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Maria Deserto
Orientadora da Dissertação:
Professora Doutora Ana Cristina Quelhas
Coordenadora do Seminário de Dissertação:
Professora Doutora Ana Cristina Quelhas
2021
Dissertação de Mestrado realizada sob a
orientação de Professora Doutora Ana Cristina
Quelhas, apresentada no ISPA – Instituto
Universitário para obtenção de grau de Mestre na
especialidade de Psicologia Clínica.
Agradecimentos
Gratidão a todos aqueles que estiveram comigo durante essa jornada. São muitos os
nomes e os contributos valiosos que deram - das mais variadas formas, para que se
chegasse até aqui.
Agradeço a todos os meus amigos. Agradeço a toda a minha família - e de uma forma
especial aos meus filhos Artur e Caio, às minhas noras Natali e Vivian, aos meus netos,
Dmitri e Olívia, à minha irmã Carmem, ao meu pai Sebastião e a duas mulheres incríveis,
que também tiraram os seus “canudos” na melhor idade: a minha avó Francisca e a Minha
mãe Lindalva.
Gratidão eterna, ao meu marido António Deserto, pelo seu apoio incondicional em mais
esse desafio.
Maria Deserto
1.5.2. Expectativas................................................................................................. 15
1.5.4. Mutabilidade............................................................................................... 16
1.5.5. Excecionalidade............................................................................................ 17
1.5.7. Causas.......................................................................................................... 19
1.5.8. Tempo........................................................................................................... 20
1
1.12. Objetivos e hipóteses ......................................................................................... 39
2.2. Delineamento....................................................................................................... 43
3.3.4. Análise dos valores cruzados da estrutura e direção nos três grupos ........... 58
V. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 66
ANEXOS..................................................................................................................................... 75
2
Anexo E.1. Tarefa de atribuição de culpa. ............................................................. 79
G.1. Tabelas dos contrafactuais produzidos nos três grupos. ............................... 102
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I. INTRODUÇÃO
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et al. (2005), os primeiros investigadores do aspeto da “contradição com os fatos” dos
pensamentos contrafactuais, foram os lógicos - que buscavam explicar como as premissas
condicionais falsas podem influenciar a geração do conhecimento. Nelson Goodman
(1983), David Lewis (1973) e Richard Stalnaker (1970), foram lógicos que fizeram
estudos relevantes sobre o tema. Os psicólogos, por sua vez, direcionaram os seus estudos
para os determinantes afetivos, motivacionais, cognitivos e sociais do pensamento
contrafactual e para as consequências funcionais e psicológicas do pensamento (Mandel
et al., 2005). Na década de 70, segundo Roese e Morrison (2009), surgiram os primeiros
estudos em psicologia sobre o pensamento contrafactual, dirigidos às propriedades
básicas da memória de inferências contrafactuais e factuais.
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geração contrafactual como uma ativação momentânea na memória, de exemplos de
experiências anteriores semelhantes, em que experiências incomuns tendem a resultar em
pensamentos do tipo "se ao menos" que repõem o estado normal das coisas. Nessa
perspectiva, quando a pessoa faz algo fora do que lhe é habitual, a tendência do
pensamento contrafactual é repor a situação habitual. Esse fenómeno ocorre, porque as
pessoas tendem a mudar eventos incomuns para torná-los mais normais. Um modelo
importante da teoria da norma, foi o da amplificação emocional de Kahneman e Miller
(1986), que afirmava que as respostas emocionais aos eventos são “contrastadas” com a
direção afetiva do ponto de referência contrafactual, apontando para uma “direção
ascendente” (melhor do que a realidade) ou para uma “direção descendente” (pior do que
a realidade), mas muito raramente apontando para uma direção “horizontal”- apenas
diferente da realidade.
Em 1995, Roese e Olson, lançaram a Teoria Funcional, com as bases funcionais
do pensamento contrafactual. É apresentado um modelo de duas vias, (cf. gráfico 1). Esse
modelo, também propõe que o pensamento contrafactual “ascendente” desempenha uma
função preparatória, que permite que os indivíduos explorem as bases causais de
resultados passados, especialmente aqueles que se desviaram das expectativas e que
tiveram consequências negativas, enquanto o pensamento contrafactual “descendente”
regula as respostas afetivas, fazendo com que as pessoas se sintam melhores sobre a
realidade, ao perceberem como "poderia ter sido pior” (Roese,1993).
Gráfico 1: Modelo de duas vias de geração de pensamentos contrafactuais de Roese e Olson (1995). Adaptado de What
Might Have Been: The Social Psychology of Counterfactual Thinking (p.11), de N.J. Roese e J.M. Olson, 1995,
Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, Inc, Publishers.
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Roese e Olson (1995), no seu modelo Funcional de duas vias, distinguem dois
estádios na construção contrafactual: a disponibilidade e o conteúdo semântico.
Disponibilidade - é a mera consideração de que um resultado factual podia não ter
ocorrido; Conteúdo semântico - especifica os meios pelos quais, algum resultado
alternativo pode ter sido produzido (a alteração mental de um antecedente factual e
mutável, que poderia levar a outro resultado). Para melhor representar o modelo, os
autores fazem a seguinte analogia: “O primeiro estádio reflete a presença de um veículo,
por assim dizer, enquanto o segundo representa os ocupantes desse veículo” (p. 9).
No modelo funcional também foram definidas as variáveis motivacionais e as
variáveis de mutabilidade, que serão mais aprofundadas no tópico 1.5. deste estudo.
As variáveis motivacionais são baseadas no resultado:
Expectativas – O pensamento contrafactual é mais frequente após resultados que
contrariam as expectativas (Sanna &Turley, 1996).
Valência do resultado, (resultado negativo ou positivo), o pensamento
contrafactual é mais frequente após resultados negativos (Davis, Lehman, Wortman,
Silver & Thompsom, 1995).
Proximidade - perceção de atingir um objetivo: os pensamentos contrafactuais são
mais frequentes quando a distância entre o resultado factual e o que poderia ter sido é
redizída (Kahneman & Tversky, 1982).
Envolvimento no resultado (sim ou não), a disponibilidade dos contrafactuais
depende de quanto potencial tem o resultado de um evento, para afetar pessoalmente o
sujeito (Meyers-Levy & Maheswaran, 1992).
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Controlabilidade - os pensamentos contrafactuais tendem a focar-se mais nos
elementos controláveis pelos sujeitos. Segundo Roese e Olson (1995), um dos propósitos
pelos quais as pessoas elaboram pensamentos contrafactuais é o de tentar obter controlo
sobre o ambiente ou contexto e evitar a repetição de resultados ou desfechos negativos.
Dinâmica – Os pensamentos contrafactuais tendem a focar-se mais em
antecedentes dinâmicos ( instáveis) do que em antecedentes estáticos (estáveis), (
Niedenthal, Tangney & Gavansky, 1994).
Posição serial - efeito de ordem temporal - os pensamentos contrafactuais tendem
a centrar-se mais no último elemento de uma sequência temporal (Miller & Gunasegaram
(1990). efeito de ordem causal – Os pensamentos contrafactuais tendem a centrar-se mais
no primeiro evento de uma sequência causal (Wells, Taylor & Turtle, 1987).
Os dois estádios - disponibilidade e conteúdo semântico, podem ser influenciados
pelas duas classes de variáveis, mas sabe-se que a disponibilidade é mais influenciada
pela valência de resultado ou pela proximidade, que são baseadas no resultado, enquanto
o conteúdo semântico, será mais influenciado pelas variáveis da mutabilidade que são
baseadas no antecedente. (cf. Gráfico 1).
Neste ponto do presente trabalho, daremos seguimento à apresentação dos estudos
mais relevantes no paradigma funcional e nos estudos suportados pela Teoria dos
Modelos Mentais.
Em 2008, Epstude e Roese, com base na teoria funcional, propuseram duas
características definidoras de uma interpretação funcional de um processo psicológico:
(1ª) o processo é ativado por um déficit ou necessidade particular e (2ª) o processo produz
mudanças que acabam com o déficit ou satisfazem a necessidade. No caso do pensamento
contrafactual, se a sua função primária é a solução de problemas, então o pensamento
contrafactual deve ser ativado por problemas e deve ter o efeito de evocar
comportamentos que vão corrigir esses problemas. Essa proposição está enraizada num
comportamento regulatório que governa o ciclo.
Ao analisarem os pensamentos contrafactuais sob uma perspectiva mais prática,
buscando lhes atribuir funcionalidade, através de um modelo descritivo de duas etapas de
elaboração, pode-se presumir que os autores “funcionalistas”, mesmo considerando as
importantes exceções disfuncionais dos pensamentos contrafactuais, (que segundo eles,
podem surgir em condições específicas), começaram a direcionar as suas investigações
para os benefícios dos pensamentos contrafactuais nos processos de regulação e de
tomada de decisão dos indivíduos. Ao adotarem uma visão mais “benéfica” dos
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pensamentos contrafactuais, os “funcionalistas”, distanciam-se, em parte, da perspectiva
da teoria da norma.
Na sua crítica ao modelo da normalidade, Epstude e Roese (2008), consideram
que, ao enquadrar o pensamento contrafactual como uma “heurística de simulação”, de
maneira geral, a teoria da norma esteve situada na tradição da heurística e vieses, e por
esse motivo, o pensamento contrafactual foi retratado como uma forma de julgamento e
tomada de decisão tendenciosos - o que, segundo os autores, produziu muitos estudos
subsequentes que forneciam evidências compatíveis com essa interpretação do
pensamento contrafactual, como um impedimento ao julgamento correto. Para Roese e
Morrison (2009), a investigação psicológica nas décadas de 80 e 90, apesar de muito
produtiva, enfatizou as consequências negativas do pensamento contrafactual.
Nessa fase dos estudos, em que se desenvolveu uma descrição das bases
funcionais do pensamento contrafactual, promoveu-se o avanço no conhecimento de
outros aspetos dos pensamentos contrafactuais, relativamente aos seus aspetos
desenvolvimentais, neurológicos, psicológicos e sociais, favorecendo estudos na
abordagem neurocognitiva, relacionada às regiões cerebrais e as suas funções (Justino &
Schelini, 2018). Outros estudos desenvolvidos nessa linha de investigação, são os estudos
de ressonância magnética funcional - estudos de imagem (FMRI) que mostram que os
pensamentos contrafactuais episódicos não apenas recrutam as mesmas regiões cerebrais
semelhantes como a lembrança episódica de experiências passadas específicas, mas
também regiões do cérebro como a imaginação de bons eventos futuros ou o pensamento
sobre intenções e objetivos (Byrne, 2005).
No final da década de 90, Ruth Byrne, cientista cognitiva, passou a desenvolver
investigação sobre os processos mentais, apoiada na teoria dos modelos mentais, que
segundo Moreira (1996), havia sido publicada em 1983, por Johnson-Laird, no livro
Mental Models. O postulado principal da teoria dos modelos mentais, é de que a mente
constrói representações mentais análogas ao estado de coisas descrito ou imaginado de
modelos em pequena escala da realidade, que usa para antecipar eventos, raciocinar e dar
base a explicações (Johnson-Laird & Byrne, 2002). Na perspectiva dos teóricos dos
modelos mentais, raciocinar não é uma questão de derivação sintática, como propõem os
teóricos da norma, mas sim uma questão de interpretação semântica, ou seja, não está
relacionada com instâncias semelhantes evocadas da memória e sim com a interpretação
das relações de significado.
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Para Quelhas e Jonhnson-Laird (2004), as pessoas usam o significado das
premissas, e os conhecimentos gerais, para construírem as representações mentais das
possibilidades envolvidas no discurso, na perceção, ou na imaginação, sendo que a
estrutura de um modelo mental é análoga à estrutura da situação que ele representa. Para
ilustrar esse conceito, os autores pensaram na seguinte situação: "Se eu tivesse comprado
aquele bilhete de lotaria, teria acertado o prêmio." (implica na ativação de um significado
duplo). Há uma dupla negação do antecedente e do consequente, ou seja: que eu "não
comprei o bilhete" e "não tirei a sorte grande - formalmente: "não-p & não-q". Por outro
lado, simula-se a realidade alternativa, ou seja, "p & q", em que o antecedente e o
consequente são atualizados mentalmente como se fossem reais (Eu comprei o bilhete e
ganhei o prêmio).
Segundo os teóricos dos modelos mentais, a compreensão de um contrafactual
supõe uma ativação simultânea de dois modelos de situação alternativos (“não-p & não-
q” e “p & q”), conforme ilustrado no exemplo mencionado (Johnson-Laird & Byrne,
1991). Na perspectiva dos modelos mentais, o significado duplo dos contrafactuais
garante que as pessoas construam um modelo não apenas da conjetura, mas também dos
fatos pressupostos. As pessoas criam contrafactuais mudando aspetos da realidade que
elas representaram explicitamente mentalmente, ao que Byrne (2017), denomina como
“linhas de falha”, que segundo a autora, podem mudar guiadas pelo conhecimento.
Como referido anteriormente, Byrne, apoiada na teoria dos modelos mentais,
desenvolveu um programa de investigação, com base numa explicação representacional
do pensamento contrafactual, cujos resultados foram publicados no seu livro em 2005. O
objetivo principal desse estudo, foi relacionar a capacidade imaginativa da criação de
alternativas, com o pensamento racional, para tentar compreender como as pessoas
imaginam alternativas à realidade. Ao concluir que a imaginação contrafactual é racional,
Byrne propõe que os princípios subjacentes que guiam esses dois tipos de pensamentos
são os mesmos e que se assentam em três pontos: a) Primeiro ponto: o raciocínio humano
é racional. As pessoas são capazes de pensamento racional, apesar dos muitos erros e
crenças persistentemente inexatas que exibem. b) Segundo ponto: os princípios que
orientam as possibilidades que as pessoas pensam e que sustentam o raciocínio, são
princípios racionais com dois pressupostos-chave. (o primeiro pressuposto seria de que
as pessoas pensam sobre possibilidades verdadeiras, e o segundo pressuposto, seria de
que as pessoas pensam sobre poucas possibilidades, devido às limitações da memória de
trabalho); c) Terceiro ponto: esses princípios fundamentam a imaginação contrafactual.
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E para concluir, Byrne afirma o seguinte: “Assim como o pensamento racional
depende da imaginação de alternativas, também o pensamento imaginativo pode
depender da operação de princípios racionais. A existência dos pensamentos imaginativos
contrafactuais, demonstra que os pensamentos podem ir além dos fatos para abranger
outras possibilidades” (p. 15).
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para a regulação do comportamento (Roese, 1997). O pensamento contrafactual pode
ajudar as pessoas a fazerem descobertas e a lidar com a novidade (Byrne, 2005).
De tudo o que já foi investigado sobre o pensamento contrafactual, podemos
concluir que pensar contrafactualmente, assume determinadas características, e requer
algumas condições. Uma dessas condições são o que os investigadores denominaram de
fatores de ativação do pensamento contrafactual.
Os três modelos principais do pensamento contrafactual acima citados – Teoria
da Norma: Kahneman e Tversky de 1982, a Teoria dos Modelos Mentais: Johnson-Laird,
de 1983 e a Teoria Funcional: Roese e Olson, de 1995, nortearam a maior produção dos
estudos existente. Com isso desenvolveram muitas teorias importantes, derivadas dos
seus pressupostos, sobre os pensamentos contrafactuais. No entanto, esses três modelos,
compartilham de alguns conceitos, que fundamentaram e nomearam algumas das
características gerais e condições de ativação, dos pensamentos contrafactuais, que serão
aqui abordadas.
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1.5. Condicionantes do pensamento contrafactual
As condicionantes do pensamento Contrafactual conforme o modelo funcional de
duas vias, são as seguintes:
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situacionais. Os autores, no entanto, reconheceram, que a manipulação da valência do
resultado pode alterar outras variáveis para além da experiência afetiva. Foram então
conduzidos estudos com abordagem a fatores concorrentes como a normalidade, a
perceção de controlo e a violação de expectativas. Os resultados encontrados mostraram-
se consistentes entre si e apontaram o afeto negativo como elemento central, para a
ativação contrafactual. A evidência mais clara deu-se quando foi realizada uma análise
de regressão na qual a valência do resultado, o afeto, a expectativa e a controlabilidade
entraram como preditores que obtiveram a mais clara e direta evidência de que são as
emoções negativas inerentes a um evento desfavorável as responsáveis pela ativação
contrafactual. Quando o afeto foi removido do modelo, ocorreu uma descida significativa
da variância explicada, o que não sucedeu com a remoção de qualquer um dos restantes
fatores. Roese e Olson, ao avaliarem o impacto da valência do resultado na ativação
contrafactual, buscaram evidências mais diretas de que é a experiência afetiva em si, e
não perceções puramente cognitivas da valência do resultado, que está subjacente aos
efeitos descritos acima. Os vários experimentos, vinhetas empregadas, autorrelatos
retrospetivos e laboratório, tarefas de realização com feedback de desempenho
manipulando resultados negativos, evocaram pensamento contrafactual mais frequente
do que manipulando resultados positivos. Para os autores, a violação da expectativa pode
ser um determinante da ativação contrafactual (Roese & Olson, 1995), de modo que os
resultados inesperados podem desencadear um pensamento contrafactual maior do que os
resultados esperados. Por causa da covariação óbvia entre a valência e a expectativa do
resultado (resultados positivos são normalmente esperados, enquanto resultados
negativos são frequentemente inesperados), os teóricos atribucionais tentaram separar as
variáveis metodologicamente, mas com conclusões mistas (Roese, 1997).
Segundo Roese e Olson (1995), uma série de experimentos, no entanto, indicaram
que o afeto é o mediador principal dos efeitos da valência do resultado ou de
manipulações de expectativa de resultado.
Aos estudos provenientes de trabalhos anteriores referidos pelos autores,
somaram-se outros como por exemplo os estudos de Roese e Hur (1997), dando reforço
às suas conclusões quanto à relevância do afeto negativo concernente ao estádio
“disponibilidade”. No referido estudo, dois experimentos sugeriram determinantes
diferenciais da ativação versus conteúdo do pensamento contrafactual. A ativação refere-
se a se os contrafactuais vêm à mente conscientemente e foram avaliados por meio de
listas de pensamentos e medidas de latência de resposta. Conteúdo refere-se a qual
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antecedente forma a base do contrafactual e foi avaliado por meio de codificações
categóricas de listagens de pensamento. A ativação contrafactual foi facilitada por
resultados negativos em oposição a resultados positivos, e esse efeito foi mediado pela
experiência afetiva. A violação da expectativa não influenciou a ativação contrafactual. A
normalidade (se um resultado foi precedido por eventos excecionais versus normais) não
teve efeito sobre a ativação, mas influenciou o conteúdo de tal forma que os contrafactuais
sofreram mutações nos antecedentes excecionais com mais frequência do que nos
antecedentes normais.
