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A dimensão estética/Análise e compreensão da experiência estética /Filosofia da arte:

;-) A criação artística e a obra de arte;


:-) Teorias essencialistas da arte;
;-) Teorias não essencialistas da arte;
:-) Objeções às teorias essencialistas e não essencialistas da arte.

A criação artística e a obra de arte


O que é a arte? - A obra de arte é dotada de uma configuração particular, sendo esta (a configuração particular) a forma artística
de uma obra.
A arte é uma atividade criadora e produtora. A criação artística supõe uma transfiguração do real e o artista serve-se de uma
linguagem própria – pictórica, musical, corporal, cinematográfica, etc. A arte surge de uma necessidade, a necessidade humana,
de expressar atividades, estados de ânimo e experiências do quotidiano.
Refletir acerca da arte implica investigar problemas essenciais e intimamente relacionados como: a natureza da arte, o critério da
arte e o valor da arte.
A linguagem artística é polissémica: admite uma pluralidade de significados de acordo com a singularidade de quem sente e
interpreta a obra.
A dimensão comunicativa da arte engloba o artista, o público e a obra de arte.
O termo "arte" é usado em dois sentidos:
● Um sentido classificativo: permite classificar um objeto como obra de arte e identificar as propriedades que permitem
dizer que um objeto é arte (condições necessárias e suficientes);
● Um sentido valorativo: permite identificar as propriedades que permitem dizer que um objeto que é arte, é boa arte.

Existem diferentes teorias sobre a arte, estas teorias pretendem responder ao “Que é a arte?'' e "O que faz com que uma obra
seja considerada artística?”

TEORIAS ESSENCIALISTAS TEORIAS NÃO ESSENCIALISTAS

Teoria da Arte como Imitação – Mimésis/ Teoria Institucional da Arte


Representação.

Teoria Expressivista. Teoria Histórica da Arte

Teoria da Arte como Forma Significante –


Teoria Formalista.

Teorias essencialistas da arte (existem 3.)


As teorias essencialistas da arte defendem 3) fatores:
1) As teorias essencialistas defendem que existe uma essência de arte, ou seja, que existem propriedades essenciais
comuns a todas as obras de arte e que só nas obras de arte se encontram.
2) Se há propriedades comuns a todas as obras de arte e individuadoras das obras de arte, é então possível dizer quais
são as suas condições necessárias e suficientes, é possível fornecer uma definição explícita de arte.
3) Uma definição explícita de “arte” implica identificar:
- as condições necessárias para algo ser arte (características comuns a tudo o que é arte);
- as condições suficientes para algo ser arte (as características que só a arte é que tem).

1. Teoria da Arte como imitação (mimesis)


O que é que ela defende? - A arte tem como função imitar ou representar a realidade; O valor estético da obra de arte é
conferido pelo grau de fidelidade com que o artista retrata a realidade.
Limitações - Se a arte imita a realidade, o original não será superior à cópia?; Por mais fiel que seja a cópia, a obra de arte é
sempre uma transfiguração da realidade; Nem toda a arte imita ou pretende imitar a realidade; A realidade não se reduz à
aparência.
2. Teoria expressivista
O que é que ela defende? - O que confere estatuto artístico às obras são os sentimentos, as emoções transportadas para a obra
pelo artista; A obra de arte é o produto da vida interior do artista.
Limitações - Será que toda a forma de comunicar sentimentos é uma forma de arte. Por exemplo, os desenhos de uma criança
podem ser considerados arte na medida em que exprimem ideias e emoções?; Também nem toda a expressão artística pretende
comunicar sentimentos; Serão os sentimentos universais e passíveis de serem captados por todos?

3. Teoria da arte como forma significante


O que é que ela defende? - O que define a arte é a presença de uma forma ou combinação de formas que traduzem o significado
da obra e provocam emoções estéticas.
Limitações - Nem toda a arte consegue provocar no espectador uma emoção estética a partir da mera combinação das formas; A
arte é um todo composto por conteúdo e forma, não podendo estes serem separados; A arte como forma significante faz
depender o valor estético de uma obra da correta apreensão do jogo das formas, pelo que só o indivíduo educado do ponto de
vista estético será capaz de ter emoções estéticas e de, assim, atribuir valor estético ao objeto.

Teorias não essencialistas da arte (existem 2.)


As teorias essencialistas da arte defendem 3) fatores:
1) As teorias não essencialistas defendem que não é possível encontrar propriedades intrínsecas, comuns a todas as
obras de arte, que só elas possuam.
2) A arte não se define por propriedades intrínsecas às obras de arte, mas por propriedades extrínsecas e relacionais.
3) Uma teoria é não essencialista quando defende que o que faz com que um determinado objeto seja um objeto de arte,
tenha de ser encontrado fora do objeto e não no objeto em si.

