.
Inicialmente e em rigor, só os territórios sob o domínio de Roma situados fora da península itálica e
conquistados por um general tinham o nome de províncias.

Normas das Provinciais
- Estabelecidas por uma lei, lex provinciae







¶ Dentro de cada província há cidades com estatutos diferentes: civitates foederatae, formalmente
independentes, as civitates liberae, com autonomia administrativa, as civitates imunes, isentas do
pagamento de imposto, as civitates stipendiarie obrigadas a uma tributação fixa, cuja efetivação
estava a cargo do questor.
¶ Os governadores das províncias tinham imperium e iurisdictio
¶ Em ordem à administração da justiça, a província estava dividida em distritos, que o governador
visitava periodicamente
¶ A aplicação do ius romanum nas províncias: não era pura, era adaptado às várias condições especiais
da administração da justiça na província; o direito romano tinha necessidade de provincializar
traduzindo-se então no direito provincial (lex proviciae)
¶ Os governadores romanos obtinham lucro das províncias, através de tributos em géneros, o salarium
(pago em sal)


Dominado (284-476)

Absolutismo

Os cinquenta anos antes da subida de diocleciano ao poder caracterizaram-se por:
¶ Lutas internas devido ao problema da sucessão de imperadores e ainda por causa da exigência
manifestada por várias províncias de quererem equiparar-se a Roma.
¶ Falta de prestígio da autoridade publica
¶ Conflitos entre o império romano e o cristianismo
¶ Crise económica
¶ Infiltração dos Bárbaros
¶ Demasiada extensão do império

O Diocleciano, soldado severo e autoritário, subiu ao poder em 284, aclamado imperados aos seus
companheiros de armas. Inaugura um novo regime político, nos moldes do absolutismo à maneira oriental.
Proclama-se dominus (senhor único) e ainda se intitula deus com respetivo direito a uma adoratio, sendo
que o seu poder não provém de uma lex curiata de império, mas de uma investidura divina.
Este mito de divindade tenta ser destruído pelo cristianismo pelo que, diocleciano, ordena uma perseguição
muito violenta contra os cristãos – era de diocleciano ou dos mártires.
Diocleciano procede a várias reformas: administrativa, económica, financeira e política; reconhece a
impossibilidade de manter todo o império sob um único comando. O absolutismo trouxe consigo o
separatismo
(1) Em 286 ocorre a primeira divisão do Império: diocleciano no oriente e Maximiano no ocidente,
assistido cada imperador por um consistorium (espécie de conselho de estado) e por um Caesar
(íntimo colaborador e será o sucessor)
(2) Constantino consegue outra vez a união do império, mas por pouco tempo.
(3) Teodósio, em 394, reúne mais uma vez o oriente e o ocidente, mas em 395 divide definitivamente o
imperium pelos dois filhos: Honório – ocidente; Arcádio – Oriente.
Factos da Época do Dominado
¶ Reforma político-administrativa de diocleciano
¶ O Reconhecimento do Cristianismo, a partir de constantino como região oficial, exceto no período
juliano
¶ A tendência para dividir o império entre dois imperadores, por se considerar demasiadamente
extenso;
¶ As invasões dos povos bárbaros, por um lento processo de infiltração



Quedas do Império Romano do Ocidente e do Oriente:












FONTES JURÍDICAS ROMANAS

Formação do Ius Romanum

Conceito de fontes de direito romano
Lugar onde aparece/surge o direito
É tudo aquilo onde nos aparece algo para o ius romanum: ou a produção ou modos de formação ou
mero conhecimento.

I. Numa primeira espécie, cremos poder fixar-se para fins dialéticos, a seguinte divisão e
terminologia a respeito de fontes jurídicas em geral, fazendo a respetiva aplicação às fontes do
Ius romanum
1) Fontes exsistenti – são os órgãos produtores de normas jurídicas (o populos, os comícios, o senado,
os magistrados, o imperador, e os iuriprudentes, porque as suas decisões tiveram caracter
normativo às suas decisões.
2) Fontes manifestandi – são os modos de produção ou formação de normas jurídicas (o costume, a lei,
e a iurisprudencia)
3) Fontes cognoscendi- são todos os textos onde se encontram as normas jurídicas


II. Interessa-nos particularmente conhecer alem desta primeira fonte, quais são as do ius civile e as
do ius Praetorium
A) Fontes Ius Civile: É o que provem da lei, dos plebiscitos, dos senatusconsulto, dos decretos dos
Princeps, da autoridade dos prudentes (iurisprudencia)
B) Fontes do Ius Praetorium: É o que os pretores introduziram com a finalidade de ajudar (interpretar)
ou integrar ou de corrigir o ius civile, por motivos de utilidade publica.

