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YOUR PERFECT RIGHT — A Guide to Assertive Behavior

COORDENAÇÃO EDITORIAL: Rachel Kopit

CAPA: Cláudio Martins

Copyright by Impact Publishers, Inc.

FICHA CATALOGRÁFICA
CIP - Brasil. Catalogação na fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

A289c
Alberti, Robert E. Comportamento assertivo: um guia
de auto-expressão / Robert E. Alberti e Michael L.
Emmons; tradução | de | Jane Maria Corrêa. — Belo
Horizonte: Interlivros, 1978.

tradução de: Your perfect right: a guide to assertiva


behavior Bibliografia

1. Psicologia social 2. Relações interpessoais I.


78.0324 Emmons, Michael L. II. título

CDD — 301.1 158.2 CDU — 301. 151

INTERLIVROS DE MINAS GERAIS LTDA.

Caixa Postal, 1843 — Tel.: 222-2568

30000 — Belo Horizonte — MG

Atendemos pelo Reembolso Postal

2
Índice

Agradecimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Prefácio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

PRIMEIRA PARTE
I Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Por que este livro foi escrito. Quem lerá este livro.

II Comportamento Assertivo, Não-assertivo e Agressivo ....................................................... 12


Exemplos de casos. Não-asserção geral e situacional. Agressão geral e situacional.
Reconhecimento do comportamento não-assertivo e agressivo.

III Fundamentos para um Comportamento Assertivo................................................................................ 23


Por que devo mudar? Os seus direitos. Uma advertência antes que você comece. Os
componentes do comportamento assertivo.
IV O Desenvolvimento do Comportamento Assertivo........................................................... ..................... 28
Mudando comportamento e atitudes. O processo passo a passo. Um "empurrãozinho".
V. Asserções muito Pessoais — Carinho, Ódio e Reações Posteriores Carinho começa ...................... 32
em casa. Estabelecendo contato. “É tarde demais agora!" A raiva é saudável.
VI. Além da Asserção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Reações potenciais adversas. Optando pela não-asserção. Quando você está
errado. Algumas considerações casuais sobre comportamento assertivo.

VII. Situações de Comportamento Assertivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40


Situações de relações interpessoais. Situações de consumo. Situações no emprego. Situações na escola.
Situações sociais.

SEGUNDA PARTE
VIII. Introdução à Segunda Parte .............................................................. 46

IX. Preparo do Terapeuta ...................................................................... 47


X. Diagnóstico do Comportamento Não-assertivo, Agressivo e Assertivo
......................................................... ................................................ 49
Considerações preliminares. Métodos de diagnóstico. Testes padronizados.
Medidas comportamentais ao vivo.
XI. Facilitaçâo Terapêutica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Preparação do cliente. Facilitaçâo individual. Facilitaçâo em grupo. A montagem do grupo de
treinamento assertivo. O processo do treinamento assertivo em grupo. Mais algumas palavras
sobre grupos assertivos.
XII. Aplicações do Treinamento Assertivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Aplicações na escola secundária e na universidade. Aplicações profissionais. Aplicações
fora da saúde mental. Aplicações individuais e comunitárias. Outras aplicações.
XIII. Bibliografia Comentada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........... 63
Estudos experimentais. Estudos de caso. Modelagem e representação.
O processo do treinamento assertivo em grupo. Asserção em crianças. Outras referências
relevantes.
XIV. Referências .................................. ............................................. 71

APÊNDICES
Apêndice A: Declaração Universal dos Direitos do Homem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

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Agradecimentos
A resposta a Comportamento Assertivo — Um Guia de Auto-Expressão
tem sido contínua e crescente. Com três tiragens da primeira edição agora em circulação, sentimos que
é hora de ampliarmos e aprofundarmos este trabalho. À medida em que embarcamos nesta nova
ventura,. reiteramos com sincera gratidão que nenhum livro é o produto dos autores apenas. Várias
pessoas fizeram contribuições vitais a este volume, e agradecemos-lhes seus esforços dedicados:

Agradecemos a John Vasconcellos por conceder generosamente seu tempo para colocar nosso
trabalho no contexto de suas preocupações educacionais e humanísticas e por sua atenciosa
apresentação. Um agradecimento especial é devido a Joseph Wolpe, que estimulou e encorajou nossa
abordagem ao treinamento assertivo.

Lachlan P. MacDonald editou o manuscrito e serviu como consultor geral e agente de produção e
distribuição. Além disso, sua perceptividade e criatividade contribuíram significativamente para nossa
conceptualização teórica. Ele é também um valoroso amigo pessoal.

Charles e Carita Merker, proprietários de Grandview Printers, Glen-dale, Arizona, dedicaram


generosamente seu tempo e talento para tornar possível a publicação da primeira edição deste livro.

Deborah Alberti e Kay Emmons têm sido modelos de assertividade,encorajaram, amaram e


esperaram. Sem elas não haveria este livro. A elas dedicamos este esforço.

B. E. A.
M. L. E.

San Luis Obispo, Califórnia

Dezembro de 1979

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Prefácio
Nós estamos passando por mudanças significativas em todos os aspectos de nossa sociedade:
religião, família, trabalho, modo de vida, educação e governo. Muitas de nossas instituições sociais,
através das quais as pessoas encontravam segurança no passado, não são mais seguras ou presentes
como costumavam ser. A educação, como a sociedade e todas suas outras instituições, está
experimentando confusão e crises profundas e dolorosas.
Como presidente do "Joint Committee on California's Master Plan for Higher Education", e do "Joint
Committee on Educational Goals Evaluation", tenho um papel privilegiado em formar os caracteres da
educação que está surgindo, e conseqüentemente de nossa futura sociedade.
Tenho consciência de que muitas pessoas continuam a acreditar em um impulso em direção a
aperfeiçoamentos — que pode ser chamado de próprio da evolução intelectual, científica ou
humanística. É vital que seres humanos, especialmente aqueles que são responsáveis por e para
outros, tentem compreender o que está acontecendo — para sua realização pessoal, e para a dos
outros.
Estamos passando agora pela mais profunda e dramática das mudanças: como o ser humano vê o
ser humano, como o homem se vê como pessoa, o que significa a consciência, o que significa ter um
corpo, expressar emoções e relacionar-se autenticamente.
Na cultura ocidental tradicional, o homem foi condicionado a ver-se e experimentar-se de modos
negativos — com, muito medo e vergonha e culpa. Qualquer que seja o relacionamento (pai e filho,
professor e aluno, sacerdote e fiéis, políticos e povo), o homem foi pressionado para olhar para fora e
para cima, para a figura de autoridade, a fim de receber instruções sobre como devia ser.
Hoje esta relação está mudando radicalmente. Muitas pessoas estão olhando para dentro e vendo
a condição humana de modo positivo. E quando eu mudo radicalmente meu autoconceito (ou melhor,
auto-estima), então todas as estruturas sociais e relacionamentos baseados na autonegação, repressão
e autoridade tornam-se agudamente questionáveis. Eu desafio a hipótese de que outra pessoa saiba
melhor que eu o que é bom para mim. Eu questiono aquelas instituições que me dizem que eu preciso
que outrem dite para mim como eu devo ser.
Em minha experiência própria (criado como católico romano), a figura de autoridade olhava para a
parede e falava uma língua estrangeira. Minha professora primária tinha todo o mistério, as notas e o
poder. Nós, alunos, devíamos sentar quietos, calar, aceitar, conformar, negar nossa experiência e
aprender a não confiar em nossos próprios corpos ou sentimentos existenciais.
Estes padrões não são mais adequados para mim. Portanto, estamos tentando dar fôlego a estes
movimentos que exaltam o humano ao invés de rebaixá-lo e que encorajam as pessoas a questionar de
modo positivo o que são os seres humanos e o que eles podem vir a ser.
Passa-se o mesmo com a educação hoje em dia. Ela deve ser relevante para nossa sociedade,
que se modifica tão rápida e radicalmente. Ela deve se tornar receptiva às necessidades e desejos de
seres humanos que se vêem e sentem-se de modo diverso.
Experiências educacionais tradicionais deram aos jovens a idéia dolorosa de que eles tinham de
negar seus sentimentos, calar suas perguntas e ficar quietos por receio de parecer ridículos. Lembro-me
de mim mesmo passando pela escola: o menino inteligente que ganhava todos os prêmios, mas que
temia fazer perguntas por medo de ser repreendido ou ridicularizado pela autoridade.

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Isto já não serve mais. Talvez a melhor evidência surja do que está acontecendo em toda a
Califórnia. Todos os grupos ligados à educação (conservadores e liberais, educadores, estudantes e
pais, de todas as raças, ambos os sexos) estão nos informando convictamente de que a leitura, a escrita
e a aritmética foram ligadas por um quarto objetivo principal da educação: auto-estima (eu acredito que
a auto-estima seja um objetivo vital, básico, de toda relação e instituição humana).
O objetivo da auto-estima e as exigências de muitos seres humanos deixam claro que muitas
questões sobre humanidade e natureza e potencial humano são as mais importantes para a educação
escolar atualmente. Eu quero especialmente ver nossas escolas tornarem-se lugares onde alunos,
professores, administradores, pais e responsáveis juntos explorem o significado de ser humano. E é
possível, assim como necessário, envolver a comunidade inteira, mesmo seus membros mais
tradicionais, em um diálogo sobre auto-estima e sobre liberdade e sinceridade (autenticidade) e amor
(cuidado). Embora tristemente desaparecidos em nossos tratos rotineiros um corn o outro, estes
permanecem os nossos valores tradicionais básicos.

A menos que façamos isto, nós simplesmente não vamos resolver nossos maiores problemas
sociais: violência, drogas, racismo, sexismo e guerra. Construir a auto-estima, aumentando a
compreensão de nós próprios e facilitando o comportamento humano natural está se tornando cada vez
mais um dos objetivos mais vitais e inerentes das responsabilidades de nosso sistema educacional.

Este livro é importante porque fala diretamente do tema. Ele atinge diretamente as raízes da baixa
auto-estima, no caso do padrão de comportamento ser não-assertivo ou agressivo — elaborando os
valores técnicos do comportamento alternativo-assertivo. Ele discute como aprender por nós mesmos e
como podemos facilitar seu aprendizado por outros (minha única reserva é meu ceticismo sobre a
modificação do comportamento e meu compromisso com a psicologia hurnanística).
Juntamente com Bob Alberti e Mike Emmons, minha convicção é que o ser humano tem uma
tremenda capacidade de crescimento em ser, tornar-se autêntico, responsável e atencioso, assim como
para relacionar-se e crescer e aprender. Embora este livro não esteja apenas ligado à educação, nós
compartilhamos a opinião de que as escolas devem ser lugares onde os seres humanos sejam
encorajados à abertura e à expressão de si próprios — em vez de lugares onde sejam condicionados a
sentir-se mal consigo mesmos, aceitar ordens e adaptar-se, a seguir estudos sem questioná-los, e a
perpetuar o velho sistema e seus estereótipos.
Nós esperamos abrir a educação na Califórnia à exploração de muitas alternativas e hipóteses. As
escolas devem criar o diálogo necessário para criar estruturas alternativas, métodos e currículos que
tornarão os Jovens capazes de respeitar a si mesmos e de descobrir suas capacidades de viver
plenamente.

A educação deve ser um processo que afirme o direito da criança do não se envergonhar de si
mesma, de não ter medo de expressar suas necessidades e direitos. A educação realmente deve tornar
a criança capaz de reconhecer seu corpo, mente e emoções como legítimos e valiosos e como
componentes de ser e tornar-se completamente humano. A educação deve afirmar e respeitar a criança
totalmente.

Comportamento Assertivo — Um Guia de Auto-Expressão ultrapassa as fronteiras da educação


baseada nos direitos humanos. Sua mensagem, clara dirige-se à sala de aula, à clínica a, espera-se, a
uma audiência mais ampla. Aprender a ser assertivo é educação para a vida, para ser humano, para
nos tornar mais humanos e fazer a sociedade mais humana também.
Mas finalmente, é uma questão de sua própria escolha pessoal, de sua própria consciência de si,
e sua própria boa vontade de correr as espécies de riscos que fazem sua própria vida particular
criativa, significativa e realizada.

John Vasconcellos
Membro do Legislativo da Califórnia
Sacramento, 6 de dezembro de 1973.

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Primeira Parte

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Introdução

Entre as pessoas, como entre as naçõe o respeito ao direito de cada um assegura a paz!

Benito Juarez

Esta segunda edição do Comportamento Assertivo — Um Guia de Auto-Expressão é dirigida a um


público maior do que supúnhamos na ocasião da primeira edição, em 1970. A primeira edição é agora
largamente usada em escolas, universidades, centros de saúde mental, clube de meninos, prisões,
indústrias e outras organizações para facilitar o desenvolvimento do comportamento assertivo. Ainda
assim, descobrimos que muitos leitores são leigos, primeiramente interessados em seu próprio
desenvolvimento pessoal, que muitas vezes ficaram conhecendo o livro através de um terapeuta Ficamos
impressionados pela quantidade de leigos para os quais este livro evidentemente supriu uma
necessidade importante.
Assim, enquanto a primeira edição tentou conciliar os objetivos de um livro escrito para todas as
pessoas e um livro escrito para profissionais de saúde mental, esta segunda edição é destinada ao leigo,
com uma seção extra que inclui material técnico para o profissional.
Escrevemos conscientes do sentimento de impotência pessoal que têm muitos indivíduos em
nossa sociedade hoje, vivendo em lugares lotados. barulhentos, poluídos e hostis, onde os indivíduos
contam pouco ou nada, onde indústrias gigantes ou serviços públicos, sindicatos ou sistemas políticos
possuem todo o controle.

Apesar de um eventual Ralph Nader ou John Gardner,* o cidadão médio continua a sentir-se
dominado, explorado e usado por quem quer que o julgue uma fonte de lucro e poder. O cidadão médio
chega a sentir que é considerado como um recurso dispensável.
Nós não concordamos com isto. Estamos certos de que o indivíduo merece muito mais.

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E este é o valor desse livro, ajudar a ultrapassar a impotência pessoal, ajudar as pessoas que se
sentem de algum modo insignificantes ou frustradas no esquema global das coisas. Nós simplesmente
não jogamos a culpa da condição humana sobre o mundo moderno da tecnologia, mas reconhecemos
a necessidade de reafirmar o valor individual de cada homem como da absoluta prioridade.
O leitor deve compreender que esta não é uma proposta de revolução política, econômica ou
social. Estamos preocupados com o poder em nível muito mais pessoal — em casa, no trabalho, na
escola, em lojas e restaurantes, em reuniões sociais, onde quer que o sentimento de insignificância ou
frustração pessoal seja encontrado.
Alguém já passou em sua frente na fila? Você tem dificuldade em dizer não a vendedores
insistentes? Você consegue expressar sentimentos calorosos e positivos a alguém? Você consegue
tranquilamente iniciar uma conversa com estranhos em uma festa? Você já lamentou ter "passado por
cima" de outrem quando tentava atingir seus próprios objetivos?

Muitas pessoas acham essas e outras situações similares incômodas ou irritantes e muitas vezes
parecem estar desorientadas sem saber encontrar a resposta "certa". O comportamento que torna a
pessoa capaz de agir em seus próprios interesses, a se afirmar sem ansiedade indevida, a expressar
sentimentos sinceros sem constrangimento, ou a exercitar seus próprios direitos sem negar os alheios, é
denominado de comportamento assertivo. A pessoa não-assertiva tende a pensar na resposta
apropriada depois que a oportunidade passou. A pessoa agressiva pode responder muito
vigorosamente, causando uma forte impressão negativa e mais tarde arrepender-se disso. Ë nosso
propósito neste livro orientar a pessoa para que ela obtenha um repertório de comportamento assertivo
mais adequado para que escolha respostas apropriadas e satisfatórias em várias situações.
Pesquisas demonstraram que o aprendizado de respostas assertivas inibirá ou enfraquecerá a
ansiedade previamente experimentada em relações interpessoais especificas. Quando a pessoa se
torna mais capaz de afirmar-se e fazer coisas por iniciativa própria, ela reduz apreciavelmente sua
ansiedade ou tensão anteriores em situações críticas e aumenta seu senso de valor como pessoa. Este
mesmo senso de valor está geralmente ausente na pessoa agressiva, cuja agressividade pode
mascarar sentimentos de culpa e de insegurança.
Nós endossamos sem reservas o conceito de igualdade entre os seres humanos. Cada indivíduo
tem os mesmos direitos fundamentais que tem seu semelhante em relações interpessoais. O nosso
objetivo é ajudar o maior número de pessoas a aprender a exercitar seus direitos fundamentais, sem
infringir o alheio. Nós reforçamos o leitor a tornar-se completamente familiar com a Declaração Universal
dos Direitos do Homem (Apêndice A).
Estamos muito preocupados com a forte tendência em nossa sociedade para avaliar seres
humanos em escalas que fazem a pessoa "melhor" que as outras. Considere as seguintes informações:
adultos são melhores que crianças
patrões são melhores que empregados
homens são melhores que mulheres
brancos são melhores que pretos
médicos são melhores que bombeiros
professores são melhores que alunos
políticos são melhores que eleitores
generais são melhores que civis
vencedores são melhores que perdedores
e assim por diante, ad Infinitum. Nossas estruturas sociais perpetuam estes mitos e outros
semelhantes, e permitem aos seres humanos nestes papéis serem tratados como se valessem menos
como seres humanos, considerando se apenas os papéis hierárquicos.
Se você passa pela vida cheio de inibições, cedendo à vontade alheia, guardando seus desejos
dentro de si, ou, ao contrário, destruindo os out ros a fim de atingir seus próprios objetivos, seu
sentimento de autovalor estará baixo. Mesmo sintomas físicos como dor de cabeça, fadiga, distúrbios
estomacais, erupções da pele e asma são frequentemente o resultado do fracasso em desenvolver o
comportamento assertivo. O indivíduo assertivo tem controle total de si mesmo nas relações
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interpessoais, sente-se confiante e capaz sem afetação ou hostilidade, é basicamente espontâneo na
expressão de sentimentos e emoções, e é geralmente respeitado e admirado pelos outros.
Geralmente, as pessoas confundem agressão com asserção, mas o indivíduo assertivo não
prejudica os outros ou nega os direitos deles, passando sem contemplações sobre as pessoas. A
pessoa assertiva é aberta e flexível, genuinamente preocupada com os direitos alheios e é ainda,
concomitantemente, capaz de estabelecer muito bem seus próprios direitos.
Nosso desejo sincero é evitar qualquer coisa que seja estruturada como um manual sobre
"como manipular os outros" ou qualquer coisa que pareça uma série de "macetes". Estamos
preocupados em ajudar a trazer à tona padrões de comportamento duráveis e positivos baseados
nos princípios científicos da aprendizagem. Os conceitos de comportamento assertivo, agressivo e
não-assertivo são definidos e ilustrados a fim de demonstrar como provocar mudanças em seu próprio
comportamento. Instruções específicas para ajudá-lo a alcançar maior asserção são fornecidas em
termos claros, não-técnicos. Uma seção conclusiva discute tópicos de interesse sobre o uso da
asserção. Está também incluída uma série variada de ilustrações de situações assertivas que são
úteis para qualquer pessoa que esteja interessada e alerta a seu próprio processo de
auto-aperfeiçoamento. A segunda parte abrange os aspectos técnicos e teóricos do comportamento
assertivo, e é designada a ser um guia para profissionais que se comprometem a facilitar o
crescimento pessoal de seus clientes.

POR QUE ESTE LIVRO FOI ESCRITO

Nossa análise das estruturas básicas dos mundos da família, da educação e dos negócios leva a
concluir que o comportamento assertivo é frequentemente suprimido nestes três níveis. Além disso, os
ensinamentos básicos das organizações religiosas têm frequentemente inibido a expressão completa
em situações interpessoais.
Às mulheres, crianças e membros de minorias étnicas nos Estados Unidos tem sido ensinado,
caracteristicamente, que o comportamento assertivo é propriedade do adulto branco do sexo masculino
Sem dúvida, tais atitudes estão profundamente arraizadas em nossa cultura.
Tem sido extremamente difícil para os que têm, reconhecer os direitos dos que não têm. As vitórias
que resultaram dos movimentos para os direitos civis nas décadas de 1950 e 1960 foram vagarosas,
dolorosas e tragicamente custosas. Fazendo um retrospecto, pode-se imaginar se as mudanças foram mais
que ligeiras. O Presidente Lyndon Baines Johnson observou que os "Civil Rights Acts" de 1964, 1965 e
1968 foram "as melhores leis que poderiam ser aprovadas", por um Congresso poderosamente influenciado
por indivíduos que haviam dedicado suas vidas à preservação do status quo ante.
Mais recentemente, as mulheres têm encontrado resistência similar aos seus recentes
esforços de auto-asserção Seus maridos, empregados, legisladores, Presidente, têm todos
demonstrado resistência que vão da condescendência à hostilidade aberta por suas batalhas políticas.
Ainda assim, as mulheres estão obtendo vitórias tardias no reconhecimento de seus direitos individuais.
Notamos um aumento de treinamentos assertivos para mulheres. Ironicamente, um grupo de mulheres
conscientes nos informou recentemente que nos "Agradecimentos" pela primeira edição desse livro nós
praticamente reconhecemos que nossas esposas deixam a desejar quanto ao comportamento assertivo
(por exemplo, "esperar"). A mensagem é clara. Nossa orientação cultural em relação ao desenvolvimento
do comportamento assertivo é inadequada. Devemos começar a valorizar e a recompensar as asserções
de cada indivíduo, reconhecendo seu direito à auto-expressão sem medos e culpas, valorizando seu
direito à opinião e reconhecendo sua contribuição, que é única.
Na família, o indivíduo é geralmente logo censurado, se se decido a defender seus direitos.
Repreensões familiares são: "Não ouse falar com sua mãe (pai) desse modo!", "Crianças devem ser
vistas e não ouvidas", "Nunca mais diga essa palavra na minha frente outra vez". Obviamente estas
ordens dos pais não levam a criança a ser auto-assertiva.
Os professores são especialmente culpados pelo comportamento não assertivo, basicamente do
mesmo modo que os pais. Crianças quietas, bem comportadas, que não questionam o sistema, são
recompensadas, enquanto aquelas que o fazem são de algum modo tratadas com desprezo . Ë que a
espontaneidade natural da criança em aprender é cerceada até a quarta ou quinta série.
Os remanescentes dos métodos da educação escolar e familiar afetam nossa atuação em nossas
ocupações e vida diária. Todo empregado tem consciência de que, sintomaticamente, não se deve

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dizer nada que ameace a ordem estabelecida na organização. O patrão está "lá em cima" e os outros
"em baixo" e sentem-se obrigados a concordar com o que é esperado deles, mesmo se consideram essa
expectativa completarnente inadequada. As experiências de trabalho anteriores dos empregados lhes
ensinam que, se você falar abertamente, é provável que não obtenha aumento ou reconhecimento, e
pode até perder o emprego. Você rapidamente aprende a ser um "homem de confiança" da firma, a
manter as coisas correndo sem problemas, a ter poucas ideias próprias, a ser prudente ao agir e ao falar
para que "o patrão não fique sabendo". A lição sobre ser não-assertivo em seu trabalho é muita clara.
Os ensinamentos das igrejas contemporâneas parecem indicar que ser assertivo não é o
comportamento "religioso" a ser levado a efeito. Qualidades como humildade, autonegação e
auto-sacrifício são geralmente incentivadas até à exclusão da afirmação da própria personalidade. Há
uma noção incorreta de que os ideais religiosos de fraternidade devem, de algum modo esotérico, ser
incompatíveis com os sentimentos bons que se experimentem com o próprio eu e com o sentimento de
tranqüilidade e confiança nas relações com os outros. Acreditamos, e demonstramos, que ser
assertivo na vida não diverge de modo algum dos ensinamentos dos principais grupos religiosos. Sua
fuga do comportamento de repressão à liberdade permite a você ser mais útil aos seus semelhantes
assim como a si mesmo. O que pode haver de ímpio nisso?
Instituições políticas, embora não tanto quanto as familiares, escolares e religiosas, que
influenciam o desenvolvimento precoce do comportamento não-assertivo, fazem pouco para o
desenvolvimento do comportamento assertivo dos indivíduos adultos. As decisões tomadas no plano
político atual não estão muito longe dos dias de absolutismo e assim permanecem largamente
inacessíveis ao cidadão médio. No entanto, ainda verdade que "a roda que range deve ser
lubrificada" e quando os indivíduos se tornam bastante expressivos, o governo geralmente responde.
Nossa esperança é que expressão assertiva mais adequada proscreverá a necessidade da
agressividade entre os ativistas politicamente alienados.
É comum para a pessoa que tem sido agressiva em uma determinada situação sentir culpa como
resultado de seu comportamento. É menos aceito o fato de que a pessoa assertiva geralmente
sente culpa por causa dos condicionamentos da infância. As instituições da sociedade têm ensinado
com tanto empenho a inibir a expressão dos direitos razoáveis de uma pessoa que esta pode se
sentir culpada por haver se afirmado.
Afirmamos que não é saudável para ninguém nutrir-se de sentimentos de culpa por ser ele
mesmo. Embora as famílias, escolas, organizações econômicas, igrejas e governos tendam a negar
a auto-asserção, contestamos com o fato de que cada pessoa tem o direito de ser e de
expressar a si mesma, e sentir-se bem (sem culpas) por fazer isso, desde que não fira seus
semelhantes no processo.
A influência anti-assertiva destes sistemas sociais básicos resultou em uma barreira de
limitações a ações que levam à auto-realização de muitas pessoas. Muitos indivíduos cujas vidas
foram limitadas pela incapacidade de ser adequadamente assertivos atingiram a auto-realização
seguindo o programa de treinamento assertivo deste livro.

QUEM LERÁ ESTE LIVRO


Este livro é para todos aqueles que desejam desenvolver uma existência pessoal própria mais rica
e para aqueles que serão os instrumentos da facilitação no crescimento pessoal de outros. Um livro de
largo alcance corre o risco de ser superficial. Contudo, nós firmemente pensamos que o conceito de
asserção legítima é necessário para muitas pessoas, para as quais um Volume especializado não
seria apropriado.

Embora este livro seja dirigido ao público em geral, nós supomos le muitas pessoas das que o lerem
estarão ligadas à prática terapêutica profissional, ou a papéis de modificadores do comportamento.
Professores, técnicos em esportes, conselheiros e funcionários das escolas acharão útil esse livro,
como também aqueles cujas atividades são relacionadas com educação, porém mais especializadas,
como os logoterapeutas. Profissionais em prática terapêutica particular ou pública — psiquiatras,
psicólogos, médicos, orientadores conjugais ou familiares, pastores, assistentes sociais, orientadores de
emprego e reabilitação, acharão o treinamento ssertivo valioso no exercício de sua profissão. Eles
também o indicarão como leitura auxiliar para seus clientes. Para alguns profissionais este livro oferece
uma breve revisão e uma abordagem organizada dos métodos que eles já aplicam em diversos níveis, e
que podem servir para aumentar a eficácia desses. Orientadores e técnicos em pessoal das grandes
indústrias ou instituições do governo acharão úteis os conceitos e técnicas descritos aqui. Além disso,
este material é dirigido a uma série e indivíduos engajados em organizações de jovens e comunitárias.
11
Uma exposiçao mais detalhada das aplicações potenciais do treinamento assertivo nestes contextos
será encontrada na segunda parte.
Este livro foi escrito tendo em mente sua aplicação prática e foi organizado de modo a facilitar sua
utilidade na prática. Incitamos o leitor a familiarizar-se com o conceito de asserção, reconhecer sua
validade m sua própria experiência e então aplicar seus princípios em sua vida essoal.
Na segunda edição nós intencionalmente evitamos conceitos e terminologia que possam deter o
leitor comum. Um livro clinicamente orientado sobre treinamento assertivo, estaria, sem dúvida, repleto
de documentação de extensas pesquisas. Tal livro conteria longos e freqüentes discursos sobre a
dinâmica da personalidade relacionada a situações que produzem ansiedade e a comportamento
agressivo, assertivo e não-assertivo. A segunda parte deste livro é destinada a preencher a necessidade
de tal material. A bibliografia é dirigida ao profissional. O leitor pragmático é convidado a aproveitar ao
máximo a maior parte do que oferecemos aqui para ajudar a si mesmo e aos outros. Nós solicitamos
feedback e relatórios desses dois tipos de leitores, leigos e profissionais, que empreguem estas
técnicas, na esperança de que possamos continuamente aperfeiçoar e atualizar este material e expandir
sua utilidade.

