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Constitucional I

Preliminares

Dicas de manuais
Constitucional I

Preliminares

Formação de uma cultura jurídica


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Constitucional I

Homem, sociedade e suas formas de organização

No princípio era a força. Cada um por si. Depois vieram a família, as tribos, a
sociedade primitiva. Os mitos e os deuses – múltiplos, ameaçadores, vingativos. Os
líderes religiosos tornam-se chefes absolutos. Antiguidade profunda, pré-bíblica, época de
sacrifícios humanos, guerras, perseguições, escravidão. Na noite dos tempos, acendem-se
as primeiras luzes: surgem as leis, inicialmente morais, depois jurídicas. Regras de
conduta que reprimem os instintos, a barbárie, disciplinam as relações interpessoais e,
claro, protegem a propriedade. Tem início o processo civilizatório. Uma aventura
errante, longa, inacabada. Uma história sem fim.

Luís Roberto Barroso


Constitucional I

Homem, sociedade e suas formas de organização

Ubi Societas
Ibi Jus
Em toda e qualquer sociedade há um modelo de organização que traça nortes para as
relações entre os indivíduos e como a força deve ser utilizada.
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Homem, sociedade e suas formas de organização

Animalidade e humanidade:
As inquietações e os anseios para a manutenção vital.
Quais os bens mais importantes?

Dos bens naturais aos bens culturais;

Determinismo biológico as modificações no ambiente: sílex.


Constitucional I

Homem, sociedade e suas formas de organização

Animalidade e humanidade:
As inquietações e os anseios para a manutenção vital.
Quais os bens mais importantes?

Dos bens naturais aos bens culturais;

Determinismo biológico as modificações no ambiente: sílex.


Constitucional I

Homem, sociedade e suas formas de organização

Mundo
cultural
Adaptação Biológica Social
Divisão social
Criação da mente. do trabalho
Possibilidade da fala.
O homem é a única criatura que
consegue sobreviver em todas
os climas e em praticamente
quaisquer condições da natureza
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Homem, sociedade e suas formas de organização

Em toda e qualquer sociedade existe uma tendência de mudança decorrer do aumento


da complexidade das relações;
A força é o meio de chegar ao poder. Mas e se manter? Só pela força?

O direito tem uma pretensão de: segurança, bem-estar, justiça e legitimidade.


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Homem, sociedade e suas formas de organização

- A sociedade como um agrupamento interativo

Ver e ir mais longe a partir da contribuição das gerações anteriores;


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Homem, sociedade e suas formas de organização

A sociedade é representa, de certo modo, uma segunda natureza.

Nos redemoinhos de ideias que sua busca suscita, subsistem certos elementos, sem que se
faça o acordo sobre eles: regras e práticas de conduta obrigatórias, que correspondem a
um sistema; cultural e a uma autoridade legítima, asseguram a produção e a
reprodução de uma sociedade ou de um grupo social e podem ser sancionados por
coerções diversas.

Norberto Rouland
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Homem, sociedade e suas formas de organização

- A sociedade como um agrupamento de pessoas no qual há interação há relações;

Um grupo de pessoas que precisa definir:

1. O que precisamos?
2. O que queremos?
3. O que é valioso para o grupo?
4. Quem é quem no grupo?
5. Quem faz o quê?

6. Como fazer que isso dê certo?


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Homem, sociedade e suas formas de organização

Como fazer que isso dê certo?


Mitos, lendas, religiões, tradições, costumes.

Instituições que possam desempenhar as funções necessárias no momento


necessário;
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Homem, sociedade e suas formas de organização


Coexistência

Sociedade
Subordinaçã
Cooperação
a. Diversos indivíduos; o

b. Que interagem entre si de diversas formas e


que implicam em diversas relações: Coesão
c. Que pode ser cooperativa ou conflitosa; Conflito Integração

d. As formas de ação vão se padronizando ao


longo do tempo e os comportamentos podem Competição
ser padronizados ou desviantes;
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Homem, sociedade e suas formas de organização

Então:

1. A existência de uma sociedade é imprescindível para a criatura humana;


2. Uma sociedade implica em um conjunto de interações (cooperação ou conflitos)
3. Nessas interações, são desenvolvidas relações de poder.
4. Esse poder consegue impor conjunto de regras para que os processos de conflito não
sejam destrutivos socialmente;
5. O poder não pode ser destrutivo nem fraco;
6. Quais são as estruturas e os processos que asseguram tais processos?
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Homem, sociedade e suas formas de organização Idade


• Quais os valores e as instituições básicas nos três períodos clássicos? Antiga
• Como o direito se portava nos diferentes períodos?