Classificação das fontes Cognoscendi do Ius Romanum
¶ É a que mais nos interessa
¶ A história de um povo é a história dos seus livros
¶ As fontes cognoscendi podem ser agrupadas em 3 secções:
1) Fontes provenientes do mundo romano







2) Fontes elaboradas no ocidente depois da queda do império (476)







3) Fontes elaboradas no oriente depois do corpus iuris civilis







COSTUME

O costume, na ordem do tempo e até certo ponto, é a primeira fonte manifestandi. A sua fonte exsistenti é
o populos
Como todos os direitos primitivos, também o ius romanum, principiou por ser consuetudinário, isto é, um
direito cuja fonte única inicialmente era o costume.
O conceito “costume” para os romanos teve bastante divergência entre autores.
O costume primitivo dos romanos é diferente, no conceito, do costume atual, que por sua vez deverá ter
surgido só nos princípios da época-clássica. Ideia de costume nas fontes jurídicas e extrajurídicas: usus, mos
(mos maiorum, mores maiorum) e consuetudo.

A primeira palavra, usus, poucas vezes é empregada no sentido de verdadeira fonte de direito. É muito mais
frequente o seu emprego com o significado de hábito de agir, sem que isso constitua propriamente uma
obrigação ou até um simples dever.
A questão reduz-se, portanto, aos significados (e respetivas diferenças) de mos (mores) maiorum e de
consuetudo.

Mores Maiorum e Consuetudo – Conceito Moderno

¶ Consuetudo: Surge para traduzir a ideia de costume. É destinada exclusivamente a designar o
costume no sentido moderno - Observância constante e uniforme de uma regra de conduta pelos
membros de uma sociedade social, com convicção da sua obrigatoriedade, correspondendo a uma
necessidade jurídica.
¶ Mores Maiorum: Foi a primeira expressão usada para exprimir a ideia de costume. Significa
essencialmente a tradição de uma comprovada moralidade. É uma tradição inveterada (antiga) que
se impunha aos cidadãos como norma e como fonte de normas nas suas relações recíprocas,
limitando cada um a uma superfície de terra romana: regra distribuidora. Portanto quando se fala
em mores maiorum, para os romanos os princípios nos derivavam dos antigos para as novas regas,
de acordo com as necessidades.
¶ Competia aos prudentes (juristas) interpretar os mores maiorum – revelar. A primitiva ciência do
direito emanava toda dos mores maiorum.





Costume “Mores maiorum” e “Ius non-scriptum”

No início, a moral, a religião, moral e o direito eram como um só. Assim a primitiva interpretatio estava só a
cargo de antigo sacerdotes-pontífices (desde o início para os romanos, os cargos de juristas deveriam
pertencer a classes superiores). Toda a atividade da ciência jurídica (iurisprudentia) que se concretizava era
reduzida à interpretatio: é designada sempre por ius non-criptum. Logo, costume (mores maiorum) não se
identifica com o ius non-criptum.

Fases do Costume (“mores maiorum”) como fonte do “Ius Romanum”

Etapas:
1- 753-242 a.c
2- 242-130 a.c
3- 130-230 d.c

1- Primeira etapa da época arcaica: Dois períodos
(1) Antes da lei das XII tábuas: Os mores maiorum eram a fonte única do ius romaum. Essencial era
revelar/descobrir/interpretar
(2) Depois da lei das XII tábuas: Os mores maiorum ainda continuam como fonte importante do ius
romanum, sobretudo no que respeita ao direito publico.
No direito privado, a interpretatio volta-se exclusivamente para a lei das XII tábuas.
2- 2ª etapa da época arcaica até à época pós-clássica. Nesta fase, o costume (mores maiorum), como
fonte do ius romanum, em direito privado reduz-se a um mínimo; em direito publico, sobretudo
direito constitucional e direito administrativo.
3- Época Clássica. Nesta sua última fase, os mores maiorum quase desaparecem por completo como
fonte autónoma, para se assumirem noutras fontes do ius romanum.

