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Apostila do Participante
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© SBDC 2019
Sumário
ASSESSMENT............................................................................................................ 4
Primeira impressão ..................................................................................................... 4
1
Mapa conceitual do comportamento saudável (MCCS) .......................................... 111
A estrutura do hábito ............................................................................................... 113
O Ciclo da Mudança e o Modelo Transteórico ........................................................ 116
O Ciclo da Mudança e suas 6 etapas...................................................................... 117
Pré-ponderação....................................................................................................... 119
Ponderação ............................................................................................................. 125
Planejamento ou determinação ............................................................................... 128
Ação ........................................................................................................................ 129
Manutenção............................................................................................................. 130
Conclusão ............................................................................................................... 131
O Ciclo da Mudança e os seus 9 processos ........................................................... 132
Tomada de Consciência .......................................................................................... 132
Libertação Social ..................................................................................................... 136
Alerta Emocional ..................................................................................................... 137
Autorreavaliação ..................................................................................................... 137
Compromisso .......................................................................................................... 138
Contracondicionamento .......................................................................................... 138
Controle Ambiental .................................................................................................. 142
Autorrecompensas .................................................................................................. 143
Relações de Ajuda .................................................................................................. 145
Intervenção para desenvolvimento de competências .............................................. 147
Técnica: Antibiótico ................................................................................................. 147
Técnica: Ensaio Mental ........................................................................................... 148
Teorias explicativas sobre Treinamento Mental ...................................................... 149
2
DECIFRANDO PESSOAS
3
ASSESSMENT
Primeira impressão1
Você nunca terá a segunda chance de fazer uma grande primeira impressão!
Uma série de experimentos dos psicólogos de Princeton Janine Willis e Alexander
Todorov revelam que tudo o que é preciso é um décimo de segundo para formar uma
impressão de um estranho e de sua face. Reforçam que exposições mais longas não
alteram significativamente essas impressões, embora possam aumentar sua
confiança em seus julgamentos.
Willis e Todorov realizaram experimentos separados para estudar os
julgamentos a partir da aparência facial, cada um com foco em um traço diferente:
atratividade, amabilidade, competência, confiabilidade e agressividade. Os
participantes viram fotografias de rostos desconhecidos durante 100 milissegundos
(1/10 de segundo), 500 milissegundos (meio segundo) ou 1.000 milissegundos (um
segundo inteiro) e foram imediatamente convidados a julgar os rostos para o traço em
questão - por exemplo: "esta pessoa é competente?". O tempo de resposta foi medido.
Os participantes foram então convidados a avaliar a sua confiança em fazer seus
julgamentos.
Os julgamentos foram comparados com as classificações das mesmas fotos
fornecidas para outro grupo de participantes, em um estudo preliminar, no qual não
havia restrição de tempo para julgar os traços de personalidade dos rostos. Houve um
forte acordo entre os vários participantes sobre os traços das pessoas nas fotografias.
Para todos os cinco traços estudados, os julgamentos feitos após a exposição
mais breve (1/10 de segundo) foram altamente correlacionados com julgamentos
feitos sem restrição de tempo; e o aumento do tempo de exposição (1/2 ou um
segundo completo) não aumentou a correlação. Os tempos de resposta também
revelaram que os participantes fizeram seus julgamentos com a mesma rapidez, se
não mais rapidamente, depois de verem uma face por 1/10 de segundo, em
comparação a um vislumbre mais longo.
Então, podemos dizer que, pelo menos para alguns aspectos, demora apenas
um décimo de segundo para que possamos julgar alguém e fazer uma primeira
impressão. E, além disso, não só as pessoas são rápidas em formar primeiras
1 WILLIS, Janine; TODOROV, Alexander. First impressions making up your mind after a 100-ms
exposure to a face. Psychological science, v. 17, n. 7, p. 592-598, 2006.
4
impressões, como são bastante precisas. Tudo indica que isso tem uma explicação
evolucionária, pois as qualidades que são detectadas em primeiras impressões mais
facilmente podem ser relacionadas ao que foi mais importante para a sobrevivência
dos nossos antepassados. Por exemplo, confiabilidade e atratividade foram os dois
traços mais rapidamente detectados e avaliados em um estudo de rostos humanos. 2
Em geral, as pessoas são bastante boas na avaliação dos traços de
personalidade dos outros, mas parece haver uma diferença nos julgamentos de
primeira impressão entre adultos mais velhos e mais jovens. As pessoas mais velhas
julgaram que as fotos de jovens adultos eram mais saudáveis, mais confiáveis e
menos hostis. No entanto, julgaram mais agressivas em relação a análise que os
adultos mais jovens fizeram das mesmas fotos. 3 Esta observação pode indicar uma
projeção tanto dos adultos mais velhos quanto dos mais jovens, onde a sua
autoimagem influencia na percepção e no julgamento sobre o outro.
Número de observadores
As primeiras impressões são afetadas se as partes estiverem sozinhas ou
acompanhadas. 4Experiências individuais tendem a um olhar mais crítico sobre a
pessoa-alvo. Assim, os indivíduos são mais propensos a ter primeiras impressões
negativas do que quando estão em grupos de dois ou mais espectadores. Ao mesmo
tempo, os indivíduos têm maior probabilidade de experimentar uma tendência
ascendente positiva ao longo de uma série de impressões, enquanto a primeira
impressão coletiva tende a permanecer mais estável ao longo do tempo. Essas
afirmações nos chamam a atenção para a construção e manutenção dos rótulos no
ambiente organizacional.
O que se ressalta é que os julgamentos sempre são feitos – por você e pelos
outros. Portanto, compreendendo essa dinâmica, é possível que você se prepare para
as futuras interações, buscando um equilíbrio entre a impressão que você quer passar
e a que a outra pessoa terá. A prática é importante, em qualquer trabalho, para
aumentar a comunicação através de pistas não-verbais e outros elementos.
5
ENTREVISTA COMPORTAMENTAL
Comportamento passado prediz o comportamento futuro5
• Focar na competência
• Subjetividade
Ressaltamos que a entrevista comportamental não deve ser realizada com foco
em uma ou mais competências, mas nos comportamentos específicos. Veja, a seguir,
o quadro final da metodologia tradicional de mapeamento de competências:
5
O conteúdo do capítulo de Entrevista Comportamental é síntese ou adaptação da obra Seleção e
entrevista por competências com inventário comportamental, de Rogério Leme (2014). Ver
referências.
6
Competências
Grupo Competência Mãe
Associadas
Clareza
Objetividade
Grupo I Comunicação
Comunicaçã escrita
Comunicação verbal
Foco em pessoas
Grupo II Foco em resultados
Foco em resultados
Comunicação
Relacionamento Relacionamento
Grupo III
interpessoal interpessoal
Bom humor
Organização Planejamento
Grupo IV Proatividade Organização
Capacidade de análise e
síntese
Grupo V Percepção
Atenção concentrada
Percepção
Empatia
Grupo VI Empatia
Saber ouvir
Imparcialidade
Grupo VII Ética
Ética
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Entrevista comportamental com foco em competências
Ser abertas
Perguntas abertas são aquelas que não são de múltipla escolha – sim, não, fiz,
não fiz, etc. O avaliado deve expressar, dissertar sobre o assunto, no caso, a situação
vivida.
8
Orientações para reduzir a subjetividade na elaboração das perguntas
9
das perguntas para a Entrevista Comportamental, apresentadas anteriormente. No
exemplo dessa empresa, as perguntas poderiam ser:
Indicador Pergunta Comportamental
Trazer soluções criativas para os Conte uma situação em que você trouxe
problemas que parecem difíceis soluções criativas para alguns problemas
de resolver que eram difíceis de serem resolvidos.
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CAR – Contexto, Ação e Resultado
Contexto
A resposta precisa estar contextualizada, que é a explicação ou exposição das
circunstâncias nas quais ocorreu a experiência, tais como época, momento pelo qual
a empresa estava passando, números ou indicadores que retratem a situação pré-
comportamento, ou seja, o retrato da situação antes da atuação do avaliado.
Ação
A ação é a intervenção do avaliado propriamente dita, ou seja, mediante o
cenário apresentado no contexto, qual foi a sua reação, o seu comportamento. O que
deve ser observado está, sobretudo, na ação. Note que o que podemos observar é o
comportamento, e não a competência. O comportamento nos levará à competência,
mas o foco deve ser a observação do comportamento. Esse comportamento deve ser
compatível com o indicador necessário para a função. Isso não significa que somente
a ação é o que importa, pelo contrário. Ela é o centro, mas há outras questões a serem
analisadas.
Resultado
O resultado deve traduzir como foi o fechamento da história e qual o “lucro” ou
“prejuízo” da ação tomada. Falamos também em prejuízo, pois o objetivo da entrevista
comportamental não é ter exclusivamente casos de sucesso. É preciso ver a atuação
(ação) do avaliado, como ele conduziu e entendeu os resultados, que podem não ter
sido positivos ou enfrentado alguma limitação. Nesse caso, observe como ele tratou
tal limitação. Por isso, é necessário que o avaliador fique atento, pois uma resposta
pode ter diversos indicadores a serem observados. Uma informação adicional dada
no momento da resposta do avaliado pode ser a abertura para trabalhar ou constatar
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um indicador diferente, a ser investigado em outra pergunta da entrevista
comportamental.
12
Fragmento do resultado: “após a atuação do RH em alguns
treinamentos como gerenciamento de tempo e atividades de
relaxamento durante o expediente, a situação melhorou muito e até
mesmo os conflitos reduziram.”
Faltou o fragmento da ação, o que esse colaborador fez que culminou na
atuação do RH relatada. É justamente essa a intervenção do avaliador, fazendo a
pergunta complementar “e como o RH teve conhecimento dessa necessidade, ou
quem acionou o RH?”. Se o avaliado estiver se apropriando da experiência de outro
colega, ele ficará em uma situação difícil. Agora, considere a seguinte resposta do
avaliado a essa pergunta complementar:
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CAR completo não é sinal de competência
O CAR está completo e a ação foi do avaliado, que entrou em contato com o
RH, mas apenas isso não significa que a resposta é satisfatória se a origem do
indicador a ser pesquisado for “atuar junto à equipe preventivamente, proporcionando
condições adequadas de trabalho”. Não é possível classificar que o avaliado tenha
esse indício de comportamento, pois o comportamento requer uma atuação preventiva
e, segundo o relato, sua atuação foi apenas chamar o RH e ainda depois que vários
problemas já haviam acontecido.
Atuar com o indicador auxilia na redução da subjetividade do processo da
entrevista comportamental. Se olhássemos somente para a competência, não
teríamos argumentações suficientes para fazer avaliação do comportamento
apresentado. Portanto, lembre-se de que CAR completo não é a constatação do
comportamento investigado. Ele é o instrumento-guia em prol da compreensão da
situação e referência para as intervenções necessárias para a conclusão da
investigação conduzida pelo avaliador.
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O que fazer se a resposta não trouxe o comportamento a ser investigado
Muitas vezes o avaliador irá deparar-se com respostas curtas, evasivas ou
afirmações como “isso nunca me ocorreu anteriormente”. A primeira ação é fazer uma
pergunta em cima da resposta evasiva. Considere a seguinte pergunta feita pelo
avaliador e o quadro com algumas prováveis respostas e insistência do avaliador.
“Conte uma situação em seu último emprego na qual você atuou junto
com sua equipe, de forma preventiva, proporcionando condições
adequadas de trabalho e ambiente de trabalho”.
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Agora, se mesmo depois da insistência do avaliador o avaliado não contribuir e
continuar com respostas evasivas, também é um sinal de que a Entrevista
Comportamental já teve sucesso, pois você não deve ter um profissional assim em
sua empresa.
16
Folha de apuração
Ao término da entrevista transcreva imediatamente os resultados para a folha
de apuração. Isso é fundamental para não perder detalhes que ainda estarão vivos
em sua mente. É preciso ter uma folha de apuração para comparação dos resultados
dos avaliados e muita atenção, pois ao contrário do que relatam alguns profissionais
e autores em seus livros, de que não há uma forma convencional para pontuar
Competências, incentivando que cada pessoa escolha a que achar melhor, deve ser
utilizado um critério, obrigatoriamente, pois a não utilização muito provavelmente
levará à subjetividade.6
6
Extraído do livro: SOUZA, Edela Lanzer Pereira de. Desenvolvimento Organizacional - Casos e
Instrumentos Brasileiros. Editora: Edgard Blucher, 1975. Adaptação: RONSONI, Marcus. 2011.
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para anotações.
A postura do avaliador
Após fazer a pergunta de forma clara e objetiva, é fundamental que o avaliador
se concentre na resposta do avaliado e realmente ouça o que ele está dizendo. Ouvir
não é uma tarefa muito fácil. Faça um teste quando estiver conversando com uma
pessoa no dia a dia. Geralmente, durante a fala da pessoa, involuntariamente
começamos a preparar a nossa réplica, ou seja, começamos a formular o que iremos
falar em seguida. Isso se acentua se for uma discussão sobre um projeto ou problema.
Ouvir atentamente requer um isolamento de todos os canais de comunicação
adicionais que estão provocando ruídos, inclusive do controle do próprio pensamento,
que insiste em querer fazer outras atividades simultâneas além de ouvir o canal
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principal. Apesar de ser uma tarefa difícil, é possível de ser realizada.
