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Pensamento Contrafactual e Julgamento de Intencionalidade

em leitores com diferentes perspetivas

Maria Deserto

Orientadora da Dissertação:
Professora Doutora Ana Cristina Quelhas
Coordenadora do Seminário de Dissertação:
Professora Doutora Ana Cristina Quelhas

Tese submetida como requisito parcial para a obtenção do grau de:


Mestre em Psicologia
Especialidade em Psicologia Clínica

2021
Dissertação de Mestrado realizada sob a
orientação de Professora Doutora Ana Cristina
Quelhas, apresentada no ISPA – Instituto
Universitário para obtenção de grau de Mestre na
especialidade de Psicologia Clínica.
Agradecimentos

Gratidão a todos aqueles que estiveram comigo durante essa jornada. São muitos os
nomes e os contributos valiosos que deram - das mais variadas formas, para que se
chegasse até aqui.

Agradeço à Professora Doutora Ana Cristina Quelhas, pelo impecável trabalho de


orientação da tese, que foi marcado pela sua simpatia, paciência e pela disponibilidade,
durante todo o ano - o que de fato foi um grande incentivo para concluir essa etapa com
êxito.

Agradeço aos Ispianos da biblioteca, dos serviços de informática, dos serviços


pedagógicos, administrativos científicos e culturais e a todos os professores, que formam
o ISPA - essa grande escola de ciências psicológicas da qual me orgulho de ter
frequentado como aluna.

Agradeço a todos os meus amigos. Agradeço a toda a minha família - e de uma forma
especial aos meus filhos Artur e Caio, às minhas noras Natali e Vivian, aos meus netos,
Dmitri e Olívia, à minha irmã Carmem, ao meu pai Sebastião e a duas mulheres incríveis,
que também tiraram os seus “canudos” na melhor idade: a minha avó Francisca e a Minha
mãe Lindalva.

Gratidão eterna, ao meu marido António Deserto, pelo seu apoio incondicional em mais
esse desafio.

Maria Deserto

“Gracias a la vida que me ha dado tanto”


(Mercedes Sosa)
RESUMO

A imaginação é uma característica da cognição humana, fundamental para o


desenvolvimento efetivo das suas capacidades individuais e sociais. O presente estudo,
versa sobre o Pensamento Contrafactual, como formulação de hipóteses alternativas, que
são imaginadas pelos sujeitos, a fim de alterar um evento ocorrido, dando-lhe um
desfecho diferente daquele que realmente ocorreu. O pensamento contrafactual influencia
o julgamento da realidade, bem como as emoções, decisões e ações das pessoas, face aos
desafios da vida.
O presente estudo, foi realizado em três perspetivas diferentes: Turista, Residente
e Neutro, com dois cenários replicados dos estudos de Malle e Knobe (1997) e Ndubuisi
e Byrne (2013). O tema escolhido apresenta um dilema, cujos resultados podem ser
reveladores de como os indivíduos inferem o julgamento de intencionalidade, bem como
das diferenças relacionadas aos pensamentos contrafactuais nas três perspetivas.
As pessoas julgaram que os efeitos negativos, (prejudiciais), foram intencionais,
quando um dirigente comunitário, assinou uma concessão de exploração de lítio, que
gerou 370 postos de trabalho para os moradores da região, mas prejudicou o ambiente,
quando as medidas de recuperação ambiental e paisagística não foram implementadas
por decisão do dirigente - as pessoas julgaram que ele prejudicou intencionalmente o
ambiente. As pessoas também julgaram que os efeitos positivos, (de ajuda ao ambiente),
não foram intencionais, quando o dirigente comunitário assinou a concessão para a
exploração do lítio e implementou as medidas de recuperação ambiental e paisagística
na região - as pessoas julgaram que ele não ajudou intencionalmente o ambiente.
As pessoas culparam o Presidente pelo resultado negativo, mais do que o
elogiaram pelo resultado positivo. Os níveis de culpa, atribuídos seguiram os níveis de
julgamento de intencionalidade pelo prejuízo, enquanto os níveis de elogio, para além de
terem valores mais baixos, não seguiram os níveis de julgamento de intencionalidade pela
ajuda.

Palavras-chave: Pensamento Contrafactual; Julgamento de Intencionalidade; Perspetivas.


ABSTRACT

Imagination is a characteristic of human cognition, fundamental for the effective


development of their individual and social capabilities. The present study deals with
Counterfactual Thinking, as a formulation of alternative hypotheses, which are imagined
by the subjects, in order to change an event that occurred, giving it a different outcome
than the one that actually occurred. Counterfactual thinking influences the judgment of
reality, as well as people's emotions, decisions and actions, in the face of life's challenges.
The present study was carried out in three different perspectives: Tourist, Resident
and Neutral, with two scenarios replicated from the studies by Malle and Knobe (1997)
and Ndubuisi and Byrne (2013). The chosen theme presents a dilemma, the results of
which may reveal how individuals infer the judgment of intentionality, as well as the
differences related to counterfactual thoughts in the three perspectives.
People thought that the negative (damaging) effects were intentional when a
community leader signed a lithium exploration concession, which generated 370 jobs for
residents of the region, but harmed the environment when recovery measures of
environmental and landscape were not implemented by decision of the manager - people
believed that he intentionally harmed the environment. People also felt that the positive
effects, (of helping the environment), were not intentional, when the community leader
signed the concession for the exploitation of lithium and implemented the environmental
and landscape recovery measures in the region - people believed that it did not
intentionally helped the environment.
People blamed the President for the negative result, more than they praised him
for the positive result. The levels of guilt attributed followed the levels of judgment of
intentionality for the loss, while the levels of praise, in addition to having lower values,
did not follow the levels of judgment of intentionality for help.

Keywords: Counterfactual Thinking; Judgment of Intentionality; Perspectives.


I. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 4

1. Pensamento Contrafactual - Definição .................................................................... 4

1.1. Os primeiros estudos sobre o pensamento contrafactual ..................................... 4

1.2. O desenvolvimento dos modelos mais estudados ................................................. 5

1.3. A importância de pensar contrafactualmente ..................................................... 11

1.4. As características gerais dos pensamentos contrafactuais ................................. 12

1.5. Condicionantes do pensamento contrafactual .................................................... 13

1.5.1. Valência do resultado ................................................................................... 13

1.5.2. Expectativas................................................................................................. 15

1.5.3 - Proximidade de um resultado positivo ........................................................ 16

1.5.4. Mutabilidade............................................................................................... 16

1.5.5. Excecionalidade............................................................................................ 17

1.5.6. Controlabilidade ........................................................................................... 18

1.5.7. Causas.......................................................................................................... 19

1.5.8. Tempo........................................................................................................... 20

1.5.9. Ação/inação .................................................................................................. 22

1.5.10. Obrigações e as proibições ......................................................................... 24

1.6. Classificação dos pensamentos contrafactuais ................................................... 25

1.6.1. Direção ........................................................................................................ 25

1.6.2. Estrutura ....................................................................................................... 27

1.6.3. Foco ............................................................................................................. 28

1.7. As Funções do pensamento contrafactual .......................................................... 29

1.8. As Disfunções do pensamento contrafactual ....................................................... 29

1.9. Intencionalidade: Origem e evolução do constructo ......................................... 31

1.9.1. O desenvolvimento do julgamento de intencionalidade ............................... 32

1.9.2. Um modelo para a atribuição de intencionalidade ....................................... 33

1.10. Atribuição de culpa ........................................................................................... 35

1.11. Os pensamentos contrafactuais e o julgamento de intencionalidade ................ 38

1
1.12. Objetivos e hipóteses ......................................................................................... 39

1.12.1. Hipótese geral e especificas....................................................................... 42

1.12.2 – Análise dos pensamentos contrafactuais produzidos................................ 43

II. MÉTODO ............................................................................................................................... 43

2.1. Participantes ....................................................................................................... 43

2.2. Delineamento....................................................................................................... 43

2.3. Material e procedimento ..................................................................................... 44

III. RESULTADOS ..................................................................................................................... 47

3.1. Rotulagem das variáveis ..................................................................................... 47

3.2. Hipótese geral e especificas ................................................................................ 48

3.2.1. Situação de ajuda ao ambiente .................................................................... 50

3.2.2. Situação de prejuízo do ambiente ............................................................... 51

3.3. Análise dos Pensamentos Contrafactuais produzidos ......................................... 53

3.3.1. Codificação dos contrafactuais ..................................................................... 53

3.3.2. Análise da estrutura dos contrafactuais nas três perspetivas ........................ 54

3.3.3. Análise da direção dos contrafactuais nas três perspetivas .......................... 56

3.3.4. Análise dos valores cruzados da estrutura e direção nos três grupos ........... 58

IV. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................................... 59

V. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 66

ANEXOS..................................................................................................................................... 75

Anexo A - Agradecimento ......................................................................................... 75

Anexo B – Consentimento Informado........................................................................ 75

Anexo C– Dados Demográficos ................................................................................. 76

Anexo D – Cenário de ajuda. ..................................................................................... 77

Anexo D.1. Tarefa de atribuição de elogio............................................................ 77

Anexo D.2. Tarefa de julgamento de intencionalidade. ........................................ 78

Anexo D.3. Instrução para a produção do pensamento contrafactual. ................... 78

Anexo E – Cenário de prejuízo .................................................................................. 79

2
Anexo E.1. Tarefa de atribuição de culpa. ............................................................. 79

Anexo E.2. Tarefa de julgamento de intencionalidade. .......................................... 80

Anexo E.3. Instrução para a produção do pensamento contrafactual ..................... 80

F. Análise estatística dos dados .................................................................................. 81

F.1. Atribuição de elogio na situação de ajuda ao ambiente .................................. 81

F.2. Atribuição de culpa, na situação de prejuízo do ambiente .............................. 86

F.3. Julgamento de intencionalidade na situação de ajuda ao ambiente ................. 92

F.4. Julgamento de intencionalidade na situação de prejuízo do ambiente ............ 97

G. Pensamentos Contrafactuais produzidos ............................................................. 102

G.1. Tabelas dos contrafactuais produzidos nos três grupos. ............................... 102

G.2. Análise estatística dos pensamentos contrafactuais ...................................... 110

H. Dados demográficos dos participantes ................................................................ 114

I. Defesa da Tese ...................................................................................................... 120

I.1. Termo/Ata – Defesa de dissertação................................................................ 120

I.2. Apresentação em: 12/07/2021 às 9h (por vídeo conferência) ........................ 121

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I. INTRODUÇÃO

1. Pensamento Contrafactual - Definição

Os pensamentos contrafactuais, como o próprio nome sugere, são pensamentos


que contrariam os fatos ocorridos. São pensamentos alternativos, imaginados quando
pensamos sobre o que poderia ter acontecido (Byrne & Quelhas, 1999). Para Mandel,
Hilton e Catelani (2005), os pensamentos contrafactuais não requerem uma referência
temporal, podendo-se dizer (contrafactualmente) que: “Se todos os círculos fossem
quadrados, então todas as esferas seriam cubos”. Contudo, os pensamentos contrafactuais,
surgem de forma espontânea, segundo McEleney & Byrne (2006), face a vivências de
situações inesperadas ou com resultados negativos (Epstude & Roese, 2008). São
cognições ou representações mentais que fazem com que as pessoas alterem os eventos,
os estados ou ações ocorridas, imaginando um resultado diferente daquele que de fato
aconteceu (Justino & Schelini, 2018).
Os pensamentos contrafactuais diferem em alguns aspetos de outros tipos de
pensamentos criativos. A imaginação contrafactual pode parecer fácil e às vezes
involuntária, embora possa ser colocada sob controle voluntário (Roese, Sanna &
Galinsky, 2005). A capacidade de considerar possibilidades contrafactuais, surge cedo na
vida (normalmente aos 2 anos), e parece evidenciar-se, quando as crianças dominam as
habilidades lexicais para expressar ideias subjuntivas de “se ao menos” (Epstude &
Roese, 2008). É uma capacidade que surge cedo na vida, e que continua a desenvolver-
se ao longo da infância (Byrne, 2005). Nos estudos de Rasga, Quelhas e Byrne (2016), os
resultados demonstraram que mesmo quando as crianças podem fazer inferências
contrafactuais sobre estados mentais, elas ainda precisam desenvolver outras habilidades
para realizar a leitura dos estados mentais das outras pessoas. O pensamento contrafactual
ocorre em diferentes culturas, e estudos como os de Gilovich, Wang, Regan, & Nishina
em 2003, evidenciaram que se trata de um fenómeno transcultural.

1.1. Os primeiros estudos sobre o pensamento contrafactual

A imaginação de alternativas à realidade tem sido de interesse central para os


filósofos, trabalhadores da inteligência artificial, linguistas e, especialmente, para os
psicólogos - psicólogos sociais e psicólogos cognitivos (Byrne, 2005). Segundo Mandel

4
et al. (2005), os primeiros investigadores do aspeto da “contradição com os fatos” dos
pensamentos contrafactuais, foram os lógicos - que buscavam explicar como as premissas
condicionais falsas podem influenciar a geração do conhecimento. Nelson Goodman
(1983), David Lewis (1973) e Richard Stalnaker (1970), foram lógicos que fizeram
estudos relevantes sobre o tema. Os psicólogos, por sua vez, direcionaram os seus estudos
para os determinantes afetivos, motivacionais, cognitivos e sociais do pensamento
contrafactual e para as consequências funcionais e psicológicas do pensamento (Mandel
et al., 2005). Na década de 70, segundo Roese e Morrison (2009), surgiram os primeiros
estudos em psicologia sobre o pensamento contrafactual, dirigidos às propriedades
básicas da memória de inferências contrafactuais e factuais.

1.2. O desenvolvimento dos modelos mais estudados

Os primeiros modelos, surgiram dos estudos de Kahneman e Tversky, em 1982


com o artigo “The Simulation Heuristic”, considerado um estudo de base para os outros
que se seguiram. Para Kahneman e Miller (1986), a ideia principal era de que as
simulações contrafactuais restauram a normalidade: as pessoas utilizam a “mutação
mental” de antecedentes, para “desfazer” os resultados que consideram anormais de
antecedentes que elas percebem de forma semelhante, mas como anormais nas
circunstâncias. Kahneman e Tversky na sua teoria, destacam o fato de que raramente as
pessoas desfazem eventos, fazendo mutações que envolvem a exclusão mental de
antecedentes normais ou a inserção mental de antecedentes anormais. Os autores, também
propuseram que a “facilidade” com que as pessoas “desfaziam” os eventos, tinha
consequências importantes sobre como as pessoas reagiam emocionalmente ao julgarem
os eventos reais (Mandel et al., 2005). A elaboração dos pensamentos contrafactuais nessa
perspectiva, ocorre a partir da ativação dos pensamentos da mesma natureza das
experiências ou de eventos passados guardados na memória, que resultam em
pensamentos contrafactuais, devido a facilidade com que instâncias semelhantes podem
ser evocadas da memória. Porém a mutabilidade teria algumas restrições como a
preferência por antecedentes excecionais em vez dos rotineiros; por ações em vez de
inações e eventos proximais em vez de distais (Kahneman & Tversky, 1981, 1982).
A década de 90 foi muito produtiva para o desenvolvimento das teorias
relacionadas ao pensamento contrafactual, através dos diversos estudos que se seguiram.
Em 1986, a teoria da norma foi apresentada por Kahneman e Miller, que descreveram a

5
geração contrafactual como uma ativação momentânea na memória, de exemplos de
experiências anteriores semelhantes, em que experiências incomuns tendem a resultar em
pensamentos do tipo "se ao menos" que repõem o estado normal das coisas. Nessa
perspectiva, quando a pessoa faz algo fora do que lhe é habitual, a tendência do
pensamento contrafactual é repor a situação habitual. Esse fenómeno ocorre, porque as
pessoas tendem a mudar eventos incomuns para torná-los mais normais. Um modelo
importante da teoria da norma, foi o da amplificação emocional de Kahneman e Miller
(1986), que afirmava que as respostas emocionais aos eventos são “contrastadas” com a
direção afetiva do ponto de referência contrafactual, apontando para uma “direção
ascendente” (melhor do que a realidade) ou para uma “direção descendente” (pior do que
a realidade), mas muito raramente apontando para uma direção “horizontal”- apenas
diferente da realidade.
Em 1995, Roese e Olson, lançaram a Teoria Funcional, com as bases funcionais
do pensamento contrafactual. É apresentado um modelo de duas vias, (cf. gráfico 1). Esse
modelo, também propõe que o pensamento contrafactual “ascendente” desempenha uma
função preparatória, que permite que os indivíduos explorem as bases causais de
resultados passados, especialmente aqueles que se desviaram das expectativas e que
tiveram consequências negativas, enquanto o pensamento contrafactual “descendente”
regula as respostas afetivas, fazendo com que as pessoas se sintam melhores sobre a
realidade, ao perceberem como "poderia ter sido pior” (Roese,1993).

Gráfico 1: Modelo de duas vias de geração de pensamentos contrafactuais de Roese e Olson (1995). Adaptado de What
Might Have Been: The Social Psychology of Counterfactual Thinking (p.11), de N.J. Roese e J.M. Olson, 1995,
Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, Inc, Publishers.

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Roese e Olson (1995), no seu modelo Funcional de duas vias, distinguem dois
estádios na construção contrafactual: a disponibilidade e o conteúdo semântico.
Disponibilidade - é a mera consideração de que um resultado factual podia não ter
ocorrido; Conteúdo semântico - especifica os meios pelos quais, algum resultado
alternativo pode ter sido produzido (a alteração mental de um antecedente factual e
mutável, que poderia levar a outro resultado). Para melhor representar o modelo, os
autores fazem a seguinte analogia: “O primeiro estádio reflete a presença de um veículo,
por assim dizer, enquanto o segundo representa os ocupantes desse veículo” (p. 9).
No modelo funcional também foram definidas as variáveis motivacionais e as
variáveis de mutabilidade, que serão mais aprofundadas no tópico 1.5. deste estudo.
As variáveis motivacionais são baseadas no resultado:
Expectativas – O pensamento contrafactual é mais frequente após resultados que
contrariam as expectativas (Sanna &Turley, 1996).
Valência do resultado, (resultado negativo ou positivo), o pensamento
contrafactual é mais frequente após resultados negativos (Davis, Lehman, Wortman,
Silver & Thompsom, 1995).
Proximidade - perceção de atingir um objetivo: os pensamentos contrafactuais são
mais frequentes quando a distância entre o resultado factual e o que poderia ter sido é
redizída (Kahneman & Tversky, 1982).
Envolvimento no resultado (sim ou não), a disponibilidade dos contrafactuais
depende de quanto potencial tem o resultado de um evento, para afetar pessoalmente o
sujeito (Meyers-Levy & Maheswaran, 1992).

As variáveis de mutabilidade são baseadas no antecedente:


Excecionalidade – Os pensamentos contrafactuais tendem a focar-se nos
elementos excecionais da situação ( Kahneman & Miller, 1986).
Saliência - segundo a “regra do foco”, as histórias ou cenários são comummente
alterados mudando alguma propriedade, atributo ou característica do objecto focal.
(Kahneman & Tversky, 1982).
Kahneman e Miller (1986), propuseram que a mutabilidade de qualquer situação
aumenta quando a atenção dos sujeitos é dirigida para algum aspeto particular e que, os
aspetos aos quais não seja dado destaque, se tornam parte do background, ficando em
segundo plano para os sujeitos.

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Controlabilidade - os pensamentos contrafactuais tendem a focar-se mais nos
elementos controláveis pelos sujeitos. Segundo Roese e Olson (1995), um dos propósitos
pelos quais as pessoas elaboram pensamentos contrafactuais é o de tentar obter controlo
sobre o ambiente ou contexto e evitar a repetição de resultados ou desfechos negativos.
Dinâmica – Os pensamentos contrafactuais tendem a focar-se mais em
antecedentes dinâmicos ( instáveis) do que em antecedentes estáticos (estáveis), (
Niedenthal, Tangney & Gavansky, 1994).
Posição serial - efeito de ordem temporal - os pensamentos contrafactuais tendem
a centrar-se mais no último elemento de uma sequência temporal (Miller & Gunasegaram
(1990). efeito de ordem causal – Os pensamentos contrafactuais tendem a centrar-se mais
no primeiro evento de uma sequência causal (Wells, Taylor & Turtle, 1987).
Os dois estádios - disponibilidade e conteúdo semântico, podem ser influenciados
pelas duas classes de variáveis, mas sabe-se que a disponibilidade é mais influenciada
pela valência de resultado ou pela proximidade, que são baseadas no resultado, enquanto
o conteúdo semântico, será mais influenciado pelas variáveis da mutabilidade que são
baseadas no antecedente. (cf. Gráfico 1).
Neste ponto do presente trabalho, daremos seguimento à apresentação dos estudos
mais relevantes no paradigma funcional e nos estudos suportados pela Teoria dos
Modelos Mentais.
Em 2008, Epstude e Roese, com base na teoria funcional, propuseram duas
características definidoras de uma interpretação funcional de um processo psicológico:
(1ª) o processo é ativado por um déficit ou necessidade particular e (2ª) o processo produz
mudanças que acabam com o déficit ou satisfazem a necessidade. No caso do pensamento
contrafactual, se a sua função primária é a solução de problemas, então o pensamento
contrafactual deve ser ativado por problemas e deve ter o efeito de evocar
comportamentos que vão corrigir esses problemas. Essa proposição está enraizada num
comportamento regulatório que governa o ciclo.
Ao analisarem os pensamentos contrafactuais sob uma perspectiva mais prática,
buscando lhes atribuir funcionalidade, através de um modelo descritivo de duas etapas de
elaboração, pode-se presumir que os autores “funcionalistas”, mesmo considerando as
importantes exceções disfuncionais dos pensamentos contrafactuais, (que segundo eles,
podem surgir em condições específicas), começaram a direcionar as suas investigações
para os benefícios dos pensamentos contrafactuais nos processos de regulação e de
tomada de decisão dos indivíduos. Ao adotarem uma visão mais “benéfica” dos

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pensamentos contrafactuais, os “funcionalistas”, distanciam-se, em parte, da perspectiva
da teoria da norma.
Na sua crítica ao modelo da normalidade, Epstude e Roese (2008), consideram
que, ao enquadrar o pensamento contrafactual como uma “heurística de simulação”, de
maneira geral, a teoria da norma esteve situada na tradição da heurística e vieses, e por
esse motivo, o pensamento contrafactual foi retratado como uma forma de julgamento e
tomada de decisão tendenciosos - o que, segundo os autores, produziu muitos estudos
subsequentes que forneciam evidências compatíveis com essa interpretação do
pensamento contrafactual, como um impedimento ao julgamento correto. Para Roese e
Morrison (2009), a investigação psicológica nas décadas de 80 e 90, apesar de muito
produtiva, enfatizou as consequências negativas do pensamento contrafactual.
Nessa fase dos estudos, em que se desenvolveu uma descrição das bases
funcionais do pensamento contrafactual, promoveu-se o avanço no conhecimento de
outros aspetos dos pensamentos contrafactuais, relativamente aos seus aspetos
desenvolvimentais, neurológicos, psicológicos e sociais, favorecendo estudos na
abordagem neurocognitiva, relacionada às regiões cerebrais e as suas funções (Justino &
Schelini, 2018). Outros estudos desenvolvidos nessa linha de investigação, são os estudos
de ressonância magnética funcional - estudos de imagem (FMRI) que mostram que os
pensamentos contrafactuais episódicos não apenas recrutam as mesmas regiões cerebrais
semelhantes como a lembrança episódica de experiências passadas específicas, mas
também regiões do cérebro como a imaginação de bons eventos futuros ou o pensamento
sobre intenções e objetivos (Byrne, 2005).
No final da década de 90, Ruth Byrne, cientista cognitiva, passou a desenvolver
investigação sobre os processos mentais, apoiada na teoria dos modelos mentais, que
segundo Moreira (1996), havia sido publicada em 1983, por Johnson-Laird, no livro
Mental Models. O postulado principal da teoria dos modelos mentais, é de que a mente
constrói representações mentais análogas ao estado de coisas descrito ou imaginado de
modelos em pequena escala da realidade, que usa para antecipar eventos, raciocinar e dar
base a explicações (Johnson-Laird & Byrne, 2002). Na perspectiva dos teóricos dos
modelos mentais, raciocinar não é uma questão de derivação sintática, como propõem os
teóricos da norma, mas sim uma questão de interpretação semântica, ou seja, não está
relacionada com instâncias semelhantes evocadas da memória e sim com a interpretação
das relações de significado.

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Para Quelhas e Jonhnson-Laird (2004), as pessoas usam o significado das
premissas, e os conhecimentos gerais, para construírem as representações mentais das
possibilidades envolvidas no discurso, na perceção, ou na imaginação, sendo que a
estrutura de um modelo mental é análoga à estrutura da situação que ele representa. Para
ilustrar esse conceito, os autores pensaram na seguinte situação: "Se eu tivesse comprado
aquele bilhete de lotaria, teria acertado o prêmio." (implica na ativação de um significado
duplo). Há uma dupla negação do antecedente e do consequente, ou seja: que eu "não
comprei o bilhete" e "não tirei a sorte grande - formalmente: "não-p & não-q". Por outro
lado, simula-se a realidade alternativa, ou seja, "p & q", em que o antecedente e o
consequente são atualizados mentalmente como se fossem reais (Eu comprei o bilhete e
ganhei o prêmio).
Segundo os teóricos dos modelos mentais, a compreensão de um contrafactual
supõe uma ativação simultânea de dois modelos de situação alternativos (“não-p & não-
q” e “p & q”), conforme ilustrado no exemplo mencionado (Johnson-Laird & Byrne,
1991). Na perspectiva dos modelos mentais, o significado duplo dos contrafactuais
garante que as pessoas construam um modelo não apenas da conjetura, mas também dos
fatos pressupostos. As pessoas criam contrafactuais mudando aspetos da realidade que
elas representaram explicitamente mentalmente, ao que Byrne (2017), denomina como
“linhas de falha”, que segundo a autora, podem mudar guiadas pelo conhecimento.
Como referido anteriormente, Byrne, apoiada na teoria dos modelos mentais,
desenvolveu um programa de investigação, com base numa explicação representacional
do pensamento contrafactual, cujos resultados foram publicados no seu livro em 2005. O
objetivo principal desse estudo, foi relacionar a capacidade imaginativa da criação de
alternativas, com o pensamento racional, para tentar compreender como as pessoas
imaginam alternativas à realidade. Ao concluir que a imaginação contrafactual é racional,
Byrne propõe que os princípios subjacentes que guiam esses dois tipos de pensamentos
são os mesmos e que se assentam em três pontos: a) Primeiro ponto: o raciocínio humano
é racional. As pessoas são capazes de pensamento racional, apesar dos muitos erros e
crenças persistentemente inexatas que exibem. b) Segundo ponto: os princípios que
orientam as possibilidades que as pessoas pensam e que sustentam o raciocínio, são
princípios racionais com dois pressupostos-chave. (o primeiro pressuposto seria de que
as pessoas pensam sobre possibilidades verdadeiras, e o segundo pressuposto, seria de
que as pessoas pensam sobre poucas possibilidades, devido às limitações da memória de
trabalho); c) Terceiro ponto: esses princípios fundamentam a imaginação contrafactual.

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E para concluir, Byrne afirma o seguinte: “Assim como o pensamento racional
depende da imaginação de alternativas, também o pensamento imaginativo pode
depender da operação de princípios racionais. A existência dos pensamentos imaginativos
contrafactuais, demonstra que os pensamentos podem ir além dos fatos para abranger
outras possibilidades” (p. 15).