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II

Comportamento Assertivo, Não-Assertivo e


Agressivo
Todos os homens nascem livres e iguais e têm certos direitos naturais,
essenciais e inalienáveis.

Constituição de Massachusetts, 1778.

Nosso sistema de vida ocidental cultiva maneiras conflitivas de comportamento em muitas áreas de
relacionamento interpessoal. Um exemplo típico é encontrado nas atitudes e ensinamentos populares
sobre sexualidade humana. Repressão sexual é a norma da família de classe média americana, da
escola e da Igreja. Os meios de comunicação de massa populares, contudo, literalmente bombardeiam
as audiências com uma visão diferente da sexualidade. Por um lado espera-se que as moças sejam
meigas e Inocentemente não-assertivas, enquanto por outro elas são reforçadas por ser sensuais,
vampes e sedutoras. A agressividade sexual, especialmente no homem, é altamente valorizada: o amante
é glorificado pela imprensa e pelo cinema e admirado por seus companheiro. Paradoxalmente, ele é
instruído a se relacionar com moças "respeitáveis" e advertido de que o relacionamento sexual só é
permitido depois do casamento.

Outros exemplos de conflitos entre comportamentos "recomendados" e "reforçados" são


evidentes. Mesmo quando está claramente expresso que se deve respeitar os direitos dos outros,
frequentemente observamos que pais, professores e religiões contradizem esses valores com seus
próprios atos. Tato, diplomacia, polidez, maneiras refinadas, modéstia e abnegação geralmente são
elogiados, embora seja aceitável que, para subir na vida, "pise-se" nos outros.
O menino é cuidadosamente educado para ser forte, bravo e dominador. Sua agressividade é
perdoada e aceita, como é o caso do orgulho sentido pelo pai cujo menino está em apuros por ter
acertado o nariz do valentão. Ironicamente (e urna fonte de muita confusão para o menino) o mesmo pai
encorajará da mesma maneira o seu filho a "ter respeito pêlos mais velhos", "ser gentil", e "dar lugar
para os outros".
O atleta que participa de uma competição esportiva sabe quando foi agressivo ou "quebrou" um
pouco as regras, mas isto é aceito porque "não importa como você joga, o importante é que você
vença", embora isto não seja admitido abertamente. (Convidamos o purista esportista a discordar desta
afirmação e comparar os reforços recebidos pelo técnico vencedor em relação aos recebidos pelo
técnico honesto, porém vencido.) Woody Hayes, o mais famoso treinador de futebol da Universidade de
Ohio, fez a seguinte citação: "Mostre-me um bom perdedor que eu te mostrarei um fracassado".

Acreditamos que cada pessoa deveria ser capaz "de fazer sua própria opção" sobre a maneira de
agir numa determinada circunstância. Se sua resposta de "polidez restringente" é bem desenvolvida,
ela pode ser incapaz de escolher agir da maneira que gostaria. Se desenvolveu mais sua resposta
agressiva, pode ser incapaz de atingir seus objetivos sem ferir
os outros. Esta liberdade de escolha e exercício de autocontrole se tornam possíveis com o
desenvolvimento de respostas assertivas a situações que produziram anteriormente comportamento
assertivo ou agressivo baseado na ansiedade.
Exemplos comparando o comportamento assertivo com o não-assertivo e ações agressivas
poderão ajudar a esclarecer esses conceitos. O padrão que aparece no quadro a seguir é também
demonstrado em cada um dos exemplos que virão logo após. O quadro mostra diversos sentimentos e
consequências mais comuns para o indivíduo (emissor) cujo comportamento é não-assertivo, ou

13
agressivo. Mostra também as consequências que cada um desses tipos de comportamento trazem
para o indivíduo ao qual o comportamento é dirigido (receptor).

Pode-se ver no quadro que no caso de uma resposta não-assertiva numa dada situação, o
emissor está claramente se negando e inibindo a expressão de seus sentimentos. Como resultado de
seu comportamento inadequado, ele se sente, frequentemente, ferido e ansioso. Deixando que os
outros escolham por ele, raramente ele atinge seus próprios objetivos desejados.

A pessoa que leva seu desejo de auto-asserção ao extremo do comportamento "agressivo"


normalmente consegue seus objetivos às custas dos outros. Embora frequentemente perceba seu
comportamento como auto-enriquecedor e expressivo de seus sentimentos na situação, normalmente no
processo magoa os outros ao fazer escolhas por eles e os desvaloriza como pessoas.

COMPORTAMENTO COMPORTAMENTO COMPORTAMENTO


NÃO ASSERTIVO AGRESSIVO ASSERTIVO

O Emissor O Emissor O Emissor

Nega a si próprio Valoriza-se às custas dos outros Valoriza-se

Fica inibido Expressa-se Expressa-se

Fica magoado e ansioso Deprecia os outros Sente-se bem consigo mesmo

Permite que outros escolham Escolhe para os outros Escolhe por si


para ele

Não atinge os objetivos Atinge os obetivos desejados Pode atingir os Objetivos


desejados ferindo os outros desejados

O Receptor O Receptor O Receptor

Sente culpa ou raiva Repudia-se Valoriza-se

Deprecia o emissor Sente-se ferido, humilhado e na Expressa-se


defensiva

Atinge os objetivos às custas do Não atinge os objetivos Pode atingir os objetivos


emissor desejados desejados

O comportamento agressivo resulta comumente num "rebaixar" o receptor. Seus direitos foram
negados e ele se sente ferido, humilhado e na defensiva. Seus objetivos na situação não são atingidos, é
claro. Embora a pessoa agressiva possa atingir seus objetivos, ela pode também gerar ódio e frustração
14
que poderá receber mais tarde corno vingança.

Por outro lado, um comportamento assertivo apropriado na mesma situação aumentaria a


auto-apreciação do emissor e uma expressão honesta de seus sentimentos. Geralmente ele atingirá
seus objetivos, tendo escolhido por si mesmo como agir. Um sentimento positivo a respeito de si mesmo
acompanha uma resposta assertiva.

Do mesmo modo, quando as consequências destes três comporta mentos contrastantes são vistas
da perspectiva de uma pessoa "sobre a qual" eles são emitidos (ou seja, o indivíduo ao qual o
comportamento é dirigido) surge um padrão paralelo. O comportamsnto não-assertivo produz
frequentemente sentimentos que vão de simpatia a um franco desprezo pelo emissor. Também a pessoa
que recebe a ação (receptor) pode sentir culpa ou raiva ao atingir seus próprios objetivos às custas do
emissor. Pelo contrário, uma transação envolvendo asserção aumenta os sentimentos de
autovalorização e permite expressão total de si mesmo. Além disso, enquanto o emissor atinge seus
objetivos, os objetivos do indivíduo ao qual o comportamento é dirigido também podem ser atingidos.

Em suma, é claro então que no comportamento não-assertivo o emissor se prejudica pela sua
própria autodesvalorização; no comportamento agressivo o receptor é prejudicado. No caso da
asserção, nenhuma pessoa é prejudicada e, a menos que os objetivos desejados sejam totalmente
conflitantes, ambos podem sair-se bem.

EXEMPLOS DE CASOS:

"Jantando Fora"

O Sr. e a Sra. A estão num restaurante de preços moderados. O Sr. A pediu um bife especial, mas
quando foi servido percebeu que estava muito bem passado, ao contrário do que ele havia pedido. Seu
comportamento é:

Não-Assertivo:

O Sr. A resmunga para a mulher a respeito do bife "queimado" e diz que não volta mais neste
restaurante. Ele não diz nada ao garçom e responde "tudo legal" à sua pergunta "está tudo bem?". A sua
noite e seu jantar são altamente insatisfatórios e ele se sente culpado por não ter tomado uma atitude. A
auto-estima do Sr. A e a admiração da Sra. A por ele são diminuídas pela experiência.

Agressivo:

O Sr. A chama o garçom à mesa e é injusto e grosseiro com ele .por não ter atendido bem. A
sua atitude ridiculariza o garçom e constrange a Sra. A. Ele pede e recebe outro bife mais de acordo
com o que queria. Ele se sente controlando a situação, mas o embaraço da Sra. A cria atrito entre
eles e estraga a noite. O garçom fica humilhado, zangado e sem jeito o resto da noite.

Assertivo :

O Sr. A chama o garçom à sua mesa, lembra-lhe que pediu um bife especial, mostra-lhe o bife
bem passado, pede-lhe polida mas firmemente que o troque por um mal passado como ele havia
pedido. O garçom pede desculpas pelo erro e rapidamente o atende. O casal aprecia o jantar e o
Sr. A se sente satisfeito consigo mesmo. O garçom se sente feliz com o freguês satisfeito e o
serviço adequado.

"Emprestando Alguma Coisa"

Helen é uma universitária atraente, brilhante e excelente estudante, amada pelos professores
e colegas. Ela mora numa república com seis moças, dividindo seu quarto com duas.

Todas as moças namoram regularmente. Uma noite, enquanto as colegas de quarto de Helen se
preparavam para encontrar os namorados (Helen planeja uma noite tranquila elaborando um
trabalho escolar), Maria diz que vai sair com um cara muito legal e espera dar uma boa impressão.

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Ela pergunta a Helen se pode usar um colar novo e caro que Helen acabou de ganhar de seu irmão
que presta serviço militar na Marinha. Helen e seu irmão são muito amigos e o colar significa muito
para ela. Sua resposta é:

Não-Assertiva:
Ela "engole em seco" seu medo de o colar ser perdido ou danificado, e seu sentimento de que
seu significado especial o tornava muito importante para ser emprestado e diz: "Claro".
Ela se desvaloriza, reforça Maria por fazer um pedido excessivo e se preocupa toda a noite (o
que traz pouca contribuição para o trabalho escolar).

Agressiva:
Helen mostra indignação pelo pedido da amiga, diz-lhe "absolutamente não" e começa a
censurá-la severamente por atrever se a fazer uma pergunta "tão cretina". Ela humilha Maria e faz
papel ridículo. Mais tarde se sente incomodada e com sentimento de culpa, o que interfere no seu
estudo. Maria se sente ferida e estes sentimentos manifestam-se mais tarde, estragando o seu
encontro, pois não consegue se divertir, o que intriga e desencoraja o rapaz. Daí em diante o
relacionamento de Helen com Maria passa a ser bastante tenso.

Assertiva:
Ela fala do significado do colar e, gentil, mas firmemente, diz que aquele pedido não pode ser
atendido, pois a jóia é muito pessoal. Mais tarde ela se sente bem por ter sido sincera consigo mesma e
Maria, reconhecendo a validade da resposta de Helen, faz grande sucesso com o rapaz, sendo ela
também mais honesta e franca com ele.

"Fumando Maconha"
Pam é uma aluna do 3.° colegial, muito simpática, que tem se encontrado com um rapaz muito
atraente do qual tem gostado muito. Numa noite ele a convida a participar de um bate-papo com outros
dois casais, ambos casados.
Quando todos se reuniram na festa, Pam sentiu-se muito bem e gostou muito. Depois de uma hora
mais ou menos, um dos homens casados pegou alguns cigarros de maconha e sugeriu que todos
fumassem. Todos prontamente aceitaram, exceto Pam, que não queria experimentar maconha. Ela fica
em conflito, porque o rapaz que ela admira está fumando maconha e, quando ele lhe oferece o cigarro,
ela decide ser:

Não-Assertiva:
Aceita o cigarro, demonstrando já ter fumado maconha antes. Ela observa atentamente os outros
para ver como eles fumam. No fundo ela teme que eles lhe peçam para fumar mais. Os outros estão
falando em "ficar muito doidos" e Pam está preocupada com o que o rapaz está pensando dela. Ela
negou a si própria, não foi sincera com seu namorado, e sente remorso por ter entrado numa que não
queria.

Agressiva:
Pam fica indignada quando lhe oferecem a maconha e explode com o rapaz por tê-la levado a uma
festa de tipo tão "baixo". Diz que prefere voltar logo para casa do que ficar com este tipo de gente.
Quando as outras pessoas da festa lhe dizem que ela não precisa fumar, se não quiser, ela não se
satisfaz e continua indignada. Seu amigo fica humilhado, sem jeito com seus amigos e desapontado com
ela. Embora ele continue cordial com Pam quando a leva para casa, ele não mais a convidará para sair.

Assertiva:

Pam não aceita o cigarro, dizendo simplesmente: "Não, obrigada. Não estou com
vontade". Ela continua, explicando que nunca fumou antes e que não tem vontade de fazê-lo.

Diz que preferiria que os outros não fumassem, mas reconhece o direito que eles têm de fazer
suas próprias escolhas.

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"A Gorducha"

O Sr. e Sra. B estão casados há nove anos e recentemente vêm tendo problemas
conjugais, porque ele insiste em que ela está muito gorda e precisa emagrecer. Ele volta ao
assunto constantemente, dizendo-lhe que ela não é mais a mesma mulher com quem se
casou (que tinha 50 Kg), que este excesso de peso lhe faz mal para a saúde, que ela é um
mau exemplo para as crianças, etc.

Além disso, ele a goza, dizendo que ela está uma bola, olha apaixonadamente para as
moças magras, comentando sobre o quanto são atraentes, e faz referências à sua má
aparência na frente dos amigos. Nos últimos três meses o Sr. B tem se comportado desta
maneira e a Sra. B Já está terrivelmente contrariada. Ela tem tentado perder peso nestes três
meses, mas sem muito sucesso. Seguindo a onda recente de críticas do Sr. B, a Sra. B é:
Não-Assertiva:

Ela pede desculpas por seu excesso de peso, as vezes se desculpa nem convicção,
outras simplesmente aceita calada as críticas do marido. Interiormente ela sente raiva do
marido pela sua "encheção" e culpa-se polo excesso de peso. Sua ansiedade torna mais difícil
para ela perder peso, e a briga continua.

Agressiva:

A Sra. B faz frequentes comentários, dizendo que seu marido também não vale grande
coisa. Ela menciona o fato de que à noite ele cai no sono no sofá, é um péssimo parceiro
sexual e não lhe dá atenção suficiente.

Estas coisas não têm nada a ver com o problema, mas a Sra. B. continua. Ela queixa-se de que
ele a humilha na frente das crianças e amigos mais chegados e age como um "velho sem-vergonha"
pelo modo que olha as moças atraentes. Na sua raiva ela só consegue ferir o Sr. B e construir uma
barreira entre eles, defendendo-se com o contra-ataque.

Assertiva:
A Sra. B. procura o marido numa hora em que ele está sozinho e não será interrompido; então
lhe diz que sente que ele está certo com relação à sua necessidade de perder peso, mas que não
gosta da sua maneira de colocar o problema. Diz que está fazendo o melhor que pode e que está
sendo duro perder peso e manter o regime. Ele compreende a ineficácia de ficar repisando o assunto
e decidem trabalhar juntos num plano no qual ele vai reforçá-la sistematicamente por seus esforços
em perder peso.

"O Menino do Vizinho"


O Sr. e Sra. E têm um filho de dois anos e uma filha de dois meses. Recentemente, por diversas
noites, o filho do vizinho, de 17 anos, tem ficado em seu carro, ao lado da casa, ouvindo som altíssimo.
Ele começa exatamente na hora em que as duas crianças do casal E se recolhem para dormir,
exatamente ao lado da casa onde o rapaz ouve as músicas. A música alta acorda as crianças toda noite
e é impossível para os pais fazê-las dormir, enquanto a música continua. O casal E está incomodado e
decide ser:

Não-Assertivo:
O Sr. e Sra. E levam as crianças para seu quarto, do outro lado da casa, esperam até que a música
cesse, por volta de 1 hora da madrugada, então transferem as crianças para o quarto delas. E vão
dormir muito depois do horário de costume. Eles continuam a maldizer o rapaz em silêncio, e breve se
desligam dos vizinhos.

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Agressivo:
O casal E chama a polícia e reclama que "um desses jovens selvagens" da casa ao lado está
incomodando. Exigem que a polícia "faça seu papel" e pare com o barulho de uma vez.
A polícia fala com o rapaz e com seus pais, que ficam muito chateados e com raiva pelo embaraço
da visita da polícia. Eles reprovam o fato de o casal E ter chamado a polícia antes de conversar com.
eles e resolvem evitar qualquer relacionamento com eles.

Assertivo:
O casal vai à casa do rapaz e diz a ele que sua musica está mantendo as crianças acordadas à
noite. Procura, junto com o rapaz, encontrar uma solução para o caso, que não perturbe o sono das
crianças. O rapaz relutantemente concorda em abaixar o volume à noite, mas aprecia a atitude
cooperativa do casal E. Todos se sentem bem com os resultados.

"Já Passou dos Limites"

Marcos, de 28 anos, chega ena casa e encontra um bilhete da mulher, dizendo que iniciou um
processo de divórcio. Ele fica muito perturbado, principalmente porque ela não lhe disse cara a cara.
Enquanto procura se controlar e compreender por que ela agiu daquela maneira, ele relê seu bilhete:
"Marcos, estamos casados há 3 anos e nunca, em nenhum momento, você me permitiu ser eu
mesma e agir como um ser humano. Você sempre me disse o que fazer, sempre tomou todas as
decisões. Você nunca aprenderá a mostrar carinho e afeição por ninguém. Tenho medo de ter filhos com
receio de que eles possam ser tratados como eu sou. Aprendi a perder todo o respeito e admiração por
você. Ontem à noite, quando você me bateu, foi o fim. Vou me divorciar de você."

Marcos decide reagir a este bilhete sendo:

Não-Assertivo:

Sente-se completamente só, com remorso e com pena de si mesmo. Começa a beber e finalmente
toma coragem suficiente para chamar sua mulher na casa dos pais dela. No telefone, implora perdão,
pede a ela que volte e promete mudar.

Agressivo:

Marcos fica furioso com o comportamento de sua mulher e sai para procurá-la. Ele a agarra
violentamente pelo braço e exige que ela volte para o lar ao qual ela pertence. Diz-lhe que ela é sua
mulher e tem que fazer o que ele diz. Ela briga e resiste; seus pais intervêm e chamam a polícia.

Assertivo:

Marcos liga para sua mulher e diz-lhe que percebe que foi tudo basicamente por culpa dele, mas
que gostaria de mudar. Fala da sua boa vontade em marcar uma consulta com um psicólogo e espera
que ela participe com ele.

"O Derrotado"

Russel é um rapaz de 22 anos que trabalha numa fábrica de plástico. Mora sozinho num quarto
alugado. Nos últimos quatorze meses ele não t em se encontrado com nenhuma garota. Deixou a escola
depois de uma série de coisas que o desagradaram — não estava indo bem nas provas, brigas com os
colegas nos alojamentos de estudantes. Esteve preso duas vezes por causa de bebidas. Ontem
recebeu uma carta de sua mãe perguntando como estavam as coisas e principalmente falando dos
sucessos de seu irmão. Hoje seu chefe o repreendeu asperamente e, de certa forma, injustamente, por
um erro que, de fato, era da responsabilidade do próprio chefe. Além disso uma secretária do seu
serviço não aceitou um convite que ele lhe havia feito para jantar. Quando ele chegou ao seu
apartamento naquela tarde, sentindo-se particularmente deprimido e desgastado, seu locador o
encontrou na porta e começou com uma conversa sobre "estes beberrões" e com um aviso (uma
semana antes do prazo) de que devia pagar o aluguel no vencimento, A resposta de Russel é:

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Não-Assertiva:

Ele toma sobre si toda a carga, do locador, somada a uma culpa que sente e uma depressão,
agora aumentada. Sente-se completamente desarnparado. Fica admirado de como seu irmão pode ser
tão bem sucedido e ele tão desastrado. A rejeição da secretária e a crítica do chefe reforçam sua
convicção de que não presta pra nada. Concluindo que o mundo ficaria melhor sem ele, pega o
pequeno revólver que tem no quarto e começa a carregá-lo, com o propósito de se suicidar.

Agressiva:

O locador acrescentou a gota d'água no copo de Bussel. Ele fica furioso e empurra o locador para
fora de seu quarto. Lá, sozinho, resolve "pegar" as pessoas que têm feito sua vida tão miserável
ultimamente: o chefe, a secretária, o locador, e possivelmente outros também. Pega seu revólver e
começa a carregá-lo com o firme propósito de sair à noite e matar as pessoas que o feriram.

Assertiva:

Russel responde firmemente ao locador, dizendo que sempre pagou o aluguel em dia e que ainda
falta uma semana para o vencimento. Lembra ao locador que há uma barra da escada quebrada e que
o conserto já deveria ter sido feito há mais tempo. Na manhã seguinte, após pensar um pouco sobre sua
vida, procura uma clinica psicológica para ajudá-lo. No trabalho procura o supervisor e calmamente lhe
explica as circunstâncias do erro. Embora procurando se defender, o supervisor reconhece o seu erro e
pede desculpas por seu comportamento agressivo.

19
NAO ASSERÇÃO GERAL E SITUACIONAL

“um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando que


este vá comê-lo mais tarde.”

Winston Churchill

Dois conceitos de não-asserção são úteis no desenvolvimento de respostas mais adaptativas


às situações da vida que exigem asserção. O primeiro diz respeito àqueles indivíduos cujos
comportamentos são geralmente adequados e proporcionam autocrescimento; mas que em algumas
situações se sentem altamente ansiosos, o que os impede de dar respostas adequadas a estas
situações. Identificamos esta categoria como não-asserção situacional.

A segunda categoria, não-asserção generalizada, inclui aquelas pessoas cujos comportamentos


são tipicamente não-assertivos. Este indivíduo frequentemente visto como acanhado, tímido ou reservado,
acha-se incapaz de seus direitos ou agir de acordo com seus sentimentos na maior parte ou em quase
todas as situações. Ele não faz nada que perturbe os outros. Constantemente ele está voltado para
os outros ou sente culpa se nega algo a alguém. Sempre fez o que seus pais quiseram que fizesse.
Sente que não tem idéias próprias e está sempre com medo dos outros. Enquanto a maioria das
pessoas no mínimo protesta brandamente quando se abusa dos seus direitos, o não-assertivo comum
não diz nada. Por exemplo,se alguém está fazendo barulho a ponto de perturbar nosso prazer no
t e a t r o , a maioria de nós, sendo assim provocada, exigirá que respeitem nosso desejo de sossego,
enquanto o não-assertivo comum sofrerá calado. Ele prefere até acusar-se de não ser compreensivo e
amigável a pensar que a outra pessoa está errada. É muito comum ele deixar de fazer suas coisas para
deixar outros levarem vantagem sobre ele. Alguns não-assertivos comuns pedem permissão para fazer
coisas que todos acham mais que normais. Uma mulher achava necessário pedir permissão ao marido
para beijá-lo ou sentar-se em seu colo! Um homem emprestou seu carro por um dia. Quando, três
dias depois, o sujeito o devolveu com pouca gasolina e sem nenhuma explicação sobre o que tinha
acontecido, ele não di sse nada, embora sua cabeça estivesse "pegando fogo" e seu estômago
estivesse queimando.

O comumente não-assertivo, conseqüentemente, é uma pessoa que tem um a out o -estima muito
baixa e a quem quase todas as situações sociais deixam ansioso a ponto de incomodar. Seu
sentimento de ser inadequado, o pouco reconhecimento de seu próprio valor e o desconforto físico
causado pela ansiedade generalizada pode demandar um tratamento profundo. A inibição extrema e
falta de habilidade em responder emocionalmente da pessoa não-assertiva pode exigir um
desenvolvimento tão profundo de atitudes e comportamentos somente possível no relacionamento com
um terapeuta treinado. Embora incluamos no programa de desenvolvimento de asserção deste livro um
conjunto compreensível de situações de treinamento assertivo, nenhuma tentativa é feita aqui de lidar
com condições terapêuticas efetivamente necessárias para ajudar as pessoas comumente
não-assertivas. Sugerimos que as pessoas identificadas como geralmente não-assertivas sejam
encaminhadas a um terapeuta qualificado .

O não-assertivo situacional pode reconhecer seu problema prontamente, e sem muito preparo ou
demora, iniciar com sucesso a asserção. Existe também nesse indivíduo uma tendência a descobrir
espontaneamente, na sua vida diária, maneiras de ser assertivo consigo mesmo e com os outros, sem
ser especificamente instruído para isso. Um exemplo é Carolina, uma universitária de 27 anos que falou
de como as pessoas aproveitaram-se dela uma boa parte do tempo. Seu problema atual era com uma
colega de sala que lhe tinha pedido emprestadas suas anotações e que estava com elas há mais de um
mês. Carolina precisava delas para preparar uma aula e já as tinha pedido uma vez, mas elas não lhe fo-
ram devolvidas. Os conceitos de asserção foram explicados a Carolina, esclareceram-se as dificuldades
que ela vinha tendo em ser assertiva de maneira adequada. Ela então treinou sua nova atitude cobrando
da colega de novo, desta vez de maneira firme e insistente. Nos dias seguintes ela procurou de novo a
colega, falando firmemente sobre sua necessidade das anotações e rapidamente conseguiu que ela as
devolvesse. Além disso reclamou de um erro no tíquete do estacionamento e acabou ganhando. No
passado esta mulher deixaria estas coisas passarem, mas ela aprendeu sua lição rapidamente.
Continuou sendo assertiva, o que resultou numa auto-imagem bem melhorada.

20
No caso de não-asserção situacional, supomos que estamos lidando com uma pessoa
relativamente saudável, que deseja desenvolver novas formas de lidar com situações que são
atualmente desagradáveis, negativas e não adaptativas para ela. Se não fizer nada a respeito destas
situações, poderá ainda ser capaz de agir de maneira relativamente saudável, mas, sendo assertiva
consigo mesma em certas situações chave, ela fará sua vida transcorrer mais tranquila e se sentirá mais
completa como pessoa. O professor, conselheiro ou amigo, poderá observar a inabilidade desta pessoa
em agir na direção de seus próprios objetivos. Ou o indivíduo mesmo poderá procurar ajuda para
superar uma ansiedade numa determinada situação.

21
AGRESSÃO GERAL E SITUACIONAL

Eu sou inferior a qualquer homem cujos direitos eu piso.

Horace Greeley

Na seção anterior descrevemos o comportamento da pessoa cuja ansiedade inibe respostas


assertivas adequadas. Uma outra pessoa pode responder a esta ansiedade sendo agressiva,
"colocando os outros por baixo" para "sentir-se por cima".
É comum confundir-se comportamento assertivo com comportamento agressivo. Temos, contudo,
observado que asserção não envolve ferir outra pessoa. Muitas vezes o indivíduo agressivo deseja se
levantar sem ferir outras pessoas mas não aprendeu respostas que sejam apropriadamente assertivas.
É fácil interpretar-se mal um comportamento agressivo e manter uma baixa estima por pessoas
agressivas. Alguns livros populares recentes (Bach e Wyden, 1968) ajudaram a aumentar a
compreensão sobre a agressividade, contudo, muito ainda precisa ser feito sobre o assunto.
Infelizmente, outras explanações popularizadas, super simplificadas e in-corretas, como a que
caracteriza a agressividade humana como "instintiva", são enganosas e de pouco valor para a
compreensão deste tipo de comportamento. Temos esperança de que um conhecimento da agressão
como uma resposta inadequada para a ansiedade e um reconhecimento da facilidade com que uma
pessoa pode aprender respostas assertivas mais adequadas reduzirá o conceito fora de propósito que
muita gente tem a respeito da agressão dos indivíduos.