Outra linha de investigação que destaca o afeto negativo como o principal ativador
do pensamento contrafactual foi conduzida por Davis, Lehman, Wortman, Silver e
Thompson em 1995. Trata-se de um estudo longitudinal aplicado em pais de bebés que
faleceram com síndrome de morte súbita. Os resultados obtidos, revelaram que os níveis
de angústia reportados três semanas após as mortes previram a frequência dos
pensamentos contrafactuais ano e meio mais tarde. Quanto pior os pais se sentiam logo
após o falecimento dos bebés, maior era o número de pensamentos contrafactuais
verificados a longo prazo.
1.5.2. Expectativas
Como foi referido anteriormente, quando uma expectativa é grande, e não se
concretiza, pensamos contrafactualmente. A violação da expectativa pode ser um
determinante da ativação contrafactual, de modo que os resultados que são inesperados
podem desencadear um pensamento contrafactual maior do que os resultados esperados
(Roese & Olson, 1995; Sanna & Turley, 1996). A causa é a covariação óbvia entre a
valência e a expectativa do resultado - resultados positivos são normalmente esperados,
enquanto os resultados negativos são muitas vezes inesperados (Roese, 1997). Sanna e
Turley, em 1996, realizaram três estudos que examinaram os efeitos da violação da
expectativa e da valência do resultado no pensamento contrafactual espontâneo. No
Estudo 1, as expectativas anteriores e a valência do resultado foram variadas
ortogonalmente em uma vinheta. Uma quantidade maior de contrafactuais foi gerada após
falhas e resultados inesperados. O protagonista é um aluno que foi reprovado e que na
primeira versão é referenciado como um aluno que nunca obteve resultados negativos
em exames anteriores, enquanto na segunda versão é dito que ele obteve resultados
negativos em exames anteriores. Os participantes produziram mais pensamentos
contrafactuais para a primeira versão do que para a versão em que o personagem é
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apresentado como um aluno que anteriormente obteve resultados negativos. Além disso,
uma quantidade maior de contrafactuais aditivos do que subtrativos foi encontrada após
a falha, particularmente falha inesperada, e contrafactuais mais subtrativos do que
aditivos foram encontrados após o sucesso inesperado. A evidência da generalidade
desses resultados foi obtida no Estudo 2, no qual os contrafactuais foram avaliados após
o desempenho dos alunos em exames na vida real. No Estudo 3, os autores avaliaram
ainda os contrafactuais não espontâneos, que mostraram diferir em número e estrutura
dos contrafactuais espontâneos (Roese, 1997).
1.5.4. Mutabilidade
É o conceito central do pensamento contrafactual, e tem sido estudado nos seus
mais variados aspetos ao longo dos anos. As pessoas criam alternativas contra os fatos,
“alterando” mentalmente a realidade ou "desfazendo" alguns aspetos dos fatos na sua
representação mental da realidade, (Kahneman & Tversky 1981,1982). Os autores
utilizam a noção de mudanças em “aclive” e “declive”, emprestada da experiência do
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esquiador cross-country, pretendendo com isso ilustrar a natureza especial da relação de
distância que pode ser definida para os possíveis estados de um sistema. A propriedade
essencial dessa relação é que ela não é simétrica. Para o esquiador cross-country, uma
breve descida, de A a B costuma ser acompanhada de uma longa e trabalhosa subida de
B a A. Com essa metáfora estados ou eventos, excecionais seriam os picos e os eventos
normais seriam os vales. Desta forma, os autores propõem que a distância psicológica de
uma exceção à norma que ela viola é menor do que a distância da norma à mesma exceção.
Kahneman e Tversky, propõem ainda que: “a preferência por mudanças em declive é a
regra principal que as simulações mentais obedecem porque elas incorporam as restrições
essenciais que emprestam realismo às fantasias contrafactuais” (p.10).
Para Kahneman e Miller (1986), alguns aspetos da realidade parecem mais
‘‘mutáveis ’’ ou mais prontamente modificáveis em uma simulação mental num
determinado evento do que noutros. Pessoas diferentes tendem a mudar os mesmos tipos
de coisas quando pensam em como as coisas poderiam ter sido diferentes. Essas
regularidades indicam que existem aspetos da realidade, que atraem a atenção de todos.
Nos estudos que se seguiram, outros postulados foram se somando aos dos
primeiros estudiosos do pensamento contrafactual como por exemplo, a questão da
controlabilidade e das obrigações.
Para descrever os elementos que são mais facilmente mutados, Byrne (2005),
empregou a frase “linhas de falha da realidade”. Os estudos de Mccloy e Byrne (2000),
confirmam a mutabilidade, afirmando que as alternativas que veem à mente podem sofrer
restrições relacionadas aos aspetos da realidade, que são mais prontamente mutados: a
normalidade ou excecionalidade; a controlabilidade; as relações causais entre eventos; as
relações temporais; a ação/inação e as obrigações. As autoras concluem que algumas das
alternativas são baseadas em pequenas mudanças na realidade como por exemplo: “se eu
tivesse chegado um minuto antes”, e outras são baseadas em mudanças maiores, no
exemplo: “se eu tivesse nascido 100 anos antes”.
1.5.5. Excecionalidade
Quando a pessoa faz algo fora do que lhe é habitual, a tendência do pensamento
contrafactual é repor a situação habitual. Esse fenómeno ocorre, porque as pessoas
tendem a mudar eventos incomuns para torná-los mais normais. Para avaliar esse efeito,
Kahneman e Tversky (1982), forneceram aos participantes uma versão de uma história
em que o Sr. Jones morreu em um acidente de trânsito enquanto dirigia para casa após
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sair do trabalho. Em uma versão, o Sr. Jones deixou o trabalho mais cedo do que
normalmente fazia, mas ele seguiu seu caminho usual. Na outra versão, o Sr. Jones saiu
do trabalho no horário normal, mas escolheu um caminho diferente para casa. Kahneman
e Tversky pediram aos participantes que desfizessem o resultado terminando uma frase
que começava com ‘Se ao menos ... ‘. Embora os resultados nas duas versões fossem os
mesmos e não diferissem em termos de probabilidade, os sujeitos produziram mudanças
diferentes e específicas nos dois casos. Na primeira versão, a maioria deles modificou a
variável tempo ("Se ao menos ele tivesse saído do trabalho no horário normal ..."). Na
segunda versão, a maioria dos sujeitos modificou a rota (“Se ao menos ele tivesse seguido
sua rota usual ...”).
1.5.6. Controlabilidade
Os elementos controláveis, são aqueles eventos que resultam de uma decisão
intencional e deliberada do agente (Kahneman & Miller, 1986; McCloy & Byrne, 2000).
Quando as pessoas pensam sobre o que poderia ter acontecido, elas desfazem
mentalmente eventos controláveis, em vez de incontroláveis. Para Byrne (2005), mais
do que isso, elas tendem a imaginar alternativas para tipos específicos de ações
controláveis: ações socialmente reprováveis ou inaceitáveis. Considere o seguinte
exemplo dos estudos de Girotto, Legrenzi e Rizzo em 1991, sobre os eventos
controláveis:
O Sr. Bianchi, que chegou em casa tarde demais para salvar a sua esposa, que
estava a ter um ataque cardíaco. Houve três eventos que impediram o Sr. Bianchi de
chegar em casa. Dois desses eventos foram incontroláveis: ter um ataque de asma, o que
significou que ele teve que parar para tomar seu inalador e acidentalmente quebrou os
seus óculos, o que significou que ele teve que voltar ao escritório para pegar um par
sobressalente. Um evento, porém, era controlável: parar em um bar e tomar uma
cerveja. Ao responderem “Se ao menos ...” os participantes tendiam a desfazer o evento
controlável em vez de qualquer um dos eventos incontroláveis (Girotto et al., 1991). As
pessoas disseram que o protagonista da história diria: ‘‘se eu não tivesse parado para
aquela cerveja’’( McCloy & Byrne, 2000).
Uma possível explicação para o efeito de controlabilidade e o papel da adequação
dos eventos, pode ser a natureza das representações mentais que as pessoas constroem
quando geram uma alternativa contrafactual. Uma sugestão é de que as alternativas
contrafactuais que as pessoas mais facilmente constroem, dependem do que é
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representado explicitamente nos modelos mentais que elas constroem para a situação
factual, (Byrne 2007, 2016). Quando as pessoas pensam sobre um evento controlável
inaceitável (inapropriado), elas podem construir um modelo do evento inaceitável e
também podem ter em mente um modelo do evento mais aceitável (McCloy & Byrne,
2000). Quando as pessoas geram uma alternativa contrafactual para o evento
inapropriado, o modelo do evento mais apropriado está prontamente disponível como
candidato. Em contraste, quando pensam sobre um evento controlável apropriado, elas
podem ter em mente apenas um único modelo correspondente ao mesmo. Como nenhum
modelo alternativo contrafactual está prontamente disponível, o evento controlável
apropriado terá menos probabilidade de sofrer mutação (McCloy & Byrne 2000).
1.5.7. Causas
Na perspectiva da teoria da norma de Kahneman e Tversky (1982), o pensamento
contrafactual está subjacente à inferência causal. Nessa perspetiva, para se estabelecer
causalidade, as pessoas procedem uma simulação mental em que negam um antecedente
que é uma possível causa de um dado resultado, e depois verificam se, o resultado é
revertido com essa ação. Ao reverterem os resultados, as pessoas tendem a selecionar o
antecedente mutado contrafactualmente como causa. Para Neto e Senos (2013), quando
o resultado não é mutado pela negação do antecedente, é removido como causa provável
e as pessoas produzem uma nova simulação mental até encontrarem a causa.
Em Byrne e Quelhas (1999), todas as proposições condicionais contrafactuais, são
afirmações causais, devido à falsidade dos seus antecedentes que estabelecem sempre
uma relação com um “estado de coisas” factual. Por exemplo, pensar “Se eu fosse mais
rico, então seria mais feliz” está intimamente ligado com o dinheiro e a felicidade atual
de cada um.
Harris, German e Mills (1996), nos seus estudos com crianças em idade pré-
escolar observaram que as alternativas contrafactuais ocorrem espontaneamente quando
respondem a uma pergunta sobre como um resultado poderia ter sido evitado mais do que
uma pergunta sobre por que um resultado ocorreu. Rasga e Quelhas (2009), sublinham
que isso sugere que mesmo crianças pequenas distinguem entre pensamentos
contrafactuais e causais e que desde cedo, as crianças desenvolvem o pensamento
contrafactual para produzir a causalidade em diferentes acontecimentos (p.46).
Ao imaginar a seguinte alternativa: '' se eu não tivesse deixado a janela da casa de
banho aberta, o ladrão nunca teria entrado na casa '' , é evidenciado um fator importante
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na sequência causal de eventos: “o ladrão entrou porque eu deixei a janela da casa de
banho aberta”. O vínculo com os pensamentos causais, pode sustentar o papel dos
pensamentos contrafactuais em ajudar a pessoa a aprender e a se preparar para o futuro -
por exemplo ‘‘Não vou deixar a janela da casa de banho aberta no futuro’’(Roese, 1997).
Contudo, os pensamentos contrafactuais para explicações causais às vezes divergem em
seu foco como veremos a seguir no estudo de Wells e Gavanski em 1989. Suponha que
um motorista de táxi se recusasse a transportar um casal, e pouco tempo depois, o casal,
morre ao dirigir o seu próprio carro sobre uma ponte que desaba. O taxista, que tinha
acabado de atravessar a ponte um pouco antes do casal, estava em segurança. Ao avaliar
o papel do taxista em causar a morte daquelas pessoas, a maioria das pessoas julga que
ele teve um papel causal quando lhes é dito que ele cruzou a ponte em segurança, e
pensam que se ele os tivesse transportado, o casal ainda estaria vivo. Por que as pessoas
desejam que um evento não tivesse acontecido, mesmo quando sabem que o evento não
causou o resultado?
McEleny e Byrne (2006), no seu estudo sobre os pensamentos contrafactuais
espontâneos e as explicações causais, consideram que os pensamentos contrafactuais e as
explicações causais têm ênfases diferentes, o que propicia, a identificação de diferentes
tipos de relações causais, como: relações causais fortes e habilitadoras. Os pensamentos
causais se concentrariam nas relações em que o antecedente é necessário e suficiente para
produzir o resultado, e os pensamentos contrafactuais seriam usados para testar a
necessidade de causas hipotéticas.
1.5.8. Tempo
As pessoas tendem a imaginar alternativas para o evento mais recente em uma
sequência temporal, em vez de eventos anteriores. Essa tendência de desfazer
mentalmente o evento mais recente em uma sequência independente de eventos foi
descoberta por Kahneman e Miller, (1986).
Miller e Gunasegaram em 1990, na mesma linha, hipotetizaram que ocorrências
posteriores em uma série de eventos tendem a evocar alternativas contrafactuais com mais
força. Eles observaram que quando os participantes recebiam uma sequência ordenada de
letras (por exemplo, xf) em uma tela de computador e eram solicitados a substituir
rapidamente uma, tendiam a transformar, ou seja, a desfazer mentalmente, a segunda letra
da sequência.
20
Para ilustrar o fenômeno, considere duas jovens, Lisa e Jenny, que são convidadas
ambas, a jogarem uma moeda, nos dois lançamentos – “cara” ou “coroa” – e se acertarem
o mesmo lado, cada uma um ganhará $ 1.000. Lisa vai primeiro e tira cara, Jenny vai em
segundo lugar e tira coroa, então nenhum das duas ganha. Ao realizarem os pensamentos
contrafactuais, a maioria das pessoas diz '' se Jenny tivesse tirado cara. . .'' - isto é, as
pessoas imaginam uma alternativa para o segundo evento, em vez do primeiro evento.
Elas julgam que Jenny sentirá mais culpa do que Lisa, e julgam que Jenny será culpada
mais por Lisa do que Lisa por Jenny. As pessoas foram influenciadas pela ordem em que
esses acontecimentos ocorreram, evidenciando um efeito de ordem temporal, e como
consequência, puderam atribuir por exemplo emoções como a culpa (Rasga & Quelhas,
2009).
Embora as pessoas tendam a desfazer o primeiro evento em uma sequência causal,
para Wells e Gavanski (1989), elas desfazem o evento mais recente em uma sequência
independente de eventos, ou seja, uma sequência de eventos que não são causalmente
relacionados (por exemplo, o lançamento de Jones de “cara” não causa o lance de “coroa”
de Cooper). O efeito de temporalidade também pode ocorrer para sequências de mais de
dois eventos, por exemplo: quando as pessoas pensam sobre como uma equipa de beisebol
poderia ter se saído melhor em uma série de 10 jogos, elas desfazem mentalmente o
décimo jogo de beisebol (que a equipa perdeu), independentemente dos resultados dos
nove jogos anteriores (Sherman & Mc-Connell, 1996).
Nos estudos de Byrne, Segura, Culhane, Tasso & Berrocal, (2000), no cenário
imaginado, John e Michael , recebem cada um, cartas de baralho, e é pedido a cada um
que tire uma carta do seu próprio baralho. Se John e Michael tirarem duas cartas da
mesma cor ( duas pretas ou vermelhas), cada um deles, ganhará £1,000. No entanto, se
as duas cartas tiradas não forem da mesma cor, então nenhum dos dois jogadores ganha.
John é o primeiro a escolher e tira uma carta vermelha. Michael escolhe em seguida e
tira uma carta preta. O resultado é que nenhum dos dois jogadores ganha. Byrne et al.
(2000), propuseram um cenário em que os dois jogadores retiram uma carta da mesma
cor. O resultado nessa versão, seria que os dois jogadores ganhariam o prémio. Após a
apresentação do cenário onde os dois ganham, foi pedido que os participantes
respondessem à seguinte pergunta: qual dos jogadores se sente mais aliviado por ter
ganhado o prémio? Os participantes atribuíram ao segundo jogador maior experiência de
alívio. Para Byrne et al. (2000), os resultados também revelaram que o efeito de ordem
temporal que as pessoas exibem, não é apenas mediado por um resultado negativo, mas
21
também por um resultado positivo. Com o objetivo de elucidar ainda mais os fatores que
orientam a decisão de desfazer o evento mais recente em uma sequência independente de
eventos, Byrne, et al. (2000), realizou duas séries de experimentos em que na primeira
série mostraram que é possível reduzir e até eliminar o efeito de temporalidade
interrompendo a sequência temporal de eventos. Os cenários foram alterados de forma
que os dois jogadores estavam num concurso de televisão, que seria interrompido num
dado momento por problema técnico. Jones escolheu a primeira carta de cor preta e em
seguida, ocorreu a interrupção com o problema técnico. Demorou-se alguns minutos, até
o problema técnico ser solucionado e o jogo foi então recomeçado para que Jones pudesse
escolher novamente uma carta. Desta vez Jones escolheu uma carta de cor vermelha,
Brady a seguir, escolheu uma carta de cor preta. E o resultado foi que nenhum dos dois
jogadores ganhou o prémio. Numa outra versão: mesma carta, Jones escolheu a primeira
carta e tirou a carta preta. Brady por sua vez, tirou a carta vermelha. O resultado foi que
nenhum dos dois jogadores ganhou o prémio. A interrupção da sequência temporal
provocada pela avaria técnica, produziu consequências diferentes nas duas versões,
mostrando que na versão mesma carta, o efeito de ordem temporal não foi eliminado. No
entanto, na versão carta diferente, observou-se uma redução no efeito de ordem temporal.
Os pensamentos contrafactuais produzidos, focaram-se tanto na escolha do Brady como
na escolha do Jones, (o foco também se deu no primeiro jogador). Segundo Rasga e
Quelhas (2009), esses resultados apontam para a possibilidade de que uma alternativa
contrafactual estaria disponível para o primeiro evento, quando Jones escolheu uma carta
de cor preta, antes de ocorrer a avaria e depois de ocorrer a avaria quando ele escolheu
uma carta de cor vermelha. Deste modo, a escolha pré-avaria funcionou como uma
alternativa disponível para a escolha pós-avaria.
Wells e Gavansky (1989), referem que as pessoas têm uma maior facilidade para
apagar (mudar) os acontecimentos para os quais existe uma alternativa contrafactual
disponível.