1.3. A importância de pensar contrafactualmente


Segundo Byrne (2017), os pensamentos contrafactuais, servem a uma diversidade
de propósitos. A mente humana, produz contrafactuais por muitas razões, como por
exemplo: explicar o passado e preparar para o futuro, implicar várias relações, incluindo
as causais, afetar as intenções e as decisões, modular emoções como arrependimento e
alívio, e apoiar nos julgamentos morais como atribuição de culpa.
As dificuldades no pensamento contrafactual, podem ser detetadas em uma ampla
gama de condições psiquiátricas e neurológicas, com possíveis efeitos negativos na
regulação afetiva e comportamental das pessoas. Nos estudos de Van Hoeck, Watson &
Barbey em 2015, o desempenho dos contrafactuais, correlacionou-se positivamente com
medidas de atenção, criatividade, habilidades verbais, conscienciosidade e autoestima, e
negativamente com a depressão nas funções executivas (FE), que são funções essenciais
para a execução de tarefas novas e envolvimento do indivíduo em ações direcionadas a
metas. Os estudos de Gomez-Beldarrain, Garcia-Moncó, Rubio, Pascual-Leone, 1998,
revelaram que uma deficiência no pensamento contrafactual pode contribuir para a falta
de arrependimento e perceção – ocorrência frequentemente observada em pacientes com
lesões no lobo frontal. Os estudos de Tagini , Solca, Torre, Brugnera, Ciammola,
Mazzocco, et al., em 2021, de mapeamento cerebral feitos através de imagens de
ressonância magnética, revelaram que lesões no córtex pré-frontal podem resultar em um
comprometimento de um ou mais dos processos de computar, que são necessários ao
pensamento contrafactual. Byrne (2016), sublinha que alguns dos déficits bem
conhecidos associados ao comprometimento pré-frontal, como falha em aprender com os
erros e insensibilidade às consequências das decisões, bem como experiências atípicas de
arrependimento e culpa, podem resultar de uma deficiência no pensamento contrafactual
cujas consequências podem ser devastadoras.
Na perspectiva funcional de Epstude e Roese (2008), o pensamento contrafactual
pode ser visto principalmente como um componente útil, benéfico e totalmente necessário

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para a regulação do comportamento (Roese, 1997). O pensamento contrafactual pode
ajudar as pessoas a fazerem descobertas e a lidar com a novidade (Byrne, 2005).
De tudo o que já foi investigado sobre o pensamento contrafactual, podemos
concluir que pensar contrafactualmente, assume determinadas características, e requer
algumas condições. Uma dessas condições são o que os investigadores denominaram de
fatores de ativação do pensamento contrafactual.
Os três modelos principais do pensamento contrafactual acima citados – Teoria
da Norma: Kahneman e Tversky de 1982, a Teoria dos Modelos Mentais: Johnson-Laird,
de 1983 e a Teoria Funcional: Roese e Olson, de 1995, nortearam a maior produção dos
estudos existente. Com isso desenvolveram muitas teorias importantes, derivadas dos
seus pressupostos, sobre os pensamentos contrafactuais. No entanto, esses três modelos,
compartilham de alguns conceitos, que fundamentaram e nomearam algumas das
características gerais e condições de ativação, dos pensamentos contrafactuais, que serão
aqui abordadas.

1.4. As características gerais dos pensamentos contrafactuais


A expressão dos pensamentos contrafactuais com frequência, ocorre sob a forma
de proposições condicionais do tipo “E se...” ou “O que teria acontecido se...”, essas
proposições são compostas por um antecedente e um consequente que indicam as
modificações ocorridas no estado dos fatos passados. A relação entre as condicionais
contrafactuais e o estado dos fatos ocorridos terá como falso o seu antecedente, (Byrne &
Quelhas, 1999).
Segundo Byrne ( 2016), o modo gramatical do pensamento contrafactual se dá no
subjuntivo, como por exemplo: “Se eu tivesse”, “Se eu fosse”. “Se eu tivesse estudado
mais, não teria sido reprovada”; “Se eu fosse mais estudiosa, teria passado de ano”. No
exemplo “Se eu tivesse estudado mais, não teria sido reprovada”, o antecedente “Se eu
tivesse estudado mais” corresponde à ação de estudar mais e o consequente “Não teria
sido reprovada”, corresponde ao resultado caso a ação “estudar mais” tivesse sido
executada. Com o exemplo apresentado, é possível verificar que, ao pensar
contrafactualmente o antecedente foi alterado. Segundo Byrne (2005), os contrafactuais
permeiam grande parte da vida mental.

12
1.5. Condicionantes do pensamento contrafactual
As condicionantes do pensamento Contrafactual conforme o modelo funcional de
duas vias, são as seguintes:

1.5.1. Valência do resultado


Roese e Olson em 1995, afirmam que o pensamento contrafactual, é ativado
automaticamente em resposta ao afeto negativo em oposição ao positivo e a outros
determinantes propostos na literatura, sendo, portanto, mais frequente na sequência de
resultados negativos. Segundo Roese (1997), o conteúdo dos contrafactuais almeja causas
particularmente prováveis de infortúnio, produzindo consequências afetivas negativas por
meio de um mecanismo de efeito de contraste (entre a situação “melhor” imaginada e a
situação “pior” real), e consequências inferenciais positivas por meio de um mecanismo
de inferência causal. O resultado líquido do pensamento contrafactual segundo Roese,
seria benéfico. Em termos funcionais, pensamentos contrafactuais chegam à mente em
resposta às experiências em que o pensamento corretivo seria muito benéfico. Roese
também propõe que o conteúdo dos contrafactuais frequentemente se concentra em
eventos com antecedentes extremos ou incomuns, que são fontes particularmente
prováveis do infortúnio em questão. Os contrafactuais ao produzirem consequências
afetivas negativas por meio de um mecanismo de efeito de contraste (entre a situação
“melhor” imaginada e a situação “pior” real), teriam tais efeitos compensados por
consequências inferenciais positivas que ocorreriam por meio de um mecanismo de
inferência causal. O afeto negativo, portanto, daria um “sinal” para o organismo, de que
um problema precisaria ser corrigido e o pensamento contrafactual (entre outros
mecanismos cognitivos) seria mobilizado para enfrentar o problema. Por exemplo, um
aluno pode receber uma nota de reprovação em um exame, o que representa uma
discrepância entre o desempenho atual e o padrão de referência de sucesso (como a meta
de obter uma nota B). O reconhecimento de um problema então ativaria o seguinte
pensamento contrafactual no aluno: “Se eu tivesse estudado mais, teria sido aprovado”.
Esta condicional contrafactual é essencialmente uma declaração causal ligando a ação de
estudar ao objetivo de obter uma nota de aprovação, (Epstude & Roese, 2008).
Os autores apontam várias linhas de evidência que demonstraram que resultados
negativos (em oposição a positivos) ativam o pensamento contrafactual. Também fazem
referência a estudos realizados, cuja metodologia utilizada assentou, na manipulação da
valência do resultado, que consistia na manipulação do afeto através de características

13
situacionais. Os autores, no entanto, reconheceram, que a manipulação da valência do
resultado pode alterar outras variáveis para além da experiência afetiva. Foram então
conduzidos estudos com abordagem a fatores concorrentes como a normalidade, a
perceção de controlo e a violação de expectativas. Os resultados encontrados mostraram-
se consistentes entre si e apontaram o afeto negativo como elemento central, para a
ativação contrafactual. A evidência mais clara deu-se quando foi realizada uma análise
de regressão na qual a valência do resultado, o afeto, a expectativa e a controlabilidade
entraram como preditores que obtiveram a mais clara e direta evidência de que são as
emoções negativas inerentes a um evento desfavorável as responsáveis pela ativação
contrafactual. Quando o afeto foi removido do modelo, ocorreu uma descida significativa
da variância explicada, o que não sucedeu com a remoção de qualquer um dos restantes
fatores. Roese e Olson, ao avaliarem o impacto da valência do resultado na ativação
contrafactual, buscaram evidências mais diretas de que é a experiência afetiva em si, e
não perceções puramente cognitivas da valência do resultado, que está subjacente aos
efeitos descritos acima. Os vários experimentos, vinhetas empregadas, autorrelatos
retrospetivos e laboratório, tarefas de realização com feedback de desempenho
manipulando resultados negativos, evocaram pensamento contrafactual mais frequente
do que manipulando resultados positivos. Para os autores, a violação da expectativa pode
ser um determinante da ativação contrafactual (Roese & Olson, 1995), de modo que os
resultados inesperados podem desencadear um pensamento contrafactual maior do que os
resultados esperados. Por causa da covariação óbvia entre a valência e a expectativa do
resultado (resultados positivos são normalmente esperados, enquanto resultados
negativos são frequentemente inesperados), os teóricos atribucionais tentaram separar as
variáveis metodologicamente, mas com conclusões mistas (Roese, 1997).
Segundo Roese e Olson (1995), uma série de experimentos, no entanto, indicaram
que o afeto é o mediador principal dos efeitos da valência do resultado ou de
manipulações de expectativa de resultado.
Aos estudos provenientes de trabalhos anteriores referidos pelos autores,
somaram-se outros como por exemplo os estudos de Roese e Hur (1997), dando reforço
às suas conclusões quanto à relevância do afeto negativo concernente ao estádio
“disponibilidade”. No referido estudo, dois experimentos sugeriram determinantes
diferenciais da ativação versus conteúdo do pensamento contrafactual. A ativação refere-
se a se os contrafactuais vêm à mente conscientemente e foram avaliados por meio de
listas de pensamentos e medidas de latência de resposta. Conteúdo refere-se a qual

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antecedente forma a base do contrafactual e foi avaliado por meio de codificações
categóricas de listagens de pensamento. A ativação contrafactual foi facilitada por
resultados negativos em oposição a resultados positivos, e esse efeito foi mediado pela
experiência afetiva. A violação da expectativa não influenciou a ativação contrafactual. A
normalidade (se um resultado foi precedido por eventos excecionais versus normais) não
teve efeito sobre a ativação, mas influenciou o conteúdo de tal forma que os contrafactuais
sofreram mutações nos antecedentes excecionais com mais frequência do que nos
antecedentes normais.
Outra linha de investigação que destaca o afeto negativo como o principal ativador
do pensamento contrafactual foi conduzida por Davis, Lehman, Wortman, Silver e
Thompson em 1995. Trata-se de um estudo longitudinal aplicado em pais de bebés que
faleceram com síndrome de morte súbita. Os resultados obtidos, revelaram que os níveis
de angústia reportados três semanas após as mortes previram a frequência dos
pensamentos contrafactuais ano e meio mais tarde. Quanto pior os pais se sentiam logo
após o falecimento dos bebés, maior era o número de pensamentos contrafactuais
verificados a longo prazo.

1.5.2. Expectativas
Como foi referido anteriormente, quando uma expectativa é grande, e não se
concretiza, pensamos contrafactualmente. A violação da expectativa pode ser um
determinante da ativação contrafactual, de modo que os resultados que são inesperados
podem desencadear um pensamento contrafactual maior do que os resultados esperados
(Roese & Olson, 1995; Sanna & Turley, 1996). A causa é a covariação óbvia entre a
valência e a expectativa do resultado - resultados positivos são normalmente esperados,
enquanto os resultados negativos são muitas vezes inesperados (Roese, 1997). Sanna e
Turley, em 1996, realizaram três estudos que examinaram os efeitos da violação da
expectativa e da valência do resultado no pensamento contrafactual espontâneo. No
Estudo 1, as expectativas anteriores e a valência do resultado foram variadas
ortogonalmente em uma vinheta. Uma quantidade maior de contrafactuais foi gerada após
falhas e resultados inesperados. O protagonista é um aluno que foi reprovado e que na
primeira versão é referenciado como um aluno que nunca obteve resultados negativos
em exames anteriores, enquanto na segunda versão é dito que ele obteve resultados
negativos em exames anteriores. Os participantes produziram mais pensamentos
contrafactuais para a primeira versão do que para a versão em que o personagem é

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apresentado como um aluno que anteriormente obteve resultados negativos. Além disso,
uma quantidade maior de contrafactuais aditivos do que subtrativos foi encontrada após
a falha, particularmente falha inesperada, e contrafactuais mais subtrativos do que
aditivos foram encontrados após o sucesso inesperado. A evidência da generalidade
desses resultados foi obtida no Estudo 2, no qual os contrafactuais foram avaliados após
o desempenho dos alunos em exames na vida real. No Estudo 3, os autores avaliaram
ainda os contrafactuais não espontâneos, que mostraram diferir em número e estrutura
dos contrafactuais espontâneos (Roese, 1997).

1.5.3 - Proximidade de um resultado positivo


Refere-se à proximidade percebida de se atingir um objetivo. A proximidade é
uma condicionante motivacional importante, pois constitui um fator que, de acordo com
o modelo de duas etapas da geração de pensamentos contrafactuais, afeta
predominantemente, o estádio disponibilidade. Para McMullen e Markman (2002), Essa
proximidade percebida, pode operar em termos de distância física, numérica, espacial e
também em termos de distância temporal. Por exemplo, uma proximidade reduzida entre
o resultado factual e o alternativo, ativa mais facilmente o pensamento contrafactual. Para
ilustrar uma situação de distância temporal, vamos pensar no caso do cenário de
Kahneman e Tversky (1982), em que o Mr. Tees, perdeu o voo por 5 minutos e o Mr.
Crane perdeu o voo por 30 minutos. Ao serem inquiridos, os participantes responderam
que o Mr. Tess teria ficado muito mais desapontado ao ter perdido o seu voo por 5 minutos
do que Mr. Crane que o perdeu por 30 minutos. Um outro cenário que ilustra bem a
distância numérica de classificação, é o de Medvec, Madey e Gilovich (1995), por
exemplo, na história dos medalhistas olímpicos ao ganharem a medalha de prata. Eles
foram considerados mais infelizes por terem ficado em segundo lugar, do que os
medalhistas que ganharam a medalha de bronze e que ficaram em terceiro lugar na
competição e, portanto, menos próximos da medalha de ouro.

1.5.4. Mutabilidade
É o conceito central do pensamento contrafactual, e tem sido estudado nos seus
mais variados aspetos ao longo dos anos. As pessoas criam alternativas contra os fatos,
“alterando” mentalmente a realidade ou "desfazendo" alguns aspetos dos fatos na sua
representação mental da realidade, (Kahneman & Tversky 1981,1982). Os autores
utilizam a noção de mudanças em “aclive” e “declive”, emprestada da experiência do

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esquiador cross-country, pretendendo com isso ilustrar a natureza especial da relação de
distância que pode ser definida para os possíveis estados de um sistema. A propriedade
essencial dessa relação é que ela não é simétrica. Para o esquiador cross-country, uma
breve descida, de A a B costuma ser acompanhada de uma longa e trabalhosa subida de
B a A. Com essa metáfora estados ou eventos, excecionais seriam os picos e os eventos
normais seriam os vales. Desta forma, os autores propõem que a distância psicológica de
uma exceção à norma que ela viola é menor do que a distância da norma à mesma exceção.
Kahneman e Tversky, propõem ainda que: “a preferência por mudanças em declive é a
regra principal que as simulações mentais obedecem porque elas incorporam as restrições
essenciais que emprestam realismo às fantasias contrafactuais” (p.10).
Para Kahneman e Miller (1986), alguns aspetos da realidade parecem mais
‘‘mutáveis ’’ ou mais prontamente modificáveis em uma simulação mental num
determinado evento do que noutros. Pessoas diferentes tendem a mudar os mesmos tipos
de coisas quando pensam em como as coisas poderiam ter sido diferentes. Essas
regularidades indicam que existem aspetos da realidade, que atraem a atenção de todos.
Nos estudos que se seguiram, outros postulados foram se somando aos dos
primeiros estudiosos do pensamento contrafactual como por exemplo, a questão da
controlabilidade e das obrigações.
Para descrever os elementos que são mais facilmente mutados, Byrne (2005),
empregou a frase “linhas de falha da realidade”. Os estudos de Mccloy e Byrne (2000),
confirmam a mutabilidade, afirmando que as alternativas que veem à mente podem sofrer
restrições relacionadas aos aspetos da realidade, que são mais prontamente mutados: a
normalidade ou excecionalidade; a controlabilidade; as relações causais entre eventos; as
relações temporais; a ação/inação e as obrigações. As autoras concluem que algumas das
alternativas são baseadas em pequenas mudanças na realidade como por exemplo: “se eu
tivesse chegado um minuto antes”, e outras são baseadas em mudanças maiores, no
exemplo: “se eu tivesse nascido 100 anos antes”.

1.5.5. Excecionalidade
Quando a pessoa faz algo fora do que lhe é habitual, a tendência do pensamento
contrafactual é repor a situação habitual. Esse fenómeno ocorre, porque as pessoas
tendem a mudar eventos incomuns para torná-los mais normais. Para avaliar esse efeito,
Kahneman e Tversky (1982), forneceram aos participantes uma versão de uma história
em que o Sr. Jones morreu em um acidente de trânsito enquanto dirigia para casa após

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sair do trabalho. Em uma versão, o Sr. Jones deixou o trabalho mais cedo do que
normalmente fazia, mas ele seguiu seu caminho usual. Na outra versão, o Sr. Jones saiu
do trabalho no horário normal, mas escolheu um caminho diferente para casa. Kahneman
e Tversky pediram aos participantes que desfizessem o resultado terminando uma frase
que começava com ‘Se ao menos ... ‘. Embora os resultados nas duas versões fossem os
mesmos e não diferissem em termos de probabilidade, os sujeitos produziram mudanças
diferentes e específicas nos dois casos. Na primeira versão, a maioria deles modificou a
variável tempo ("Se ao menos ele tivesse saído do trabalho no horário normal ..."). Na
segunda versão, a maioria dos sujeitos modificou a rota (“Se ao menos ele tivesse seguido
sua rota usual ...”).

1.5.6. Controlabilidade
Os elementos controláveis, são aqueles eventos que resultam de uma decisão
intencional e deliberada do agente (Kahneman & Miller, 1986; McCloy & Byrne, 2000).
Quando as pessoas pensam sobre o que poderia ter acontecido, elas desfazem
mentalmente eventos controláveis, em vez de incontroláveis. Para Byrne (2005), mais
do que isso, elas tendem a imaginar alternativas para tipos específicos de ações
controláveis: ações socialmente reprováveis ou inaceitáveis. Considere o seguinte
exemplo dos estudos de Girotto, Legrenzi e Rizzo em 1991, sobre os eventos
controláveis:
O Sr. Bianchi, que chegou em casa tarde demais para salvar a sua esposa, que
estava a ter um ataque cardíaco. Houve três eventos que impediram o Sr. Bianchi de
chegar em casa. Dois desses eventos foram incontroláveis: ter um ataque de asma, o que
significou que ele teve que parar para tomar seu inalador e acidentalmente quebrou os
seus óculos, o que significou que ele teve que voltar ao escritório para pegar um par
sobressalente. Um evento, porém, era controlável: parar em um bar e tomar uma
cerveja. Ao responderem “Se ao menos ...” os participantes tendiam a desfazer o evento
controlável em vez de qualquer um dos eventos incontroláveis (Girotto et al., 1991). As
pessoas disseram que o protagonista da história diria: ‘‘se eu não tivesse parado para
aquela cerveja’’( McCloy & Byrne, 2000).
Uma possível explicação para o efeito de controlabilidade e o papel da adequação
dos eventos, pode ser a natureza das representações mentais que as pessoas constroem
quando geram uma alternativa contrafactual. Uma sugestão é de que as alternativas
contrafactuais que as pessoas mais facilmente constroem, dependem do que é

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representado explicitamente nos modelos mentais que elas constroem para a situação
factual, (Byrne 2007, 2016). Quando as pessoas pensam sobre um evento controlável
inaceitável (inapropriado), elas podem construir um modelo do evento inaceitável e
também podem ter em mente um modelo do evento mais aceitável (McCloy & Byrne,
2000). Quando as pessoas geram uma alternativa contrafactual para o evento
inapropriado, o modelo do evento mais apropriado está prontamente disponível como
candidato. Em contraste, quando pensam sobre um evento controlável apropriado, elas
podem ter em mente apenas um único modelo correspondente ao mesmo. Como nenhum
modelo alternativo contrafactual está prontamente disponível, o evento controlável
apropriado terá menos probabilidade de sofrer mutação (McCloy & Byrne 2000).

1.5.7. Causas
Na perspectiva da teoria da norma de Kahneman e Tversky (1982), o pensamento
contrafactual está subjacente à inferência causal. Nessa perspetiva, para se estabelecer
causalidade, as pessoas procedem uma simulação mental em que negam um antecedente
que é uma possível causa de um dado resultado, e depois verificam se, o resultado é
revertido com essa ação. Ao reverterem os resultados, as pessoas tendem a selecionar o
antecedente mutado contrafactualmente como causa. Para Neto e Senos (2013), quando
o resultado não é mutado pela negação do antecedente, é removido como causa provável
e as pessoas produzem uma nova simulação mental até encontrarem a causa.
Em Byrne e Quelhas (1999), todas as proposições condicionais contrafactuais, são
afirmações causais, devido à falsidade dos seus antecedentes que estabelecem sempre
uma relação com um “estado de coisas” factual. Por exemplo, pensar “Se eu fosse mais
rico, então seria mais feliz” está intimamente ligado com o dinheiro e a felicidade atual
de cada um.
Harris, German e Mills (1996), nos seus estudos com crianças em idade pré-
escolar observaram que as alternativas contrafactuais ocorrem espontaneamente quando
respondem a uma pergunta sobre como um resultado poderia ter sido evitado mais do que
uma pergunta sobre por que um resultado ocorreu. Rasga e Quelhas (2009), sublinham
que isso sugere que mesmo crianças pequenas distinguem entre pensamentos
contrafactuais e causais e que desde cedo, as crianças desenvolvem o pensamento
contrafactual para produzir a causalidade em diferentes acontecimentos (p.46).
Ao imaginar a seguinte alternativa: '' se eu não tivesse deixado a janela da casa de
banho aberta, o ladrão nunca teria entrado na casa '' , é evidenciado um fator importante

19
na sequência causal de eventos: “o ladrão entrou porque eu deixei a janela da casa de
banho aberta”. O vínculo com os pensamentos causais, pode sustentar o papel dos
pensamentos contrafactuais em ajudar a pessoa a aprender e a se preparar para o futuro -
por exemplo ‘‘Não vou deixar a janela da casa de banho aberta no futuro’’(Roese, 1997).
Contudo, os pensamentos contrafactuais para explicações causais às vezes divergem em
seu foco como veremos a seguir no estudo de Wells e Gavanski em 1989. Suponha que
um motorista de táxi se recusasse a transportar um casal, e pouco tempo depois, o casal,
morre ao dirigir o seu próprio carro sobre uma ponte que desaba. O taxista, que tinha
acabado de atravessar a ponte um pouco antes do casal, estava em segurança. Ao avaliar
o papel do taxista em causar a morte daquelas pessoas, a maioria das pessoas julga que
ele teve um papel causal quando lhes é dito que ele cruzou a ponte em segurança, e
pensam que se ele os tivesse transportado, o casal ainda estaria vivo. Por que as pessoas
desejam que um evento não tivesse acontecido, mesmo quando sabem que o evento não
causou o resultado?
McEleny e Byrne (2006), no seu estudo sobre os pensamentos contrafactuais
espontâneos e as explicações causais, consideram que os pensamentos contrafactuais e as
explicações causais têm ênfases diferentes, o que propicia, a identificação de diferentes
tipos de relações causais, como: relações causais fortes e habilitadoras. Os pensamentos
causais se concentrariam nas relações em que o antecedente é necessário e suficiente para
produzir o resultado, e os pensamentos contrafactuais seriam usados para testar a
necessidade de causas hipotéticas.

1.5.8. Tempo
As pessoas tendem a imaginar alternativas para o evento mais recente em uma
sequência temporal, em vez de eventos anteriores. Essa tendência de desfazer
mentalmente o evento mais recente em uma sequência independente de eventos foi
descoberta por Kahneman e Miller, (1986).
Miller e Gunasegaram em 1990, na mesma linha, hipotetizaram que ocorrências
posteriores em uma série de eventos tendem a evocar alternativas contrafactuais com mais
força. Eles observaram que quando os participantes recebiam uma sequência ordenada de
letras (por exemplo, xf) em uma tela de computador e eram solicitados a substituir
rapidamente uma, tendiam a transformar, ou seja, a desfazer mentalmente, a segunda letra
da sequência.

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Para ilustrar o fenômeno, considere duas jovens, Lisa e Jenny, que são convidadas
ambas, a jogarem uma moeda, nos dois lançamentos – “cara” ou “coroa” – e se acertarem
o mesmo lado, cada uma um ganhará $ 1.000. Lisa vai primeiro e tira cara, Jenny vai em
segundo lugar e tira coroa, então nenhum das duas ganha. Ao realizarem os pensamentos
contrafactuais, a maioria das pessoas diz '' se Jenny tivesse tirado cara. . .'' - isto é, as
pessoas imaginam uma alternativa para o segundo evento, em vez do primeiro evento.
Elas julgam que Jenny sentirá mais culpa do que Lisa, e julgam que Jenny será culpada
mais por Lisa do que Lisa por Jenny. As pessoas foram influenciadas pela ordem em que
esses acontecimentos ocorreram, evidenciando um efeito de ordem temporal, e como
consequência, puderam atribuir por exemplo emoções como a culpa (Rasga & Quelhas,
2009).
Embora as pessoas tendam a desfazer o primeiro evento em uma sequência causal,
para Wells e Gavanski (1989), elas desfazem o evento mais recente em uma sequência
independente de eventos, ou seja, uma sequência de eventos que não são causalmente
relacionados (por exemplo, o lançamento de Jones de “cara” não causa o lance de “coroa”
de Cooper). O efeito de temporalidade também pode ocorrer para sequências de mais de
dois eventos, por exemplo: quando as pessoas pensam sobre como uma equipa de beisebol
poderia ter se saído melhor em uma série de 10 jogos, elas desfazem mentalmente o
décimo jogo de beisebol (que a equipa perdeu), independentemente dos resultados dos
nove jogos anteriores (Sherman & Mc-Connell, 1996).
Nos estudos de Byrne, Segura, Culhane, Tasso & Berrocal, (2000), no cenário
imaginado, John e Michael , recebem cada um, cartas de baralho, e é pedido a cada um
que tire uma carta do seu próprio baralho. Se John e Michael tirarem duas cartas da
mesma cor ( duas pretas ou vermelhas), cada um deles, ganhará £1,000. No entanto, se
as duas cartas tiradas não forem da mesma cor, então nenhum dos dois jogadores ganha.
John é o primeiro a escolher e tira uma carta vermelha. Michael escolhe em seguida e
tira uma carta preta. O resultado é que nenhum dos dois jogadores ganha. Byrne et al.
(2000), propuseram um cenário em que os dois jogadores retiram uma carta da mesma
cor. O resultado nessa versão, seria que os dois jogadores ganhariam o prémio. Após a
apresentação do cenário onde os dois ganham, foi pedido que os participantes
respondessem à seguinte pergunta: qual dos jogadores se sente mais aliviado por ter
ganhado o prémio? Os participantes atribuíram ao segundo jogador maior experiência de
alívio. Para Byrne et al. (2000), os resultados também revelaram que o efeito de ordem
temporal que as pessoas exibem, não é apenas mediado por um resultado negativo, mas

21
também por um resultado positivo. Com o objetivo de elucidar ainda mais os fatores que
orientam a decisão de desfazer o evento mais recente em uma sequência independente de
eventos, Byrne, et al. (2000), realizou duas séries de experimentos em que na primeira
série mostraram que é possível reduzir e até eliminar o efeito de temporalidade
interrompendo a sequência temporal de eventos. Os cenários foram alterados de forma
que os dois jogadores estavam num concurso de televisão, que seria interrompido num
dado momento por problema técnico. Jones escolheu a primeira carta de cor preta e em
seguida, ocorreu a interrupção com o problema técnico. Demorou-se alguns minutos, até
o problema técnico ser solucionado e o jogo foi então recomeçado para que Jones pudesse
escolher novamente uma carta. Desta vez Jones escolheu uma carta de cor vermelha,
Brady a seguir, escolheu uma carta de cor preta. E o resultado foi que nenhum dos dois
jogadores ganhou o prémio. Numa outra versão: mesma carta, Jones escolheu a primeira
carta e tirou a carta preta. Brady por sua vez, tirou a carta vermelha. O resultado foi que
nenhum dos dois jogadores ganhou o prémio. A interrupção da sequência temporal
provocada pela avaria técnica, produziu consequências diferentes nas duas versões,
mostrando que na versão mesma carta, o efeito de ordem temporal não foi eliminado. No
entanto, na versão carta diferente, observou-se uma redução no efeito de ordem temporal.
Os pensamentos contrafactuais produzidos, focaram-se tanto na escolha do Brady como
na escolha do Jones, (o foco também se deu no primeiro jogador). Segundo Rasga e
Quelhas (2009), esses resultados apontam para a possibilidade de que uma alternativa
contrafactual estaria disponível para o primeiro evento, quando Jones escolheu uma carta
de cor preta, antes de ocorrer a avaria e depois de ocorrer a avaria quando ele escolheu
uma carta de cor vermelha. Deste modo, a escolha pré-avaria funcionou como uma
alternativa disponível para a escolha pós-avaria.
Wells e Gavansky (1989), referem que as pessoas têm uma maior facilidade para
apagar (mudar) os acontecimentos para os quais existe uma alternativa contrafactual
disponível.