Os conceitos de "geral" e "situacional" podem ser aplicados ao comportamento agressivo de


maneira semelhante à nossa discussão sobre não-asserção. O indivíduo geralmente agressivo
caracteriza-se por um comportamento que é tipicamente agressivo com os outros em todas as
situações. Ele pode parecer, de fachada, ter muita autoconfiança, estar no controle de toda situação,
ser forte e capaz de lidar com a vida de sua própria maneira. Ele pode viver de acordo com sua
concepção do ideal cultural americano: a imagem da figura agressiva, viril, que domina seu ambiente e
demonstra seu "machismo". Se ele tem uma orientação mais intelectual, poderá dominar
conversações, desfazer das opiniões dos outros e não deixar dúvida de que se considera a última
palavra em quase todo assunto. Alguém que seja geralmente agressivo parece ter atrito com a maioria
das pessoas com quem entra em contato. Ë extremamente sensível à crítica e .só sente rejeitado boa
parte do tempo. A agressividade generalizada caracteriza-se pela facilidade com que a pessoa
desencadeia explosões agressivas. Em casos extremos ela é tão sensível que uma leve ameaça a sua
segurança provoca uma reação contrária, O homem é geralmente, muito autocrático no seu
relacionamento com a família, com mulher e filhos submissos, nenhum deles arriscando-se a
contrariá-lo de nenhuma forma. Pode- recorrer à punição física com as crianças e pode ser abusivo
fisicamente com a esposa. Frequentemente é um tipo considerado carrancudo e taciturno; pode ter
muita dificuldade em se manter no emprego.
Esta pessoa geralmente agressiva, devido a seu comportamento ser tão ofensivo para os outros,
vê-se com poucos amigos e pouca estima dos seus conhecidos. Sua necessidade de afeição e
aceitação é tão grande quanto a de todo mundo, mas ela não sabe como ser assertiva consigo mesma
(e então receber aceitação) ou como demandar afeição. Suas tentativas de estabelecer contato humano
geralmente terminam em frustração, devido a seu comportamento abusivo.
De novo, como no caso da pessoa geralmente não-assertiva, o indivíduo geralmente agressivo é,
acreditamos, ansioso em quase todas as situações sociais. Sua relutância ou inabilidade para
responder a um evento emocional de maneira honesta, enganando aos outros e frequentemente a si
mesmo, exige um relacionamento terapêutico profissional.
Á pessoa situacionalmente agressiva responde com agressão apenas sob certas condições. Ela
poderá, geralmente, reconhecer esta condição e voluntariamente buscar assistência para o problema
específico ou responder rapidamente à sugestão de alguém de que deve mudar. Prontamente pode
aceitar a sugestão de poder facilmente aprender respostas mais adaptativas do que a agressão. Dois
exemplos de agressividade situacional talvez esclareçam mais esta idéia.
Dois estudantes universitários foram enviados (para tratamento) pelo mesmo instrutor em ocasiões
diferentes. Jim, um estudante do 3.° ano, foi descrito como irritadiço; Adélia, uma moça

22
do último ano, foi enviada por ser extremamente dominadora com um instrutor e com seus colegas de
classe. O rapaz tinha uma influência perniciosa na classe; fazia perguntas de maneira agressiva, o que
intimidava o professor, e nas discussões em sala externava rudemente suas opiniões, não mostrando
respeito algum pela opinião dos outros. A atitude voluntariosa de Jim era ofensiva e piorava com seu
desprezo pelos que não aceitavam suas conclusões "óbvias". De fato, ele perturbava todo o clima da
classe rejeitando a validade de qualquer ponto-de-vista que não fosse o seu próprio. Para terminar, Jim
ignorava todo mundo dentro da sala, embora muitas das suas observações fossem lógicas e bem
pensadas.
Adélia só se tornou agressiva depois de um extenso período de não-assertividade. À medida que
foi vendo os outros levarem sempre vantagens sobre ela, não pôde mais suportar isso e começou a ter
explosões de agressividade. Depois de uma dessas manifestações de raiva, Adélia parecia estar bem,
até que o processo ocorresse de novo, produzindo outra explosão. Cada um destes indivíduos estava
certo, mas eles arruinaram a efetividade de suas idéias por ações inapropriadas. Ambos me-
lhoraram suas vidas académicas por meio de uma aprendizagem de como lidar assertivamente
com as situações.
Outro exemplo de agressividade situacional é o de Pat, 37 anos, que estava tendo sessões de
aconselhamento conjugal, juntamente com seu marido, depois de ter feito terapia individual por
algum tempo. Pat estava extremamente descontente com seu marido pelo seu envolvimento em
ativídades fora de casa, mas evitava uma confrontação direta. Em vez disso suas respostas a ele
eram "super-amáveis", incluindo afirmações diretas de que ela não se importava com suas
atividades fora. Contudo, Pat expressava seu amargo ressentimento através de ações como pegar
o carro quando sabia que ele precisava do mesmo, dando-lhe "cortadas" na frente dos outros,
deixando as crianças com ele quando ele estava mais ocupado em casa. Estes comportamentos
agressivos sutis eram substitutos da confrontação honesta que Pat não conseguia ter.

RECONHECIMENTO DO COMPORTAMENTO
NAO-ASSERTIVO E AGRESSIVO

Os exemplos dados neste capítulo ajudarão a identificar a natureza da assertividade. Além disso,
o Apêndice B fornece uma série de questões úteis no processo de se definirem respostas do dia-a-dia
que não são adaptativas para o indivíduo.
O método mais eficaz de determinar a adequação da sua assertividade é simplesmente ouvir a si
mesmo descrevendo suas relações com as pessoas que são importantes para você. Faça um exame
cuidadoso das suas interacões com (dependendo da idade e estilo de vida) pais, companheiros,
colegas de trabalho, colegas de sala, cônjuge, filhos, patrões, empregados, professores, vendedores,
vizinhos, parentes. Quem domina nestas relações específicas? Você facilmente tira vantagem ao lidar
com os outros? Expressa seus sentimentos e ideias na maior parte das circunstancias? Tira vantagem
e/ou fere os outros frequentemente?
Suas respostas honestas a estas questões fornecem pistas que podem levá-lo a explorar mais
profundamente seu comportamento assertivo, não-assertivo ou agressivo. Pensamos que você achará
compensadora esta auto-exploração e um passo importante na sua caminhada em directo a um
aumento da efetividade pessoal.

23
III

Fundamentos para um Comportamento Assertivo

Se uma pessoa continua a ver somente gigantes, significa que ela


ainda olha o mundo com os olhos de uma criança.

Anais Nin

"Tá bom", você diz, "pode ser que eu não seja tão assertivo quanto gostaria de ser. Você não pode
ensinar um cavalo velho a marchar. Esta é minha maneira de ser. Não posso mudá-la."
Não concordamos. Milhares de pessoas têm descoberto que se tornar mais assertivo é um
processo de aprendizagem e que é possível para elas mudarem. Muitas vezes um "cavalo velho"
precisa de mais tempo para aprender. Mas a recompensa é grande e o processo não é, de fato, tão
difícil. Em primeiro lugar, como posso saber que realmente quero mudar? Existe algum perigo em
potencial na asserção? E as pessoas significativas da minha vida; elas não farão objeção se eu,
derepente, me tornar mais expressivo? Este capítulo pretende fornecer uma fundamentação para o
desenvolvimento autodirigido do comportamento assertivo.

POR QUE DEVO MUDAR?


"Sim, sou não-assertivo; e daí?" Bem, pense, por exemplo, até que ponto você conhece as
consequências deste comportamento? Já observou corno você se dá com os outros? Frequentemente
as pessoas tiram vantagem de você? Você evita certas situações sociais porque se sente muito ansioso?
Já perdeu um emprego ou encontro por não ter conseguido conversar com alguém? Nunca isto lhe
custou dinheiro, porque você "não podia" devolver à loja uma compra estragada? Já comprou alguma
coisa que não queria, porque "não podia dizer não"? Já foi criticado por seu cônjuge ou outras pessoas
por sua indecisão?
Algumas destas consequências da não-assertividade forçosamente produzirão angústia,
desapontamento e. talvez auto-recriminação. Se você experimentou este tipo de sofrimento já tem
motivação para mudar. Você está pronto para ir em frente e estamos certos de que os procedimentos
apresentados aqui lhe serão de grande valor. Aprender a "lutar por seus direitos" não é uma panaceia,
mas um grande passo para se libertar do peso de um comportamento de autonegação.
Muitas vezes é mais difícil para a pessoa agressiva perceber que necessita de ajuda, pois está
acostumada a controlar o ambiente para satisfazer suas necessidades. Se seu estilo é agressivo, é
muito provável que suas relações atuais se tornem piores, a não ser que procure ajuda. Um
relacionamento que não é saudável tende a se deteriorar e pode fazê-lo se sentir pior do que agora.
Temos percebido que, em geral, a pessoa que se comporta agressivamente pode procurar mudar por
sugestão de outros. Muitas vezes ela é movida pela sua própria frustração com a inadequação de seu
comportamento.
Você sempre assume a liderança em relações sociais? Ë você, sempre, que tem que telefonar
primeiro para seus amigos? Raras vezes as pessoas o introduzem espontaneamente numa discussão?
Você ë, invariavelmente, o "vencedor" nas discussões? Frequentemente você ralha com empregados
por um serviço inadequado? Você dita as regras para seus subordinados no trabalho? Para seus
familiares em casa? Você percebe as pessoas tentando evitá-lo? A alienação das pessoas que lhe são
próximas é o preço que você paga para que as coisas caminhem do jeito que você quer. A assertividade
pode atingir os mesmos resultados com muito menos feridos no relacionamento.
Um exemplo que demonstra de maneira interessante tanto respostas não-assertivas quanto
agressivas à ansiedade é o caso da jovem Karen, que estava tendo ataques de raiva dirigidos contra o
homem com quem ela planejava se casar. Sua ansiedade era causada pela falta de consideração dele;
chegava muito tarde aos encontros, só lhe avisava dos compromissos a que ele queria ir com ela na
última hora, e outras faltas de cortesia. Karen não era assertiva com seus direitos de exigir a cortesia

24
devida, até que sua raiva cresceu a um nível irracional e então ela explodiu com ele. Assim que ela
tomou consciência de que a situação pioraria depois do casamento, e do que significaria estar casada
vivendo este tipo de relacionamento, e da possibilidade de o seu casamento terminar em divórcio,
Karen concordou com um treinamento assertivo. Infelizmente muitas mulheres atravessam todo o seu
casamento "sob o domínio" do marido, porque sentem que é o "seu lugar" no casamento.

OS SEUS DIREITOS

Ao sugerirmos asserção para as pessoas, enfatizamos o fato de que ninguém tem o direito de
aproveitar de outro simplesmente por uma questão de se tratar de seres humanos. Por exemplo, um
empregador não pode desrespeitar os direitos de cortesia e respeito que o empregado merece como ser
humano. Um médico não tem o direito de ser descortês ou injusto ao lidar com um paciente ou
enfermeira. Um advogado não deve sentir que tem o direito de "falar de cima" com um operário. Cada
pessoa tem um direito inalienável de expressar-se, mesmo que "só tenha o primário" ou "esteja no
caminho errado" ou seja "apenas uma auxiliar de escritório". Todas as pessoas são, de fato, criadas
iguais num plano humano e cada uma merece o privilégio de expressar seus direitos inatos. Há muito a
ganhar da vida sendo-se livre e capaz de lutar por si mesmo e garantir os mosmos direitos para os
outros. Sendo assertiva, a pessoa está aprendendo a dar e receber em igualdade com os outros e estar
mais a serviço de si e dos outros.

Outra faceta que motiva muitos a se tornarem assertivos é a maneira como certos problemas
somáticos se reduzem à medida que a asserção progride. Queixas como dores de cabeça, asma,
problemas gástricos, fadiga geral frequentemente desaparecem. A redução na ansiedade e culpa que é
experimentada por pessoas não-assertivas e agressivas, quando aprendem a ser assertivas, resulta
frequentemente na eliminação destes sintomas físicos.
Esta é a hora para compreender que você não está sozinho, que outros já enfrentaram desafios e
situações semelhantes e mudaram para melhor.

A esperança e coragem necessárias para iniciar o treinamento pode ser conseguida estudando as
descrições dos casos para aprender como outros ultrapassaram dificuldades similares com êxito. Neste
ponto sugerimos o livro de Andrew Salter, Conditioned Reflex Therapy (1949), particularmente o
capítulo 6, que fala sobre "personalidade inibitória" e vários estudos de caso. À pessoa agressiva, por
outro lado, recomendamos The Intimate Enemy de Bach e Wyden (particularmente os capítulos 6, 9 e
13). Você poderá se identificar numa dessas descrições de outros e, como resultado, desejar superar
este problema. Poderá se identificar com casos que citamos anteriormente e que continuaremos a
descrever neste livro.

Uma implicação da asserção está sempre presente em indivíduos não-assertivos:


comportamento auto-negativo sutilmente reforça outro comportamento mau ou indesejável. Dois
exemplos deixam isso claro:
Diana, uma mulher casada de 35 anos, tinha um marido que desejava ter relações sexuais tcda
noite. As vezes ela estava francamente cansada das atividades do dia como dona de casa e mãe de
três filhos e não queria ter relações. Contudo, quando Diana recusava, seu marido reclamava e ficava
magoado, insistindo até que ela "sentia pena dele" e cedia. Esses fatos se repetiam com tanta
frequência em seu relacionamento que se tornaram habituais, e quanto mais Diana negava, mais ele
insistia até que ela cedesse. Naturalmente, fazendo isso, ela reforçava o comportamento dele, sem
contar o valor do reforço da gratificação sexual dele!
Outro exemplo é de uma estudante universitária, Wendy, de 20 anos, que embora fosse
independente financeiramente, era do tipo "hippie" e vivia fora do campus em uma moradia barata
com um rapaz e uma moça. Vivendo juntos eles dividiam as despesas e economizavam muito
dinheiro. Wendy e seus amigos tinham a reputação de ser "rebeldes". Rumores sobre o
comportamento deles e suas condições de vida chegaram a seus pais, que a submeteram a uma
longa preleção sobre a nova geração, respeito à autoridade, a saúde de sua mãe, ser vulgar, e assim
por diante. Isso aconteceu várias vezes e a cada vez Wendy perturbava-se eventualmente e
perguntava o que podia fazer para conciliar as coisas e então cedia a algumas exigências deles.
Assim, novamente, vemos como Wendy reforçava o comportamento indesejável de seus pais,
perturbando-se ou cedendo, quer dizer, ela lhes ensinava como fazer preleções a ela.

25
Embora possa ser mais difícil para o indivíduo geralmente agressivo admitir as consequências
negativas de seus atos, ele geralmente reconhece a reação dos outros quando os direitos deles são
desrespeitados. Ele reage internamente com reconhecimento e pesar quando confrontado com a
alienação que seu comportamento provoca. Se você procura ajuda, você consegue admitir para si
mesmo sua preocupação e sentimento de culpa pelo mal que causou aos outros e reconhecer que
você simplesmente não sabe como atingir seus objetivos de maneira não-agressiva. Neste ponto
você é um excelente candidato para os treinamento assertivo.
Um indivíduo desse tipo foi colocado num grupo de terapia. Depois de um tempo considerável
ouvindo Jerry, que monopolizava totalmente o grupo, vários membros o questionaram duramente.
Embora fosse um homem forte e turbulento, Jerry logo reagiu a essa resposta atenciosa porém
questionadora que lhe foi transmitida pelo grupo com uma crise de choro. Ele contou que seu jeito
de valentão era apenas um disfarce que o protegia da intimidade das pessoas. Esta intimidade lhe era
ameaçadora. Ele se sentia como um desajustado e usava a máscara do "machão" para manter os
outros à distância. O grupo respondeu à necessidade que Jerry tinha de ser estimado e o ajudou a
elaborar respostas adequadamente assertivas que substituíssem seu comportamento provocativo e
belicoso.

UMA ADVERTÊNCIA ANTES QUE VOCÊ COMECE

Desde que você está bem motivado e pronto a começar a ser assertivo, você deve primeiramente
assegurar-se de que compreende perfeitamente os princípios básicos da asserção. Entender a diferença
entre comportamento assertivo e agressivo é importante para seu sucesso. Em segundo lugar, você
deve decidir se está pronto para começar a treinar o comportamento auto-assertivo sozinho. Geralmente
as pessoas situacional-mente não-assertivas ou situacionalmente agressivas são capazes de começar a
asserção com êxito.
Para os indivíduos geralmente não-assertivos e geralmente agressivos,contudo, maior prudência é
necessária e recomendamos uma prática e trabalho lento e cuidadoso com outra pessoa, de preferência
um terapeuta treinado, como facilitador.

Em terceiro lugar, suas tentativas iniciais do ser assertivo devem ser escolhidas por ser
potencialmente promissoras, para lhe dar o devido reforço. Este ponto, naturalmente, é importante para
todos os assertivos iniciantes, mas especialmente para os geralmente não-assertivos e os geralmente
agressivos. Quanto maior êxito você obtiver no início, maior a probabilidade de que esse êxito continue
durante todo o treinamento.
Inicialmente, comece com pequenas asserções que tenham possibilidade de ser compensadoras,
e então prossiga com algumas mais difíceis. Você pode desejar explorar cada passo com um amigo ou
facilitador treinado até que você seja capaz de controlar totalmente a maioria das situações. Você deve
proceder com cuidado quando tomar sozinho a iniciativa de tentar uma asserção difícil sem preparação
especial. E tome muito cuidado para não tentar uma asserção que possa lhe acarretar um fracasso total.
Isso poderá inibir suas tentativas futuras.

Se você sofrer um revés, o que pode muito bem ocorrer, pare a fim de analisar cuidadosamente a
situação e tornar a ganhar autoconfiança, obtendo ajuda de um facilitador, se necessário. Especialmente
nos primeiros estágios da asserção, é comum cometer erros por não usar adequadamente a técnica ou
por excesso de entusiasmo, chegando ao ponto da agressão. Qualquer desvio desses pode causar
respostas negativas, particularmente se a outra pessoa, "o receptor", tornar-se hostil e muito agressivo.
Não deixe esta ocorrência desanimá-lo. Considere novamente seu objetivo e lembre-se que, embora a
asserção bem sucedida exija treino, suas compensações são grandes.
Em quarto lugar, pondere seu relacionamento com as pessoas próximas a você. De modo
típico, padrões de comportamento não-assertivo ou agressivo têm sido exercidos por um indivíduo por
um longo tempo. O indivíduo não-assertivo terá estabelecido padrões de interação com aqueles que
estão significativamente próximos a ele, como família, cônjuge amigos. Assim também acontece com
o indivíduo agressivo. Uma mudança nessas relações já estabelecidas pode causar bastante transtorno
aos outros envolvidos. De um modo geral, os pais são frequentemente alvo de comportamento
assertivo especialmente no fim da adolescência ou aos vinte e poucos anos, quando os filhos lutam pela
independência.
Naturalmente, algumas pessoas cedem aos desejos e ordens dos pais a vida toda (porque é
"certo" respeitar os mais velhos, especialmente os pais, que se sacrificaram tanto por você, etc.). Muitos
26
pais acreditam piamente nisso e ficam muito desconcertados quando seu filho "se rebela"
assertivamente. Por outro lado, pais que pautaram sua vida em resposta a um filho agressivo podem
também ficar confusos quando perceberem que o comportamento dele está se tornando assertivo,
embora há muito desejassem esta mudança. Conseqüentemente, pode ser útil pedir a um facilitador
que intervenha e converse com os pais para prepará-los para estas modificações. Esta intervenção
pode frequentemente evitar que essas reações se exasperem e provoquem relações profundamente
tensas entre pais e filhos.
Relacionamentos conjugais que têm se mantido há anos baseados nas ações não-assertivas ou
agressivas de um cônjuge são igualmente propensos a ficar "de pernas para o ar" quando a asserção
começa. Se o cônjuge não está preparado e disposto a mudar um pouco também, há uma forte
possibilidade de rompimento entre o casal. A cooperação do cônjuge conseguida através de algumas
reuniões com o facilitador pode ajudar imensamente a mudança de comportamento. Espera-se que um
treinamento assertivo para um esposo fortaleça as relações conjugais. Contudo, há um perigo potencial
de prejudicar uma relação íntima com a mudança significativa de comportamento de um dos parceiros e
deve-se estar atento para agir com plena consciência dessas eventuais consequências. Uma conversa
franca com os pais ou cônjuge é firmemente recomendada.

OS COMPONENTES DO COMPORTAMENTO ASSERTIVO

De maneira crescente, observações sistemáticas de comportamento assertivo têm levado muitos


cientistas comportatmentais a concluir que há muitos elementos que constituem uma ação assertiva. Em
nosso trabalho de ajudar os outros a desenvolver maior asserção, demos atenção particular a estes
componentes:
Olhar nos olhos — Olhar diretamente para a outra pessoa com a qual você está falando é um
modo eficaz de declarar que você é sincero sobre o que está dizendo e que suas palavras são dirigidas
a ela.
Postura do corpo — O "peso" de suas mensagens será aumentado se você olhar de frente para a
pessoa, ficar de pé ou assentado apropriadamente perto dela, curvar-se para ela, manter a cabeça
ereta.
Gestos — Uma mensagem acentuada por gestos apropriados adquire uma ênfase especial
(gestos muito exuberantes podem parecer fora de propósito).

Expressão facial — Já viu alguém tentando expressar raiva enquanto sorri ou dá risada?
Simplesmente não convence. Asserções eficazes requerem uma expressão que combine com a
mensagem.
Tom de voz, inflexão e volume — Um sussurro monótono dificilmente convencerá outra pessoa
de sua seriedade, enquanto um ímpeto gritado bloqueará seu campo de comunicação por suscitar
resistência na outra pessoa. Um relato num nível correto, num tom coloquial bem modulado, será
convincente sem intimidar.
Escolher a hora apropriada — A expressão espontânea será normalmente seu objetivo, pois a
hesitação pode diminuir o efeito de uma asserção. Mas tem que haver um critério contudo, para
selecionar a ocasião certa. Por exemplo, se você quer falar ao seu chefe, isso deverá ser feito na pri-
vacidade do escritório dele e não na frente do pessoal do escritório, onde ele pode responder
defensivamente.

Conteúdo:

Deixamos esta dimensão óbvia da asserção para o final, a fim de enfatizar que, embora o que
você diz seja logicamente importante, é frequentemente menos importante do que muitos de nós
pensamos ser. Nós encorajamos uma honestidade fundamental em intercomunicação pessoal e
espontaneidade de expressão. No nosso ponto de vista, isto significa dizer duramente: "Estou danado
da vida com o que você acabou de fazer". Mais do que: "Você é um filho da p...". As pessoas que têm
"engasgado" anos a f i o "por não saber o que dizer" acharam que a prática de dizer algo, para
expressar seus sentimentos do momento, é um passo útil para atingir maior asserção
espontaneamente.

27
Mais um comentário sobre conteúdo: nós lhe encorajamos a expressar seus sentimentos — e a
aceitar responsabilidade por eles. Note a diferença entre o exemplo acima "Estou furioso" e "Você é
urn filho da p...".Não é necessário humilhar outra pessoa (agressivo) para expressar seu sentimento
(assertivo).
Sua imaginação pode levá-lo a uma vasta variedade de situações que demonstram a importância
da maneira pela qual você expressa sua asserção. Basta dizer que o tempo que você passa pensando
sobre "as palavras certas" será melhor usado se você passá-lo fazendo asserções! O objetivo final é
expressar a si mesmo sincera e espontaneamente da maneira "certa" para você.
Pronto, agora? Se chegou até aqui, você está provavelmente pronto para começar a dar os
primeiros passos para aumentar sua própria asserção. Nos sabemos que você conseguirá êxito. A
recompensa ultrapassa muito os esforços exigidos. Boa viagem!

28
IV

O Desenvolvimento do Comportamento
Assertivo
Um homem que se corta em função dos outros breve estará totalmente
mutilado.

Charles M. Schwab

Talvez você já tenha ouvido dizer que "quando dois engenheiros (advogados, donas-de-casa,
bombeiros, enfermeiras) estão conversando e um psicólogo junta-se a eles, teremos então dois
engenheiros e um psicólogo, .nas quando dois psicólogos estão conversando e um engenheiro (ou qual-
quer outro profissional) chega e começa a participar da conversa teremos então três psicólogos!" Todo
mundo acha que é um pouco psicólogo. Sem dúvida, todos nós temos um conhecimento prático e original
do comportamento humano, começando por nós mesmos.

MUDANDO COMPORTAMENTO E ATITUDES

Infelizmente há um erro no consenso popular sobre o comportamento das pessoas. Uma opinião
generalizada que os psicólogos julgam errónea é a ideia de que alguém deve mudar sua atitude antes de
poder mudar o modo como se comporta. Em nossa experiência com centenas de clientes em
treinamento clínico assertivo, e no feedback de alguns dos milhares de leitores deste livro, assim como
de inúmeros relatórios de nossos colegas em prática psicológica ficou claro que o comportamento pode
mudar primeiro e é mais fácil e mais eficaz agir assim, na maioria dos casos.
Quando você começar o processo de se tornar mais assertivo, nós não pediremos que você
acorde uma manhã e diga: "Hoje eu sou uma pessoa nova e assertiva!" Ao invés disso, você achará aqui
um guia para uma mudança de comportamento gradual e sistemática. A chave para o desenvolvimento
da asserção é a prática de novos padrões de comportamento. Este capítulo destina-se a guiá-lo através
dos passos necessários em tal prática e demonstrar-lhe como você pode usar o novo comportamento
assertivo no relacionamento com os outros.

Nós observamos um círculo de comportamento não-assertivo ou agressivo que tende a


perpetrar-se, até que uma intervenção decisiva ocorra. A pessoa que tem agido não-assertivamente
ou agressivamente em suas relações por um longo período geralmente tem um baixo conceito de si
mesma. Seu comportamento com os outros — abusivo ou de autonegação — é respondido com
desprezo, desdém ou abandono. Ela observa as respostas e diz para si mesma: "Veja, eu sabia que
não valia nada". Vendo o baixo conceito que faz de si mesma confirmado, ela persiste em seu padrão
inadequado de comportamento. Assim o círculo se fecha: comportamento inadequado, feedback
negativo, atitude de autodepreciação, comportamento inadequado.
O componente mais prontamente observável deste padrão é o próprio comportamento. Nós
podemos facilmente perceber o comportamento claro em oposição a atitudes e sentimentos que
podem estar ocultos atrás da fachada que nos é mostrada. Além disso o comportamento é o compo-
nente mais passível de mudança. Nossos esforços de facilitar melhoraram as relações interpessoais.
Além disso uma maior valorização de si mesmo como pessoa surgirá com a mudança de seus
padrões de comportamento.
Nós achamos que o círculo pode ser reverso, iniciando-se uma sequência positiva: o
comportamento mais adequadamente assertivo (auto-valorização) ganha mais respostas positivas
dos outros; este feedback positivo leva a uma avaliação positiva de si mesmo ("Puxa, as pessoas
estão me tratando como alguém de valor!"), e os sentimentos melhorados sobre si mesmo resultam
29
em asserções futuras.
Harold estava convencido há anos de sua total falta de valor. Ele era totalmente dependente de
sua esposa no que se refere a apoio emocional, e, embora tivesse muito boa aparência e habilidade
de expressar-se bem, não tinha amigos. Imaginem seu completo desespero quando sua esposa o
abandonou! Felizmente, Harold já estava na terapia nessa época e desejava relacionar-se com outras
pessoas. Quando suas primeiras tentativas de asserção com jovens atraentes tiveram mais êxito do
que ele jamais ousou esperar, o valor reforçador de tais respostas às suas asserções foi altamente
positivo! O autoconceito de Harold mudou rapidamente, e ele tornou-se muito mais assertivo em
várias situações.
Nem todos, certamente, experimentarão tão rápidos progressos em sua asserção, e nem todas
as asserções têm pleno êxito. O sucesso quase sempre requer muita paciência e depende de um
processo gradual de lidar com situações cada vez mais difíceis. No entanto este exemplo enfatiza uma
regra geral que encontramos ao facilitar comportamento assertivo: a asserção tende a ser
compensadora por si mesma. Ë muito agradável sentir que os outros começam a responder mais
atenciosamente, atingir seu ideal de relacionamento, fazer com que as situações se resolvam do jeito
que você quer. E você pode fazer lestas coisas acontecerem!
Comece com asserções simples, nas quais você esteja certo de ser bem sucedido. Assim
ganhará mais confiança e treino para lidar com outras mais complexas. Ë geralmente muito útil e
reconfortante contar com ajuda e orientação de outra pessoa, talvez um amigo, professor ou terapeuta
profissional.
Tenha sempre em mente que a mudança de comportamento leva a uma série de mudanças de
atitude em você mesmo e de outras pessoas e situações em relação a você. A parte final desse
capítulo apresenta os passos necessários para levar a esta mudança de comportamento. Leia todo o
material aqui exposto cuidadosamente antes de começar. Então volte a esse ponto e comece a seguir
os passos em sua própria vida. Você gostará de sua nova maneira de ser!