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ENTREVISTA COMPORTAMENTAL – Planilha de Controle
INX BX MD FT FTS
Persistência
Comprometimento
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INX BX MD FT FTS
INX - Inexistente
BX - Baixo
MD - Médio
FT - Forte
FTS - Fortíssimo
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FERRAMENTAS DE ASSESSMENT
ESCALA R.A.P
Instruções:
1) Cada questão possui três alternativas;
2) Você deve pontuar, para cada alternativa, o percentual que representa sua
preferência de forma que ao final o somatório da questão seja 100%;
3) Você pode pontuar 100% em uma única alternativa, se assim for sua preferência.
Neste caso as outras duas alternativas ficarão pontuadas com 0%;
4) O resultado final mostrará o percentual da ESCALA RAP distribuída em Realização,
Afiliação e Poder, sendo seu somatório final 100%.
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24
25
FORÇAS MOTIVACIONAIS - DAVID MCCLLELAND
NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO
O motivo de realização é aquela necessidade que leva os indivíduos a agirem
conforme padrões de excelência, procurando sempre fazer o melhor possível e com
grande desejo de sucesso. Esses indivíduos, embora desempenhem muito bem suas
atividades no geral, fracassam em tarefas rotineiras e monótonas. São estimulados
especialmente pela natureza de trabalhos criadores, que representem desafios.
Pessoas com alto motivo de realização revelam confiança em si, preferem
assumir responsabilidades individuais, gostam de ver os resultados concretos de seus
trabalhos; obtêm boas notas, participam de atividades estudantis e comunitárias; dão
preferência a técnicos e não amigos para compor suas equipes; resistem às pressões
sociais e incentivos externos; gostam de aceitar riscos moderados em situações que
dependem de suas habilidades.
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Características de conduta no motivo de realização:
A motivação para realizar é caracterizada pelo desejo de fazer melhor ou pela
importância atribuída ao desempenho mais exitoso. São exemplos desse querer:
NECESSIDADE DE AFILIAÇÃO
Um motivo social importante é o de afiliação, até certo ponto oposto ao de
realização. Entende-se por motivo de afiliação o desejo de estar com pessoas, numa
relação afetuosa e amiga. Esses indivíduos se preocupam mais com o elemento
humano do que com as tarefas e a produção. Seus pensamentos giram em torno de
restaurar relações rompidas, consolar ou ajudar alguém, participar de reuniões e
festas. Como desejam muito ser benquistos, prestam atenção aos sentimentos
alheios. Ao participarem de grupos, procuram estabelecer um clima de amizade,
concordando com os outros e dando-lhes apoio.
A pior coisa que pode acontecer a uma pessoa com necessidade de afiliação é
sentir-se isolada, rejeitada, malquista. É mais importante ter amizades do que obter
sucesso na carreira. Discussões e conflitos são altamente frustrantes. Pessoas com
forte necessidade de afiliação procuram empregos que são oportunidade de
intercâmbios amistosos. Preferem as chefias em que manter boas relações seja mais
importante do que tomar decisões.
A necessidade de afiliação não é essencial para funções de chefia, no entanto,
27
pesquisas recentes revelaram que essa consideração com os sentimentos alheios e
a valorização do companheirismo resultam em um bom desempenho executivo e
gerencial, pois conduz a melhores entendimentos e comunicações.
a) Menção feita sobre alguém com quem deseja estabelecer, restaurar ou manter
uma amizade íntima;
b) Preocupação emocional com separação de outra pessoa, indicando desejo de
restabelecer uma relação íntima;
c) Desejo de participar ou considerações em torno da presença em atividades de
convívio amistoso, tais como reuniões de clubes.
Deve-se observar que a preocupação é com amizade somente, não há motivo
de afiliação se a preocupação é com poder (status ou influência) ou com realização
(isto é, efetivamente realizar uma tarefa) numa atividade de grupo.
NECESSIDADE DO PODER
Com o crescimento de uma organização, torna-se necessária a divisão de
trabalho e a estrutura de função. Isso implica relacionamento de pessoal e, mais cedo
ou mais tarde, supervisão. As pessoas com elevado motivo de realização, embora
sejam as mais eficientes em produções concretas, não são as mais indicadas para
chefia, pois geralmente preferem trabalhar sós, por conta própria, assumindo toda a
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responsabilidade por suas obras.
Chefiar implica despertar nos outros a motivação para o trabalho e para
realização. São os chefes que estabelecem o clima da organização, favorecendo a
produção dos demais. Isso requer habilidades especiais e, antes de mais nada, revela
motivação para o poder.
De um modo geral, as pessoas se orgulham de possuir motivação para realizar,
mas encobrem a motivação para o poder. A terminologia utilizada com relação a esse
motivo tem tonalidade negativa: fala-se em autoritarismo, ditadura, nazismo, sadismo,
abuso, prepotência, delírio de grandeza, etc. Isso é lamentável, pois na realidade
temos necessidade de chefes, de líderes, de pessoas que exerçam influência sobre
os outros, para obter deles um maior rendimento e um trabalho coordenado. É preciso
conhecer melhor a necessidade de poder, seu mecanismo, seus atributos e suas
técnicas para que possa ser mais bem aproveitada e a fim de que as pessoas que
possuem não a reprimam.
Pesquisas que vêm sendo realizadas por David C. McCllelland e outros, a partir
da década de 60, revelam que a necessidade de poder se caracteriza pelo desejo de
exercer influência e impacto sobre os outros. Revelou-se também que o poder tem
duas faces: uma negativa e uma positiva.
A face negativa ou pessoal se caracteriza pela equação “domínio-submissão”.
A fórmula é a seguinte: se eu ganho, tu perdes; se tu ganhas, eu perco. Nesse sentido,
a vida em sociedade é um jogo competitivo onde impera a lei da selva e os mais fortes
sobrevivem às custas dos adversários vencidos. Essa é a face mais primitiva, que se
estabelece mais cedo na vida, quando a criança ainda não aprendeu maneiras mais
socializadas de agir. As fantasias giram em torno de conquistar oponentes.
Na vida real, essas pessoas revelam-se bastante agressivas, gostam de beber
e jogar, de ostentar carros potentes e têm prazer na velocidade; envolvem-se mais em
acidentes e lutas. Uma pessoa cuja necessidade de poder ficou fixada nesse nível
infantil trata os outros como se fossem peões e escravos. Estes, por sua vez, tendem
a ser passivos e inúteis.
A face positiva ou socializada do poder é caracterizada pela preocupação em
clarificar os objetivos do grupo, em prover os meios para alcançar tais metas e em
fazer com que o grupo se sinta forte e competente para realizar o que deseja. Chefiar,
aqui, tem o sentido de coordenar o trabalho dos outros em qualquer nível hierárquico:
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supervisores, diretores, etc.
No plano da fantasia, essa face é expressa em pensamentos sobre o exercício
do poder para o beneficio de outros, em planejamentos e sentimentos de ambivalência
com respeito à detenção do poder (dúvidas quanto à força pessoal, consciência de
que o sucesso tem que ser cuidadosamente planejado e que uma vitória pode
representar uma perda para alguém). Na vida real, essas pessoas participam de mais
organizações, ocupam postos diretivos, revelam interesse informal em esportes e
política.
Um indivíduo cuja necessidade de poder é socializada faz com que os membros
de seu grupo sintam-se fortes e poderosos, e não submissos ou dominados. Este é o
paradoxo da liderança: para ser um líder verdadeiro é preciso transformar os
seguidores em líderes também.
Na vida real, o líder equilibra-se entre a expressão pessoal de domínio e o
exercício da liderança socializada. Ele ora revela um aspecto, ora outro. Se não toma
iniciativa, não é líder. Se as toma demais, torna-se um ditador. Há um sério perigo
nesse processo todo: pode ocorrer que tanto ele como o grupo acabem convencidos
de que o líder realmente “sabe melhor” e imperceptivelmente a liderança deixe de ser
democrática para se tornar autocrática. Um líder não nasce feito. Ele se educa e
aprimora, superando deficiências e traumas da infância através de treinamento e
conscientização dos mecanismos que regem a dinâmica da liderança.
30
seqüência de ações tomadas (tais como: ele se retirou; ela chorou);
g) Preocupações com reputação ou posição de um indivíduo (tais como: ele receia
que seu filho o desgrace).
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ÂNCORAS DE CARREIRA – EDGAR SCHEIN
ATIVIDADE
32
Nº Sentenças 1 2 3 4 5 6
33
Nº Sentenças 1 2 3 4 5 6
34
Nº Sentenças 1 2 3 4 5 6
A chance de fazer um trabalho do meu jeito livre de regras e
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pressões é mais importante para mim do que segurança.
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Dentre os itens que avaliou com maior pontuação, escolha três (3) itens que mais se
aplicam a você:
1º Item ( )
2º Item ( )
3º Item ( )
Inclua na letra correspondente (abaixo) + 3 pontos para cada um dos itens escolhidos
acima.
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A – AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA
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desligar-se da organização podem ser altamente vulneráveis com a atual
reestruturação do mercado de trabalho, muito embora sua âncora esteja alinhada com
futuras opções.
B – DESAFIO PURO
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predisposição ou se é uma adaptação para desafios crescentes que o mundo está
apresentando.
C – CRIATIVIDADE EMPRESARIAL
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rapidamente. A necessidade por novos produtos e serviços, derivados de tecnologias
da informação e biotecnologia, bem como a abertura de espaços para novas
tecnologias, dará grande mobilidade para o empresário, que se deslocará para
qualquer parte do mundo ao encontro de um lugar mais hospitaleiro para suas ideias.
A Criatividade Empresarial é a principal fonte de novos trabalhos para os outros
grupos de âncoras, necessitando para tanto de um ambiente econômico, político e
cultural amigável e encorajador, que incentive novos projetos e valorize o potencial
dos acadêmicos e pesquisadores das universidades.
40
não só de manter um rendimento adequado, mas de fazer alguma coisa mais
significativa, em um contexto mais amplo.
Novos tipos de organizações e carreiras estão sendo criados para se
dedicarem a questões que preencham as lacunas entre mundo desenvolvido e
subdesenvolvido, como aspectos envolvendo questões raciais, de religiões,
segurança de produtos, privacidade, superpopulação, saúde, bem-estar, etc.
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colegas do mesmo nível profissional;
• Aprecia, como reconhecimento pelo seu trabalho, oportunidades educacionais,
licenças para estudo, incentivos para participar de reuniões profissionais, verbas para
compra de livros ou equipamentos, etc.
F - ESTILO DE VIDA
Pessoas que consideram a carreira menos importante e que esta deve estar
integrada em um estilo de vida. Indivíduos com essa âncora são voltados a encontrar
maneiras de integrar as necessidades individuais, familiares e da carreira, para isto a
pessoa quer flexibilidade mais do que qualquer outra coisa.
A pessoa olha mais para a atitude da empresa do que para o seu programa de
trabalho propriamente dito, uma atitude que reflete respeito pela vida pessoal e
familiar e que permite uma negociação genuína do contrato psicológico possível.
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• Busca uma atitude organizacional que reflita respeito pelos interesses pessoais
e familiares;
• Esta âncora reflete algumas tendências da sociedade, sendo o resultado
inevitável de famílias em que pai e mãe trabalham.
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É comum serem chamados de “tomadores de decisões”, entretanto isto quer
dizer que eles seriam capazes de identificar e expor os problemas para que as
decisões possam ser tomadas. Têm também habilidades para influenciar,
supervisionar, dirigir, ajudar e controlar as pessoas em todos os níveis da organização
a fim de atingir os objetivos da empresa. O tipo de trabalho que mais lhes motiva está
ligado a altos graus de responsabilidade, desafio, trabalho variado e integrativo,
liderança de oportunidades para contribuir com o sucesso de sua organização.
H – SEGURANÇA E ESTABILIDADE
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onde possam realizá-los. Preferem um tipo de trabalho mais ligado ao contexto do que
a natureza do trabalho propriamente dita. Preferem ser reconhecidos por sua
fidelidade e desempenho correto, que irão lhes assegurar maior estabilidade futura.
45
ESCALA DE TEMPERAMENTO EMOCIONAL E AFETIVO (AFFECTS)
Marque a alternativa que mais corresponde ao seu jeito de ser e agir em geral
(somente uma alternativa de 0 a 6 por linha). Não há respostas certas ou erradas,
responda de acordo com o que você é, e não como desejaria ser.
O escore “0” é um extremo, o “6” é o outro extremo e o “3” é o meio
termo/intermediário entre os dois. Veja o exemplo de quem se sente seguro, mas não
totalmente seguro:
46
47
Interpretação dos resultados:
• Vontade, Maturidade e Controle: Quanto mais alto o score, melhor.
• Para os demais traços, quanto mais baixo o score, melhor.
48
49
DIRECIONADORES DE CARREIRA
Instruções
Leia as 2 afirmações em cada um dos blocos e escolha aquela com a qual você
mais se identifica. Não há respostas certas ou erradas. Depende das suas
preferências pessoais, portanto seja o mais honesto e objetivo que você puder. Faça
o questionário rapidamente; 10 minutos é tempo suficiente.