1.5.9. Ação/inação
Uma característica dos pensamentos contrafactuais que também foi observada por
Kahneman e Tversky (1982), é a tendência das pessoas de se arrependerem das suas ações
mais do que das suas inações. A explicação para esse efeito, é de que as pessoas tendem
a imaginar alternativas para as ações mais do que para as inações. Considere o seguinte
exemplo: João e José investem seu dinheiro nas empresas A e B. João investe na empresa

22
A. Ele pensa em mudar para a empresa B, mas decide não o fazer. Ele descobre que teria
ficado melhor em $ 1.000 se tivesse mudado. José investe na empresa B. Ele pensa em
mudar para a empresa A e decide fazê-lo. Ele descobre que teria ficado melhor em $ 1.000
se tivesse ficado na empresa B. A maioria das pessoas julga que João se arrependerá da
sua ação mais do que José se arrependerá da sua inação. Esta teoria foi testada por
N’gbala, e Branscombe (1997), em duas experiências em que as frequências de mutação
de ação e inação foram avaliadas. Os dois tipos de comportamento (ação e inação), foram
apresentados juntos e as informações sobre apenas um tipo foram descritas. Na primeira
experiência, foi utilizado um cenário, onde a ação ou inação estava instrumentalmente
relacionada ao resultado negativo. O arrependimento mais intenso foi obtido para o alvo
ativo do que para o não-ativo, mas apenas quando as informações sobre os alvos foram
apresentadas simultaneamente. Quando os alvos foram apresentados sozinhos o
arrependimento não foi mais intenso para o alvo ativo do que para o não-ativo. Nessa
experiência, a ação não sofreu mutação com mais frequência do que a inação e o que foi
mutado não estava correlacionado com as classificações de arrependimento. Em vez
disso, o arrependimento do alvo ativo foi correlacionado com a sabedoria percebida da
escolha comportamental do alvo não-ativo quando os dois alvos foram apresentados
juntos e puderam ser comparados. Na segunda experiência, onde a ação e a inação não
foram instrumentalmente relacionadas ao resultado negativo, nenhuma amplificação
emocional foi observada e a inação foi alvo de mutação com mais frequência do que a
ação. Os autores sugerem que um mecanismo alternativo, além da mutabilidade, pode ser
o responsável por provocar esse diferencial nas emoções e na especificação das condições
sob as quais o efeito da emoção ocorrerá ou não. Onde a ação e a inação não estavam
instrumentalmente relacionadas ao resultado negativo, nenhuma amplificação emocional
foi observada e a inação foi alvo de mutação com mais frequência do que a ação.
Estudos posteriores concluíram que o arrependimento pela inação pode aumentar
com o tempo, porque os medos e as dúvidas que levaram à inação desaparecem (Savitsky,
Medvec & Gilovich, 1997). Para Byrne, o arrependimento sobre uma inação se dá apenas
quando a alternativa contrafactual imaginada, tem um resultado melhor (se eu tivesse
agido, o resultado teria sido melhor do que realmente foi), do que a alternativa imaginada
para a ação (se eu não tivesse agido, o resultado teria sido igual ou pior do que realmente
foi. Byrne (2005), apresenta a seguinte explicação para o arrependimento ao longo do
tempo: “As pessoas pensam sobre a inação tendo em mente uma única possibilidade, mas

23
elas podem pensar sobre duas possibilidades - por exemplo, quando pensam sobre as
consequências da inação ao longo do tempo (p.43).

1.5.10. Obrigações e as proibições


Byrne, em 2005, propõe que podem existir, múltiplas variações nos eventos que
estão sob o controlo das pessoas, e que essas variações afetam a criação dos pensamentos
contrafactuais. Uma dessas variações poderia ser a influência da aceitabilidade social.
Nessa perspectiva, os pensamentos contrafactuais estariam constrangidos por leis e
normas sociais, que ditam obrigações e proibições, delimitando aquilo que se é obrigado
a fazer e aquilo que se é obrigado a não fazer. Desse modo, quando uma pessoa viola uma
“obrigação”, tende a pensar não apenas acerca do que fez, mas também acerca do que
deveria ter feito: “Quando as pessoas pensam sobre o que poderiam ter feito de forma
diferente, elas às vezes pensam sobre o que deveriam ter feito de forma diferente.” (p.
69). Para Byrne, existem vários tipos de obrigações: (a) as que derivam das convenções
sociais e culturais (e.g., “Os adultos devem tomar conta dos seus pais idosos.”); (b) as que
decorrem de precedentes históricos e legais (e.g., “As crianças devem herdar os bens dos
seus pais.”); (c) as que se prendem com princípios económicos e estéticos (e.g., “Os
trabalhadores devem pagar impostos.”) e, finalmente, (d) as que pertencem a medidas de
saúde e segurança (e.g.,“Os fóruns sociais devem ter saídas de emergência adequadas a
situações de incêndio.”) (Byrne, 2005).
De acordo com esse entendimento, o exame das normas sobre aquilo que é
socialmente esperado que uma pessoa faça (normas interpessoais) teria a mesma
importância que a análise das normas relativamente ao que uma pessoa faz de modo
habitual (normas intrapessoais). Segundo Byrne (2005), uma obrigação é entendida
pensando-se sobre a “possibilidade permitida” e a “possibilidade proibida” que, ao ser
acedida de forma rápida (possibilidade proibida), terá um forte impacto sobre o modo
como as pessoas imaginariam os eventos a ocorrerem diferentemente do resultado factual,
ou seja, a representação de forma simultânea da permissão e da proibição seriam
facilitadores de uma alternativa contrafactual para a proibição. A possibilidade proibida
evocaria mentalmente, a sua contraparte obrigatória, da mesma forma que um evento
excecional convoca a sua contraparte normal. Para Byrne (2005), tais obrigações variam
de sociedade para sociedade, embora algumas pareçam estar presentes na maioria das
culturas e pareçam inalteráveis. O que segundo a autora, constitui a base sobre a qual as
interações sociais são construídas. Considere o seguinte exemplo dado por Byrne: Agora

24
pense na última vez em que você se atrasou para um encontro com um amigo. Que tipo
de desculpa você deu? Se foi baseada em algo que você foi obrigado a fazer, como: ‘‘Eu
tive que ir visitar meus pais’’, então provavelmente o seu amigo o perdoou. Mas se a sua
desculpa foi baseada em algo socialmente inaceitável, como: ‘‘Eu tive que ir tomar uma
bebida forte’’, então nesse caso, o seu amigo poderá ter sido menos compreensivo.
Com o exemplo dado, podemos concluir que as pessoas imaginam mais
alternativas para eventos controláveis socialmente inaceitáveis (parar num bar para beber
uma cerveja) do que para eventos controláveis socialmente aceitáveis (não parar num bar
para beber uma cerveja), porque verificam que uma das possibilidades que ponderaram
para o evento controlável socialmente inaceitável é proibida (parar num bar para beber
uma cerveja) e a outra (não parar para beber uma cerveja), é socialmente aceitável e
permitida. Deste modo, as pessoas fazem contrafactuais que alteram mentalmente, o
antecedente com a possibilidade proibida. (“Se o Mr. Bianchi não tivesse parado num bar
para beber uma cerveja…”). “Todas essas tendências, para imaginar alternativas
contrafactuais para ações, eventos controláveis, ações socialmente inaceitáveis, relações
causais e ações que duram em uma sequência, fornecem pistas sobre as principais falhas
da realidade.” (Byrne, 2005, p.8)

1.6. Classificação dos pensamentos contrafactuais


Os pensamentos contrafactuais são classificados em três dimensões, que foram
designadas como: Direção, Estrutura e Foco.

1.6.1. Direção
A teoria da norma, na hipótese de amplificação emocional de Kahneman e Miller
(1986), sugere que as respostas emocionais aos eventos são contrastadas com a direção
afetiva do ponto de referência contrafactual e destaca que os contrafactuais tendem a ter
uma direção, seja ascendente (ou seja, melhor do que a realidade) ou descendente (ou
seja, pior do que a realidade), mas raramente são horizontais (ou seja, apenas
"diferentes").
A teoria funcional de Roese e Olson (1995), propõe que os pensamentos
contrafactuais ascendentes desempenham uma função preparatória, permitindo que os
indivíduos explorem as bases causais de resultados passados, especialmente aqueles que
se desviaram das expectativas e que tiveram consequências negativas. O pensamento
contrafactual descendente funciona como um regulador das respostas afetivas, fazendo

25
com que as pessoas se sintam melhores sobre a realidade, ao perceberem como "poderia
ter sido pior". Ou seja, nos contrafactuais descendentes, a alternativa imaginária é
negativa e o sentimento que a acompanha é de consolo; por outro lado, nos contrafactuais
ascendentes a alternativa imaginária é positiva e os sentimentos que provoca são
negativos, como por exemplo, o sentimento de arrependimento (Roese, 1994).
Os pensamentos contrafactuais ascendentes e descendentes, em Roese, Sanna &
Galinsk, (2005), têm funções características de um modo avaliativo de pensamentos, no
qual as representações contrafactuais são contrastadas (efeito de contraste), com as suas
contrapartes factuais. O “contraste contrafactual” entre a realidade e o que poderia ter
sido, induz ou amplifica as chamadas "emoções contrafactuais", como frustração,
arrependimento, culpa ou vergonha - emoções típicas associadas a contrafactuais
ascendentes, ou sentimentos de alívio, satisfação, bem-estar e sorte, característica dos
contrafactuais descendentes. O contraste entre a realidade e as suas alternativas, derivado
de um contrafactual, provoca uma espécie de compensação entre acontecimentos e
emoções. Roese, Sanna e Galinsk (2005), referem que as pessoas também geram
contrafactuais em um modo de pensamento mais experiencial e reflexivo, no qual pouca
atenção é dedicada ao que realmente aconteceu.
Para MacMullen, Markman & Gavansky (1995), os contrafactuais na direção
ascendente (upward), são estabelecidos por meio de uma comparação direta entre uma
situação real negativa e uma possibilidade melhor, que teríamos preferido que
acontecesse. Assim, em "se eu tivesse estudado para o exame, teria sido aprovado no
curso", o contrafactual serve como uma espécie de instrução para melhorar a ação futura,
e pode melhorar o afeto. A direção descendente (downward) "Se eu tivesse entrado
naquele avião, teria morrido em um acidente", onde os eventos poderiam ter sido piores,
podem funcionar como "chamadas de alerta” que solicitam respostas preparatórias
(McMullen & Markman, 2000). Contrafactuais descendentes, porém têm um efeito duplo.
Por um lado, contemplam a possibilidade de ter alcançado um resultado ainda mais
negativo que o padrão, por exemplo, diante de um resultado ruim: “Poderia ter sido pior”
e, por outro lado, a ideia de que não havia mais alternativas, como em: “Mesmo se eu
tivesse estudado mais, eu teria falhado de qualquer maneira”, de modo que “não havia o
que fazer”, que é a perspectiva de pessoas com pouca motivação pessoal (Sirois, 2004).
No entanto, uma pessoa otimista também pode eventualmente usar contrafactuais
descendentes, celebrando por exemplo, ter sido salva de um resultado ruim, como um
acidente de trânsito, por exemplo. A funcionalidade do pensamento contrafactual

26
ascendente ou descendente dependerá do tipo de situação problemática, do grau em que
estimula o desenvolvimento das ações apropriadas e da intensidade da emoção resultante
(Martínez & Rodriguez, 2012).
1.6.2. Estrutura
De acordo com a estrutura, que foi introduzida pela teoria da norma, os
pensamentos contrafactuais foram divididos em três tipos: aditivos (uphill changes),
subtrativos (downhill changes) e substitutivos (horizontal changes). Os primeiros estão
diretamente relacionados aos contrafactuais ascendentes, pois referem-se ao acréscimo
de novos antecedentes para reconstruir a realidade, assim, em "se eu tivesse comprado
um computador, o trabalho teria sido muito melhor". Por outro lado, os contrafactuais
subtrativos, relacionados aos contrafactuais de tipo descendente, vão na direção oposta,
pois reduzem os elementos do antecedente para reconstruir a realidade. É o caso de "se
eu não tivesse bebido cerveja ontem à noite, o trabalho teria saído menos ruim", onde
apenas a diferença entre beber ou não beber a cerveja, muda o desfecho do problema. Os
contrafactuais substitutivos resultam da combinação das duas estruturas anteriores, em
que a adição repõe a subtração, no caso de “Se ao invés de ter trocado de telemóvel, eu
tivesse comprado um computador, o trabalho teria saído muito melhor”. Os
contrafactuais aditivos são expansivos por natureza, facilitando a geração de novas ideias.
Por sua vez, os contrafactuais subtrativos promovem o pensamento analítico e os
contrafactuais substitutivos a imaginação de natureza mais estruturada (Martínez &
Rodriguez, 2012).
Segundo Roese e Olson (1993), os contrafactuais substitutivos que são a
combinação de uma adição e uma subtração de forma que a primeira substitui a segunda
(e.g., “Se eu tivesse estudado em vez de ter jogado no computador, então teria sido
aprovado no exame.”), são mudanças (downhill), um aspeto inesperado da situação é
removido quando se imagina como ela poderia ter sido diferente (semelhante aos
contrafactuais subtrativos), mudanças (uphill) em que se introduz ocorrências inesperadas
na reconstrução da situação ocorrida (semelhante aos contrafactuais aditivos) e mudanças
horizontais em que segundo os autores, “um valor arbitrário de uma variável é substituído
por outro valor arbitrário, que não é nem mais nem menos provável do que o primeiro”.
Nos estudos de Roese, Hur & Pennington (1999), sobre as interconexões entre o
pensamento contrafactual, a motivação e os objetivos, os contrafactuais aditivos nas
mutações de inações ocorreram com menos frequência do que os contrafactuais

27
subtrativos nas mutações de ações. Relativamente à motivação, o desânimo ativou os
contrafactuais aditivos, enquanto a agitação ativou os contrafactuais subtrativos.
1.6.3. Foco
O efeito de foco, proposto por Kahneman e Tversky em 1982, destaca a presença
de elementos focais ou centrais em um cenário, que seriam mais facilmente mutáveis. Por
consequência os pensamentos contrafactuais para esses elementos focais estariam mais
disponíveis. Segundo os autores, as histórias são comumente alteradas pela mudança de
alguma prioridade do objeto principal de preocupação e atenção.
No caso apresentado abaixo, o foco foi o Sr. Jones quando o cenário foi instruído
para as pessoas terem empatia com a sua família, e foi o adolescente quando receberam a
mesma instrução:
O Sr. Jones, saiu do trabalho mais cedo e escolheu um caminho diferente do
habitual para casa. O Sr. Jones morre instantaneamente em um acidente num cruzamento,
quando um adolescente sob a influencia de drogas, bate em seu carro, com o caminhão
que dirige. Um grupo dos participantes assumiu o papel de parentes do Sr. Jones e outro
grupo assumiu o papel de parentes do adolescente que recebeu o nome de “Tom Searler”
e foi contada uma história em que o “Tom” usava droga pesadas, que no dia do acidente
havia tido uma briga em casa e saiu com as chaves do carro que estavam sobre mesa da
sala. Durante o acidente, a história dizia que ele foi gravemente ferido.
Na produção dos pensamentos contrafactuais, os autores verificaram que o
primeiro grupo listou mais contrafactuais relacionados ao Sr. Jones e o segundo grupo
listou mais contrafactuais relacionados ao adolescente. 68% dos participantes que
assumiram o papel de parentes do Tom, modificaram a história, enquanto apenas 28%
dos parentes do Sr. Jones mencionaram o Tom.
Kahneman e Miller (1986), propuseram que a mutabilidade de um aspeto focal
de um cenário, aumenta quando a atenção é dirigida a ele enquanto, que os aspetos aos
quais se dirige menos atenção, passam a integrar o Background (pano de fundo), com
menos capacidade de mutação.
Em Roese (1993), o foco dos pensamentos contrafactuais pode incidir no próprio,
nos outros ou em elementos externos, do contexto e/ou da situação. Os contrafactuais
centrados no próprio são denominados de “auto-referentes” (e.g., “Se eu tivesse estudado
para o teste, então teria sido aprovado à disciplina.”). Os contrafactuais centrados nos
outros ou em elementos externos são designados de “hetero-referentes” (e.g., “Se o
homem não estivesse com o meu chapéu de chuva, então eu não estaria molhada.”). Um

28
contrafactual centrado em fatores externos seria, por exemplo: “Se não tivesse chovido
tanto, então eu teria ido passear o cão”.

1.7. As Funções do pensamento contrafactual


No seu aspeto funcional adaptativo saudável, os pensamentos contrafactuais têm
função preparatória. Eles podem ajudar as pessoas a aprenderem com os erros e a evitar
resultados ruins no futuro, porque favorecem a transição de uma situação em que as coisas
não correram muito bem, para uma situação futura diferente e com outras possibilidades
(Epstude & Roese, 2008). Os pensamentos contrafactuais também explicam o passado e
apoiam na tomada de decisão e na performance criativa (Wong, Kray, Galinsky &
Markman, 2009). Os contrafactuais influenciam a formação de intenções, preparando os
indivíduos para futuras tentativas, considerando de que forma poderiam controlar o
resultado. Os contrafactuais também modulam as experiências emocionais negativas
como arrependimento, culpa e vergonha e positivas como como alívio, satisfação e
simpatia (Epstude & Roese, 2008).
Para Faccioli, Justino & Schelini (2015), os aspetos funcionais dos pensamentos
contrafactuais, são importantes para melhorar o desempenho social dos indivíduos, uma
vez que podem contribuir para aumentar a sua capacidade de enfrentamento (coping) e
de adaptação.

1.8. As Disfunções do pensamento contrafactual


Sherman e McConnell (1995,1996), estudaram os potenciais aspetos
disfuncionais dos pensamentos contrafactuais, relacionando-os com a mutação da
realidade na geração de pensamentos contrafactuais e as consequências que estas
mutações da realidade poderiam produzir, na indução de emoções e afetos negativos, que
por sua vez afetariam o processo, associando-o a julgamentos tendenciosos, inadequados,
erros e preconceitos. Sherman e McConnell centraram o estudo em três tipos de
consequências, nomeadamente: a) realização de inferências causais erradas; b) geração
de afeto negativo desnecessário; c) promoção de mudanças comportamentais
dispendiosas.
Para Epstude e Roese (2008), o excesso de pensamentos contrafactuais pode levar
as pessoas a se preocuparem ainda mais com os seus problemas, aumentando o seu
sofrimento. Os estudos de Medvec et al. (1995), revelaram que pensar
contrafactualmente, pode fazer com que um resultado que objetivamente é melhor, pareça

29
pior. Por exemplo, na história dos medalhistas olímpicos que ao ganharem a medalha de
prata, foram considerados mais infelizes por terem ficado em segundo lugar, do que os
medalhistas que ganharam a medalha de bronze e que ficaram em terceiro lugar na
competição.
Diferentemente, do exemplo anterior, os estudos de Quelhas, Power, Juhos, &
Senos (2008), apontaram que, os pensamentos contrafactuais ascendentes são
amplamente funcionais, porque promovem benefícios de preparação para o futuro e o
aumento do controlo percecionado pelo sujeito.
Para Niedenthal, Tangney & Gavansky (1994), nas emoções negativas, quando
geradas pelos pensamentos sobre como as coisas poderiam ter sido melhores, a culpa pela
ação é acentuada. Considere o seguinte exemplo: "Meu amigo não teria ficado chateado
comigo se eu não tivesse dado o meu número de telefone para a namorada dele ". A culpa
é ampliada quando ele imagina, uma mudança na sua personalidade, por exemplo, "Meu
amigo não teria discutido comigo se eu não fosse uma pessoa tão desleal”. Em Mandel e
Dhami (2005), culpa e auto-culpa também são amplificadas em prisioneiros, quando
pensam contrafactualmente sobre a sua captura, condenação e sentença. O efeito de foco
foi mediado pela culpa.
Faccioli, Justino & Schelini (2015), apontam que, em estudos de pessoas com
depressão, ansiedade, esquizofrenia, mulheres vitimizadas e pessoas que passaram por
diferentes experiências traumáticas, verifica-se a influência de experiências específicas
na elaboração e ativação das cognições sobre eventos passados. Quelhas et al. (2008),
verificaram que indivíduos deprimidos, ao contrário dos não deprimidos, não se
beneficiavam cognitivamente do pensamento contrafactual, ou seja, não usufruíam da sua
função preparatória e nem evitavam um resultado desfavorável idêntico, como também,
não apresentavam mudanças comportamentais relacionadas a intenções para melhorar.
Nos estudos de Markman & Miller (2006), os contrafactuais ascendentes intensificaram
as emoções negativas. No arrependimento associado à depressão as pessoas imaginam
alternativas para eventos de vida que podem parecer irracionais para os outros (Roese &
Morrison, 2009). Existem indivíduos que ao invés de imaginarem que as coisas poderiam
ter sido melhores, imaginam que as coisas poderiam ter sido piores e ao invés de sentirem
alívio, sentem-se culpados e angustiados (Rye, Cahoon, Ali & Daftary, 2008). Também
a procrastinação, pode levar a um pensamento contrafactual menos eficaz, com tendência
à produção de maior quantidade de contrafactuais descendentes do que de contrafactuais
ascendentes - o que pode levar o indivíduo a adotar uma tendência complacente e sem

30
motivação para mudanças (Sirois, 2004). Nos estudos de Sanna, Turley-Ames & Meier
(1999), os autores concluíram que, as diferenças entre os contrafactuais ascendentes e
descendentes, estão relacionadas às características individuais de personalidade,
autoestima ou a fatores como o humor.
Os pensamentos contrafactuais, desempenham um papel importante num
diversificado espectro de fenómenos psicológicos e, mais especificamente, numa série de
julgamentos e atribuições, dentre elas as atribuições de intencionalidade - tema proposto
para esse estudo sobre o Pensamento Contrafactual no Julgamento de Intencionalidade
em leitores com diferentes perspetivas, ao qual daremos seguimento.
Há consenso na ciência cognitiva de que a perceção da ação intencional é um
componente-chave da cognição social humana, que evoluiu pelo seu valor adaptativo na
interação social e que se desenvolve muito rapidamente nos primeiros anos da infância
(Malle 2003).

1.9. Intencionalidade: Origem e evolução do constructo


A designação mais antiga de intencionalidade é “intendere arcum in” que
significa, “flechas apontadas para algo”. Termo em latim, cunhado pelos filósofos
escolásticos do Séc. IX ao XV, cuja interpretação é relacionalidade - algo que exibe
intencionalidade, contém uma representação de alguma coisa. Dennet (1997), ao analisar
o significado do termo, fez a seguinte analogia: “Poder-se-ia dizer, que os fenômenos
intencionais seriam dotados de flechas metafóricas que estariam apontadas para uma ou
outra coisa – para qualquer coisa sobre a qual os fenómenos dissessem respeito, se
referissem ou aludissem” (p.17). Outra contribuição relevante para o constructo, segundo
Malle, Moses, & Baldwin (2001), foi dada por Franz Brentano em 1874, quando
reapresentou o conceito de intencionalidade, como um termo técnico que poderia ser
usado para se referir à propriedade de todos os estados mentais, como sendo direcionados
para algo. Os autores mais relevantes e suas áreas de investigação dedicadas ao estudo do
julgamento da intencionalidade, referidos por Malle et al., serão aqui apresentados num
quadro síntese:
Tema estudado Autores e data
Estudos da estrutura conceitual (Brand 1984), (Mele e Moser 1994), (Schueler 1995),
da intencionalidade (Searle, 1983) (Astington & Gopnik 1991), (Malle & Knobe
1997), (Maselli & Altrocchi 1969), (Moses, 1993),
(Kashima, McKintyre, & Clifford, 1998).
Estudos sobre os processos (Baldwin & Baird 2001)
cognitivos e neurais

31
Estudos sobre o papel (Bartsch & Wellman, 1989), (Meltzoff, 1995), (Kalish, 1998),
fundamental da Premack, 1999), (Farroni, 2000), (Woodward &
Intencionalidade nas colaboradores, 2001)
explicações do comportamento
Estudos da relação entre (Malle & Knobe, 1997), (Brand, 1984), (Searle,1983),
julgamentos da intencionalidade (Duff, 1990), (Hart, 1968), (Shaver,1985), (Wallace 1994),
e julgamentos morais com (Williams 1993).
ênfase na culpa e
responsabilidade
Estudos da psicologia do (Zelazo, Astington & Olson 1999), (Meltzoff ,1995),
desenvolvimento, sobre o papel (Barresi & Moore, 1996),
da intencionalidade nas (Baldwin & Baird, 1999)
explicações e atribuições de (Wellman, Phillips, & Rodriguez, 2000).
responsabilidade dentro do
paradigma da “teoria da mente”
Estudos da psicologia social, (Malle & Knobe, 1997), (Brand,1984), (Searle,1983), (Buss
dentro do paradigma da “teoria 1978), (Malle 1999),
da atribuição”. (White, 1991)
1.Quadro síntese de elaboração própria.

1.9.1. O desenvolvimento do julgamento de intencionalidade


Segundo Malle e Guglielmo (2011), Premack em 1999, estudou a identificação do
comportamento intencional dos bebés no seu primeiro ano de vida, prestando atenção aos
movimentos auto propelidos e Farroni em 2000, estudou o olhar fixo. Ainda segundo os
autores referidos, Woodward e colaboradores em 2001, estudaram os movimentos
básicos das mãos - como agarrar ou colocar, e descobriram que bebês de 9 meses
processam algumas ações (como agarrar) de maneiras que são relevantes para as
intenções, mas falham em processar outras ações (como apontar). Segundo Malle et al.
(2011), essa é uma das primeiras evidências, de que as habilidades que permitem a
deteção de conteúdo intencional, são construídas por meio da experiência de mundo dos
bebês. Malle (2003), sublinha que é durante o segundo ano de vida que os bebés analisam
os fluxos de comportamento em unidades que correspondem a ações intencionais
iniciadas ou concluídas. Os estudos de Meltzoff (1995), referem que os bebés parecem
capazes de inferir intenções ou objetivos de tentativas de ação incompletas. Porém, Malle
et. al, assinalam que os julgamentos iniciais da intencionalidade também sofrem de
limitações, porque as crianças consideram todos os que correspondem aos desejos das
pessoas, como intencionais. E concluem que a explicação mais plausível é de que isso
acontece porque elas ainda não fazem a distinção entre desejo e intenção.
Crianças muito pequenas parecem saber que as pessoas experimentam vários
estados mentais: desejos, perceções, emoções e também demonstram a compreensão de
pelo menos um conjunto de conexões em conversas cotidianas (Wellman, Phillips &
Rodriguez (2000). O que segundo os autores, é demonstrativo da existência de uma

32
consciência e expressão de várias conexões entre os desejos, perceções e emoções de
pessoas por parte das crianças pequenas. Crianças de 3 anos ou menos podem deduzir o
desejo e a intenção dentro de um conceito pró-atitude genérico ( Malle et al., 2011).
O julgamento de intencionalidade nos adultos, segundo o modelo de atribuição de
intencionalidade de Malle & Knobe (1997), baseia-se em um conceito muito sofisticado
em que são consideradas inicialmente, cinco condicionantes distintas nomeadamente: a
crença do agente, desejo, intenção, habilidade e consciência.
Em 2003, Knobe, reviu a “habilidade”, atribuindo a esse conceito, ao que chamou
de “papel muito mais complexo”. Uma vez que a habilidade interagiu com os julgamentos
de elogio e culpa nos estudos anteriores que fez no mesmo ano. Na altura, Knobe (2003b),
observou que as pessoas dissociam o agente do comportamento quando concluem que o
agente merece menos elogios ou censuras pela sua falta de habilidade. No entanto, Malle
e Giulglielmo (2011), avaliam que esses julgamentos geralmente são feitos com extrema
rapidez e que são conceitos difíceis de analisar porque envolvem uma complexidade de
perceções avaliativas dos estados mentais dos outros e também respostas afetivas de
elogio, culpa, orgulho, vergonha, ressentimento e gratidão.