As teorias não essencialistas surgem num contexto social e filosófico específico:


Contexto Social - porque os artistas criam cada vez obras mais desafiadoras e desconcertantes, o que acabam por não “caber”
dentro de teorias.
Contexto Filosófico - porque há novas tentativas de definir uma obra de arte por meio de condições necessárias e suficientes
surgem como reação às insuficiências das teses céticas.

1. Teoria Institucional da arte


O que é que ela defende? - Uma obra de arte só o é se for um artefato que possui um conjunto de características ao qual foi
atribuído o estatuto de candidato a apreciação por uma ou várias pessoas que atuam em nome de determinada instituição social:
o mundo da arte (representantes do mundo da arte).
Limitações - Dá-nos uma definição viciosa e circular de arte; Torna a definição de arte inútil; Impossibilita a existência de
arte primitiva ou arte solitária.

2. Teoria Histórica
O que é que ela defende? - Algo é uma obra de arte se, e só se, alguém com direitos de propriedade sobre isso tiver a intenção
séria de que seja encarado da mesma forma como foram corretamente encarados outros objectos abrangidos pelo conceito de
“obra de arte”; Define arte apelando a propriedades extrínsecas e relacionais/contextuais da arte; Intenção séria (não pode ser
momentânea, passageira ou meramente ilustrativa) e direitos de propriedade são requisitos a ter em conta.
Limitações - Não explica porque é que a primeira obra de arte é considerada arte (esta não tem precedentes); Algumas formas de
encarar a arte do passado já não são válidas atualmente; É demasiado inclusiva porque não excluiu, por exemplo, fotos tipo
passe e retratos robot que retratam o passado mas não são obras de arte; É demasiado exclusiva; Não se exige que os artistas
tenham direito de propriedade sobre algumas das suas obras, por exemplo o graffiti.

A Dimensão Estética
Foi o filósofo Alexander Baumgarten quem, na sua obra Meditações Filosóficas Sobre as Questões da Obra Poética, de 1735,
introduziu o termo estética enquanto disciplina filosófica.
O que é a estética:
1. 8provém da palavra grega aesthesis, que significa sensibilidade;
2. é a disciplina filosófica que estuda o conhecimento sensível e a relação do homem com os objetos belos.

Os objetos belos podem ser de dois tipos:


- Objetos naturais (belo natural) – paisagem natural ou humana.
- Objetos artísticos ou obras de arte (belo artístico) – objetos criados pelo ser humano: pintura, escultura, música,
arquitetura, literatura, etc.

Teoria do belo: estuda a natureza do belo e as propriedades estéticas dos objetos.


Filosofia da Arte: estuda a natureza da arte, o valor da arte e os processos de criação artística.

Noções de beleza ao longo da história (em 3. períodos diferentes)


1. Platão – séculos V/IV a.C.:
- Há uma ideia de beleza no chamado Mundo das Ideias (imutável, eterno, verdadeiro);
- O belo sensível reproduz a ideia de beleza;
- Os objetos são belos na medida em que se assemelham ou são a cópia das ideias ou formas.

2. Immanuel Kant – século XVIII:


- A estética torna-se teoria do gosto, que é uma faculdade para julgar a beleza dos objetos;
- A beleza de um objeto depende do sentimento de prazer ou de desprazer provocado no sujeito.

3. Georg W. F. Hegel – século XIX:


- A estética dá primazia ao belo artístico. A beleza da arte é superior à beleza da natureza, dado que todas as criações
humanas são superiores aos objetos naturais e a arte é um produto do espírito humano.

Atitude e experiência estéticas


Atitude estética:
- Modo especial de nos posicionarmos perante os objetos sem qualquer outra finalidade que não seja a contemplação da
beleza ou o prazer estético;
- Atitude desinteressada – a sua única finalidade ou função é a contemplação;
- Distingue-se da atitude prática (que dirige a sua atenção à função ou utilidade do objeto).

Experiência estética:
- Vivência de um estado de prazer que acompanha a contemplação do objeto belo. Estes estados podem ser:
Atenta - concentrada no objeto
Desinteressada - desligada da utilidade do objeto
Empática - dialoga com o objeto
Ativa - o sujeito presta atenção às propriedades materiais e formais do objeto

Subjetivismo e objetivismo estéticos


Subjetivismo estético: A beleza está fundada no sentimento de prazer ou de desprazer que acompanha a contemplação do
objeto estético.
Objetivismo estético: A beleza está fundada nas propriedades do objeto (unidade, complexidade, intensidade),
independentemente do sentimento que acompanha a contemplação.
Juízo Estético/O subjetivismo universal de Kant
O juízo estético tem um fundamento subjetivo; Baseia-se no sentimento de prazer que acompanha a contemplação do objeto; O
juízo de gosto é subjetivo e universal.
O juízo de gosto é subjetivo e universal, porque:
- O belo é representado sem conceito (está fundado no sentimento);
- Os seres humanos partilham um sentir comum;
- O prazer proporcionado pelas coisas belas é independente de qualquer interesse.
Segundo Kant, belo é o sentimento de comprazimento provocado pela contemplação desinteressada de um objeto.

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