1.5.9. Ação/inação
Uma característica dos pensamentos contrafactuais que também foi observada por
Kahneman e Tversky (1982), é a tendência das pessoas de se arrependerem das suas ações
mais do que das suas inações. A explicação para esse efeito, é de que as pessoas tendem
a imaginar alternativas para as ações mais do que para as inações. Considere o seguinte
exemplo: João e José investem seu dinheiro nas empresas A e B. João investe na empresa
22
A. Ele pensa em mudar para a empresa B, mas decide não o fazer. Ele descobre que teria
ficado melhor em $ 1.000 se tivesse mudado. José investe na empresa B. Ele pensa em
mudar para a empresa A e decide fazê-lo. Ele descobre que teria ficado melhor em $ 1.000
se tivesse ficado na empresa B. A maioria das pessoas julga que João se arrependerá da
sua ação mais do que José se arrependerá da sua inação. Esta teoria foi testada por
N’gbala, e Branscombe (1997), em duas experiências em que as frequências de mutação
de ação e inação foram avaliadas. Os dois tipos de comportamento (ação e inação), foram
apresentados juntos e as informações sobre apenas um tipo foram descritas. Na primeira
experiência, foi utilizado um cenário, onde a ação ou inação estava instrumentalmente
relacionada ao resultado negativo. O arrependimento mais intenso foi obtido para o alvo
ativo do que para o não-ativo, mas apenas quando as informações sobre os alvos foram
apresentadas simultaneamente. Quando os alvos foram apresentados sozinhos o
arrependimento não foi mais intenso para o alvo ativo do que para o não-ativo. Nessa
experiência, a ação não sofreu mutação com mais frequência do que a inação e o que foi
mutado não estava correlacionado com as classificações de arrependimento. Em vez
disso, o arrependimento do alvo ativo foi correlacionado com a sabedoria percebida da
escolha comportamental do alvo não-ativo quando os dois alvos foram apresentados
juntos e puderam ser comparados. Na segunda experiência, onde a ação e a inação não
foram instrumentalmente relacionadas ao resultado negativo, nenhuma amplificação
emocional foi observada e a inação foi alvo de mutação com mais frequência do que a
ação. Os autores sugerem que um mecanismo alternativo, além da mutabilidade, pode ser
o responsável por provocar esse diferencial nas emoções e na especificação das condições
sob as quais o efeito da emoção ocorrerá ou não. Onde a ação e a inação não estavam
instrumentalmente relacionadas ao resultado negativo, nenhuma amplificação emocional
foi observada e a inação foi alvo de mutação com mais frequência do que a ação.
Estudos posteriores concluíram que o arrependimento pela inação pode aumentar
com o tempo, porque os medos e as dúvidas que levaram à inação desaparecem (Savitsky,
Medvec & Gilovich, 1997). Para Byrne, o arrependimento sobre uma inação se dá apenas
quando a alternativa contrafactual imaginada, tem um resultado melhor (se eu tivesse
agido, o resultado teria sido melhor do que realmente foi), do que a alternativa imaginada
para a ação (se eu não tivesse agido, o resultado teria sido igual ou pior do que realmente
foi. Byrne (2005), apresenta a seguinte explicação para o arrependimento ao longo do
tempo: “As pessoas pensam sobre a inação tendo em mente uma única possibilidade, mas
23
elas podem pensar sobre duas possibilidades - por exemplo, quando pensam sobre as
consequências da inação ao longo do tempo (p.43).
24
pense na última vez em que você se atrasou para um encontro com um amigo. Que tipo
de desculpa você deu? Se foi baseada em algo que você foi obrigado a fazer, como: ‘‘Eu
tive que ir visitar meus pais’’, então provavelmente o seu amigo o perdoou. Mas se a sua
desculpa foi baseada em algo socialmente inaceitável, como: ‘‘Eu tive que ir tomar uma
bebida forte’’, então nesse caso, o seu amigo poderá ter sido menos compreensivo.
Com o exemplo dado, podemos concluir que as pessoas imaginam mais
alternativas para eventos controláveis socialmente inaceitáveis (parar num bar para beber
uma cerveja) do que para eventos controláveis socialmente aceitáveis (não parar num bar
para beber uma cerveja), porque verificam que uma das possibilidades que ponderaram
para o evento controlável socialmente inaceitável é proibida (parar num bar para beber
uma cerveja) e a outra (não parar para beber uma cerveja), é socialmente aceitável e
permitida. Deste modo, as pessoas fazem contrafactuais que alteram mentalmente, o
antecedente com a possibilidade proibida. (“Se o Mr. Bianchi não tivesse parado num bar
para beber uma cerveja…”). “Todas essas tendências, para imaginar alternativas
contrafactuais para ações, eventos controláveis, ações socialmente inaceitáveis, relações
causais e ações que duram em uma sequência, fornecem pistas sobre as principais falhas
da realidade.” (Byrne, 2005, p.8)
1.6.1. Direção
A teoria da norma, na hipótese de amplificação emocional de Kahneman e Miller
(1986), sugere que as respostas emocionais aos eventos são contrastadas com a direção
afetiva do ponto de referência contrafactual e destaca que os contrafactuais tendem a ter
uma direção, seja ascendente (ou seja, melhor do que a realidade) ou descendente (ou
seja, pior do que a realidade), mas raramente são horizontais (ou seja, apenas
"diferentes").
A teoria funcional de Roese e Olson (1995), propõe que os pensamentos
contrafactuais ascendentes desempenham uma função preparatória, permitindo que os
indivíduos explorem as bases causais de resultados passados, especialmente aqueles que
se desviaram das expectativas e que tiveram consequências negativas. O pensamento
contrafactual descendente funciona como um regulador das respostas afetivas, fazendo
25
com que as pessoas se sintam melhores sobre a realidade, ao perceberem como "poderia
ter sido pior". Ou seja, nos contrafactuais descendentes, a alternativa imaginária é
negativa e o sentimento que a acompanha é de consolo; por outro lado, nos contrafactuais
ascendentes a alternativa imaginária é positiva e os sentimentos que provoca são
negativos, como por exemplo, o sentimento de arrependimento (Roese, 1994).
Os pensamentos contrafactuais ascendentes e descendentes, em Roese, Sanna &
Galinsk, (2005), têm funções características de um modo avaliativo de pensamentos, no
qual as representações contrafactuais são contrastadas (efeito de contraste), com as suas
contrapartes factuais. O “contraste contrafactual” entre a realidade e o que poderia ter
sido, induz ou amplifica as chamadas "emoções contrafactuais", como frustração,
arrependimento, culpa ou vergonha - emoções típicas associadas a contrafactuais
ascendentes, ou sentimentos de alívio, satisfação, bem-estar e sorte, característica dos
contrafactuais descendentes. O contraste entre a realidade e as suas alternativas, derivado
de um contrafactual, provoca uma espécie de compensação entre acontecimentos e
emoções. Roese, Sanna e Galinsk (2005), referem que as pessoas também geram
contrafactuais em um modo de pensamento mais experiencial e reflexivo, no qual pouca
atenção é dedicada ao que realmente aconteceu.
Para MacMullen, Markman & Gavansky (1995), os contrafactuais na direção
ascendente (upward), são estabelecidos por meio de uma comparação direta entre uma
situação real negativa e uma possibilidade melhor, que teríamos preferido que
acontecesse. Assim, em "se eu tivesse estudado para o exame, teria sido aprovado no
curso", o contrafactual serve como uma espécie de instrução para melhorar a ação futura,
e pode melhorar o afeto. A direção descendente (downward) "Se eu tivesse entrado
naquele avião, teria morrido em um acidente", onde os eventos poderiam ter sido piores,
podem funcionar como "chamadas de alerta” que solicitam respostas preparatórias
(McMullen & Markman, 2000). Contrafactuais descendentes, porém têm um efeito duplo.
Por um lado, contemplam a possibilidade de ter alcançado um resultado ainda mais
negativo que o padrão, por exemplo, diante de um resultado ruim: “Poderia ter sido pior”
e, por outro lado, a ideia de que não havia mais alternativas, como em: “Mesmo se eu
tivesse estudado mais, eu teria falhado de qualquer maneira”, de modo que “não havia o
que fazer”, que é a perspectiva de pessoas com pouca motivação pessoal (Sirois, 2004).
No entanto, uma pessoa otimista também pode eventualmente usar contrafactuais
descendentes, celebrando por exemplo, ter sido salva de um resultado ruim, como um
acidente de trânsito, por exemplo. A funcionalidade do pensamento contrafactual
26
ascendente ou descendente dependerá do tipo de situação problemática, do grau em que
estimula o desenvolvimento das ações apropriadas e da intensidade da emoção resultante
(Martínez & Rodriguez, 2012).
1.6.2. Estrutura
De acordo com a estrutura, que foi introduzida pela teoria da norma, os
pensamentos contrafactuais foram divididos em três tipos: aditivos (uphill changes),
subtrativos (downhill changes) e substitutivos (horizontal changes). Os primeiros estão
diretamente relacionados aos contrafactuais ascendentes, pois referem-se ao acréscimo
de novos antecedentes para reconstruir a realidade, assim, em "se eu tivesse comprado
um computador, o trabalho teria sido muito melhor". Por outro lado, os contrafactuais
subtrativos, relacionados aos contrafactuais de tipo descendente, vão na direção oposta,
pois reduzem os elementos do antecedente para reconstruir a realidade. É o caso de "se
eu não tivesse bebido cerveja ontem à noite, o trabalho teria saído menos ruim", onde
apenas a diferença entre beber ou não beber a cerveja, muda o desfecho do problema. Os
contrafactuais substitutivos resultam da combinação das duas estruturas anteriores, em
que a adição repõe a subtração, no caso de “Se ao invés de ter trocado de telemóvel, eu
tivesse comprado um computador, o trabalho teria saído muito melhor”. Os
contrafactuais aditivos são expansivos por natureza, facilitando a geração de novas ideias.
Por sua vez, os contrafactuais subtrativos promovem o pensamento analítico e os
contrafactuais substitutivos a imaginação de natureza mais estruturada (Martínez &
Rodriguez, 2012).
Segundo Roese e Olson (1993), os contrafactuais substitutivos que são a
combinação de uma adição e uma subtração de forma que a primeira substitui a segunda
(e.g., “Se eu tivesse estudado em vez de ter jogado no computador, então teria sido
aprovado no exame.”), são mudanças (downhill), um aspeto inesperado da situação é
removido quando se imagina como ela poderia ter sido diferente (semelhante aos
contrafactuais subtrativos), mudanças (uphill) em que se introduz ocorrências inesperadas
na reconstrução da situação ocorrida (semelhante aos contrafactuais aditivos) e mudanças
horizontais em que segundo os autores, “um valor arbitrário de uma variável é substituído
por outro valor arbitrário, que não é nem mais nem menos provável do que o primeiro”.
Nos estudos de Roese, Hur & Pennington (1999), sobre as interconexões entre o
pensamento contrafactual, a motivação e os objetivos, os contrafactuais aditivos nas
mutações de inações ocorreram com menos frequência do que os contrafactuais
27
subtrativos nas mutações de ações. Relativamente à motivação, o desânimo ativou os
contrafactuais aditivos, enquanto a agitação ativou os contrafactuais subtrativos.
1.6.3. Foco
O efeito de foco, proposto por Kahneman e Tversky em 1982, destaca a presença
de elementos focais ou centrais em um cenário, que seriam mais facilmente mutáveis. Por
consequência os pensamentos contrafactuais para esses elementos focais estariam mais
disponíveis. Segundo os autores, as histórias são comumente alteradas pela mudança de
alguma prioridade do objeto principal de preocupação e atenção.
No caso apresentado abaixo, o foco foi o Sr. Jones quando o cenário foi instruído
para as pessoas terem empatia com a sua família, e foi o adolescente quando receberam a
mesma instrução:
O Sr. Jones, saiu do trabalho mais cedo e escolheu um caminho diferente do
habitual para casa. O Sr. Jones morre instantaneamente em um acidente num cruzamento,
quando um adolescente sob a influencia de drogas, bate em seu carro, com o caminhão
que dirige. Um grupo dos participantes assumiu o papel de parentes do Sr. Jones e outro
grupo assumiu o papel de parentes do adolescente que recebeu o nome de “Tom Searler”
e foi contada uma história em que o “Tom” usava droga pesadas, que no dia do acidente
havia tido uma briga em casa e saiu com as chaves do carro que estavam sobre mesa da
sala. Durante o acidente, a história dizia que ele foi gravemente ferido.
Na produção dos pensamentos contrafactuais, os autores verificaram que o
primeiro grupo listou mais contrafactuais relacionados ao Sr. Jones e o segundo grupo
listou mais contrafactuais relacionados ao adolescente. 68% dos participantes que
assumiram o papel de parentes do Tom, modificaram a história, enquanto apenas 28%
dos parentes do Sr. Jones mencionaram o Tom.
Kahneman e Miller (1986), propuseram que a mutabilidade de um aspeto focal
de um cenário, aumenta quando a atenção é dirigida a ele enquanto, que os aspetos aos
quais se dirige menos atenção, passam a integrar o Background (pano de fundo), com
menos capacidade de mutação.
Em Roese (1993), o foco dos pensamentos contrafactuais pode incidir no próprio,
nos outros ou em elementos externos, do contexto e/ou da situação. Os contrafactuais
centrados no próprio são denominados de “auto-referentes” (e.g., “Se eu tivesse estudado
para o teste, então teria sido aprovado à disciplina.”). Os contrafactuais centrados nos
outros ou em elementos externos são designados de “hetero-referentes” (e.g., “Se o
homem não estivesse com o meu chapéu de chuva, então eu não estaria molhada.”). Um
28
contrafactual centrado em fatores externos seria, por exemplo: “Se não tivesse chovido
tanto, então eu teria ido passear o cão”.
29
pior. Por exemplo, na história dos medalhistas olímpicos que ao ganharem a medalha de
prata, foram considerados mais infelizes por terem ficado em segundo lugar, do que os
medalhistas que ganharam a medalha de bronze e que ficaram em terceiro lugar na
competição.
Diferentemente, do exemplo anterior, os estudos de Quelhas, Power, Juhos, &
Senos (2008), apontaram que, os pensamentos contrafactuais ascendentes são
amplamente funcionais, porque promovem benefícios de preparação para o futuro e o
aumento do controlo percecionado pelo sujeito.
Para Niedenthal, Tangney & Gavansky (1994), nas emoções negativas, quando
geradas pelos pensamentos sobre como as coisas poderiam ter sido melhores, a culpa pela
ação é acentuada. Considere o seguinte exemplo: "Meu amigo não teria ficado chateado
comigo se eu não tivesse dado o meu número de telefone para a namorada dele ". A culpa
é ampliada quando ele imagina, uma mudança na sua personalidade, por exemplo, "Meu
amigo não teria discutido comigo se eu não fosse uma pessoa tão desleal”. Em Mandel e
Dhami (2005), culpa e auto-culpa também são amplificadas em prisioneiros, quando
pensam contrafactualmente sobre a sua captura, condenação e sentença. O efeito de foco
foi mediado pela culpa.
Faccioli, Justino & Schelini (2015), apontam que, em estudos de pessoas com
depressão, ansiedade, esquizofrenia, mulheres vitimizadas e pessoas que passaram por
diferentes experiências traumáticas, verifica-se a influência de experiências específicas
na elaboração e ativação das cognições sobre eventos passados. Quelhas et al. (2008),
verificaram que indivíduos deprimidos, ao contrário dos não deprimidos, não se
beneficiavam cognitivamente do pensamento contrafactual, ou seja, não usufruíam da sua
função preparatória e nem evitavam um resultado desfavorável idêntico, como também,
não apresentavam mudanças comportamentais relacionadas a intenções para melhorar.
Nos estudos de Markman & Miller (2006), os contrafactuais ascendentes intensificaram
as emoções negativas. No arrependimento associado à depressão as pessoas imaginam
alternativas para eventos de vida que podem parecer irracionais para os outros (Roese &
Morrison, 2009). Existem indivíduos que ao invés de imaginarem que as coisas poderiam
ter sido melhores, imaginam que as coisas poderiam ter sido piores e ao invés de sentirem
alívio, sentem-se culpados e angustiados (Rye, Cahoon, Ali & Daftary, 2008). Também
a procrastinação, pode levar a um pensamento contrafactual menos eficaz, com tendência
à produção de maior quantidade de contrafactuais descendentes do que de contrafactuais
ascendentes - o que pode levar o indivíduo a adotar uma tendência complacente e sem
30
motivação para mudanças (Sirois, 2004). Nos estudos de Sanna, Turley-Ames & Meier
(1999), os autores concluíram que, as diferenças entre os contrafactuais ascendentes e
descendentes, estão relacionadas às características individuais de personalidade,
autoestima ou a fatores como o humor.
Os pensamentos contrafactuais, desempenham um papel importante num
diversificado espectro de fenómenos psicológicos e, mais especificamente, numa série de
julgamentos e atribuições, dentre elas as atribuições de intencionalidade - tema proposto
para esse estudo sobre o Pensamento Contrafactual no Julgamento de Intencionalidade
em leitores com diferentes perspetivas, ao qual daremos seguimento.
Há consenso na ciência cognitiva de que a perceção da ação intencional é um
componente-chave da cognição social humana, que evoluiu pelo seu valor adaptativo na
interação social e que se desenvolve muito rapidamente nos primeiros anos da infância
(Malle 2003).
31
Estudos sobre o papel (Bartsch & Wellman, 1989), (Meltzoff, 1995), (Kalish, 1998),
fundamental da Premack, 1999), (Farroni, 2000), (Woodward &
Intencionalidade nas colaboradores, 2001)
explicações do comportamento
Estudos da relação entre (Malle & Knobe, 1997), (Brand, 1984), (Searle,1983),
julgamentos da intencionalidade (Duff, 1990), (Hart, 1968), (Shaver,1985), (Wallace 1994),
e julgamentos morais com (Williams 1993).
ênfase na culpa e
responsabilidade
Estudos da psicologia do (Zelazo, Astington & Olson 1999), (Meltzoff ,1995),
desenvolvimento, sobre o papel (Barresi & Moore, 1996),
da intencionalidade nas (Baldwin & Baird, 1999)
explicações e atribuições de (Wellman, Phillips, & Rodriguez, 2000).
responsabilidade dentro do
paradigma da “teoria da mente”
Estudos da psicologia social, (Malle & Knobe, 1997), (Brand,1984), (Searle,1983), (Buss
dentro do paradigma da “teoria 1978), (Malle 1999),
da atribuição”. (White, 1991)
1.Quadro síntese de elaboração própria.
32
consciência e expressão de várias conexões entre os desejos, perceções e emoções de
pessoas por parte das crianças pequenas. Crianças de 3 anos ou menos podem deduzir o
desejo e a intenção dentro de um conceito pró-atitude genérico ( Malle et al., 2011).
O julgamento de intencionalidade nos adultos, segundo o modelo de atribuição de
intencionalidade de Malle & Knobe (1997), baseia-se em um conceito muito sofisticado
em que são consideradas inicialmente, cinco condicionantes distintas nomeadamente: a
crença do agente, desejo, intenção, habilidade e consciência.