1.9.2. Um modelo para a atribuição de intencionalidade


Apresentaremos a seguir, de forma sucinta, o modelo de atribuição de
intencionalidade de Malle e Knobe (1997), segundo as suas premissas:
a) o comportamento intencional é explicado por razões - as crenças e desejos à
luz dos quais o agente formou a intenção de agir;
b) intenção nesse modelo é diferente de intencionalidade: a intencionalidade, é
uma qualidade das ações (aquelas que são intencionais ou feitas propositadamente),
enquanto a intenção é o estado mental de um agente que representa tais ações. Esse tipo
de estado mental frequentemente precede a sua ação correspondente ou mesmo pode
ocorrer sem ela. Pode-se, portanto, atribuir intenção a um agente sem fazer um
julgamento de intencionalidade;
c) as condições de atribuição para a intenção, incluem minimamente a presença
do desejo, crença e alguma forma de compromisso. Isso não significa, que os
observadores sempre computam cada um dos componentes antes de atribuir o complexo
resultante que é o estado de intencionalidade (Malle, Moses & Baldwin, 2001).
De acordo com o modelo de Malle e Knobe: “a atribuição de uma intenção em A
requer, no mínimo, que se conceda ao agente um desejo por algum resultado O, e uma

33
crença de que A provavelmente levará a O”. Nesse sentido, concluem os autores que,
realizar uma ação intencional, requer que se tenha pelo menos uma perceção consciente
mínima do que se está a fazer. Tal perceção é mais sutil e específica do que a mera vigília
consciente. Seria como um estado auto- reflexivo no qual o agente realiza o ato seguindo
conscientemente a intenção desse ato (Brand, 1984; Searle,1983, cit. por Malle, Moses &
Baldwin, 2001).

FIG. 2. A model of the folk concept of intentionality Malle & Knobe, (1997).

Malle (2003), considera que o conceito de intencionalidade é transculturalmente


estável. No seu estudo sobre a simulação - ato social intencional de simular ou exagerar
a doença, identifica as quatro condições: intenção, crenças e desejos e consciência do
que estão a fazer, os agentes que simulam uma ação: a) os agentes fingidos agem de
acordo com o seu conceito popular de intencionalidade - ou seja, eles geram uma ação
que é intencional em suas mentes; b) os agentes fingidos escondem os verdadeiros
motivos das suas ações à luz do que eles consideram as perceções das outras pessoas
sobre a intencionalidade, ou seja, eles tentam se comportar de maneiras que não pareçam
intencionais para os outros. E terceiro, c) os observadores sociais do comportamento
fingido, como médicos, agentes de seguros, membros do júri ou juízes, não podem deixar
de usar seu conceito popular de intencionalidade para distinguir a simulação, da doença
genuína.
Malle et al. (2001), considera que as teorias e os programas de investigação sobre
o papel da intenção e da intencionalidade na cognição social são publicados por muitos
estudiosos, tradições e disciplinas. Sublinhando que, os esforços individuais, embora
unidos pelo objetivo de elucidar o entendimento interpessoal, muitas vezes
permaneceram isolados uns dos outros.

34
1.10. Atribuição de culpa

Uma das variáveis do presente estudo é a atribuição de culpa pelo resultado


negativo. Consideramos relevante abordar mesmo que brevemente, os principais
desenvolvimentos teóricos nos modelos escolhidos para o presente estudo, sobre o tema
da atribuição de culpa, que enfatizam a relação entre os estados mentais e as atribuições
de culpa e intencionalidade como indicativos de disposições internas. Malle, Giuglielmo
& Monroe (2014), propõem que embora a avaliação dos estados mentais do agente seja
uma importante fonte de informação para atribuir culpa (por ser indicativa de estados
motivacionais), essa avaliação é realizada para confirmar uma hipótese de culpa já
estabelecida.
Teorias explicativas e modelos, em três diferentes abordagens serão apresentadas
a seguir.
Malle e Guglielmo (2011), consideram que a maioria das pesquisas empíricas
sobre julgamento moral e intencionalidade se concentrou em julgamentos de culpa ou
responsabilidade. Para Shaver (1970), a culpa se refere à condenação moral que decorre
de ser responsável por um ato moral condenável: “A atribuição de culpa é uma espécie
de explicação social. É o resultado de um processo que começa com um evento tendo
consequências negativas, inclui um julgamento de causalidade, responsabilidade pessoal
e possível mitigação” (p. 4). A culpa é avaliada após a responsabilidade do ator por
situações negativas terem sido estabelecidas, e são julgadas como insatisfatórias as
justificativas e desculpas que o agente apresenta por ter realizado o ato (Shaver & Drown,
1986). A partir deste conceito de culpa, estaria sempre implícito um julgamento de
responsabilidade preliminar, mas a responsabilidade só levaria à culpa quando
estabelecesse responsabilidade por ações com consequências negativas.
Malle, Guglielmo & Monroe (2014), no seu modelo de caminhos de culpa
assumem a importância dos estados mentais em sua teoria, uma vez que consideram que
a questão sobre a determinação da culpa deve ser relativa aos motivos do agente daí, eles
definem a culpa como “um julgamento moral, um sistema de conceitos e processos que
levam um percecionador social a inferir estados mentais de comportamento. Embora, no
modelo de caminhos de culpa, seja notada a importância de conceitos como a natureza
negativa dos resultados de uma ação ou os julgamentos de causalidade no estudo dos
julgamentos morais, nota-se que estes tipos de julgamentos são direcionados às ações e
não aos agentes que as praticam, não contabilizando, portanto, um julgamento de culpa

35
que deve ser entendido como a condenação moral de um agente por suas ações (Malle,
2003).
O modelo de caminhos de culpa assume a deteção de um evento negativo como
condição necessária para iniciar o processo. Em seguida, o agente causal no ato deve ser
estabelecido, se as ações que levaram ao evento negativo foram executadas
intencionalmente pelo agente. Nesse ponto, o modelo propõe dois caminhos possíveis que
o processo pode percorrer: se for constatado que o ato foi praticado de forma intencional,
deve-se apurar as razões do agente para ter agido e se, por outro lado, está concluído que
as ações não foram intencionais, mas acidentais, avalia-se se o agente tinha a obrigação
(devido ao seu papel social) de ter evitado o evento e se tinha capacidade (física e mental)
para fazê-lo (Malle, Guglielmo & Monroe, 2014).
O modelo de caminhos de culpa então propõe que julgamentos de culpa não são
verificados, se no processo de avaliação não for considerado que houve intencionalidade.
No entanto, nem todos os autores concordam com o papel específico que a
intencionalidade assume no processo atributivo. Knobe (2003b), como vimos
anteriormente, descobriu que o conceito de intencionalidade em julgamentos morais
depende da sua interação com a natureza negativa ou positiva das consequências. Assim,
em seus estudos, ele descobriu que quando as pessoas julgam a intencionalidade de uma
ação, tendem a omitir informações relevantes sobre a capacidade dos agentes de executar
as ações e tendem a considerar que a ação foi intencional devido às consequências
negativas, independentemente de o agente ter ou não capacidade de executar o ato. Porém,
se o resultado for positivo e houver falta de habilidade, as pessoas consideram que a ação
não é intencional e o resultado foi obtido por acaso. As pessoas tendem a dar
consideravelmente menos crédito por uma conquista, se essa conquista for atribuída
principalmente à sorte (Knobe, 2003b, p. 18). Quando as consequências são negativas,
Knobe descobre que mesmo em situações em que as ações de um agente são claramente
não intencionais, as pessoas tendem, em grande medida, a atribuir culpa (Knobe, 2003a).
Isso mostra que as pessoas diferenciam claramente os dois conceitos de culpa e
intencionalidade, onde, para Knobe (2003b), a culpa é um resultado que pode ser obtido
mesmo que seja identificado que o agente não agiu intencionalmente, ou seja: a
intencionalidade de uma ação não é condição necessária para que um julgamento de culpa
seja atribuído (como quando é atribuído culpa às consequências negativas das ações de
um motorista bêbado, mas a sua conduta não é julgada intencional ( Knobe, 2003b).

36
Embora o modelo de caminhos de culpa Malle, Guglielmo & Monroe (2014), aponte que
isso faz sentido em alguns casos (lembre-se do caso da “obrigação” devido ao papel do
agente), a diferença entre as duas teorias é que para Knobe (2003a), há primeiro um
julgamento de culpa (ou uma avaliação moral de algum tipo) para então determinar a
intencionalidade e, de facto, quando a culpa já foi estabelecida, é mais provável que
ocorra um julgamento de intencionalidade. Enquanto Malle et al. (2014), afirmam que
primeiro é feito um julgamento de intencionalidade para posteriormente determinar a
culpa, e o julgamento da culpa requer essa atribuição prévia de intencionalidade.
Knobe (2003b), explica a diferença entre essas teorias a partir da valência das
consequências. Se uma ação tem consequências negativas, as pessoas tendem a considerar
que as consequências foram geradas intencionalmente (mesmo quando os participantes
são claramente informados de que o agente não tinha intenção). No entanto, se as
consequências forem positivas, os participantes não consideram a ação intencional. A
mesma diferença aparece para ações com consequências positivas quando são solicitadas
avaliações de mérito e não de culpa. Para Knobe (2003b), no processo pelo qual as
pessoas determinam quanto elogio ou culpa o protagonista merece, as pessoas podem
dissociar o agente da sua ação - a dissociação é um estado psicológico cuja existência
pode ser inferida a partir de uma diferença entre dois julgamentos. Quanto mais o agente
estiver dissociado da sua ação, mais relutantes serão as pessoas em considerar a sua ação
como intencional. Neste caso, uma ação realizada sem habilidade, mas com
consequências positivas pode ser vista como intencional e digna de crédito (moralmente
boa). Para testar a hipótese da dissociação, Knobe (2003b), realizou a seguinte
experiência:
Klaus foi um soldado do exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Seu
regimento foi enviado em uma missão que ele acredita ser profundamente imoral. Ele
sabe que muitas pessoas inocentes morrerão a menos que ele consiga interromper a
missão antes que ela seja concluída. Um dia, lhe ocorreu, que a melhor maneira de sabotar
a missão seria atirar no dispositivo de comunicação de seu próprio regimento. Ele sabe
que, se for pego atirando no dispositivo, pode ser preso, torturado ou até morto. Ele
poderia tentar fingir que estava simplesmente cometendo um erro - que ficou confuso e
pensou que o dispositivo pertencia ao inimigo, mas tem quase certeza de que ninguém
acreditará nele. Com esse pensamento em mente, ele levanta o rifle, aponta o dispositivo
e aperta o gatilho. Mas Klaus não é muito bom no uso do seu rifle. Sua mão desliza no

37
cano da arma e o tiro sai selvagemente. . . No entanto, a bala atinge diretamente o
dispositivo de comunicação. A missão é frustrada e muitas vidas inocentes são salvas.
Aqui, a maioria das pessoas diz que Klaus atingiu o dispositivo de comunicação
intencionalmente. Na verdade, as diferenças entre essas vinhetas foram demonstradas
experimentalmente - com 23% dos sujeitos dizendo que o agente atingiu
intencionalmente o alvo na vinheta de realização, 91% na vinheta imoral e 92% na vinheta
moralmente boa os sujeitos marcaram a quantidade de elogios em uma escala de 0 a 6.
No geral, os sujeitos deram muitos elogios ao agente na versão sem habilidade (M = 4,46)
e apenas um pouco mais na versão com habilidade (M = 5,01 ), deixando um nível
bastante baixo de dissociação (M = 0,56). Em outras palavras: o que temos aqui segundo
Knobe (2003b), é um comportamento sem habilidade, de modo que as pessoas não
culpam o agente, mas o grau de dissociação é bastante baixo. Assim, a hipótese de
dissociação e a hipótese de culpa geram previsões concorrentes. A hipótese de dissociação
prevê que as pessoas irão considerar o comportamento como intencional; a hipótese da
culpa prevê que as pessoas considerarão o comportamento como não intencional. Na
verdade, a maioria dos sujeitos (92%) disse que o comportamento foi intencional. Esse
resultado cria sérios problemas para a hipótese de culpa. Como é possível que os
julgamentos dessas pessoas tenham sido influenciados pela culpa, visto que consideraram
especificamente o comportamento como digno de elogio? (Knobe, 2003b ).

1.11. Os pensamentos contrafactuais e o julgamento de intencionalidade


A psicologia cognitiva, têm estudado o papel que os julgamentos de
intencionalidade desempenham na cognição humana. De acordo com estudos recentes
sobre o pensamento contrafactual, e a intencionalidade para os efeitos prejudiciais e
efeitos não prejudiciais, o motivo pelo qual as pessoas julgam os efeitos prejudiciais como
intencionais e os efeitos não prejudiciais como não intencionais é que o protagonista
diante de um dilema (prejudicial), é percebido como tendo uma escolha quando
confrontado com um efeito prejudicial, mas não quando confrontado com um efeito não
prejudicial. Esse efeito se dá, porque os participantes não tendem a pensar em uma
alternativa para o efeito não prejudicial e, portanto, ao perceberem que o protagonista
tinha pouca escolha, julgam que o efeito não prejudicial não foi intencional.
A explicação é de que um efeito colateral não prejudicial não apresenta um dilema,
porque o objetivo e o efeito são positivos e nesse caso, o protagonista não precisa fazer
uma escolha entre eles (Ndubuisi & Byrne, 2013).

38
Walsh & Byrne, em 2004, concluíram que a relação entre contrafactuais e
emoções ou julgamentos morais nem sempre é direta. Estudos recentes também indicam
que os julgamentos de não intencionalidade dos efeitos, quando surgem da inação e não
da ação, são feitos de maneira diferente. Isso se dá, porque uma inação pode parecer não
resultar de uma escolha deliberada do protagonista como é no caso de uma ação. A “ação”
aqui referida, será no sentido de implicar a condução do agir sob a influência de estados
intencionais (Quelhas & Juhos 2013).
Os estudos de Ndubuisi e Byrne (2013), evidenciam que as avaliações morais de
bondade e maldade, ou julgamentos de culpabilidade, não parecem ser a razão pela qual
as pessoas tendem a julgar os efeitos colaterais prejudiciais como intencionais e os efeitos
não prejudiciais como não intencionais (Ndubuisi & Byrne, 2013).
Para uma melhor compreensão de como os julgamentos da intencionalidade se
relacionam com os pensamentos contrafactuais, utilizaremos a explicação da
disponibilidade de escolha, que propõe que numa ação, com um efeito negativo, diferente
de uma ação, com um efeito positivo, as pessoas identificam um dilema com uma
possibilidade de escolha do protagonista da história e, para fazer a escolha, as pessoas são
obrigadas a imaginar alternativas contrafactuais (Ndubuisi & Byrne, 2013).
Os estudos aqui referidos, evidenciaram a presença de pensamentos contrafactuais
nos participantes, quando foram levados a criar "se ao menos", após fazerem os seus
julgamentos de intencionalidade, ao serem inquiridos sobre como as coisas poderiam ter
acontecido de forma diferente. Verificou-se que eles julgaram que o presidente pretendia
prejudicar o meio ambiente ainda mais do que quando não imaginaram uma alternativa
(Ndubuisi & Byrne 2013).

1.12. Objetivos e hipóteses


O tema escolhido para os cenários desta investigação, foi a exploração do lítio -
um tema nacional e de cariz ecológico, atual e polémico, devido ao grande impacto que
a exploração desse metal provoca no meio ambiente. Trata-se de cenários onde se
apresenta um dilema, à semelhança do estudo de Ndubuisi & Byrne (2013), inspirado nos
estudos de Knobe (2003a). A novidade que a nossa investigação acrescenta, face a estudos
em que são apresentados dilemas deste tipo aos sujeitos, reside no colocar os participantes
em diferentes perspetivas: Turista, Residente e Neutro, a partir das quais deveriam julgar
o nível de intencionalidade das decisões do Presidente de uma comunidade, em cenários
com resultados negativos e com resultados positivos. Para além disso, os participantes

39
também atribuíram um grau de culpa e de elogio, relativamente ao Presidente, e por fim
foi-lhes pedido que fizessem um pensamento contrafactual sobre como as coisas
poderiam ter sido, com um desfecho diferente.
Iremos agora recordar alguns dos principais conceitos e resultados em estudos já
referidos na revisão da literatura, e que são a base para a construção das nossas hipóteses.
Quando falamos de intencionalidade, então, devemos falar de ações que foram realizadas
intencionalmente (Malle & Knobe,1997). Nos estudos de Knobe (2003b), ele conclui que
as pessoas parecem consideravelmente mais dispostas a dizerem que um efeito foi
causado intencionalmente, quando consideram que o efeito foi negativo, do que quando
consideram que o efeito foi positivo. No seu estudo, os participantes julgaram que o
dirigente de uma empresa prejudicou intencionalmente o meio ambiente, quando foram
informados de que o programa que a empresa implementaria ajudaria a aumentar os
lucros, mas prejudicaria o meio ambiente. No entanto, quando foram informados de que
o programa ajudaria não só a aumentar os lucros, mas também ajudaria o meio ambiente,
as pessoas consideraram que o presidente não ajudou intencionalmente o meio ambiente.
Nos estudos de Ndubuisi e Byrne (2013), os autores procuraram compreender por
qual motivo é que as pessoas julgam que outros causam efeitos negativos (prejudiciais)
intencionalmente e efeitos positivos (de ajuda) não intencionalmente. Ao fim das
experiências que realizaram, Ndubuisi e Byrne, chegaram à conclusão de que, as
avaliações morais de bondade e maldade, ou julgamentos de culpabilidade, não parecem
ser a razão pela qual as pessoas tendem a julgar os efeitos negativos (prejudiciais) como
intencionais e os efeitos positivos (não prejudiciais) como não intencionais. Com isto,
Ndubuisi e Byrne (2013), propuseram a teoria da explicação da disponibilidade de
escolha. Essa teoria consiste na possibilidade de que, numa ação que produz um efeito
negativo, diferente de uma ação que produz um efeito positivo, as pessoas identificam um
dilema. Nesse dilema, o protagonista da história tem uma possibilidade de escolha. E por
avaliarem que existe essa possibilidade de escolha, as pessoas tendem a julgar que a ação
que resultou num efeito prejudicial foi intencional. Por sua vez, a ação que resultou num
efeito positivo, não será julgada como intencional porque não apresenta um dilema.
Para o nosso estudo, replicamos os cenários de Knobe (2003a) e Ndubuisi &
Byrne (2013), apresentando duas histórias com foco na decisão do Presidente de uma
comunidade.
A primeira história será de 'ajuda', em que o principal objetivo, tem um elevado
estatuto moral (a criação de 370 postos de trabalho) e um resultado positivo: ajudar o

40
meio ambiente. Na segunda história, o principal objetivo também tem um elevado estatuto
moral (a criação de 370 postos de trabalho), mas o resultado é negativo porque prejudica
o meio ambiente. Portanto, temos aqui um dilema que segundo, Ndubuisi & Byrne (2013),
“é representado pelo efeito prejudicial. A meta é positiva, enquanto o efeito é negativo.
E em um dilema, o protagonista faz escolhas entre as prioridades” (p.3). Ndubuisi e
Byrne propõem então, que o foco do julgamento da intencionalidade pela decisão tomada
se dá no efeito negativo, devido à “possibilidade de escolha” do protagonista da história.
Os autores constataram que mesmo quando o objetivo principal do protagonista foi
elevado para ser moralmente atraente (salvar pessoas da fome), os participantes tendiam
a julgar que ele causou o efeito negativo (prejudicar o meio ambiente), de forma mais
intencional do que o efeito positivo (ajudar o meio ambiente).
Os estudos sobre como as pessoas julgam a intencionalidade de uma ação afirmam
que, as intuições de uma pessoa quanto a se um determinado resultado foi ou não
produzido "intencionalmente", podem ser influenciadas pelas atitudes do julgador em
relação ao resultado específico em questão. Em particular, fará uma grande diferença se
eles pensam que “x” é algo bom ou ruim (e,g., Knobe, 2003b). Nessa perspetiva, o
julgamento que as pessoas farão, dependerá da apreciação subjetiva que elas fazem dos
resultados observados, ou seja, - situação positiva e situação negativa (Malle, 2003). Com
base nessa afirmação, no intuito de conhecer em diferentes perspetivas a forma como as
pessoas julgam a intencionalidade das decisões tomadas pelo presidente de uma
comunidade, foi que propusemos uma avaliação a partir de diferentes perspetivas:
Turista, Residente e Neutro. As decisões tomadas pelo líder comunitário, constam de uma
ação de ajuda com resultado positivo e de uma ação de prejuízo com resultado negativo.
A intenção de agir do presidente, deverá ter certas crenças sobre a ligação entre a sua ação
e o resultado desejado. Se essas crenças de ação-resultado forem alteradas, o
comportamento do agente, na medida em que for intencional, provavelmente será alterado
também (Malle, 2003).
Pretendemos investigar, se os consequentes julgamentos de intencionalidade, são
significativamente diferentes mediante a perspectiva do sujeito (Turista, Residente e
Neutro), e perceber se a valência do resultado modula esses julgamentos, e quais são as
diferenças relacionadas com a ação positiva empreendida pelo Presidente (ajudar o meio
ambiente) e também com a ação negativa (prejudicar o meio ambiente). Para responder
às questões de investigação deste estudo, formulamos duas hipóteses gerais e quatro
hipóteses específicas, sobre como as pessoas julgam a intencionalidade dos resultados

41
positivos e negativos de uma decisão tomada pelo Presidente da comunidade de Vale
Formoso, e de acordo com a perspectiva em que se colocam Turista, Residente e Neutro,
bem como sobre a atribuição de culpa e elogio ao Presidente.

1.12.1. Hipótese geral e especificas


H:1 - Espera-se que os participantes, independentemente da sua perspectiva,
julguem para a situação de prejuízo, (resultado negativo), que o Presidente prejudicou
intencionalmente o ambiente, mais do que ajudou intencionalmente o ambiente, para a
situação de ajuda, (resultado positivo).
H:2 - Espera-se que os participantes, independentemente da sua perspectiva,
atribuam valores mais elevados de culpa para o resultado negativo do que de elogios para
o resultado positivo.

Situação de ajuda ao ambiente


H:3 Relativamente à intencionalidade (na situação de ajuda ao ambiente), espera-
se que o grupo Turista apresente um resultado inferior aos grupos Residente e Neutro
Porque pensamos que o turista, terá as suas expectativas frustradas, uma vez que aprecia
a paisagem local natural de vale Formoso e mesmo que ela seja reconstruída, para ele
não será a mesma de antes das obras e portanto vai ter dificuldade em considerar que a
ajuda do Presidente na reconstrução, foi uma ajuda intencional, porque vai lembrar que a
paisagem original foi destruída mesmo que depois tenha sido reconstruída.
H:4 - Relativamente à atribuição de elogio (na situação de ajuda ao ambiente),
espera-se que o grupo Turista apresente um resultado inferior ao grupo Residente e
Neutro, porque pensamos que o Turista, vai sentir-se prejudicado e não vai elogiar as
medidas, mesmo que o transtorno seja temporário, pelos mesmos motivos elencados
anteriormente.
Situação de prejuízo do ambiente
H:5 - Relativamente à intencionalidade (na situação de prejuízo do ambiente)
espera-se que o grupo Residente, apresente um resultado superior aos grupos Turista e
Neutro, e julgue mais que os outros, que o Presidente prejudicou intencionalmente o
ambiente, porque pensamos que esse grupo, apesar do interesse na criação dos postos de
trabalho, será o grupo mais diretamente afetado pelas obras e pelos efeitos deletérios
resultantes das mesmas, e também pelos prejuízo que a comunidade terá com a perda das
atividades turísticas.

42
H.6 - Relativamente à atribuição de culpa (na situação de prejuízo do ambiente),
espera-se que o grupo Residente apresente um resultado superior aos grupos Turista e
Neutro. Se na hipótese anterior espera-se que o Residente atribua maior intencionalidade,
é esperado que também atribua mais culpa pelos mesmos motivos já referidos. Com a não
recuperação da paisagem local, o grupo Residente, será o grupo mais diretamente afetado
pelas obras e pelos efeitos deletérios resultantes das mesmas, e também pelo prejuízo que
a comunidade terá com a perda das atividades turísticas.

1.12.2 – Análise dos pensamentos contrafactuais produzidos


Pretende-se, analisar nesse estudo, os pensamentos contrafactuais produzidos
pelos indivíduos relativamente à sua estrutura ( aditiva, subtrativa e substitutiva), e à sua
direção (ascendente, descendente e indefinida), com o objetivo de perceber se os sujeitos
nas diferentes perspetivas, focam aspetos diferentes nos seus pensamentos contrafactuais
a partir das avaliações das duas decisões tomadas pelo Presidente da comunidade, em que
uma decisão é uma situação de ajuda ao ambiente e a outra decisão é uma situação de
prejuízo do ambiente.

II. MÉTODO

Todos os dados pertinentes aos métodos que se seguem, que não estejam
incluídos no presente segmento, estarão disponíveis nos anexos, conforme indicação entre
parêntesis, que remeterá para o respetivo anexo.

2.1. Participantes
Colaboraram nesta experiência, devidamente informados e de forma voluntária,
90 adultos, com idades compreendidas entre os 17 e 73 anos, ( 𝑥̅ = 42; S`= .15), dos quais
56, 7% (51), eram do género feminino e 43,3% (39), do género masculino. Relativamente
às suas habilitações literárias, 6,7% dos participantes tinham ensino obrigatório, 21,1%
tinham ensino secundário ou equivalente, 48,9% tinham licenciatura, 17,8% tinham
mestrado e 5,6% tinham doutoramento, (cf. Anexos, Tabela H.1.2).

2.2. Delineamento
O presente estudo, tem um desenho fatorial 3 X 2: 3 perspetivas (turista, residente
e neutro) X 2 situações (positiva e negativa). A variável perspectiva é entre-participantes

43
e a variável “Situação” é intra-participantes. Foram definidas as seguintes variáveis
dependentes: o “Julgamento de Intencionalidade”, “atribuição de culpa”; atribuição de
elogio”. As tarefas dos participantes consistiam na leitura de dois cenários (1 positivo e 1
negativo); atribuição de culpa no caso do cenário negativo, e elogio no caso do cenário
positivo; julgamento de intencionalidade para o resultado negativo e para o resultado
positivo e adicionalmente fazer um pensamento contrafactual para o resultado negativo e
outro para o resultado positivo.

2.3. Material e procedimento


Com o objetivo de analisar as variáveis do presente estudo, foram apresentados
aos participantes dois cenários hipotéticos. Um cenário de “ajuda” e outro de “prejuízo”,
nas perspetivas de Turista, Residente e Neutro. Os participantes que foram distribuídos
aleatoriamente nos respetivos grupos, receberam e leram duas versões das histórias de
forma contrabalançada na sua ordem de apresentação. Metade de cada grupo, recebeu
primeiro a história com resultado positivo e em seguida recebeu a história com resultado
negativo. As duas histórias apresentadas aos três grupos, eram curtas e antecedidas da
orientação para lerem cuidadosamente, e em seguida, responderem às perguntas na ordem
em que foram dadas, sem mudarem nenhuma das respostas e a completarem todas as
perguntas de uma história antes de passarem para a próxima.

História com resultado positivo:


O Presidente da comunidade de Vale formoso, comunicou que decidiu assinar um
contrato de concessão para a exploração de lítio, cujo objetivo é criar "cerca de 370 postos
de trabalho, com mão de obra local, até 2021”.
Disse ter conhecimento do estudo sobre o impacto ambiental na região, e
considerou que: "a maioria dos impactos sobre a paisagem, decorrentes das fases de
preparação e exploração, seriam negativos e contribuiriam para a degradação do terreno,
e no impacto visual”, (inviabilizando as atividades turísticas).
No entanto, o Presidente acrescentou: “Eu não tenho nenhum desejo de prejudicar
o ambiente e é possível minimizar a destruição das áreas florestais com a adoção de
medidas de recuperação ambiental e paisagística”.
Avançou-se então para a exploração do lítio em Vale Formoso, e com as medidas
de recuperação adotadas, o ambiente foi ajudado.