Abaixo estão listados 36 pares de declarações sobre o que as pessoas querem
e precisam de suas carreiras. Você tem que avaliar a importância relativa das
declarações dentro de cada par e marcar 3 pontos. A distribuição de pontos entre os
2 itens pode ser:
As letras colocadas antes de cada item servem para pontuar e não devem lhe
preocupar neste momento. Tenha certeza de somar 3 pontos a cada par.
50
3- E ( ) Eu quero usar minhas habilidades criativas no meu trabalho.
F( ) É especialmente importante para mim trabalhar com pessoas que eu
gosto.
51
12 - B ( ) Eu busco uma função que me dê influência consistente sobre os outros.
D ( ) Eu adoraria ser um especialista na minha área.
13 - C ( ) É importante para mim que meu trabalho tenha uma contribuição positiva
em toda a comunidade.
F ( ) Relacionamentos próximos com outras pessoas no trabalho são
importantes para mim.
52
21 - B( ) Eu gosto de atuar em papéis que me dêem o controle sobre como os
outros atuam.
G ( ) É importante que eu possa escolher as tarefas que eu assumo.
25 - C ( ) No final das contas, eu faço o que eu acredito ser importante e não o que
simplesmente promove minha carreira.
I ( ) Eu busco reconhecimento público.
53
30 - B ( ) Eu prefiro estar no comando.
H ( ) Eu me preocupo quando eu não consigo ver um caminho longo à frente
na minha carreira.
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Seu Perfil de Direcionadores de Carreira: Marque sua pontuação no quadro abaixo,
fazendo um círculo nos números que você pontuou para cada letra. Depois, junte os
círculos para dar um perfil de diagrama dos seus direcionadores de carreira pessoal.
Após fazer isso, leia a próxima sessão para interpretar seu perfil.
36 36 36 36 36 36 36 36 36
35 35 35 35 35 35 35 35 35
34 34 34 34 34 34 34 34 34
33 33 33 33 33 33 33 33 33
32 32 32 32 32 32 32 32 32
31 31 31 31 31 31 31 31 31
30 30 30 30 30 30 30 30 30
29 29 29 29 29 29 29 29 29
28 28 28 28 28 28 28 28 28
27 27 27 27 27 27 27 27 27
26 26 26 26 26 26 26 26 26
25 25 25 25 25 25 25 25 25
24 24 24 24 24 24 24 24 24
23 23 23 23 23 23 23 23 23
22 22 22 22 22 22 22 22 22
21 21 21 21 21 21 21 21 21
20 20 20 20 20 20 20 20 20
19 19 19 19 19 19 19 19 19
18 18 18 18 18 18 18 18 18
17 17 17 17 17 17 17 17 17
16 16 16 16 16 16 16 16 16
15 15 15 15 15 15 15 15 15
14 14 14 14 14 14 14 14 14
13 13 13 13 13 13 13 13 13
12 12 12 12 12 12 12 12 12
11 11 11 11 11 11 11 11 11
10 10 10 10 10 10 10 10 10
9 9 9 9 9 9 9 9 9
8 8 8 8 8 8 8 8 8
7 7 7 7 7 7 7 7 7
6 6 6 6 6 6 6 6 6
5 5 5 5 5 5 5 5 5
4 4 4 4 4 4 4 4 4
3 3 3 3 3 3 3 3 3
2 2 2 2 2 2 2 2 2
1 1 1 1 1 1 1 1 1
A B C D E F G H I
55
A = Recompensas Materiais F = Agregar
B = Poder / Influência G = Autonomia
C = Busca por Significado H = Segurança
D = Perícia I = Status
E = Criatividade
DIRECIONADORES DE CARREIRA
56
Busca posse, riqueza e alto padrão de
Recompensas materiais
1 vida.
2 Poder / Influência Busca controle das pessoas e recursos.
Busca fazer as coisas que acredita ser
Busca do sigficado
3 importantes pelo seu próprio bem.
Busca alto nível de realização em um
Perícia
4 campo especializado
Busca inovar e ser identificado por seus
Criatividade
5 resultados originais.
Busca relacionamentos enriquecedores no
Agregar
6 ambiente de trabalho.
Busca independência e capacidade de
Autonomia
7 tomar decisões importantes por si mesmo.
Segurança Busca um futuro sólido e previsível.
8
Busca reconhecimento, admiração e
Status
9 respeito da comunidade em geral.
Atenção:
Indicadores de carreira são duráveis, mas, aparentemente, não são fixos para
uma vida toda, mudanças são provocadas por novas circunstâncias ou percepções
pessoais. Os dados do questionário são um retrato de hoje. Orienta-se que você
reveja o seu perfil a cada poucos anos ou quando sua situação externa mudar.
Saber os direcionadores de carreira da sua equipe pode ser uma excelente
oportunidade de conhecer o seu time e, assim, motivar corretamente cada
subordinado a fim de alcançar os melhores resultados e ter uma equipe genuinamente
motivada e satisfeita com a empresa.
57
FATORES MOTIVACIONAIS
58
Conhecer os motivadores das pessoas que compõem sua equipe, ajuda o líder
a entender as decisões, opções de carreira e quais recompensas são esperadas na
carreira profissional.
Um alinhamento dos motivadores de uma pessoa com seu respectivo cargo ou
profissão resulta em um maior engajamento, produtividade e satisfação.
Perfis comportamentais retratam o “como” de uma pessoa, motivadores
revelam o “porquê”.
59
EXERCÍCIO: JUÍZO DE VALOR
8Adaptação do exercício proposto pelo Dr. Deroni Sabbi – Instituto Sabbi, no curso de Inteligência
Emocional e Programação Neurolinguística.
60
CERTIFICAÇÃO ANALISTA DISC
Introdução
A ferramenta DISC é um moderno Sistema de Identificação de Perfil
Profissional/Comportamental, destinado ao recrutamento e seleção de avaliados,
remanejamento, construção de equipes, suporte ao desenvolvimento profissional,
gestão motivacional e gerenciamento de pessoas. É baseada na metodologia DISC,
desenvolvida no início dos anos 20 pelo psicólogo americano Willian Moulton Marston.
Linha do Tempo
Desde a antiguidade, o homem busca compreender melhor o comportamento
de seus semelhantes. As formas utilizadas para esta compreensão são das mais
variadas, evoluindo através de reflexões, observações e pesquisas. O grego
Empódocles, por volta de 444 a.C, atribuiu aos quatro elementos básicos da natureza
(fogo, água, terra e ar), a influência no comportamento das pessoas.
A observação dessa natureza humana em quatro formas retrocede mais ainda,
61
ao tempo dos escritos judaico-cristãos. Já em 590 a.C., o profeta Ezequiel via a
humanidade corporificada em "quatro criaturas viventes" cada uma com "quatro faces"
- a de um leão, de um boi, de um homem e de uma águia - uma visão repetida por
volta de 96 d.C., na Revelação de João.
Hipócrates, frequentemente chamado de Pai da Medicina Ocidental, por volta
de 400 a.C. propôs que o nosso temperamento é determinado pelo equilíbrio dos
quatro fluidos corpóreos essenciais: se o nosso sangue predomina, somos "alegres"
de temperamento; se a nossa bile negra impera, somos "sombrios" de temperamento;
se a nossa bile amarela prevalece, somos "entusiásticos” de temperamento; e se
predominar o fleuma, somos "calmos" de temperamento.
Embora a ciência moderna tenha, há muito tempo, descartado esta fisiologia
antiga, os quatro fluidos (mais tarde chamados de "humores") e os seus quatro
temperamentos correspondentes, descreviam padrões tão universais das pessoas
que eles se tornaram a fundação da medicina grega e romana. Daí surgiram os
conceitos: Colérico, Sanguíneo, Fleumático e Melancólico como tendências
comportamentais das pessoas.
Referências aos quatro humores aparecem na poesia de Chaucer, nos ensaios
de Montaigne, nos escritos científicos de Bacon e William Harvey, e através de toda a
obra de William Shakespeare. Paracelsus, um médico vienense do século XVI, criou
a sua própria mitologia do temperamento, caracterizando as pessoas com quatro
espíritos totêmicos: as mutáveis "Salamandras", os industriosos "Gnomos", as
inspiradoras "Ninfas", e os curiosos "Silfos".
Durante décadas, tal premissa foi utilizada e desenvolvida, quando, já na idade
moderna, por volta de 1921, foi estudada por Carl Gustav Jung, médico e psiquiatra
suíço, que propôs a classificação dos indivíduos nos tipos: Produtor, Sensitivo,
Intuitivo e Analítico. Sendo, finalmente, trazendo para o ambiente empresarial,
através de linguagens e traduções para esta finalidade.
Através de pesquisas que incluíam instrumentos estatísticos e até mesmo
conhecimentos de biofísica, o Psicólogo norte-americano William Moulton Marston,
em 1926, construiu o modelo DISC, que são as iniciais de Dominância, Influência,
Estabilidade e Conformidade.
A SBDC é representante nacional da distribuidora internacional Peoplekeys,
que capacita e fornece avaliações DISC há mais de 35 anos em diversos países.
62
Gregos Hipócrates Carl Jung Moulton Marston
Fogo Colérico Produtor D
Água Sanguíneo Intuitivo I
Terra Fleumático Sensitivo S
Ar Melancólico Analítico C
1 Hereditariedade
2 Modelos, exemplos e mentores (ambientes)
3 Experiências vividas
4 Autoconhecimento
63
OS PERFIS COMPORTAMENTAIS
DOMINÂNCIA (D)
Pontos fortes das pessoas com pontuação mais alta em dominância:
• Enérgico • Motiva o grupo à ação
• Sabe a resposta certa
• Produtivo
• Organiza a casa
• Decisivo
• Tem pouca necessidade de amigos
• Prático
• Trabalhará para a atividade do grupo
• Visionário
• Supera-se em emergências
• Otimista
• Orientado a metas
• Corajoso
• Vê o todo
• Líder nato
• Organiza bem
• Necessidade de mudança
• Busca soluções práticas
• Precisa corrigir o que está
desconfortável • Passa rapidamente à ação
• Não se desestimula facilmente • Delega trabalho
• Independente e autossuficiente • Cobra resultados
• Exerce sólida liderança • Estimula a atividade
• Estabelece metas • Supera a oposição
64
Elementos do estilo comportamental DOMINÂNCIA distribuídos por
intensidade:
65
BAIXA INTENSIDADE (D)
Pondera prós e contras – Considera os dois lados de uma questão antes de decidir
Discreto – Não força a si sobre os outros sem ser convidado
Conservador – Tende a preservar tradições estabelecidas, se opõe a mudanças
Pacífico – Não é briguento, não gosta de distúrbio ou desordem; calmo; quieto
Se você é um “D”:
• Esforce-se para ser um ouvinte “ativo”.
• Dê atenção às ideias dos outros membros da equipe até que todos cheguem a
um consenso.
• Seja menos controlador e dominador.
• Desenvolva uma maior aceitação das opiniões, sentimentos e desejos de
outros. Invista mais energia nos relacionamentos pessoais e na cortesia.
• Explique sem pressa os “porquês” de suas afirmações e propostas.
• Seja mais amigável e mais acessível.
66
INFLUÊNCIA (I)
67
Elementos do estilo comportamental INFLUÊNCIA distribuídos por intensidade:
68
BAIXÍSSIMA INTENSIDADE (I)
I – Baixíssimo: Não sai uma palavra. Palavra-chave: Ouvir
Distante – Retirado; distante em simpatia e interesse; reservado; frio
Introvertido – Recolhido em si mesmo; tímido; reservado; abstrato
Autoconsciente – Excessivamente consciente de si mesmo – foco em si; estranho
Reticente – Habitualmente silencioso ou reservado; relutante em falar
69
ESTABILIDADE (S)
70
Elementos do estilo comportamental ESTABILIDADE distribuídos por
intensidade
66
BAIXÍSSIMA INTENSIDADE (S)
S – Baixíssimo: Muda em um instante. Palavra-chave: Mudar
Inquieto – Nervoso; desconfortável
Impetuoso – Age repentinamente, por impulso, sem pensar muito
Agitado – Caraterizado pela incapacidade de descansar ou relaxar; desconfortável;
inquieto
Flexível – Desejo de mudar; gosta de variedade
Cobrador exigente – Chama a atenção para defeitos; reclamador
Espontâneo – Age sem constrangimento
Frustrado com o Status Quo – Reage mal a falta de mudança
Ativo – Caracterizado por muita ação ou emoção; ocupado; rápido
67
CONFORMIDADE (C)
68
Elementos do estilo comportamental CONFORMIDADE distribuídos por
intensidade:
69
BAIXÍSSIMA INTENSIDADE (C)
C – Baixíssimo: Se cansa com fatos e detalhes. Palavra-chave: Improvisar
Firme – Sólido; duro; não se move facilmente; fixo, sem flutuações; constante
Teimoso – Recusa-se a ceder ou estar em conformidade; obstinado
Arbitrário – Segue as suas próprias escolhas; se baseia no próprio capricho; absoluto
Rebelde – Resiste à autoridade; se opõe a qualquer controle; desafiante crônico
Desafiante – Resistência aberta e atrevida à autoridade
Obstinado – Determinado a fazer as coisas à sua própria maneira
Sem tato – Falta de delicadeza ao lidar com as situações que exigem diplomacia ou
sensibilidade
Sarcástico – Irônico; zombeteiro
70
TAREFAS E DECLARAÇÕES – DISC
71
COMBINAÇÃO DE COMPORTAMENTOS
“D” alto
1. D/I:
Tende a ser lógico, crítico e incisivo em sua abordagem para atingir metas. D/I’s
buscam autoridade e desafios, e eles atingem suas metas por meio de pessoas. Sob
pressão, D/I’s podem ser grosseiros e críticos.