O PROCESSO PASSO A PASSO

1.° Passo: Observe seu próprio comportamento. Você tem sido adequadamente assertivo?
Você está satisfeito com sua atuação positiva em relações interpessoais? Examine novamente o
conteúdo do capítulo II e avalie como você se sente com relação a si mesmo e seu comportamento.
2.° Passo: Observe atenciosamente sua asserção. Faça anotações ou mesmo um diário
durante uma semana. Registre diariamente situações nas quais você se encontrou respondendo
assertivamente, outras nas quais você "explodiu" e aquelas que você evitou completamente para não
ter que enfrentar a necessidade de agir assertivamente. Seja honesto consigo mesmo, e também
persistente!

3.° Passo: Concentre-se numa situação determinada. Feche os olhos por alguns momentos e
imagine como lidar com um incidente específico (ter recebido o troco errado no supermercado, ou ter de
ficar um tempão ouvindo um amigo falar no telefone numa hora em que você tinha tanta coisa para
fazer, ou deixar que seu patrão o humilhe por causa de um pequeno erro). Imagine claramente os
detalhes acontecidos, incluindo o que sentiu na hora e posteriormente.
4.° Passo: Reveja soas respostas. Escreva seu comportamento no 3.° passo em termos dos
componentes da asserção relacionados no capítulo III (modo de olhar, posição do corpo, gestos,
expressão facial, voz, conteúdo da mensagem). Observe cuidadosamente os componentes de seu
comportamento no incidente imaginado. Observe suas forças. Tome consciência daqueles componentes
que representam comportamento não-assertivo 'ou agressivo.
5.° Passo: Observe o modelo eficaz. Neste ponto seria muito útil observar alguém que sabe lidar
satisfatoriamente com a mesma situação. Observe os componentes discutidos no capítulo III,
especialmente o estilo — as palavras são menos importantes. Se o modelo é um amigo, discuta com
ele a maneira de ele agir e suas consequências.
6.0 Passo: Considere respostas alternativas. De quais outros modos o incidente pode ser tratado?
Você poderia lidar com ele de uma maneira mais vantajosa? Menos agressivamente? Volte ao quadro
do capítulo II e diferencie respostas agressiva, não-assertiva e assertiva.
7.0 Passo: Imagine-se lidando com a situação. Feche os olhos e visualize-se lidando
eficazmente com a situação. Você pode agir igual ao "modelo" do 5.° passo ou de um modo muito
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diferente. Seja assertivo, mas tão espontâneo quanto possível. Repita o passo tantas vezes quantas
forem necessárias até que possa imaginar um estilo cómodo para si mesmo e que resolva de modo
favorável a situação.
8.° Passo: Ponha em prática. Tendo examinado seu próprio comportamento, considerado
alternativas e observado um modelo de ação mais adequado, você está preparado para começar a pôr
em prática novos modos de tratar situações problemáticas. Uma repetição dos passos 5, 6 e 7 pode ser
feita até que você se sinta pronto a começar. Ë importante escolher uma alternativa que seja um modo
mais eficaz de agir diante de uma situação difícil. Você pode desejar seguir seu modelo e agir como ele
(5° passo). Tal escolha é correta, mas deve refletir a consciência de que você é um indivíduo único, e a
maneira de ele agir pode não servir no seu caso. Depois de escolher um modo alternativo de
comportamento mais eficaz, você deve então representar a situação com um amigo, professor ou
terapeuta, tentando agir de acordo com a nova resposta que escolheu. Como nos passos 2, 3 e 4, faça
uma observação cuidadosa de seu comportamento, usando recursos para registro mecânico quando
isso for possível.
9º Passo Obtenha feedback. Este passo essencialmente repete o 4.°, dando ênfase aos
aspectos positivos de seu comportamento. Observe particularmente a força de sua atuação e trabalhe
positivamente para desenvolver áreas mais deficientes.

10.° Passo: Formando o comportamento. Os passos 7, 8 e 9 devem ser repetidos tão


frequentemente quanto necessário para "formar" seu comportamento — por este processo de
aproximações sucessivas de seu objetivo — até o ponto em que você se sinta à vontade para lidar de
maneira positiva com situações previamente ameaçadoras.

11.° Passo: O verdadeiro teste. Você está agora pronto a testar seu novo padrão de respostas
na situação real. Até este ponto sua preparação passou-se em um ambiente relativamente seguro.
Contudo, treino cuidadoso e prática constante o prepararam para reagir quase "automaticamente" à
situação. Você deve portanto ser encorajado a fazer uma tentativa "ao vivo". Se você não está disposto
a isso, mais ensaios serão necessários. (Pessoas que são cronicamente ansiosas e inseguras ou que
duvidam seriamente de seu próprio valor podem precisar de terapia profissional. Recomendamos
enfaticamente que você procure logo assistência profissional, se for o caso.) Lembre-se que pôr em
prática sincera e espontaneamente o que aprendeu aqui é o passo mais importante de todos.
12.° Passo: Práticas mais avançadas. Insistimos quê você repita os procedimentos que forem
necessários para atingir o padrão de comportamento desejado. Você pode desejar seguir um
programa desse tipo que se relacione a outras situações específicas nas quais você quer desenvolver
um repertório de respostas mais adequadas. O capítulo VII descreve alguns exemplos que podem ser
úteis ao planejar seu próprio programa de mudança.
13.o Passo: Reforço social. Como passo final para estabelecer um padrão de comportamento
independente, é muito importante que haja um perfeito entendimento da necessidade de um
auto-reforço constante. A fim de manter seu comportamento assertivo recentemente desenvolvido,
você deve alcançar um sistema de reforço em seu próprio meio social. Por exemplo, agora você
conhece o sentimento agradável que acompanha uma asserção bem sucedida e você pode ficar
confiante na continuação dessa boa resposta. A admiração que você receberá dos outros será outra
resposta positiva constante que você vai obter. Você pode desejar fazer uma lista de tais reforços
específicos que são característicos do seu próprio ambiente.
Concluindo, embora enfatizemos a importância deste processo sistemático de aprendizagem,
deve ficar claro que o que recomendamos não é um caminho obrigatório e rígido que não leva em
consideração as necessidades e objetivos de cada indivíduo. Insistimos que você crie um ambiente de
aprendizagem que o ajudará a desenvolver sua asserção. Nenhum sistema é "certo" para todos. Nós o
incentivamos a ser sistemático, mas a seguir um programa que satisfaça suas próprias necessidades
individuais. Não há, naturalmente, nenhum substituto para a prática ativa do comportamento assertivo
em sua própria vida, quando você optar por isto como meio de desenvolver uma asserção maior e gozar
suas grandes recompensas.

UM "EMPURRÂOZINHO"

Agora que você está envolvido no processo de desenvolver um comportamento assertivo, não se
permita ficar passivo. Se você ficou interessado suficientemente para chegar até este ponto do livro, ou
você está pensando seriamente em melhorar sua asserção ou imaginando como pode ajudar outros a
31
serem mais assertivos. Em qualquer caso, faça alguma coisa! Você não pode mudar somente lendo
esse livro. Se você não começar a mudar de atitude no seu cotidiano, nós servimos apenas como um
passa-tempo. Se, por outro lado, você partir agora e lidar com uma situação Interpessoal defendendo
seus próprios interesses, estamos satisfeitos de ter participado de seu crescimento.
Tente!

32
V

Asserções muito Pessoais


Carinho, Ódio e Reaçoes Posteriores
Se as pessoas ousassem falar entre si sem reservas, haveria muito menos
tristezas no mundo dentro de cem anos.

Samuel Butler

"Ande com suas próprias pernas" é o slogan frequentemente citado como sinónimo de
desenvolvimento de comportamento assertivo. Sem dúvida, a primeira edição de Comportamento
Assertivo foi dedicada quase que exclusivamente a incentivar este tipo de comportamento. Nós
achamos, contudo, que sentimentos carinhosos positivos ou raiva construtiva são frequentemente
mais difíceis para a pessoa não-assertiva ou agressiva expressar do que uma atitude firme e decidida.
Além disso, expressar os sentimentos íntimos depois da situação passada sempre exige uma dose extra
de asserção.

CARINHO COMEÇA EM CASA

Especialmente para adultos, expressões positivas são sempre inibidas. Constrangimento, medo
de rejeição ou do ridículo, a "superioridade da razão sobre a emoção" são desculpas usadas para
explicar a inibição de expressões espontâneas de afeto, carinho e amor.
A liberdade de expressão positiva não é encorajada em nossa cultura. Como foi discutido no
capítulo I, "polidez restringente" é a atitude aceita como natural. No entanto, o novo estilo de vida e a
subcultura da juventude que têm grandemente influenciado as mudanças ocorridas em nossa sociedade,
defendem uma maior informalidade. Nós endossamos firmemente a opinião de que as pessoas devem
comunicar umas às outras seus sentimentos positivos autênticos.
Vamos começar do princípio, contudo, com seus sentimentos positivos em relação a si mesmo.
Você consegue expressar o sentimento de orgulho que acompanha a realização de um ideal particular
altamente significativo? Você se permite o prazer de se sentir satisfeito com um trabalho bem feito? De
fazer outra pessoa feliz? Ou de congratular a si mesmo?
Veja o apêndice C, "Um Modelo de Comportamento para Crescimento Pessoal". Como você está
se tratando? Você pode responder sinceramente a estas perguntas e dizer que age de modo atencioso
e amoroso consigo mesmo? Embora as evidências sejam ainda limitadas e mais intuitivas que
objetivas, cada vez nos convencemos mais de que o elemento chave do comportamento assertivo é ser
assertivo consigo mesmo! Atenção suficiente para si mesmo é necessário para acreditar que você
conseguirá, e, assim, pôr mãos à obra. Na situação terapêutica rios ultrapassamos a falta de
auto-estima autorizando o comportamento assertivo. Como discutimos no capítulo IV, o resultado da
ação "autorizada" é um conceito reforçado de autovalorização, a qual é o princípio de uma virada
positiva no círculo de atitude-cornportamento-feedback-atitude. O reforço de um terapeuta profissional
habilita a pessoa a começar a agir mais assertivamente. Você pode atingir os mesmos resultados
sozinho ou com uni mínimo de ajuda, seguindo o processo indicado.

ESTABELECENDO CONTATO

Expressar seus sentimentos positivos para outra pessoa é um ato grandemente assertivo. E,
como nas outras asserções que citamos, o ato por si mesmo — isto é, a ação — é muitíssimo mais
33
importante que as palavras que você usa ou seu próprio estilo de comunicação. Isto é ainda mais
verdadeiro quando se trata de demonstrar afeto. Nada representa uma expressão mais pessoal e
individual do que dizer "Você significa, muitíssimo para mim neste momento".
Considere alguns modos de comunicar esta mensagem:
Um modo caloroso, firme e prolongado de apertar as mãos (já notou a duração e o sentimento de
"fraternidade" que acompanha o aperto de mãos dos membros de um grupo fechado, como por
exemplo, os do Black Power?)

Abraçar, segurar o braço, a mão no ombro, bater nas costas, apertar a mão afetuosamente.
"Obrigado".
"Você é fantástico!"
"Sei perfeitamente o que você quer dizer.
Um sorriso caloroso.
Olhar profundamente nos olhos.
"Estou aqui.
Um presente de amor (feito pelo doador ou bastante especial para quem o recebe).
"Eu acredito em você."
"Eu confio em você." (Melhor ainda seria um gesto de confiança.)
"Eu o amo."
"Eu creio em você."
"Estou feliz em ver você."
"Tenho pensado em você."
"Você está sempre em meu pensamento."

Provavelmente nenhuma dessas mensagens constitui uma ideia nova para você. Mesmo
assim, você pode encontrar dificuldade em permitir-se pronunciá-las ou pô-las em prática. É muito
cômodo deixar-se dominar pelo constrangimento ou supor "Ela conhece meus sentimentos" ou "Ele
não se importa em ouvir isso". Mas quem não quer ouvir isso? Todos nós precisamos saber que
somos amados, desejados e admirados. Se as pessoas que nos cercam são sutis demais em
expressar seu afeto, nós facilmente começamos a duvidar e talvez procurar em outro lugar aquilo
que a Análise Transacional chama de nossa "mola propulsora" — feedback positivo dos outros.

Em relações muito íntimas, entre amantes, por exemplo, é geralmente suposto que cada
parceiro "conheça" o sentimento do outro. Tais suposições geralmente levam ao consultório do
conselheiro conjugal, que ouve reclamações do tipo: "Eu nunca sei como ele se sente", "Ela nunca
diz que me ama", "Nós simplesmente não nos comunicamos mais". Frequentemente é necessário
somente restabelecer o padrão de comunicação no qual cada parceiro expresse abertamente seus
sentimentos — especialmente os amorosos. A expressão do amor nunca é uma panacéia para todos
os males de um casamento problemático, mas pode "fortalecer a estrutura" por ajudar cada parceiro
a lembrar-se das coisas boas que existem em seu relacionamento em primeiro lugar!

Os psicólogos Herbert A. Otto e George R. Bach desenvolveram sistemas extensos para


melhorar a expressão espontânea do afeto em relações intimas. Aos leitores que se interessarem
especialmente por esse aspecto recomendamos o trabalho que está relacionado na bibliografia.

Elogios são uma fonte frequente de desconforto para pessoas não assertivas ou agressivas.
Oferecer a alguém palavras gentis sobre ele como pessoa, ou sobre algo que ele tenha feito, pode ser
uma coisa difícil para você. Novamente, incentivamos a prática daquilo que lhe cause alguma
ansiedade. Esforce-se para elogiar as pessoas com sinceridade e honestidade, quando uma
oportunidade genuína se apresentar. Não se preocupe em esperar pelas "palavras certas". Sua
consideração — a expressão sincera de seus sentimentos — comunicará quaisquer ideias que você
quiser, se você agir! Tente simplesmente dizer "Eu gostei da sua atitude" ou "ótimo!" com um grande
sorriso.
Aceitar elogios — ouvir alguém fazer diretamente um comentário positivo sobre você, ou sobre
você a uma terceira pessoa, é talvez uma tarefa ainda mais desafiadora, particularmente difícil, se
você não está bem consigo mesmo. No entanto, é uma ação assertiva — uma resposta mutuamente
compensadora aceitar elogios de outra pessoa.

34
Considere em primeiro lugar o fato de que você realmente não tem direito de negar a impressão
que a outra pessoa tem de você. Se você disser: "Oh, você me pegou numa boa hora" ou "Não foi
nada especial" ou "Foi por um acaso que deu certo", você, na verdade, disse à pessoa que fez o
comentáro que ela tem pouco discernimento, em suma que ela está errada. Ora, ela também tem
direito a ter sua própria opinião, e se ela é positiva a seu respeito faça a ela — e a si mesmo — o favor
de aceitar.
Nós não estamos sugerindo que você saia por aí se auto-elogiando, ou aceitando louvores por
coisas que não fez. Nós sentimos, no entanto, que quando outra pessoa deseja sinceramente fazer
um comentário positivo sobre você, ela merece ser ouvida em rejeições ou qualificações. Tente dizer
pelo menos: "É difícil para eu aceitar isto, mas obrigado", ou mesmo simplesmente "Que bom!" ou
"Achei ótimo ouvir isto".

"É TARDE DEMAIS AGORA!"

Nós frequentemente ouvimos de nossos clientes em terapia assertiva, ou em questões


levantadas em nossos grupos de treinamento assertivo, relatos de situações ocorridas no passado.
Estas pessoas, que acham que não podem fazer nada "pois agora é tarde demais" ficam frustradas
pelas consequências de sua falta anterior de asserção, mas acham que é inútil tentar mudar agora.
Um exemplo de tal caso envolvia o relacionamento de um executivo e sua secretária. O
executivo, ocupado, ficava regularmente completando cartas e relatórios no fim do dia, e pedindo à
secretária que os datilografasse e tirasse cópias para as reuniões da manhã seguinte. A secretária
tinha, da primeira vez, atendido o pedido — que exigia que ela ficasse depois do expediente para
terminar o trabalho. Ela de boa vontade concordou em ajudar. Mais tarde ela viu que "o pedido extra"
tinha se tornado uma rotina, e ocorria duas ou três vezes por semana. Embora ela gostasse do
trabalho, este estava interferindo em sua vida particular e ela começou a pensar em abandonar o
emprego. Felizmente ela procurou ajuda num grupo de treinamento assertivo onde relutantemente
colocou o assunto em discussão. Ela encontrou grande apoio no terapeuta e outros membros do
grupo. Ela escolheu um homem relativamente assertivo no grupo e "ensaiou" com ele uma cena na
qual ela fazia o patrão ver sua situação.
Ela saiu-se mal, no princípio, desculpando-se e deixando o "patrão" convencê-la de que tal
"lealdade à companhia" era necessária ao trabalho. Com feedback e apoio do grupo, contudo, ela
melhorou sua habilidade de expressar eficazmente seus sintimentos e não se deixou intimidar pelo
patrão. No dia seguinte, ela enfrentou o escritório do executivo, explicou seu ponto de vista, e arranjou
com ele um horário mais razoável para os tais trabalhos extras. E nos dois meses seguintes ele fez
tais "pedidos extras" somente duas vezes e somente quando as circunstâncias eram realmente
incomuns. Ambos ficaram muito satisfeitos com os resultados.
A finalidade desta exposição é deixar claro que raríssimas vezes "é tarde demais" para uma
asserção apropriada, mesmo se a situação só fez piorar com o tempo. Aproximar-se da pessoa
envolvida — sim, mesmo de um membro da família, cônjuge, amante, patrão, empregado — com um
honesto "Eu tenho me preocupado com ————— há algum tempo" ou "Estou querendo falar com você
sobre ———————", pode levar a esforços produtivos na resolução de um assunto incómodo E, como
vantagem adicional, pode abrir o caminho da comunicação de sentimentos no futuro.
Lembre-se sempre, como já ressaltamos anteriormente, da importância de expressar seus
sentimentos de tal modo que você assuma a responsabilidade por eles: "Eu estou preocupado..." e não
"Você me deixou perturbado..."; " Eu estou zangado e não "Você me deixou zangado..."

A RAIVA É SAUDÁVEL
As pessoas não-assertivas geralmente dizem "Eu nunca fico zangado". Não acreditamos nistol Todo
mundo fica zangado. Algumas pessoas desenvolveram autocontrole a ponto de não demonstrar raiva
abertamente. Tipicamente, tal indivíduo controlado sofre de enxaquecas, asma, úlcera ou problemas
de pele.

Nós estamos convencidos, assim como o psicólogo George Bach, e muitos outros, de que a
expressão da raiva é saudável e pode ser feita de modo construtivo. O livro do dr. Bach, The
Intimate Enemy, trata detalhadamente da expressão construtiva da raiva dentro de um relacio-
namento íntimo. As pessoas que desenvolveram asserção espontânea podem expressar raiva
eficazmente, de maneira não-destrutiva e, portanto, proscrever a necessidade de ações agressivas.
35
Como mencionamos na parte anterior, um passo importante na expressão não-destrutiva da
raiva é assumir responsabilidade por seus próprios sentimentos. É você que sente a raiva e isto
não torna a outra pessoa "cretina" ou "filha da p... " ou a causa de seu sentimento.
Uma expressão física de um sentimento muito forte é um bom meio de liberar hostilidade. Bater
na mesa, pisar duro, chorar, dar socos no ar, bater em um travesseiro são todos bons truques para
liberar sentimentos muito tensos sem agredir a outra pessoa.
Evitar que a hostilidade se acumule com o tempo exercendo a expressão espontânea deste
sentimento quando ele surgir é o meio mais saudável que' conhecemos de lidar com a raiva.
Algumas expressões verbais que achamos úteis:
"Eu estou muito zangado."
"Eu estou ficando furioso."
"Eu discordo completamente de você."
"Eu fico furioso quando você faz/diz isso."
"Eu fico muito perturbado/amolado com tudo isso."
"Isso me amola muito."
"Estou muito aborrecido."
"Pare de me amolar."
"Eu acho isso injusto."
"Não faça isso comigo."
"Pare imediatamente."
"Você não tem direito de dizer/fazer isso."
"Eu realmente não gosto disso."
Muito frequentemente observamos pessoas que expressam raiva, frustração ou
desapontamento com outras pessoas por métodos indiretos, covardes e desnecessariamente
dolorosos. Além disso, se o objetivo desejado é mudar o comportamento do alvo visado, estes
procedimentos são raramente bem sucedidos. Um exemplo "clássico" é o caso dos recém-casados,
Martha e John. Nas primeiras semanas de casamento, Martha tinha descoberto pelo menos uma
dúzia de hábitos de John que eram, a seu ver, questionáveis. Infelizmente para ambos, ela era
incapaz de — ou não se dispunha a — encontrar coragem para discutir abertamente com John
sobre seus problemas. Ao invés disso, ela escolheu um jeito "seguro" de demonstrar seu
desagrado com o comportamento de John; ela o confiou à sua mãe. Pior ainda, não satisfeita
com suas conversas ao telefone quase diárias com a mãe sobre os defeitos de John, ela também
usava as reuniões familiares como ocasião para censurá-lo diante do resto da família.
Este estilo "veja-como ele é péssimo", relacionado a uma terceira pessoa (ou pessoas), o
desamor de alguém por outrem, pode ter efeitos desastrosos em um relacionamento. John
sentiu-se ferido, embaraçado e hostil com os ataques de Martha. Ele gostaria que ela tivesse
escolhido a privacidade de seu próprio relacionamento para contar-lhe seus descontentamentos.
Em lugar de sentir-se motivado a mudar de hábitos, ele respondeu ao tratamento agressivo dela
com amargura e desejo de revidar intensificando os mesmos comportamentos que ela gostaria
que ele mudasse.
Se Martha tivesse escolhido corajosamente ser assertiva contando diretamente a John seus
sentimentos, ela teria criado uma boa base para um esforço cooperativo de mudar o
comportamento de John.
Outro exemplo ajudará a esclarecer nossas atitudes a respeito da expressão da raiva:
Um homem levou seu carro a uma grande oficina mecânica para um conserto que ia tomar
muito tempo. O atendimento era feito por ordem de chegada. Ele chegou às 8 da manhã, mas
falou com o gerente que ele pegaria o carro lá pelas 4:30. Quando ele chegou, teve lugar o
seguinte diálogo:

Freguês: "Oi, meu nome é X e estou aqui para pegar o carro."


Gerente: (olhando os papéis) "Sinto muito, senhor, nós não o aprontamos ainda."

Freguês: "Diabo! Isto me deixa furioso! Este atendimento é feito por ordem de chegada, e eu
estava aqui às 8! O que aconteceu?"
Gerente: "Foi um erro nosso, nós o pusemos lá atrás, ficamos muito ocupados e
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esquecemos."
Freguês: "Bem, pró inferno com isso. Ê uma inconveniência para mim deixar meu carro aqui
o dia inteiro."
Gerente: "Eu sei e peço desculpas. Eu prometo consertá-lo em primeiro lugar amanhã bem
cedo, se quiser trazê-lo de volta."

Nesse ponto o freguês pode decidir quais são as opções e decidir de acordo. Ele podia tentar
fazer com que o gerente arranjasse alguém que consertasse seu carro depois do expediente, podia
levar seu carro a outro lugar, podia voltar no dia seguinte para o conserto.
Note a raiva que o freguês expressou sem ser agressivo com o gerente. Ele tinha todo o direito de
estar zangado e demonstrou isso sem denegrir o gerente como pessoa. Ele podia ter respondido
agressiva mente:
"Você pode pegar o serviço e enfiar ele", e sair furiosamente, ou dizer: "Seu maldito filho da p....
nunca vocês fazem nada que preste aqui. Eu exijo que meu carro seja consertado imediatamente''.
Muito provavelmente qualquer uma dessas afirmações inflamaria o gerente e não levaria a lugar
nenhum. O importante é que você expresse seus sentimentos de raiva sem ferir ninguém no processo.
Expressão assertiva honesta, espontânea, "visceral" ajudará a evitar raiva inadequada e
destrutiva. Primeiro, porque logo de saída você atingirá seus objetivos. Mesmo quando a asserção não
ganha o que você almeja, ela ainda evita o ódio que você pode canalizar para si mesmo se não o
manifestar abertamente.
Vá em frente, fique zangado! Mas desenvolva um estilo assertivo positivo de expressar sua raiva.
Você, e as pessoas que lhe são próximas, irão apreciar isto.

37
VI

Além da Asserção

Aquele que respeita a si mesmo está protegido dos outros; ele usa uma
armadura invulnerável.

Henry Wadsworth Longfellow

O tema desenvolvido nesse livro versa sobre o valor do comportamento assertivo para o indivíduo
que procura dar um sentido próprio à sua vida, e particularmente às suas relações interpessoais. O
leitor sensível terá reconhecido algumas das falhas e desvios inerentes à sua própria asserção pessoal.
A sensibilidade é necessária a uma análise dessas limitações e consequências potencialmente
negativas da autoasserção.
Embora o comportamento assertivo por si mesmo seja a recompensa para a maioria, as
consequências da situação podem diminuir seu valor. Considere, por exemplo, o menino pequeno que
assertivamente recusa o pedido de outro grandão para andar em sua nova bicicleta, e como resultado
ganha um olho roxo. Sua asserção foi perfeitamente legitima, mas a outra pessoa não quis aceitar a
negação da vontade dela. Portanto, sem sugerir que a asserção seja evitada quando parecer arriscada,
nós realmente incentivamos os indivíduos a considerar as consequências prováveis do seus atos
assertivos. Sob outras circunstâncias, o valor pessoal da asserção será contrabalançado pelo valor de
evitar a resposta provável àquela asserção.
Pode ser útil rever um número de situações possíveis nas quais o valor potencial da asserção é
pesado em relação às consequências prováveis. É nossa convicção que cada pessoa deve ser capaz
de escolher por si mesma como agir. Se um indivíduo pode agir assertivamente sob determinadas
condições, mas escolhe não agir, nosso objetivo é alcançado. Se ele é incapaz de agir assertivamente
(quer dizer, não consegue escolher por si próprio como se comportar, mas é intimidado em sua
não-assertividade ou compelido a ser agressivo), sua vida será governada por outros e sua saúde
mental sofrerá.

REAÇÕES POTENCIAIS ADVERSAS

Em nossa experiência como facilitadores da asserção, descobrimos que resultados negativos


ocorrem em um número mínimo de casos. Certos indivíduos, porém, reagem de modo desagradável
quando enfrentam a asserção de outrem. Portanto, mesmo quando lida adequadamente com a asserção
não deixando que ela seja agressiva ou não-assertiva em nenhum grau, alguém pode às vezes ainda
ver-se às voltas com situações incômodas, tais como:

1. Revides — Dopois de você expressar-se assertivamente, a outra pessoa envolvida pode ficar
zangada mas não declarará isto abertamente. Por exemplo, se outros "furam fila" e você exige seu lugar
assertivamente, a outra pessoa pode resmungar quando tiver de passar para o fim da linha. Você pode
ouvir coisas como: "Quem ele pensa que é?", "Que vantagem!", "Éo bom!" e assim por diante.

Em nosso modo de pensar, a melhor solução é simplesmente ignorar esse comportamento infantil. Se
você replicar de algum modo, é provável que a situação se complique, pois sua resposta reforçará o fato
de que as palavras dela o atingiram.