Época Pós-clássica – Costume “consuetudo” como fonte de direito
O direito romano sempre defendeu que a lei é uma das fontes de direito, mas não é a única nem deve ser a
mais importante, precisando sempre de um corretivo. Até à época pós-clássica, esse corretivo foi
desempenhando um ius Praetorium e sobretudo pela jurisprudência. Na época pós-clássica, a lei tornou-se a
única fonte de direito. Surgiu como corretivo o consuetudo (costume), como resultado de “os atos
contínuos e prolongados, com consentimento de todos, têm valor de lei”.
Nas fontes pós-clássicas e justianeias descobrem-se algumas das características que a atual ciência jurídica
fórmula a respeito do costume:
(1) Observância geral (consensos omnium)
(2) Prática durante largo tempo (vetustas, diuturni actus, longa ou inveterada consuetudo)
(3) Persuasão do seu caráter obrigatório.
(4) Âmbito da sua eficácia













Lei das XII tábuas

A lei das XII tábuas é a primeira lei do Ius Romanum

¶ Sempre que se fala em lei publica entende-se que seja uma lege roagatae

¶ A lei (= lei publica) traduz-se numa determinação geral (=norma) aprovada pelo povo e proposta
pelos magistrados.

¶ No período mais antigo do Direito Romano existiram leis comiciais (= votadas pelos comícios) A lei
das XII tábuas é a lei votada pelos comícios.

Antes da lei das XII tabuas existiram as lege regiae, terão sido verdadeiras leis (=votadas pelos comícios)?
Duvida.

Leges regiae OU Ius Papirianum?
Apenas na literatura jurídica da época imperial é que se começou a falar de uma coletânea de normas
jurídicas, composta por leis votadas pelos comícios das cúrias, sob proposta dos reis (por isso, leges regiae,
reis).
A coletânea foi elaborada por um jurista e pelo pontifex maximum Papirus

Critica relativamente às leges regiae:
¶ Estas leis existiram mesmo, pois existem fragmentos delas
¶ Estas leis não são votadas pelos comícios, pelo que não são verdadeiras leis ((1) – são atribuídas
sobretudo à iniciativa dos 6 primeiros reis (reis lendários, sem veracidade); (2) – Todos os
fragmentos dos quais nós temos posse atualmente são de caráter sagrado, pelo que os comícios não
teriam competência para criar tais leis sagradas; (3) - Já antes da época imperial, escritores antigos
tinham chegado à conclusão de que a lei das XII tábuas era a primeira lei que existiu, pois antes só
tinham existido os mores maiorum).
Conclusões:
As pseudo leis régias são preceitos consuetunários, compilados pelas iurisprudencia pontifícia, e passos de
alguns edictos religiosos de pontífice a até de reis, pois também desempenhavam a funções de sumos
pontificies
A atribuição da coletânea destas normas a pontefix maximum (papirus) deve ser apócrifa e foi realizada pela
primeira por certos escritores do tempo de augusto e posteriormente mais alguns.

O que dizer à tradição e qual o seu valor, a respeito da lei das XII tábuas?
De acordo com a tradição, realizou-se em roma uma obra de grande envergadura. Esta, foi produzida por
uma comissão de 10 homens (instituídos para este fim) que redigiam as leis, foi aprovada nos comícios das
centúrias, afixada publicamente no fórum e posteriormente afixada em 12 tábuas de madeira.

Este documento teve reivindicações jurídicas dos plebeus: na interpretatio dos mores maiorum, os plebeus
eram quase sempre mal tratados, sendo tudo deveres e dificuldades enquanto que para os patrícios era
tudo facilidades e direitos. Assim os plebeus começaram a se revoltar, exigindo uma lei escrita (em regime
de igualdade). Contudo, essa exigência demorou muito para que fosse concretizada, pelo que só mais tarde
se iniciou a preparação dessa tal lei.
¶ Em 451 a.c o povo reunido nos comícios das cúrias e das centurais nomeia uma magistratura
extraordinária composta por 10 cidadãos patrícios (decemviri patrícios). Estes durante o ano em que
tinham para fazer o tão desejado código, gozariam de plenos poderes. Nesse ano foram realizadas
10 tábuas que foram aprovadas pelos comícios das centúrias.
¶ No ano seguinte, não sendo suficiente apenas 10 tábuas, convocou-se um novo decenvirato
(constituído por patrícios e plebeus), que elaborou mais duas; mas a sua forma de governo não
agradou o povo, pelo que após o seu mandato tiveram que ser expulsos através de uma revolta
popular. Consequentemente, o povo não provou estas duas tábuas nos comícios.
¶ Posteriormente, em 449 a.c o povo elegeu, de forma normal dois cônsules: valerio e horacio, que
mandaram afixam no fórum das XII tábuas (10 aprovadas + 2 não aprovadas), apesar do
descontentamento do povo: as doze tábuas traduzia, “a fonte do direito publico e do direito
privado”
¶ Por último, o relato da tradição diz que estas XII tábuas teriam sido destruídas no incendio de Roma.