• Quais os eventos que importaram na transição de uma era para outra? Média

O constitucionalismo tem uma base sociológica e uma filosofia política


que dá respaldo ao seu desenvolvimento e compreensão macro. Modern
a
• A noção de diferenciação funcional e a separação do direito de outras estruturas
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Homem, sociedade e suas formas de organização

As noções de tese, síntese e antítese.

Problema > Solução > Novo problema > Nova solução

A correlação da história mundial com a história nacional.

A correlação entre teoria, história e as instituições

Um constante ir e vir na temática. Os assuntos estão interligados.


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Homem, sociedade e suas formas de organização

A história do Constitucionalismo não é senão a busca pelo homem político


das limitações do poder absoluto exercido pelos detentores do poder, assim
como o esforço de estabelecer uma justificação espiritual, moral ou ética da
autoridade, em vez da submissão cega à facilidade da autoridade existente.
Karl Loewenstein

A ideia de normas que regem a sociedade sempre existiu.

Mas a ideia de uma Constituição é algo que vai além da mera existência de normas.
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Homem, sociedade e suas formas de organização

Se fala de uma diferença em três pontos:

Quantitativo Não são só regras de comportamento, mas normas que asseguram


direitos e garantias fundamentais.
Qualitativo Tais regras devem ser:

- Superiores;
- Importar em uma separação dos poderes;

Simbólico Não é uma norma criada em um momento qualquer, mas de superação


de um momento social conturbado e que deve significar a superação e
a coesão social em termos de um projeto de nação.
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Homem, sociedade e suas formas de organização

A constituição

• O que é?

• De onde veio?

• Qual sua importância?


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Homem, sociedade e suas formas de organização

Histórico

Filosofia
Prescrição
Constitucional
Constitucionalismo
Teoria
Descrição
Constitucional

Dogmática
As normas em si
Constitucional
Constitucional I

Conceito:

Consideramos ser possível defini-lo como o conjunto das normas jurídico-constitucionais,


estejam elas, ou não, contidas na constituição formal (no documento elaborado e
promulgado como constituição pelo poder constituinte), mas que constituem parte
integrante da constituição normativa, inclusive, quando for o caso, na condição de normas
apenas materialmente constitucionais.
Sarlet, Marinoni e Mitidiero.
A constituição como um pacto sobre um projeto de país.
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Os conceitos:
Os conceitos

Existem três pontos que tornam


o Direito Constitucional Material Formal
essencial e diferenciado:
Um documento que regula Um documento dotado de
1. O tipo de suas normas; sobre superioridade normativa

- Como garantias; Direitos e


Separação dos Organização
- Como instituições; Garantias
poderes do Estado
individuais
2. A hierarquia dela;
Federalismo
3. O aspecto vinculante;
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As funções:
Separação dos Poderes

Horizontal Âmbito Temporal Material

Executivo União Eleições Limites

Legislativo Estados Deveres

Judiciário Municípios
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Peculiaridades:
Objeto Regular o poder
Assegurar direitos ao indivíduos
Hierarquia A distinção entre poder constituinte e poder constituído
O condicionamento de validade dos demais atos do poder público
Procedimento mais dificultoso de alteração;
A necessidade do controle de constitucionalidade

Natureza Norma jurídica


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Peculiaridades:

Supremacia da Ela é uma norma superior a todas as demais e dita as outras


Constituição normas devem ser feitas.

Rigidez Constitucional Ela é uma norma mais difícil de ser mudada.

Normativa Ela pode e deve ser usada na resolução dos casos concreto.
Deve ser densificada e protegida;
Controle de Se algo é feito em contrariedade a ela, há um procedimento
Constitucionalidade que lhe assegura a superioridade.
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A constituição
Dogmático-constitucional Teorética-constitucional
Título I Dos princípios fundamentais

Título II Dos direitos e garantias individuais

Título III Da organização do Estado Qual a melhor forma de organização


Título IV Da organização dos poderes do poder político para a vida em
Título V Da defesa do Estado e das Instituições democráticas sociedade?
Título VI Da tributação e do orçamento

Título VII Da ordem econômica e financeira

Título VIII Da ordem social

Título IX Das disposições Constitucionais Gerais

Título X ADCT
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A constituição

Fundamento Porquê

Constituição Regulamentação Como

Limite O que está fora


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Histórico: constitucionalismo

Em uma perspectiva rudimentar e universalista pode-se falar que toda sociedade tem uma
constituição e que toda terá.