Pontos fortes: Extremamente extrovertido - ama atividade, resoluto, produtivo,
promotor. Gosta de desafios, melhor motivador de pessoas; um debatedor
convincente.
Pontos fracos: Hostilidade, raiva explosiva, impaciência, sarcástico, opiniático,
impetuoso, manipulador, língua afiada.
2. D/S:
Responde rapidamente ao desafio e possui mobilidade e flexibilidade na abordagem.
Tende a ser um empreendedor versátil. Persevera obstinadamente para atingir metas.
Pontos fortes: O mais moderado dos extrovertidos; realiza muitas tarefas; sabe onde
vai; organizado; trabalha duro; tem habilidade para suscitar os outros a usarem suas
competências.
Pontos fracos: Nunca se sabe quando está brincando; língua ferina; não muda de
ideia facilmente; mais preocupado do que outros D's.
3. D/C:
Age positivamente e diretamente diante de oposição. Um indivíduo enérgico, toma
uma posição e luta por ela. Disposto a assumir riscos e pode exceder a autoridade.
Pontos fortes: Diligente e capaz; combinação de otimismo e fé; gosta de metas e
detalhes; líder minucioso; mente rápida e analítica; decisivo.
Pontos fracos: Gosta de discutir; opiniático; sarcástico; carrega hostilidade e
ressentimento; tende a focar em tarefas, em vez de pessoas.
72
“I” Alto
4. I/D:
Tende a se comportar de maneira equilibrada, cordial, exibindo “agressividade social”
em situações percebidas como favoráveis e não ameaçadoras. Tende a transpirar
charme e se esforça para estabelecer relacionamentos mesmo no primeiro contato
com os outros. Atinge as metas por meio de pessoas.
Pontos fortes: O mais forte extrovertido; entusiástico; possui carisma do “I” com a
resolução do “D”; indivíduo muito produtivo.
Pontos fracos: Fala demais; expõe pontos fracos; é elogioso, mas às vezes pode ser
cortante ou ofensivo.
5. I/S:
Tende a buscar pessoas com entusiasmo e com uma centelha. Um I/S é uma pessoa
extrovertida que exibe um otimismo contagiante e tenta ganhar as pessoas por meio
de persuasão e apelo emocional.
Pontos fortes: Pessoa fácil de gostar; colegas de trabalho encantadores; feliz;
espírito despreocupado; compreensivo; bom ouvinte.
Pontos fracos: Falta de acompanhamento; desorganizado; falta de disciplina; prefere
socializar em vez de trabalhar; excessivamente tolerante com quem não produz.
6. I/C:
Exibe autoconfiança na maioria das empreitadas com outros. Sempre tentando
convencer você, um I/C reluta em desistir de seu próprio ponto de vista. A despeito
das situações que surjam, os I/C's se sentem capazes de agir para obter o sucesso.
Pontos fortes: Altamente emocional; disposto a promover projetos próprios ou de
outros; bom orador em público; criativo.
Pontos fracos: Sonhadores; frequentemente medroso; pode ter atitude
autocondenatória; às vezes tem problemas com raiva; excessivamente crítico.
73
“S” alto
7. S/D:
Tende a ser um indivíduo constante, constante que prefere lidar com uma atribuição
de cada vez. Normalmente direciona competências e experiência para áreas que
requerem profundidade e especialização. Um S/D é constante sob a maioria das
pressões e se esforça para estabilizar o seu ambiente.
Pontos fortes: É o “S” mais ativo e que se move mais rápido; bom sob pressão;
prático; não deseja se aventurar além das normas; dá boas orientações; bom
conselheiro.
Pontos fracos: Às vezes teimoso; inflexível; temeroso; pode se recusar a cooperar;
egoísta em relação à vida pessoal.
8. S/I:
Tende a ser um indivíduo controlado e paciente. Move-se com moderação e
consciência na maioria das suas tarefas. Mesmo sob estresse, os S/I's normalmente
projetam uma aparência relativamente tranquila. Geralmente aborda a maioria das
situações com cuidado e concentração.
Pontos fortes: Pessoa com facilidade de relacionamento; agradável; feliz; orientado
para pessoas; diplomático; ama a diversão; bem-humorado; bom administrador.
Pontos fracos: Negligente na motivação e disciplina; conservador quanto ao esforço
exercido; temeroso; inseguro.
9. S/C:
Indivíduo que tende a ser persistente, perseverante, que não é facilmente abalado
quando toma uma decisão. Define um ritmo e segue um sistema preciso. S/C’s podem
ser rigidamente independentes quando a força é aplicada; exaspera outros que
desejam que eles se adaptem ou mudem.
Pontos fortes: Gracioso; gentil; quieto; resiste a agressões de todo tipo; raramente
raivoso ou hostil; confiável; exato; asseado; passivo.
Pontos fracos: Temeroso; egoísta; negativo; crítico.
74
“C” alto
10. C/D:
Tende a agir de maneira cuidadosa, conservadora e reluta em ceder a posição para
atingir metas. É alguém que adere rigorosamente à política, pode parecer rígido ao
seguir uma regra ou fórmula estabelecida. Um C/D prefere uma atmosfera livre de
antagonismo e deseja a harmonia.
Pontos fortes: É perfeccionista e condutor; tem os fatos e a ambição;
muito preparado e bem organizado.
Pontos fracos: Pode ser de difícil relacionamento; raramente satisfeito consigo;
tendência à crítica e amargura; acha difícil perdoar; demonstra intensa raiva; pode ser
implicante, demonstra desaprovação.
11. C/I:
Tende a ser um guardião dos sistemas e da ordem. Um C/I toma decisões com base
em precedentes comprovados e fatos conhecidos. Tenta atender meticulosamente
aos padrões que foram estabelecidos por si ou por outros. Consegue articular dados
com grande eficácia.
Pontos fortes: Professores maravilhosamente dotados; orientado a fatos e também
relacional; pessoa de baixa pressão; não muito aventureira.
Pontos fracos: Grandes variações de humor; altamente emocional; autopiedade;
analisa demais as coisas; crítico; frequentemente rígido; pode ter baixo conceito de si
mesmo.
12. C/S:
Exibe uma natureza precisa, detalhada, estável. Pensadores sistemáticos que tendem
a seguir procedimentos na vida pessoal e profissional. Age de maneira altamente tátil,
diplomática e raramente antagoniza; muito preocupado em evitar riscos e problemas.
Pontos fortes: Grandes acadêmicos; organizado; analítico; de boa natureza;
consciente; orientado para detalhes; exato.
Pontos fracos: Facilmente desestimulável; pensa negativamente; tende a
pensamentos depressivos; pode ter instabilidade interna; teimoso.
75
Como melhorar a comunicação
Marque um X ao lado das afirmações dos itens “Sim” e “Não” que você sente
necessidade de melhorar.
Lembre-se, um alto D pode desejar: Lembre-se, um alto I pode desejar:
77
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
2. Quais estilos comportamentais descritos na teoria D.I.S.C são mais orientados para
pessoas e relacionamentos?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
__________________________________________________
78
7. Descreva as principais características de uma pessoa com baixíssima intensidade do
estilo comportamental Dominância:
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
79
12. Relacione corretamente as características e os estilos comportamentais:
80
ENTENDENDO OS GRÁFICOS DO DISC
GRÁFICOS ESPECIAIS
• Gráfico I Apertado
• Gráfico II Apertado
• Gráfico III Apertado
• Perfil Apertado
• Overshift
• Undershift
• Zona Extrema
• Padrão ISC
82
Perfil Apertado Gráfico I
Como resultado da frustração mostrada por este perfil, os indicadores sugerem que
essa pessoa pode ter perdido a direção pessoal.
Existem indicadores sugerindo que esta pessoa pode estar se sentindo pressionada.
Nesse contexto, a performance pode ser afetada e o resultado será a frustração.
83
Overshift
Este pode ser um ótimo estilo orientado para o desempenho, contanto que o avaliado
esteja exercendo esse esforço para alcançar a meta ou cumprir a tarefa. Todos os
quatro pontos de medição do gráfico do avaliado ficam acima da média.
Undershift
Existem indicadores no perfil desta pessoa que mostram que ela pode ter um problema
de falta de motivação ou mesmo baixa autoestima.
D Extremamente Alto
Estilo muito agressivo e assertivo, orientado para as tarefas. Muito competitivo, coloca
objetivos à frente de relacionamentos. Retrata movimentos ágeis e resposta rápida a
desafios. Escalas extremamente altas podem às vezes ser vistas como excesso de
agressividade.
84
D Extremamente Baixo
I Extremamente Alto
I Extremamente Baixo
85
Estilo muito racional e orientado para a equipe. O S alto simboliza uma grande
necessidade de segurança e de manter tradições. Um S extremamente alto pode
apresentar dificuldades em situações que exigem alto grau de adaptabilidade e
mudanças.
S Extremamente Baixo
C Extremamente Alto
Estilo orientado para os detalhes, pode tornar um processo mais lento até obter todos
os fatos. Muito consciencioso e complacente com regras e regulamentos, um C
extremamente alto pode apresentar problemas ao lidar com situações que contrariam
os métodos-padrão de finalização.
86
C Extremamente Baixo
Padrão ISC
Este não é um padrão especial, mas é bastante peculiar. Ele ocorre quando os tipos
I-S-C encontram-se todos acima da média (podendo ser ISC, ICS, SCI, SIC, CSI, ou
CIS). O importante, neste padrão, é observar a pontuação extremamente baixa na
letra D ou extremamente alta, quando for o caso.
87
ESTUDO DE CASO 1: INTERAÇÃO NO ESCRITÓRIO
Paul Blake é gerente de uma das filiais da Indústrias Softon. Sua gestora direta
é Jane Martin, vice-presidente de operações da Softon. Ela gostaria de promover Paul
a diretor regional de operações, uma posição que será aberta dentro de alguns meses.
Paul tem feito um bom trabalho como gerente de filial, mas Jane tem notado um alto
turn-over na sua filial, especialmente na sua equipe de secretariado e de vendas.
Como diretor regional, Paul terá a responsabilidade de cuidar de cinco
escritórios de filiais e terá então que trabalhar próximo aos cinco gerentes de filiais,
além de Jane e de outros três diretores regionais.
Jane participou de um seminário que você conduziu há algumas semanas
sobre melhoria de comunicação e a importância que você trouxe sobre os estilos
comportamentais abriu os olhos de Jane sobre o problema do turn-over na filial do
Paul. Ela te chamou para opinar sobre as possibilidades de promover Paul em função
deste problema. Sua recomendação foi que todos os envolvidos preenchessem o
DISC para ajudar Jane em seu Plano de Ação.
ESTUDOS DE CASO
1. Baseado nas informações contidas neste relatório, levante uma hipótese sobre
estilo comportamental (D, I, S ou C), no estilo do Paul, pode ser o responsável pelo
alto turn-over da sua filial? Justifique sua resposta.
88
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________________________
3. Analisando os dois perfis DISC (Jane x Paul), quais tendem a ser as principais
“queixas” de Jane sobre o “estilo” de Paul?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____________________________________________________
ESTUDO DE CASO 2
89
1. Faça uma análise comparativa dos 3 gráficos do assistente social e descreva
as principais observações abaixo.
90
ESTUDO DE CASO 3: CASAL CASADO
94
ESTUDO DE CASO 4: CONTRATAÇÃO/RECRUTAMENTO
2 Qual diretor assistente você escolheria para o cargo de diretor? Por quê?
95
ESTUDO DE CASO 5: RESOLUÇÃO DE CONFLITO
96
ESTUDO DE CASO 6: FORMAÇÃO DE EQUIPES
97
1. Quais membros da equipe podem vivenciar conflitos com os outros? Por quê?
Gerente de vendas.
98
Atendimento ao cliente.
Gerente financeiro:
Supervisor de embarque:
Diretor:
Assistente:
99
DEVOLUTIVAS DISC
INFORMAÇÕES GERAIS:
Embora pesquisas mostrem que o Perfil DISC possui um alto grau de acuidade
quando usado corretamente, as informações não oferecem garantia total de
previsibilidade. Portanto, é importante considerar o feedback como um indicativo, em
vez de algo definitivo.
As frases chaves que deverão ser usadas para iniciar toda devolutiva incluem:
“O perfil sugere...”.
“Seu perfil indica...”.
“Há sinais de que...”.
“Este perfil normalmente descreve alguém...”.
“As indicações são...”.
ENCERRAMENTO
Ao final da devolutiva, as pessoas deverão ser convidadas a comentar o nível
de precisão e percepção sobre os Perfis. Quaisquer questões ou assuntos deverão
ser discutidos.