2. Agressões — Neste caso a outra pessoa torna-se abertamente hostil a você. Isso pode significar
gritos, brados ou reações físicas como tapas, murros, empurrões. Novamente, o melhor meio de lidar
com isso é evitar deixar essa condição dominá-lo. Você pode optar por dizer o quanto lamenta tê-la
deixado nervosa com seus atos, mas deve continuar firme era sua asserção. Essa firmeza será
especialmente essencial se seu contato com ela continuar no futuro. Se você voltar atras em sua
asserção, simplesmente reforçará a reação negativa da parte dela. Como resultado, da próxima vez que
você agir assertivamente com ela, a possibilidade de receber reações agressivas será alta.

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3. Crises de Temperamento — Em certas situações você pode ser assertivo com alguém que esteja
acostumado a dominar. Ele pode então reagir à sua asserção ficando magoado, queixando-se da saúde,
dizendo que você não gosta dele, chorando e lamentando-se, manipulando-o para que você se sinta
culpado.

4. Reações Psicossomáticas — Doenças físicas verdadeiras podem ocorrer em alguns indivíduos, se


você cortar um hábito arraigado. Dores abdominais, dores de cabeça, desmaios, são alguns dos
sintomas possíveis. Para continuar assertiva, a pessoa deve, porém, optar por ser firme na asserção,
reconhecendo que o outro se ajustará às novas condições em pouco tempo. Você deve também ser
coerente em sua asserção quando quiser que a mesma situação ocorra com este indivíduo. Se você é
incoerente na asserção de seus direitos, a outra pessoa ficará confusa. Ele ou ela pode vir a
simplesmente ignorar sua asserção.
5. Desculpas Excessivas — Em raras ocasiões, depois de você ter afirmado seus direitos, o outro
indivíduo envolvido se tornará muito humilde com você ou se desculpará demais. Você deve mostrar-lhe
que esse comportamento é dispensável. Se, em encontros posteriores, ele parecer temê-lo ou estar
excessivamente respeitoso com você, não aproveite dele. Nós sentimos que você pode ajudá-lo a ser
assertivo, utilizando es métodos que descrevemos.
6. Vinganças — Se você tiver uma relação prolongada com a pessoa com a qual foi assertivo, há
chance de ela procurar se vingar. Primeiramente, pode ser difícil entender suas intenções, mas com o
correr do tempo seus propósitos se tornarão evidentes. Quando você tiver certeza de que ela
planeja-complicar terrivelmente sua vida, o método indicado é enfrentá-la diretamente, pondo as cartas
na mesa. Geralmente isto é suficiente para fazê-la parar suas táticas vingativas.

OPTANDO PELA NAO-ASSERÇAO

Opção é a palavra chave no processo assertivo. Desde que você esteja realmente convicto (com a
certeza adquirida em encontros assertivos anteriores bem sucedidos) de que consegue ser assertivo,
você pode em dado momento decidir não querer ser assim. A seguir citaremos algumas circunstâncias
em que se pode optar pela não-asserção.
1. Indivíduos Extremamente Sensíveis — Em certas ocasiões, a partir de suas próprias observações
você pode concluir que certa pessoa é incapaz de aceitar mesmo as asserções mais simples. Quando
isso é óbvio, é muito melhor se resignar e não arriscar nenhuma asserção. Embora haja tipos
supersensíveis que usam sua aparente fraqueza para manipular os outros, todos temos consciência de
que há alguns indivíduos que se sentem tão facilmente ameaçados que a menor discordância os faz
explodir, ou interiormente (e assim ferindo-se), ou exteriormente (e assim ferindo outros). Você deveria
evitar contatos com este tipo de pessoas o máximo possível, mas se isto for inevitável, há respostas
alternativas. Uma é aceitar essa possoa como ela é e não causar atritos, só isso for possível. Se não, e
ela não inferniza sua vida, você pode desejar a técnica de Lifemanship, técnica de Wolpe (1969), que lhe
permite livrar-se de outrem, usando a manipulação da vulnerabilidade dele.
2. Redundância — Uma vez ou outra a pessoa que desrespeitou seus direitos notará que se excedeu
antes que você tenha demonstrado sua asserção. Ela então remediará a situação de modo apropriado.
Obviamente, você não deve esperar eternamente até que ela faça isso. Além disso, você não deve
hesitar em ser assertivo, se ela falhar em se corrigir. Se, por outro lado, você vê que a pessoa
reconheceu a falta dela, você não deve insistir na sua asserção.
3. Sendo Compreensivo — Uma vez ou outra você pode escolher não ser assertivo porque nota que a
pessoa está tendo dificuldades; as circunstâncias podem estar sendo adversas para ela. Km um
restaurante, à noite, depois de ter pedido certo prato, notamos que a cozinheira nova estava tendo
grandes dificuldades. Portanto, quando nossa refeição chegou, não exatamente como havíamos
pedido, escolhemos não ser assertivos em vez de "complicar" ainda mais. Outro exemplo é quando um
conhecido seu está em um dia ruim ou com um mau humor incomum. Nestes casos você pode
escolher "passar por cima" de certas coisas que o incomodam, ou adiar um confronto até um momento
mais produtivo. (Cuidado: É fácil usar "não desejar magoar os sentimentos de outrem" como
racionalização para a não-assercão, quando a asserção seria mais apropriada. Se você se encontrar
fazendo isso frequentemente, sugerimos que examine cuidadosamente seus motivos verdadeiros.)

QUANDO VOCÊ ESTA ERRADO

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Principalmente em suas primeiras asserções, pode acontecer que você seja assertivo em uma
situação interpretada erroneamente. Além disso, pode ser que você use uma técnica ainda imperfeita e
ofenda a outra pessoa. Se quaisquer destas situações ocorrerem, você deve ter muito boa vontade em
admitir que errou. Não há necessidade de se justificar em demasia, tentando remediar a situação
naturalmente, mas você deve ser aberto suficientemente para demonstrar que sabe quando cometeu
um erro. Mais ainda, você não deve ficar apreensivo com as asserções futuras em relação àquela
pessoa, se você sentir novamente que a situação exige isso.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES CASUAIS SOBRE COMPORTAMENTO


ASSERTIVO

Nós assumimos a responsabilidade desse livro com a consciência constante das implicações
morais e éticas do comportamento assertivo. Os comentários seguintes são oferecidos somente em
consideração a esses temas, para estimular o pensamento próprio do leitor. Os temas são
complexos e não temos pretensão de ter chegado a conclusões definitivas nem para nós mesmos.
À Tolstoi foi atribuída a observação de que os atos morais são distintos de todos os outros pelo
fato de funcionarem independentemente de qualquer vantagem para nós ou para os outros. Esta
máxima podo ser aplicada às nossas ideias sobre atos assertivos. A questão crucial é "Haverá
ocasiões na vida de todo homem em que ele tenha que sacrificar seus próprios valores para
sobreviver?". Analise, por exemplo, a situação seguinte: Você está fazendo um curso que exige um
período de três anos de trabalho difícil. Além do tempo e do esforço, você está gastando todas as
suas economias e endividando-se no processo. Vamos supor que você seja casado e tenha dois
filhos pequenos. Seus estudos estão preparando-o para ingressar em uma profissão com alta
posição, excelentes salários, e muitos benefícios extras. No fim de seu último ano o exame final
chega, e nele você tem que demonstrar seu saber. A primeira parte do exame constará de três dias
de provas escritas; a segunda, de três horas de exame oral administrado por uma junta de três
professores seus.
Assim que passa a fazer os testes, você é aprovado com nota alta na primeira parte do exame.
Durante a segunda parte, o exame oral, você parece estar se saindo bem até determinado momento,
já perto do final. Uma questão é formulada pelo membro mais poderoso e influente da junta sobre sua
área de estudos preferida. Essa área, no momento, é bastante controvertida, desde que apenas
recentemente novos conhecimentos foram adquiridos. Este indivíduo está imbuído da sua crença de
que novos conhecimentos não têm nenhum sentido, ofendendo-se com a pessoa que desafia suas
opiniões e incompatibilizando-se com ela. Nos últimos anos vários candidatos foram reprovados por
ter opiniões diferentes. Você estudou profundamente estas novas descobertas e acredita firmemente
que elas são relevantes, vitais e breve ultrapassarão os antigos conceitos. Pergunta: Você deveria
comprometer seus valores e responder do modo que ele quer ouvir, ou deveria comprometer
seriamente seu futuro por não negar suas convicções e arriscar-se a ser reprovado?
Se alguém considera legítimo e necessário comprometer seus valores em ocasiões transitórias,
esse indivíduo deveria comprometê-los também por um período maior de tempo? São de se esperar
lapsos ocasionais, em nossa opinião, mas sacrificar as convicções de uma pessoa durante muito
tempo a convicções alheias não é o interesse último de ninguém, nem é moral.

Deve-se levar em consideração também as outras pessoas. E a família do indivíduo, a esposa e


filhos do caso acima? Se este ato representa uma ameaça séria ao bem estar daqueles por quem sou
responsável, eu ainda tenho direito do afirmar minhas convicções?

Existem atos imorais positivos assim como existem negativos? Eu possuo certas informações
sobre um assunto que está sendo discutido na aula de Inglês as quais são desconhecidas e omitidas
por todos. Será que eu sou "moralmente não-assertivo" se eu decidir não bancar "o sabichão" e
portanto não dizer nada sobre meu conhecimento especial? A situação muda se a aula for de História?
Psicologia? Auto-escola? Primeiros socorros? Farmacologia? Cirurgia cardíaca?
Talvez o ponto chave seja saber se a asserção, que alguém se sente na obrigação moral de fazer,
realmente terá importância. Pode ser melhor para todos aceitar o fato de que algumas coisas ficam
melhor do jeito que estão. Reinhold Niebuhr talvez tenha expressado isto da melhor maneira: "Deus,
dê-nos serenidade para aceitar aquilo que não pode ser mudado, coragem para mudar o que deve ser
mudado e sabedoria para distinguir um do outro."

40
VII

Situações de Comportamento Assertivo


Quem assiste aquele que representa no palco? Não sou eu mesmo? Então
qual é meu verdadeiro eu, o ator ou o espectador? Se você olhar com
atenção, pode descobrir outra personagem que merece ser reconhecida
como tendo identidade própria: o diretor da peça, aquele que decide o que
fazer e como fazer...

J. Samuel Bois, The Art of Awareness

Os exemplos seguintes descrevem situações típicas nas quais o comportamento assertivo é exigido,
mas que frequentemente causam dificuldade para os indivíduos não-assertivos ou agressivos. Cada
situação é primeiramente apresentada, mas sem uma resposta da parte do "ator" principal. Respostas
alternativas são então descritas, entre as quais o ator pode escolher seu comportamento na situação.
Cada resposta pode ser caracterizada no paradigma "não assertiva-agressiva-assertiva".

Cada uma das situações apresentadas é destinada ao uso descrito no capítulo IV: "O
Desenvolvimento do Comportamento Assertivo".

1. Selecione uma situação apropriada às suas necessidades.


2. Leia a descrição da situação, completando-a com detalhes, se você assim o desejar.
3. Siga os passos de 3 a 6, utilizando as respostas alternativas sugeridas para a situação ou
outras que possam lhe ocorrer.
4. Faça os exercícios de feedback e representação descritos nos passos de 7 a 10.
5. Continue com os passos restantes do "Desenvolvimento do Comportamento Assertivo".
Os exemplos estão agrupados de acordo com vários tipos característicos de situações:
pessoal-íntima, de consumo, de emprego, escolar e social. Em cada caso somente poucas situações
são sugeridas, embora o número de categorias e exemplos seja infinito como a vida. Além dessa série
de ilustrações representativas, alguém pode por iniciativa própria aplicar o comportamento assertivo a
exemplos de sua própria vida.

SITUAÇÕES E RELAÇOES INTERPESSOAIS

Festinha Informal
Sua filha de doze anos está dando uma festinha para cinco amiguinhas. Já passou das 2 da
manhã e as meninas já deviam ter se recolhido para dormir, mas ainda continuam bem barulhentas.
Respostas Alternativas:
(a) Você se vira na cama, desejando que seu marido se levante e diga qualquer coisa às meninas. Você
faz menção de se levantar, mas acaba ficando deitada, tentando abstrair-se do barulho.
(b) Você pula da cama, ralha e briga com as garotas, especialmente com sua filha, por sua conduta
imprópria.
(c) Você conversa com as meninas em um tom que elas sabem que é para ser levado a sério, e lhes diz
que já se divertiram suficientemente aquele dia. Você ressalta o fato de que precisa levantar cedo no dia
seguinte e que todos precisam ir dormir.

Atrasado para Jantar


Seu marido era esperado para jantar assim que saísse do trabalho. Ao invés disso ele chegou
horas mais tarde, explicando que saíra com alguns amigos para tomar uns drinques. Ele está um pouco
bêbado.
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Respostas Alternativas:
(a) Você não diz o quanto ele foi descortês com você, mas simplesmente começa a preparar algo para
ele comer.

(b) Você grita ou chora, deixando claro que acha que ele é um bêbado idiota, que não se importa com
seus sentimentos, é um péssimo exemplo para as crianças, e pergunta o que os vizinhos vão pensar.
Você lhe diz que ele pode fazer seu próprio jantar.
(c) Você calma e firmemente lhe informa que ele devia ter avisado com antecedência que ia sair para
tomar uns drinques e que provavelmente se atrasaria. Você lhe diz que seu jantar frio está na cozinha.

Visitas de Parentes

Tia Margarete, com quem você não gosta de passar muito tempo, está ao telefone. Ela acabou de
lhe contar seus planos de passar três semanas visitandoa, a começar da próxima semana.

Respostas Alternativas:

(a) Você pensa "Oh, não!" mas diz "Nós adoraríamos que você viesse e ficasse o tempo que quisesse!"
(b) Você diz que as crianças pegaram um resfriada terrível, a cama de hóspedes está com uma mola
quebrada e no próximo fim ds semana você vai visitar o primo Bill — e nada disso é verdade.
(c) Você diz "Nós gostaríamos que você viesse no fim de semana, mas simplesmente não podemos
convidá-la para mais tempo. Uma visita curta é melhor para todos, e nós vamos desejar nos ver
novamente mais depressa se mantivermos essa visita breve".

Depois da Meia-Noite

Seu filho adolescente, Eric, acabou de voltar de uma festa na escola. São 3 horas da manhã e você
tem estado muito ansiosa, preocupada, em primeiro lugar pelo bem estar dele, pois o esperava em casa
à meia-noite.

Respostas Alternativas:

(a) Você vira para o canto e dorme.


(b) Você grita: "Onde diabos você se meteu? Você sabe quantas horas são? Seu vagabundo egoísta,
sem consideração, eu devia te fazer dormir na rua!"
(c) Você diz: "Eu tenho estado bastante preocupada com você, filho. Você disse que estaria em casa à
meia-noite e há horas que estou na maior ansiedade. Você está bem? Você devia ter me telefonado!"

SITUAÇÕES DE CONSUMO

Corte de Cabelo
Na barbearia, o barbeiro acabou de cortar seu cabelo e vira a cadeira para o espelho para que
você possa inspecionar. Você acha que os lados não estão suficientemente aparados.

Respostas Alternativas:
(a) Você balança a cabeça assentindo e diz "Está bom" ou não diz nada.
(b) Abruptamente você afirma que ele devia ter feito um trabalho melhor e diz sarcasticamente: "Você
não tirou muito dos lados, não é?"
(c) Você ressalta que gostaria dos lados mais bem aparados e pede a ele para fazer isso.
Troco a menos
Quando você sai da loja, depois de ter comprado algo, você descobre que lhe deram 2 cruzeiros a
menos de troco.

Respostas Alternativas:
(a) Parando por um momento você tenta decidir se 2 cruzeiros valem o esforço. Depois de alguns
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momentos você resolve que não e vai embora.
(b) Você torna a entrar na loja, e chama a atenção do balconista, dizendo que acredita que ele lhe deu 2
cruzeiros a menos de troco. No processo de explicar você mostra o troco que recebeu.
(c) Você corre de volta à loja e exige em voz alta que lhe sejam devolvidos os 2 cruzeiros, fazendo um
comentário desairoso sobre "caixas que não sabem somar".

Esperando na Fila
Você está de pé perto do caixa esperando para pagar sua compra e pegar o seu embrulho. Outros
que chegaram depois de você estão sendo atendidos primeiro. Você já está cansado de esperar.
Respostas Alternativas:
(a) Ou você pega o artigo e o coloca de volta na prateleira ou aproxi ma-se mais do caixa para ver se
atrai sua atenção.
•(b) Gritando que o serviço naquela loja é péssimo você atira sua compra no balcão e vai embora.
(c) Em uma voz suficientemente alta para ser ouvida, você diz ao balconista que você estava na frente
de certas pessoas que já foram atendidas. Depois você lhe diz que gostaria de ser atendida
imediatamente.

SITUAÇÕES NO EMPREGO

Trabalhar depois do Expediente

Você e seu cônjuge têm um compromisso à noite, que foi planejado há várias semanas. Hoje é o
dia e vocês planejam sair imediatamente após o trabalho. Durante o dia, contudo, seu supervisor lhe
informa que gostaria que você ficasse até mais tarde fazendo um trabalho extra.

Respostas Alternativas:

(a) Você não diz nada sobre seus planos importantes e simplesmente concorda em ficar até terminar o
trabalho.
(b) Com uma voz alterada e nervosa você diz: "Não, eu não ficarei após o expediente hoje!" Então
você critica o patrão por não ter planejado melhor o horário de trabalho. Você volta então a fazer o
trabalho que estava fazendo antes.
(c) Conversando com o supervisor em voz firme, porém agradável, você lhe conta seus planos
importantes e diz que não poderá ficar à noite para fazer o trabalho extra.

Erro no Trabalho

Você cometeu um erro em algum aspecto de seu trabalho. Seu supervisor o descobre e lhe diz
muito asperamente que você não devia ter sido tão desatencioso.

Respostas Alternativas:

(a) Você se desculpa em excesso, dizendo que sente muito, que foi ignorante, que agiu como um tolo, e
que nunca deixará que isso aconteça outra vez.
(b) Você se irrita e diz que ele não tem nada que criticar seu trabalho.
(c) Você concorda que cometeu um erro, diz que sente muito e que terá mais cuidado da próxima vez.
Você acrescenta que acha que ele está sendo um tanto severo e que você não vê necessidade disso.

Atrasado
Um de seus subordinados tem chegado atrasado constantetnente nos últimos três ou quatro
dias.

Respostas Alternativas:
( a ) Você resmunga consigo mesmo e com os outros sobre a situação, mas não diz nada para a pessoa,
esperando que ela comece a chegar cedo.
(b ) Você censura duramente o funcionário, dizendo que ele não tem direito de se aproveitar de você e
que é melhor que ele chegue pontualmente ao trabalho senão você providenciará para que seja
despedido.
43
( c ) Aproximando-se do funcionário, você afirma que observou que ele tem chegado atrasado nos
últimas dias e imagina se há uma explicação para isso. Se ele não tiver uma desculpa plausível, você
dirá com firmeza que ele deve começar a chegar na hora. Se a desculpa for aceitável, você ainda dirá
que ele devia ter chegado a você e explicado a situação, em lugar de ficar calado, deixando você "no ar".

SITUAÇÕES NA ESCOLA

Professor Silencioso
Você está numa conferência de Física com trezentos alunos. O professor fala baixinho e você
sabe que muitos outros estão tendo a mesma dificuldade que você está experimentando para ouvi-lo.
Respostas Alternativas:

(a) Você continua a lutar para ouvir; eventualmente passa para outro lugar, mais à frente da sala, mas
não diz nada sobre a voz fraca dele.
(b) Você grita: "Fale alto!"
(c) Você levanta a mão, atrai a atenção do professor e pergunta-lhe se ele se importaria de falar mais
alto.
Esclarecimentos
Na aula de Inglês, a professora está discorrendo sobre as contribuições das línguas clássicas ao
Inglês moderno. Você está confuso com várias referências e acredita que ela tenha enunciado errado
um conceito importante.
Respostas Alternativas :
(a) Você não diz nada, mas continua confuso com o conceito e procura outra fonte na livraria, naquele
mesmo dia.
(b) Você a interrompe, dizendo-lhe que ela cometeu um erro e corrigindo-a com seu conhecimento do
assunto. Seu tom e palavras escolhidas o fazem parecer um pouco sem graça.
(c) Você pede à professora que explique mais o conceito, expressando sua confusão e indicando a
fonte de sua informação conflitante.
Valores Morais
Você é um dos onze alunos discutindo sexualidade humana em um grupo de discussão de
Psicologia. Os conceitos apoiados por três ou quatro alunos mais comunicativos são contrários ao seu
código moral pessoal.
Respostas Alternativas :
(a) Você ouve em silêncio, não discordando abertamente dos outros membros ou emitindo suas
próprias opiniões.
(b) Você denuncia em voz alta as opiniões que foram expressas. A defesa de seus próprios valores
é intensa e você insiste que outros aceitem seu ponto de vista como sendo o único correto.
(c) Você fala em defesa de suas opiniões, identificando-se com uma posição aparentemente
impopular, mas não despreza os valores dos outros do grupo.

SITUAÇÕES SOCIAIS

Quebrando o Gelo

Numa festa onde você não conhece ninguém, com excecâo do anfitrião, você quer circular e
ficar conhecendo outras pessoas. Você se aproxima de três pessoas que conversam.

Respostas Alternativas:

(a) Você fica de pé perto delas mas não diz nada, esperando que elas o notem.
(b) Você ouve o assunto que conversam, então interrompe e afirma que discorda do ponto de vista de
um deles.
(c) Você interrompe a conversa e se apresenta.
(d) Você espera uma pausa na conversa e então se apresenta e pergunta se pode juntar-se a eles.

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Marcando um Encontro

Você está interessado num encontro com uma pessoa do sexo oposto que você conheceu, e com
quem conversou três ou quatro vezes recentemente.

Respostas Alternativas:

(a) Você senta-se perto do telefone, imaginando o que dizer e o que ele(a) responderá. Várias vezes
você pega o telefone e, quando está quase terminando de discar, desliga.
(b) Você telefona e, logo que seu(sua) amigo(a) responde, você retruca dizendo: "Oi, querido(a), vamos
sair juntos este fim de semana". Parecendo estar surpreso(a), seu(sua) amigo(a) pergunta quem está
falando.
(c) Você liga, e, quando seu(sua) amigo(a) responde, você lhe pergunta pela escola, trabalho, etc. A
resposta é "Vai bem, mas ando preocupado(a) com um teste que vou fazer breve". Seguindo a deixa,
você converrsa alguns minutos sobre o teste. Então você diz que vai haver um espetáculo na cidade
sexta-feira, e você gostaria que fossem juntos.

Fumaça em seus Pulmões

Você está numa reunião pública numa grande sala. Um homem entra e senta perto de você,
soltando fumaça entusiasticamente de um grande charuto. A fumaça incomoda-o muito.

Respostas Alternativas:

(a) Você aguenta a fumaça irritante em silêncio, resolvendo que a pessoa tem o direito de fumar se
assim o desejar.
(b) Você fica muito zangado, exige que ele mude de lugar ou apague o charuto e em voz alta
apregoa os males e riscos para a saúde decorrentes do hábito de fumar.
(c) Você, firme, mas polidamente, pede-lhe que se prive de fumar porque isso o incomoda
muitíssimo, ou senta-se em outra cadeira, se ele preferir continuar fumando.

45
Segunda Parte

46
VIII
Introdução à Segunda Parte

Anterior à publicação da primeira edição de Comportamento Assertivo, em 1970, somente uns


poucos textos sobre comportamento assertivo tinham aparecido na literatura profissional. Os mais
relevantes desses e de outros trabalhos importantes que surgiram desde essa data são citados no
capítulo XIII, na "Bibliografia Comentada".

É especialmente correto reconhecer as contribuições à técnica do treinamento assertivo feitas por


Andrew Salter e Joseph Wolpe. Já em 1949, em Conditioned Reflex Therapy, Salter encorajava seus
clientes e outras pessoas a ter um "comportamento ativo" mais eficaz. Mais tarde Wolpe sistematizou o
treinamento assertivo, tendo por base que a asserção "inibia reciprocamente" a ansiedade. Seu livro
Psychotherapy by Reciprocal Inhibition, publicado em 1958, apresenta uma linha geral conceitual e
dados experimentais que representam elementos significativos dos fundamentos da terapia assertiva.

Desde 1970 tem havido um aumento constante de artigos em livros e revistas relacionados com o
comportamento assertivo. Enquanto a maior parte do tempo de pesquisa era dedicado à
dessensibilização e outras técnicas para descondicionar a ansiedade, nos últimos anos os métodos de
treinamento assertivo tomaram seu devido lugar entre as técnicas terapêuticas, e muito justamente.

Temos observado que, em certos aspectos de suas vidas interpessoais, a maioria dos clientes, é
não-assertiva ou agressiva.

47
IX

Preparo do Terapeuta

Terapias eficientes que reforçam as potencialidades do controle dos


clientes sobre seus processos emocionais são em muitos aspectos os
meios mais humanitários de mudança de personalidade que já foram
inventados. Eles são geralmente centrados no homem, dirigidos para a
criatividade e relevam ao máximo a realização do potencial humano.
Albert Ellis

Durante uma de nossas apresentações profissionais, um membro da audiência perguntou: "Como


os terapeutas aprendem a ser treinadores assertivos?" Nós prometemos incluir na edição seguinte de
Comportamento Assertivo uma seção tratando do assunto.
Como fundamento, deve ficar evidente que acreditamos que o terapeuta deve ser ou tornar-se
pessoalmente assertivo em sua própria vida. Além disso, se o adágio "Um terapeuta deve fazer terapia"
se aplica ao facilitador do comportamento assertivo, não deveriam os treinadores potenciais assertivos
fazer eles próprios um treinamento assertivo antes de ter licença para praticar? (Nós podemos então
montar oficinas exclusivas e caras, dando certificados aos treinadores assertivos "qualificados". ..)
Seriamente, achamos que quatro passos chave são importantes para se tornar um facilitador
do treinamento assertivo: 1) conhecimento dos princípios básicos de aprendizagem; 2)
familiaridade com a literatura sobre treinamento assertivo e áreas relacionadas; 3) prática nos
vários componentes do processo de facilitação assertiva tais como métodos de modelagem,
treinamento e representação de papéis; 4) envolvimento ativo em asserção nas relações
interpessoais do próprio facilitador.
Conhecimento dos Princípios Básicos da Aprendizagem: Embora este passo geralmente
seja realizado no treinamento formal do terapeuta, seria útil estudar um texto como o de Bandura
(1969), Principles of Behavior Modification.
Familiaridade com a Literatura: A bibliografia citada (capítulo XIII) e a literatura técnica
restante na seção de referências devem ser usadas como guia de estudo. Deve-se também ficar a
par de matérias relevantes em jornais correntes e livros neste campo. Vários cursos de
treinamento, seminários, institutos e programas de graduação sobre treinamento asser tivo são
oferecidos presentemente e devem ser examinados. Especialmente úteis em anunciar
treinamentos mais avançados disponíveis para profissionais são: Journal of Behavior Therapy
and Experimental Psychiatry, na seção intitulada "Therapists in Training"; Behavior Therapy,
que contém a coluna "News and Notes"; o Monitor, da Associação Americana de Psicologia, em
sua coluna "Notes and News", e o Guidepost, da Associação Americana de Orientação e Pessoal.
Prática com Componentes: Realmente, experimentar o alcance total do processo assertivo
em uma variedade de situações pessoais capacita o facilitador a entender mais completamente o
que o cliente experimenta. Se um cliente está tendo dificuldades em expressar raiva numa
situação, você será um auxiliar mais eficaz se você mesmo já experimentou a si tuação, através do
comportamento encoberto, modelando-a, representando-a, dando-lhe forma e treinando-a. Uma
forma de lidar com a situação é trabalhar com um colega membro do grupo de trabalho ou com um
cliente voluntário. Reúnam-se e revezem-se sendo o cliente e o terapeuta. Experimentem uma
série de situações e técnicas. Equipamento de videoteipe pode ser valioso em seu processo de
aprendizagem. Se disponíveis, algum tipo de mensuração fisiológica e recursos de feedback
podem também fornecer dados interessantes.
Asserção Pessoal: Qualquer um que se disponha a aumentar a asser ção dos outros deve
ser ele próprio ativamente assertivo. O conhecimento passivo do comportamento assertivo,
48
obtido com a leitura da primeira parte de Comportamento Assertivo é somente o princípio. Em
nossas vidas pessoais conhecemos muito bem as situações nas quais estes princípios podem ser
aplicados. Para nós este conhecimento tem quatro vantagens: 1) manter o "ar puro" em nossa
própria dinâmica interpessoal; 2) aproveitar oportunidades verdadeiras de praticar na "vida real"; 3)
acrescentar nossa própria experiência presente aos relatórios de nossos clientes individuais e de
grupo; 4) minimizar nossa própria dissonância cognitiva que pode resultar de "escrever o livro" sobre
treinamento assertivo e mesmo assim não agir assertivamente!
Experimentando nós mesmos o grande potencial de controlar nossas próprias vidas e
compreendendo como isso é satisfatório, tornamo-nos modelos e treinadores assertivos mais
convincentes. É estimulante para nós experimentar mudanças em nosso nível de asserção com a
continuação de nossa prática e aprendizado.
Agora você deve estar se perguntando: "São esses sujeitos sempre os assertivos? Eles nunca
experimentam o reverso da medalha?" Não, nós não somos sempre os que se levantam pelos
direitos, como será demonstrado nos exemplos seguintes. REA, assistindo uma maravilhosa
produção teatral e sendo bastante assertivo e entusiasmado, começou a transmitir seu entusiasmo
em voz muito alta à sua esposa. Conseqüentemente, alguém atrás dele fez sua asserção pedindo-lhe
que se calasse. MLE estava visitando a cantina do campus e inadvertidamente entrou em uma fila
"furando-a". Foi gratificante ver como as pessoas que foram desrespeitadas defenderam seu direito!
Não é necessário dizer que nós, também, aprendemos com estas experiências e com outras
similares.