A ideia de constituição como um modelo de organização da vida social.

Entretanto, o próprio conceito de constituição passou por diversas mudanças.

É um modelo de organização política que defende a limitação


do poder do governante em prol dos governados.
Constitucional I

Histórico: constitucionalismo

Não é possível falar em Constitucionalismo, mas em Constitucionalismos;

Existem diversos movimentos históricos interligados que buscam dar uma resposta a
problemas sociais que surgem em um determinado contexto histórico.

Constitucionalismo é a teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado


indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social
de uma comunidade. Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará uma técnica
específica de limitação do poder com fins garantísticos.

(CANOTILHO, 7ª ed, p. 51)


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Histórico: constitucionalismo antigo

A mentalidade social era distinta do que há nos tempos atuais.

O homem serve a sociedade. O homem é uma parte da sociedade (visão organicista).

A importância não é do indivíduo em si, mas enquanto parte da sociedade e desempenhando


as suas funções de modo adequado.

O termo constituição é utilizado em sentido diverso do que é atualmente.

A ideia de uma “constituição” tá relacionada ao termo “politéia”

As diversas esferas (religião, política, economia e direito) estavam interligadas;


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Histórico: constitucionalismo medieval

A idade média não importa em uma total ruptura com a antiguidade, mas uma reformulação
das bases de produção de modo mais descentralizado;

O poder era difuso. Havia um grande pluralismo político;

Entretanto, alguns acordos básicos já podem ser identificados como limites ao poder, como a
Magna Carta de 1215 que foi firmada pelo Rei João Sem Terra com os nobres ingleses.

Sociedade feudal: Descentralizada, privilégios, problemas de segurança e produção.

O que é importante compreender são as graduais mudanças sociais;


Constitucional I

Histórico: a formação do Estado Moderno e a necessidade do soberano

A sociedade feudal vai se organizando, alguns dos problemas vão sendo solucionados e
outras estruturas sociais passam a ser empecilhos para a sociedade.

Se forma uma nova classe social com força econômica.


Os desafios políticos jurídicos: constante angústia e insegurança.

1. Assegurar um grau de centralização interna;


2. Evitar as pretensões hegemônicas do papado e do Império;
3. Proteger o desenvolvimento comercial;
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Histórico: a formação do Estado Moderno e a necessidade do soberano

O período de transição da sociedade feudal

Influências teóricas Iluminismo


Aspecto religioso Reforma protestante
Marcos históricos Revoluções burguesas
Marcos econômicos Ascensão da burguesia e economia de mercado
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Histórico: a formação do Estado Moderno e a necessidade do soberano

Como resolver os problemas da sociedade feudal?

O que é “menos ruim”

1. Temer a todos o tempo todo

2. Temer um o tempo todo

A transição da perspectiva organicista para a individualista e antropocêntrica;


Constitucional I

Histórico: a formação do Estado Moderno e a necessidade do soberano

Como resolver os problemas da sociedade feudal?

Sair do Estado de Natureza e fundar a Sociedade Civil

A noção básica de soberania e autonomia.

Um único poder capaz de assegurar a paz.

Poder ilimitado internamente;


Poder igual e independente aos demais;

Legibus solutus
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Histórico: a formação do Estado Moderno e a necessidade do soberano

A transição da perspectiva organicista para a individualista: a proteção ao indivíduo.


Constitucional I

Histórico: a formação do Estado Moderno e a necessidade do soberano

A noção de fronteira
importa em um limite
político-jurídico para o
exercício da soberania
e assegura a
coexistência pacífica
entre os Estados.
Constitucional I

Histórico: constitucionalismo moderno

Resolvido um problema. A solução tende a apresentar novos problemas.

Porém, realizada a centralização da produção normativa pelo Estado absolutista, o poder


ilimitado dos governantes que o caracterizava passou a significar um entrave para
a continuidade do desenvolvimento do capitalismo: a burguesia emergente
pretendia proteger a liberdade, a propriedade e os contratos também do
eventual arbítrio dos governantes. Emerge a noção de que também os governantes
deveriam se submeter a ordenamentos jurídicos providos de estabilidade e racionalidade.
Daí a plena convergência entre os interesses da classe econômica ascendente — a
burguesia — e o ideário do constitucionalismo, de contenção do poder estatal em favor da
liberdade individual.
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Histórico: constitucionalismo moderno

O movimento filosófico do iluminismo e as necessidades econômicas da burguesia.