44
História com resultado negativo:
O Presidente da comunidade de Vale formoso, comunicou que decidiu assinar um
contrato de concessão para a exploração de lítio, cujo objetivo é criar "cerca de 370 postos
de trabalho" com mão de obra local, até 2021.”
Disse ter conhecimento do estudo sobre o impacto ambiental na região, e
considerou que "a maioria dos impactos sobre a paisagem, decorrentes das fases de
preparação e exploração, seriam negativos e contribuiriam para a degradação do terreno,
e no impacto visual”. (inviabilizando as atividades turísticas).
No entanto, o Presidente acrescentou: “Eu não tenho nenhum desejo de afetar o
ambiente, mas não será possível minimizar a destruição das áreas florestais com a adoção
de medidas de recuperação ambiental e paisagística, porque não há dinheiro”.
Avançou-se então para a exploração do lítio em Vale Formoso, e com a ausência
de medidas de recuperação, o ambiente foi prejudicado.
Neste estudo, foram utilizados dois itens adicionais propostos por Knobe (2003),
cujo objetivo foi dar aos sujeitos uma oportunidade independente para expressar a sua
desaprovação moral da ação do sujeito, e que consistem numa tarefa de atribuição de
elogio e numa tarefa de atribuição de culpa, seguida da pergunta sobre a intencionalidade
da ação do sujeito.
Os participantes, receberam a história com efeito positivo seguida da pergunta:
“Nessa história, determine quanto elogio o presidente merece pelo que fez”. Os sujeitos
indicaram a quantidade ajuizada de elogio numa escala de 7 pontos, ancorando o 0 em
[nenhum elogio] e o 6 em [muitos elogios]. De seguida, foi apresentada a segunda
pergunta, sobre a intencionalidade pela ajuda:” responda o quanto acha que o presidente
ajudou intencionalmente o meio ambiente”, os sujeitos responderam marcando numa
escala de 7 pontos, ancorando o 0 em [Não intencional] e o 6 em [Intencional].
A história de 'prejuízo', foi seguida pela pergunta: “nessa história determine
quanta culpa o presidente tem pelo que fez”. Os sujeitos indicaram a quantidade ajuizada
de culpa numa escala de 7 pontos, ancorando o 0 em [nenhuma culpa] e o 6 em [muita
culpa]. De seguida, foi apresentada a pergunta sobre a intencionalidade do prejuízo:
“responda o quanto acha que o presidente prejudicou intencionalmente o meio
ambiente”, os sujeitos responderam à questão marcando numa escala de 7 pontos,
ancorando o 0 em [Não intencional] e o 6 em [Intencional].
A recolha dos dados, seguiu todas as diretrizes éticas para estudos com pessoas.
Todos os participantes assinalaram que concordavam com o termo de consentimento livre

45
e esclarecido. (cf. Anexo B). Foi aplicado aos participantes pelo google forms, uma ficha
sociodemográfica composta de questões relacionadas ao género, idade, profissão e
qualificações literárias (indicação do grau de escolaridade).
Os cenários e as perguntas foram postados no Google forms, (cf. Anexos: A, B,
C, D e E), que aparecem no ecrã numa sequência de 5 páginas. A primeira página era de
agradecimento pela participação, seguida do consentimento informado, para marcar, e de
uma terceira página, para preencher com os dados demográficos - idade e profissão, e
habilitações literárias para marcar. Na quarta página, foi apresentada a primeira história,
que podia ser positiva ou negativa, consoante o grupo de participantes. Dado que o
Google forms não permite a “aleatorização” da apresentação dos cenários, foram criados
dois links diferentes para contrabalançar a ordem de apresentação dos dois cenários. Na
mesma página foram apresentadas três tarefas já referidas, que o participante teria de
concluir obrigatoriamente para poder aceder à próxima página (quinta página).
Com vistas a favorecer a produção dos pensamentos contrafactuais, após a leitura
das histórias, os participantes foram instruídos a completarem com os pensamentos que
lhes viessem à cabeça, as frases iniciadas com “Se…, então...” após terem lido a seguinte
instrução: Perante situações deste género, as pessoas muitas vezes imaginam que: “Se
algo tivesse acontecido de maneira diferente, então o resultado também teria sido
diferente”. Que pensamentos desse tipo lhe ocorrem sobre a história que acabou de ler?
No espaço em baixo escreva por favor um pensamento desse tipo que lhe ocorra a
propósito da situação que leu, seguindo o modelo “Se…então” …, ou seja, Se algo
tivesse sido diferente, então o resultado teria sido…
O racional para a construção das histórias foi o seguinte:
O primeiro parágrafo consta do objetivo principal do Presidente que é “criar cerca
de 370 postos de trabalho”, ao assinar o contrato de concessão para a exploração do lítio
em Vale Formoso. No segundo parágrafo, o presidente fala das consequências para o
ambiente. No terceiro parágrafo, o Presidente adota medidas de recuperação ambiental
para minimizar os danos (ou não adota), e no quarto parágrafo é dito que o efeito para o
meio ambiente foi positivo (ou negativo).
Na quarta página, foi apresentada antes de cada história, uma orientação
específica, para cada grupo - Turista, Residente e Neutro – visando facilitar a
identificação do participante com o grupo (perspectiva), do qual faria parte.
Orientação do grupo Turista: “Imagine agora que é um Turista, e que frequenta
com a sua família, a cada dois anos, um lugar chamado Vale Formoso. É para si um

46
lugar de sonho, onde sente estar em harmonia com a natureza para além de adorar
fotografar as belezas naturais daquele lugar. Hoje, quando está a planear a próxima
viagem, lê esta história num noticiário:”
Orientação do grupo Residente: “Imagine agora que é residente de um lugar
chamado Vale Formoso. É para si um lugar bom de morar, tanto pelas suas belezas
naturais, como pela sua riqueza mineral, que se for explorada, dará empregos aos
moradores da região. Agora, quando está a jantar com a família, vê no noticiário o
seguinte relato:”
Orientação do grupo Neutro: “De seguida, irá ler uma história sobre um lugar
chamado Vale Formoso, conhecido tanto pelas suas belezas naturais, como pela riqueza
mineral, que se for explorada, dará empregos aos moradores da região.”
Seguindo a instrução de Ndubuisi e Byrne (2013), utilizamos nas duas versões a
frase: ‘I have no desire to affect the environment’ (Eu não tenho nenhum desejo de afetar
o ambiente) em substituição à frase utilizada por Knobe (2003b), ‘I don’t care at all about
harming the environment” (não me importo em prejudicar o ambiente), para evitar
qualquer inferência de que o protagonista foi maliciosamente negligente, (e.g., Guglielmo
& Malle 2010a; Ndubuisi & Byrne (2013).
No caso da história negativa as duas questões iniciais são: 1ª. Uma tarefa de
atribuição de culpa: “Nessa história, determine quanta culpa o presidente tem pelo que
fez”. 2ª. Uma tarefa de julgamento de Intencionalidade: “Determine o quanto acha que
presidente prejudicou intencionalmente o meio ambiente. Sendo a terceira questão, a
produção de pensamentos contrafactuais – colocada em termos idênticos ao cenário
positivo.

III. RESULTADOS

3.1. Rotulagem das variáveis

Devido a necessidade de transformação dos dados de sequências de dígitos em


dados numéricos, utilizou-se durante a análise dos dados, uma mudança na rotulagem da
variável “elogio”, “culpa”, “ajudou intencionalmente”, “prejudicou intencionalmente”,
para as respetivas respostas em que o 0 (zero), que corresponde a

47
“ nenhum elogio”, “nenhuma culpa”, “não intencional”, foi substituído pelo número 1.
O número 6 que corresponde a “muitos elogios”, “muita culpa”, “ intencional”, foi
substituído pelo número 7. Ficando, portanto, com a seguinte rotulagem: 0→1, 1→2,
2→3, 3→4,4→5, 5→6, 6→7 com o número 1 correspondendo às alternativas” nenhum
elogio” “nenhuma culpa” e “não intencional” e o número 7 correspondendo às
alternativas “muitos elogios”, “muita culpa” e “intencional”.
A análise estatística dos dados obtidos, foi feita com recurso à versão 2.1 do IBM
SPSS Statistics. Para esta análise, foram utilizadas metodologias paramétricas por serem
mais robustas, isto é, de modo a minimizar a ocorrência de erros do tipo II, (Marôco,
2021). Assim, para averiguar se existem diferenças estatisticamente significativas entre
as perspetivas (Turista, Residente e Neutro) em cada uma das situações, recorremos à
ANOVA one-way, já que os grupos são independentes e a variável dependente é tratada
como sendo quantitativa (apesar de, na sua génese ser do tipo ordinal). Foi assumido, para
todos os testes realizados, um valor de significância () de 0,05.
Todos os dados pertinentes aos resultados que se seguem, que não estejam
incluídos no presente segmento, estarão disponíveis nos anexos, conforme indicação entre
parêntesis, que remeterá para o respetivo anexo.

3.2. Hipótese geral e especificas

H:1 - Espera-se que os participantes, independentemente da sua perspectiva,


julguem para a situação de prejuízo, (resultado negativo), que o Presidente prejudicou
intencionalmente o ambiente, mais do que ajudou intencionalmente o ambiente, para a
situação de ajuda, (resultado positivo).
H:2 - Espera-se que os participantes, independentemente da sua perspectiva,
atribuam valores mais elevados de culpa para o resultado negativo do que de elogios para
o resultado positivo.

48
Tabela 1: Média e DP, para o elogio, culpa e julgamento de intencionalidade
nas três perspetivas dos sujeitos.
Perspetiva do sujeito

Variáveis Turista Residente Neutro

Atribuição de elogio na Média 3.2 3.5 4.6


situação de ajuda DP 2.0 2.0 2.2
Julgamento de Média 3.0 3,5 4.3
intencionalidade DP 2.0 1.9 2.2
situação de ajuda
Atribuição de culpa na Média 5.5 5.5 6.4
situação de prejuízo DP 1.8 1.9 1.0
Julgamento de Média 5,0 5,9 5,9
intencionalidade DP 2.0 1.6 1.5
situação de prejuízo

Os resultados da ANOVA one-way para comparar das médias da intencionalidade


atribuída pelos três grupos em estudo do julgamento de intencionalidade na situação de
ajuda e na situação de prejuízo, mostram que não existem diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos em estudo.
Para a variável julgamento de intencionalidade na situação de ajuda, o teste de
comparação das médias dos três grupos, os resultados mostram que não existem
diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em estudo (F (2;87) =3,040;
p=0,053; ή2=0,065).
Para a variável julgamento de intencionalidade na situação de prejuízo, o teste
de comparação das médias, dos resultados mostram que não existem diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos em estudo, (F (2;87) =2,647; p=0,077;
ή2=0,057).
Para a variável elogio na situação de ajuda, a comparação das médias do elogio
atribuído pelos três grupos na situação de ajuda, os resultados mostram que existem
diferenças estatisticamente significativas entre, pelo menos, dois dos grupos em estudo
(F (2;87) =3,634; p=0,031; ή2=0,078). Os resultados do Teste de Tukey mostram
diferenças estatisticamente significativas na atribuição de elogios, (cf. anexos, tabelas
F.1.4 e F.1.6).
Para a variável culpa na situação de prejuízo, os resultados do Teste de Games
Howell mostram que existem diferenças estatisticamente significativas na atribuição de
culpa entre a perspetiva de Turista e a perspetiva Neutro (F (2;52,604) =4,827; p=0,012;
ή2=0,072), (cf. anexos, tabela F.2.6).

49
3.2.1. Situação de ajuda ao ambiente
H:3 Relativamente à intencionalidade (na situação de ajuda ao ambiente), espera-
se que o grupo Turista apresente um resultado inferior aos grupos Residente e Neutro.
H:4 - Relativamente à atribuição de elogio (na situação de ajuda ao ambiente),
espera-se que o grupo Turista apresente um resultado inferior ao grupo Residente e
Neutro.
Para a variável julgamento de intencionalidade na situação de ajuda, o teste de
comparação das médias dos três grupos, os resultados mostram que não existem
diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em estudo (F (2;87) =3,040;
p=0,053; ή2=0,065),(cf. Tabela 1). Também na análise descritiva, não existem diferenças
relevantes entre os grupos, relativamente aos valores mínimos e máximos. Os grupos
Turista, Residente e Neutro, obtiverem valores mínimos de julgamento de
intencionalidade = 1 (intencional) e máximos = 7(não intencional). Contudo, os valores
médios mostraram pequenas diferenças médias entre o grupo Neutro (𝑥̅ = 4.33) e Turista
(𝑥̅ =3.07), enquanto o grupo Residente, obteve valores médios, mais aproximados do
grupo Neutro ( 𝑥̅ =3.47). Os valores da mediana nos três grupos - Turista (Md=2.50),
Residente (Md = 4,0) e Neutro (Md= (5.0), denunciam que, o grau de intencionalidade
atribuído pelo grupo da perspetiva Neutro, parece ser superior à dos restantes grupos, com
grupo Turista apresentado uma média inferior aos grupos Residente e Neutro, muito
embora essa diferença não seja estatisticamente significativa.
Verifica-se, portanto, que os resultados não vão no sentido do que é preconizado
na hipótese, uma vez que o grupo Turista, não apresentou valores de julgamento de
intencionalidade na situação de ajuda, relevantemente inferiores aos demais grupos. No
entanto, observa-se uma tendência no grupo Turista, em julgar que a ajuda do Presidente
ao ambiente, não foi “muito” intencional.
Para a variável atribuição de elogio, no teste de comparação das médias dos três
grupos, os resultados mostraram que existem diferenças estatisticamente significativas
entre, pelo menos, dois dos grupos em estudo (Turista e Neutro), (F (2;87) =3,634;
p=0,031; ή2=0,078). No entanto, a análise descritiva, para a atribuição de elogio,
apresenta algumas diferenças entre os grupos Turista e Neutro. O grupo Neutro(𝑥̅ =4.57),
obteve valores médios mais elevados de atribuição de elogio pela ajuda, que os grupos
Residente (𝑥̅ =3.47) e Turista ( 𝑥̅ = 3.23). Todos os três grupos obtiveram valores
mínimos de atribuição de elogio = 1 (nenhum elogio) e máximos = 7( muitos elogios),
(cf. Anexos, Tabela F1.8). Verifica-se também que a mediana dos elogios atribuídos no
50
grupo Neutro (Md = 5.50), é superior à mediana dos elogios atribuídos no grupo Turista
(Md=3.50), que por sua vez é superior à mediana do grupo Residente (Md=3.00), (cf.
Anexos, gráfico F.1.5). Desta forma, com os resultados obtidos, o Grupo Turista, não
apresentou valores de atribuição de elogio, relevantemente inferiores aos demais grupos,
como previa a hipótese, mas indicam que o grupo Turista e o grupo Residente, apontam
uma tendência menos elevada em atribuir elogios na situação de ajuda ao ambiente, que
o grupo Neutro. Este resultado será aprofundado na secção de discussão dos resultados.
Como poderemos verificar na análise da tabulação cruzada das variáveis,
atribuição de elogio e julgamento de intencionalidade na ajuda, existe uma discrepância
entre os elogios atribuídos ao Presidente na situação de ajuda e a atribuição de
intencionalidade na ajuda ,( cf. anexos, tabela F.3.8.). Nos percentuais de elogio, 25% dos
participantes consideram que o Presidente não merece nenhum elogio pela ajuda. 75%,
dos participantes, em valores que variam do nível 1 a muitos elogios. consideram que o
Presidente merece elogio. Nos percentuais de intencionalidade na ajuda, 65% dos
participantes, (incluindo os 20% que dizem que a ajuda não foi intencional, acusam
níveis mais baixos de intencionalidade para a ajuda do presidente (níveis 1 e 2). 24%
tendem para níveis mais altos de intenção ( níveis 4 e 5), e apenas 11% afirmam que o
Presidente, ajudou intencionalmente o ambiente. Este resultado será aprofundado na
seção de discussão dos resultados.
3.2.2. Situação de prejuízo do ambiente
H:5 - Relativamente à intencionalidade (na situação de prejuízo do ambiente)
espera-se que o grupo Residente, apresente um resultado superior aos grupos Turista e
Neutro (porque pensamos que será este grupo, o mais diretamente afetado pelas obras e
pelos efeitos deletérios resultantes das mesmas).
H.6 - Relativamente à atribuição de culpa (na situação de prejuízo do ambiente),
espera-se que o grupo Residente apresente um resultado superior aos grupos Turista e
Neutro. (porque pensamos que será o grupo mais diretamente afetado pelas obras).
Para a variável julgamento de intencionalidade do prejuízo, o teste de
comparação das médias, dos resultados mostram que não existem diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos em estudo, (F (2;87) =2,647; p=0,077;
ή2=0,057), (cf. Tabela 1). A análise descritiva, para o Julgamento da intencionalidade na
situação de prejuízo do ambiente, nos grupos Turista, Residente e Neutro, não mostra
grandes diferenças entre os grupos, relativamente aos valores mínimos e máximos.
Observa-se, no entanto, que o grupo Residente (𝑥̅ =5.87), apresenta valores médios, mais

51
aproximados do grupo Neutro 𝑥̅ = 5.93), do que do grupo Turista (𝑥̅ =5.0).(cf. Tabela 1).
A mediana do julgamento da intencionalidade na situação de prejuízo do ambiente no
grupo Residente, é bastante elevada: Residente (Md=7.0), igualando-se à mediana do
grupo Neutro (Md = 7.0), mostrando uma tendência a um grau de intencionalidade
atribuído para a situação de prejuízo do ambiente, no grupo Residente, mais elevado do
que no grupo Turista (Md=5.50). Os resultados obtidos, revelam que o julgamento da
intencionalidade para a situação de prejuízo do ambiente, tem valores muito elevados nos
três grupos, o que pode ser indicativo de uma tendência em julgar que o Presidente, agiu
intencionalmente na situação de prejuízo do ambiente.
Para a variável atribuição de culpa, no teste de comparação das médias dos três
grupos, os resultados mostram que existem diferenças estatisticamente significativas
entre, pelo menos, dois dos grupos em análise (F (2;52,604) =4,827; p=0,012; ή2=0,072).
(cf. Tabela 1). (cf. Anexos, Tabela F.2.6). A análise descritiva, mostra algumas diferenças
entre as médias dos grupos: o grupo Neutro, obteve valores médios mais
elevados(𝑥̅ =6.43), do que o grupo Residente(𝑥̅ =5.50) e o Turista (𝑥̅ = 5.47). Os grupos
Residente e Turista, obtiveram valores mínimos de atribuição de culpa = 1 (nenhuma
culpa) e máximos = 7(muita culpa). O grupo Neutro apresentou valores mínimos de
atribuição de culpa entre = 3 (intermédio) e máximos = 7 (muita culpa), (cf. tabela 1). Os
valores da mediana, evidência que a culpa atribuída no grupo Neutro (Md = 7.0), é
superior à mediana da culpa atribuída nos grupos Turista (Md=6.0) e Residente (Md=6.0),
revelando também que a dispersão do grupo Turista é muito superior à dispersão do grupo
Neutro, o que justifica a heterogeneidade das variâncias, (cf. tabela 1).
Desta forma, os resultados são indicativos de que, embora os níveis de atribuição
de culpa tenham sido bastante elevados nos três grupos, o grupo Neutro além de não
atribuir ao protagonista, a ausência de culpa, culpou com mais veemência. Uma vez que
não houve diferenças significativas entre os grupos Neutro e Residente, pode-se concluir
que o grupo Residente, apresentou um nível de atribuição de culpa igual ao grupo Turista,
com tendência a culpar tanto, quanto o grupo Neutro. Este resultado será aprofundado na
secção de discussão dos resultados.
Como poderemos verificar na análise da tabulação cruzada das variáveis,
atribuição de culpa e julgamento de intencionalmente do prejuízo , existe uma
concordância entre a culpa atribuída ao Presidente e a atribuição de intencionalidade pelo
prejuízo, (cf. anexos, tabela F.4.8.). Nos percentuais de culpa , % dos participantes
consideram que o Presidente não merece nenhuma culpa e que não teve a intenção de

52
prejudicar. Enquanto 3% dos participantes, consideram um nível 1 de culpa e níveis 1, 2
e 3 de intenção de prejudicar o ambiente. 4% dos participantes, consideram que o
Presidente tem nível 2 de culpa com niveis 2, 3 e 4 de intenção de prejudicar o ambiente.
10% dos participantes, atribuem nível 3 de intenção de prejudicar o ambiente e níveis de
culpa 2,3,4 e 5. 12% atribuem nível 4 de intenção de prejudicar o ambiente com níveis
de culpa 2,3,4,5 e muita culpa.
18% consideram um nível de intencionalidade 5, culpa de nível 5 e muita culpa. 47%
considera que o Presidente prejudicou intencionalmente o ambiente e que tem níveis de
culpa máximos: nível 5 e muita culpa.
Os dados são reveladores de que os níveis de culpa atribuídos ao Presidente,
seguiram os níveis de julgamento de intencionalidade pelo prejuízo.

3.3. Análise dos Pensamentos Contrafactuais produzidos

3.3.1. Codificação dos contrafactuais


Para proceder a análise dos pensamentos contrafactuais produzidos pelos três
grupos participantes do presente estudo - Turista, Residente e Neutro - quanto a sua
estrutura e direção, foi realizada uma análise de conteúdo, com o objetivo de classificar
em categorias as respostas dadas pelos participantes, para posterior análise quantitativa.
As respostas, na fase inicial do processo, foram codificadas por dois juízes. Após
o recolhimento das cotações dos dois juízes, foi convidado um terceiro juiz para
classificar os contrafactuais que suscitaram dúvidas nos outros dois juízes, criando-se ao
final do acordo inter-juízes, três categorias para a estrutura dos contrafactuais, que
ficaram codificados da seguinte forma: aditiva = 1, subtrativa = 2, substitutiva= 3. A
direção, foi categorizada em três categorias, nomeadamente: ascendente= 1,
descendente= 2 e indefinida (indeterminada) = 0, (cf. anexo, tabelas, G.1.1 e G.1.2).
Durante o processo de codificação, foram excluídas 15 respostas do total das
respostas ao inquérito (180), nos três grupos - Turista, Residente e Neutro. As respostas
excluídas da análise não eram pensamentos contrafactuais. Num segundo momento, de
forma a manter a mesma quantidade de produções contrafactuais para cada grupo, com
vistas a proceder a análise no Kappa de Cohen, foram excluídas da análise, 3 respostas de
cada grupo, resultando em 52 respostas para cada grupo - Turista, Residente e Neutro,
totalizando 156 pensamentos contrafactuais para serem analisados no IBM Statistics 2.1
- SPSS. Feito isso, finalmente, as respostas devidamente codificadas pelos três juízes,

53
foram submetidas a análise estatística, do Kappa de Cohen, para se obter o índice Kappa
de concordância, do Acordo inter-juizes - que foi realizado, tal como sugerido por
Fonseca, Silva e Silva (2007). Através da análise dos resultados obtidos, foi possível
concluir, de acordo com Fleiss (1981; i.e. Fonseca, Silva & Silva, 2007), que o índice de
concordância é excelente, uma vez que é superior a .75 (=0.807), (cf. anexos, tabelas
G.1.3. e G.1.4.). De posse desse dado, foi possível proceder a análise descritiva dos
contrafactuais produzidos pelos três grupos.
Pretende-se, analisar nesse estudo, os pensamentos contrafactuais produzidos
pelos indivíduos relativamente à sua estrutura ( aditiva, subtrativa e substitutiva), e à sua
direção(ascendente, descendente e indefinida), com o objetivo verificar os tipos de
pensamentos contrafactuais produzidos pelos sujeitos nas três perspetivas. Espera-se que
os pensamentos contrafactuais, decorram das avaliações que os sujeitos farão, após lerem
as histórias em que o Presidente da comunidade de Vale Formoso, toma decisões de
ajudar ou prejudicar o ambiente.

3.3.2. Análise da estrutura dos contrafactuais nas três perspetivas


Tabela 2: Percentagem dos CF aditivos, subtrativos e substitutivos, em cada uma das perspetivas dos
sujeitos, no cenário positivo.

Perspetiva do sujeito

Total
Turista Residente Neutro

Estrutura dos contrafactuais Aditiva 12.8 17.9 10.3 41.0


para o resultado Positivo Subtrativa 16.7 6.4 15.4 38.5

Substitutiva 3.8 9.0 7.7 20.5


Total 33.3 33.3 33.3 100.0

Tabela 3: Percentagem dos CF aditivos, subtrativos e substitutivos, em cada uma das perspetivas dos sujeitos,
no cenário negativo.

Perspetiva do sujeito

Turista Residente Neutro Total

Estrutura dos contrafactuais Aditiva 15.4 12.8 17.9 46.2


para o resultado Negativo Subtrativa 14.1 9.0 7.7 30.8

Substitutiva 3.8 11.5 7.7 23.1


Total 33.3 33.3 33.3 100.0

54
A estrutura aditiva foi a mais produzida, pelos três grupos tanto para o a resultado
positivo ( de ajuda = 41%), quanto para o resultado negativo (de prejuízo = 46%). O
Residente realizou mais contrafactuais com estrutura aditiva para o resultado positivo
(18%), enquanto o neutro, realizou mais contrafactuais com estrutura aditiva para o
resultado negativo (18%), (cf. tabelas 2 e 3).
Os valores percentuais dos contrafactuais aditivos nos três grupos foram bem
aproximados, o que pode indicar a existência entre os três grupos, de um pensamento
contrafactual com tendência preferencialmente preparatória, porque os contrafactuais
aditivos, acrescentam novos antecedentes para reconstruir a realidade, (Roese, 1994;
Roese, & Olson, 1995).
A estrutura subtrativa, foi a segunda mais produzida com 38% para o a resultado
positivo (de ajuda) e 30% para o resultado negativo (de prejuízo). Embora as suas
qualidades preparatórias, sejam menos elevadas do que a estrutura aditiva, porque eles
reduzem os elementos do antecedente para reconstruir a realidade, estes pensamentos
contrafactuais, estão presentes nos três grupos. O grupo Turista obteve percentuais mais
elevados tanto para o resultado positivo, ( 17%) quanto para o resultado negativo (14%).
O Residente produziu níveis mínimos na situação de ajuda (6.4%). Embora as suas
qualidades preparatórias, sejam menos elevadas do que a estrutura aditiva, porque eles
reduzem os elementos do antecedente para reconstruir a realidade, estes pensamentos
contrafactuais, estão presentes nos três grupos, (cf. tabelas 2 e 3).
A estrutura substitutiva, foi a terceira estrutura produzida, com 20% para o
resultado positivo (de ajuda) e 23% para o resultado negativo (de prejuízo. Os valores
percentuais no grupo Residente, com 9% na situação de ajuda e 12% na situação de
prejuízo, foram os mais elevados dos três grupos. Esses contrafactuais estão naturalmente
relacionados à direção ascendente, uma vez que se subtrai um antecedente para em
seguida adicionar e reconstruir uma situação melhor do que a realidade, com uma
possibilidade melhor do que poderia ter sido feito. O grupo Residente, foi o grupo que
mais produziu a estrutura substitutiva, o que pode ser indicativo de uma tendência a
pensar sobre possibilidades diferentes das atuais, para resolver o dilema em que se
encontra diretamente implicado, introduzindo ocorrências inesperadas, de valor
arbitrário, na reconstrução da situação ocorrida, (Roese e Olson (1993). Alguns
pensamentos que remetem para a situação descrita, podem ser os seguintes:
“ Se escolhesse outra atividade para assim abrir mais e mais postos de trabalho,
então o ambiente seria preservado”.

55
“Se o presidente não tivesse liberado a exploração mineral o vale continuaria a ser
o vale formoso, e não teriam os impactos ambientais gerados pela visão capitalista não
sustentável”.
“Se o projeto fosse adiado, a fim de reunir fundos suficientes para minimizar os
danos, então os resultados teriam sido diferentes”, (cf. anexos, tabela G.1. ).

3.3.3. Análise da direção dos contrafactuais nas três perspetivas

Tabela 4: Percentagem dos PC ascendentes, descendentes e indefinidos, nas três perspetivas dos sujeitos, no
cenário positivo.

Perspectiva do sujeito

Turista Residente Neutro Total

Direção dos contrafactuais para Ascendente 17.9 23,1 16.7 58.7


o resultado Positivo Descendente 15.4 10.3 14.1 39.7

indefinida 2.6 2.6


Total 33.3 33,3 33.3 100.0

Tabela 5: Percentagem dos PC ascendentes, descendentes e indefinidos, nas três perspetivas dos sujeitos, no
cenário negativo.