49
x

Diagnóstico do Comportamento Não-Assertivo,


Agressivo e Assertivo
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O terapeuta que deseja facilitar a asserção deve primeiramente detectar o mais claramente
possível a natureza exata da dificuldade do indivíduo, a fim de decidir se o treinamento assertivo é
apropriado ou se é mesmo necessário. Talvez o cliente precise de apoio até que uma crise seja
superada, e nesse caso seria precipitado começar o treinamento assertivo. Além disso, o indivíduo que é
geralmente não-assertivo pode ser tão inibido e tímido que a simples menção de treinamento assertivo
pode causar reações somáticas tais como dores estomacais ou fazê-lo corar. O terapeuta deve ter um
cuidado especial em não perturbar este tipo de cliente. Em tais casos, podemos aplicar o Willoughby
Schedule (Wolpe, 1958; Hestand, 1971) e/ou o Fear Survey Schedule (Wolpe, 1969) e frequentemente
achamos necessário para estes clientes experimentar dessensibilização sistemática ou outras medidas
terapêuticas para reduzir medos de crítica e/ou rejeição. Mesmo quando o treinamento assertivo é inicia-
do, é melhor começar com tratamento individual do que em grupo.

Um indivíduo geralmente agressivo pode também, ser um mau candidato para o treinamento
assertivo, até que ele tenha feito outros tipos de terapia. Embora suas ações tornem evidente que
ele é capaz e corajoso, vemos que sob a superfície ele fica magoado facilmente e que aprendeu a
não demonstrar isso, pavoneando-se ou manipulando. Por esta razão este tipo especialmente deve
ser mantido afastado dos grupos nos quais tende a dominar os membros não-assertivos, até que a
terapia o tenha ajudado a lidar menos defensiva e agressivamente com sua própria ansiedade.

MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO

O método primário que empregamos para diagnosticar a não-asserção ou a agressão é


simplesmente ouvir o indivíduo descrever suas relações com os outros que são importantes para ele em
seu modo de vida. Pode-se cuidadosamente explorar com o indivíduo suas interações com (dependendo
de sua idade e modo de vida) pais, companheiros, colegas de trabalho, cônjuge, filhos, patrões,
empregados, vendedores, vizinhos, parentes. Para fazer a avaliação, pode-se perguntar quem domina
nessas relações específicas: O indivíduo deixa que se aproveitem dele ao lidar com os outros? Ele
expressa seus sentimentos e ideias abertamente na maioria das circunstâncias? Ele se aproveita dos
outros e/ou os rnágoa frequentemente?

Além disso, Wolpe (1969) e Lazarus (1971) sugeriram questões que são bantante úteis no
processo de descobrir respostas que são sintomas de inadequação do indivíduo (por exemplo: Você é
capaz de contradizer uma pessoa dominadora?). Respostas a essas interrogações são uma pista que
pode ser facilmente seguida para se explorar completamente o comportamento assertivo, agressivo ou
não-assertivo. Lembre-se sempre em suas investigações de cobrir a área de asserções muito pessoais
(capítulo V), além das tradicionais.

TESTES PADRONIZADOS

Nossa ênfase está em localizar exemplos comuns detalhados do padrão de comportamento do


cliente. Por esta razão, se usarmos testes padronizados no processo de diagnóstico, primeiramente
olhamos os pontos obtidos em escalas individuais os quais são então discutidos item por item com o
cliente, para descobrir exatamente o que a resposta significou. O processo oferece insights valiosos para
o trabalho com o cliente e experiência prática no processo de treinamento.
Existe um farto material disponível sobre testes padronizados. A maioria dos testes de
personalidade têm escalas que podem ser úteis. Entre outras, podem-se citar como exemplos: Omnibus
Personality Inventory, the Edwards Personal Preference Schedule, Eysenck Personality
Inventory e o Marlow-Crowne Social Desirability Scale.

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Três testes de auto-relatório são especialmente indicados para uso no treinamento assertivo.
McFall e Lillesand (1971) aconselharam o Conflict Resolution Inventory para medir o
comportamento de rejeição. Bates e Zimmerman (1971) desenvolveram uma constriction scale
para identificar como as respostas dissimuladas de alguém podem impedir sua asserção bem
sucedida. Itens de teste são auto-relatórios na forma de perguntas contendo: a pessoa que fornece o
estímulo, a situação e as respostas do tipo "sim" ou "não" ou negativas do sujeito. O objetivo é
detectar se o indivíduo realmente reagiu do modo descrito nas situações. Rathus (1972) tem uma
escala de 30 itens nos quais os indivíduos respondem às afirmações como sendo características ou
não de seu comportamento real, usando uma escala de seis pontos.

MEDIDAS COMPORTAMENTAIS AO VIVO

Especialmente nos estudos experimentais, é desejável incorporar testes comportamentais ao


vivo para determinar o grau de dificuldade de um indivíduo em relação à asserção. A avaliação pode
ser baseada no auto-relatório que se segue à situação, julgamentos abalizados da atuaçao, e
medidas fisiológicas de ansiedade. Recursos audiovisuais e vídeo-teipe são úteis para dar uma
amostragem do comportamento do cliente em tais situações. Exemplos de aplicações de tais
abordagens são dados em McFall e Marston (1970), Friedman (1971) e Eisler, Miller e Herson (no
prelo).

51
XI
Facilitação Terapêutica
PREPARAÇÃO DO CLIENTE

Na primeira parte tratamos dos elementos básicos da motivação assertiva. Supomos que o leitor
profissional esteja completamente familiarizado com este material, desde que o processo de preparação
para a vida assertiva é essencialmente o mesmo para o facilitador e para o cliente. Um fator básico no
processo de motivação é o conhecimento perfeito da diferença entre comportamento assertivo,
agressivo e não-assertivo. O facilitador deve certificar-se de que estas diferenças são bem compreendi-
das pelo indivíduo.

Quando o facilitador sente que o cliente está pronto, deve ajudá-lo a iniciar o comportamento
assertivo. Alguns concordarão prontamente em tentar a asserção sozinhos; estes são normalmente os
situacionalmente não-assertivos ou situacionalmente agressivos. Com os geralmente
não-assertivos e os geralmente agressivos, contudo, aconselha-se prudência; achamos que é
essencial contar com a assistência do terapeuta.

Mesmo quando o cliente deseja iniciar a asserção sozinho sem prática anterior, nós aprendemos a
convencê-lo a fazer um teste primeiro. Geralmente, as pessoas às quais perguntamos se precisam de
um ensaio, dizem que não é necessário. Ir além dessa confiança superficial e induzir o cliente a ensaiar
mesmo assim vai revelar as dificuldades que ele ou ela pode encontrar. Do mesmo medo, uma pessoa
que está em treinamento e diz que tem sido muito agressiva pode revelar na situação fictícia que tem
estado apenas zangada e não agressiva. Nós todos temos o direito de nos zangar, mas não de
degradar o caráter de alguém no processo; a representação de papéis torna clara esta diferença. A
questão aqui é que mesmo que alguns indivíduos possam não precisar de modelagem, representação,
etc., é sensato que o facilitador cheque primeiro, fazendo o cliente demonstrar.

FACILITAÇAO INDIVIDUAL
 compreensão do processo passo a passo do treinamento assertivo será reforçada com o
estudo dos seguintes exemplos práticos:
1.° Passo. Identificar a situação que carece de atenção.
Exemplo:
CLIENTE: Este rapaz telefonou-me duas vezes para convidar-me para sair com ele e
simplesmente não entendeu minhas indiretas. Eu não quero magoá-lo contando-lhe a verdade; o que
devo fazer quando ele ligar outra vez?
2.° Passo. Construir a cena. Trabalhe com o cliente para estruturar aproximadamente a
situação potencial, a fim de apresentar a cena encoberta acuradamente e para estimular os
sentimentos que a pessoa tem na situação real.
Exemplo:
FACILITADOR: Você resolveu que não gosta dele?
CLIENTE: Sim, ele é uma pessoa simpática, mas nós simplesmente não temos os mesmos
interesses. Além disso, não sinto atração física por ele. Porém não posso contar-lhe, ele ficaria
arrasado.
3.° Passo. Apresentar a situação para a pessoa para ensaio encoberto.
Exemplo:
FACILITADOR: Tem certeza? Eu gostaria que você revisse a situação em sua imaginação agora.
Feche os olhos e imagine-se recebendo o próximo telefonema. Permita-se reagir da maneira que sentir,
seja ela qual for.
CLIENTE: (Em silêncio, imagina a cena.)
4.° Passo. Modelar uma resposta assertiva para a situação específica
Apresente modelos audiovisuais, se acessíveis. Você pode também desejar gravar em vídeo-teipe o
método usado nesta situação.

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Exemplo:
FACILITADOR: Agora eu lhe mostrarei um modo de lidar com ele. Faça de conta que eu sou
você e você é ele. Telefone-me.
FACILITADOR: Alo, aqui é Y.
CLIENTE: Alo, é o X... (conversa banal)... Escuta, tem um filme ótimo
passando na cidade sexta-feira, e eu adoraria ir com você. Ficarei muito desapontado se você não
puder ir.
FACILITADOR: Estou muito ocupada sexta, mas ando querendo falar com você sobre nós dois, X.
Eu acho que tenho lhe dado uma falsa impressão, e quero esclarecer as coisas. Eu realmente tenho
medo de ofendê-lo mas não vejo nenhum futuro para nosso relacionamento.
CLIENTE: Por que? O que fiz de errado?
FACILITADOR: Absolutamente, você não fez nada errado. Eu acho que nossos interesses não
são os mesmos, e eu realmente não sinto muita atração por você.
CLIENTE: (Pausa.)
FACILITADOR: Espero que você não fique muito decepcionado, mas eu tinha que ser sincera com
você, deste modo não vou magoá-lo mais tarde.
CLIENTE: Bem, mesmo assim, eu apreciei seu gesto. Então, acho que não devo lhe telefonar
mais.
FACILITADOR: Seria melhor assim.
CLIENTE: Até logo.
FACILITADOR: Até logo.
CLIENTE: E se ele desligar no meio da conversa?
FACILITADOR: Se você for verdadeiramente assertiva, é muito provável que isso não ocorra; mas
se ocorrer, é porque isso tinha mesmo que acontecer.
5-° Passo. Responder às perguntas que o cliente tiver sobre o modo pelo qual você lidou
com a situação. Aponte as diferenças entre a resposta assertiva em oposição à não-assertiva e à
agressiva. Enfatize os fatores não-verbais se forem relevantes. Discuta as implicações filosóficas.
Exemplo:
CLIENTE: Não seria melhor contar mentiras inofensivas como "tenho que lavar a cabeça", de
modo que ele percebesse?
FACILITADOR: Você já tentou essas deixas e elas não funcionaram. Mesmo se elas chegaram a
funcionar, você está realmente magoando a ele e a si mesma a longo prazo por não ser sincera com
seus sentimentos.
6.° Passo. Repita o 3.° Passo. Ensaio encoberto baseado no uso que o cliente fará de um
modelo eficaz para lidar com a situação. Incentive o cliente a imaginar um resultado positivo.
7.° Passo. Ensaie a cena novamente. Desta vez o cliente representará a si mesmo. Grave ou
filme em vídeo-teipe, se possível.
8.° Passo. Revise o desempenho. Ofereça feedback e orientação quando necessário. Não
esqueça o reforço positivo.
Exemplo:
FACILITADOR: Você fez um trabalho excelente. Eu gostei da maneira como você manteve sua
posição quando ele tentou persuadi-la a deixá-lo ligar para você novamente. Sua voz estava um pouco
macia e algo trémula. Vamos repetir e tentar usar uma voz mais forte.

9.° Passo. Repita do passo 4 até o 8 quantas vezes forem necessárias. Alterne as técnicas de
mcdelagem e representação oferecendo orientação a fim de moldar o comportamento de um modo
adequado.

10.° Passo. A pessoa está agora pronta para testar os novos padrões de resposta na situação
real. Até este ponto a preparação teve lugar em um ambiente relativamente seguro. No entanto, treino
cuidadoso e prática constante desenvolveram uma reação quase "automática" à situação. O cliente
deve ser, portanto, reassegurado, se necessário, e encorajado a agir ao vivo. Se ele ela não se dispõem
a fazer isso, será necessário ensaiar mais vezes.
Exemplo:
FACILITADOR: Qual é a sua opinião a respeito de usar sua nova atitude quando ele lhe telefonar
novamente?
CLIENTE: Eu acho que estou pronta, e sei que ele vai ligar.
FACILITADOR: Bem, estou satisfeito com o seu modo de tratar a situação aqui, e portanto, eu
53
também acho que você está pronta.
11-° Passo. O cliente deve ser encorajado a retornar tão rápido quanto possível à prática ao vivo
a firn de manter o comportamento.
O terapeuta deve recompensar qualquer grau de sucesso que o cliente experimentar e oferecer
assistência contínua.
Exemplo:
FACILITADOR: Quero que você faça um registro de como vão as coisas; o que ele diz, o que você
diz, seus sentimentos e assim por diante. Então volte o mais rápido possível depois de ter terminado;
assim nós poderemos rever como você agiu, ok?
CLIENTE: Ok.
Outras elaborações do passo 10 podam ser feitas a partir daí.

Os esforços iniciais do cliente em ser assertivo devem ser escolhidos pela sua alta probabilidade
de sucesso a fim de fornecer reforço. Este ponto, é claro, é importante para os iniciantes em treinamento
assertivo, especialmente para os que são geralmente não-assertivos e geralmente agressivos. Quanto
mais bem sucedida é uma pessoa em sua asserção, maior probabilidade ela tem de ser assertiva. Além
disso, quando um indivíduo relata ao facilitador um caso de asserção bem sucedido, ele obtém um
reforço extra. O facilitador deve na verdade ser muito hábil para fornecer reforço verbal para cada
comportamento assertivo bem sucedido.
Inicialmente o indivíduo deve começar com pequenas asserções que têm alta probabilidade de
ser bem sucedidas e recompensadas e daí partir para asserções mais difíceis. Realmente cada passo
deve ser explorado com o facilitador até que o cliente seja capaz de ter o completo controle da maior
parte das situações. Ele deve ser prevenido contra tentativas de enfrentar uma asserção difícil sem
uma preparação inicial. O facilitador também deve particularmente tomar cuidado com a sugestão de
uma asserção onde o aprendiz provavelmente pode fracassar, inibindo assim as tentativas de futuras
asserções.
Se o cliente falha, o que pode muito bem acontecer, o facilitador deve estar pronto para ajudá-lo
a analisar a situação e ajudá-lo a readquirir a autoconfiança. Especialmente nos estágios iniciais de
asserção, os clientes estão propensos a erros ou de inadequação técnica ou de empenho excessivo,
chegando à agressão. Outras falhas podem causar regressão no treinamento, particularmente se o
outro indivíduo, o receptor, torna-se hostil e altamente agressivo. Desta forma o facilitador deve estar
preparado para servir de "pára-choque" para restabelecer a motivação.
A maioria dos clientes têm mais que um problema específico de asserção. No caso acima, por
exemplo, a menina deve ter dificuldade em devolver artigos estragados para a loja, em exigir seus
direitos com as colegas de quarto, etc. O mesmo processo básico com variações deve ser usado em
cada situação. A individualidade do cliente deve sempre ser preservada. Facilitadores são
encorajados a proporcionar um ambiente favorável à aprendizagem onde o cliente possa crescer em
assertividade e cuidadosamente evitar impor normas de comportamento.
Perto do fim de um processo de treinamento assertivo que pode durar de algumas semanas a
alguns meses, costuma-se levantar uma importante série de fatores para o futuro. Primeiro é a
necessidade de uma prática contínua de situações da vida real. Alertamos para a conveniência de o
cliente fazer esforços conscientes em praticar por um período de seis meses depois de terminar o
treinamento e de encorajá-lo a reler este livro. sempre que sentir necessidade, para proporcionar
motivação contínua e reforço para empreendimentos assertivos.
Finalmente um fator importante para se estabelecer um padrão de comportamento independente
e duradouro do modelo comportamental é ajudar o cliente a entender a necessidade de uma
continuidade do auto-reforço. É necessário para o cliente receber reforços do meio ambiente social
imediato, a fim de manter o comportamento assertivo recém-adquirido. Sem o reforço regular do
facilitador, o ex-cliente precisa receber reforços pela assertividade de outras fontes de situações
normais de sua vida.

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FACILITAÇAO EM GRUPO
Quando a primeira edição de Comportamento Assertivo foi publicada, poucos trabalhos tinham
sido feitos sobre treinamento assertivo em grupo. Desde ai temos visto o treinamento assertivo em
grupo como o "tratamento escolhido" por muitas pessoas não assertivas e agressivas. O processo de
desenvolvimento do comportamento assertivo pode ser eficientemente aplicado em uma situação de
grupo. Com muitos treinandos. este método é mais eficaz que a terapia individual, devido ao seu
amplo potencial de interação com outras pessoas durante o processo de treinamento.
Inúmeras vantagens específicas provém de um pequeno grupo. A pessoa não-assertiva ou
agressiva, como temos demonstrado, encontra grande ansiedade em certas situações de vida,
quando se confronta com outras pessoas, a fim de ser assertiva. A aprendizagem da assertividade
em grupo proporciona um "laboratório" de outras pessoas com quem se trabalha. Descobrindo que
elas compartilham problemas similares, cada uma se sente à vontade, menos sozinha. Um grupo é
tipicamente compreensivo e oferece apoio — um ambiente social no qual cada indivíduo pode ser
aceito como ele é, e ainda estar bastante à vontade para experimentar novos comportamentos.
Com muitos indivíduos se submetendo ao treino assertivo juntos. há uma base ampla para uma
modelagem social. Cada um, treinando, vê outro agindo assertivamente, e cada um é capaz de
aprender das forças e fraquezas dos outros.
Um grupo proporciona perspectivas mais diversificadas de feedback do que pode conseguir um
facilitador individual. As reações ouvidas de diversas pessoas podem acelerar o processo de
modelagem do comportamento para cada treinamento. Situações sociais que envolvem diversas
pessoas são fonte frequente de ansiedade, tanto para pessoas agressivas quanto não-assertivas. O
trabalho em grupo dá uma oportunidade realística para enfrentar diversas pessoas e vencer as
dificuldades num ambiente de treinamento relativamente seguro.
O grupo é, de fato, fonte poderosa de reforço social para cada um de seus membros. Sabendo
que muitas outras pessoas estão "esperando" seu crescimento e esforço ativo para conseguir
assertividade, cada membro é estimulado a um maior desenvolvimento do que se estivesse exclu-
sivamente sozinho. E, desta forma, o grupo recompensa novas asserções com todas as forças da sua
aprovação social.
No uso de pequenos grupos de treinamento assertivo, é importante reconhecer que alguns
treinandos são tão ansiosos sobre seus contatos interpessoais que podem ser incapazes de enfrentar
um grupo congênere com problemas similares. Em tais casos, o trabalho individual é essencial, pelo
menos até o treinando se sentir capaz de introduzir-se no grupo. Obviamente o trabalho em grupo não é
indicado em todos os casos, e o facilitador que trabalha com ambos, grupos e clientes individuais, consi-
derará as necessidades e capacidades de cada pessoa, ao sugerir uma ou ambas as técnicas.

A preparação de um grupo para trabalhar eficazmente junto dependerá sobretudo da situação


institucional, da habilidade e atitudes do faciltador e da presteza dos membros do grupo em
responderem aberta e honestamente um ao outro. A discussão do processo de interação pessoal em
grupos vai além dos objetivos deste livro; por isso, para o leitor interessado, citamos o excelente trabalho
de Yalom (1970) e Houts e Serber (1972). Em nossa experiência com grupos de treinamento assertivo,
notamos que a atmosfera de confiança e interesse de membros do grupo um com o outro se desenvolve
além do processo de treinamento e que o crescimento de objetivos comuns proporcionará a coesão
necessária para o desenvolvimento de um trabalho efetivo de grupo, o facilitador, agindo como modelo e
guia, determina o clima e, pelo seu exemplo, incentiva confiança, apoio e consideração positiva para
cada membro do grupo.

A MONTAGEM DO GRUPO DE TREINAMENTO ASSERTIVO

Nosso grupo de treinamento típico tem de cinco a doze membros Um número menor que cinco
restringe o potencial da modelagem social, limita as fontes de feedback e falha em prover os vários tipos
de comportamento que cada treinando necessita para observar à medida que tenta novos
comportamentos assertivos. Preferimos, quando possível, equilibrar o número de homens e mulheres
em nossos grupos, desde que as relações com o sexo oposto são uma frequente fonte de ansiedade
para nossos clientes não-assertivos e agressivos. Um grupo com número igual de cada sexo tem
aumentada a oportunidade de ajudar seus membros a lidar efetivamente com as situações sociais que
envolvem o sexo oposto.
55
Como trabalhamos no centro de aconselhamento de uma universidade, nossos grupos são
normalmente planejados para coincidirem com o período académico. Nós nos reunimos uma hora duas
vezes por semana, durante oito ou nove semanas, num total de dezesseis a dezoito horas.
Recentemente experimentamos duas alternativas deste método: conduzimos um grupo por cinco ou seis
semanas (dez ou doze sessões de uma hora). Então suspendemos os encontros por aproximadamente
três semanas, reencontrando-nos até o fim do período letivo para acompanhamento. Este método
parece ter tanto sucesso quanto nossos grupos mais demorados. Os conceitos básicos de asserção
podem ser facilmente apreendidos e praticados neste pequeno período de tempo. A motivação tende a
permanecer alta, tanto para facilitador quanto para membros. A frequência é praticamente 100%. A
interrupção dá aos membros tempo para identificar algum obstáculo maior que possa exigir mais
atenção. Se necessário, mais trabalho individual com asserção pode ser organizado. Em casos espe-
ciais, as medidas terapêuticas adicionais podem ser necessárias. Temos trabalhado também com
esquema de duas horas por semana. Este esquema tem a vantagem de uma sessão mais longa e
frequentemente mais intensiva, mas o longo intervalo entre as sessões parece resultar numa signíficante
perda no processo de modelagem do comportamento. Seria ideal talvez uma hora ou uma hora e meia,
duas vezes por semana, para atingir melhor os objetivos do grupo de comportamento assertivo (contudo,
não temos dados experimentais controlados que suportem essa conclusão).

Grupos liderados por cofacilitadores são, de acordo com nossa experiência, ambientes mais
eficazes para o crescimento do cliente do que grupos liderados por facilitadores individuais. Tanto pelas
auto-referências quanto pela observação do facilitador, o atrito é mais baixo, o entusiasmo é mais alto e
o crescimento é maior. Cofacilitadores são mais efetivos quando são abertos e honestos entre si e com
membros do grupo; possuem habilidades complementares e dominam técnicas de facilitação e são
francamente entusiasmados com o treino assertivo. Além disso, embora tenhamos sido sempre mais
eficazes em grupos assertivos quando trabalhando juntos, recomendamos uma equipe de
cofacilitadores dos dois sexos. Modelos efetivos de asserção para cada sexo são recursos valiosos para
grupos de comportamento assertivo.

O PROCESSO DO TREINAMENTO ASSERTIVO EM GRUPO

A primeira sessão de nossos grupos de treinamento é dedicada à apresentação didática do


comportamento assertivo, seguida pela apresentação rotineira dos membros do grupo.

Abrindo a sessão com o tema de fundo, versando sobre o que será o grupo, usamos o paradigma
descrito no capítulo II. Chamamos a atenção para o círculo comportamento-atitude (capítulo IV) e
mostramos a importância da prática com apoio e reforço do grupo. Os membros são avisados de que o
treinamento assertivo não é uma panaceia, e que eles não vão descobrir mudanças miraculosas de uma
hora para outra. Informamos-lhes também que o fracasso ocasional deve ser esperado, mas que não vai
impedir o progresso a longo prazo.
Damos vários exemplos típicos para ilustrar nossa convicção de que a assertividade é um caminho
melhor do que as outras duas alternativas. Depois, indicamos como o grupo será estruturado,
esquematizando os exercícios de que cada um irá participar. Nós pedimos que os membros façam uma
descrição de seus progressos, enfatizando exemplos detalhados e específicos. Para resumir,
damos uma palavra básica de estímulo sobre como se tornar completamente envolvido na
mudança, a necessidade de correr risco, e o progresso que outros têm feito. Do começo ao fim,
encorajamos os participantes a fazer perguntas, embora sabendo que é frequentemente muito
difícil conseguir que um grupo de pessoas primariamente não-assertivas faça perguntas. Neste
momento, pedimos a cada membro que anote comportamentos específicos, dentro do nosso
esquema não-assertivo-agressivo-assertivo, que eles desejam mudar.
Depois dessas preliminares, um de nós (o mais assertivo) diz que é hora de circularmos entre
o grupo e nos apresentarmos. Mesmo esse exercício inicial é tratado como uma demonstração do
processo de facilitação a ser usado no grupo. O facilitador pede aos membros para fecharem os
olhos e visualizar a si mesmos, realizando a tarefa acima. Quando todos tiverem terminado, ele
então modela sua própria apresentação, enfatizando seu background pessoal e suas razões para
estar envolvido num grupo assertivo. O passo encoberto é então repetido, depois do qual
começamos a tratar da auto-apresentação, incluindo o terapeuta assis tente. Finalmente,
discutimos o que aconteceu, dando nossas impressões sobre como o exercício se desenrolou e
mostrando que este será o método de operação para este grupo (comportamento encoberto,
modelagem, ensaio de comportamento).

56
O procedimento estabelecido na primeira reunião do grupo com os exercícios de
apresentação é seguido através de toda a vida do grupo de treinamento assertivo: a situação é
colocada; pede-se aos membros para fantasiar suas respostas individuais a ela; um modelo
(frequentemente, mas nem sempre o facilitador) representa a cena; o grupo discute por pouco
tempo o comportamento do modelo; uma nova resposta encoberta é requisitada; membros
individuais representam e recebem feedback. Assim, os três maiores componentes facilitadores do
treinamento assertivo (comportamento encoberto, modelagem e ensaio do comportamento), são
inseridos no processo de facilitação do grupo por situação encoberta separada.