Tese de Pais, Lambert e Baviera












Critica a estas opiniões:
¶ As teses anteriormente mencionadas não são absolutamente aceis pelos romanistas
¶ O que a tradição relata acerca da Lei das XII tábuas é aceite substancialmente;


Data da lei das XII tábuas
Visto que a tradição aponta como datas da promulgação e feitura as de 451 a 449 a.c, é de aceitar a data
450 a.c.

O texto da Lei das XII tábuas:
¶ Devido a vários fatores, o texto da lei das XII tábuas não chegou totalmente completo até nós.
¶ O conhecimento que se tinha, até aos fins da república, fundava-se exclusivamente na tradição oral e
escrita.
¶ Desde o século XVI que os fragmentos do texto da lei das XII tábuas, transmitidos quer literalmente,
quer apenas quanto ao sentido, têm sido objeto de estudo critico, que originou a publicação de
várias adições.


Divisão, conteúdo e importância da Lei das XII tábuas












A atividade da interpretatio (iurisprudencia) depois da lei das XII Tábuas.
¶ Antes da lei das XII tábuas, o Ius romanum era um ius consuetudinarium (=baseado nos mores
maiorum). Agora é o ius legitimum (fundamentado na lei das XII tábuas), onde os iuris prudentes
criavam direito novo e instituições novas que não estavam contias nas doze tábuas.
¶ A atividade a iurisprudentia arcaica, que a princípio se reduzia a interpretatio identificando-se com
ela, não desapareceu com a promulgação da lei das XII tábuas, como à primeira vista poder-se-ia
julgar.

Análise da Tábua III











































Fontes do Ius Civile

Leges (Sentido estrito) Rogatae, Datae, Dictae
Após a lei das XII tábuas o ius romanum deixou de ser um ius consuetudinarium – isto é baseado
exclusivamente no costume, para passar a ser um ius legitimum (direito legitimo, ou seja, baseado
fundamentalmente na lex, tomando este termo num sentido muito amplo.) O costume cedeu o seu lugar às
leis (leges).

Conceito de Lex: Noção etimológica e noção real
Noção etimológica – Ainda os autores não se encontram de acordo a uma definição quanto a etimologia de
lex, temos várias opiniões:
¶ Ler:
¶ Eleger:
¶ Obrigação:
¶ Legado:
¶ Fixar:
¶ Conclusão:

Noção Real: A lex é toda a declaração solene com valor normativo, baseada num acordo (expresso ou tácito)
entre quem a emite (a declaração) e o destinatário ou destinatários.
¶ A lex vincula num duplo sentido: vincula aquele que a declara, e a pessoa ou pessoas às quais se
destina.
Lex Privata








Lex Publica








Leges Publicae – Evolução
1- Do sec. V até ao séc. III (242 a.c) as leis que existiam eram leis comiciais, ou rogatae e plebiscitos.
Como anteriormente referido, as lex antonomásia, é maioritariamente a deliberação proposta por
um magistrado e votado pelos comitia (assembleia geral de pessoas) – lex Rogata-
Equivalente à lex Rogata, está o plebiscitum, ou seja, a deliberação apresentada pelos tribunos da
plebe e votada nos concilia plebis (assembleia da república da Roma antiga)
Plebiscita
(1) No início apesar de terem um caracter normativo não jurídico não vinculavam coercivamente, não agiam
como leges, não vinculavam patrícios nem plebeus.
(2) Em 449 a.c adquirem força vinculativa igual à das leges, mas apenas em relação aos plebeus (com a lex
valeria Horácia de plebescitis)
(3) No ano de 287 a.c a lex hortênsia de plebescitis determina que vinculem, como as leges tanto plebeu
com os patrícios. Os Plebiscitos são equiparados às leis comiciais.