Perspectiva do Sujeito

Turista Residente Neutro Total

Direção dos Contrafactuais para Ascendente 29.5 28.2 26.9 84.6


o resultado Negativo Descendente 3.8 5.1 3.8 12.8

indefinida 2.6 2.6


Total 33.3 33.3 33.3 100.0

Na análise da direção dos pensamentos contrafactuais produzidos nos três grupos,


a direção ascendente, foi majoritária com 58% para o resultado positivo e 84,6% para o
resultado negativo, ( cf. Tabelas 4 e 5).
Os valores produzidos nos grupos Residente Turista e Neutro, foram valores
aproximados, o que pode revelar uma certa reflexão acerca do que poderia ter sido feito.
A direção ascendente segundo Roese (1994), amplifica as emoções negativas, como por
exemplo, o sentimento de arrependimento. No entanto, Quelhas, Power, Juhos, & Senos,
(2008), apontam, que os pensamentos contrafactuais ascendentes são amplamente

56
funcionais, porque promovem, benefícios de preparação para o futuro e o aumento do
controlo percecionado pelo sujeito. Esta tendência se confirma nas frases produzidas
pelos participantes que em sua maioria propõem, medidas para melhorar ou evitar a
situação em vale Formoso, (cf. anexos, tabela G.1.).
“Se não tivesse explorado o lítio, então teria tido um jeito de criar postos de
trabalho permanentes e render mais lucro no final para Vale Formoso”.
“Se houvesse mais incentivo às atividades turísticas, a comunidade não aderia tão
facilmente à exploração do lítio como fez”.
“ Se o presidente explorar uma menor quantidade de lítio, então o impacto será
menor na natureza”.
Na análise da direção descendente, que ocupa o segundo lugar e é responsável por
40% dos contrafactuais no resultado positivo e 13% no resultado negativo. Os
percentuais nos três grupos são mais elevados na situação de ajuda, (resultado positivo).
Os valores nos três grupos são aproximados, o que aponta, uma relação direta do
pensamento contrafactual subtrativo com a direção descendente. Essa relação, poderá ser
sugestiva, de uma certa conformidade com a situação negativa, numa tentativa de consolo.
Ou pode refletir um certo alívio experimentado diante da possibilidade de uma
situação pior como afirmaram alguns participantes:
“Se o presidente não tivesse adotado as tais medidas de recuperação ambiental o
dano seria muito maior para o seu povo”.
“Se não houvesse a estratégia utilizada para reflorestamento da área afetada então
os danos ao meio ambiente seriam piores”.
“Se não tivesse ocorrido a concessão para exploração do ambiente, então teríamos
370 pessoas no desemprego”. (cf. anexos, tabela G.1.).
A direção indefinida, que foi produzida apenas pelo grupo Neutro com 3%, foi
uma modalidade de direção, utilizada nos contrafactuais que apresentavam uma estrutura
válida, mas que apresentavam uma direção indefinida. Nas respostas dos participantes
que realizaram estes contrafactuais sem direção definida, a estrutura ou era aditiva ou era
subtrativa.
“Se existisse melhor conhecimento da parte da comunidade e do Presidente, então
a gestão do processo seria outra”.
“ Se o presidente pensasse primeiro no meio ambiente, ele teria feito diferente”
“ Se o Presidente não tivesse desprezado a opinião dos trabalhadores no turismo,
não os teria prejudicado da forma como os prejudicou e nem também ao ambiente”

57
A seguir, analisaremos o cruzamento da estrutura com a direção, e o efeito
decorrente desses tipos de contrafactuais para o nosso estudo.

3.3.4. Análise dos valores cruzados da estrutura e direção nos três grupos
Os contrafactuais aditivos ascendentes, foram os mais produzidos e com valores
muito aproximados nos três grupos Neutro, Turista e Residente, (cf. anexos, tabelas
G.2.5. e G.2.6.). Podemos sugerir que nesse caso, existe uma relação direta, entre a
estrutura aditiva e a direção ascendente, que segundo a teoria, é dessa relação que surgem
os pensamentos contrafactuais em que as pessoas tendem a imaginar uma situação melhor
do que a realidade, com uma possibilidade melhor do que poderia ter sido feito, (Roese,
1994; Roese, & Olson, 1995; Quelhas, Power, Juhos, & Senos, 2008). Os contrafactuais
Aditivos inclusive foram aumentados pelos contrafactuais com direção indefinida
produzidos pelo grupo Neutro, uma vez que nesses contrafactuais os participantes
adicionavam alternativas, mas não lhes davam uma direção, revelando uma certa
desorientação, já prevista na teoria e que será analisada na discussão a seguir.
Os contrafactuais subtrativos ascendentes foram secundários, porém o grupo
Turista, produziu valores maiores que os outros dois grupos. Os contrafactuais
Subtrativos também foram aumentados pelos contrafactuais com direção indefinida
produzidos pelo grupo Neutro. Nesses contrafactuais, os participantes subtraiam
elementos e não lhes davam uma direção, revelando uma certa desorientação, já referida,
e que também será analisada na discussão a seguir.
Os contrafactuais substitutivos ascendentes, foram produzidos em sua maioria
pelo grupo Residente, seguido do grupo do Neutro, (cf. anexos, tabelas G.2.5. e G.2.6. ).
Os contrafactuais aditivos descendentes, foram poucos. Os contrafactuais
subtrativos descendentes foram elevados na situação positiva ( de ajuda), e com valores
muito baixos na situação negativa (de prejuízo). O Neutro e o Residente obtiveram os
percentuais mais elevados que o Turista, para o resultado negativo enquanto para o
resultado positivo, o turista e o neutro obtiveram percentuais mais elevados, (cf. anexos,
tabelas G.2.5. e G.2.6.). Os contrafactuais substitutivos descendentes, obtiveram
percentuais elevados nos três grupos para o resultado positivo (de ajuda), e percentuais
muito baixos para o resultado negativo (prejuízo), (cf. anexos, tabelas G.2.5. e G.2.6.).

58
IV. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O presente estudo, teve como objetivo, analisar, como as pessoas, em diferentes
perspetivas - Turista, Residente e Neutro – Após avaliarem as consequências de duas
decisões tomadas por um dirigente comunitário, atribuem elogio e culpa, e julgam a
intencionalidade do dirigente da comunidade, relacionada aos resultados positivos de
ajuda, e aos resultados negativos de prejuízo do ambiente. Para tanto, utilizamos um tema
em que se apresenta um dilema, replicando o estudo de Ndubuisi & Byrne, (2013),
inspirado nos estudos de Knobe (2003a). O tema escolhido para os cenários dessa
investigação, foi a exploração do lítio - um tema de cariz nacional ecológico, atual e
polémico, devido ao grande impacto que a exploração desse metal provoca no meio
ambiente. Como resultado, duas hipóteses gerais e quatro hipóteses específicas foram
definidas.
Na hipótese geral, esperava-se que os participantes, independentemente da sua
perspectiva, julgassem para a situação de prejuízo, (resultado negativo), que o Presidente
prejudicou intencionalmente o ambiente, mais do que ajudou intencionalmente o
ambiente, para a situação de ajuda, (resultado positivo). (Knobe 2003a; Ndubuisi &
Byrne, 2013). E que também, atribuíssem valores mais elevados de culpa para o resultado
negativo do que de elogios para o resultado positivo.
Os dados estatísticos descritivos e inferenciais apresentados acima, sustentam a
primeira hipótese ao mostrarem que, como previsto, os sujeitos nas três perspetivas
julgaram que o Presidente prejudicou intencionalmente o ambiente, mais do que o ajudou
intencionalmente. Portanto, esses resultados foram consistentes com a proposta de que
os participantes tendem a julgar que um indivíduo causou intencionalmente um resultado
negativo (situação de prejuízo) mas, que um resultado positivo (situação de ajuda), não
foi causado intencionalmente. (Knobe 2003a; Ndubuisi & Byrne, 2013). Estes resultados
também são consistentes com a proposta da disponibilidade de escolhas - baseada na
teoria dos modelos mentais, que preconiza que, o fenômeno surge porque um efeito
prejudicial representa um dilema genuíno no qual o ator deve fazer escolhas, ao passo que
um efeito útil não apresenta nenhum dilema e o ator não precisa fazer escolhas. As
pessoas imaginam alternativas contrafactuais em que o ator fez uma escolha diferente
para o efeito prejudicial. As alternativas imaginadas prontamente disponíveis para um
efeito prejudicial, os levam a inferir que foi intencional (Byrne, 2005; Ndubuisi & Byrne,
2013).

59
Os referidos dados também sustentam a hipótese de que os participantes,
independentemente da sua perspectiva, atribuiriam valores mais elevados de culpa para o
resultado negativo do que de elogios para o resultado positivo. A atribuição de culpa na
situação de prejuízo do ambiente, comparativamente à atribuição de elogio na situação de
ajuda ao ambiente, apresenta valores mais elevados e mais homogéneos do que a
atribuição de elogio nos três grupos Turista, Residente e Neutro (nenhuma culpa = 3.33%;
muita culpa = 51.11%). Para o elogio, (nenhum elogio = 25.55%, muitos elogios
=11.11%). Portanto, esses resultados foram consistentes com os resultados dos estudos
de Knobe (2003b). Os resultados obtidos, revelaram que um efeito prejudicial é julgado
intencional, mesmo quando os participantes têm a oportunidade de culpar o protagonista,
ou de outra forma atribuir responsabilidade ao protagonista separadamente e que alguns
efeitos prejudiciais são julgados não intencionais, mesmo quando o protagonista é
culpado. Um fenómeno observado, que foi consistente com os estudos de Sverdlik,
(2004), na atribuição de culpa, foi que, alguns efeitos prejudiciais são julgados
intencionais, mesmo quando o protagonista não é culpado.
Também encontramos nas análises desse estudo, um efeito que diz respeito às
perceções de intencionalidade, que segundo Shaver e Drown, (1986), também
influenciam as avaliações de comportamento: os atores recebem mais elogios e mais
culpa por ações consideradas intencionais em vez de não intencionais (e.g., Shaver, 1970).
Podemos verificar esse efeito, na tabela dos valores cruzados, de culpa, elogios e
intencionalidade, (cf. tabela 5).
Segundo Ruth Byrne (2017), a culpa e a intencionalidade podem ser "duplamente
dissociadas”, porque a emoção e os julgamentos morais tendem a seguir as mesmas linhas
de falhas que os pensamentos contrafactuais. Nos resultados do presente estudo, as
diferenças observadas, na atribuição de elogio e de culpa, ocorreram nos grupos Neutro
e Turista. No entanto, não existiram diferenças entre os três grupos, no julgamento de
intencionalidade nem para resultado positivo, nem para o resultado negativo.
Relativamente à intencionalidade (na situação de ajuda ao ambiente), esperava-se
que o grupo Turista apresentasse um resultado inferior aos grupos Residente e Neutro,
porque pensamos que o turista, não iria considerar que foi uma ajuda intencional, mesmo
que o ambiente fosse reconstruído. No teste de comparação das médias dos três grupos,
os resultados mostram que não existem diferenças estatisticamente significativas entre os
grupos em estudo.

60
Verifica-se, portanto, que os resultados não vão no sentido do que é preconizado
na hipótese, uma vez que o grupo Turista, apresentou valores de julgamento de
intencionalidade na situação de ajuda, inferiores aos demais grupos. No entanto, observa-
se nos valores médios e da mediana, uma tendência no grupo Turista, em julgar que a
ajuda do Presidente ao ambiente, não foi “muito” intencional. (Turista 𝑥̅ =3.07;
Residente, 𝑥̅ =3.47 e Neutro 𝑥̅ = 4.33); (Turista Md=2.50; Residente; Md = 4,0; e Neutro
Med= 5.0). O Turista ficou em terceiro lugar em termos de valores médios. No cômputo
geral, quem mais reconheceu a ajuda do presidente como intencional foi o grupo Neutro.
Isso poderia ser explicado pelo distanciamento do neutro da situação local.
Relativamente à atribuição de elogio, esperava-se que o grupo Turista acusasse
menos elogios que os grupos Residente e Neutro, porque pensamos que o Turista, não
iria elogiar as medidas, mesmo que o transtorno fosse temporário. Comparando os três
grupos, o Turista, elogiou muito menos que o Neutro e, mesmo não tendo diferenças
significativas, elogiou menos que o Residente. A teoria funcional sobre os pensamentos
contrafactuais, diz que quando uma expectativa é grande, e não se concretiza, pensamos
contrafactualmente. A violação da expectativa pode ser um determinante da ativação
contrafactual (Roese & Olson, 1995; Sanna & Turley, 1996). Nessa perspectiva, o turista,
estava a planear as suas férias, quando tomou conhecimento das obras pelo noticiário. Os
pensamentos contrafactuais produzidos, corroboram com essa teoria no grupo Turista.
Outro dado convergente com essa teoria é que metade dos pensamentos produzidos no
grupo Turista, para o efeito positivo, tinham um teor crítico, com hipóteses alternativas
longas e bem incisivas, como por exemplo: “ Se o investimento tivesse sido feito para
ampliar o turismo da região, ao invés de feito na exploração de lítio, então o retorno em
empregos e renda seria duradouro e não haveria necessidade de causar degradação ao
meio ambiente” ; “Se o Presidente quisesse minimizar a destruição das áreas florestais
com adoção de medidas de recuperação ambiental e paisagística, então não teria assinado
essa concessão”, (cf. anexos, tabela G.1.).
Relativamente à atribuição de culpa (na situação de prejuízo do ambiente),
esperava-se que o grupo Residente apresentasse um resultado superior aos grupos Turista
e Neutro, porque pensamos que seria o grupo mais diretamente afetado pelas obras.
Embora a atribuição de culpa tenha sido elevada nos tês grupos, o grupo Residente
não apresentou os valores mais elevados de culpa. Culpou menos que o Neutro, mas,
ainda assim, seus níveis de atribuição de culpa, foram mais elevados que os do grupo
Turista, (cf. Tabela 1). Os resultados podem ser demonstrativos de uma tendência que

61
pode estar relacionada ao dilema em que vive: se por um lado, quer preservar Vale
Formoso, por outro lado, também quer os postos de trabalho. Estes resultados também
vão no sentido dos estudos de (Ndubuisi & Byrne, (2013).

4.1. Discussão Geral


Ao verificarmos que os julgamentos da intencionalidade, não são
significativamente diferentes mediante a perspectiva dos sujeitos Turista, Residente e
Neutro, tentamos perceber com base nas teorias, em que medida, a valência do resultado
modulou esses julgamentos, e quais foram as diferenças encontradas nesses estudos,
relacionadas com os resultados negativos e positivos relativamente às atribuições de
elogio e culpa. Byrne (2016), diz que fazemos uso das nossas crenças e valores morais
para que seja possível realizar a distinção entre uma situação apropriada ou inapropriada.
Quando pensamos sobre diferentes situações, ponderamos se o indivíduo teve culpa ou
não do desfecho da situação, isto porque imaginamos cenários alternativos, onde
observamos que o resultado poderia ter sido diferente, se o indivíduo tivesse agido de
outra forma (Byrne, 2016).
Byrne, M.J., Timmons, S. (2018), dizem ainda que, as alternativas imaginadas
afetam os julgamentos de que uma ação deveria ter sido tomada porque enriquecem a
construção de um modelo inferencial causal que representa explicitamente as relações
entre a ação e o resultado. Tais descobertas são consistentes com a ideia de que
julgamentos morais implicam processos inferenciais.
Nesse sentido, estudos também, afirmam sobre as emoções negativas, que
quando geradas, pelos pensamentos sobre como as coisas poderiam ter sido melhores, a
culpa pela ação é acentuada (e.g., Niedenthal, Tangney & Gavansky 1994). O nível
elevado de culpa nos três grupos pode ser explicado por essas duas afirmações teóricas.
Na relação entre elogio e culpa, os resultados que foram obtidos em todos os três
grupos, revelaram que a culpa, pelo resultado prejudicial, teve valores mais homogéneos
e mais elevados que o elogio, pelo resultado de ajuda. Talvez isso encontre explicação na
teoria, que refere que a previsibilidade é um requisito para julgamentos de
responsabilidade popular, e que as pessoas normalmente não consideram alguém
responsável por aqueles resultados que a pessoa era incapaz de antecipar (Guglielmo &
Malle, 2010a). No caso do Presidente de Vale Formoso, ele tinha em mãos um estudo de
impacto ambiental e mesmo assim, avançou com as obras, sem ter dinheiro para
reconstruir a paisagem local. Da mesma forma, Darley e Shultz (1990), apontam

62
evidências que demonstram que os agentes recebem alguma culpa quando preveem, mas
falham em prevenir danos (por exemplo, por negligência ou imprudência), mas recebem
muito mais culpa quando intencionalmente causam o dano. Um indivíduo julgado
imprudente, pode ser percebido como tendo cometido um ato intencionalmente. (p.533).
As pessoas consideram até que ponto o agente tinha a obrigação de prevenir o evento
negativo (por exemplo, devido à função, relacionamento ou contexto) e em que medida o
agente tinha a capacidade de prevenir o evento negativo (tanto a capacidade cognitiva de
prever o evento quanto a capacidade física de realmente preveni-lo).
De acordo com o modelo de caminho de culpa, de Malle, Guglielmo & Monroe,
(2014), apenas quando os percecionadores morais explicitamente atribuem ou assumem
implicitamente a obrigação e a capacidade de um agente de prevenir o evento, eles
culparão o agente pela violação não intencional da norma. Os agentes que causam um
evento que viola uma norma que eles previram (ou poderiam ter previsto) recebem mais
culpa do que os agentes que causam um evento que viola uma norma que eles não
previram e não poderiam prever. Além disso, Weiner (1995), revisou vários estudos nos
quais a capacidade física do agente de controlar um resultado não intencional foi um forte
preditor de culpa.
Em seu modelo de responsabilidade e culpa, Weiner (1995), argumentou que a
culpa é máxima quando um agente poderia ter agido de outra forma, mas mesmo assim
intencionalmente executa um comportamento negativo. Hamilton em (1978), reconheceu
o papel da obrigação, já que as pessoas são culpadas apenas por resultados negativos que
elas são obrigadas a prevenir e Weiner (1995), observou, que tal obrigação é significativa
apenas se o resultado for controlável pela pessoa - isto é, se ela puder evitar
intencionalmente. Malle, Moses, & Baldwin, em 2001, dizem que, a culpa por eventos
negativos, surge quando a pessoa “deveria” e “poderia” ter evitado.
A relação entre contrafactuais e emoções ou julgamentos morais nem sempre é
direta segundo Walsh e Byrne (2004), mas arriscamos deduzir pelos contrafactuais
aditivos - ascendentes, que foram majoritários nos resultados, que, se dependesse dos três
grupos, o Presidente teria feito tudo de uma maneira mais acertada: “Se as medidas
tivessem sido tomadas com maior planeamento, então o ambiente não seria prejudicado.”
“Se o presidente tivesse obtido fundos para a preservação do ambiente então não teria
havido tantos danos para o ambiente e para o turismo”, (cf., Anexos, Tabela G.1.).

63
4.2. Dificuldades e limitações
Colher informações da opinião de pessoas a partir de um cenário imaginado,
apresenta algumas limitações ao modo como os sujeitos respondem às perguntas nesse
estudo, porque nas perspetivas de Residente e Turista, é exigido alguma proximidade e
implicação, bem como uma relação de identificação do sujeito com a situação vivida, e
com o local representado na história contada. Numa história lida, mesmo que se peça que
os sujeitos se imaginem “Turistas” ou “Residentes”, nem todos os sujeitos se colocam no
lugar do outro da mesma maneira e isso pode se refletir nas respostas dadas quando se
leva em conta somente a perspectiva do sujeito. Contudo, os resultados obtidos,
corroboram algumas teorias sobre os pensamentos contrafactuais, o que é demostrativo
de que os cenários hipotéticos funcionam, mesmo que apresentem em alguns casos,
limitações em revelar nuances relativamente às características individuais dos sujeitos,
como é proposto por alguns estudiosos dos pensamentos contrafactuais (e.g., Kasimatis
& Wells, 1995; McConnell, Sherman, & Hamilton, 1994; Pighin, Byrne , Ferrante,
Gonzalez, Girotto 2011 ). Pensou-se inicialmente numa investigação mais ecológica,
ideia que foi abandonada pelas muitas limitações que se impuseram como por exemplo,
a pandemia Covid-19, mas principalmente pelo fato de não existir, (felizmente) ainda,
nenhum lugar em Portugal que tenha sofrido esse tipo de problema com o lítio. Além do
que, é sabido que as investigações em contexto ecológico, podem ativar nas pessoas
sofrimento psicológico e ruminação sobre os problemas passados. Os resultados dos
estudos ecológicos sugerem que as pessoas que imaginam como um evento negativo
poderia ter resultado melhor, relatam maior sofrimento psicológico do que aqueles que
não se envolvem na produção de pensamentos contrafactuais, (Davis et al. 1995). Desta
forma, optamos por conduzir um estudo com o mínimo de impacto no estado emocional
das pessoas, como preconiza o código ético e deontológico para o exercício da psicologia
no âmbito da investigação científica, ( cf. Diário da República, 2.ª série — N.º 78 — 20 de Abril
de 2011).
Um outro ponto a ser considerado, foi o fato da segunda história ser muito marcada
pela opção de prejuízo do Presidente e pelo resultado negativo do projeto, o que pode ter
facilitado o posicionamento no sentido de uma maior intencionalidade pelo efeito
negativo e uma quase não observação dos objetivos positivos do projeto. Aqui pode ter
sido incitada uma componente moral num primeiro momento devido à decisão do
Presidente em não ajudar o meio ambiente mesmo que ele tenha a desculpa da falta de

64
dinheiro para não o fazer. Talvez isso explique também em parte a forte relação entre a
culpa e a intencionalidade observadas nesse estudo.
Observamos nos participantes que receberam primeiro a história com efeito
negativo, uma presença marcante de concordância com a história com efeito positivo e
alguns não conseguiram produzir contrafactuais para o efeito positivo enquanto para os
efeitos negativos foram bem taxativos em algumas declarações. Isso pode ser sugestivo
de estados emocionais de alívio, que os participantes sentiram ao se depararem com a
história positiva no seguimento da história negativa. Embora a maioria dos participantes
tenha se envolvido em pensamentos contrafactuais, segundo Kasimatis & Wells (1995),
podem existir diferenças individuais no pensamento contrafactual de algumas pessoas
que podem ser consistentemente mais propensas do que outras a desfazerem eventos
mentalmente, se o resultado imaginado for melhor ou pior. Algumas pessoas podem ser
consistentemente mais propensas do que outras, a usar um tipo de contrafactual mais
ascendente enquanto outras podem ter uma propensão para usar contrafactual
descendente.
Do ponto de vista da produção de pensamentos contrafactuais, a teoria da opção
de escolhas de Ndubuisi e Byrne (2013), evidencia-se como a explicação mais plausível
para os padrões encontrados nas atribuições de elogio e culpa e no julgamento da
intencionalidade do Presidente.
Para os próximos estudos sugerimos um estudo que envolva também a avaliação
da responsabilidade antes da culpa e da intencionalidade. Acreditamos que com esta
análise, obteremos resultados mais esclarecedores sobre os motivos que levam os sujeitos
a julgarem que foi mais intencional uma ação com resultado negativo do que uma ação
com resultado positivo.
Este estudo é, no entanto, relevante porque permitiu explorar e dar a conhecer os
pontos de vista dos sujeitos, partindo de uma representação de grupo, na tentativa de
perceber se as diferentes identificações dos sujeitos com os referidos grupos
relativamente às suas expectativas, avaliações, atitudes, alteram o resultado do seu
julgamento de intencionalidade bem como os níveis de culpa e elogios, perante um dilema
apresentado com dois resultados opostos.
Em síntese, o presente estudo apresenta resultados concordantes com
investigações anteriores (Knobe, 2003a, 2003b ; Ndubuisi & Byrne, 2013), não revelando
diferenças significativas, relativamente às diferentes perspetivas dos sujeitos, para o
julgamento da intencionalidade. Alguns dos resultados obtidos, mesmo que não

65
significativos, revelaram tendências no sentido esperado para o grupo Turista e
Residente, o que pode ser sugestivo de resultados mais significativos caso esse estudo
tivesse sido feito numa abordagem ecológica.

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74
ANEXOS

Anexo A - Agradecimento

Anexo B – Consentimento Informado

75
Anexo C– Dados Demográficos

Instrução:

76
Anexo D – Cenário de ajuda.

Anexo D.1. Tarefa de atribuição de elogio

77
Anexo D.2. Tarefa de julgamento de intencionalidade.

Anexo D.3. Instrução para a produção do pensamento contrafactual.

78
Anexo E – Cenário de prejuízo

Anexo E.1. Tarefa de atribuição de culpa.

79
Anexo E.2. Tarefa de julgamento de intencionalidade.

Anexo E.3. Instrução para a produção do pensamento contrafactual

80
F. Análise estatística dos dados

A análise estatística dos dados obtidos foi feita com recurso à versão 21 do IBM
SPSS Statistics.
Para esta análise, foram utilizadas metodologias Paramétricas por serem mais
robustas, isto é, de modo a minimizar a ocorrência de erros do tipo II.
Assim, para averiguar se existem diferenças estatisticamente significativas entre
as perspetivas (Turista, Residente e Neutro) em cada uma das situações, recorremos à
ANOVA one-way, já que os grupos são independentes e a variável dependente á tratada
como sendo quantitativa (apesar de, na sua génese ser do tipo ordinal). Foi assumido, para
todos os testes realizados, um valor de significância () de 0,05.

F.1. Atribuição de elogio na situação de ajuda ao ambiente

Começamos por validar o pressuposto da Normalidade com base no Teste


Shapiro-Wilk já que cada grupo tem menos de 50 elementos.

Tabela F.1.1. Análise da normalidade da distribuição para o elogio, na situação de ajuda ao ambiente.
Perspectiva do Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk
sujeito Statistic d Sig. S d S
f Statistic f ig.
,202 3 , 3 ,
Turista
0 ,003 870 0 002
,129 3 , 3 ,
Atribuição de Elogio
Residente 0 ,200 915 0 021
na situação de Ajuda *

,245 3 , 3 ,
Neutro
0 ,000 832 0 000
*. This is a lower bound of the true significance.
a. Lilliefors Significance Correction

Da observação da tabela concluímos que, nesta situação, nenhum dos grupos


apresenta uma distribuição Normal (Turista: W (30) =0,870; p=0,002 | Residente: W (30)
=0,915; p=0,021 | Neutro: W (30) =0,832; p=0,000).
Segundo Marôco (2021) os testes paramétricos mantem a sua robustez nos casos
em que a forma da distribuição das variáveis dependentes não diferem, de modo relevante,
da Distribuição Normal. Em rigor, as robustezes dos testes paramétricos não se alteram
quando a simetria (Sk) da distribuição é inferior a 3 e o achatamento (Kw) é inferior a 8
(Marôco, 2021, p.191).
Assim, fomos verificar as medidas de forma para cada um dos três grupos.

81
Tabela F.1.2. Medidas de assimetria e curtose para o elogio, na situação de ajuda ao ambiente.

Turista Residente Neutro

Simetria Achatamento Simetria Achatamento Simetria Achatamento

0,241 -1,228 0,318 -0,909 -0,667 -1,044

As medidas das formas apresentadas mostram que, apesar de nenhum dos grupos
seguir uma Distribuição Normal, o desvio das distribuições nos três casos não difere
significativamente da distribuição de referência, pelo que consideramos validado o
pressuposto da Normalidade.
Verificamos em seguida o pressuposto da homogeneidade de variâncias com
recurso ao Teste de Levene. Neste caso, foi selecionada a estatística de Levene baseada
na mediana, já que a variável dependente é do tipo ordinal.

Tabela F.1.3. Análise da homogeneidade das variâncias para o elogio, na situação de ajuda ao ambiente
Test of Homogeneity of Variance

Levene Statistic df df Sig.

1 2

Based on Mean ,488 2 87 ,615

Based on Median ,179 2 87 ,836


Atribuição de Elogio na situação de
Based on Median and ,179 2 73 ,836
Ajuda
with adjusted df ,863

Based on trimmed mean ,429 2 87 ,653

O resultado mostra que as variâncias dos três grupos são homogéneas


(F (2;87) =0,179; p=0,836).

Tendo validado todos os pressupostos, passamos à apresentação dos resultados da


ANOVA one-waypara comparação das médias dos elogios atribuídos pelos dos três
grupos em estudo.

82
Tabela F.1.4. Teste ANOVA, para comparação das médias da Atribuição de Elogio na situação de Ajuda

Sum of Squares df Mean Square F Sig.

Between Groups
30,422 2 15,211 3,634 ,031

Within Groups
364,200 87 4,186

Total
394,622 89

Os resultados mostram que existem diferenças estatisticamente significativas entre, pelo


menos, dois dos grupos em estudo (F (2;87) =3,634; p=0,031; ή2=0,078). Verificamos ainda que
esta diferença entre os grupos tem uma significância prática muito baixa.
30,422
ή2= 391,622
= 0,078

Para averiguar entre que grupos existem diferenças estatisticamente significativas,


recorremos ao Teste de Tukey já que as variâncias dos grupos são homogéneas. Os resultados do
Teste de Tukey revelam que existem diferenças estatisticamente significativas na atribuição de
elogios entre a perspetiva de “Turista” e a perspetiva “Neutro” (p=0,035).