Em 2003, Knobe, reviu a “habilidade”, atribuindo a esse conceito, ao que chamou
de “papel muito mais complexo”. Uma vez que a habilidade interagiu com os julgamentos
de elogio e culpa nos estudos anteriores que fez no mesmo ano. Na altura, Knobe (2003b),
observou que as pessoas dissociam o agente do comportamento quando concluem que o
agente merece menos elogios ou censuras pela sua falta de habilidade. No entanto, Malle
e Giulglielmo (2011), avaliam que esses julgamentos geralmente são feitos com extrema
rapidez e que são conceitos difíceis de analisar porque envolvem uma complexidade de
perceções avaliativas dos estados mentais dos outros e também respostas afetivas de
elogio, culpa, orgulho, vergonha, ressentimento e gratidão.
33
crença de que A provavelmente levará a O”. Nesse sentido, concluem os autores que,
realizar uma ação intencional, requer que se tenha pelo menos uma perceção consciente
mínima do que se está a fazer. Tal perceção é mais sutil e específica do que a mera vigília
consciente. Seria como um estado auto- reflexivo no qual o agente realiza o ato seguindo
conscientemente a intenção desse ato (Brand, 1984; Searle,1983, cit. por Malle, Moses &
Baldwin, 2001).
FIG. 2. A model of the folk concept of intentionality Malle & Knobe, (1997).
34
1.10. Atribuição de culpa
35
que deve ser entendido como a condenação moral de um agente por suas ações (Malle,
2003).
O modelo de caminhos de culpa assume a deteção de um evento negativo como
condição necessária para iniciar o processo. Em seguida, o agente causal no ato deve ser
estabelecido, se as ações que levaram ao evento negativo foram executadas
intencionalmente pelo agente. Nesse ponto, o modelo propõe dois caminhos possíveis que
o processo pode percorrer: se for constatado que o ato foi praticado de forma intencional,
deve-se apurar as razões do agente para ter agido e se, por outro lado, está concluído que
as ações não foram intencionais, mas acidentais, avalia-se se o agente tinha a obrigação
(devido ao seu papel social) de ter evitado o evento e se tinha capacidade (física e mental)
para fazê-lo (Malle, Guglielmo & Monroe, 2014).
O modelo de caminhos de culpa então propõe que julgamentos de culpa não são
verificados, se no processo de avaliação não for considerado que houve intencionalidade.
No entanto, nem todos os autores concordam com o papel específico que a
intencionalidade assume no processo atributivo. Knobe (2003b), como vimos
anteriormente, descobriu que o conceito de intencionalidade em julgamentos morais
depende da sua interação com a natureza negativa ou positiva das consequências. Assim,
em seus estudos, ele descobriu que quando as pessoas julgam a intencionalidade de uma
ação, tendem a omitir informações relevantes sobre a capacidade dos agentes de executar
as ações e tendem a considerar que a ação foi intencional devido às consequências
negativas, independentemente de o agente ter ou não capacidade de executar o ato. Porém,
se o resultado for positivo e houver falta de habilidade, as pessoas consideram que a ação
não é intencional e o resultado foi obtido por acaso. As pessoas tendem a dar
consideravelmente menos crédito por uma conquista, se essa conquista for atribuída
principalmente à sorte (Knobe, 2003b, p. 18). Quando as consequências são negativas,
Knobe descobre que mesmo em situações em que as ações de um agente são claramente
não intencionais, as pessoas tendem, em grande medida, a atribuir culpa (Knobe, 2003a).
Isso mostra que as pessoas diferenciam claramente os dois conceitos de culpa e
intencionalidade, onde, para Knobe (2003b), a culpa é um resultado que pode ser obtido
mesmo que seja identificado que o agente não agiu intencionalmente, ou seja: a
intencionalidade de uma ação não é condição necessária para que um julgamento de culpa
seja atribuído (como quando é atribuído culpa às consequências negativas das ações de
um motorista bêbado, mas a sua conduta não é julgada intencional ( Knobe, 2003b).
36
Embora o modelo de caminhos de culpa Malle, Guglielmo & Monroe (2014), aponte que
isso faz sentido em alguns casos (lembre-se do caso da “obrigação” devido ao papel do
agente), a diferença entre as duas teorias é que para Knobe (2003a), há primeiro um
julgamento de culpa (ou uma avaliação moral de algum tipo) para então determinar a
intencionalidade e, de facto, quando a culpa já foi estabelecida, é mais provável que
ocorra um julgamento de intencionalidade. Enquanto Malle et al. (2014), afirmam que
primeiro é feito um julgamento de intencionalidade para posteriormente determinar a
culpa, e o julgamento da culpa requer essa atribuição prévia de intencionalidade.
Knobe (2003b), explica a diferença entre essas teorias a partir da valência das
consequências. Se uma ação tem consequências negativas, as pessoas tendem a considerar
que as consequências foram geradas intencionalmente (mesmo quando os participantes
são claramente informados de que o agente não tinha intenção). No entanto, se as
consequências forem positivas, os participantes não consideram a ação intencional. A
mesma diferença aparece para ações com consequências positivas quando são solicitadas
avaliações de mérito e não de culpa. Para Knobe (2003b), no processo pelo qual as
pessoas determinam quanto elogio ou culpa o protagonista merece, as pessoas podem
dissociar o agente da sua ação - a dissociação é um estado psicológico cuja existência
pode ser inferida a partir de uma diferença entre dois julgamentos. Quanto mais o agente
estiver dissociado da sua ação, mais relutantes serão as pessoas em considerar a sua ação
como intencional. Neste caso, uma ação realizada sem habilidade, mas com
consequências positivas pode ser vista como intencional e digna de crédito (moralmente
boa). Para testar a hipótese da dissociação, Knobe (2003b), realizou a seguinte
experiência:
Klaus foi um soldado do exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Seu
regimento foi enviado em uma missão que ele acredita ser profundamente imoral. Ele
sabe que muitas pessoas inocentes morrerão a menos que ele consiga interromper a
missão antes que ela seja concluída. Um dia, lhe ocorreu, que a melhor maneira de sabotar
a missão seria atirar no dispositivo de comunicação de seu próprio regimento. Ele sabe
que, se for pego atirando no dispositivo, pode ser preso, torturado ou até morto. Ele
poderia tentar fingir que estava simplesmente cometendo um erro - que ficou confuso e
pensou que o dispositivo pertencia ao inimigo, mas tem quase certeza de que ninguém
acreditará nele. Com esse pensamento em mente, ele levanta o rifle, aponta o dispositivo
e aperta o gatilho. Mas Klaus não é muito bom no uso do seu rifle. Sua mão desliza no
37
cano da arma e o tiro sai selvagemente. . . No entanto, a bala atinge diretamente o
dispositivo de comunicação. A missão é frustrada e muitas vidas inocentes são salvas.
Aqui, a maioria das pessoas diz que Klaus atingiu o dispositivo de comunicação
intencionalmente. Na verdade, as diferenças entre essas vinhetas foram demonstradas
experimentalmente - com 23% dos sujeitos dizendo que o agente atingiu
intencionalmente o alvo na vinheta de realização, 91% na vinheta imoral e 92% na vinheta
moralmente boa os sujeitos marcaram a quantidade de elogios em uma escala de 0 a 6.
No geral, os sujeitos deram muitos elogios ao agente na versão sem habilidade (M = 4,46)
e apenas um pouco mais na versão com habilidade (M = 5,01 ), deixando um nível
bastante baixo de dissociação (M = 0,56). Em outras palavras: o que temos aqui segundo
Knobe (2003b), é um comportamento sem habilidade, de modo que as pessoas não
culpam o agente, mas o grau de dissociação é bastante baixo. Assim, a hipótese de
dissociação e a hipótese de culpa geram previsões concorrentes. A hipótese de dissociação
prevê que as pessoas irão considerar o comportamento como intencional; a hipótese da
culpa prevê que as pessoas considerarão o comportamento como não intencional. Na
verdade, a maioria dos sujeitos (92%) disse que o comportamento foi intencional. Esse
resultado cria sérios problemas para a hipótese de culpa. Como é possível que os
julgamentos dessas pessoas tenham sido influenciados pela culpa, visto que consideraram
especificamente o comportamento como digno de elogio? (Knobe, 2003b ).
38
Walsh & Byrne, em 2004, concluíram que a relação entre contrafactuais e
emoções ou julgamentos morais nem sempre é direta. Estudos recentes também indicam
que os julgamentos de não intencionalidade dos efeitos, quando surgem da inação e não
da ação, são feitos de maneira diferente. Isso se dá, porque uma inação pode parecer não
resultar de uma escolha deliberada do protagonista como é no caso de uma ação. A “ação”
aqui referida, será no sentido de implicar a condução do agir sob a influência de estados
intencionais (Quelhas & Juhos 2013).
Os estudos de Ndubuisi e Byrne (2013), evidenciam que as avaliações morais de
bondade e maldade, ou julgamentos de culpabilidade, não parecem ser a razão pela qual
as pessoas tendem a julgar os efeitos colaterais prejudiciais como intencionais e os efeitos
não prejudiciais como não intencionais (Ndubuisi & Byrne, 2013).
Para uma melhor compreensão de como os julgamentos da intencionalidade se
relacionam com os pensamentos contrafactuais, utilizaremos a explicação da
disponibilidade de escolha, que propõe que numa ação, com um efeito negativo, diferente
de uma ação, com um efeito positivo, as pessoas identificam um dilema com uma
possibilidade de escolha do protagonista da história e, para fazer a escolha, as pessoas são
obrigadas a imaginar alternativas contrafactuais (Ndubuisi & Byrne, 2013).
Os estudos aqui referidos, evidenciaram a presença de pensamentos contrafactuais
nos participantes, quando foram levados a criar "se ao menos", após fazerem os seus
julgamentos de intencionalidade, ao serem inquiridos sobre como as coisas poderiam ter
acontecido de forma diferente. Verificou-se que eles julgaram que o presidente pretendia
prejudicar o meio ambiente ainda mais do que quando não imaginaram uma alternativa
(Ndubuisi & Byrne 2013).
39
também atribuíram um grau de culpa e de elogio, relativamente ao Presidente, e por fim
foi-lhes pedido que fizessem um pensamento contrafactual sobre como as coisas
poderiam ter sido, com um desfecho diferente.
Iremos agora recordar alguns dos principais conceitos e resultados em estudos já
referidos na revisão da literatura, e que são a base para a construção das nossas hipóteses.
Quando falamos de intencionalidade, então, devemos falar de ações que foram realizadas
intencionalmente (Malle & Knobe,1997). Nos estudos de Knobe (2003b), ele conclui que
as pessoas parecem consideravelmente mais dispostas a dizerem que um efeito foi
causado intencionalmente, quando consideram que o efeito foi negativo, do que quando
consideram que o efeito foi positivo. No seu estudo, os participantes julgaram que o
dirigente de uma empresa prejudicou intencionalmente o meio ambiente, quando foram
informados de que o programa que a empresa implementaria ajudaria a aumentar os
lucros, mas prejudicaria o meio ambiente. No entanto, quando foram informados de que
o programa ajudaria não só a aumentar os lucros, mas também ajudaria o meio ambiente,
as pessoas consideraram que o presidente não ajudou intencionalmente o meio ambiente.
Nos estudos de Ndubuisi e Byrne (2013), os autores procuraram compreender por
qual motivo é que as pessoas julgam que outros causam efeitos negativos (prejudiciais)
intencionalmente e efeitos positivos (de ajuda) não intencionalmente. Ao fim das
experiências que realizaram, Ndubuisi e Byrne, chegaram à conclusão de que, as
avaliações morais de bondade e maldade, ou julgamentos de culpabilidade, não parecem
ser a razão pela qual as pessoas tendem a julgar os efeitos negativos (prejudiciais) como
intencionais e os efeitos positivos (não prejudiciais) como não intencionais. Com isto,
Ndubuisi e Byrne (2013), propuseram a teoria da explicação da disponibilidade de
escolha. Essa teoria consiste na possibilidade de que, numa ação que produz um efeito
negativo, diferente de uma ação que produz um efeito positivo, as pessoas identificam um
dilema. Nesse dilema, o protagonista da história tem uma possibilidade de escolha. E por
avaliarem que existe essa possibilidade de escolha, as pessoas tendem a julgar que a ação
que resultou num efeito prejudicial foi intencional. Por sua vez, a ação que resultou num
efeito positivo, não será julgada como intencional porque não apresenta um dilema.
Para o nosso estudo, replicamos os cenários de Knobe (2003a) e Ndubuisi &
Byrne (2013), apresentando duas histórias com foco na decisão do Presidente de uma
comunidade.
A primeira história será de 'ajuda', em que o principal objetivo, tem um elevado
estatuto moral (a criação de 370 postos de trabalho) e um resultado positivo: ajudar o
40
meio ambiente. Na segunda história, o principal objetivo também tem um elevado estatuto
moral (a criação de 370 postos de trabalho), mas o resultado é negativo porque prejudica
o meio ambiente. Portanto, temos aqui um dilema que segundo, Ndubuisi & Byrne (2013),
“é representado pelo efeito prejudicial. A meta é positiva, enquanto o efeito é negativo.
E em um dilema, o protagonista faz escolhas entre as prioridades” (p.3). Ndubuisi e
Byrne propõem então, que o foco do julgamento da intencionalidade pela decisão tomada
se dá no efeito negativo, devido à “possibilidade de escolha” do protagonista da história.
Os autores constataram que mesmo quando o objetivo principal do protagonista foi
elevado para ser moralmente atraente (salvar pessoas da fome), os participantes tendiam
a julgar que ele causou o efeito negativo (prejudicar o meio ambiente), de forma mais
intencional do que o efeito positivo (ajudar o meio ambiente).
Os estudos sobre como as pessoas julgam a intencionalidade de uma ação afirmam
que, as intuições de uma pessoa quanto a se um determinado resultado foi ou não
produzido "intencionalmente", podem ser influenciadas pelas atitudes do julgador em
relação ao resultado específico em questão. Em particular, fará uma grande diferença se
eles pensam que “x” é algo bom ou ruim (e,g., Knobe, 2003b). Nessa perspetiva, o
julgamento que as pessoas farão, dependerá da apreciação subjetiva que elas fazem dos
resultados observados, ou seja, - situação positiva e situação negativa (Malle, 2003). Com
base nessa afirmação, no intuito de conhecer em diferentes perspetivas a forma como as
pessoas julgam a intencionalidade das decisões tomadas pelo presidente de uma
comunidade, foi que propusemos uma avaliação a partir de diferentes perspetivas:
Turista, Residente e Neutro. As decisões tomadas pelo líder comunitário, constam de uma
ação de ajuda com resultado positivo e de uma ação de prejuízo com resultado negativo.
A intenção de agir do presidente, deverá ter certas crenças sobre a ligação entre a sua ação
e o resultado desejado. Se essas crenças de ação-resultado forem alteradas, o
comportamento do agente, na medida em que for intencional, provavelmente será alterado
também (Malle, 2003).
Pretendemos investigar, se os consequentes julgamentos de intencionalidade, são
significativamente diferentes mediante a perspectiva do sujeito (Turista, Residente e
Neutro), e perceber se a valência do resultado modula esses julgamentos, e quais são as
diferenças relacionadas com a ação positiva empreendida pelo Presidente (ajudar o meio
ambiente) e também com a ação negativa (prejudicar o meio ambiente). Para responder
às questões de investigação deste estudo, formulamos duas hipóteses gerais e quatro
hipóteses específicas, sobre como as pessoas julgam a intencionalidade dos resultados
41
positivos e negativos de uma decisão tomada pelo Presidente da comunidade de Vale
Formoso, e de acordo com a perspectiva em que se colocam Turista, Residente e Neutro,
bem como sobre a atribuição de culpa e elogio ao Presidente.
42
H.6 - Relativamente à atribuição de culpa (na situação de prejuízo do ambiente),
espera-se que o grupo Residente apresente um resultado superior aos grupos Turista e
Neutro. Se na hipótese anterior espera-se que o Residente atribua maior intencionalidade,
é esperado que também atribua mais culpa pelos mesmos motivos já referidos. Com a não
recuperação da paisagem local, o grupo Residente, será o grupo mais diretamente afetado
pelas obras e pelos efeitos deletérios resultantes das mesmas, e também pelo prejuízo que
a comunidade terá com a perda das atividades turísticas.
II. MÉTODO
Todos os dados pertinentes aos métodos que se seguem, que não estejam
incluídos no presente segmento, estarão disponíveis nos anexos, conforme indicação entre
parêntesis, que remeterá para o respetivo anexo.
2.1. Participantes
Colaboraram nesta experiência, devidamente informados e de forma voluntária,
90 adultos, com idades compreendidas entre os 17 e 73 anos, ( 𝑥̅ = 42; S`= .15), dos quais
56, 7% (51), eram do género feminino e 43,3% (39), do género masculino. Relativamente
às suas habilitações literárias, 6,7% dos participantes tinham ensino obrigatório, 21,1%
tinham ensino secundário ou equivalente, 48,9% tinham licenciatura, 17,8% tinham
mestrado e 5,6% tinham doutoramento, (cf. Anexos, Tabela H.1.2).
2.2. Delineamento
O presente estudo, tem um desenho fatorial 3 X 2: 3 perspetivas (turista, residente
e neutro) X 2 situações (positiva e negativa). A variável perspectiva é entre-participantes
43
e a variável “Situação” é intra-participantes. Foram definidas as seguintes variáveis
dependentes: o “Julgamento de Intencionalidade”, “atribuição de culpa”; atribuição de
elogio”. As tarefas dos participantes consistiam na leitura de dois cenários (1 positivo e 1
negativo); atribuição de culpa no caso do cenário negativo, e elogio no caso do cenário
positivo; julgamento de intencionalidade para o resultado negativo e para o resultado
positivo e adicionalmente fazer um pensamento contrafactual para o resultado negativo e
outro para o resultado positivo.
44
História com resultado negativo:
O Presidente da comunidade de Vale formoso, comunicou que decidiu assinar um
contrato de concessão para a exploração de lítio, cujo objetivo é criar "cerca de 370 postos
de trabalho" com mão de obra local, até 2021.”
Disse ter conhecimento do estudo sobre o impacto ambiental na região, e
considerou que "a maioria dos impactos sobre a paisagem, decorrentes das fases de
preparação e exploração, seriam negativos e contribuiriam para a degradação do terreno,
e no impacto visual”. (inviabilizando as atividades turísticas).
No entanto, o Presidente acrescentou: “Eu não tenho nenhum desejo de afetar o
ambiente, mas não será possível minimizar a destruição das áreas florestais com a adoção
de medidas de recuperação ambiental e paisagística, porque não há dinheiro”.
Avançou-se então para a exploração do lítio em Vale Formoso, e com a ausência
de medidas de recuperação, o ambiente foi prejudicado.