¶ As leges rogatae e os plebiscitos têm em comum a proposta de um magistrado, rogativo. Com o
objetivo final de ser a rogatio (carta legislativa) comum a leges e a plebiscita e de terem a mesma
força vinculativa, nem sempre a terminologia é precisa. Plebiscitum referem se tanto a leges como a
plebiscitos, noutras vezes a palavra leges é usada para descrever deliberações, estes são verdadeiros
plebiscitos. No geral, estas (leges) distinguem-se por terem dois nomes dos cônsules do ano, as leis
distinguem-se por apresentarem apenas um nome (plebiscita) exceto se se tratar de leis ditatoriais
que são as decisões provenientes de um ditador que era apenas um a magistratura excecional.
¶ As leges (rogatae) e os plebiscita foram as únicas leis publicas que existiram em Roma até à sua
expansão mediterrânica, aproximadamente até ao ano de 242 a.c

Fases do Processo de Formação das Leges Rogatae

1- Promulgatio
Os projetos das leges a propor à votação dos comitia geralmente eram feitos pelos magistrados que tinham
o poder de convocar os comícios. O texto do projeto deveria ser afixado num local publico de modo a que
todas as pessoas o pudessem ler e ter conhecimento, esta afixação da proposta deveria durar pelo menos 3
semanas. Afixação da proposta – promulgatio
O Projeto Lex, uma vez promulgado, tornava-se inalterado. Para se poderem fazer alterações que tinha que
se fazer um novo projeto e voltar ao inicio, para garantir a inalterabilidade que foi introduzida pela lex licinia
lunia (62 a.c), a obrigação sobre a pena de um iudicium publicum (julgamento publico), de deixar uma cópia
do projeto no aeranium
2- Conciones
Conciones eram reuniões convocadas por um magistrado e realizada em praça publica. Discutia-se a lex.
Os conciones realizavam-se no período entre a promulgatio e a convocação dos comícios.
Tinham uma duração variável, nunca podendo estender-se depois do por do sol.
Tinham este nome porque ninguém podia falar sem que a pessoa que presidia cedesse a palavra
Os discursos favoráveis denominavam-se: Suaciones e os discursos desfavoráveis denominavam-se
dissuasiones.
3- Rogatio
Terminado o prazo de o trinundium (3 semanas) promulgatio convocavam-se os comícios e reuniam-se em
assembleia. O magistrado que presidia, depois de ter cumprido várias formalidades de caracter religioso, lia
ou mandava ler por um arauto o texto do projeto lex
O pedido de aprovação da lex era a rogatio.
4- Votação
O voto afirmativo ou negativo tinha efeito com as seguintes palavras sacramentais “como podes” (uti rogas),
“voto favorável” (antiquo) “voto desfavorável” (Non liquet, o assunto não está claro) e abstenção.
No início a votação era feita oralmente. Com a lex Papiria Tabellaria (131 a.c) o voto passou a ser escrito e
secreto
5- Aprovação pelo senado
Depois de votada pelos comitia, a lei precisava de ser referendada pela autorictas patrum.
A partir da lex Publia Philonis do ano de 339 a.c essa auctoritas passou a ser dada antes de a proposta ser
votada pelos comícios, ou seja logo a seguir às canciones. O projeto da lex tinha de ser aprovado ou
rejeitado totalmente e as em
endas ou alterações (sugeridas nas conciones, votadas nos comitia, ou exigidas pelo Senatus) faziam com
que se tivesse que elaborar um novo projeto.





Sistema de designação das leges rogatae
¶ As leges rogatae citam-se pelo nome do magistrado, por exemplo lex Cornelia significa que o
magistrado tinha o nome de cornelius. Se por acaso houvesse mais alguém (magistrado) com o
mesmo nome, para os distinguir, acrescentava-se o respetivo cognomen (cognome).
¶ Se o projeto lex fosse apresentado por um cônsul, então estão presentes os nomes adjetivados e
unidos de dois colegas, por exemplo a lex poetelia papiria foi votada no tempo dos cônsules
poetelius e papirius.
¶ As leges costumavam levar uma indicação sumária do seu conteúdo para evitar confusões entre leis
com designações iguais ou semelhantes.