Constitucional I

Histórico: as três grandes experiências históricas

A formação do ideal liberal e de proteção ao indivíduo


Pode ser compreendido em diversas esferas

Liberal

Econômico Político

Uma serie de direito estão relacionados a esses dois.


Constitucional I

Histórico: as três grandes experiências históricas

Constitucionalismo Ideia desenvolvida no âmbito da filosofia política cujo objetivo


principal era o de frear o exercício do poder.
Constituição Documento que materializa os anseios provenientes da filosofia
política em normas jurídicas que organizam, estruturam o poder e
conferem direitos e garantias.

Constitucionalização Ampliação do raio de incidência que busca limitar as estruturas de


poder que em alguma medida coisificam o homem.

Obs: Não confundir com o sentido tradicional que é utilizado o termo constitucionalização.
O ideal da filosofia política (conter o arbítrio) transcende a relação com o Estado
Constitucional I

Histórico: as três grandes experiências históricas

O Estado é um mal necessário.

Ele deve atuar em prol do indivíduo e só quando for necessário e em áreas específicas.

Se faz necessário uma estrutura que limite o poder.

Mas as estruturas que se beneficiam com essa sistemática de poder vão aceitar essas
mudanças de modo passivo?
Constitucional I

Histórico: as três grandes experiências históricas


Constitucional I

Histórico: a experiência inglesa

Características:

Primeiras mudanças sociais de grande impacto.

1689: Revolução Gloriosa e adoção do Bill of Rights; O monarca limitado pelo parlamento.
O monarca não pode:
1. Legislar de modo autônomo;
2. Manter exércitos sem autorização parlamentar;
3. Aumentar tributos sozinho.
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Histórico: a experiência americana

Antecedentes:
• Imigrantes de várias nacionalidades fugindo das opressões e liberdade religiosa;
• Ascensão econômica;
• Liberdade de atuação em um bom período;
• Instituições que já limitavam o poder e possibilidade de participação política;
• Posterior opressão do parlamento inglês e o combate entre dois modelos de capitalismo
e burguesias;

Os atos e leis intoleráveis:


Stamp Act , de 1765, o Massacre de Boston, em 1770, e o Boston Tea Party, em 1773
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Histórico: a experiência americana

Consequência:

Se fez necessária uma revolução para a ruptura com a Inglaterra.

Em 1778 foi feito o acordo confederativo, mas esse se mostrou insuficiente.

Em 1787 foi feita a Constituição dos Estados Unidos da América

Fundado na separação dos poderes, rule of law (Estado de Direito).


Constitucional I

Histórico: a experiência americana

Consequência:

Se fez necessária uma revolução para a ruptura com a Inglaterra.

Em 1778 foi feito o acordo confederativo, mas esse se mostrou insuficiente.

Em 1787 foi feita a Constituição dos Estados Unidos da América

Fundado na separação dos poderes, rule of law (Estado de Direito).


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Histórico: a experiência americana

Características:

Liberalismo intenso Federalismo Presidencialismo


Sintética Normativa Common Law

O intenso papel da Suprema Corte nos EUA

A ideia de living constitution:


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Histórico: a experiência francesa

Antecedentes:
• Monarquia centralizada, autoritária e falida;
• Contexto geral de transição da sociedade aristocrata para a burguesa
• O ano de 1789 é o marco da Revolução;

Consequências:

• Um papel especial em virtude da sua pretensão de universalidade;


• O fracasso pontual da revolução é minimizado ante a vitória do seu ideário;
• A restauração em 1814 traz uma relativa pacificação a Europa;
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Histórico: a experiência francesa

Características:

Liberalismo intenso Supremacia do Parlamento

Desconfiança ao judiciário Pretensão de universalidade


Intensa proteção da propriedade Igualdade formal
Maior foco no Código Civil Proteção a direitos individuais
Constitucional I

Histórico:

Qual a diferença da perspectiva antiga para a moderna?

A constituição tem um viés descritivo de um modo de vida organicista


no período antigo.

A constituição passa a ter um viés constitutivo de um modo de vida


individualista;

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