Neste estudo, foram utilizados dois itens adicionais propostos por Knobe (2003),
cujo objetivo foi dar aos sujeitos uma oportunidade independente para expressar a sua
desaprovação moral da ação do sujeito, e que consistem numa tarefa de atribuição de
elogio e numa tarefa de atribuição de culpa, seguida da pergunta sobre a intencionalidade
da ação do sujeito.
Os participantes, receberam a história com efeito positivo seguida da pergunta:
“Nessa história, determine quanto elogio o presidente merece pelo que fez”. Os sujeitos
indicaram a quantidade ajuizada de elogio numa escala de 7 pontos, ancorando o 0 em
[nenhum elogio] e o 6 em [muitos elogios]. De seguida, foi apresentada a segunda
pergunta, sobre a intencionalidade pela ajuda:” responda o quanto acha que o presidente
ajudou intencionalmente o meio ambiente”, os sujeitos responderam marcando numa
escala de 7 pontos, ancorando o 0 em [Não intencional] e o 6 em [Intencional].
A história de 'prejuízo', foi seguida pela pergunta: “nessa história determine
quanta culpa o presidente tem pelo que fez”. Os sujeitos indicaram a quantidade ajuizada
de culpa numa escala de 7 pontos, ancorando o 0 em [nenhuma culpa] e o 6 em [muita
culpa]. De seguida, foi apresentada a pergunta sobre a intencionalidade do prejuízo:
“responda o quanto acha que o presidente prejudicou intencionalmente o meio
ambiente”, os sujeitos responderam à questão marcando numa escala de 7 pontos,
ancorando o 0 em [Não intencional] e o 6 em [Intencional].
A recolha dos dados, seguiu todas as diretrizes éticas para estudos com pessoas.
Todos os participantes assinalaram que concordavam com o termo de consentimento livre
45
e esclarecido. (cf. Anexo B). Foi aplicado aos participantes pelo google forms, uma ficha
sociodemográfica composta de questões relacionadas ao género, idade, profissão e
qualificações literárias (indicação do grau de escolaridade).
Os cenários e as perguntas foram postados no Google forms, (cf. Anexos: A, B,
C, D e E), que aparecem no ecrã numa sequência de 5 páginas. A primeira página era de
agradecimento pela participação, seguida do consentimento informado, para marcar, e de
uma terceira página, para preencher com os dados demográficos - idade e profissão, e
habilitações literárias para marcar. Na quarta página, foi apresentada a primeira história,
que podia ser positiva ou negativa, consoante o grupo de participantes. Dado que o
Google forms não permite a “aleatorização” da apresentação dos cenários, foram criados
dois links diferentes para contrabalançar a ordem de apresentação dos dois cenários. Na
mesma página foram apresentadas três tarefas já referidas, que o participante teria de
concluir obrigatoriamente para poder aceder à próxima página (quinta página).
Com vistas a favorecer a produção dos pensamentos contrafactuais, após a leitura
das histórias, os participantes foram instruídos a completarem com os pensamentos que
lhes viessem à cabeça, as frases iniciadas com “Se…, então...” após terem lido a seguinte
instrução: Perante situações deste género, as pessoas muitas vezes imaginam que: “Se
algo tivesse acontecido de maneira diferente, então o resultado também teria sido
diferente”. Que pensamentos desse tipo lhe ocorrem sobre a história que acabou de ler?
No espaço em baixo escreva por favor um pensamento desse tipo que lhe ocorra a
propósito da situação que leu, seguindo o modelo “Se…então” …, ou seja, Se algo
tivesse sido diferente, então o resultado teria sido…
O racional para a construção das histórias foi o seguinte:
O primeiro parágrafo consta do objetivo principal do Presidente que é “criar cerca
de 370 postos de trabalho”, ao assinar o contrato de concessão para a exploração do lítio
em Vale Formoso. No segundo parágrafo, o presidente fala das consequências para o
ambiente. No terceiro parágrafo, o Presidente adota medidas de recuperação ambiental
para minimizar os danos (ou não adota), e no quarto parágrafo é dito que o efeito para o
meio ambiente foi positivo (ou negativo).
Na quarta página, foi apresentada antes de cada história, uma orientação
específica, para cada grupo - Turista, Residente e Neutro – visando facilitar a
identificação do participante com o grupo (perspectiva), do qual faria parte.
Orientação do grupo Turista: “Imagine agora que é um Turista, e que frequenta
com a sua família, a cada dois anos, um lugar chamado Vale Formoso. É para si um
46
lugar de sonho, onde sente estar em harmonia com a natureza para além de adorar
fotografar as belezas naturais daquele lugar. Hoje, quando está a planear a próxima
viagem, lê esta história num noticiário:”
Orientação do grupo Residente: “Imagine agora que é residente de um lugar
chamado Vale Formoso. É para si um lugar bom de morar, tanto pelas suas belezas
naturais, como pela sua riqueza mineral, que se for explorada, dará empregos aos
moradores da região. Agora, quando está a jantar com a família, vê no noticiário o
seguinte relato:”
Orientação do grupo Neutro: “De seguida, irá ler uma história sobre um lugar
chamado Vale Formoso, conhecido tanto pelas suas belezas naturais, como pela riqueza
mineral, que se for explorada, dará empregos aos moradores da região.”
Seguindo a instrução de Ndubuisi e Byrne (2013), utilizamos nas duas versões a
frase: ‘I have no desire to affect the environment’ (Eu não tenho nenhum desejo de afetar
o ambiente) em substituição à frase utilizada por Knobe (2003b), ‘I don’t care at all about
harming the environment” (não me importo em prejudicar o ambiente), para evitar
qualquer inferência de que o protagonista foi maliciosamente negligente, (e.g., Guglielmo
& Malle 2010a; Ndubuisi & Byrne (2013).
No caso da história negativa as duas questões iniciais são: 1ª. Uma tarefa de
atribuição de culpa: “Nessa história, determine quanta culpa o presidente tem pelo que
fez”. 2ª. Uma tarefa de julgamento de Intencionalidade: “Determine o quanto acha que
presidente prejudicou intencionalmente o meio ambiente. Sendo a terceira questão, a
produção de pensamentos contrafactuais – colocada em termos idênticos ao cenário
positivo.
III. RESULTADOS
47
“ nenhum elogio”, “nenhuma culpa”, “não intencional”, foi substituído pelo número 1.
O número 6 que corresponde a “muitos elogios”, “muita culpa”, “ intencional”, foi
substituído pelo número 7. Ficando, portanto, com a seguinte rotulagem: 0→1, 1→2,
2→3, 3→4,4→5, 5→6, 6→7 com o número 1 correspondendo às alternativas” nenhum
elogio” “nenhuma culpa” e “não intencional” e o número 7 correspondendo às
alternativas “muitos elogios”, “muita culpa” e “intencional”.
A análise estatística dos dados obtidos, foi feita com recurso à versão 2.1 do IBM
SPSS Statistics. Para esta análise, foram utilizadas metodologias paramétricas por serem
mais robustas, isto é, de modo a minimizar a ocorrência de erros do tipo II, (Marôco,
2021). Assim, para averiguar se existem diferenças estatisticamente significativas entre
as perspetivas (Turista, Residente e Neutro) em cada uma das situações, recorremos à
ANOVA one-way, já que os grupos são independentes e a variável dependente é tratada
como sendo quantitativa (apesar de, na sua génese ser do tipo ordinal). Foi assumido, para
todos os testes realizados, um valor de significância () de 0,05.
Todos os dados pertinentes aos resultados que se seguem, que não estejam
incluídos no presente segmento, estarão disponíveis nos anexos, conforme indicação entre
parêntesis, que remeterá para o respetivo anexo.
48
Tabela 1: Média e DP, para o elogio, culpa e julgamento de intencionalidade
nas três perspetivas dos sujeitos.
Perspetiva do sujeito
49
3.2.1. Situação de ajuda ao ambiente
H:3 Relativamente à intencionalidade (na situação de ajuda ao ambiente), espera-
se que o grupo Turista apresente um resultado inferior aos grupos Residente e Neutro.
H:4 - Relativamente à atribuição de elogio (na situação de ajuda ao ambiente),
espera-se que o grupo Turista apresente um resultado inferior ao grupo Residente e
Neutro.
Para a variável julgamento de intencionalidade na situação de ajuda, o teste de
comparação das médias dos três grupos, os resultados mostram que não existem
diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em estudo (F (2;87) =3,040;
p=0,053; ή2=0,065),(cf. Tabela 1). Também na análise descritiva, não existem diferenças
relevantes entre os grupos, relativamente aos valores mínimos e máximos. Os grupos
Turista, Residente e Neutro, obtiverem valores mínimos de julgamento de
intencionalidade = 1 (intencional) e máximos = 7(não intencional). Contudo, os valores
médios mostraram pequenas diferenças médias entre o grupo Neutro (𝑥̅ = 4.33) e Turista
(𝑥̅ =3.07), enquanto o grupo Residente, obteve valores médios, mais aproximados do
grupo Neutro ( 𝑥̅ =3.47). Os valores da mediana nos três grupos - Turista (Md=2.50),
Residente (Md = 4,0) e Neutro (Md= (5.0), denunciam que, o grau de intencionalidade
atribuído pelo grupo da perspetiva Neutro, parece ser superior à dos restantes grupos, com
grupo Turista apresentado uma média inferior aos grupos Residente e Neutro, muito
embora essa diferença não seja estatisticamente significativa.
Verifica-se, portanto, que os resultados não vão no sentido do que é preconizado
na hipótese, uma vez que o grupo Turista, não apresentou valores de julgamento de
intencionalidade na situação de ajuda, relevantemente inferiores aos demais grupos. No
entanto, observa-se uma tendência no grupo Turista, em julgar que a ajuda do Presidente
ao ambiente, não foi “muito” intencional.
Para a variável atribuição de elogio, no teste de comparação das médias dos três
grupos, os resultados mostraram que existem diferenças estatisticamente significativas
entre, pelo menos, dois dos grupos em estudo (Turista e Neutro), (F (2;87) =3,634;
p=0,031; ή2=0,078). No entanto, a análise descritiva, para a atribuição de elogio,
apresenta algumas diferenças entre os grupos Turista e Neutro. O grupo Neutro(𝑥̅ =4.57),
obteve valores médios mais elevados de atribuição de elogio pela ajuda, que os grupos
Residente (𝑥̅ =3.47) e Turista ( 𝑥̅ = 3.23). Todos os três grupos obtiveram valores
mínimos de atribuição de elogio = 1 (nenhum elogio) e máximos = 7( muitos elogios),
(cf. Anexos, Tabela F1.8). Verifica-se também que a mediana dos elogios atribuídos no
50
grupo Neutro (Md = 5.50), é superior à mediana dos elogios atribuídos no grupo Turista
(Md=3.50), que por sua vez é superior à mediana do grupo Residente (Md=3.00), (cf.
Anexos, gráfico F.1.5). Desta forma, com os resultados obtidos, o Grupo Turista, não
apresentou valores de atribuição de elogio, relevantemente inferiores aos demais grupos,
como previa a hipótese, mas indicam que o grupo Turista e o grupo Residente, apontam
uma tendência menos elevada em atribuir elogios na situação de ajuda ao ambiente, que
o grupo Neutro. Este resultado será aprofundado na secção de discussão dos resultados.
Como poderemos verificar na análise da tabulação cruzada das variáveis,
atribuição de elogio e julgamento de intencionalidade na ajuda, existe uma discrepância
entre os elogios atribuídos ao Presidente na situação de ajuda e a atribuição de
intencionalidade na ajuda ,( cf. anexos, tabela F.3.8.). Nos percentuais de elogio, 25% dos
participantes consideram que o Presidente não merece nenhum elogio pela ajuda. 75%,
dos participantes, em valores que variam do nível 1 a muitos elogios. consideram que o
Presidente merece elogio. Nos percentuais de intencionalidade na ajuda, 65% dos
participantes, (incluindo os 20% que dizem que a ajuda não foi intencional, acusam
níveis mais baixos de intencionalidade para a ajuda do presidente (níveis 1 e 2). 24%
tendem para níveis mais altos de intenção ( níveis 4 e 5), e apenas 11% afirmam que o
Presidente, ajudou intencionalmente o ambiente. Este resultado será aprofundado na
seção de discussão dos resultados.
3.2.2. Situação de prejuízo do ambiente
H:5 - Relativamente à intencionalidade (na situação de prejuízo do ambiente)
espera-se que o grupo Residente, apresente um resultado superior aos grupos Turista e
Neutro (porque pensamos que será este grupo, o mais diretamente afetado pelas obras e
pelos efeitos deletérios resultantes das mesmas).
H.6 - Relativamente à atribuição de culpa (na situação de prejuízo do ambiente),
espera-se que o grupo Residente apresente um resultado superior aos grupos Turista e
Neutro. (porque pensamos que será o grupo mais diretamente afetado pelas obras).
Para a variável julgamento de intencionalidade do prejuízo, o teste de
comparação das médias, dos resultados mostram que não existem diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos em estudo, (F (2;87) =2,647; p=0,077;
ή2=0,057), (cf. Tabela 1). A análise descritiva, para o Julgamento da intencionalidade na
situação de prejuízo do ambiente, nos grupos Turista, Residente e Neutro, não mostra
grandes diferenças entre os grupos, relativamente aos valores mínimos e máximos.
Observa-se, no entanto, que o grupo Residente (𝑥̅ =5.87), apresenta valores médios, mais
51
aproximados do grupo Neutro 𝑥̅ = 5.93), do que do grupo Turista (𝑥̅ =5.0).(cf. Tabela 1).
A mediana do julgamento da intencionalidade na situação de prejuízo do ambiente no
grupo Residente, é bastante elevada: Residente (Md=7.0), igualando-se à mediana do
grupo Neutro (Md = 7.0), mostrando uma tendência a um grau de intencionalidade
atribuído para a situação de prejuízo do ambiente, no grupo Residente, mais elevado do
que no grupo Turista (Md=5.50). Os resultados obtidos, revelam que o julgamento da
intencionalidade para a situação de prejuízo do ambiente, tem valores muito elevados nos
três grupos, o que pode ser indicativo de uma tendência em julgar que o Presidente, agiu
intencionalmente na situação de prejuízo do ambiente.
Para a variável atribuição de culpa, no teste de comparação das médias dos três
grupos, os resultados mostram que existem diferenças estatisticamente significativas
entre, pelo menos, dois dos grupos em análise (F (2;52,604) =4,827; p=0,012; ή2=0,072).
(cf. Tabela 1). (cf. Anexos, Tabela F.2.6). A análise descritiva, mostra algumas diferenças
entre as médias dos grupos: o grupo Neutro, obteve valores médios mais
elevados(𝑥̅ =6.43), do que o grupo Residente(𝑥̅ =5.50) e o Turista (𝑥̅ = 5.47). Os grupos
Residente e Turista, obtiveram valores mínimos de atribuição de culpa = 1 (nenhuma
culpa) e máximos = 7(muita culpa). O grupo Neutro apresentou valores mínimos de
atribuição de culpa entre = 3 (intermédio) e máximos = 7 (muita culpa), (cf. tabela 1). Os
valores da mediana, evidência que a culpa atribuída no grupo Neutro (Md = 7.0), é
superior à mediana da culpa atribuída nos grupos Turista (Md=6.0) e Residente (Md=6.0),
revelando também que a dispersão do grupo Turista é muito superior à dispersão do grupo
Neutro, o que justifica a heterogeneidade das variâncias, (cf. tabela 1).
Desta forma, os resultados são indicativos de que, embora os níveis de atribuição
de culpa tenham sido bastante elevados nos três grupos, o grupo Neutro além de não
atribuir ao protagonista, a ausência de culpa, culpou com mais veemência. Uma vez que
não houve diferenças significativas entre os grupos Neutro e Residente, pode-se concluir
que o grupo Residente, apresentou um nível de atribuição de culpa igual ao grupo Turista,
com tendência a culpar tanto, quanto o grupo Neutro. Este resultado será aprofundado na
secção de discussão dos resultados.
Como poderemos verificar na análise da tabulação cruzada das variáveis,
atribuição de culpa e julgamento de intencionalmente do prejuízo , existe uma
concordância entre a culpa atribuída ao Presidente e a atribuição de intencionalidade pelo
prejuízo, (cf. anexos, tabela F.4.8.). Nos percentuais de culpa , % dos participantes
consideram que o Presidente não merece nenhuma culpa e que não teve a intenção de
52
prejudicar. Enquanto 3% dos participantes, consideram um nível 1 de culpa e níveis 1, 2
e 3 de intenção de prejudicar o ambiente. 4% dos participantes, consideram que o
Presidente tem nível 2 de culpa com niveis 2, 3 e 4 de intenção de prejudicar o ambiente.
10% dos participantes, atribuem nível 3 de intenção de prejudicar o ambiente e níveis de
culpa 2,3,4 e 5. 12% atribuem nível 4 de intenção de prejudicar o ambiente com níveis
de culpa 2,3,4,5 e muita culpa.
18% consideram um nível de intencionalidade 5, culpa de nível 5 e muita culpa. 47%
considera que o Presidente prejudicou intencionalmente o ambiente e que tem níveis de
culpa máximos: nível 5 e muita culpa.
Os dados são reveladores de que os níveis de culpa atribuídos ao Presidente,
seguiram os níveis de julgamento de intencionalidade pelo prejuízo.
53
foram submetidas a análise estatística, do Kappa de Cohen, para se obter o índice Kappa
de concordância, do Acordo inter-juizes - que foi realizado, tal como sugerido por
Fonseca, Silva e Silva (2007). Através da análise dos resultados obtidos, foi possível
concluir, de acordo com Fleiss (1981; i.e. Fonseca, Silva & Silva, 2007), que o índice de
concordância é excelente, uma vez que é superior a .75 (=0.807), (cf. anexos, tabelas
G.1.3. e G.1.4.). De posse desse dado, foi possível proceder a análise descritiva dos
contrafactuais produzidos pelos três grupos.
Pretende-se, analisar nesse estudo, os pensamentos contrafactuais produzidos
pelos indivíduos relativamente à sua estrutura ( aditiva, subtrativa e substitutiva), e à sua
direção(ascendente, descendente e indefinida), com o objetivo verificar os tipos de
pensamentos contrafactuais produzidos pelos sujeitos nas três perspetivas. Espera-se que
os pensamentos contrafactuais, decorram das avaliações que os sujeitos farão, após lerem
as histórias em que o Presidente da comunidade de Vale Formoso, toma decisões de
ajudar ou prejudicar o ambiente.
Perspetiva do sujeito
Total
Turista Residente Neutro
Tabela 3: Percentagem dos CF aditivos, subtrativos e substitutivos, em cada uma das perspetivas dos sujeitos,
no cenário negativo.
Perspetiva do sujeito
54
A estrutura aditiva foi a mais produzida, pelos três grupos tanto para o a resultado
positivo ( de ajuda = 41%), quanto para o resultado negativo (de prejuízo = 46%). O
Residente realizou mais contrafactuais com estrutura aditiva para o resultado positivo
(18%), enquanto o neutro, realizou mais contrafactuais com estrutura aditiva para o
resultado negativo (18%), (cf. tabelas 2 e 3).