Nos casos onde relatórios impressos serão entregues ao final das explicações,
os avaliados deverão ter a oportunidade de levantar quaisquer assuntos que tenham
relevância.
100
RECRUTAMENTO E SELEÇÃO
Recomendamos que o estilo comportamental, como medido pelo Perfil DISC,
seja apenas um dos vários critérios requeridos para as tomadas de decisões em
processos de recrutamento e seleção. Habilidade intelectual, experiência prévia e
outras aptidões relevantes são igualmente importantes.
Deve ficar claro para os avaliados que as decisões na seleção nunca serão
tomadas somente baseadas no Perfil.
101
PRÓXIMOS PASSOS – P.D.I
Com base no relatório de avaliação comportamental, considerando as
competências descritas por sua empresa para o cargo/função, e também, as suas
últimas avaliações de desempenho e feedbacks recebidos, defina quais são as 3
principais competências que você deve fortalecer para alavancar seus resultados, sua
satisfação pessoal e sua carreira:
Competência 1: _______________________
Competência 2: _______________________
Competência 3: _______________________
Competência 1 _________________________
1 ___________________________________________________________
2 ___________________________________________________________
3 ___________________________________________________________
4 ___________________________________________________________
5 ___________________________________________________________
102
Passo 3 - Autoavaliação
Volte aos comportamentos e atividades que você descreveu e anote ao lado uma nota,
de 0 a 10, avaliando sua capacidade de reproduzir o mesmo comportamento ou
atividade.
1 ___________________________________________________________ ( )
2 ___________________________________________________________ ( )
3 ___________________________________________________________ ( )
4 ___________________________________________________________ ( )
5 ___________________________________________________________ ( )
Prioridades:
1 ___________________________________________________________
2 ___________________________________________________________
3 ___________________________________________________________
4 ___________________________________________________________
5 ___________________________________________________________
103
Descreva abaixo quais são os possíveis aspectos em seu ambiente de trabalho que
poderiam auxiliar no desenvolvimento desta competência:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Competência 1: _________________________
O que será feito? Até quando? / Com
que frequência?
104
INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL
O Diálogo Socrático e os fundamentos da mentoria e intervenção
comportamental
9LARAUX, Nicole. Nas origens da democracia. Sobre a transparência democrática. Discurso, n. 11, p. 13-24,
1979.
10CABRAL, João Francisco Pereira. "Os Sofistas"; Brasil Escola. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/os-sofistas.htm>. Acesso em 21 de abril de 2017.
105
viveu no século IV a.C., enfrentou o relativismo moral que degenerou a democracia
grega com um método simples: é preciso conhecer para poder falar.
Criou um método que muitos confundem, ainda hoje, como sendo apenas uma
figura de linguagem. O método socrático era, antes de tudo, o ato de perguntar sobre
uma coisa em discussão, de delimitar um conceito e, contradizendo-o, refutá-lo. Logo,
não era para constranger o seu interlocutor, mas, antes, para purificar seu
pensamento, desfazendo ilusões. Não tinha o intuito de ridicularizar, mas de fazer
irromper da aporia, isto é, do impasse sobre o conceito de alguma coisa - o
entendimento.11
Porém, sair do estado cético exigia que o interlocutor abandonasse os seus
pré-conceitos e a relatividade das opiniões alheias, que coordenavam um modo de
ver e agir, e passasse a pensar e refletir por si mesmo. Esse exercício ficou conhecido
como maiêutica, que significa a arte de parturejar, ou seja, de dar à luz. Como sua
mãe, que era parteira, Sócrates julgava ser destinado a não produzir um
conhecimento, mas a parturejar as ideias provindas dos seus interlocutores, julgando
seu valor. A parteira grega era uma mulher que não podia procriar, era estéril, e por
isso, dava à luz os corpos de outra fonte, avaliando se eram belos ou não. Neste
mesmo sentido, Sócrates não possuía saber algum, apenas sabia perguntar,
mostrando as contradições de seus interlocutores, levando-os a produzirem um juízo
segundo uma reflexão e não mais de acordo a tradição, os costumes ou opiniões
alheias.12
A técnica da maiêutica pressupõe, então, que a verdade se encontra oculta na
mente de cada pessoa. Através da dialética, o indivíduo vai desenvolvendo novos
conceitos, a partir das suas próprias respostas. Assim, maiêutica, constituiu, por
excelência, a principal forma de atuação do método dialético de Sócrates, desfazendo
equívocos e deslindando nuances que permitiam a introspecção e a reflexão interna,
proporcionando a criação de juízos cada vez mais fundamentados no logos e na
razão.
A ideia da maiêutica deve ser aplicada ao processo de intervenção
comportamental, para que o conhecimento seja construído de maneira colaborativa.
13A sigla PIC será usada para ‘Profissional de Intervenção Comportamental’, que pode ser o avaliador,
consultor, líder etc. Utilizamos o termo cliente e não liderado ou avaliado para indicar o indivíduo que
está passando pelo processo.
107
tenha insights e tire suas próprias conclusões. O método é percebido como mais
legítimo e faz mais sentido para quem passa pelo processo, diminuindo assim as
resistências a mudança ou aplicando as conclusões no seu cotidiano. Além disso,
pode ser encontrada uma terceira via, diferente do que o próprio interventor pensou
originalmente, pois não necessariamente será a opinião do profissional de intervenção
comportamental que prevalecerá, mas aquela que resultar de uma reflexão mais
elaborada e aprofundada. As perguntas exploratórias, confrontadoras, amplas e
diversificadas podem promover o encontro com respostas enriquecidas, que levam
tanto o cliente como o PIC a surpreenderem-se com a qualidade dos resultados
alcançados.
A maiêutica então, é um método ou uma técnica que consiste em realizar
perguntas a uma pessoa até que esta descubra conceitos que estavam latentes ou
ocultos na sua mente. O questionamento é realizado pelo PIC, que deve encarregar-
se, com as suas perguntas, de guiar o seu discípulo para o conhecimento não tácito e
enriquecido, promovendo o aprendizado heurístico, ou seja, o aprendizado da
descoberta.
108
MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
109
Novamente alguns livros de sensacionalistas, apoiados pelos jornais e revistas,
no afã de promoverem manchetes e vendas, lançaram a notícia de que descobriram
a realidade sobre o prazo para a mudança de comportamento. “Agora são 66 dias em
média”, “Bastam 66 dias para mudar um hábito”, foram as manchetes na mídia por todo
o mundo, em meados de 2015.
Mas afinal, qual é o prazo necessário para a mudança de
comportamentos?
Essa não é uma resposta simples, se interlocutor não deseja se posicionar
como um mago de soluções prontas, estilo receita de bolo, ou do tipo "Os 5 Passos
para o Sucesso".
Para entendermos essa questão, precisamos, primeiramente, separar os
comportamentos em categorias, entendendo o que é um hábito e o que não é, ou,
pelo menos, o que não é “apenas um hábito”, pois um comportamento pode estar em
mais de uma categoria, como veremos a seguir. A formação de hábito é um dos quatro
tipos de comportamentos saudáveis possíveis que estamos propondo neste livro.
111
b) Fatores interpessoais e ambientais (fatores externos) como: liderança,
equipe e colegas de trabalho, cultura e clima organizacional, religião,
intervenções terapêuticas e medicamentosas, eventos que fogem ao controle,
família, cultura regional, entre outros.
Antes de buscar uma receita de bolo, ou ter uma preocupação com a precisão
do prazo para a consolidação da mudança, um profissional que pretenda atuar como
facilitador em um processo de ensino-aprendizagem, individual ou grupal, como é o
caso do profissional de intervenção comportamental (que pode ser um gestor, coach,
mentor, terapeuta, psiquiatra, psicólogo, psicanalista) deveria, primeiramente,
compreender as interconexões existentes nessa constituição biológica e psicológica
(fatores internos) com as suas relações sociais e espirituais (fatores externos) que o
tornam uma espécie gregária-transcendente.
Um profissional de intervenção comportamental (PIC) que dominar os
fundamentos desse mapa, atuará de forma diferenciada, pois terá os elementos
necessários para propor assessments e intervenções com perspectivas mais amplas.
Conhecendo as interconexões possíveis, ampliará seus sítios de investigação e,
assim, terá diagnósticos mais ajustados, enriquecendo também seu portfólio de
hipóteses.
Além disso, entendendo a forma como os diversos fatores internos e externos
impulsionam ou restringem a consolidação de novos hábitos, habilidades e atitudes,
poderá utilizar técnicas e ferramentas que permitam minimizar o impacto dos que
porventura estiverem atuando negativamente e maximizar o impacto dos que
estiverem atuando favoravelmente.
Agora, considerando os fundamentos proposto no MCCS, podemos afirmar
com relativa segurança que as três semanas propostas por Maltz são eficazes para a
formação de novos hábitos. A técnica dos vinte e um dias é funcional para vencer o
auge da “resistência” a mudança. Pode ser utilizada também para os primeiros dias
do desenvolvimento de uma nova habilidade, como tocar violão, utilizar o computador
e pintar quadros, por exemplo.
Veja que não estamos validando a consolidação da mudança nesse período
pré-definido, como muitos preconizam. O que defendemos aqui é que a resistência a
mudança é maior nos primeiros dias, e que a utilização de uma técnica como a dos
vinte e um dias pode auxiliar a vencer o estágio onde ela é mais intensa, facilitando a
112
mudança. Normalmente, para questões mais simples, a técnica será eficaz, no
entanto, terá pouca eficácia em casos que envolvam mais interconexões.
Já para as Atitudes, a técnica dos vinte e um dias é ineficaz. Não será a prática
diária em três semanas, nem em dois meses, tampouco em dois anos que consolidará
novas atitudes. A atitude não se muda pela repetição, mas pela ampliação da
consciência. Somente quando uma pessoa percebe que o seu jeito de ser não está
sendo correto ou desejável, e quando passa a sentir-se melhor com ela mesma ao ter
uma nova atitude é que estará pronta e disposta a uma mudança. Isso não tem um
prazo, pode ser instantâneo, a partir de um evento, ou levar uma vida toda.
A intervenção do PIC é no sentido de auxiliar no processo de ampliação da
consciência, utilizando técnicas e ferramentas, e não de fomentar práticas diárias de
novas atitudes.
A estrutura do hábito
113
esse novo padrão desejado e a montar uma estratégia.
O modelo proposto é simples e didático e, até onde conseguimos aplicar,
mostrou-se eficaz, principalmente quando se está falando em construção de hábitos e
rotinas profissionais. A ressalva é que, na estrutura proposta por ele, não está
contemplado, o que chamamos de “Campo de Influência”. Como vimos anteriormente,
no Mapa Conceitual do Comportamento Saudável, o ser humano sofre influência de
fatores que modificam os seus comportamentos. Campo de Influência são esses
fatores internos e externos que podem incentivar ou restringir o hábito.
A sugestão é que, ao aplicar o modelo proposto por Duhigg, seja levado em
consideração também os Campo de Influência, conforme exemplo.
Campo de influência (fatores internos e externos)
114
a importância de definir o campo de influência.
Existem vários fatores que podem incentivar ou restringir um hábito. Quando a
pessoa mapeou esses quatro itens ela está apta a pensar em uma solução, uma
estratégia para eliminar o hábito. A estratégia deve contemplar a eliminação dos
gatilhos, a ampliação da consciência durante eventuais rotinas e a substituição da
recompensa por outra mais adequada. No exemplo citado, a estratégia pode ser um
conjunto de ações, como criar um ambiente mais propício ao trabalho, sem
interrupções; realizar trabalhos que exigem concentração nos horários de menor
fluxo; conversar com colegas da equipe, explicando a situação; criar momentos para
atender as pessoas que precisam; entre outras tantas coisas que podem ser feitas
para mudar esse comportamento. Nesse caso, mantemos a recompensa: “não ser
interrompido”, eliminando os gatilhos.
Além disso, pode-se pensar sobre o que fazer quando houver eventuais
interrupções, pois, mesmo agindo para diminuir o número de gatilhos, muito
provavelmente não será possível eliminá-los. Então pensar previamente sobre qual é
o comportamento desejado quando a situação acontecer deixará a pessoa mais
preparada para agir de tal forma.
Para essas novas rotinas, o PIC pode sugerir ao cliente que utilize a técnica do
Ensaio Mental, muito eficaz para treinar um comportamento desejável. Uma outra
técnica que o profissional pode utilizar para o acompanhamento do processo de
mudança é a do Antibiótico, ambas apresentadas neste material.
115
O CICLO DA MUDANÇA E O MODELO TRANSTEÓRICO
15Prochaska, James O.; Norcross, John C.; Diclemente, Carlo C.; Mudar para Melhor – O Método
Revolucionário Para Ultrapassar Maus Hábitos e Seguir em Frente na Vida – Editora Marcador. 2013
116
consistente e eficaz para orientar os processos de mudança comportamental,
consistindo em nove processos bem definidos em suas manifestações e intervenções,
distribuídos em seis etapas. Essa abordagem representou uma inovação nos
paradigmas dos tratamentos para ultrapassar comportamentos indesejáveis.