Seguindo este padrão, as primeiras semanas iniciais de reuniões do grupo são estruturadas
de modo que cada membro participe de vários exercícios fundamentais:

1) Chegar de repente em um pequeno grupo de estranhos que já estão entrosados e


conversando em uma festa.

2) Começar a conversar com um estranho na sala de aula, no ônibus, em uma reunião; manter a
conversa.
3) Devolver artigos defeituosos ou errados a uma loja.

4) Fazer asserções com indivíduos significativos: pais, colegas de quarto, cônjuges, namorados.
5) Pedir a alguém que abaixe o volume do estéreo que está alto demais, ou que não converse muito
alto na biblioteca, teatro, etc.
6) Convidar alguém para sair por interesse amoroso, recusar um encontro (ao telefone ou
pessoalmente).
7) Sentimentos positivos; auto-asserções.
8) Falar em público.

9) Aprender como argumentar ou afirmar-se com uma pessoa dominadora ou de opiniões


dogmáticas.
Nós operamos com flexibilidade considerável e podemos largar certa situação ou acrescentar
outras, de acordo com as necessidades aparentes de determinado grupo.
Depois que cada membro do grupo completou os exercícios básicos, nós os incentivamos a
trazer ao grupo situações da vida real que os estão perturbando. Embora a ninguém seja negada a
oportunidade de apresentar uma situação pessoal anteriormente no processo do grupo, nós
descobrimos que a maioria dos participantes, como acontece nas formas mais tradicionais de terapia
de grupo, fica relutante em expor tanto de si mesmos tão cedo na vida do grupo. Portanto, geralmente
vale mais a pena estruturar as primeiras reuniões e passar para atividades que dependam da iniciativa
dos membros depois que o processo de facilitação esteja completamente estabelecido e os
participantes já estejam confiando mais uns nos outros. Neste ponto as situações individuais
apresentadas no grupo frequentemente se relacionam com relações íntimas: O que posso fazer para
que meu pai pare de brigar comigo o tempo todo? Como dizer a meu namorado que eu realmente não
o amo? Meu colega de quarto tam um horrível cheiro de suor! Meu patrão fica constantemente dizendo
gracinhas a meu respeito. Eu grito com minha mulher e filhos todo dia quando chego do meu trabalho.
Ninguém me dá atenção.
Tais situações referem-se muito de perto ao lar, naturalmente, e são mais suscetíveis e difíceis
de lidar do que as do tipo "balconista da loja", desde que envolvem relações contínuas com um grande
investimento emocional. Sensibilidade, paciência e atenção cuidadosa aos princípios da asserção — e
consideração sobre as consequências — são obrigatórias aqui, e o facilitador é avisado dos perigos
das soluções prontas para resolver problemas individuais únicos. Sob estas condições outros
membros de um grupo sensível e atencioso são geralmente o recurso mais valioso do terapeuta. Em
qualquer caso, ensaios de abordagem em relação a pessoas significativas são geralmente altamente
compensadoras, nem que seja só para o indivíduo obter uma compreensão mais profunda de seus
próprios sentimentos em relação à pessoa/situação. É raro o grupo que não oferece apoio e atenção
em situações delicadas.

Prática em expressar carinho por outrem é, naturalmente, um objetivo importante de um grupo de


treinamento assertivo (capítulo V).
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Quando nosso grupo de comportamento assertivo se aproxima do fim do treinamento, damos
assistência a cada membro com o intuito de sensibilizá-lo para as fontes de reforço constante em seu
ambiente individual. O grupo foi um importante centro de apoio para o desenvolvimento da asserção de
cada membro. Agora, contudo, cada um deve responsabilizar-se em identificar e expandir as fontes de
apoio dentro do seu próprio "eco-sistema".

O encontro final de nosso grupo de treinamento de comportamento assertivo é geralmente


dedicado a uma experiência de fortalecimento emocional muito positiva, desenvolvida pelo psicólogo
Herbert Otto: "Strength Bombardment". A cada membro do grupo é dado um minuto para falar de si
mesmo somente em termos positivos — sem adjetivos, sem críticas, sem "poréns". Logo após, o resto
do grupo dá a esse indivíduo dois minutos adicionais de feedback positivo. O tempo pode variar de
acordo com as necessidades do grupo, mas prudência é fundamental: não dê margem para silêncio
constrangedor — e doloroso. A pessoa que marca o tempo pode ser flexível, mas a questão essencial é
que esta seja uma experiência positiva para cada membro do grupo. O facilitador precisa estar atento e
preparado para preencher qualquer falha na porção de feedback para o menos "amado" membro do
grupo, e para incentivar o principiante hesitante, modesto demais. Sugerimos enfaticamente que o
facilitador seja o primeiro a falar neste exercício, como modelo de auto-asserção e para demonstrar
afirmações positivas apropriadas que podem ser feitas pelo indivíduo em relação a si mesmo.

MAIS ALGUMAS PALAVRAS SOBRE GRUPOS ASSERTIVOS


Descrevemos aqui, com detalhes consideráveis, uma visão da facilitação assertiva em grupo que
tem funcionado bem conosco há alguns anos. Nosso estilo tem se modificado, naturalmente, pois temos
descoberto meios novos e melhores de alcançar os objetivos dos participantes de nosso grupo.
Contudo, não temos ilusões de que haja somente um meio de conduzir eficazmente grupos de
treinamento assertivo. Sabemos que muitos dos nossos colegas acham outros métodos mais
apropriados em seu próprio grupo de trabalho, alguns com mais estrutura, outros com menos, alguns
mais rigorosos na aplicação dos princípios de aprendizagem, outros com um toque humanistico
existencial maior.

Embora não discutamos estas e outras abordagens sobre o desenvolvimento do comportamento


assertivo, nós continuamos convictos de que a aplicação dos princípios demonstrados neste livro fará
com que os clientes alcancem seus objetivos comportamentais. E isso, para nós, é o derradeiro critério.

58
XII
Aplicações do Treinamento Assertivo
Sugerimos anteriormente que o processo descrito aqui tem aplicação em uma série de atividades
humanas. Embora a maioria dos indivíduos sejam por si próprios mais capazes de identificar a utilidade
destas técnicas em suas próprias situações, este capítulo fornece uma abordagem organizada ao
estabelecer várias etapas do processo de desenvolvimento do comportamento assertivo.

A maioria dos exemplos que citamos aqui f oram tirados da experiência dos autores, amigos, colegas e
alunos, ou da literatura especializada. Outros sem dúvida ocorrerão ao profissional em seu próprio
ambiente. Portanto, embora uma tentativa tenha sido feita para arranjar estes exemplos de acordo com
uma variedade de ambientes escolares, profissionais e comunitários, recomenda-se que cada leitor
reveja a lista inteira.

APLICAÇÕES NA ESCOLA SECUNDÁRIA E NA UNIVERSIDADE

Professores: O professor frequentemente se deparará com alunos que são não-assertivos ou


agressivos, especialmente no que diz respeito ao comportamento deles na sala de aula. O treinamento
assertivo tem se mostrado altamente compensador para alunos que desejam ser mais capazes de
formular perguntas na sala, fazer apresentações e relatórios, responder às perguntas dos professores e
participar de discussões em grupo. Do mesmo modo, o treinamento assertivo é indicado para ajudar alu-
nos que parecem petulantes demais ao fazer perguntas, expressar opiniões, etc., e assim por diante.

Técnicos: Todo técnico em atletismo, música, teatro ou grupos de debates, trabalha com
alunos de potencial considerável, que não se dispõem a tentar novos comportamentos ou
apresentar-se individualmente (por exemplo, carregar a bola, solo), ou, ao contrário, ser "parte do ti-
me". Para o aluno relutante que "desejaria ser capaz" de atingir seu potencial nessas áreas,
sugerimos treinamento assertivo na área que deseja desenvolver. (Aliás, os princípios de formação
do comportamento têm sido aplicados com êxito neste campo há anos.) O indivíduo agressivo pode
aprender com o técnico a conter-se quando estiver saindo da linha geralmente aceita. Há grande
potencialidade em qualquer indivíduo que possui todas as necessárias qualidades, mas cuja alta
agressividade atrapalha suas realizações. Se o técnico conseguir canalizar estas habilidades a tra-
vés do incentivo à asserção, os indivíduos e o time serão beneficiados.
Orientadores Educacionais: O profissional em saúde mental prontamente reconhecerá as
potencialidades do treinamento assertivo para os clientes que demonstram relacionamento social
falho, autoconfiança insuficiente, desinteresse escolar, incapacidade de suportar pressões de pais,
professores e colegas. O indivíduo indeciso que deseja melhorar sua ca pacidade de tomar
decisões, o solitário que não possui nem o manejo social rudimentar, o estudante que teme abordar
o professor para fazer perguntas legítimas sobre o assunto que está sendo estudado, o aluno que
se expressa vivamente mas não dá oportunidade a outros, a pessoa que tomou uma decisão bem
pensada mas não tem coragem de enfrentar os pais — todos esses indivíduos e muitos outros
precisam aprender como expressar-se sem incômodos do modo que desejarem e o treinamento
assertivo pode ajudar.
Junta de Assistência ao Universitário: Os indivíduos que trabalham em centros
residenciais universitários, programas de atividades de diretórios acadêmicos, centros de saúde
universitários, escritórios de colocação e seleção, programas educativos especiais, planos de
crédito educativo, serviços religiosos no campus e escritórios de diretor, têm amplo contato com
universitários em seu próprio local de atuação. O orientador residente sen sível conhece o
estudante em seu alojamento que não pode abordar seu colega de quarto pedindo que este o alivie
do volume irracional do seu estéreo. Um líder estudantil em potencial que não tem confiança em
sua habilidade de conduzir sua campanha de candidato ao Diretório Acadêmico será reconhecido
pelos membros do pessoal que trabalha com organizações estudantis. Os médicos reconhecem a
erupção em um estudante tímido como sendo um sintoma de sua ansiedade em apresentar um tra-
balho na sala de aula no dia seguinte. O pessoal que trabalha com colocação consegue identificar
com segurança o estudante que sofrerá na entrevista próxima para um emprego, por não saber agir
nessa situação nova e ameaçadora. Do mesmo modo, todo este pessoal cujo trabalho visa o
59
desenvolvimento integral do estudante universitário conhece muito bem o indivíduo que parece
ofender os outros por ser muito ríspido, não medir as palavras, ou se exceder física ou verbalmente.
Por ser a formação do comportamento assertivo sistemática e direta, estes profissionais podem dar
ajuda direta no ponto exato em que o estudante apresenta problemas. Há vantagens óbvias na ajuda
que é oferecida por uma pessoa conhecida, sem demora ou com uma demora mínima, e sem ne-
cessidade de procurar outras fontes e estabelecer um relacionamento com nma pessoa nova e
desconhecida.

APLICAÇÕES PROFISSIONAIS

Terapeutas: Ansiedade interpessoal é um sintoma comum em pessoas com dificuldades


emocionais. O treinamento assertivo pode ser um fator vital para reduzir essa ansiedade. Os princípios
básicos que propusemos na primeira parte aplicam-se, independentemente da ambientação, tanto no
trabalho correcional, prática terapêutica individual, clínica de recuperação de alcoólatras ou
dependentes de drogas, etc. Portanto, as pessoas que não possuem sentimentos de auto-estima podem
ser ajudadas através da facilitação do seu próprio desenvolvimento do comportamento típico de pessoa
que tem valor (fazer suas próprias escolhas, defender seus direitos com êxito, mas sem agressividade).
Achamos que a mudança da atitude e sentimentos é frequentemente um resultado — mais do que uma
causa — do comportamento modificado.

Logopedistas: Adultos gagos responderam bem ao treinamento assertivo dos logopedistas ligados
à várias técnicas de terapia da fala. Os gagos geralmente têm uma longa história de não-fluência que
começa na escola primária. Sintomaticamente, eles têm sentido a pressão das preocupações dos pais e
professores, tendo sido colocados em turmas de educação especial para terapia, e alvo das brincadeiras
de seus companheiros. Enquanto o tempo passa eles aprendem muito bem a não se expor a situações
nas quais a atenção esteja voltada para sua fala. Fundamentalmente, estes indivíduos aprendem a não
exigir muito dos outros até a exclusão de seus próprios direitos. Frequentemente eles acreditam que não
são tão bons quanto os outros e portanto não têm. direito de ser assertivos. Por causa de seu temor a
situações interpessoais, eles podem se beneficiar do treinamento assertivo para ultrapassar ou diminuir
a ansiedade. Atos assertivos tais como usar o telefone, conversar com vendedores, fazer perguntas,
aprender a discordar, a dizer não, e assim por diante, podem ser praticados com êxito. Portanto, o
padrão longamente estabelecido de auto-negação e falta de espontaneidade poda ser alterado
significativamente.

Assistentes Sociais: O alvo do programa de bem estar social é geralmente um membro de um


grupo minoritário, que vive numa habitação abaixo dos padrões normais, na menos "desejável" área da
comunidade. Além do modo tipicamente sub-humano pelo qual são tratados frequentemente, os
membros de minorias em nossa sociedade, o beneficiado tem sido obrigado a sofrer as indignidades do
sistema de bem-estar social. O treinamento assertivo oferece grandes possibilidades para este indivíduo
desfavorecido. Ajudá-lo a aumentar seu auto-respeito, ensinando-lhe modos mais adequados de
comportamento relacionados com a obtenção de seus direitos, ajudando a desenvolver uma liderança
eficaz na comunidade, dando orientação sobre métodos de tratar com comerciantes, assegurando um
tratamento justo, sem negação de si mesmo e sem atos agressivos — são todas as aplicações possíveis
do treinamento assertivo pelo assistente social. Adicionalmente, o uso frequente do trabalho de grupo
oferece ou traz oportunidades para o desenvolvimento do comportamento assertivo neste campo.
Técnicos em Seleção e Reabilitação: Os esforços para colocar pessoas em empregos
produtivos e compensadores são grandemente facilitados pela capacidade do cliente para demonstrar
autoconfiança e para comunicar-se eficazmente com entrevistadores e empregadores. Muitas vezes um
simples treino de comportamento em entrevistas oferece a um cliente material e confiança necessários
para obter uma colocação adequada. Uma outra pessoa pode exigir ajuda mais extensiva para construir
um bom sentimento sobre si mesma, talvez através do desenvolvimento de comportamentos assertivos
e do reconhecimento de que os outros respeitam a sua pessoa. Ela é reforçada por agir como uma
pessoa que tem confiança em si e começa a reconhecer as próprias forças. Um outro indivíduo pode
precisar de compreender que está se portando muito agressivamente e precisa aprender como
modificar sua abordagem.
Conselheiros Conjugais: Quando um casal procura orientação, a conclusão que se pode tirar de
antemão é que ele não está se comunicando com êxito. Três situações são possíveis: 1) o marido tem
sido o que sempre toma as decisões em toda a vida conjugal e a mulher é a que aceita tudo e tem todos
os deveres; 2) a situação reversa, na qual o marido á quieto e indeciso, e a mulher dominadora; 3)
nenhum dos parceiros é totalmente dominador, mas nenhum deles chegou a conhecer os pensamentos
60
e sentimentos do outro em todos os anos passados juntos. Todas as três situações respondem ao
método do treinamento assertivo. Como vimos anteriormente, aprender asserção mudará o
relacionamento com as pessoas próximas ao indivíduo. Por este motivo, é preferível que os dois,
parceiros trabalhem o relacionamento, embora eles possam ser assistidos individualmente, assim como
juntos, durante a terapia.
Problemas conjugais tais como sexo, finanças e criação de filhos, podem ser decorrentes da falta
de asserção parcial ou total de um dos parceiros. Falta de comunicação às vezes ocorrerá em qualquer
relação conjugal, mas se cada um dos cônjuges for verdadeiramente assertivo, a dificuldade não se
transformará numa crise séria.

Estamos certos de que quanto mais sincero e aberto cada parceiro for em todos os aspectos
da relação conjugal, mais bem sucedida será essa relação. Do mesmo modo, as famílias que
incentivam liberdade de expressão da parte dos filhos oferecem um ambiente mais propício ao
crescimento dos jovens e seus pais.
Orientadores Religiosos: Um de nossos clientes que tinha criado medos e dúvidas acerca de
seu comportamento assertivo conseguia ainda lembrar-se de um cartaz que vira na infância em
sua escola dominical: "A fórmula da FELICIDADE é: Jesus primeiro, os Outros depois, Você por
último" * Infelizmente para muitos jovens (e pessoas mais velhas), tais mensagens significam
exatamente "não passe na frente dos outros", "deixe que tirem vantagem de você", "ofereça a
outra face", "guarde seus sentimentos para si mesmo" Muitas pessoas parecem possuir um
sentimento baseado na religião que não lhes permite sentirem-se bem consigo mesmas. Por não
poder magoar ninguém, elas deixam que os outros se aproveitem delas. É questionável a
afirmação segundo a qual a educação religiosa na igreja ou no lar gera no indivíduo sentimentos
negativos acerca do direito que ele tem de estar bem consigo mesmo e de afirmar-se como
pessoa. O objetivo é ajudar o indivíduo a tornar-se autoconfiante. Nós achamos que os clientes
com barreiras religiosas frente à asserção, precisam se reeducar sobre o que significa
verdadeiramente ser assertivo. Não precisa haver incompatibilidade entre a asserção dos direitos
justos (isto é, dados por Deus, naturais, inerentes) e convicções religiosas profundas.

APLICAÇÕES FORA DA SAÚDE MENTAL

Técnicos em Treinamento de Pessoal: Os indivíduos que lidam com desenvolvimento de pessoal


em empresas públicas e particulares podem descobrir que um esforço sistemático em treinar pessoal
de gerência e vendas em asserção custará altos dividendos. Os métodos de treinamento em grupo
serão úteis para grandes organizações, e o treinamento assertivo pode ser eficazmente incorporado
a outros programas de desenvolvimento gerencial ou de treinamento de pessoal. Os supervisores
que compreendem e conseguem aplicar o modelo assertivo (não agressivo) às suas interações com
os subordinados são muito poucos, e pessoal de supervisão mais competente pode ser formado
utilizando-se o treinamento assertivo como chave de reconhecimento dos direitos e parâmetros de or-
ganização de cada empregado. Por exemplo um supervisor que consegue repreender firmemente o
erro de um subordinado sem desrespeitar essa pessoa é um valioso recurso em qualquer empresa.
Além disso, naturalmente, o empregado subalterno que consegue criticar sincera e construtivamente
seus superiores ou a operação — num estilo assertivo —, sem temores de um lado e ataques agressivos
de outro, pode dar uma contribuição significativa à produtividade da empresa e ser também uma pessoa
mais feliz.
Formação de Professores: Entre as principais queixas que ouvimos de professores está a
dificuldade em "controlar os alunos" (disciplina), falta de comunicação com superiores, e medo de
reuniões com pais. Se um professor é não-assertivo, os alunos, sintomaticamente, vão se aproveitar
dessa fraqueza. Por outro lado, o professor tirano, super agressivo, será temido mas não respeitado,
uma situação contraprodutiva. A comunicação assertiva com o diretor é essencial para os professores.
Estes professores devem aprender que os pais são pessoas, iguais a eles como seres humanos, e
devem ser abordados adequadamente.

* "The Formula for JOY is Jesus first, Other second, Yourself last." (N.E.)

Na reunião de 1973 da American Personnel and Guidance Association conduzimos um seminário


sobre facilitação do comportamento assertivo. Um professor que tomou parte no programa descreveu a
61
experiência de um programa de treinamento assertivo em sua área escolar. Um grupo de professores
partiu para aprender técnicas assertivas a fim de ajudar os alunos. Depois de pouco tempo, eles
reconheceram muitas de suas próprias respostas não-assertivas ou agressivas aos alunos, adminis-
tradores e pais, e começaram a se concentrar em sua própria necessidade de treinamento assertivo. O
resultado foi um relatório altamente entusiástico sobre o crescimento deles em asserção pessoal e
profissional.
Nossa opinião é que os que se preparam para o magistério devem participar de treinamento
assertivo como parte integrante de sua formação académica.

APLICAÇÕES INDIVIDUAIS E COMUNITÁRIAS


Treinamento de Liderança para Organizações Comunitárias: Liderança eficaz em todos os
níveis é talvez a maior área de dificuldade enfrentada pelos grupos comunitários voluntários.
Associações de pais e mestres, clubes de serviço, auxiliares, clubes femininos, grupos de interesse,
igrejas, atividades de jovens, clubes sociais, mesmo agências de ação comunitária e partidos políticos
sofrem com a falta de pessoas que se disponham e sejam capazes de assumir responsabilidades vitais.
Embora seja óbvio que a falta de tempo para tais compromissos é uma razão importante para a
escassez de indivíduos dispostos, é também verdade que muitas pessoas simplesmente se consideram
inadequadamente preparadas para aceitar a responsabilidade de uma comissão, um clube, ou uma
atividade comunitária. O desenvolvimento de liderança em tais grupos — desde assegurar voluntários
para uma comissão de preparo até convencer candidatos a aceitar a proposta da comissão nomeadora
para a presidência ou diretoria — pode ser facilitado através de um programa de desenvolvimento do
comportamento assertivo para os membros da "massa", assirn como para aqueles da vanguarda.
Pessoas que Trabalham com Jovens: Líderes adultos em organizações como YM e YWCA, YM
e YWHA, Escoteiros e Bandeirantes, 4-H, Future Parmers,* programas de lazer comunitário, grupos de
jovens filiados a igrejas ou escolas de catecismo e acampamentos de verão têm notável oportunidade
de observar o comportamento dos jovens, principalmente em ambientes sociais onde estes trabalham
ou se divertem com seus companheiros. O jovem apático, desinteressado ou antisocial que é
observado em um grupo desses pode muito bem ser não-assertivo. Ele pode temer o fracasso e a
rejeição subsequente e, assim, recusa-se a tentar qualquer coisa, ou tenta dominar seus companheiros
sendo irritadiço e agressivo. O adulto sensível que nota tal comportamento pode ser capaz de ajudar
esse jovem, oferecendo um ambiente seguro e não ameaçador (talvez individualmente, a princípio) no
qual o jovem pode sentir-se seguro para tentar alguma atividade nova. O processo de formação de um
comportamento mais confiante pode ser vagaroso, mas pode oferecer ao jovem oportunidades de
escolher entre modos alternativos de portar-se. O passo para a independência é um fator importante de
tais programas dirigidos à juventude.

OUTRAS APLICAÇÕES

Usos Jornalíticos: Um professor de jornalismo de uma universidade notou o uso potencial do


treinamento assertivo com estudantes de fotografia e convidou-nos a fazer apresentações e
demonstrações em suas aulas. Descobrimos que os conceitos assertivos podem ser importantes no
aperfeiçoamento de técnicas fotográficas. Se o fotógrafo é tímido e cuidadoso demais ou muito
impetuoso ou dominador, suas realizações serão afetadas. Sendo assertivo em vez de agressivo, o
fotógrafo pode evitar maus tratos físicos ou mesmo processos legais que ameaçam suas experiências
profissionais.
Outra aplicação refere-se a turmas de aperfeiçoamento de técnicas de entrevistas. Por exemplo,
como você aborda assertivamente o sujeito e obtém a história que deseja? Como você lida com uma
pessoa dominadora que quer monopolizar a entrevista? O que você deve dizer, se discorda radicalmente
das opiniões do indivíduo? Há um modo de deixar à vontade alguém que está muito ansioso ou fazendo
muito esforço? Ou enfrentar o indivíduo que fornece informação que você já sabe ser falsa? Todas essas
situações são oportunidades naturais para os processos assertivos .

* Clubes e associações de jovens comuns nos Estados Unidos. (N.T.)

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Libertação Humana: Muitas mulheres aprenderam a não se sentir bem com elas próprias e
suas capacidades por várias razões. As mulheres, como os homens, têm o direito de sentir se bem
consigo mesmas e de ser capazes de afirmar-se assertivamente como pessoas na vida. Muitos de
nós estamos acostumados com a mulher agressiva que tem uma "causa" que promove
fanaticamente. Paralelamente, ficamos também desconcertados com sua contraparte, a mulher
frágil, de pouca coragem e independência. A pessoa assertiva, homem ou mulher, é uma bela
pessoa.
A utilização dos princípios assertivos para dar consciência à mulher teve seus reflexos na
convenção de 1973 da American Personnel and Guidance Association, em San Diego. A asserção
foi o componente vital de um programa intitulado "Aumento da Auto-Estima das Mulheres de Todas
as Idades". Ms. Jakubowski-Spector, Master of Science da Universidade de Washington, St. Louis,
informou-nos recentemente sobre um programa de orientação feminino. Ela escreveu um artigo para
uma edição especial do The Counseling Psychologist (ver capítulo VI) que inclui a descrição de
um filme que fez. Também uma comunicação de Mr. Carlson, do Departamento de Psicologia da
Universidade Estadual Humboldt (Califórnia), conta-nos sobre um projeto que usa o treinamento
assertivo em um programa de autotratamento para mulheres. Ms. Alison Paul, da junta de orientação
da Faculdade Hartnell (Califórnia) apresentou seminários de treinamento assertivo para mulheres
profissionais, e estes obtiveram ótima receptividade.*
Nem todos os programas de desenvolvimento feminino estão no meio académico
naturalmente. The Radical Therapist (um livro, jornal e uma coletânea) promove muitos programas
de tratamento em massa de pessoas que tipicamente não têm acesso aos serviços terapêuticos: os
pobres, as minorias, os trabalhadores. Os esforços de tomada de consciência das mulheres estão
aumentando em pequenas e grandes comunidades em todo o mundo.
A aplicação dos princípios de comportamento assertivo é útil para qualquer grupo oprimido;
minorias étnicas, estudantes, crianças, trabalhadores, pobres, velhos, e todos em geral, têm muito a
lucrar com a asserção de seus direitos de acordo cem os processos fundamentais descri tos neste
livro.
Os exemplos dados neste capítulo não abrangem tudo absolutamente. O leitor é estimulado a
consultar livros, colegas e amigos, e refletir sua própria experiência, para outras aplicações
relevantes do treinamento assertivo.

* Cf. também PHELPS, S. & AUSTIN, N. A Afirmação da Mulher. Belo Horizonte, Interlivros, 1977.

63
XIII Bibliografia Comentada
ESTUDOS EXPERIMENTAIS

FRIEDMAN, P. H. The effects of modeling and role-playing on assertive behavior In: RUBIN, R.
D; FENSTERHEIM, H.; LAZARUS, A. A; FRANKS, J. C. M., eds. Advances in behavior
therapy. Nova Iorque, Academic Press, 1971 a.

O experimentador testou uma série de hipóteses relativas ao valor da representação de papéis


e imitação no treinamento assertivo. Os sujeitos (de turmas introdutórias de psicologia) que
obtiveram notas baixas em auto-avaliações e testes comportamentais de asserção foram sub-
metidos a um dos seis tratamentos de 8 a 10 minutos de duração; 1) imitação e representação; 2)
modelagem; 3) representação dirigida; 4) representação improvisada e 5) textos não-assertivos. Os
desempenhos são gravados e avaliados. Ao fim de duas semanas de acompanhamento fez-se uma
estimativa e ao fim de quatro semanas aplicou-se um questionário. Os indivíduos que tinham feito
modelagem e representação mostraram um aumento significativamente maior nos pontos do teste
de Soma de Asserção do que todos os grupos, exceto daquele que fez representação improvisada.
Além disso, o grupo de Imitação + Representação mostrou um aumento percentual maior nos
critérios de comportamentos do que outros grupos, com exceção do grupo de modelagem. O
resultado geral foi extremamente favorável, considerando se que somente 8 a 10 minutos de
tratamento foram dispendidos.

HEDQUIST, F. J. & WEINHOLD, B. W. Behavioral group counseling with socially anxious and
unassertive college students. Journal of Counseling Psychology, 17: 237-241, 1970.