Os valores percentuais dos contrafactuais aditivos nos três grupos foram bem
aproximados, o que pode indicar a existência entre os três grupos, de um pensamento
contrafactual com tendência preferencialmente preparatória, porque os contrafactuais
aditivos, acrescentam novos antecedentes para reconstruir a realidade, (Roese, 1994;
Roese, & Olson, 1995).
A estrutura subtrativa, foi a segunda mais produzida com 38% para o a resultado
positivo (de ajuda) e 30% para o resultado negativo (de prejuízo). Embora as suas
qualidades preparatórias, sejam menos elevadas do que a estrutura aditiva, porque eles
reduzem os elementos do antecedente para reconstruir a realidade, estes pensamentos
contrafactuais, estão presentes nos três grupos. O grupo Turista obteve percentuais mais
elevados tanto para o resultado positivo, ( 17%) quanto para o resultado negativo (14%).
O Residente produziu níveis mínimos na situação de ajuda (6.4%). Embora as suas
qualidades preparatórias, sejam menos elevadas do que a estrutura aditiva, porque eles
reduzem os elementos do antecedente para reconstruir a realidade, estes pensamentos
contrafactuais, estão presentes nos três grupos, (cf. tabelas 2 e 3).
A estrutura substitutiva, foi a terceira estrutura produzida, com 20% para o
resultado positivo (de ajuda) e 23% para o resultado negativo (de prejuízo. Os valores
percentuais no grupo Residente, com 9% na situação de ajuda e 12% na situação de
prejuízo, foram os mais elevados dos três grupos. Esses contrafactuais estão naturalmente
relacionados à direção ascendente, uma vez que se subtrai um antecedente para em
seguida adicionar e reconstruir uma situação melhor do que a realidade, com uma
possibilidade melhor do que poderia ter sido feito. O grupo Residente, foi o grupo que
mais produziu a estrutura substitutiva, o que pode ser indicativo de uma tendência a
pensar sobre possibilidades diferentes das atuais, para resolver o dilema em que se
encontra diretamente implicado, introduzindo ocorrências inesperadas, de valor
arbitrário, na reconstrução da situação ocorrida, (Roese e Olson (1993). Alguns
pensamentos que remetem para a situação descrita, podem ser os seguintes:
“ Se escolhesse outra atividade para assim abrir mais e mais postos de trabalho,
então o ambiente seria preservado”.
55
“Se o presidente não tivesse liberado a exploração mineral o vale continuaria a ser
o vale formoso, e não teriam os impactos ambientais gerados pela visão capitalista não
sustentável”.
“Se o projeto fosse adiado, a fim de reunir fundos suficientes para minimizar os
danos, então os resultados teriam sido diferentes”, (cf. anexos, tabela G.1. ).
Tabela 4: Percentagem dos PC ascendentes, descendentes e indefinidos, nas três perspetivas dos sujeitos, no
cenário positivo.
Perspectiva do sujeito
Tabela 5: Percentagem dos PC ascendentes, descendentes e indefinidos, nas três perspetivas dos sujeitos, no
cenário negativo.
Perspectiva do Sujeito
56
funcionais, porque promovem, benefícios de preparação para o futuro e o aumento do
controlo percecionado pelo sujeito. Esta tendência se confirma nas frases produzidas
pelos participantes que em sua maioria propõem, medidas para melhorar ou evitar a
situação em vale Formoso, (cf. anexos, tabela G.1.).
“Se não tivesse explorado o lítio, então teria tido um jeito de criar postos de
trabalho permanentes e render mais lucro no final para Vale Formoso”.
“Se houvesse mais incentivo às atividades turísticas, a comunidade não aderia tão
facilmente à exploração do lítio como fez”.
“ Se o presidente explorar uma menor quantidade de lítio, então o impacto será
menor na natureza”.
Na análise da direção descendente, que ocupa o segundo lugar e é responsável por
40% dos contrafactuais no resultado positivo e 13% no resultado negativo. Os
percentuais nos três grupos são mais elevados na situação de ajuda, (resultado positivo).
Os valores nos três grupos são aproximados, o que aponta, uma relação direta do
pensamento contrafactual subtrativo com a direção descendente. Essa relação, poderá ser
sugestiva, de uma certa conformidade com a situação negativa, numa tentativa de consolo.
Ou pode refletir um certo alívio experimentado diante da possibilidade de uma
situação pior como afirmaram alguns participantes:
“Se o presidente não tivesse adotado as tais medidas de recuperação ambiental o
dano seria muito maior para o seu povo”.
“Se não houvesse a estratégia utilizada para reflorestamento da área afetada então
os danos ao meio ambiente seriam piores”.
“Se não tivesse ocorrido a concessão para exploração do ambiente, então teríamos
370 pessoas no desemprego”. (cf. anexos, tabela G.1.).
A direção indefinida, que foi produzida apenas pelo grupo Neutro com 3%, foi
uma modalidade de direção, utilizada nos contrafactuais que apresentavam uma estrutura
válida, mas que apresentavam uma direção indefinida. Nas respostas dos participantes
que realizaram estes contrafactuais sem direção definida, a estrutura ou era aditiva ou era
subtrativa.
“Se existisse melhor conhecimento da parte da comunidade e do Presidente, então
a gestão do processo seria outra”.
“ Se o presidente pensasse primeiro no meio ambiente, ele teria feito diferente”
“ Se o Presidente não tivesse desprezado a opinião dos trabalhadores no turismo,
não os teria prejudicado da forma como os prejudicou e nem também ao ambiente”
57
A seguir, analisaremos o cruzamento da estrutura com a direção, e o efeito
decorrente desses tipos de contrafactuais para o nosso estudo.
3.3.4. Análise dos valores cruzados da estrutura e direção nos três grupos
Os contrafactuais aditivos ascendentes, foram os mais produzidos e com valores
muito aproximados nos três grupos Neutro, Turista e Residente, (cf. anexos, tabelas
G.2.5. e G.2.6.). Podemos sugerir que nesse caso, existe uma relação direta, entre a
estrutura aditiva e a direção ascendente, que segundo a teoria, é dessa relação que surgem
os pensamentos contrafactuais em que as pessoas tendem a imaginar uma situação melhor
do que a realidade, com uma possibilidade melhor do que poderia ter sido feito, (Roese,
1994; Roese, & Olson, 1995; Quelhas, Power, Juhos, & Senos, 2008). Os contrafactuais
Aditivos inclusive foram aumentados pelos contrafactuais com direção indefinida
produzidos pelo grupo Neutro, uma vez que nesses contrafactuais os participantes
adicionavam alternativas, mas não lhes davam uma direção, revelando uma certa
desorientação, já prevista na teoria e que será analisada na discussão a seguir.
Os contrafactuais subtrativos ascendentes foram secundários, porém o grupo
Turista, produziu valores maiores que os outros dois grupos. Os contrafactuais
Subtrativos também foram aumentados pelos contrafactuais com direção indefinida
produzidos pelo grupo Neutro. Nesses contrafactuais, os participantes subtraiam
elementos e não lhes davam uma direção, revelando uma certa desorientação, já referida,
e que também será analisada na discussão a seguir.
Os contrafactuais substitutivos ascendentes, foram produzidos em sua maioria
pelo grupo Residente, seguido do grupo do Neutro, (cf. anexos, tabelas G.2.5. e G.2.6. ).
Os contrafactuais aditivos descendentes, foram poucos. Os contrafactuais
subtrativos descendentes foram elevados na situação positiva ( de ajuda), e com valores
muito baixos na situação negativa (de prejuízo). O Neutro e o Residente obtiveram os
percentuais mais elevados que o Turista, para o resultado negativo enquanto para o
resultado positivo, o turista e o neutro obtiveram percentuais mais elevados, (cf. anexos,
tabelas G.2.5. e G.2.6.). Os contrafactuais substitutivos descendentes, obtiveram
percentuais elevados nos três grupos para o resultado positivo (de ajuda), e percentuais
muito baixos para o resultado negativo (prejuízo), (cf. anexos, tabelas G.2.5. e G.2.6.).
58
IV. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O presente estudo, teve como objetivo, analisar, como as pessoas, em diferentes
perspetivas - Turista, Residente e Neutro – Após avaliarem as consequências de duas
decisões tomadas por um dirigente comunitário, atribuem elogio e culpa, e julgam a
intencionalidade do dirigente da comunidade, relacionada aos resultados positivos de
ajuda, e aos resultados negativos de prejuízo do ambiente. Para tanto, utilizamos um tema
em que se apresenta um dilema, replicando o estudo de Ndubuisi & Byrne, (2013),
inspirado nos estudos de Knobe (2003a). O tema escolhido para os cenários dessa
investigação, foi a exploração do lítio - um tema de cariz nacional ecológico, atual e
polémico, devido ao grande impacto que a exploração desse metal provoca no meio
ambiente. Como resultado, duas hipóteses gerais e quatro hipóteses específicas foram
definidas.
Na hipótese geral, esperava-se que os participantes, independentemente da sua
perspectiva, julgassem para a situação de prejuízo, (resultado negativo), que o Presidente
prejudicou intencionalmente o ambiente, mais do que ajudou intencionalmente o
ambiente, para a situação de ajuda, (resultado positivo). (Knobe 2003a; Ndubuisi &
Byrne, 2013). E que também, atribuíssem valores mais elevados de culpa para o resultado
negativo do que de elogios para o resultado positivo.
Os dados estatísticos descritivos e inferenciais apresentados acima, sustentam a
primeira hipótese ao mostrarem que, como previsto, os sujeitos nas três perspetivas
julgaram que o Presidente prejudicou intencionalmente o ambiente, mais do que o ajudou
intencionalmente. Portanto, esses resultados foram consistentes com a proposta de que
os participantes tendem a julgar que um indivíduo causou intencionalmente um resultado
negativo (situação de prejuízo) mas, que um resultado positivo (situação de ajuda), não
foi causado intencionalmente. (Knobe 2003a; Ndubuisi & Byrne, 2013). Estes resultados
também são consistentes com a proposta da disponibilidade de escolhas - baseada na
teoria dos modelos mentais, que preconiza que, o fenômeno surge porque um efeito
prejudicial representa um dilema genuíno no qual o ator deve fazer escolhas, ao passo que
um efeito útil não apresenta nenhum dilema e o ator não precisa fazer escolhas. As
pessoas imaginam alternativas contrafactuais em que o ator fez uma escolha diferente
para o efeito prejudicial. As alternativas imaginadas prontamente disponíveis para um
efeito prejudicial, os levam a inferir que foi intencional (Byrne, 2005; Ndubuisi & Byrne,
2013).
59
Os referidos dados também sustentam a hipótese de que os participantes,
independentemente da sua perspectiva, atribuiriam valores mais elevados de culpa para o
resultado negativo do que de elogios para o resultado positivo. A atribuição de culpa na
situação de prejuízo do ambiente, comparativamente à atribuição de elogio na situação de
ajuda ao ambiente, apresenta valores mais elevados e mais homogéneos do que a
atribuição de elogio nos três grupos Turista, Residente e Neutro (nenhuma culpa = 3.33%;
muita culpa = 51.11%). Para o elogio, (nenhum elogio = 25.55%, muitos elogios
=11.11%). Portanto, esses resultados foram consistentes com os resultados dos estudos
de Knobe (2003b). Os resultados obtidos, revelaram que um efeito prejudicial é julgado
intencional, mesmo quando os participantes têm a oportunidade de culpar o protagonista,
ou de outra forma atribuir responsabilidade ao protagonista separadamente e que alguns
efeitos prejudiciais são julgados não intencionais, mesmo quando o protagonista é
culpado. Um fenómeno observado, que foi consistente com os estudos de Sverdlik,
(2004), na atribuição de culpa, foi que, alguns efeitos prejudiciais são julgados
intencionais, mesmo quando o protagonista não é culpado.
Também encontramos nas análises desse estudo, um efeito que diz respeito às
perceções de intencionalidade, que segundo Shaver e Drown, (1986), também
influenciam as avaliações de comportamento: os atores recebem mais elogios e mais
culpa por ações consideradas intencionais em vez de não intencionais (e.g., Shaver, 1970).
Podemos verificar esse efeito, na tabela dos valores cruzados, de culpa, elogios e
intencionalidade, (cf. tabela 5).
Segundo Ruth Byrne (2017), a culpa e a intencionalidade podem ser "duplamente
dissociadas”, porque a emoção e os julgamentos morais tendem a seguir as mesmas linhas
de falhas que os pensamentos contrafactuais. Nos resultados do presente estudo, as
diferenças observadas, na atribuição de elogio e de culpa, ocorreram nos grupos Neutro
e Turista. No entanto, não existiram diferenças entre os três grupos, no julgamento de
intencionalidade nem para resultado positivo, nem para o resultado negativo.
Relativamente à intencionalidade (na situação de ajuda ao ambiente), esperava-se
que o grupo Turista apresentasse um resultado inferior aos grupos Residente e Neutro,
porque pensamos que o turista, não iria considerar que foi uma ajuda intencional, mesmo
que o ambiente fosse reconstruído. No teste de comparação das médias dos três grupos,
os resultados mostram que não existem diferenças estatisticamente significativas entre os
grupos em estudo.
60
Verifica-se, portanto, que os resultados não vão no sentido do que é preconizado
na hipótese, uma vez que o grupo Turista, apresentou valores de julgamento de
intencionalidade na situação de ajuda, inferiores aos demais grupos. No entanto, observa-
se nos valores médios e da mediana, uma tendência no grupo Turista, em julgar que a
ajuda do Presidente ao ambiente, não foi “muito” intencional. (Turista 𝑥̅ =3.07;
Residente, 𝑥̅ =3.47 e Neutro 𝑥̅ = 4.33); (Turista Md=2.50; Residente; Md = 4,0; e Neutro
Med= 5.0). O Turista ficou em terceiro lugar em termos de valores médios. No cômputo
geral, quem mais reconheceu a ajuda do presidente como intencional foi o grupo Neutro.
Isso poderia ser explicado pelo distanciamento do neutro da situação local.
Relativamente à atribuição de elogio, esperava-se que o grupo Turista acusasse
menos elogios que os grupos Residente e Neutro, porque pensamos que o Turista, não
iria elogiar as medidas, mesmo que o transtorno fosse temporário. Comparando os três
grupos, o Turista, elogiou muito menos que o Neutro e, mesmo não tendo diferenças
significativas, elogiou menos que o Residente. A teoria funcional sobre os pensamentos
contrafactuais, diz que quando uma expectativa é grande, e não se concretiza, pensamos
contrafactualmente. A violação da expectativa pode ser um determinante da ativação
contrafactual (Roese & Olson, 1995; Sanna & Turley, 1996). Nessa perspectiva, o turista,
estava a planear as suas férias, quando tomou conhecimento das obras pelo noticiário. Os
pensamentos contrafactuais produzidos, corroboram com essa teoria no grupo Turista.
Outro dado convergente com essa teoria é que metade dos pensamentos produzidos no
grupo Turista, para o efeito positivo, tinham um teor crítico, com hipóteses alternativas
longas e bem incisivas, como por exemplo: “ Se o investimento tivesse sido feito para
ampliar o turismo da região, ao invés de feito na exploração de lítio, então o retorno em
empregos e renda seria duradouro e não haveria necessidade de causar degradação ao
meio ambiente” ; “Se o Presidente quisesse minimizar a destruição das áreas florestais
com adoção de medidas de recuperação ambiental e paisagística, então não teria assinado
essa concessão”, (cf. anexos, tabela G.1.).
Relativamente à atribuição de culpa (na situação de prejuízo do ambiente),
esperava-se que o grupo Residente apresentasse um resultado superior aos grupos Turista
e Neutro, porque pensamos que seria o grupo mais diretamente afetado pelas obras.
Embora a atribuição de culpa tenha sido elevada nos tês grupos, o grupo Residente
não apresentou os valores mais elevados de culpa. Culpou menos que o Neutro, mas,
ainda assim, seus níveis de atribuição de culpa, foram mais elevados que os do grupo
Turista, (cf. Tabela 1). Os resultados podem ser demonstrativos de uma tendência que
61
pode estar relacionada ao dilema em que vive: se por um lado, quer preservar Vale
Formoso, por outro lado, também quer os postos de trabalho. Estes resultados também
vão no sentido dos estudos de (Ndubuisi & Byrne, (2013).
62
evidências que demonstram que os agentes recebem alguma culpa quando preveem, mas
falham em prevenir danos (por exemplo, por negligência ou imprudência), mas recebem
muito mais culpa quando intencionalmente causam o dano. Um indivíduo julgado
imprudente, pode ser percebido como tendo cometido um ato intencionalmente. (p.533).
As pessoas consideram até que ponto o agente tinha a obrigação de prevenir o evento
negativo (por exemplo, devido à função, relacionamento ou contexto) e em que medida o
agente tinha a capacidade de prevenir o evento negativo (tanto a capacidade cognitiva de
prever o evento quanto a capacidade física de realmente preveni-lo).
De acordo com o modelo de caminho de culpa, de Malle, Guglielmo & Monroe,
(2014), apenas quando os percecionadores morais explicitamente atribuem ou assumem
implicitamente a obrigação e a capacidade de um agente de prevenir o evento, eles
culparão o agente pela violação não intencional da norma. Os agentes que causam um
evento que viola uma norma que eles previram (ou poderiam ter previsto) recebem mais
culpa do que os agentes que causam um evento que viola uma norma que eles não
previram e não poderiam prever. Além disso, Weiner (1995), revisou vários estudos nos
quais a capacidade física do agente de controlar um resultado não intencional foi um forte
preditor de culpa.
Em seu modelo de responsabilidade e culpa, Weiner (1995), argumentou que a
culpa é máxima quando um agente poderia ter agido de outra forma, mas mesmo assim
intencionalmente executa um comportamento negativo. Hamilton em (1978), reconheceu
o papel da obrigação, já que as pessoas são culpadas apenas por resultados negativos que
elas são obrigadas a prevenir e Weiner (1995), observou, que tal obrigação é significativa
apenas se o resultado for controlável pela pessoa - isto é, se ela puder evitar
intencionalmente. Malle, Moses, & Baldwin, em 2001, dizem que, a culpa por eventos
negativos, surge quando a pessoa “deveria” e “poderia” ter evitado.
A relação entre contrafactuais e emoções ou julgamentos morais nem sempre é
direta segundo Walsh e Byrne (2004), mas arriscamos deduzir pelos contrafactuais
aditivos - ascendentes, que foram majoritários nos resultados, que, se dependesse dos três
grupos, o Presidente teria feito tudo de uma maneira mais acertada: “Se as medidas
tivessem sido tomadas com maior planeamento, então o ambiente não seria prejudicado.”