O Modelo é reconhecido internacionalmente como uma referência a ser
utilizada, incluído nos Centros para Controle de Doenças e o Instituto Nacional do
Cancro nos Estados Unidos, o Serviço Nacional de Saúde da Grã-Bretanha e, a nível
mundial, a Johnson & Johnson, sendo também descrito pelo Dr. William Sauders, da
Universidade de Criton, na Austrália. Ele relatou ter dificuldade de recordar os
métodos utilizados pelos profissionais de saúde para compreender a postura face a
mudança antes do aparecimento desta metodologia, numa referência a evolução de
paradigma que ela representou aos tratamentos de obesidade, alcoolismo,
tabagismos e utilização de outras drogas.
117
As seis etapas não têm um prazo pré-determinado de duração. Uma pessoa
pode ter um comportamento prejudicial e passar muito tempo, até mesmo uma vida
inteira, na fase de pré-ponderação ou da ponderação sem se dar conta, ou mesmo
tendo consciência, mas sem conseguir sair dela. Pode também evoluir para uma fase
mais avançada e, posteriormente, ter uma recaída voltando novamente a pré-
ponderação ou a ponderação e isso pode ocorrer uma ou mais vezes, até
sistematicamente.
Às vezes, quando vemos uma pessoa que promoveu uma mudança,
acreditamos que aquela mudança já se firmou e que ela não voltará mais a praticar
os comportamentos anteriores e isso não necessariamente é verdade. Uma mudança
recém firmada ainda requer uma atenção especial tanto por parte do cliente como do
PIC.
O ciclo da mudança necessita, então, que o PIC conheça detalhadamente cada
uma das suas etapas, com os seus indicadores e abordagens correspondentes, bem
como as intervenções e processos adequados a cada uma delas, para que o cliente
avance de etapa em etapa em busca de ultrapassar o comportamento indesejável,
conforme veremos a seguir.
118
Pré-ponderação
Alguém buscaria uma solução para o que não vê como um problema? Nesse
estágio, o indivíduo não acredita que a sua falta de atitude, habilidade ou o seu
comportamento sejam prejudiciais, por isso, não existe a menor motivação para a
mudança. É comum existir uma idealização do self: “Eu construí minha carreira até
aqui justamente pelas características que tenho”; “Às vezes o que dizem que você tem
de mudar é justamente o que fez você ter sucesso na vida”. Quanto melhores os
resultados obtidos ao longo da sua vida, mais comum o aparecimento de
manifestações dessa ordem. Ter uma carreira bem-sucedida é, muitas vezes, o troféu
para justificar a manutenção de comportamentos que prejudicam o seu
aprimoramento.
Essa é uma etapa na qual o PIC precisa ser astuto e paciente, pois é a fase da
negação, minimização, racionalização, vitimização ou terceirização do problema e, por
isso, a abordagem deve ser sem confrontação, pois o cliente muito provavelmente
estará refratário. Toda confrontação gera resistência e toda resistência é, no mínimo,
desnecessária. A abordagem adequada neste caso deve ser cautelosa e exige uma
maior preparação por parte do mentor, por ser mais complexa. No entanto, aceitar não
significa concordar. Vejamos, eu aceito que é possível que alguém tenha dificuldade
de ser objetivo ao se comunicar e acabe sendo prolixo, mas isso não significa que eu
119
concorde que isso seja uma competência adequada para alguém que está se
preparando para o cargo de diretor comercial.
Então, se o avaliado a diretor comercial está no estágio de pré-ponderação e
argumenta que essa forma de se comunicar não lhe prejudica, ao contrário, é um
ponto forte seu, nesse momento pode ser lhe respondido algo como: “compreendo”,
no sentido de compreender o nível de consciência que ele tem sobre a sua própria
situação e as consequências do seu problema, compreender que ele se encontra na
etapa de pré-contemplação, que a negação é uma reação natural desta etapa e que
pode ser trabalhada ao seu tempo.
O importante nesse momento é entender que nesta etapa a formação do
vínculo e a construção das evidências é que permitirão a ampliação natural e gradativa
do nível de conscientização do problema. Acelerar pode causar prejuízos até mesmo
irreparáveis para a relação entre PIC e cliente, para o processo de intervenção
comportamental e também para o cliente.
Como disse o antropólogo e psicólogo Roberto Crema: “Um facilitador autêntico
é aquele que fornece condições para que uma segunda pele se desenvolva embaixo,
até a casca torne-se obsoleta, caindo por si mesma”. 16E uma forma de tratar a ferida
é entendendo o ciclo de mudança e aceitando o cliente com suas qualidades e
defeitos, valorizando genuinamente suas qualidades mais do que apontando seus
defeitos, para criar os vínculos de confiança necessários ao avanço de etapa.
É desnecessário dizer que o cliente só está discutindo esse assunto no processo de
mentoria porque seu gestor ou porque a área de recursos humanos apontou essa
dificuldade como um ponto de desenvolvimento, pois ele mesmo não concorda e não
traria o problema para ser tratado. Assim, é importante o mentor ter uma segunda
conversa com a fonte da encomenda do objetivo, a fim de ter mais elementos que
evidenciam o problema e a sua intensidade. Uma boa forma de fazer isso é realizando
a seguinte pergunta: Considerando uma pessoa que fosse muito competente nesse
campo e que estivesse realizando a mesma função, o que ela faria de diferente na
prática do dia a dia? A partir das respostas faça uma lista de tarefas que essa pessoa
faria melhor. Com essa lista em mãos enumere de “0” a “10” o quanto o seu cliente já
está próximo da realização dessas atividades. Assim você terá uma real dimensão do
estágio atual segundo a perspectiva do gestor.
16 CREMA, Roberto. Saúde e plenitude um caminho para o ser. Vol. 54. Summus Editorial, p.58, 1995.
120
Na etapa da pré-ponderação é o momento de o PIC exercitar a compreensão
empática, pois o cliente não está pronto para a mudança e todas as orientações nesse
sentido serão perda de tempo, já que não haverá os elementos necessários para uma
adesão.
No entanto, é válido sugerir leituras, filmes, trazer informações e, sempre que
perceber algumas consequências diretas de assuntos relacionados aos temas em pré-
contemplação, construir com o cliente as interligações, através de perguntas abertas,
para que ele mesmo faça as suas interligações e chegue e tenha os seus próprios
insights. Ele deve receber mensagens, levantar evidências e chegar as suas próprias
conclusões sem que seja de forma direta, caso contrário reagirá negativamente. O
papel do PIC nesta etapa é ampliar a consciência sobre as consequências do
problema / dificuldade.
Uma pesquisa realizada pelo psicólogo norte-americano Dr. James O.
Prochaska observando pessoas em doze tipos de comportamentos problemáticos
diferentes, nos traz a informação de que na fase da pré-ponderação as pessoas
consideram mais os inconvenientes da mudança do que os ganhos com a mesma.
Temos então um princípio do progresso da fase da pré-ponderação para a
ponderação: aumentar a percepção dos prós na mudança dos seus comportamentos
inconvenientes.
PRÉ-PONDERAÇÃO
121
Postura do Profissional de intervenção comportamental:
▪ Abertura e receptividade
▪ Aceitação incondicional (Carl Rogers)
▪ Compreensão Empática (Carl Rogers)
▪ Flexibilidade para lidar com as resistências
Intervenções:
▪ Acompanhar
▪ Fornecer dicas de livros e filmes sobre os temas trabalhados
▪ Sensibilizar (falas curtas sem o objetivo de convencer, somente instalar o
problema – deixa-lo refletindo sobre – algumas mensagens curtas para diminuir
suas convicções)
▪ Utilizar técnicas, ferramentas e perguntas que levem ao aumento da percepção
dos prejuízos e riscos do comportamento atual.
▪ Aumentar a percepção sobre as vantagens e ganhos com a mudança.
122
resistências. Estudos com processos terapêuticos de mudança de hábitos e
comportamentos indicam que é possível julgar o sucesso no aconselhamento, pelo
menos em parte, a partir do grau em que seus pacientes demonstram resistência –
quanto menos, melhor. Então, esse é um indicador para o PIC. Se houver resistência,
mude de estratégia (MILLER, William R.; ROLLNICK, Stephen, 2000).
Reconhecendo a resistência
Um grupo de pesquisa de Oregon identificou quatro principais categorias de
comportamentos de resistência17, que foi ligeiramente revisado durante uma
investigação sobre o tratamento de problemas com álcool na Universidade do Novo
México. 18Analisando essas categorias é notável uma enorme semelhança com o que
nos deparamos nos processos de intervenção comportamental, sendo um
conhecimento valioso para o aprimoramento do processo de identificação das
resistências, principalmente para os avaliadores com menos experiência.
As quatro categorias são:
125
são os fatores positivos e quais os que podemos classificar como “negativos” nesse
tipo de comportamento? O que você pode fazer para diminuir os impactos negativos?
Ou seja, o PIC deve focalizar todo processo na identificação dos pontos que
prejudicam os resultados do cliente e o que deve ser feito para melhorar seus
resultados ou diminuir seus prejuízos, e não em modificar seus comportamentos. Ele
pode preservar o jeito que tem, e modificar as coisas que não estão dando resultados
positivos. É uma mudança de perspectiva pequena, mas com uma importância
enorme do ponto de vista psicológico.
Além disso, o profissional deve usar sua habilidade para conduzir as primeiras
experimentações, convidando o cliente a permitir-se degustar os resultados de um
comportamento diferente. Uma simples degustação, sem o peso da necessidade de
manutenção permanente de um novo padrão, pode leva-lo a conquistar a confiança
necessária aos primeiros passos.
Então, podemos dizer que essa etapa tem dois enfoques a serem abordados
concomitantemente: As razões ou benefícios da mudança e os riscos e
consequências de não mudar. Identificando quais são as negociações internas, ou
seja, as desculpas, e eliminando-as, com objetivo de “inclinar a balança” através da
evocação das razões para a mudança, apontando os riscos de não mudar e
fragilizando as razões para manutenção do comportamento atual.19
PONDERAÇÃO
19
MILLER, William R.; ROLLNICK, Stephen. Entrevista motivacional: preparando as pessoas para a
mudança de comportamentos adictivos. Artmed, 2000.
126
Postura do PIC:
Intervenções:
▪ Perguntas que reflitam sobre a ambivalência
▪ Revisar barreiras
▪ Mostrar benefícios
▪ Focar nos resultados indesejados, e não nos comportamentos ou no perfil do
cliente, evita resistências.
▪ Técnica Ganhos e Perdas (Motivações de Prazer e Dor)
▪ Técnica da Teoria do Campo de Forças (Kurt Lewin)
▪ Ferramenta Análise SWOT Pessoal
▪ Definir objetivos específicos e mensuráveis
▪ Levantamento de informações (assessments, observações, avaliações e
feedbacks)
▪ Análise Funcional – Conheça sua curva GPR.
▪ Utilizar técnicas do processo de alerta emocional.
▪ Utilizar técnicas do processo de autorreavaliação.
127
Planejamento ou determinação
PLANEJAMENTO
128
Intervenções:
▪ Perguntas sobre o que fazer para que a mudança se consolide
(autorresponsabilidade)
▪ Aumentar a autoconfiança
▪ Identificar possíveis problemas, dificuldades, riscos e ameaças para a
mudança e da mudança
▪ Utilizar colegas e amigos para relações de apoio e para feedback
▪ Continuar com técnicas do processo de autorreavaliação
▪ Utilizar técnicas do processo de compromisso
Ação
Vale resgatar que cada uma das etapas do ciclo de mudança compreende,
antes de mais nada, um estado de prontidão emocional, sendo que na etapa de ação
existe uma prontidão para a mudança. Às vezes as pessoas confundem esta prontidão
para a mudança com uma ação leviana qualquer, no sentido de amenizar o sentimento
de culpa ou ansiedade que muitas vezes encontram depois de uma sessão de
intervenção comportamental ou de um feedback recebido do gestor. São as pseudo
mudanças que duram dois ou três dias e depois volta tudo como era antes. Estas
atitudes ignoram a necessidade de uma preparação adequada, a existência de um
ciclo de mudança, de um processo para que ela aconteça e um acompanhamento
para que ela seja ancorada e consolidada.
A mudança consistente exige uma prontidão emocional própria para sair da
zona de conforto, necessitando concentração, priorização, abdicação e até sacrifícios.
Na maioria das vezes dá trabalho e quanto mais consolidadas estiverem as fases
anteriores, da pré-ponderação, ponderação e planejamento, mais prováveis serão os
bons resultados na fase da ação.
Não existe uma solução simples para ultrapassar comportamentos indesejáveis
complexos. Embora a técnicas como a dos vinte e um dias, sugerida pela primeira vez
pelo médico Maxwell Maltz, possa ter funcionado isoladamente para algumas
pessoas, muito provavelmente por já estarem em um estágio de prontidão emocional
adequado a etapa da manutenção da mudança, a grande maioria das pessoas não
consegue consolidar e manter a mudança se não houver um conjunto de ações
organizadas e sistematizadas.