Partes da Lex Rogata
1) Praescriptio – Espécie de um prefácio que contem o nome do magistrado propoente, a assembleia
que a votou, a data e nome do primeiro agrupamento que abriu a votação e o nome do cidadão que
votou primeiramente
2) Rogatio – Parte dispositiva da lex (parte expositiva)
3) Sanctio – Parte final da lex que estabelece os termos da sua eficácia e sua relação com outras
normas declarando respeito:
¶ Pelos mores maiorum: código não escrito pelo qual os romanos derivavam as suas normas
sociais, conceito do tradicionalismo pois a lex não se considera uma inovação mas sim uma
confirmação e defesa da tradição de uma comprovada moralidade.
¶ Pelas velhas leis que não se podem anular (inderrogáveis), como por exemplo, as leges
sacratae (leis juradas por patrícios e plebeus para acabarem com as suas lutas.
Assim ao contrario do que acontece hoje em dia em que a nova lei abole a antiga, a infração
dessas normas inderrogáveis implicava, maioritariamente, a nulidade das leges novas.

Classificações das leges rogatae quanto à sanctio (sanção)
Normalmente o ius não pode ser alterado por uma lex, por isso as leges rogatae não declaram nulos atos
praticados contra as suas disposições, mas sim limitam-se a impor multas ao infrator ou a reprovar.
Classificação das leges rogatae quanto à sanctio:
1) Perfectae: declaram-se nulos os atos contrários às suas disposições
2) Minus quam perfectae: impõem-se apenas multas
3) Imperfectae: não se anulam os atos contrários nem se impõe nenhuma sanção; não significa que
possa ser transgredida à vontade: os magistrados dispõem de expedientes para tornar ineficazes
essas transgressões.

Depois do séc. III (ano 242 a.c) e a partir do século I d.c para além das leges rogatae existiam outras, as leges
publicae:

¶ Leges Publicae Rogatae:
A lex rogata ou comicial até cerca de 242 a.c foi a única forma de lex publica e uma fonte de direito
com alguma importância. De242 a.c até ao século I d.c a lex rogata, como fonte de direito, entra em
decadência devido ao aparecimento do mandato do pretor que rapidamente ganha preferência
entre outras fontes de direito.
Conhecem-se varias leges rogatae, desde logo a lei das XII tábuas, a primeira lege roagatae que
existiu, mas também outras, como a lex poetelia papira: proibição do nexum dare (servidão de
divida), a lex cincia: que proibia negócios de doação, era uma lei imperfeita; A lex falcidia: ou uma lei
ou um plebiscito que determinava questões do direito sucessório romano
¶ Leges Publicae Datae:
Existe uma segunda espécie de leges publicae que se denominam de leges datae. Estas seriam leis
ditas por um magistrado, em virtude de um poder especial, que o povo lhe concedeu

¶ Leges Publicae Dictae: Estas leges são leges proferidas por um magistrado em razão dos seus
próprios poderes. A lex dicta é a forma sincopada da lex rei suae dicta (primeiramente privada)
aplicada ao direito púbico. A lex dicta é falada em consequência dos poderes gerais e próprios do
magistrado, mesmo que tenha recebido do povo, quando este elegeu para uma certa magistratura.

A partir do século II d.c, as leges publicae principalmente as leges rogatae, começaram a ficar
para trás dando origem aos senatusconsutos e às constituições imperiais.
As leges rogatae começaram a ser cada vez menos devido à decadência dos comícios. No seculo I d.c, o
senado inicia a sua atividade legislativa e no século II d.c começa a afirmação e a consagração do poder
imperial. Assim a lex rogata acaba de vez antes do século III d.c
No final do século II d.c existe um novo tipo de lei, a vontade absoluta do imperador (constituições
imperiais)

Nos séculos IV-V, baixo império, a palavra leges significa ius novum e opõe-se a ius ou a ius vetus.
A palavra leges tem um outro significado que são as constituições imperiais (Corpus Iuris Civilis é uma
coletânea de leges, ou seja, constituições imperiais. Estas, a partir dos séculos IV-V são a única fonte de
direito, e o imperador, com a sua vontade absoluta, é o único cirador de ius e o seu único interprete.
O ius ou ius vetus, é todo o direito antigo ou tradicional criado pelas leges rogatae, datae, dictae, pelos
Senatusconsultos, pela iurisprudencia, mandato dos magistrados e até por constituições imperiais
anteriores até ao século IV. Senado sem valor
Antigamente consulta feita

{
: ao
)
.