“Se o presidente tivesse obtido fundos para a preservação do ambiente então não teria
havido tantos danos para o ambiente e para o turismo”, (cf., Anexos, Tabela G.1.).
63
4.2. Dificuldades e limitações
Colher informações da opinião de pessoas a partir de um cenário imaginado,
apresenta algumas limitações ao modo como os sujeitos respondem às perguntas nesse
estudo, porque nas perspetivas de Residente e Turista, é exigido alguma proximidade e
implicação, bem como uma relação de identificação do sujeito com a situação vivida, e
com o local representado na história contada. Numa história lida, mesmo que se peça que
os sujeitos se imaginem “Turistas” ou “Residentes”, nem todos os sujeitos se colocam no
lugar do outro da mesma maneira e isso pode se refletir nas respostas dadas quando se
leva em conta somente a perspectiva do sujeito. Contudo, os resultados obtidos,
corroboram algumas teorias sobre os pensamentos contrafactuais, o que é demostrativo
de que os cenários hipotéticos funcionam, mesmo que apresentem em alguns casos,
limitações em revelar nuances relativamente às características individuais dos sujeitos,
como é proposto por alguns estudiosos dos pensamentos contrafactuais (e.g., Kasimatis
& Wells, 1995; McConnell, Sherman, & Hamilton, 1994; Pighin, Byrne , Ferrante,
Gonzalez, Girotto 2011 ). Pensou-se inicialmente numa investigação mais ecológica,
ideia que foi abandonada pelas muitas limitações que se impuseram como por exemplo,
a pandemia Covid-19, mas principalmente pelo fato de não existir, (felizmente) ainda,
nenhum lugar em Portugal que tenha sofrido esse tipo de problema com o lítio. Além do
que, é sabido que as investigações em contexto ecológico, podem ativar nas pessoas
sofrimento psicológico e ruminação sobre os problemas passados. Os resultados dos
estudos ecológicos sugerem que as pessoas que imaginam como um evento negativo
poderia ter resultado melhor, relatam maior sofrimento psicológico do que aqueles que
não se envolvem na produção de pensamentos contrafactuais, (Davis et al. 1995). Desta
forma, optamos por conduzir um estudo com o mínimo de impacto no estado emocional
das pessoas, como preconiza o código ético e deontológico para o exercício da psicologia
no âmbito da investigação científica, ( cf. Diário da República, 2.ª série — N.º 78 — 20 de Abril
de 2011).
Um outro ponto a ser considerado, foi o fato da segunda história ser muito marcada
pela opção de prejuízo do Presidente e pelo resultado negativo do projeto, o que pode ter
facilitado o posicionamento no sentido de uma maior intencionalidade pelo efeito
negativo e uma quase não observação dos objetivos positivos do projeto. Aqui pode ter
sido incitada uma componente moral num primeiro momento devido à decisão do
Presidente em não ajudar o meio ambiente mesmo que ele tenha a desculpa da falta de
64
dinheiro para não o fazer. Talvez isso explique também em parte a forte relação entre a
culpa e a intencionalidade observadas nesse estudo.
Observamos nos participantes que receberam primeiro a história com efeito
negativo, uma presença marcante de concordância com a história com efeito positivo e
alguns não conseguiram produzir contrafactuais para o efeito positivo enquanto para os
efeitos negativos foram bem taxativos em algumas declarações. Isso pode ser sugestivo
de estados emocionais de alívio, que os participantes sentiram ao se depararem com a
história positiva no seguimento da história negativa. Embora a maioria dos participantes
tenha se envolvido em pensamentos contrafactuais, segundo Kasimatis & Wells (1995),
podem existir diferenças individuais no pensamento contrafactual de algumas pessoas
que podem ser consistentemente mais propensas do que outras a desfazerem eventos
mentalmente, se o resultado imaginado for melhor ou pior. Algumas pessoas podem ser
consistentemente mais propensas do que outras, a usar um tipo de contrafactual mais
ascendente enquanto outras podem ter uma propensão para usar contrafactual
descendente.
Do ponto de vista da produção de pensamentos contrafactuais, a teoria da opção
de escolhas de Ndubuisi e Byrne (2013), evidencia-se como a explicação mais plausível
para os padrões encontrados nas atribuições de elogio e culpa e no julgamento da
intencionalidade do Presidente.
Para os próximos estudos sugerimos um estudo que envolva também a avaliação
da responsabilidade antes da culpa e da intencionalidade. Acreditamos que com esta
análise, obteremos resultados mais esclarecedores sobre os motivos que levam os sujeitos
a julgarem que foi mais intencional uma ação com resultado negativo do que uma ação
com resultado positivo.
Este estudo é, no entanto, relevante porque permitiu explorar e dar a conhecer os
pontos de vista dos sujeitos, partindo de uma representação de grupo, na tentativa de
perceber se as diferentes identificações dos sujeitos com os referidos grupos
relativamente às suas expectativas, avaliações, atitudes, alteram o resultado do seu
julgamento de intencionalidade bem como os níveis de culpa e elogios, perante um dilema
apresentado com dois resultados opostos.
Em síntese, o presente estudo apresenta resultados concordantes com
investigações anteriores (Knobe, 2003a, 2003b ; Ndubuisi & Byrne, 2013), não revelando
diferenças significativas, relativamente às diferentes perspetivas dos sujeitos, para o
julgamento da intencionalidade. Alguns dos resultados obtidos, mesmo que não
65
significativos, revelaram tendências no sentido esperado para o grupo Turista e
Residente, o que pode ser sugestivo de resultados mais significativos caso esse estudo
tivesse sido feito numa abordagem ecológica.
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74
ANEXOS
Anexo A - Agradecimento
75
Anexo C– Dados Demográficos
Instrução:
76
Anexo D – Cenário de ajuda.
77
Anexo D.2. Tarefa de julgamento de intencionalidade.
78
Anexo E – Cenário de prejuízo
79
Anexo E.2. Tarefa de julgamento de intencionalidade.
80
F. Análise estatística dos dados
A análise estatística dos dados obtidos foi feita com recurso à versão 21 do IBM
SPSS Statistics.
Para esta análise, foram utilizadas metodologias Paramétricas por serem mais
robustas, isto é, de modo a minimizar a ocorrência de erros do tipo II.
Assim, para averiguar se existem diferenças estatisticamente significativas entre
as perspetivas (Turista, Residente e Neutro) em cada uma das situações, recorremos à
ANOVA one-way, já que os grupos são independentes e a variável dependente á tratada
como sendo quantitativa (apesar de, na sua génese ser do tipo ordinal). Foi assumido, para
todos os testes realizados, um valor de significância () de 0,05.
Tabela F.1.1. Análise da normalidade da distribuição para o elogio, na situação de ajuda ao ambiente.
Perspectiva do Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk
sujeito Statistic d Sig. S d S
f Statistic f ig.
,202 3 , 3 ,
Turista
0 ,003 870 0 002
,129 3 , 3 ,
Atribuição de Elogio
Residente 0 ,200 915 0 021
na situação de Ajuda *
,245 3 , 3 ,
Neutro
0 ,000 832 0 000
*. This is a lower bound of the true significance.
a. Lilliefors Significance Correction
81
Tabela F.1.2. Medidas de assimetria e curtose para o elogio, na situação de ajuda ao ambiente.
As medidas das formas apresentadas mostram que, apesar de nenhum dos grupos
seguir uma Distribuição Normal, o desvio das distribuições nos três casos não difere
significativamente da distribuição de referência, pelo que consideramos validado o
pressuposto da Normalidade.
Verificamos em seguida o pressuposto da homogeneidade de variâncias com
recurso ao Teste de Levene. Neste caso, foi selecionada a estatística de Levene baseada
na mediana, já que a variável dependente é do tipo ordinal.
Tabela F.1.3. Análise da homogeneidade das variâncias para o elogio, na situação de ajuda ao ambiente
Test of Homogeneity of Variance
1 2
82
Tabela F.1.4. Teste ANOVA, para comparação das médias da Atribuição de Elogio na situação de Ajuda
Between Groups
30,422 2 15,211 3,634 ,031
Within Groups
364,200 87 4,186
Total
394,622 89
83
Tabela F.1.6. Comparação entre os grupos da Atribuição de Elogio na situação de Ajuda.
sujeito
Turista
-1,333* , , -2,59 -,07
Residente
-1,100 , , -2,36 ,16
Neutro
1,100 , , -,16 2,36
Tukey HSDa
Perspectiva do sujeito N 1 2
Turista 30 3,23
Residente 30 3,47 3,47
Neutro 30 4,57
Sig. ,898 ,099
84
F.1.8. Tabela da análise descritiva da atribuição de elogio para os três grupos
Descriptives
Std.
Perspectiva do sujeito Statistic Error
Upper 3,98
Bound
Median 3,50
Variance 3,978
Minimum 1
Maximum 7
Range 6
Interquartile Range 4
Upper 4,20
Bound
Median 3,00
Variance 3,844
Minimum 1
Maximum 7
Range 6
Interquartile Range 3
85
Upper 5,38
Bound
Median 5,50
Variance 4,737
Minimum 1
Maximum 7
Range 6
Interquartile Range 3
ambiente.
86
,248 30 ,000 ,804 30 ,
Turista
000
Levene d d
Sig.
Statistic f1 f2
Based 6,094 2 8
,003
on Median 7
87
Based 3,791 2 8
,027
with adjusted df
Based on 5,131 2 8
,008
trimmed mean 7
O resultado mostra que as variâncias dos três grupos não são homogéneas (F
(2;87) =3,791; p=0,026). Assim, a ANOVA one-way para a comparação das médias da
atribuição de culpa terá de ser feita com a correção de Welch (Marôco, 2021, P. 193).
Tabela F.2.4. Teste ANOVA, para comparação das médias da Atribuição de culpa na situação de
prejuízo ao ambiente.
234,333 8 2,693
Within Groups
7
252,400 8
Total
9
a. Asymptotically F distributed.
Uma vez que a homogeneidade das variâncias não foi verificada, para averiguar
entre que grupos existem diferenças estatisticamente significativas, recorremos ao Teste
de Games Howell.
88
Tabela F.2.6. Comparação entre os grupos da Atribuição de Culpa na situação de
prejuízo.
do sujeito
-,033 ,485 ,
-1,20 1,13
Residente
997
Turista
-,967* ,382 ,
-1,89 -,04
Neutro
039
,033 ,485 ,
-1,13 1,20
Turista
997
Residente
-,933 ,397 ,
-1,90 ,03
Neutro
059
,967* ,382 ,
,04 1,89
Turista
039
Neutro
,933 ,397 ,
-,03 1,90
Residente
059
Gráfico F.2.7. Mediana da atribuição de Culpa na situação de prejuízo nos três grupos.
89
F.2.8. Tabela da análise descritiva da atribuição de culpa para os três grupos
Descriptives
Stati Std.
Perspectiva do sujeito stic Error
Upper
6,15
Bound
Median 6,00
Variance 3,36
1
Minimum 1
Maximum 7
Range 6
Interquartile Range 3
Skewness -
1,22 ,427
0
Upper
6,22
Bound
Median 6,00
Variance 3,70
7
Minimum 1
Maximum 7
Range 6
Interquartile Range 3
90
Skewness -
1,14 ,427
9
Upper
6,81
Bound
Median 7,00
Variance 1,01
3
Minimum 3
Maximum 7
Range 4
Interquartile Range 1
Skewness -
1,87 ,427
1
Kurtosis 3,37
,833
8
91
F.3. Julgamento de intencionalidade na situação de ajuda ao ambiente
Recorremos mais uma vez às medidas de forma para averiguar até que ponto a
distribuição das variáveis se distancia da Distribuição Normal, não tendo sido encontrado
nenhum valor além dos limites já mencionados (Marôco, 2021).
Tabela F.3.3. Análise da homogeneidade das variâncias do julgamento de intencionalidade na situação de ajuda.
f1 f2
1,202 2 8 ,306
Based on Mean
7
92
Based on trimmed 1,143 2 8 ,324
mean 7
O resultado mostra que as variâncias dos três grupos são homogéneas (F (2;87)
=0,818; p=0,445).
360,000 8 4,138
Within Groups
7
385,156 8
Total
9
93
Gráfico F.3.5. Mediana do julgamento de intencionalidade na situação de ajuda, nos três grupos.
Tukey HSDa
Perspectiva do sujeito N 1 2
Turista 30 3,07
Residente 30 3,47 3,47
Neutro 30 4,33
Sig. ,727 ,230
F.3.7. Tabela da análise descritiva do julgamento da intencionalidade para a ajuda nos três grupos.
Descriptives
Statis Std.
Perspectiva do sujeito tic Error
94
Upper
3,81
Bound
Median 2,50
Variance 3,995
Minimum 1
Maximum 7
Range 6
Interquartile Range 4
Kurtosis -
,833
1,011
Upper
4,16
Bound
Median 4,00
Variance 3,430
Minimum 1
Maximum 7
Range 6
Interquartile Range 3
Upper
5,17
Bound
Median 5,00
Variance 4,989
Minimum 1
Maximum 7
95
Range 6
Interquartile Range 4
Kurtosis -
,833
1,250
96
F.4. Julgamento de intencionalidade na situação de prejuízo do ambiente
.
Verificamos em seguida o pressuposto da homogeneidade de variâncias com recurso ao
Teste de Levene.
1 2
97
O resultado mostra que as variâncias dos três grupos são homogéneas (F (2;87)
=1,474; p=0,235).
Tendo validado todos os pressupostos, passamos à apresentação dos resultados da
ANOVA one-way para comparar das médias da intencionalidade atribuída pelos três
grupos em análise.
ANOVA
Total 283,600 89
Gráfico F.4.5. Mediana do julgamento de intencionalidade na situação de prejuízo do ambiente, nos três grupos.
98
F.4.6. Tabela de análise fatorial situação de prejuízo do ambiente
Subset
for alpha
= 0.05
Perspectiva do sujeito N 1
Turista 30 5,00
Residente 30 5,87
Neutro 30 5,93
Sig. ,104
Descriptives
Statisti Std.
Perspectiva do sujeito c Error
Upper
5,75
Bound
Median 5,50
Variance 4,069
Minimum 1
Maximum 7
Range 6
Interquartile Range 3
99
Upper
6,48
Bound
Median 7,00
Variance 2,740
Minimum 1
Maximum 7
Range 6
Interquartile Range 2
Upper
6,51
Bound
Median 7,00
Variance 2,409
Minimum 1
Maximum 7
Range 6
Interquartile Range 2
100
F.4.8. Tabela de tabulação cruzada – Culpa e Intencionalidade
101
G. Pensamentos Contrafactuais produzidos
G.1. Tabelas dos contrafactuais produzidos nos três grupos.
Nota:
Como foi referido anteriormente, as respostas em cinza foram eliminadas da análise por
não serem pensamentos contrafactuais e as respostas em amarelo foram eliminadas da
análise, para igualar a dimensão da amostra nos três grupos. Resultando em: N= 156
(Turista = 52, Residente = 52 e Neutro = 52).
G.1. Tabelas dos contrafactuais produzidos nos três grupos Turista, Residente e Neutro nas duas situações: Prejuízo
ao Ambiente e Ajuda ao Ambiente utilizadas no acordo inter-juízes.
2 - Se o local tinha potencial turístico para ser 2 - Se o investimento tivesse sido feito para ampliar o turismo da
ampliado e explorado, então destruir esse potencial região, ao invés de feito na exploração de lítio, então o retorno
por ganhos no curto prazo, que não poderão ser em empregos e renda seria duradouro e não haveria
mantidos permanentemente, é um péssimo negócio. necessidade de causar degradação ao meio ambiente.
3 - Se as medidas tivessem sido tomadas com maior 3 - Se não existir lítio, então o ambiente foi prejudicado sem
planeamento então o ambiente não seria prejudicado necessidade
4 - Se houvesse mais dinheiro então o presidente 4 - Se a análise de impacto ambiental tivesse sido realizada de
poderia garantir menos impacto ambiental? forma consciente então poderiam ter optado por escolher outra
zona que não tivesse as consequências indesejadas
5 - Se tivessem contemplado o efeito nocivo no 5 – Se a decisão tomada pelo Presidente foi validada pelos
ambiente, o ambiente teria sido respeitado moradores, então estavam todos conscientes dos riscos
ambientais.
6 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado 6 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado teria
teria sido… Não explorar o lítio. sido…Não explorar o lítio.
7 - Se estudasse mais a situação… então triunfaria 7 - Se te esforças então os resultados são o esperado.
8 – Se o desmatamento afeta o turismo, então de 8 – Se a floresta é algo muito importante para o planeta e para a
nenhuma forma o desmatamento deveria ocorrer. humanidade, então de nenhuma forma deve ocorrer o
desmatamento.
9 - Se o presidente tivesse pensado que um lugar tão 9 - Se não fosse afetar tanto o meio ambiente, então a
lindo poderia render muito mais dinheiro a longo exploração do local poderia ser mais viável.
prazo com turismo, então ele não se sentiria tão
culpado de ter destruído a paisagem que as gerações
futuras não poderão desfrutar.
10 - Se não tivesse explorado o lítio, então teria tido 10 - Se não tivesse encontrado o lítio, então o ambiente teria
um jeito de criar postos de trabalho permanentes e sido ajudado ainda mais.
render mais lucro no final para Vale Formoso.
11 - Se o Governo tivesse interesse em impedir um 11 - Se a atividade turística fosse mais bem explorada e rendesse
impacto maior ao meio ambiente, então teria bom retorno para a comunidade, então não haveria interesse
arrumado uma forma de conseguir o dinheiro, talvez em gerar uma nova fonte de renda que degradaria o meio
por meio de parcerias público-privado ou reduzindo os ambiente.
investimentos em uma área menos estratégica.
102
12 - Se é um local com potencial turístico, então 12 - Se não haverá mais turismo, então os empregos criados na
poder-se-ia incentivar e criar empregos no setor verdade apenas migraram de setor, não sendo criado maior
turístico preservando o meio ambiente. número de empregos efetivamente.
13 – Se o Presidente teve boas intenções, mas as 13 – Se não se consegue remediar todos os problemas
coisas não saíram como esperado, então deveria ter decorrentes, as boas intenções não vão ajudar muito.
parado a obra.
14 - Há lugares que deveriam ser intocáveis. Quando 14 - Se há lugares na natureza que nenhum projeto pode
não se sabe como reconstruí-los, não se deve destruí- reconstruir... então não se decide de qualquer maneira.
los.
15 - Se a intenção foi boa e o resultado parece não ter 15 - Se o Presidente procurasse ajuda, então não teria que
sido o desejado nem muito bom para o turismo, então decidir sozinho sobre a reconstrução do meio ambiente
faltou mais estudos sobre o projeto.