129
Há uma busca por parte dos meios de comunicação e pela comunidade em geral
por uma fórmula simples, rápida, duradoura e sem esforço para todos os dilemas e
mazelas da humanidade. As pessoas estão habituadas a anúncios de trinta segundos
que prometem mudanças para a vida.20
Na maioria dos casos existe a necessidade da variação das técnicas. A
repetição da mesma técnica faz com que ela vá perdendo a sua força ao longo do
tempo. Nenhum método é eficaz suficiente para que possa garantir o sucesso de
forma universal e ao longo de todo o processo de mudança. Na etapa de ação, a
combinação de uma variedade de técnicas e ferramentas nos tempos apropriados,
avaliando os resultados a partir dos indicadores pré-estabelecidos, gera maior
probabilidade de produzir o resultado desejado.
Manutenção
Prochaska, James O.; Norcross, John C.; Diclemente, Carlo C.; MUDAR PARA MELHOR – O
20
Método Revolucionário para Ultrapassar Maus Hábitos e Seguir em Frente na Vida. Pg 172.
130
da mudança. Além disso, deve conversar sobre o risco da confiança excessiva, das
tentações diárias, do operar no piloto automático, alertando para a importância da
vigilância permanente para que haja a consolidação da mudança.
De forma prática, durante o processo de manutenção, o cliente deverá
continuar fazendo uso das técnicas e ferramentas que fazia durante a etapa de ação.
Tem de manter o seu compromisso por mais alguns meses até que as mudanças
sejam internalizadas. Além disso, o controle do ambiente continua a ser um
ingrediente importante. O PIC deve ajudar o cliente a organizar as suas rotinas para
que o ambiente favoreça os novos comportamentos e sejam evitadas situações que
estimulem os comportamentos indesejáveis.
Também é nessa fase que é hora de começar a mudar os rótulos. Os
comportamentos mudam muito antes dos rótulos. Uma pessoa pode começar a
praticar novos comportamentos e só começar a colher os frutos disso anos depois,
por isso é necessário pensar em estratégias para descontruir essa imagem negativa
que foi formada anteriormente.
Conclusão
131
O CICLO DA MUDANÇA E OS SEUS 9 PROCESSOS
No decorrer deste trabalho nos deparamos com uma ironia: embora as terapias
discordem normalmente quanto ao que uma pessoa precisa para mudar, existe uma
maior concordância de como se processa a mudança. As centenas de teorias de
terapias podem ser resumidas em alguns princípios aos quais Prochaska denominou
de “Processo de Mudança”.
Os nove processos de mudanças são:
• Tomada de consciência
• Libertação social
• Alerta emocional
• Autorreavaliação
• Compromisso
• Controle ambiental
• Recompensas
• Relações de ajuda
• Contracondicionamento
Tomada de Consciência
A tomada de consciência é a base do processo de mudança de quase todas as
metodologias que propõem algum tipo de intervenção comportamental, terapêutica ou
educacional. É comum a esses programas iniciarem seus processos pelo
entendimento do nível de consciência do cliente sobre a sua própria dificuldade ou
problema e o quanto realmente estão dispostos a mudar.
Nos processos de mentoria, por exemplo, temos observado que em mais de
15% dos casos ocorre uma forte distorção entre a percepção do mentorado sobre os
seus pontos de desenvolvimento e sua performance profissional, ao compararmos
com a percepção que o gestor tem sobre esses dois pontos. Isso exige do profissional
a capacidade de conduzir um processo de tomada de consciência passando
incialmente pelo reconhecimento por parte do cliente da existência destas diferentes
percepções, para, somente então, conduzir um processo que permita uma
aproximação de entendimentos.
Esse processo de tomada de consciência não se limita a trazer à superfície os
132
pensamentos e sentimentos inconscientes, mas também é o responsável por melhorar
o conhecimento sobre si próprio, sobre a forma como o problema está lhe afetando ou
pode lhe afetar no futuro, sobre a própria natureza do problema ou como se dá o
processo de mudança. Isso tudo sensibiliza a sua consciência e faz parte da mudança.
Se, por exemplo, você falar para o cliente sobre esses nove processos de
mudanças e suas seis etapas, inseridas no contexto da intervenção comportamental,
estará contribuindo para a ampliação do nível de entendimento e consciência sobre
como a mudança ocorre, incluindo nisso o entendimento sobre as resistências a
mudança, a recaída e a manutenção, o que o ajudará a aprender lidar melhor com
todos esses fenômenos. Além disso, a ampliação da consciência poderá ser utilizada
como fator motivacional. De forma simplificada, a pessoa pode ser motivada,
basicamente, por duas formas: por algo que lhe proporcione prazer ou por algo que
lhe afaste da dor.
Nesse sentido, o avaliador poderá fazer perguntas sobre os prejuízos que os
comportamentos e atitudes inapropriadas terão na carreira do cliente e, por
consequência, na sua vida profissional e pessoal. Poderá também utilizar ferramentas
como o “Ganhos e Perdas”, mostrando o que o ele ganha e o que perde mantendo os
atuais comportamentos e o que ele ganha e o que perde se realizar a mudança.
Poderá ainda utilizar a ferramenta “Campo de Força Psicológico”, mostrando quais
são os fatores que impulsionam e favorecem a mudança e quais são os fatores que
restringem e dificultam a mudança.
Outro ponto para tomada de consciência refere-se as estratégias usadas para
preservação dos comportamentos problemáticos. Existem vários tipos de
manifestações de defesas que são utilizadas inconscientemente para justificar a
manutenção de comportamentos supostamente “indesejáveis”. Entre as estratégias
de defesa que aparecem com maior frequência estão a negação e minimização;
racionalização e intelectualização; terceirização e vitimização; internalização e
culpabilidade. Faça o exercício abaixo e entenda as respostas que representam as
defesas comumente utilizadas:21
134
próprio ou a culpa, menosprezando-se, repreendendo-se ou
punindo-se.
John: Estou, não faço exercício suficiente. Tenho andado muito ocupado
escrevendo.
Uma boa justificativa, mas não resolve o problema, pelo contrário ameniza a
pressão por uma iniciativa em resolvê-lo. E John relata utilizar essa mesma estratégia
em diversas situações:
Mais uma vez John utiliza estratégias que são verdadeiras, fazem sentido,
justificam o momento, mas que não mudam a realidade por não promoverem novos
comportamentos, pelo contrário, reforçam e consolidam que a situação atual é
necessária, embora indesejável. Se dar conta disto é fundamental para o início do
processo de mudança.22
22
Adaptado de: Prochaska, James O.; Norcross, John C.; Diclemente, Carlo C.; MUDAR PARA
MELHOR – O Método Revolucionário para Ultrapassar Maus Hábitos e Seguir em Frente na Vida.
135
“A simples conscientização de nossos “truques-mentais” ajuda-nos a
controlá-los.”
Libertação Social
Na nossa sociedade ocorrem lutas enormes entre forças sociais em busca de
libertar as pessoas dos seus problemas, e forças comerciais que beneficiam com
esses problemas. De um lado existem grupos de apoio a obesidade e, de outro, um
bombardeio de publicidade incentivando o consumo de alimentos calóricos e quase
sem nutrientes. Esse é um dos exemplos da disputa entre forças opostas que existe
em todos os processos de mudança dos comportamentos indesejáveis. Forças que
nos auxiliam a evitar o comportamento indesejável e forças que nos impulsionam a
prática do comportamento indesejável. A libertação social consiste em quaisquer
novas alternativas que o ambiente externo possa oferecer para começar ou continuar o
esforço de mudança.
Uma forma de identificar oportunidades de libertação social para utilizar em
processos de intervenção comportamental é analisar quem são as pessoas que de
alguma forma auxiliam ou fortalecem o cliente para o processo de mudança; pessoas
que inibem o aparecimento do comportamento indesejável; que apoiam a mudança;
ou que cobram uma postura diferente do cliente. Também podem ser identificadas
quem são as pessoas que de alguma forma favorecem a manutenção do
comportamento indesejável; pessoas que consciente ou inconscientemente dificultam
o processo de mudança. Poderá, ainda, identificar quais são as situações, lugares e
136
momentos nos quais os comportamentos indesejáveis estão mais propensos a se
manifestarem e quais os momentos nos quais o cliente se percebe mais fortalecido
para a manutenção dos novos comportamentos. A identificação destes elementos
amplia a consciência do cliente e ajuda no processo de mudança. Além disso,
recomendamos ao PIC que, em conjunto com o cliente, elabore estratégias para
enfrentamento e consolidação da mudança.
Alerta Emocional
O alerta emocional é semelhante ao da tomada de consciência, mas opera em
um nível mais profundo. Também denominado como descarga dramática – ou ainda,
catarse – o alerta emocional é uma experiência emotiva significativa e frequentemente
súbita, relacionada a um problema existente.
Uma experiência de quase morte, uma separação, a perda de um emprego e
outros eventos marcantes na vida podem provocar profundas reflexões e fazer com
que o nível de consciência em relação ao problema amplie de tal forma que a pessoa
resolva quase que imediatamente um comportamento inadequado que se arrastava
por anos. Obviamente, é preferível gerar alerta emocional de outras formas.
Ressaltamos que alerta emocional não é o mesmo que provocar o medo. O
medo facilmente conduz a mecanismos de defesa. No alerta emocional o sentimento
desejado é de “desconforto” e “incômodo”, para que seja mobilizador de mudança e
não de resistência. De uma forma mais ampla, o psicodrama e as constelações
sistêmicas organizacionais também são formas úteis de promover o alerta emocional.
Autorreavaliação
É a reavaliação profunda, emocional e cognitiva do seu comportamento
indesejável, suas causas e consequências e do tipo de pessoa que se tornará depois
de mudar o comportamento. A autorreavaliação deve contemplar também uma
avaliação das interferências dos comportamentos indesejáveis nos valores pessoais
do cliente. É fazer um balanço do problema e de si próprio, revelando se seus valores
essenciais estão de fato em conflito com os seus comportamentos problemáticos.
O quanto o cliente está identificado com os comportamentos atuais e com os
que deseja adquirir? Como ele se vê ao conquistar os novos comportamentos? Quais
serão os custos desta mudança em termos de tempo, energia, prazer, pressão e
137
imagem? Quais são os prós e contras? Pode considerar-se uma pessoa sensata e
continuar a praticar os comportamentos indesejáveis? O que perde por abandonar
esse comportamento problemático? Que tempo, energia, prazeres ou fantasias vai
sacrificar para poder mudar? Para auxiliar no processo de autorreavaliação do cliente
utilize a técnica Ganhos e Perdas.
Compromisso
Depois de atingido um certo nível de consciência o cliente estará decidido a
investir na mudança. Esta é a hora de firmar um compromisso! O primeiro passo é o
compromisso individual entre cliente e PIC, que deve ser estabelecido logo após a
definição das competências que serão trabalhadas juntamente com os seus
indicadores de estado atual.
O segundo passo é o compromisso público – o cliente deverá anunciar a
terceiros a sua decisão inabalável de mudar. Isso trará uma força extra para a
manutenção do novo comportamento. Por uma questão de prudência, pode-se preferir
fazer primeiro o compromisso privado e após a colheita dos primeiros resultados
satisfatórios, passar ao segundo passo como estratégia de ancoragem do novo
comportamento. Além de auxiliar no processo de mudança, o anúncio do
compromisso será muito eficaz para a eliminação de rótulos existentes em relação
aos comportamentos indesejáveis anteriores.
Os rótulos mudam muito mais lentamente que os comportamentos, dificultando
a ancoragem, pois as expectativas dos colegas, liderados e líderes influenciam as
atitudes de quem passa pela intervenção, conhecido como efeito pigmaleão. Além
disso, os rótulos prejudicam os benefícios que podem advir da mudança, pois ela pode
passar despercebida e, por isso técnicas, como essa são sempre muito bem-vindas.
Contracondicionamento
Os comportamentos são interdependentes: temos a tendência para comermos
mais quando saímos para comermos fora de casa, para fumar quando aborrecidos,
mais do que quando ativos, ou para nos sentirmos mais ansiosos quando sozinhos do
que na companhia de amigos. Em quase todas as atividades saudáveis é possível
descobrir estratégias eficazes de contracondicionamento. Um viciado em drogas pode
decidir conviver mais com sua família para contrariar o desejo de se drogar, ou um
138
fumante pode iniciar atividades físicas.
O contracondicionamento é um dos processos mais potentes disponíveis para
os que querem mudar. Um hábito é mais facilmente substituído do que eliminado.
Quando elimina um comportamento indesejável sem providenciar substitutos
saudáveis, o risco de recaídas é muito alto. O contracondicionamento é, em outras
palavras, encontrar alternativas para substituir a rotina ou a recompensa do mau
hábito na forma proposta por Duhigg, como vimos anteriormente quando tratamos da
estrutura do hábito.
As cinco técnicas de contracondicionamento mais eficazes para
comportamentos inadequados motivados por um intenso desejo, apego ou
compulsão são:
Desvio ativo: A técnica consiste em encontrar uma atividade que substitua o
comportamento problemático e o impeça. As possibilidades de desvio ativo são
inúmeras: cozinhar, ler, fazer aulas de piano, estudar idiomas, namorar, escrever um
livro, entre outras tantas. O importante é o mentorado encontrar algo que seja
prazeroso e motivador. Quanto mais inspirador e motivador for o desvio, maiores as
chances de funcionar como contracondicionamento.