O gráfico seguinte evidência que a mediana dos elogios atribuídos no grupo


“Neutro” é superior à mediana dos elogios atribuídos pelos participantes da perspetiva
dos “Turistas”.
Gráfico F.1.5. da Distribuição de Elogio na situação de Ajuda nos três grupos.

83
Tabela F.1.6. Comparação entre os grupos da Atribuição de Elogio na situação de Ajuda.

(I) (J) Mean Difference S S


95% Confidence Interval

Perspectiva do sujeito Perspectiva do (I-J) td. Error ig.

sujeito

Lower Bound Upper Bound

-,233 , , -1,49 1,03

Residente 528 898

Turista
-1,333* , , -2,59 -,07

Neutro 528 035

,233 , , -1,03 1,49

Turista 528 898

Residente
-1,100 , , -2,36 ,16

Neutro 528 099

1,333* , , ,07 2,59

Turista 528 035

Neutro
1,100 , , -,16 2,36

Residente 528 099

*. The mean difference is significant at the 0.05 level.

TabelaF.1.7. – Análise dos fatores da Atribuição de elogio.

Tukey HSDa

Subset for alpha = 0.05

Perspectiva do sujeito N 1 2

Turista 30 3,23
Residente 30 3,47 3,47
Neutro 30 4,57
Sig. ,898 ,099

Means for groups in homogeneous subsets are displayed.


a. Uses Harmonic Mean Sample Size = 30,000.

84
F.1.8. Tabela da análise descritiva da atribuição de elogio para os três grupos

Descriptives

Std.
Perspectiva do sujeito Statistic Error

Atribuição de Elogio na Turista Mean 3,23 ,364


situação de Ajuda 95% Confidence Lower 2,49
Interval for Mean Bound

Upper 3,98
Bound

5% Trimmed Mean 3,15

Median 3,50

Variance 3,978

Std. Deviation 1,995

Minimum 1

Maximum 7

Range 6

Interquartile Range 4

Skewness ,241 ,427

Kurtosis -1,228 ,833

Residente Mean 3,47 ,358

95% Confidence Lower 2,73


Interval for Mean Bound

Upper 4,20
Bound

5% Trimmed Mean 3,41

Median 3,00

Variance 3,844

Std. Deviation 1,961

Minimum 1

Maximum 7

Range 6

Interquartile Range 3

Skewness ,318 ,427

Kurtosis -,909 ,833

Neutro Mean 4,57 ,397

95% Confidence Lower 3,75


Interval for Mean Bound

85
Upper 5,38
Bound

5% Trimmed Mean 4,63

Median 5,50

Variance 4,737

Std. Deviation 2,176

Minimum 1

Maximum 7

Range 6

Interquartile Range 3

Skewness -,667 ,427

Kurtosis -1,044 ,833

Na Análise Fatorial, Residente e Neutro partilham os mesmos fatores; Turista


e Neutro não partilham os mesmos fatores.
Na atribuição de Elogio existem diferenças significativas entre os grupos
Turista (X= 3.23) e Neutro (X= 4.57)
O grupo Neutro, apresenta valores médios mais elevados de elogio pela
ajuda, que o Grupo Residente e Turista respetivamente (X= 4.57; X= 3.47; X =
3.23). Todos os três grupos apresentam valores mínimos
de elogio ente (1= nenhum elogio) e (7= muitos elogios). (c.f Anexo tabela F1.8).

F.2. Atribuição de culpa, na situação de prejuízo do ambiente

Começamos por validar os pressupostos para a aplicação de testes paramétricos


para a comparação das três perspetivas em estudo (Turista, Residente e Neutro) nesta
situação.
Relativamente ao pressuposto da Normalidade, obtivemos os seguintes resultados:

Tabela F.2.1.Análise da normalidade da distribuição para a atribuição de culpa na situação de prejuízo ao

ambiente.

Perspectiva do sujeito Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk

Statistic df Sig. Statistic df Sig.

86
,248 30 ,000 ,804 30 ,
Turista
000

Atribuição de Culpa na ,302 30 ,000 ,758 30 ,


Residente
situação de Prejuízo 000

,413 30 ,000 ,623 30 ,


Neutro
000

a. Lilliefors Significance Correction

À semelhança do ocorrido anteriormente, de acordo com os resultados do Teste


Shapiro-Wilk nenhum dos grupos apresenta uma distribuição Normal, (Turista:
W (30) =0,804; p=0,000 | Residente: W (30) =0,758; p=0,000 | Neutro: W (30) =0,623;
p=0,000).
Recorremos, novamente, aos valores das medidas de forma (Simetria e
Achatamento) para saber em que medida as distribuições das variáveis em cada um dos
grupos se diferencia da Distribuição Normal. A tabela seguinte sintetiza os resultados
obtidos.
TabelaF.2.2. Medidas de assimetria e curtose, para a atribuição de culpa na situação de prejuízo ao ambiente.

Turista Residente Neutro

Simetria Achatamento Simetria Achatamento Simetria Achatamento

-1,220 0,655 -1,149 -0,115 -1,871 3,378

Podemos constatar que nenhuma das medidas de forma ultrapassam os limites


que, de acordo com Marôco (2021) comprometem a robustez dos testes paramétricos (3
para a simetria e 8 para o achatamento). Assim, apesar dos resultados do teste de shapiro-
wilk para a normalidade, consideramos este pressuposto validado com base nas medidas
de forma.
No que concerne ao pressuposto da homogeneidade das variâncias, foram obtidos
os seguintes resultados:
Tabela F.2. 3. Análise da homogeneidade das variâncias para a culpa, na situação de prejuízo
ao ambiente.

Levene d d
Sig.

Statistic f1 f2

Based 6,094 2 8
,003

Atribuição de Culpa na situação de on Mean 7

Prejuízo Based 3,791 2 8


,026

on Median 7

87
Based 3,791 2 8
,027

on Median and 1,053

with adjusted df

Based on 5,131 2 8
,008

trimmed mean 7

O resultado mostra que as variâncias dos três grupos não são homogéneas (F
(2;87) =3,791; p=0,026). Assim, a ANOVA one-way para a comparação das médias da
atribuição de culpa terá de ser feita com a correção de Welch (Marôco, 2021, P. 193).
Tabela F.2.4. Teste ANOVA, para comparação das médias da Atribuição de culpa na situação de
prejuízo ao ambiente.

Sum of Squares df Mean Square F Sig.

Between Groups 18,067 2 9,033 3,354 ,040

234,333 8 2,693
Within Groups
7

252,400 8
Total
9

Tabela F.2. 5. correção de Welch para a Atribuição de Culpa na situação de Prejuízo


Robust Tests of Equality of Means

Statistica df1 df2 Sig.

4,827 2 52,604 ,012


Welch

a. Asymptotically F distributed.

Os resultados mostram que existem diferenças estatisticamente significativas


entre, pelo menos, dois dos grupos em análise (F(2;52,604)=4,827; p=0,012; ή2=0,072).
Verificamos mais uma vez que esta diferença entre os grupos tem uma significância
prática muito reduzida.
18,067
ή2= = 0,072
252,400

Uma vez que a homogeneidade das variâncias não foi verificada, para averiguar
entre que grupos existem diferenças estatisticamente significativas, recorremos ao Teste
de Games Howell.

88
Tabela F.2.6. Comparação entre os grupos da Atribuição de Culpa na situação de
prejuízo.

(I) Perspectiva do sujeito (J) Mean Difference Std. Error S


95% Confidence Interval

Perspectiva (I-J) ig. Lower Bound Upper Bound

do sujeito

-,033 ,485 ,
-1,20 1,13
Residente
997
Turista
-,967* ,382 ,
-1,89 -,04
Neutro
039

,033 ,485 ,
-1,13 1,20
Turista
997
Residente
-,933 ,397 ,
-1,90 ,03
Neutro
059

,967* ,382 ,
,04 1,89
Turista
039
Neutro
,933 ,397 ,
-,03 1,90
Residente
059

*. The mean difference is significant at the 0.05 level.

Os resultados do Teste de Games Howell mostram que existem diferenças


estatisticamente significativas na atribuição de culpa entre a perspetiva de “Turista” e a
perspetiva “Neutro” (p=0,039). O gráfico seguinte evidência que a mediana da culpa
atribuída no grupo “Neutro” é superior à mediana da culpa atribuída pelos participantes
da perspetiva do “Turista”.

O gráfico abaixo, revela também que a dispersão do grupo “Turista” é muito


superior à dispersão do grupo “Neutro”, o que justifica a heterogeneidade das variâncias.

Gráfico F.2.7. Mediana da atribuição de Culpa na situação de prejuízo nos três grupos.

89
F.2.8. Tabela da análise descritiva da atribuição de culpa para os três grupos

Descriptives

Stati Std.
Perspectiva do sujeito stic Error

Atribuição de Culpa na Turista Mean 5,47 ,335


situação de Prejuízo 95% Confidence Lower
4,78
Interval for Mean Bound

Upper
6,15
Bound

5% Trimmed Mean 5,63

Median 6,00

Variance 3,36
1

Std. Deviation 1,83


3

Minimum 1

Maximum 7

Range 6

Interquartile Range 3

Skewness -
1,22 ,427
0

Kurtosis ,655 ,833

Reside Mean 5,50 ,352


nte 95% Confidence Lower
4,78
Interval for Mean Bound

Upper
6,22
Bound

5% Trimmed Mean 5,65

Median 6,00

Variance 3,70
7

Std. Deviation 1,92


5

Minimum 1

Maximum 7

Range 6

Interquartile Range 3

90
Skewness -
1,14 ,427
9

Kurtosis -,115 ,833

Neutro Mean 6,43 ,184

95% Confidence Lower


6,06
Interval for Mean Bound

Upper
6,81
Bound

5% Trimmed Mean 6,56

Median 7,00

Variance 1,01
3

Std. Deviation 1,00


6

Minimum 3

Maximum 7

Range 4

Interquartile Range 1

Skewness -
1,87 ,427
1

Kurtosis 3,37
,833
8

F.2.9. Tabela da análise fatorial da atribuição de culpa para os três grupos


na situação de Prejuízo

91
F.3. Julgamento de intencionalidade na situação de ajuda ao ambiente

No que concerne ao pressuposto da normalidade, o Teste Shapiro-Wilk mostra


que, mais uma vez, nenhum dos grupos segue uma Distribuição Normal (Turista: W (30)
=0,871; p=0,002 | Residente: W (30) =0,914; p=0,019 | Neutro: W (30) =0,866; p=0,001).

Tabela F.3.1. Análise da normalidade do julgamento de intencionalidade na situação de ajuda ao ambiente.


. Perspectiva do Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk
sujeito
Statistic d Sig. S d
f Statistic f Sig.
,203 3 ,003 , 3 ,
Turista
0 871 0 002
Ajudou intencionalmente ,153 3 ,070 , 3 ,
Residente 0 914 0 019
na situação de Ajuda
,172 3 ,023 , 3 ,
Neutro 0 866 0 001
*. This is a lower bound of the true significance.
a. Lilliefors Significance Correction

Recorremos mais uma vez às medidas de forma para averiguar até que ponto a
distribuição das variáveis se distancia da Distribuição Normal, não tendo sido encontrado
nenhum valor além dos limites já mencionados (Marôco, 2021).

Tabela F.3.2. Análise da assimetria e curtose do julgamento de intencionalidade na situação de ajuda.

Turista Residente Neutro


Simetria Achatamento Simetria Achatamento Simetria Achatamento
0,513 -1,011 0,196 -0,757 -0,410 -1,250

Assim, consideramos como validado o pressuposto da Normalidade para estas


variáveis.
Verificamos em seguida o pressuposto da homogeneidade de variâncias com
recurso ao Teste de Levene.

Tabela F.3.3. Análise da homogeneidade das variâncias do julgamento de intencionalidade na situação de ajuda.

Test of Homogeneity of Variance

Levene Statistic d d Sig.

f1 f2

1,202 2 8 ,306
Based on Mean
7

Ajudou intencionalmente ,818 2 8 ,445


Based on Median
na situação de Ajuda 7

Based on Median ,818 2 8 ,445

and with adjusted df 4,616

92
Based on trimmed 1,143 2 8 ,324

mean 7

O resultado mostra que as variâncias dos três grupos são homogéneas (F (2;87)
=0,818; p=0,445).

Tendo validado todos os pressupostos, passamos à apresentação dos resultados da


ANOVA one-way para comparar das médias da intencionalidade atribuída pelos três
grupos em estudo.

Tabela F.3.4. Comparação das médias entre os grupos, do julgamento de intencionalidade na


situação de ajuda.

Sum of Squares df Mean Square F Sig.

Between Groups 25,156 2 12,578 3,040 ,053

360,000 8 4,138
Within Groups
7

385,156 8
Total
9

Os resultados mostram que não existem diferenças estatisticamente significativas


entre os grupos em estudo (F (2;87) =3,040; p=0,053; ή2=0,065). Verificamos, no entanto,
um nível de significância prática muito reduzido.
25,156
ή2= = 0,065
385,156

O gráfico abaixo denuncia que o grau de intencionalidade atribuído pelo grupo da


perspetiva “Neutra” parece ser superior à dos restantes grupos, muito embora esta
diferença não seja estatisticamente relevante.

93
Gráfico F.3.5. Mediana do julgamento de intencionalidade na situação de ajuda, nos três grupos.

Tabela F.3.6. Fatorial do julgamento de intencionalidade na situação


de ajuda, nos três grupos

Tukey HSDa

Subset for alpha = 0.05

Perspectiva do sujeito N 1 2

Turista 30 3,07
Residente 30 3,47 3,47
Neutro 30 4,33
Sig. ,727 ,230

Means for groups in homogeneous subsets are displayed.


a. Uses Harmonic Mean Sample Size = 30,000.

F.3.7. Tabela da análise descritiva do julgamento da intencionalidade para a ajuda nos três grupos.

Descriptives

Statis Std.
Perspectiva do sujeito tic Error

Julgamento de intencionalidade na Turista Mean 3,07 ,365


situação de Ajuda 95% Confidence Interval Lower
2,32
for Mean Bound

94
Upper
3,81
Bound

5% Trimmed Mean 2,96

Median 2,50

Variance 3,995

Std. Deviation 1,999

Minimum 1

Maximum 7

Range 6

Interquartile Range 4

Skewness ,513 ,427

Kurtosis -
,833
1,011

Resident Mean 3,47 ,338


e 95% Confidence Interval Lower
2,78
for Mean Bound

Upper
4,16
Bound

5% Trimmed Mean 3,41

Median 4,00

Variance 3,430

Std. Deviation 1,852

Minimum 1

Maximum 7

Range 6

Interquartile Range 3

Skewness ,196 ,427

Kurtosis -,757 ,833

Neutro Mean 4,33 ,408


95% Confidence Interval Lower
3,50
for Mean Bound

Upper
5,17
Bound

5% Trimmed Mean 4,37

Median 5,00

Variance 4,989

Std. Deviation 2,233

Minimum 1

Maximum 7

95
Range 6

Interquartile Range 4

Skewness -,410 ,427

Kurtosis -
,833
1,250

F.3.8. Tabela de tabulação cruzada – Elogio e Intencionalidade

96
F.4. Julgamento de intencionalidade na situação de prejuízo do ambiente

Relativamente ao pressuposto da normalidade, o Teste Shapiro-Wilk mostra que,


mais uma vez, nenhum dos grupos segue uma Distribuição Normal (Turista: W (30)
=0,861; p=0,001 | Residente: W (30) =0,731; p=0,000 | Neutro: W (30) =0,726; p=0,000).

Tabela F.4.1. Análise da normalidade do julgamento de intencionalidade na situação de prejuízo do ambiente.

Perspectiva do Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk


sujeito Statistic d Sig. S d S
f Statistic f Sig.
,190 3 ,007 , 3 ,
Turista
0 861 0 001
Prejudicou intencionalmente
,287 3 ,000 , 3 ,
na situação de Residente
0 731 0 000
prejuizo
,287 3 ,000 , 3 ,
Neutro
0 726 0 000
*. This is a lower bound of the true significance.
a. Lilliefors Significance Correction

Recorremos, novamente, às medidas de forma para averiguar até que ponto a


distribuição das variáveis se distancia da Distribuição Normal, não tendo sido encontrado
nenhum valor além dos limites já mencionados (Marôco, 2021).
Assim, consideramos como validado o pressuposto da Normalidade para estas
variáveis.
Tabela F.4.2. Análise da assimetria e curtose do julgamento de intencionalidade na situação de prejuízo
do ambiente
Turista Residente Neutro

Simetria Achatamento Simetria Achatamento Simetria Achatamento

-0,729 -0,606 -1,581 1,837 -1,779 3,124

.
Verificamos em seguida o pressuposto da homogeneidade de variâncias com recurso ao
Teste de Levene.

Tabela F.4.3. Análise da homogeneidade das variâncias do julgamento de intencionalidade, na situação de


prejuízo do ambiente.

Test of Homogeneity of Variance

Levene Statistic df df Sig.

1 2

Based on Mean 1,955 2 87 ,148

Based on Median 1,474 2 87 ,235


Prejudicou intencionalmente na
Based on Median and 1,474 2 81 ,235
situação de Prejuízo
with adjusted df ,969

Based on trimmed mean 2,140 2 87 ,124

97
O resultado mostra que as variâncias dos três grupos são homogéneas (F (2;87)
=1,474; p=0,235).
Tendo validado todos os pressupostos, passamos à apresentação dos resultados da
ANOVA one-way para comparar das médias da intencionalidade atribuída pelos três
grupos em análise.

Tabela F.4.4. Comparação das médias entre os grupos, do julgamento de intencionalidade na


situação de prejuízo do ambiente.

ANOVA

Prejudicou intencionalmente na situação de Prejuízo

Sum of Squares df Mean Square F Sig.

Between Groups 16,267 2 8,133 2,647 ,077

Within Groups 267,333 87 3,073

Total 283,600 89

Os resultados mostram que não existem diferenças estatisticamente significativas


entre os grupos em estudo (F (2;87) =2,647; p=0,077; ή2=0,057). Verificamos, no entanto,
um nível de significância prática muito baixo.
16,267
ή2= = 0,057
283,600

O gráfico abaixo mostra que o grau de intencionalidade atribuído é elevado nos


três grupos.

Gráfico F.4.5. Mediana do julgamento de intencionalidade na situação de prejuízo do ambiente, nos três grupos.

98
F.4.6. Tabela de análise fatorial situação de prejuízo do ambiente

Tukey HSDa julgamento de intencionalidade -


prejuizo

Subset
for alpha
= 0.05

Perspectiva do sujeito N 1

Turista 30 5,00
Residente 30 5,87
Neutro 30 5,93
Sig. ,104

Means for groups in homogeneous ubsets


are displayed.
a. Uses Harmonic Mean Sample Size =
30,000.

F.4.7. Tabela de análise descritiva para a situação de prejuízo do ambiente

Descriptives

Statisti Std.
Perspectiva do sujeito c Error

Julgamento de Turista Mean 5,00 ,368


intencionalidade na 95% Confidence Lower
4,25
situação de Prejuízo Interval for Mean Bound

Upper
5,75
Bound

5% Trimmed Mean 5,11

Median 5,50

Variance 4,069

Std. Deviation 2,017

Minimum 1

Maximum 7

Range 6

Interquartile Range 3

Skewness -,729 ,427

Kurtosis -,606 ,833

Residente Mean 5,87 ,302

95% Confidence Lower


5,25
Interval for Mean Bound

99
Upper
6,48
Bound

5% Trimmed Mean 6,06

Median 7,00

Variance 2,740

Std. Deviation 1,655

Minimum 1

Maximum 7

Range 6

Interquartile Range 2

Skewness -1,581 ,427

Kurtosis 1,837 ,833

Neutro Mean 5,93 ,283

95% Confidence Lower


5,35
Interval for Mean Bound

Upper
6,51
Bound

5% Trimmed Mean 6,13

Median 7,00

Variance 2,409

Std. Deviation 1,552

Minimum 1

Maximum 7

Range 6

Interquartile Range 2

Skewness -1,779 ,427

Kurtosis 3,124 ,833

100
F.4.8. Tabela de tabulação cruzada – Culpa e Intencionalidade

101
G. Pensamentos Contrafactuais produzidos
G.1. Tabelas dos contrafactuais produzidos nos três grupos.

Nota:
Como foi referido anteriormente, as respostas em cinza foram eliminadas da análise por
não serem pensamentos contrafactuais e as respostas em amarelo foram eliminadas da
análise, para igualar a dimensão da amostra nos três grupos. Resultando em: N= 156
(Turista = 52, Residente = 52 e Neutro = 52).

G.1. Tabelas dos contrafactuais produzidos nos três grupos Turista, Residente e Neutro nas duas situações: Prejuízo
ao Ambiente e Ajuda ao Ambiente utilizadas no acordo inter-juízes.

TURISTA – Cenário de Prejuízo do ambiente TURISTA – Cenário de Ajuda ao ambiente

1 - Se o presidente tivesse obtido fundos para a 1 - Se o presidente não tivesse preocupações


preservação do ambiente então não teria havido ambientais então haveria um grande prejuízo
tantos danos para o ambiente e para o turismo. para o turismo

2 - Se o local tinha potencial turístico para ser 2 - Se o investimento tivesse sido feito para ampliar o turismo da
ampliado e explorado, então destruir esse potencial região, ao invés de feito na exploração de lítio, então o retorno
por ganhos no curto prazo, que não poderão ser em empregos e renda seria duradouro e não haveria
mantidos permanentemente, é um péssimo negócio. necessidade de causar degradação ao meio ambiente.

3 - Se as medidas tivessem sido tomadas com maior 3 - Se não existir lítio, então o ambiente foi prejudicado sem
planeamento então o ambiente não seria prejudicado necessidade

4 - Se houvesse mais dinheiro então o presidente 4 - Se a análise de impacto ambiental tivesse sido realizada de
poderia garantir menos impacto ambiental? forma consciente então poderiam ter optado por escolher outra
zona que não tivesse as consequências indesejadas
5 - Se tivessem contemplado o efeito nocivo no 5 – Se a decisão tomada pelo Presidente foi validada pelos
ambiente, o ambiente teria sido respeitado moradores, então estavam todos conscientes dos riscos
ambientais.
6 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado 6 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado teria
teria sido… Não explorar o lítio. sido…Não explorar o lítio.

7 - Se estudasse mais a situação… então triunfaria 7 - Se te esforças então os resultados são o esperado.

8 – Se o desmatamento afeta o turismo, então de 8 – Se a floresta é algo muito importante para o planeta e para a
nenhuma forma o desmatamento deveria ocorrer. humanidade, então de nenhuma forma deve ocorrer o
desmatamento.
9 - Se o presidente tivesse pensado que um lugar tão 9 - Se não fosse afetar tanto o meio ambiente, então a
lindo poderia render muito mais dinheiro a longo exploração do local poderia ser mais viável.
prazo com turismo, então ele não se sentiria tão
culpado de ter destruído a paisagem que as gerações
futuras não poderão desfrutar.

10 - Se não tivesse explorado o lítio, então teria tido 10 - Se não tivesse encontrado o lítio, então o ambiente teria
um jeito de criar postos de trabalho permanentes e sido ajudado ainda mais.
render mais lucro no final para Vale Formoso.

11 - Se o Governo tivesse interesse em impedir um 11 - Se a atividade turística fosse mais bem explorada e rendesse
impacto maior ao meio ambiente, então teria bom retorno para a comunidade, então não haveria interesse
arrumado uma forma de conseguir o dinheiro, talvez em gerar uma nova fonte de renda que degradaria o meio
por meio de parcerias público-privado ou reduzindo os ambiente.
investimentos em uma área menos estratégica.

102
12 - Se é um local com potencial turístico, então 12 - Se não haverá mais turismo, então os empregos criados na
poder-se-ia incentivar e criar empregos no setor verdade apenas migraram de setor, não sendo criado maior
turístico preservando o meio ambiente. número de empregos efetivamente.

13 – Se o Presidente teve boas intenções, mas as 13 – Se não se consegue remediar todos os problemas
coisas não saíram como esperado, então deveria ter decorrentes, as boas intenções não vão ajudar muito.
parado a obra.

14 - Há lugares que deveriam ser intocáveis. Quando 14 - Se há lugares na natureza que nenhum projeto pode
não se sabe como reconstruí-los, não se deve destruí- reconstruir... então não se decide de qualquer maneira.
los.

15 - Se a intenção foi boa e o resultado parece não ter 15 - Se o Presidente procurasse ajuda, então não teria que
sido o desejado nem muito bom para o turismo, então decidir sozinho sobre a reconstrução do meio ambiente
faltou mais estudos sobre o projeto.

TURISTA NEGATIVO -TINV TURISTA POSITIVO – TINV

1 - Se não tivesse assinado o projeto então não teria 1 - Se o Presidente não tivesse ajudado o ambiente então teria
destruído o ambiente. sido destruído.

2 - Se as pessoas se preocupassem mais com a forma 2 - “Se as pessoas se preocupassem mais com a forma de lidar
de lidar com o meio ambiente, respeitando-o e com o meio ambiente, respeitando-o e mantendo o máximo de
mantendo o máximo de cuidado, então não haveria cuidado, então não haveria tanto desastre natural, assim como
tanto desastre natural, assim como não haveria não haveria também danos para as próximas gerações”. Pra
também danos para as próximas gerações. Pra mim os mim os fins não justificam os meios.
fins não justificam os meios.

3 - Se o presidente tivesse lido o relatório de impacto 3 - Se o presidente não fosse cuidadoso com o ambiente, então
para os moradores, então talvez o seu parecer fosse não queria saber as consequências para o mesmo.
negativo.

4 - Se o Presidente tivesse pensado em termos 4 - Se o Presidente quisesse minimizar a destruição das áreas
ambientais, então não teria assinado esse contrato de florestais com adoção de medidas de recuperação ambiental e
concessão. paisagística, então não teria assinado essa concessão.

5 - Se o presidente tivesse pensado em outras 5 - Se o presidente não pensasse de forma nenhuma no


alternativas, o resultado teria sido diferente. ambiente, então não teria adotado medidas de recuperação
ambiental.
6 - Se o tal presidente não tivesse aprovado o projeto 6 - Se o presidente não tivesse adotado as tais medidas de
do lítio não teria danificado o meio ambiente, recuperação ambiental o dano seria muito maior para o seu
causando riscos à saúde da população que governa. povo.

7 - Se existisse melhor conhecimento da parte da 7 - Se existir conhecimento, então a gestão pode trazer algum
comunidade e do Presidente, então a gestão do benefício
processo seria outra.

8 - Se o Presidente tivesse, antes da tomada de 8 - Se com a exploração do lítio não tivesse havido a
decisão na exploração de lítio, acautelado medidas de preocupação da manutenção da zona envolvente, então ter-se-
salvaguarda para obtenção de alguns direitos e ia assistido a uma destruição irreparável.
consequentemente alguma receita, então teria uma
atitude proativa não deixando o ambiente ficar
prejudicado.

9 - Se fosse feito uma avaliação de custo benefício, 9 - Se não tivesse sido feito uma recuperação ambiental o
talvez o resultado fosse diferente. resultado poderia ser bem pior.

10 - Se todos temos responsabilidades sobre nós e 10 – Se vidas são postas em situação de risco, então não se faz
sobre o outro e o meio ambiente, então o ambiente concessão de qualquer espécie.
teria que ser cuidado.

11 - Se não tivesse ocorrido a exploração do lítio a 11 - Se tivesse tomado as medidas adequadas o meio ambiente
natureza então não teria sido destruída porque o seria afetado de forma diferente, mas ainda assim seria afetado.

103
Presidente nada fez para garantir a conservação da
natureza.

12 - Se tivesse planeado melhor com base nos estudos, 12 - Se houver bom planeamento para fazer algo, então
teria alcançado os objetivos sem causar tantos danos colhemos resultados positivos e / ou satisfatórios.
ao ambiente.

13 - Se o presidente pensasse primeiro no meio 13 - Se o presidente destrói o meio ambiente para gerar
ambiente, ele teria feito diferente. emprego para a população, então ele tem a obrigação de tomar
medidas para repara os danos causados.

14 - Se o Presidente não tivesse desprezado a opinião 14 - Se o Presidente não tivesse os empregos como o seu
dos trabalhadores no turismo, não os teria prejudicado principal objetivo, então teria avaliado melhor as consequências.
da forma como os prejudicou e nem também ao
ambiente.

15 - Se o ambiente não foi recuperado como previsto, 15 - Se a falta de investimento no turismo for colmatada pela
então Vale Formoso perderá o ambiente e o turismo. exploração do lítio na região, então o projeto poderá recuperar
o ambiente e investir no turismo.