⑨ tarde veio
adquirir valor a Decisão
do Senado
Leges (sentido amplo) : a

a) Conceito de Senatusconsultos:
Inicialmente era uma palavra tem como significado uma consulta feita ao senado: antigamente
certos magistrados para resolverem determinados assuntos eram obrigados a consultar o senado,
mas não seguiam a sua opinião.
Desde que a opinião do senado começou a ter valor, na prática, e a não ser indiferente ao
magistrado o Senatusconsultum começou a significar uma decisão do senado.
Os Senatusconsultos são uma fonte de direito Civil (ius civile) muito importante, gradualmente
ganhando categoria de norma jurídica.

b) Como adquiriram força legislativa
i. No inicio do sec. I a.c os senatusoconsultos eram pequenas opiniões (meros pareceres) do
senado dadas aos magistrados que o consultavam. Apenas tinham carater consultivo. A
intervenção do senado em matéria legislativa limitava-se: a conceder ou não a autorictas
patrum às leis comiciais e a remendar aos magistrados (que tinham o poder de convocar
assembleias populares (ius agendi cum populo) certas medidas para depois serem votadas
em comícios.
ii. A partir do século I a.c os Senatusconsultos eram fonte de mediata de direito principalmente
através do pretor (que a partir da lex abebutia de formulis passava a criar o verdadeiro
direito.) O senado começou a surgir aos pretores e depois a indicar a matéria para os seus
mandatos. Assim, os Senatus consultos tornavam-se fonte de direito através do mandato
(edicto) do pretor. Eram fonte mediata, porque a imediata continuava a ser sempre o
mandato. O senado podia assim legislar. No final o senado, com estas novas regras, tinha o
ambiente ideal para começar a criar um novo direito sem ter a necessidade de recorrer ao
pretor ou aos comícios
iii. Desde o inicio do principado, os Senatus consultos já são fonte imediata de direito.
O Senado começou a sua atividade legislativa com muito cuidado: primeiro os
Senatusconsultos com força de lei (4 a.c) trata da matéria processual. Este estava preparado
para criar normas jurídicas, ou seja, legislar, no ano 10 d.c. Aparece o primeiro com esta força
legislativa sobre o direito substantivo que é o senatusconsutum silanianum: este decreto
estabelecia que em caso do assassinato de um senhor (dominus) e de ser desconhecido o
criminoso, todos os escravos que viviam com eles deviam ser torturados e depois mortos.
Esta medida pretendia assim reprimir os frequentes assassinos de proprietários (domini).
Maneira de Os Senatus consultos só começaram a ter força legislativa a partir do principado, algo que
influenciar certamente se estranha, visto que augusto provocou uma concentração de poderes do
Princeps. Na realidade tratava-se de uma maneira de influenciar a vida do principado através
C? )
da remoção da atividade política do senado para passar a ter apenas função legislativa,
substituir a legislação comicial (do povo) pela senatorial e comandar, através do senado, o
poder legislativo.

c) Como os Senatusconsultos foram perdendo a própria força jurídica
No principio do século II, já não era o senado que estabelecia a norma mas sim o imperador
(princeps). Apresentava-se perante o senado, propunha num discurso (oratio) o projeto de um
senatusconstuos e os senadores aprovarem sem haver qualquer tipo de discussão. Os magistrados já
não apresentavam propostas legislativas ao senado, mas que o fazia era o imperador.
Já não é o texto do Senatusconsultos que estabelece a lei, mas sim o discurso do imperador. O
discurso do imperador.
Já não é o texto do Senatusconsultos que estabelece a lei, mas sim o discurso do imperador. O
discurso perde todo o seu carater de uma proposta apresentada pelo senado para passar a
apresentar um verdadeiro mandato do imperado e concentrar nas mãos desta toda a atividade
criadora de um direito novo através das constituições imperiais.


d) Estrutura formal de um Senatusconsultos. Denominação ✓
Consta em duas partes:
(1) Praefatio (prefácio) tem os nomes do magistrado que convoca, dos senhores que estiveram na
redação, o lugar e a data em que se deu a reunião do senado; -

(2) Relatio (conteúdo) narra os motivos, a proposta apresentada, a sentença e a resolução ou


decisão aprovada. Depois era levado para o aerarium (finanças, tesouro publico) e, quando
reconhecido, era registado num livro especial adquirindo força legal, posteriormente era ficado
num local publico. ✓

Denominação
¶ Ou pelo pedido os as vezes pelo nome do magistrado

¶ Ou pela matéria que trata
¶ Ou então pelo nome da pessoa que deu motivo à decisão do senado.
e) Exemplos de Senatusconsultos




×
×

×

# cause deste Seuatucãesultos
proposta
µ
-

:

-

o



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