1 - Se não tivesse assinado o projeto então não teria 1 - Se o Presidente não tivesse ajudado o ambiente então teria
destruído o ambiente. sido destruído.
2 - Se as pessoas se preocupassem mais com a forma 2 - “Se as pessoas se preocupassem mais com a forma de lidar
de lidar com o meio ambiente, respeitando-o e com o meio ambiente, respeitando-o e mantendo o máximo de
mantendo o máximo de cuidado, então não haveria cuidado, então não haveria tanto desastre natural, assim como
tanto desastre natural, assim como não haveria não haveria também danos para as próximas gerações”. Pra
também danos para as próximas gerações. Pra mim os mim os fins não justificam os meios.
fins não justificam os meios.
3 - Se o presidente tivesse lido o relatório de impacto 3 - Se o presidente não fosse cuidadoso com o ambiente, então
para os moradores, então talvez o seu parecer fosse não queria saber as consequências para o mesmo.
negativo.
4 - Se o Presidente tivesse pensado em termos 4 - Se o Presidente quisesse minimizar a destruição das áreas
ambientais, então não teria assinado esse contrato de florestais com adoção de medidas de recuperação ambiental e
concessão. paisagística, então não teria assinado essa concessão.
7 - Se existisse melhor conhecimento da parte da 7 - Se existir conhecimento, então a gestão pode trazer algum
comunidade e do Presidente, então a gestão do benefício
processo seria outra.
8 - Se o Presidente tivesse, antes da tomada de 8 - Se com a exploração do lítio não tivesse havido a
decisão na exploração de lítio, acautelado medidas de preocupação da manutenção da zona envolvente, então ter-se-
salvaguarda para obtenção de alguns direitos e ia assistido a uma destruição irreparável.
consequentemente alguma receita, então teria uma
atitude proativa não deixando o ambiente ficar
prejudicado.
9 - Se fosse feito uma avaliação de custo benefício, 9 - Se não tivesse sido feito uma recuperação ambiental o
talvez o resultado fosse diferente. resultado poderia ser bem pior.
10 - Se todos temos responsabilidades sobre nós e 10 – Se vidas são postas em situação de risco, então não se faz
sobre o outro e o meio ambiente, então o ambiente concessão de qualquer espécie.
teria que ser cuidado.
11 - Se não tivesse ocorrido a exploração do lítio a 11 - Se tivesse tomado as medidas adequadas o meio ambiente
natureza então não teria sido destruída porque o seria afetado de forma diferente, mas ainda assim seria afetado.
103
Presidente nada fez para garantir a conservação da
natureza.
12 - Se tivesse planeado melhor com base nos estudos, 12 - Se houver bom planeamento para fazer algo, então
teria alcançado os objetivos sem causar tantos danos colhemos resultados positivos e / ou satisfatórios.
ao ambiente.
13 - Se o presidente pensasse primeiro no meio 13 - Se o presidente destrói o meio ambiente para gerar
ambiente, ele teria feito diferente. emprego para a população, então ele tem a obrigação de tomar
medidas para repara os danos causados.
14 - Se o Presidente não tivesse desprezado a opinião 14 - Se o Presidente não tivesse os empregos como o seu
dos trabalhadores no turismo, não os teria prejudicado principal objetivo, então teria avaliado melhor as consequências.
da forma como os prejudicou e nem também ao
ambiente.
15 - Se o ambiente não foi recuperado como previsto, 15 - Se a falta de investimento no turismo for colmatada pela
então Vale Formoso perderá o ambiente e o turismo. exploração do lítio na região, então o projeto poderá recuperar
o ambiente e investir no turismo.
104
13 - Se o Presidente não procurou ajuda antes de 13 - Se o Presidente procurasse estudar formas de prevenir a
decidir sobre a reconstrução do meio ambiente, então degradação do ambiente antes de decidir sobre a reconstrução
foi um mau gestor do problema. do ambiente, seria bem melhor.
14 - Se o Presidente não se ateve às consequências da 14 - Se as consequências seriam negativas para o turismo local,
sua decisão, então os resultados foram os piores para então era estudar um pouco mais o projeto antes de assiná-lo
Vale Formoso
15- Se houvesse mais incentivo às atividades turísticas, 15- Se as atividades turísticas na comunidade foram retomadas
a comunidade não aderia tão facilmente à exploração após a exploração, isto significa que os objetivos foram
do lítio como fez. conseguidos, pois aumentaram os postos de trabalho na região.
RESIDENTE NEGATIVO - INV RESIDENTE POSITIVO - INV
1 - "Se o presidente investisse no turismo natural, 1 - "Se ele tivesse alguma intenção em preservar as belezas
então não seria necessário a exploração do solo para naturais do lugar, então teria procurado maneiras
retirada de lítio" ecologicamente corretas para a exploração do minério".
2 - Se algo tivesse sido feito de forma diferente, então 2 - Se algo ruim não aconteceu, foi porque algo bom foi feito.
o resultado teria sido diferente, também.
3 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado 3 – Se esta forma foi a mais correta de se explorar o lítio, então
teria sido positivo para o ambiente. o meio ambiente foi tratado da forma correta.
4 - Creio que se toda escolha, está diretamente ligada 4 - Ao fazer a escolha, pela situação econômica da localidade, se
ao entendimento intelecto-moral do momento em que ele o presidente abdicou da questão ambiental em favor da
se encontra o ser, então as suas escolhas “boas” ou económica, favorecendo desse modo uma parte ínfima para a
“más”, serão influenciadas pela compreensão que ele mesma, em detrimento da econômica, dessa forma ao meu ver
tenha do momento. Então mesmo quando a intenção então ele fez uma escolha limitada e emergencial diante a
é justa ele poderá promover erros intencionalmente condição ambiental.
querendo acertar.
5 - Se pensassem mais no meio ambiente ele não teria 5 – Se pensarmos que não é uma decisão fácil empregar mais
sido degradado. Mesmo que tenha gerado empregos a cidadãos e preservar o meio ambiente, diremos então que o
um grande número de pessoas, o local da extração foi Presidente decidiu porque tinha um bom motivo e então optou
destruído. Se o projeto fosse sustentável, o resultado pela redução dos danos, mas isso não justifica a precipitação da
teria sido diferente. escolha.
6 - Se são responsáveis as pessoas com maior poder e 6 – Se fazer o que é certo para si e para sociedade sobretudo em
todos temos responsabilidades no que se refere à um determinado cargo não é mais do que a obrigação, então se
sociedade como um todo, então ninguém pode agir cumpriu uma obrigação.
sozinho como parece que agiu o Presidente.
7 - Se o presidente se importasse com o meio 7 - Se o presidente investisse em turismo, então não precisaria
ambiente, então nem teria considerado a proposta de degradar para gerar emprego.
não reconstruir a paisagem.
8 - Se o projeto fosse adiado, a fim de reunir fundos 8 - Se o presidente tivesse pensado em um cenário "ganha-
suficientes para minimizar os danos, então os ganha", e tomado as medidas cabíveis, então o resultado seria
resultados teriam sido diferentes. diferente.
9 - Se o presidente não tivesse liberado a exploração 9 – Se o Presidente colaborou para a exploração não sustentável
mineral o vale continuaria a ser o vale formoso, e não de vale formoso, então não ajudou muito o ambiente.
teriam os impactos ambientais gerados pela visão
capitalista não sustentável.
10 - Se o Presidente de Vale Formoso não tivesse 10 - O Presidente de Vale Formoso autorizou a concessão
aprovado a concessão, então o meio ambiente não adotando medidas de recuperação do meio ambiente, então o
seria afetado. meio ambiente foi ajudado.
11 - Se as coisas forem feitas de forma ruim, então o 11 - Mesmo sabendo dos riscos houve empenho para minimizar
resultado será negativo. a degradação do meio ambiente.
12 - Se não tivessem explorado o lítio, então 12 - Se não tivessem tomado medidas de minimização dos
poderiam criar empregos através do turismo. impactos ambientais, o turismo seria prejudicado.
13 - Se tivesse aberto o diálogo com a população teria 13 - Se o presidente tivesse pedido a opinião da população
sido diferente então poderiam buscar outras soluções. População tem que ser
ouvida.
14 - Se ao liberar a exploração gerou empregos 14 - Se a exploração gerasse empregos temporários sem danos
temporários com danos permanentes ao ambiente e permanentes ao ambiente e mantivesse às atividades turísticas,
às atividades turísticas. então menos seria mais! então seria melhor para todos.
15 – Se algo tivesse sido diferente, então seria algo 15 - Se a comunidade concordou em destruir e depois
como por exemplo uma maior consciência ecológica reconstruir, então talvez tenha lhe faltado a visão da
de toda a comunidade importância da paisagem natural.
NEUTRO NEGATIVO - N NEUTRO POSITIVO - N
105
1 - Se devemos explorar todos os recursos naturais 1 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado teria
com responsabilidade então também devemos adotar sido…Um desastre para o ambiente
todas as medidas para não destruirmos o meio
ambiente.
2 -Se algo tivesse sido diferente... Não teria exploração 2 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado teria
do trabalho e degradação do meio ambiente em prol sido…"Não a mina, sim a vida"
da riqueza chinesa e americana.
3 -Se o presidente tivesse tomado às medidas de 3 - Se não tivesse ocorrido a concessão para exploração do
proteção ambiental, então o risco da degradação do ambiente, então teríamos 370 pessoas no desemprego.
ambiente seria menor.
4 -Se não há dinheiro então a obra não deve avançar! 4 - Se não tivesse havido a preocupação de minimizar os riscos
sobre o meio ambiente o resultado seria diferente, no que
ficaria o ambiente e paisagem prejudicados... ou seja em muito
mau estado... para se efetuar qualquer obra deste género, deve
ser feito sempre primeiro um estudo ambiental!
5 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado 5 -Se algo tivesse sido diferente, então o resultado teria
teria sido… mais investimento no turismo local. sido…Diferente e pior para Vale Formoso.
6 - Se o presidente não dá a mínima para o fator 6 – Se não se pode ao mesmo tempo explorar o lítio e preservar
turístico e ambiental do vale do formoso, então ele só as belezas naturais, então uma atividade inviabiliza a outra.
pensa no que vai arrecadar sem se preocupar com o
resto.
7 - Se não tivesse assinado o contrato de concessão, 7- Se não tivessem feito o estudo sobre a exploração mineral,
então não teria prejudicado o meio ambiente. então não teriam novos postos de trabalho e não afetaria o
meio ambiente.
8 - Como algo não foi feito diferente então Vale 8 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado teria
Formoso foi destruído. sido…Vale Formoso teria ficado destruído.
9 - Se tivesse proposto ações de voluntariado, então 9 - Se o presidente tivesse agido adequadamente então todos
não seria preciso recorrer a fundos monetários. teríamos ficado satisfeitos
10 - Se o Presidente tivesse preocupação pelo meio 10 - Se beneficiássemos o meio ambiente na totalidade, então
ambiente, então tentava criar um equilíbrio para a iriam existir menos empregos na zona.
situação.
11 - Se a preservação do meio ambiente tivesse valor 11 - Se o presidente tivesse a consciência do meio ambiente o
de mercado, então não haveria destruição. impacto não teria acontecido ao ambiente.
12 - Se o ar que respiramos vem da natureza… então 12 -Se tivesse pensado antes na natureza… não haveria o que
preservar o meio-ambiente é mais importante do que reconstruir.
o dinheiro.
13 - Deve haver sempre primeiro um estudo 13 - Se não tivesse havido a preocupação de minimizar os riscos
ambiental... se não há dinheiro a obra não deve sobre o meio ambiente o resultado seria diferente e ficariam o
avançar! ambiente e a paisagem prejudicados...
14 -Se tivesse capital para cuidar do meio ambiente, 14-Se o presidente não tivesse se preocupado com o meio
então a recuperação poderia ser realizada de forma ambiente, mas apenas com o fator geração de empregos, então
eficaz. toda a área passaria por uma situação crítica.
15 -Se o presidente realmente se preocupasse com o 15-Se o presidente não tivesse explorado o mineral, a natureza
bem dos cidadãos, a paisagem seria preservada. não teria depredada.
NEUTRO NEGATIVO - INV NEUTRO POSITIVO - INV
1 - Se tivesse dinheiro para a recuperação do meio 1 - Se o presidente não tivesse adotado medidas de controle do
ambiente então seria diferente meio ambiente então todo o meio ambiente seria degradado.
2 - Se não foi minimizada a avaliação e os 2 –A boa intenção em realizar uma Tarefa, deve levar em Conta,
desdobramentos dos riscos envolvidos então não os riscos colaterais e tomar medidas para minimizá-los ou tomar
adiantou a boa intenção em realizar uma tarefa atitudes corretivas adequadas. Ele fez isso!
3 - Se houvesse o dinheiro necessário para minimizar o 3 - Com a visão holística do Todo, o Presidente conseguiu gerar
dano ao meio ambiente, talvez fosse possível trabalhar os empregos e minimizou ao máximo os danos ao meio-
nas duas frentes: gerar os empregos e cuidar do Meio- ambiente, adotando as medidas necessárias para sua
Ambiente! recuperação! Teve dinheiro à sua disposição!
4 - Se o povo e o presidente ponderassem melhor, 4 - Acredito que se tomou medidas depois de analisar bem a
então poderiam ter arranjado outra forma de levantar situação, então o projeto deu certo e não afetou o meio
fundos para a cidade. ambiente.
5- Se tivesse explorado outro tipo de recursos que 5 - Se recorrer a outras alternativas, então o impacto no meio
tivessem em conta o meio ambiente, então não teria ambiente será sempre menor uma vez que a exploração do lítio
como resultado a destruição do meio ambiente tão é sempre prejudicial ao meio ambiente.
importante para o equilíbrio da nossa biodiversidade e
sobrevivência.
106
6 - Se o presidente pensasse globalmente, o resultado 6 - Se o presidente tivesse mais verba talvez o resultado não
seria diferente. fosse tão danoso para o meio ambiente.
7 - Se tivesse melhor consciência ecológica, não 7 - Se tivesse analisado ao pormenor todas as consequências
tomaria tal decisão. ambientais a longo prazo, ele não assinaria a concessão.
8 - Se o presidente exigisse que medidas para 8 - Se o presidente não tivesse tomado medidas de redução do
minimizar o impacto fossem tomadas, então o meio impacto no meio ambiente, então seria o ambiente gravemente
ambiente seria preservado afetado.
9 - Se não houvesse essa decisão política sócio 9 – Se as decisões precisam ser tomadas, então temos que
econômica sobre a extração desse elemento químico, tomar decisões fazendo o devido refinamento dessa decisão.
nada seria discutido, reavaliado ou medido.
10 - Se a escolha fosse diferente o meio ambiente teria 10 – Se a decisão do Presidente foi a de não defender o meio
sido preservado, mas a escolha foi para a degradação. ambiente, não buscar formas de minimizar os danos ambientais,
As nossas escolhas determinam o nosso futuro então o seu pensamento revela total omissão.
individualmente e coletivamente.
11 - Se o Presidente tivesse pensado em alternativas e 11 - Se o Presidente tivesse pensado alternativas e consultado a
consultado a comunidade, o resultado teria sido outro. comunidade, o resultado teria sido outro.
107
G.1.1. Lista das codificações finais dos juízes (J1 e J2 e J3), para a análise no Kappa de Cohen.
108
G.1.2. tabela de tabulação cruzada do acordo inter juízes- K de Cohen.
Juiz 2 - Estrutura
1 2 3 Total
2 Contagem 4 50 0 54
3 Contagem 10 1 23 34
Casos
109
G.1.4. tabela de medida de concordância do acordo inter juízes- K de Cohen.
Medidas Simétricas
Estatísticas
Estrutura Direção
Contrafactual Contrafactual
Omisso 0 0
Média 1,67 1,33
Mínimo 1 1
Máximo 3 3
G.2.2. Tabela de Frequência da estrutura e da direção e dos Pensamentos Contrafactuais a ajuda e para o
prejuízo.
Estatísticas
N Válido 78 78 78 78
Omisso 0 0 0 0
Mínimo 1 1 1 1
Máximo 3 3 3 3
110
G.2.3. Gráficos de distribuição dos contrafactuais
Descritivos
Estatístic Desvio
Juiz 2 - Estrutura a Padrão
Mediana 1,00
Variância ,115
Mínimo 0
Máximo 2
Amplitude 2
Amplitude interquartil 0
111
5% da média aparada 1,58
Mediana 2,00
Variância ,293
Mínimo 0
Máximo 2
Amplitude 2
Amplitude interquartil 1
Mediana 1,00
Variância ,217
Mínimo 1
Máximo 2
Amplitude 1
Amplitude interquartil 1
112
G.2.5. Tabela de tabulação cruzada da Estrutura e direção dos contrafactuais
Tabulação cruzada Estrutura dos Contrafactuais para o resultado Positivo * Direção dos
Contrafactuais para o resultado Positivo * Perspectiva do Sujeito
% do Total
indeterminad
Perspectiva do Sujeito Ascendente Descendente a Total
G.2.6. Tabela de tabulação cruzada da Estrutura e direção dos contrafactuais para o resultado negativo
Tabulação cruzada Estrutura dos Contrafactuais para o resultado negativo * Direção dos
Contrafactuais para o resultado negativo * Perspectiva do Sujeito
% do Total
indeterminad
Perspectiva do Sujeito Ascendente Descendente a Total
113
Total 88,5 11,5 100,0
Residente Estrutura dos Aditivo 38,5 38,5
Contrafactuais para o Subtrativo 15,4 11,5 26,9
resultado Negativo Substitutiv 30,8 3,8 34,6
o
Total 84,6 15,4 100,0
Neutro Estrutura dos Aditivo 46,2 7,7 53,8
Contrafactuais para o Subtrativo 11,5 11,5 23,1
resultado Negativo Substitutiv 23,1 23,1
o
Total 80,8 11,5 7,7 100,0
Total Estrutura dos Aditivo 43,6 2,6 46,2
Contrafactuais para o Subtrativo 20,5 10,3 30,8
resultado Negativo
Substitutiv 20,5 2,6 23,1
o
Estatísticas
Habilitações
Género Idade Profissão Literárias
N Válido 90 90 90 90
Omisso 0 0 0 0
Média 42,81
Variância 229,436
Mínimo 17
Máximo 77
Género
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
114
Masculino 39 43,3 43,3 100,0
Idade
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
115
39 3 3,3 3,3 51,1
116
H.1.5. Tabela de frequência - Profissão
Profissão
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
117
Interprete 1 1,1 1,1 64,4
118
H.1.7. Tabela de frequência – Habilitações literárias
Habilitações Literárias
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa
119
I. Defesa da Tese
120
I.2. Apresentação em: 12/07/2021 às 9h (por vídeo conferência)
121
122
123
124
125
126
Ata
127