RESIDENTE NEGATIVO - R RESIDENTE NEGATIVO - R


1 – Se com os poucos dados apresentados pouco 1 - Se o bem-estar da população de Vale Formoso passasse bem
sabemos sobre a real situação económica da sem que se concedesse a exploração do lítio de Vale Formoso
comunidade de Vale Formoso, então, pouco sabemos então o melhor era não o fazer.
da capacidade de gestão e sensibilidade ecológica do
seu presidente.
2 - Se o presidente tivesse esperado para verificar 2 - Se não tivesse ocorrido a exploração do Lítio não teria havido
alguma forma de arrecadar dinheiro, o ambiente não nenhum impacto negativo no ambiente e embora esta
teria sido tão prejudicado. exploração tenha criado postos de emprego, também afetou as
atividades turísticas o que provavelmente custou o emprego das
pessoas nessa área.
3 - Se houvesse uma política diferente podaríamos ter 3 - Se algo tivesse sido diferente o resultado podia ser muito
melhores resultados ambientais pior
4 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado 4 – Se algo tivesse sido diferente, então primeiro o Presidente
teria sido…deixar a comunidade se pronunciar consultava a comunidade depois assinava ou não assinava.
5 – Se quando as coisas correm mal, temos a tendência 5 – Há um lado positivo e outro negativo. A exploração trouxe
de culpar os governantes, então cada um deve ter trabalho às pessoas, mas também trouxe a destruição do meio
consciência da preservação da natureza ambiente. Se estamos vivendo numa altura de muita
degradação do ambiente de um modo geral, então o melhor
seria a preservação do meio ambiente em Vale Formoso.
6 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado 6 – Se escolhesse outra atividade para assim abrir mais e mais
teria sido…bom para toda a comunidade postos de trabalho, então o ambiente seria preservado.
7 - Se a assinatura de um contrato de concessão para a 7 - "Se o Presidente de Vale Formoso tivesse decidido não
exploração de lítio não criasse cerca de 370 postos de assinar o contrato de concessão para a exploração de lítio, então
trabalho com mão de obra local, até 2021, então o aí é que teria ajudado verdadeiramente o ambiente".
Presidente não teria considerado assiná-lo.
8 - Se tivesse pensado no meio ambiente então não 8 - Se tivesse pensado em ajudar o meio ambiente, então não
teria de prejudicá-lo. teria de prejudicá-lo.
9 - Se o presidente angariasse dinheiro suficiente para 9 - Se não tivesse sido avaliado o impacto ambiental da
a recuperação ambiental, poderia então avançar para exploração de lítio então a sua recuperação não teria sido
a exploração de lítio possível.
10 - Se o presidente investir bem na preservação, 10 - Se o presidente explorar uma menor quantidade de lítio,
então o impacto negativo para o turismo será baixo. então o impacto será menor na natureza.
11 - Se agíssemos todos de modo amoroso com o 11 - Se agíssemos todos de modo amoroso com o meio
meio ambiente, então a história da humanidade seria ambiente e o planeta, então a história da humanidade seria
outra. outra.
12 -Se em nome da economia ou da ganância, é o meio 12 -Se diferente tivesse sido o resultado, poderia ser maior o
ambiente que mais sofre com a ação do homem, então desastre ambiental, a degradação das reservas naturais, a
estamos destruindo a nossa própria casa. exploração da mão de obra, o enriquecimento de uns e miséria
de outros.

104
13 - Se o Presidente não procurou ajuda antes de 13 - Se o Presidente procurasse estudar formas de prevenir a
decidir sobre a reconstrução do meio ambiente, então degradação do ambiente antes de decidir sobre a reconstrução
foi um mau gestor do problema. do ambiente, seria bem melhor.
14 - Se o Presidente não se ateve às consequências da 14 - Se as consequências seriam negativas para o turismo local,
sua decisão, então os resultados foram os piores para então era estudar um pouco mais o projeto antes de assiná-lo
Vale Formoso
15- Se houvesse mais incentivo às atividades turísticas, 15- Se as atividades turísticas na comunidade foram retomadas
a comunidade não aderia tão facilmente à exploração após a exploração, isto significa que os objetivos foram
do lítio como fez. conseguidos, pois aumentaram os postos de trabalho na região.
RESIDENTE NEGATIVO - INV RESIDENTE POSITIVO - INV
1 - "Se o presidente investisse no turismo natural, 1 - "Se ele tivesse alguma intenção em preservar as belezas
então não seria necessário a exploração do solo para naturais do lugar, então teria procurado maneiras
retirada de lítio" ecologicamente corretas para a exploração do minério".
2 - Se algo tivesse sido feito de forma diferente, então 2 - Se algo ruim não aconteceu, foi porque algo bom foi feito.
o resultado teria sido diferente, também.
3 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado 3 – Se esta forma foi a mais correta de se explorar o lítio, então
teria sido positivo para o ambiente. o meio ambiente foi tratado da forma correta.
4 - Creio que se toda escolha, está diretamente ligada 4 - Ao fazer a escolha, pela situação econômica da localidade, se
ao entendimento intelecto-moral do momento em que ele o presidente abdicou da questão ambiental em favor da
se encontra o ser, então as suas escolhas “boas” ou económica, favorecendo desse modo uma parte ínfima para a
“más”, serão influenciadas pela compreensão que ele mesma, em detrimento da econômica, dessa forma ao meu ver
tenha do momento. Então mesmo quando a intenção então ele fez uma escolha limitada e emergencial diante a
é justa ele poderá promover erros intencionalmente condição ambiental.
querendo acertar.
5 - Se pensassem mais no meio ambiente ele não teria 5 – Se pensarmos que não é uma decisão fácil empregar mais
sido degradado. Mesmo que tenha gerado empregos a cidadãos e preservar o meio ambiente, diremos então que o
um grande número de pessoas, o local da extração foi Presidente decidiu porque tinha um bom motivo e então optou
destruído. Se o projeto fosse sustentável, o resultado pela redução dos danos, mas isso não justifica a precipitação da
teria sido diferente. escolha.
6 - Se são responsáveis as pessoas com maior poder e 6 – Se fazer o que é certo para si e para sociedade sobretudo em
todos temos responsabilidades no que se refere à um determinado cargo não é mais do que a obrigação, então se
sociedade como um todo, então ninguém pode agir cumpriu uma obrigação.
sozinho como parece que agiu o Presidente.
7 - Se o presidente se importasse com o meio 7 - Se o presidente investisse em turismo, então não precisaria
ambiente, então nem teria considerado a proposta de degradar para gerar emprego.
não reconstruir a paisagem.
8 - Se o projeto fosse adiado, a fim de reunir fundos 8 - Se o presidente tivesse pensado em um cenário "ganha-
suficientes para minimizar os danos, então os ganha", e tomado as medidas cabíveis, então o resultado seria
resultados teriam sido diferentes. diferente.
9 - Se o presidente não tivesse liberado a exploração 9 – Se o Presidente colaborou para a exploração não sustentável
mineral o vale continuaria a ser o vale formoso, e não de vale formoso, então não ajudou muito o ambiente.
teriam os impactos ambientais gerados pela visão
capitalista não sustentável.
10 - Se o Presidente de Vale Formoso não tivesse 10 - O Presidente de Vale Formoso autorizou a concessão
aprovado a concessão, então o meio ambiente não adotando medidas de recuperação do meio ambiente, então o
seria afetado. meio ambiente foi ajudado.
11 - Se as coisas forem feitas de forma ruim, então o 11 - Mesmo sabendo dos riscos houve empenho para minimizar
resultado será negativo. a degradação do meio ambiente.
12 - Se não tivessem explorado o lítio, então 12 - Se não tivessem tomado medidas de minimização dos
poderiam criar empregos através do turismo. impactos ambientais, o turismo seria prejudicado.
13 - Se tivesse aberto o diálogo com a população teria 13 - Se o presidente tivesse pedido a opinião da população
sido diferente então poderiam buscar outras soluções. População tem que ser
ouvida.
14 - Se ao liberar a exploração gerou empregos 14 - Se a exploração gerasse empregos temporários sem danos
temporários com danos permanentes ao ambiente e permanentes ao ambiente e mantivesse às atividades turísticas,
às atividades turísticas. então menos seria mais! então seria melhor para todos.
15 – Se algo tivesse sido diferente, então seria algo 15 - Se a comunidade concordou em destruir e depois
como por exemplo uma maior consciência ecológica reconstruir, então talvez tenha lhe faltado a visão da
de toda a comunidade importância da paisagem natural.
NEUTRO NEGATIVO - N NEUTRO POSITIVO - N

105
1 - Se devemos explorar todos os recursos naturais 1 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado teria
com responsabilidade então também devemos adotar sido…Um desastre para o ambiente
todas as medidas para não destruirmos o meio
ambiente.
2 -Se algo tivesse sido diferente... Não teria exploração 2 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado teria
do trabalho e degradação do meio ambiente em prol sido…"Não a mina, sim a vida"
da riqueza chinesa e americana.
3 -Se o presidente tivesse tomado às medidas de 3 - Se não tivesse ocorrido a concessão para exploração do
proteção ambiental, então o risco da degradação do ambiente, então teríamos 370 pessoas no desemprego.
ambiente seria menor.
4 -Se não há dinheiro então a obra não deve avançar! 4 - Se não tivesse havido a preocupação de minimizar os riscos
sobre o meio ambiente o resultado seria diferente, no que
ficaria o ambiente e paisagem prejudicados... ou seja em muito
mau estado... para se efetuar qualquer obra deste género, deve
ser feito sempre primeiro um estudo ambiental!
5 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado 5 -Se algo tivesse sido diferente, então o resultado teria
teria sido… mais investimento no turismo local. sido…Diferente e pior para Vale Formoso.
6 - Se o presidente não dá a mínima para o fator 6 – Se não se pode ao mesmo tempo explorar o lítio e preservar
turístico e ambiental do vale do formoso, então ele só as belezas naturais, então uma atividade inviabiliza a outra.
pensa no que vai arrecadar sem se preocupar com o
resto.
7 - Se não tivesse assinado o contrato de concessão, 7- Se não tivessem feito o estudo sobre a exploração mineral,
então não teria prejudicado o meio ambiente. então não teriam novos postos de trabalho e não afetaria o
meio ambiente.
8 - Como algo não foi feito diferente então Vale 8 - Se algo tivesse sido diferente, então o resultado teria
Formoso foi destruído. sido…Vale Formoso teria ficado destruído.
9 - Se tivesse proposto ações de voluntariado, então 9 - Se o presidente tivesse agido adequadamente então todos
não seria preciso recorrer a fundos monetários. teríamos ficado satisfeitos
10 - Se o Presidente tivesse preocupação pelo meio 10 - Se beneficiássemos o meio ambiente na totalidade, então
ambiente, então tentava criar um equilíbrio para a iriam existir menos empregos na zona.
situação.
11 - Se a preservação do meio ambiente tivesse valor 11 - Se o presidente tivesse a consciência do meio ambiente o
de mercado, então não haveria destruição. impacto não teria acontecido ao ambiente.
12 - Se o ar que respiramos vem da natureza… então 12 -Se tivesse pensado antes na natureza… não haveria o que
preservar o meio-ambiente é mais importante do que reconstruir.
o dinheiro.
13 - Deve haver sempre primeiro um estudo 13 - Se não tivesse havido a preocupação de minimizar os riscos
ambiental... se não há dinheiro a obra não deve sobre o meio ambiente o resultado seria diferente e ficariam o
avançar! ambiente e a paisagem prejudicados...
14 -Se tivesse capital para cuidar do meio ambiente, 14-Se o presidente não tivesse se preocupado com o meio
então a recuperação poderia ser realizada de forma ambiente, mas apenas com o fator geração de empregos, então
eficaz. toda a área passaria por uma situação crítica.
15 -Se o presidente realmente se preocupasse com o 15-Se o presidente não tivesse explorado o mineral, a natureza
bem dos cidadãos, a paisagem seria preservada. não teria depredada.
NEUTRO NEGATIVO - INV NEUTRO POSITIVO - INV
1 - Se tivesse dinheiro para a recuperação do meio 1 - Se o presidente não tivesse adotado medidas de controle do
ambiente então seria diferente meio ambiente então todo o meio ambiente seria degradado.
2 - Se não foi minimizada a avaliação e os 2 –A boa intenção em realizar uma Tarefa, deve levar em Conta,
desdobramentos dos riscos envolvidos então não os riscos colaterais e tomar medidas para minimizá-los ou tomar
adiantou a boa intenção em realizar uma tarefa atitudes corretivas adequadas. Ele fez isso!
3 - Se houvesse o dinheiro necessário para minimizar o 3 - Com a visão holística do Todo, o Presidente conseguiu gerar
dano ao meio ambiente, talvez fosse possível trabalhar os empregos e minimizou ao máximo os danos ao meio-
nas duas frentes: gerar os empregos e cuidar do Meio- ambiente, adotando as medidas necessárias para sua
Ambiente! recuperação! Teve dinheiro à sua disposição!
4 - Se o povo e o presidente ponderassem melhor, 4 - Acredito que se tomou medidas depois de analisar bem a
então poderiam ter arranjado outra forma de levantar situação, então o projeto deu certo e não afetou o meio
fundos para a cidade. ambiente.
5- Se tivesse explorado outro tipo de recursos que 5 - Se recorrer a outras alternativas, então o impacto no meio
tivessem em conta o meio ambiente, então não teria ambiente será sempre menor uma vez que a exploração do lítio
como resultado a destruição do meio ambiente tão é sempre prejudicial ao meio ambiente.
importante para o equilíbrio da nossa biodiversidade e
sobrevivência.

106
6 - Se o presidente pensasse globalmente, o resultado 6 - Se o presidente tivesse mais verba talvez o resultado não
seria diferente. fosse tão danoso para o meio ambiente.
7 - Se tivesse melhor consciência ecológica, não 7 - Se tivesse analisado ao pormenor todas as consequências
tomaria tal decisão. ambientais a longo prazo, ele não assinaria a concessão.
8 - Se o presidente exigisse que medidas para 8 - Se o presidente não tivesse tomado medidas de redução do
minimizar o impacto fossem tomadas, então o meio impacto no meio ambiente, então seria o ambiente gravemente
ambiente seria preservado afetado.
9 - Se não houvesse essa decisão política sócio 9 – Se as decisões precisam ser tomadas, então temos que
econômica sobre a extração desse elemento químico, tomar decisões fazendo o devido refinamento dessa decisão.
nada seria discutido, reavaliado ou medido.
10 - Se a escolha fosse diferente o meio ambiente teria 10 – Se a decisão do Presidente foi a de não defender o meio
sido preservado, mas a escolha foi para a degradação. ambiente, não buscar formas de minimizar os danos ambientais,
As nossas escolhas determinam o nosso futuro então o seu pensamento revela total omissão.
individualmente e coletivamente.
11 - Se o Presidente tivesse pensado em alternativas e 11 - Se o Presidente tivesse pensado alternativas e consultado a
consultado a comunidade, o resultado teria sido outro. comunidade, o resultado teria sido outro.

12 - Se o Presidente, quisesse o bem-estar do 12 - Se o presidente não tivesse usado os seus conhecimentos


ambiente e da população, deveria ter se preocupado ou tivesse pensado somente no lucro imediato, o ambiente e a
em executar um plano de recuperação. É muito fácil população teriam sofrido as consequências, mas sabendo da
chegar, explorar, destruir e lavar as mãos. importância da preservação e pensando nas melhorias
econômicas para a população, o resultado da sua atitude foi
louvável.
13 -Se o Presidente tivesse investido em um projeto de 13 - Se não houvesse a estratégia utilizada para reflorestamento
atividades turísticas, teria igualmente gerado da área afetada então os danos ao meio ambiente seriam piores
empregos para os moradores da região.
14 - Se os moradores parassem com as obras, então o 14 - Se o Presidente tivesse conhecimento sobre
presidente arranjaria uma solução/estratégia que Desenvolvimento Sustentável jamais aceitaria de bom grado o
fosse mais vantajosa, ou menos prejudicial ao meio resultado do estudo sobre impacto ambiental, então iria buscar
ambiente. outra alternativa para o desenvolvimento econômico da região.
15 - Se o estudo indicava degradação ambiental, então 15 - Mesmo não querendo afetar tanto a natureza, com a sua
o presidente deveria ter se negado a seguir com o decisão o Presidente acabou por afetar toda a cidade.
projeto.

107
G.1.1. Lista das codificações finais dos juízes (J1 e J2 e J3), para a análise no Kappa de Cohen.

108
G.1.2. tabela de tabulação cruzada do acordo inter juízes- K de Cohen.

Tabulação cruzada Juiz 1 - Estrutura * Juiz 2 - Estrutura

Juiz 2 - Estrutura

1 2 3 Total

Juiz 1 - Estrutura 1 Contagem 64 0 4 68

% em Juiz 1 - 94,1% 0,0% 5,9% 100,0%


Estrutura

% em Juiz 2 - 82,1% 0,0% 14,8% 43,6%


Estrutura

2 Contagem 4 50 0 54

% em Juiz 1 - 7,4% 92,6% 0,0% 100,0%


Estrutura

% em Juiz 2 - 5,1% 98,0% 0,0% 34,6%


Estrutura

3 Contagem 10 1 23 34

% em Juiz 1 - 29,4% 2,9% 67,6% 100,0%


Estrutura

% em Juiz 2 - 12,8% 2,0% 85,2% 21,8%


Estrutura
Total Contagem 78 51 27 156

% em Juiz 1 - 50,0% 32,7% 17,3% 100,0%


Estrutura

% em Juiz 2 - 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%


Estrutura

G.1.3. tabela de processamento de casos do acordo inter juízes- K de Cohen.

Resumo de processamento de casos

Casos

Válidos Omissos Total

Porcentage Porcentage Porcentage


N m N m N m

Juiz 1 - Estrutura * Juiz 156 100,0% 0 0,0% 156 100,0%


2 - Estrutura

109
G.1.4. tabela de medida de concordância do acordo inter juízes- K de Cohen.

Medidas Simétricas

Erro Padrão Significância


Valor Assintóticoa T Aproximadob Aproximada

Medida de concordância Kappa ,807 ,041 13,884 ,000


N de Casos Válidos 156

a. Não considerando a hipótese nula.


b. Uso de erro padrão assintótico considerando a hipótese nula.

G.2. Análise estatística dos pensamentos contrafactuais

G.2.1. tabela Descritiva dos Contrafactuais

Estatísticas

Estrutura Direção
Contrafactual Contrafactual

N Válido 156 156

Omisso 0 0
Média 1,67 1,33
Mínimo 1 1
Máximo 3 3

G.2.2. Tabela de Frequência da estrutura e da direção e dos Pensamentos Contrafactuais a ajuda e para o
prejuízo.

Estatísticas

Direção dos Estrutura dos Direção dos Estrutura dos


Contrafactuais Contrafactuais Contrafactuais Contrafactuais
para a ajuda para a ajuda para o prejuízo para o prejuízo

N Válido 78 78 78 78

Omisso 0 0 0 0
Mínimo 1 1 1 1
Máximo 3 3 3 3

110
G.2.3. Gráficos de distribuição dos contrafactuais

G.2.4. Tabela das médias da Estrutura e direção dos contrafactuais.

Descritivos

Estatístic Desvio
Juiz 2 - Estrutura a Padrão

Juiz 2 - Aditiva Média 1,04 ,038


Direção 95% de Intervalo de Limite inferior ,96
Confiança para Média Limite 1,12
superior

5% da média aparada 1,03

Mediana 1,00

Variância ,115

Erro Padrão ,340

Mínimo 0

Máximo 2

Amplitude 2

Amplitude interquartil 0

Assimetria ,670 ,272

Curtose 5,967 ,538

Subtrativa Média 1,55 ,076

95% de Intervalo de Limite inferior 1,40


Confiança para Média Limite 1,70
superior

111
5% da média aparada 1,58

Mediana 2,00

Variância ,293

Erro Padrão ,541

Mínimo 0

Máximo 2

Amplitude 2

Amplitude interquartil 1

Assimetria -,596 ,333

Curtose -,853 ,656

Substitutiv Média 1,30 ,090


a 95% de Intervalo de Limite inferior 1,11
Confiança para Média Limite 1,48
superior

5% da média aparada 1,27

Mediana 1,00

Variância ,217

Erro Padrão ,465

Mínimo 1

Máximo 2

Amplitude 1

Amplitude interquartil 1

Assimetria ,946 ,448

Curtose -1,201 ,872

112
G.2.5. Tabela de tabulação cruzada da Estrutura e direção dos contrafactuais

Tabulação cruzada Estrutura dos Contrafactuais para o resultado Positivo * Direção dos
Contrafactuais para o resultado Positivo * Perspectiva do Sujeito
% do Total

Direção dos Contrafactuais para o resultado


Positivo

indeterminad
Perspectiva do Sujeito Ascendente Descendente a Total

Turista Estrutura dos Aditiva 34,6 3,8 38,5


Contrafactuais para o Subtrativa 11,5 38,5 50,0
resultado Positivo Substitutiva 7,7 3,8 11,5

Total 53,8 46,2 100,0


Residente Estrutura dos Aditiva 50,0 3,8 53,8
Contrafactuais para o Subtrativa 7,7 11,5 19,2
resultado Positivo Substitutiva 11,5 15,4 26,9
Total 69,2 30,8 100,0
Neutro Estrutura dos Aditiva 23,1 3,8 3,8 30,8
Contrafactuais para o Subtrativa 15,4 26,9 3,8 46,2
resultado Positivo Substitutiva 11,5 11,5 23,1
Total 50,0 42,3 7,7 100,0
Total Estrutura dos Aditiva 35,9 3,8 1,3 41,0
Contrafactuais para o Subtrativa 11,5 25,6 1,3 38,5
resultado Positivo
Substitutiva 10,3 10,3 20,5

Total 57,7 39,7 2,6 100,0

G.2.6. Tabela de tabulação cruzada da Estrutura e direção dos contrafactuais para o resultado negativo

Tabulação cruzada Estrutura dos Contrafactuais para o resultado negativo * Direção dos
Contrafactuais para o resultado negativo * Perspectiva do Sujeito
% do Total

Direção dos Contrafactuais para o


resultado Negativo

indeterminad
Perspectiva do Sujeito Ascendente Descendente a Total

Turista Estrutura dos Aditivo 46,2 46,2


Contrafactuais para o Subtrativo 34,6 7,7 42,3
resultado Negativo Substitutiv 7,7 3,8 11,5
o

113
Total 88,5 11,5 100,0
Residente Estrutura dos Aditivo 38,5 38,5
Contrafactuais para o Subtrativo 15,4 11,5 26,9
resultado Negativo Substitutiv 30,8 3,8 34,6
o
Total 84,6 15,4 100,0
Neutro Estrutura dos Aditivo 46,2 7,7 53,8
Contrafactuais para o Subtrativo 11,5 11,5 23,1
resultado Negativo Substitutiv 23,1 23,1
o
Total 80,8 11,5 7,7 100,0
Total Estrutura dos Aditivo 43,6 2,6 46,2
Contrafactuais para o Subtrativo 20,5 10,3 30,8
resultado Negativo
Substitutiv 20,5 2,6 23,1
o

Total 84,6 12,8 2,6 100,0

H. Dados demográficos dos participantes

H.1. Análise descritiva

Estatísticas

Habilitações
Género Idade Profissão Literárias

N Válido 90 90 90 90

Omisso 0 0 0 0
Média 42,81
Variância 229,436
Mínimo 17
Máximo 77

H.1.1. Tabela de frequência - Género

Género

Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa

Válido Feminino 51 56,7 56,7 56,7

114
Masculino 39 43,3 43,3 100,0

Total 90 100,0 100,0

H.1.2. Gráfico de frequência - Género

H.1.3. Tabela de frequência - Idade

Idade

Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa

Válido 17 1 1,1 1,1 1,1

19 1 1,1 1,1 2,2

20 3 3,3 3,3 5,6

21 2 2,2 2,2 7,8

22 1 1,1 1,1 8,9

24 1 1,1 1,1 10,0

25 3 3,3 3,3 13,3

26 1 1,1 1,1 14,4

27 3 3,3 3,3 17,8

28 1 1,1 1,1 18,9

29 4 4,4 4,4 23,3

32 4 4,4 4,4 27,8

33 3 3,3 3,3 31,1

34 6 6,7 6,7 37,8

36 4 4,4 4,4 42,2

37 3 3,3 3,3 45,6

38 2 2,2 2,2 47,8

115
39 3 3,3 3,3 51,1

40 1 1,1 1,1 52,2

43 3 3,3 3,3 55,6

44 2 2,2 2,2 57,8

45 3 3,3 3,3 61,1

46 1 1,1 1,1 62,2

47 2 2,2 2,2 64,4

48 2 2,2 2,2 66,7

54 3 3,3 3,3 70,0

55 1 1,1 1,1 71,1

56 1 1,1 1,1 72,2

57 1 1,1 1,1 73,3

58 6 6,7 6,7 80,0

59 5 5,6 5,6 85,6

60 2 2,2 2,2 87,8

62 3 3,3 3,3 91,1

63 2 2,2 2,2 93,3

70 3 3,3 3,3 96,7

71 1 1,1 1,1 97,8

73 1 1,1 1,1 98,9

77 1 1,1 1,1 100,0

Total 90 100,0 100,0

H.1.4. Gráfico de frequência - Idade

116
H.1.5. Tabela de frequência - Profissão

Profissão

Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa

Válido Analista/dados 2 2,2 2,2 2,2

Artesã 2 2,2 2,2 4,4

Artista 2 2,2 2,2 6,7

Autónomo 1 1,1 1,1 7,8

Barbeiro 1 1,1 1,1 8,9

Cabeleireira 1 1,1 1,1 10,0

Cabelereiro 1 1,1 1,1 11,1

Call Center 1 1,1 1,1 12,2

Chef de cozinha 1 1,1 1,1 13,3

Consultora 2 2,2 2,2 15,6

Contabilista 1 1,1 1,1 16,7

Costureira 1 1,1 1,1 17,8

Decoradora 1 1,1 1,1 18,9

Desempregada 1 1,1 1,1 20,0

Dona de casa 1 1,1 1,1 21,1

Empilhador 1 1,1 1,1 22,2

Enfermeira 3 3,3 3,3 25,6

Eng.informátic 2 2,2 2,2 27,8

Engenheira 1 1,1 1,1 28,9

Engenheiro 5 5,6 5,6 34,4

Esteticista 2 2,2 2,2 36,7

Estivador 1 1,1 1,1 37,8

Estudante 14 15,6 15,6 53,3

Farmacêutico 1 1,1 1,1 54,4

Fotógrafa 1 1,1 1,1 55,6

Func. Pública 1 1,1 1,1 56,7

Func.Público 2 2,2 2,2 58,9

Gestor 1 1,1 1,1 60,0

Gestora 1 1,1 1,1 61,1

Gestora de HR 1 1,1 1,1 62,2

IC 1 1,1 1,1 63,3

117
Interprete 1 1,1 1,1 64,4

Mecanico 1 1,1 1,1 65,6

Médico 2 2,2 2,2 67,8

Músico 2 2,2 2,2 70,0

Pedagoga 1 1,1 1,1 71,1

Professor 4 4,4 4,4 75,6

Professora 5 5,6 5,6 81,1

Psicóloga 4 4,4 4,4 85,6

Publicitário 2 2,2 2,2 87,8

Redatora 1 1,1 1,1 88,9

Reformada 2 2,2 2,2 91,1

Reformado 1 1,1 1,1 92,2

Secretária 1 1,1 1,1 93,3

Socióloga 1 1,1 1,1 94,4

Tec. Int 1 1,1 1,1 95,6

Tec. Oficial 1 1,1 1,1 96,7

Terapeuta 2 2,2 2,2 98,9

Trab. Portuári 1 1,1 1,1 100,0

Total 90 100,0 100,0

H.1.6. Gráfico de frequência - Profissão

118
H.1.7. Tabela de frequência – Habilitações literárias

Habilitações Literárias

Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem válida acumulativa

Válido Ensino Obrigatório 6 6,7 6,7 6,7

Secundário/Equivalente 19 21,1 21,1 27,8

Licenciatura 44 48,9 48,9 76,7

Mestrado 16 17,8 17,8 94,4

Doutoramento 5 5,6 5,6 100,0

Total 90 100,0 100,0

H.1.8. Gráfico de frequência – Habilitações literárias

119
I. Defesa da Tese

I.1. Termo/Ata – Defesa de dissertação

120
I.2. Apresentação em: 12/07/2021 às 9h (por vídeo conferência)

121
122
123
124
125
126
Ata

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