Atividades físicas: Para muitos comportamentos problemáticos o melhor
substituto é o exercício físico. Também pode ser utilizado em casos de ansiedade,
mau humor, estresse, insônia, desmotivação, não como contracondicionamento mas
como apoio ao processo de mudança.
Os exercícios físicos trazem diversos benefícios que auxiliam na mudança
comportamental:
• Melhoram a autoestima geral e o prazer pela vida;
• Diminuem pressão alta;
• Aumentam a resistência muscular;
• Tendões e ligamentos ficam mais flexíveis facilitando os movimentos;
eliminando dores e tensões musculares e aumentando a vitalidade.
• Exercício traz bem-estar mental e ajuda a tratar a depressão.
• Alivia o estresse e a ansiedade.
• Combate a insônia.
• Atividades físicas ajudam a produzir serotonina – o hormônio do bem-estar.
139
Meditação: Existem casos em que a atividade física não é possível ou não é
desejada. A meditação é uma técnica que pode se adequar como alternativa. Alguns
efeitos da meditação:23
• Reduz o estresse, com maior resiliência após situação estressante;
• Um período mais intenso de meditação melhora a atenção seletiva e reduz
a intermitência da atenção;
• A meditação tende a levar a pessoa a uma atitude mais positiva e empática;
• A meditação tende a promover a intuição social;
Além disso, o efeito imediato da meditação é o relaxamento e, com isso, a
diminuição da ansiedade, do forte desejo, do apego e da compulsão, facilitando o
autocontrole.
23 Davidson, Richard J. O estilo emocional do cérebro: como o funcionamento cerebral afeta sua
maneira de pensar, sentir e viver. Sextante, 2013.
24 Um grupo de abordagens psicoterapêutica que se baseiam no conceito de cognição, sobretudo a
Controle Ambiental
Assim como o contracondicionamento o controle ambiental está orientado para
a ações que auxiliem no processo de mudança do comportamento indesejável, só que
neste caso, em vez de direcionados para atividades realizadas pela pessoa em
questão, são atividades realizadas no ambiente que a influencia. Nem sempre o
resultado surge somente mudando a si próprio, em alguns casos, a pessoa pode usar
todo o esforço de mudança possível, contudo, se não promover algumas mudanças
nas circunstâncias, no ambiente ou nas “regras do jogo” nada de diferente acontecerá.
Um gerente sênior que está sendo cobrado pelo seu gestor para deixar de ser
tão operacional e atuar mais nas questões relevantes da sua área, sendo assim mais
estratégico e podendo protagonizar mudanças e melhorias, dificilmente irá atender
essa demanda sem que primeiramente consiga resolver as dificuldades que tem com
sua equipe, que é júnior demais para dar o apoio que ele necessita. Em outra
142
empresa, um diretor está se dedicando a fortalecer suas competências de
relacionamento interpessoal e de liderança, mas se deu conta de que para conseguir
melhores resultados era importante criar uma reunião semanal com seus gerentes,
tendo assim um momento de maior interação. Esses são exemplos de como as
mudanças nas circunstâncias, no ambiente ou nas regras do jogo podem colaborar
para a construção dos novos comportamentos.
Para fazer uso dessa técnica o avaliador pode conversar com o cliente/liderado
sobre quais são os possíveis elementos do ambiente, quais as circunstâncias e as
regras formais e informais existentes na organização que estão interferindo no
processo de aprimoramento comportamental e a partir dessa análise encontrarem
juntos formas para usar isso a seu favor.
Autorrecompensas
Embora o psicólogo americano Roy Baumeister e seus colegas tenham
pesquisas onde a força de vontade aparece como um recurso limitado dependente de
uma capacidade interna e com uma quantidade de energia limitada 25, as pesquisas
mais recentes avançam no sentido contrário, mostrando que a diminuição da força de
vontade não se dá pela exaustão, utilização, fadiga ou consumo.
Um experimento com estudantes universitários na Case Western University,
em Ohio, ilustra bem o que os pesquisadores estão concluindo. Os estudantes da
disciplina de Psicologia Introdutória, como parte do curso, foram incluídos no
“Experimento do Rabanete”. 26Para isso, eram orientados que fizessem um jejum
prévio ao experimento, chegando com fome ao laboratório. Logo na chegada, pediam-
lhes para resistir à tentação de comer biscoitos e balas, esforçando-se para que se
satisfizessem com alguns rabanetes. A tarefa a seguir era resolver problemas de
geometria que, na verdade, eram insolúveis. Em uma primeira análise o estudo
apontou uma forte correlação entre quem tinha comido rabanete e o tempo mais
rápido de desistência em comparação com quem tinha comido biscoitos e balas.
De fato, a diminuição do esforço subsequente em muitos estudos semelhantes
ficou comprovada; no entanto, estudos posteriores mostraram que a diminuição dos
25 MURAVEN, Mark; TICE, Dianne M.; BAUMEISTER, Roy F. Self-control as a limited resource:
Regulatory depletion patterns. Journal of personality and social psychology, v. 74, n. 3, p. 774, 1998.
26 BAUMEISTER, Roy F. et al. Ego depletion: Is the active self a limited resource?. Journal of
Relações de Ajuda
A relação de ajuda é um processo comumente usado na psicoterapia, sendo
essencial aos que seguem processos de mudança pessoal - quer recorrendo a um
profissional, um amigo, um familiar, ou a qualquer outra fonte -, contribuindo com
apoio, carinho, compreensão, e aceitação.30
Embora essa seja uma estratégia da fase da ação, ela deve se iniciar na fase
da preparação, quando o cliente escolhe pessoas da sua confiança para apresentar
suas ideias e planos ou para obter feedbacks, fortalecendo assim o vínculo de
confiança. Quando da implementação das ações para a mudança de comportamento,
um colega de trabalho mais próximo, sabendo dos pontos que o indivíduo está
buscando aprimoramento e conhecendo suas estratégias, pode ficar atento, avaliando
à distância a sua performance e, posteriormente, ajustando a percepção através de
feedbacks.
29 PAJARES, Frank; OLAZ, Fabián. Teoria social cognitiva e auto-eficácia: uma visão geral. Teoria
social cognitiva: Conceitos básicos, p. 97-114, 2008.
30 Prochaska, James O.; Norcross, John C.; Diclemente, Carlo C.; Mudar para Melhor – O Método
Revolucionário Para Ultrapassar Maus Hábitos e Seguir em Frente na Vida – Editora Marcador, p32.
2013
145
Além disso, o fato de compartilhar com colegas aumenta o comprometimento
com a mudança e com a manutenção dos novos comportamentos. No entanto,
embora esse processo seja altamente recomendável, o PIC deve estar atento e
alertar cliente que pode acontecer destas pessoas próximas, em determinados
momentos, assumirem como pseudo-mentores, passando a dar orientações sobre o
que e como devem ou não devem fazer, competindo e conflitando com o processo
intervenção comportamental. O importante é que o PIC e o cliente estejam
conscientes de que isso pode acontecer e que cliente reconheça na pessoa do
interventor a legitimidade do papel que ele exerce. Se isso estiver no seu devido lugar,
o espaço para alguma desordem é mínimo.31
31 O psicólogo americano Edwin Locke em 1990 ao publicar junto com Gary Latham o livro A Theory of
Goal Setting & Task Performance (A teoria da fixação de metas e desempenho de tarefas, em
português), que se tornou uma das bases da literatura utilizada por psicólogos organizacionais.
- Cosenza, Ramon M.; Por Que Não Somos Racionais; Artmed Editora (2015).
- Seligman, Marting E.; Felicidade Autêntica – Usando a Psicologia Positiva para a Realização
Permanente; Editora Objetiva Ltda (2002).
- Bernhoeft, Rosa; Mentoring: Prática & Casos – Fundamental para o desenvolvimento de carreiras.;
Editora Evora (2014)
146
INTERVENÇÃO PARA DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS
Técnica: Antibiótico
Após realização do P.D.I a pessoa deverá, durante pelo menos duas semanas,
preencher o relatório abaixo e encaminhar por e-mail, whatsapp ou outro meio de
comunicação definido entre ambos. Preferencialmente todo dia no mesmo horário.
Nome da Competência:
147
Técnica: Ensaio Mental
Essa técnica pode ser aplicada concomitante a técnica antibiótico.
148
Teorias explicativas sobre Treinamento Mental
Segundo Suinn apud Becker (1996) durante uma sessão de treinamento mental
é possível atuar sobre os sistemas sensoriais, em quatro dimensões distintas: visual,
cinestésica, auditiva e emocional.
Dimensão visual: Para Becker (1996) na dimensão visual o atleta imagina- se
realizando a ação desportiva e pode produzir diferenças na perspectiva (interna X
externa), isto significa que além das informações externas, a imaginação visual - pela
sua característica de colocar a atenção em todos os detalhes possíveis da ação
(posição corporal, sequência motora, etc.), - pode proporcionar ao praticante
informações internas sobre modelos de ação motora.
Dimensão cinestésica: Esta dimensão trata da imaginação da percepção
149
interna que o atleta vivência, antes, durante e depois da ação motora, e que
juntamente com a dimensão visual é a mais utilizada pelos atletas. Os mecanismos
proprioceptivos recebem informações importantes dos músculos, ossos e do sistema
responsável pelo equilíbrio e os mecanismos intereceptivos recebem também
informações das vísceras.
Dimensão Auditiva: Durante a execução real das ações motoras, os atletas
registram ruídos que ocorrem tanto em si mesmo, como no objeto ou objetos que
maneja e no ambiente desportivo que o rodeia. A utilização da imaginação auditiva,
somada às dimensões visual e cinestésica contribui para o aumento do rendimento
dos atletas.
Dimensão emocional: Conforme Becker (1996) por mais que um atleta esteja
preparado para uma competição, é impossível deixar de sentir a emoção relacionada
ao movimento. A visualização das emoções que podem ocorrer em situações cruciais
de uma competição é uma técnica de imaginação, também utilizada na psicologia
clínica, chamada de Coping Imagery (imaginação pela superação), que pode levar a
um melhor controle destes fatores por parte do atleta.
a) Orientação
Uma característica da mentalização que se considera importante é " a
orientação da imagem". A orientação da imagem divide-se em imagem interna e
imagem externa.
• Imagem interna: é aquela produzida pelo próprio aspecto da mentalização e
também é chamada de imagem cinestésica.
• Imagem externa: ocorre quando uma pessoa vê a si mesma, como um
observador, como se estivesse vendo-se em uma televisão.
Os estudos realizados não apresentam conclusões que possam ser
confirmadas, parece que ambas, a imagem interna e a externa, podem melhorar a
atuação e que sua efetividade depende do nível de habilidade do desportista e do tipo
de tarefa a ser realizada.
150
b) Claridade (nitidez)
Outra característica importante da efetividade das imagens refere-se à nitidez
da mesma. A nitidez diz respeito à claridade da imagem produzida. Uma mentalização
confusa do que se quer fazer, dificilmente trará uma execução satisfatória. Por
exemplo: um jogador de basquete visualiza um tiro livre sem ver claramente o aro da
cesta, consequentemente, na execução do movimento irá falhar.
c) Controlabilidade
Controlabilidade refere-se à capacidade da pessoa em alterar a imagem:
aumentando-a, diminuindo-a ou vê-la em movimento. Trata-se de um fator decisivo
para determinar a efetividade da imagem. O controle se refere a mudar a imagem
conforme a vontade do desportista. Aprender a controlar as imagens de acordo com
os desejos e necessidades, se não houver controle das imagens, haverá repetição de
erros.
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REFERÊNCIAS
BAUMEISTER, Roy F. et al. Ego depletion: Is the active self a limited resource?.
Journal of personality and social psychology, v. 74, n. 5, p. 1252, 1998.
COSENZA, Ramon M.; Por Que Não Somos Racionais; Artmed Editora, 2015.
CREMA, Roberto. Saúde e plenitude um caminho para o ser. Vol. 54. Summus
Editorial, p.58, 1995.
MILLER, George A.; GALANTER, Eugene; PRIBRAM, Karl H. Plans and the
structure of behavior. Adams Bannister Cox, 1986.
152
MILLER, William R.; ROLLNICK, Stephen. Entrevista motivacional: preparando as
pessoas para a mudança de comportamentos adictivos. Artmed, 2000.
PROCHASKA, James O.; Norcross, John C.; Diclemente, Carlo C.; Mudar para
Melhor – O Método Revolucionário Para Ultrapassar Maus Hábitos e Seguir em
Frente na Vida – Editora Marcador. 2013
WARGO, Eric. How many seconds to a first impression?. 2006. Disponível em:
https://www.psychologicalscience.org/observer/how-many-seconds-to-a-first-
impression#.WTF-LWjyvIU.
WILKEN, Beate. Methoden der kognitiven Umstrukturierung. Ein Leitfaden für die
psychotherapeutische Praxis. 3. erweiterte Auflage. Kohlhammer, Stuttgart 2006.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Terapia_cognitiva.
ZEBROWITZ, Leslie A. et al. Older and younger adults' first impressions from
faces: Similar in agreement but different in positivity. Psychology and aging, v. 28,
n. 1, p. 202, 2013.
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