Dois alunos adiantados do curso de doutorado foram treinados para administrar terapia de grupo
(com supervisão) para estudantes não-assertivos, socialmente ansiosos e que não se classificavam
como casos clínicos . Os indivíduos foram escolhidos com base em dois testes de personalidade: 1)
uma forma modificada do S-R Inventory of Anxiousness; 2) o AS scale of Guilford-Zimmerman. Um
controle não-terapêutico foi com parado com um grupo de Behavior-Rehearsal (por exemplo, Lazarus) e
um grupo de Social-Learning (por exemplo, Mainord). Cada um dos grupos de tratamento tinha N = 10 e
durou seis semanas, o resultado do tratamento foi medido pelo número total de respostas verbais
assertivas de cada um dos grupos durante o tratamento e até duas semanas depois. Este
acompanhamento começou seis semanas após o término do tratamento. Os grupos de tratamento não
diferiram entre si em frequência média da respostas assertivas verbais, mas os resultados de ambos
foram significativamente mais altos do que os do de controle. O acompanhamento não descobriu
diferenças significativas entre os grupos baseados no critério seguido. Os autores concluíram que a
eficácia do tratamento não se manteve na vida real após o tratamento.
JOHNSON, T.; TYLER, V.; THOMPSON, R.; THOMPSON, J. Systematic desensitization and assertive
training in the treatment of speech anxiety in middle-school students. Psychology in the Schools, 8 (3):
263267. 1971.
Dessensibilização sistemática comparada com um tipo de treinamento assertivo (prática de
oratória) para oradores ansiosos da 8ª série. Os grupos reuniram-se duas vezes por semana num
total de nove sessões. A prática de oratória usada exigia que os membros fizessem pequenos dis-
cursos à frente do grupo. Estes discursos eram gravados e a fita imediatamente tocada. Depois da
audição, o indivíduo repetia o discurso. Um pouco de estímulo para fazê-los falar e também
informações sobre discur só e ansiedade. Foram utilizados. É interessante observar que não foi
notada nenhuma diferença entre os grupos numa medida posterior de nível da ansiedade do
discurso, o que demonstrou que ambos os grupos meIhoraram.

LAZARUS, A. A., Behavior rehearsal vs. non-directive therapy vs. advice in effecting behavior change.
Behavior Research and Therapy, 4: 209-212, 1966.
64
Dá exemplos de como se pode utilizar o ensaio de comportamento, apresenta um histórico de
caso, e então relata um experimento algo informal comparando aconselhamento, reflexão-interpretação
e ensaio de comportamento. Ele trabalhou como terapeuta em todos os casos. Os resultados
demonstraram que o ensaio de comportamento é muito mais eficaz.

LOMONT, J. F.; GILNER, F. H.; SPECTOR, N. J.; SKINNER, K. K. Group assertive


training and group insight therapies. Psychological Reports, 25: 463-470, 1969.

Pacientes internos no "Veterans Administration Hospital" foram divididos em dois grupos, 1)


assertivo (N = 7) e 2) insight (N = 5), e reuniram-se por 1 hora e meia por dia, de segunda a sexta,
durante seis semanas. Os terapeutas foram diferentes para cada grupo; ambos eram terapeutas
profissionais. O treinamento da asserção consistia basicamente na representação de várias
situações. Os pacientes recebiam textos e revezavam-se, modelando o comportamento. O terapeuta
servia de diretor-técnico. Os resultados mostraram que o grupo de asserção teve uma redução total
significativamente maior nas escalas clínicas do MMPI e diminuições significativas nas escalas de D
e Pt. O grupo de insight não teve variações significativas no teste.

McFALL, R. M. & MARSTON, A. R. An experimental investigation of behavior rehearsal in assertive


training. Journal of Abnormal Psychology, 76: 295-303, 1970.

Um processo de ensaio de comportamento semi-automatizado e padronizado em audioteipe foi


experimentado com estudantes universitários não-assertivos de uma turma adiantada do curso de
Psicologia. Testes pró e pós-tratamento foram aplicados, o primeiro sendo um teste comportamental
de representação. Deram-se aos indivíduos situações gravadas em fita às quais deviam responder.
Eles avaliaram cada situação em duas escalas de 5 pontos: 1) grau de ansiedade 2) como eles
avaliaram o próprio desempenho. Os potenciais das respostas foram verificados em cada de-
sempenho. Os testes aplicados foram o de Wolpe-Lazarus Assertive Scale (1966), Taylor Manifest
Anxiety, e Wolpe-Sang Fear Survey Schedule. As pulsações foram tomadas antes e depois de cada
ensaio.

Quatro grupos foram formados: 1) ensaio de comportamento com feedback (N=8), 2) ensaio de
comportamento sem feedback (N=9), 3) terapia "placebo insight" e 4) controle "waiting-list" (N = 10). O
tratamento constou de quatro reuniões de 1 hora por um período de duas ou três semanas. Os
indivíduos sujeitos ao tratamento foram assistidos por dois estudantes do sexo masculino do curso de
graduação, embora com 05 grupos de ensaio todo o tratamento fosse conduzido por fita gravada,
com ou sem feedback (re-audição do desempenho pelos participantes) depois de uma introdução
sobre o aprendizado de superação do medo pela prática. O grupo 3 foi um grupo de insight assertivo,
sem ensaio e sem representação.

O acompanhamento que se realizou nas duas semanas subsequentes, nas quais os indivíduos
eram expostos ao assédio de vendedores persuasivos ao telefone, confirmou que os dois grupos de
ensaio de comportamento se saíram melhor do que os dois grupos de controle, no que se refere ao
aumento do comportamento assertivo. Não houve diferença significativa entre feedback versus
não-feedback.

McFALL, H. M. & LILLESAND D. B. Behavior rehearsal with modeling and coaching in assertion
training. Journal of Abnormal Psychology, 77: 313-323, 1971.

Os indivíduos (introdução à Psicologia) foram colocados em: 1) ensaio aberto com modelagem e
estímulos (N = 11), 2) ensaio encoberto com modelagem e treino (N = 11), e 3) controle placebo (N =
11). Cada membro de cada grupo foi assistido individualmente por duas sessões, com intervalo de
uma semana entre elas. Foram dados aos indivíduos 20 minutos de treinamento de recusa nas
instruções preliminares. Os modelos empregados foram um masculino e um feminino. O tratamento
foi padronizado e pró-gravado, exceto em dois aspectos: a) o grupo aberto deveria ensaiar em voz
alta; o de comportamento encoberto deveria apenas imaginar; b) o grupo aberto ouvia a gravação de
seu desempenho; o encoberto refletia em sua resposta. Os resultados mostraram que os indi víduos
experimentais melhoraram muitíssimo mais do que os de controle e que os de ensaio encoberto
65
apresentaram no mínimo tantas melhoras ou até mesmo mais do que os de ensaio aberto. O artigo
também mostra como o Conflict Resolution Inventory, um inventário auto-relatado do com-
portamento de recusa, foi desenvolvido.

McFALL, R. M. & TWENTYMAN, C. T. Four experiments on the relative contribution of rehearsal,


modeling and coaching to assertion training: Journal of Abnormal Psychology, 1973.

Experimento 1 — examinou os efeitos de seis condições de tratamentos: 1) ensaio,


modelagem, estímulos; 2) ensaio e modelagem; 3) ensaio e treino; 4) apenas ensaio; 5) modelagem
e treino; 6) controle. Os indivíduos foram assistidos por duas sessões de 45 minutos com intervalo de
uma semana. A estruturação de laboratório foi similar aos processos usados por McFall, como foi
citado acima. A modelagem baseou-se em fita gravada e o estímulo foi administrado ao vivo, por um
não-terapeuta. Os resultados demonstraram que o tratamento do comportamanto assertivo usando
ensaio e treino, foram ambos eficazes e que estes efeitos eram independentes e complementares.
Além disso, a audiomodelagem acrescentou muito pouco, se é que acrescentou algo, ao êxito do
tratamento.

Experimento 2 — três tratamentos foram investigados: a) ensaio encoberto, modelagem e treino;


b) ensaio encoberto e treino; c) apenas ensaio encoberto. A estruturação foi a mesma usada acima.
Novamente a modelagem acrescentou muito pouco, ou nada, ao aumento do comportamento assertivo
ganho pelo ensaio e pelo treino.

Experimento 3 — comparou os efeitos dos velhos modelos auditivos com um novo conjunto que
possuía mais tato, mais hesitação e respostas menos extremadas. Também comparou ensaio aberto
com encoberto sob várias condições. Os resultados ainda corroboraram que os modelos auditivos, tanto
os velhos quanto os novos, não contribuíram para os efeitos benéficos do tratamento. Os resultados
também deixaram mais claros os efeitos do ensaio aberto e encoberto, não encontrando diferenças entre
ambos, quando foi eliminado o componente da re-audição. Isto indica que a re-audição da resposta pode
ser a variável que causa as diferenças mais precoces.

Experimento 4 — compararam-se modelagem auditiva e audiovisual. Um vídeo-teipe profissional


de TV englobava estudantes, atores, encenação, dramatizações em três câmaras, etc. A trilha sonora foi
utilizada para os indivíduos em audiomodelagem. Dois tratamentos de 40 minutos de duração foram
ministrados sobre comportamento de recusa. Os resultados mostraram que o vídeo-teipe dos modelos
não contribuiu para o resultado do tratamento. Inclui excelente e extenso debate sobre os resultados dos
quatro experimentos e limitações da abordagem terapêutica.

RATHUS, S. An experimental investigation of assertive training in a group setting. Journal of


Behavior Therapy and Experimental Psychiatry, 3: 81-86, 1972.

O treino assertivo foi administrado a grupos não-clínicos de estudantes universitárias que foram
tratadas em grupos de seis, uma vez por semana, durante sete semanas. O grupo participou de debates
sobre asserção e foi encorajado a praticar tarefas assertivas específicas. Os membros ensaiaram
asserção no grupo, embora não houvesse modelagem especializada. Os resultados foram comparados
com um debate sobre o medo e um grupo de controle. Os resultados foram bastante variados e
inconclusivos no que diz respeito ao valor do treinamento assertivo comparado ao grupo de Discussão
sobre o Medo.

THORESEN, C. E. et alii. I can't say no: Social modeling for unassertive clients. Stanford University,1972.
Manuscrito não publicado.

Oito indivíduos de classes de Introdução à Psicologia (quatro homens e quatro mulheres)


completaram o Conflict Resolution Inventory (McFall & Lillesand, 1971). A incapacidade deles de dizer
"não" em várias situações sociais foi classificada em extremamente alta. Eles foram distribuídos
66
casualmente em um dos três grupos de tratamento e cada um ouviu nove fitas gravadas
apresentando situações sociais. Os seis indivíduos experimentais participaram de sessões de
tratamento de 15 a 20 minutos de duração.
Compararam-se os três tratamentos: 1) modelagem comportamental e verbal com ensaio; 2)
modelagem verbal com ensaio; 3) modelagem comportamental com ensaio. O aspecto
comportamertal foi a observação de um modelo em vídeo-teípe.
Os sujeitos foram avaliados em medidas verbais e não-verbais. Os resultados "sugeriram
fortemente" que a modelagem comportamental é o método mais eficaz para mudar a asserção.
RATHUS, Spencer A. Investigation of assertive behavior through video-tape mediated assertive models
and directed practice. Behaviour Research and Therapy, 11: 57-65, 1973.

Um grupo de 78 estudantes universitárias foi dividido em grupos: 1) treinamento assertivo —


assistindo a modelos assertivos em vídeo-teipe, praticando comportamentos de tipo assertivo e
agressivo; 2) tratamento placebo — assistindo vídeo-teipes sobre dessensibilização de medos; 3) con-
trole de não-tratamento. Os resultados demonstraram que os participantes do treinamento assertivo
(N=24) acusaram comportamento significantemente mais assertivo na Rathus Assertiveness
Schedule do que os outros grupos.
EISLER, R. M. et alii. Effects of modeling on components of assertive behavior. Journal of Behavior
Therapy and Experimental Psychiatry 4: 1-6, 1973.
Mediram-se os efeitos de modelagem em vídeo-teipe em oito aspectos verbais e não-verbais do
comportamento assertivo. Os indivíduos eram 30 pacientes psiquiátricos do sexo masculino, com a
idade média de 44 anos. Dois grupos adicionais foram utilizados: 1) controle da prática e 2) teste e
re-teste. Os grupos de modelagem e prática participaram de um teste de asserção comportamental
(elaborado pelos autores) seis vezes durante um período de três dias. Os desempenhos em vídeo-teipe
"foram avaliados com base na duração do olhar, altura da voz, etc. Os resultados demonstraram que o
grupo de modelagem apresentou mudanças bem maiores que os outros dois grupos. Especificamente
os participantes da, modelagem mostraram mais mudanças em cinco das oito variáveis estudadas: 1)
maior duração das respostas; 2) maior número de solicitações do novo comportamento; 3) maior
influência; 4) voz mais alta; e 5) maior asserção total.

HERSEN, M. et alii. Effects of practice, instruction, and modeling on components of assertive


behavior. Behaviour Research and Therapy, no prelo.

Cinquenta pacientes psiquiátricos hospitalizados, do sexo masculino, foram divididos em cinco


grupos de tratamento. Os sujeitos foram agrupados por idade, nível de instrução, baixa asserção
auto-avaliada, e diagnóstico (alcoólatras, neuróticos e psicóticos). O aspecto de modelagem do
tratamento consistia em assistir a um modelo masculino em video-teipe. Respostas anteriores e
posteriores a um Behavioral Assertiveness Test foram gravadas em vídeo-teipe e classificadas de
acordo com sete aspectos do comportamento: 1) duração do olhar; 2) duração da resposta; 3) altura da
voz; 4) índice de concordância; 5) solicitações do novo comportamento; 6) influência; e 7) asserção
total. Os resultados mostraram que um grupo de modelagem mais instrução foi mais eficaz ou tão
eficaz quanto os grupos de apenas-instrução ou apenas-modelagem nos itens 1, 2, 5, 6, e 7. Não
foram observadas diferenças entre medidas anteriores e posteriores de asserção auto-avaliada.

ESTUDOS DE CASO
EDWARDS, N. Case conference: Assertive training in a case of homosexual pedofilia. Journal of
Behavior Therapy and Experimental Psychiatry, 3: 55-63, 1972.

A cura bem sucedida de uma pedofilia homossexual que perdurava há 10 anos. O tratamento
primário foi o treinamento assertivo especialmente concentrado na relação do cliente com sua esposa. A
técnica de refrear o pensamento foi também usada para suas fantasias pedofílicas. Os resultados foram
obtidos em 13 sessões em um período de quatro semanas.. Um acompanhamento de três meses
mostrou que os resultados foram mantidos.

MACPHERSON, E. Selectice operant conditioning and deconditioning of assertive modes of behavior.


Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatry, 3: 99-102, 1972.

67
Interessante estudo de caso de condicionamento operante bem sucedido de respostas assertivas
em relação à mãe da paciente e descondicionamento de suas respostas agressivas em relação ao
marido. Outros sintomas também mudaram e o progresso foi mantido durante dois anos de
acompanhamento.

STEVENSON, I. & Wolpe, J. Recovery from sexual deviations through overcoming of nonsexual neurotic
responses. American Journal of Psychiatry, 116: 737-742, 1960.

História de caso detalhado sobre o tratamento de dois homossexuais e um pedófilo, usando o


treinamento assertivo. Cada um dos desvios sexuais dos pacientes foi substituído pelo comportamento
heterossexual depois de quantidades diversas de terapia. Todos tinham tido experiências
heterossexuais anteriores.

WOLPE, J. The instigation of assertive behavior: transcripts from two cases. Journal of Behavior
Therapy and Experimental Psycniatry, 1 (2): 145-151, 1970.

Um artigo prático que mostra como o terapeuta usou o ensaio comportamental em um caso de
treinamento assertivo. O segundo caso é a segunda entrevista com um cliente depois dos princípios
assertivos terem sido apresentados durante a primeira sessão.

MODELAGEM E REPRESENTAÇÃO
BANDURA, A. Psychotherapy based upon modeling principles. In: BERGIN, A. E. & GARFIELD, S. L., eds.
Handboock of Psychoterapy and behavior chance: an empirical analysis Nova Iorque, Wiley &
Sons, 1971.

Leitura essencial para todos que usam os métodos de modelagem. Um capítulo compreensivo
cobre uma série de tópicos tais como: extinção de dependência, modelagem gradual, modelagem
múltipla, modelagem ao vivo versus simbólica, etc. Ele conclui que a modelagem com participação
orientada é o melhor método descoberto até agora para reduzir medo de vários tipos. Ë feita uma
análise dos componentes desse método.

FRIEDMAN, P. H. The effects of modeling, role-playing and participation on behavior change. In: MAHER,
B., ed. Progress in experimental personality research. Nova Iorque, McGraw-Hill, 1971 b. v. 6.

Discute modelagem e representação sob quatro pontos de vista: a) informação; b) ensaio; c)


variáveis motivacionais; d) variáveis cognitivas. Inclui também seções sobre combinações de modelagem
mais representação e modelagem mais participação. São fornecidos dados sobre persistência da
mudança, generalização e duração dos resultados.

STURM, I. Implications of role-playing methodology for clinical procedure. Behavior Therapy, 2:


88-96, 1971.

Este curioso artigo focaliza principalmente uma descrição do "método" de Stanislavski para
formação de atores. Os princípios básicos do método são dados e aplicados para melhorar o
"psychodiagnostic testing" e o "psychodiagnostic aspects of role-playing". Inclui discussão sobre o
aumento da eficácia das técnicas de representação na terapia comportamental.

ULLMAN, Leonard P. Making use of modeling in the therapeutic interview. In: RUBIN, R. D. & PRANKS,
C. M. Advances in behavior therapy. Nova Iorque, Academic Press, 1968.

Este trabalho reúne material para técnicas de modelagem, operacionais, correspondentes, e


racionais-emotivas, e discute o uso de "prompting" e "fading" em processos de modelagem. Uma pessoa
usa o "prompting" para que o indivíduo faça o que o terapeuta fez e então usa o "fading" até que o sujeito
repita a tarefa com êxito sem "prompts" adicionais.

Deixa bem claro que o terapeuta não deve começar expondo o desempenho final perfeito. Ele deve
ir moldando o resultado desejado e então gradualmente retirar seus "promptings". Se o modelo
ultrapassa muito o estágio do cliente, o passo para o reforço torna-se grande demais. Além disso, ele
68
enfatiza que o que mantém realmente o sucesso de alguém é a consequência do comportamento; o
terapeuta deve estar alerta para questionar o cliente sobre experiências da vida real utilizando o novo
aprendizado e para reagir positivamente quando a pessoa se sair bem, indicando-lhe o que ela fez de
diferente para mudar seus antigos modos.

O PROCESSO DO TREINAMENTO ASSERTIVO EM GRUPO

FENSTERHEIM, H. Behavior therapy: assertive training in groups. In: SAYER, C. J. & KAPLAN, H. S.,
eds. Progress in group and family therapy. Nova Iorque, Brunner Mazel, 1972.

O autor descreve como conduz um grupo assertivo "típico" que se reúne uma vez por semana por
2 horas e 15 minutos. Primeiro, os clientes repassam seus deveres de casa, depois dos quais podem
lidar com as experiências assertivas da semana precedente. Técnicas de modelagem o ensaio são
usadas quando necessário e utilizam-se exercícios especiais como, por exemplo, dificuldade em
expressar raiva. Mini-grupos de treinamento assertivo são usados para alcançar objetivos limitados tais
como ultrapassar isolamento social. No caso citado como exemplo, um grupo homogênio de três
reuniu-se por apenas quatro sessões.

LAZARUS, A. A. Behavior therapy in groups. In: GAZDA, G. M., ed. Basic approaches to group
psychotherapy and group counseling. Springfield, III., Charles C. Thomas, 1968. p. 149-175.

Em uma sessão de "Assertive Training Group", o autor conta como inicia o treinamento em
grupo por uma preleção seguida de auto-apresentações que são gravadas em fita e tocadas
novamente como feedback. Posteriormente ele emprega ensaio comportamental, moldagem,
feedback negativo e positivo, treino de relaxamento e discussões sobre an siedade. Ele também
usa a dessensibilização para medos de rejeição e crítica. Ele acha que o aprendizado e as
mudanças de comportamento mais significativos ocorrem nas primeiras 15 a 20 sessões de um
grupo assertivo.

ASSERÇÃO EM CRIANÇAS

CHITTENDEN, G. E. An experimental study í n measuring and modifying assertive behavior in young


children. Monographs of the Socicty for Research in Child Development, VII (1, n. 31), 1942.

Em um excelente artigo de fundo sobre comportamento assertivo que foi escrito em 1942, o
autor distingue entre três tipos de comportamento em crianças: dominação, cooperação,
não-asserção. Ele estrutura um programa de treinamento para crianças em idade pré-escolar,
destinado a aumentar a asserção e diminuir a dominação. Uma técnica lúdica utilizou duas bonecas
fazendo os papéis de crianças em idade pré-escolar que apresentavam problemas. A criança e o
adulto trabalhavam soluções nas sessões de ludoterapia. Os resultados demonstraram que as
crianças treinadas eram menos dominadoras depois do tratamento do que as de controle. Os dados
não indicaram, contudo, um aumento estatisticamente significativo em comportamento cooperativo.
As técnicas mostraram-se eficazes em alterar comportamentos extremados das crianças.

GITTELMAN, M. Behavior rehearsal as a technique in child treatment. Journal of Child Psychology


and Psychiatry, 6: 251-255, 1965.

O processo desse tratamento consiste primeiro em encontrar no passado as situações que


fizeram a criança tornar-se agressiva. A criança trabalha situações com outros membros do grupo.
Esta abordagem é avaliada por outros membros, por um sistema que valoriza mais o compor-
tamento assertivo do que o agressivo. Gittelman descreve um grupo de sete meninos de idade de 12
a 14 anos que se reunia por 2 horas uma vez por semana. Um comportamento agressivo específico
foi modificado com êxito em 12 sessões de grupo.

O’CONNOR, R. D. Modification of social withdrawal through symbolic modeling. Journal of


Aplied Behavior Analysis, 2: 15-22, 1969.

69
O'Connor observa que o afastamento drástico de situações sociais e interpessoais é
tipicamente evidenciado por duas coisas: 1) falta de traquejo social e 2) evitação de
situações interpessoais. O tratamento recomendado permitiria ao indivíduo aprender novas
competências sociais e apagar medos sociais.
Ele utilizou um filme de treinamento com crianças afastadas (isola das) da sociedade,
residentes em uma creche. O filme sonoro mostrava os companheiros participando de uma
interação social progressivamente mais ativa. O filme também mostrava reforços para a
interação social tais como aprovação dos companheiros (sorrisos, acen os, etc.), aceitação dos
companheiros (convites para atividades conjuntas, oferecimento de materiais para brincadeiras,
etc.).

O grupo experimental assistiu ao filme sonoro colorido que teve 23 minutos de duração com
11 cenas graduadas de acordo com o grau de ameaça. Dois fatores foram considerados: 1) o
vigor da atividade social, e 2) o tamanho do grupo. Seis crianças assistiram ao filme experi-
mental, e sete delas assistiram ao filme de controle. A obsarvação que se seguiu imediatamente
ao filme mostrou que o grupo experimental teve um aumento significativo em sua interação social,
em oposição ao de controle, que não obteve nenhum.
Não foram efetuadas observações de acompanhamento, mas um segundo quadro de
avaliações dos professores foi obtido no fim do ano escolar. Os professores ignoravam
completamente quais crianças participaram do grupo experimental e quais do de controle.
Solicitou-se a eles que novamente escolhessem as crianças mais isoladas. Somente uma do
grupo experimental foi escolhida outra vez, enquanto quatro do grupo de controle foram
escolhidas de novo.
ROSS, D.; ROSS, S.; ROSS, Evans. The modification of extreme social withdrawal by modeling
with guided participation. Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatry, 2 (4):
273-279, 1971.
O sujeito foi uma criança de 6 anos que foi mantida fora da escola pública por causa de seu
extremo afastamento social. Um tratamento de sete semanas (21 sessões de 90 minutos) foi
conduzido por uma psicóloga e um formando em Psicologia que serviu de modelo. As primeiras
quatro sessões consistiram em estabelecer no menino comportamento generalizado imitativo do
modelo. As sessões subsequentes utilizaram sete abordagens diferentes, tais como
apresentações simbólicas de modelagem, prestação de informações, representação, etc. Teste
posterior e dados de dois meses do acompanhamento demonstraram o êxito do tratamento em
aumentar a interação social e diminuir os comportamentos de retraimento da criança. Uma excelente
seção de discussão está incluída no artigo.

OUTRAS REFERÊNCIAS RELEVANTES

JAKUDOWSKI-SPECTOR, P. Facilitating the growth of women through assertive training. The


Counseling Psychologist. (Counseling Women), 4 (1): 75-86, 1973.
Um artigo excelente que fornece informação relevante para homens e mulheres que facilitam ou
aprendem comportamento assertivo. Faz distinção entre o comportamento assertivo e agressivo das
mulheres. Estão incluídas boas sessões sobre consciência e motivação, desenvolvimento de sistema de
crenças, e ansiedade sobre asserção. Vários exemplos de comportamento de cliente e terapeuta são
dados.
PALMER, B. D. Desensitization of the fear of expressing one's own inhibited aggresion: Bioenergetic
assertive techniques for behavior therapists, publication pending. Advances in behavior therapy. Nova
Iorque, Academic Press.
Descreve como usa as técnicas bioenergéticas de Alexander Lowen com o treinamento assertivo.
Exemplos: Do cliente tentando tomar uma toalha do terapeuta; 2) usando obscenidade deliberadamente;
3) exercícios de crises nervosas (rolar no chão, chutar, gritar "não"). O terapeuta usa modelagem e
técnicas de treino e não permite que os clientes se excedam e fiquem incontroláveis. Ele reforça a
prudência e o uso da asserção ao invés da agressividade nos confrontos. Um bom trabalho sobre
expressão não-verbal.
PRAZAK, J. A. Learning job-seeking interview. In: KRUMBOLTZ, J. D. & THORESEN, C. E., eds.
Behavioral Counseling, Cases and Techniques. Nova Iorque, Holt, Rinehart and Winston, 1969, p.
70
414-428.
Artigo excelente sobre todas as particularidades de entrevistas para emprego. Enfatiza cinco
pontos: 1) habilidade de explicar técnicas; 2) habilidade de responder perguntas problemáticas (currículo
ruim. pouca instrução, idade, doença física ou mental, etc.); 3) aparência e modos adequados; 4)
entusiasmo (por exemplo, algo especial que possa aprender? pode fazer horas extras?); 5) cinco
pontos da entrevista (por exemplo, uso de encerramento do tipo "comunicarei mais tarde": "Quarta-feira
está bom para eu te ligar dando a resposta sobre o trabalho?"). Usa modelagem, filme, representação e
vídeo-teipe.
SERBER, M. & NELSON, P. The ineffectiveness of systematic desensitization and assertive training in
hospitalized schizophrenics. Journal of Behavior Therapy and Experimentai Psychiatry, 2: 107-109,
1971.
O treinamento assertivo foi aplicado a 14 esquizofrênicos que manifestavam deficiências fóbicas
em asserção interpessoal. Até 18 tratamentos foram dados em um período de seis semanas. Dois dos
sujeitos mostraram alguma melhora em um acompanhamento de seis meses.
Os dois principais problemas do treinamento assertivo foram: 1) os sujeitos eram
frequentemente incapazes de projetar-se como assertivos quando tinham sido anteriormente
passivos; 2) os sujeitos eram incapazes, naquela época, de repetir a modelagem e a representação
a que assistiram.
CAUTELA, J. R. & WISOCKI, P. A. The use of the reinforcement survey schedule in behavior
modification. In: RUBIN, R. D.; FENSTERHEIM, H.; LAZARUS, A. A.; FRANKS, C. M., eds. Advances in
behavior therapy Nova Iorque, Academic Press, 1971.
Um artigo prático que trata do uso dos resultados do "Reinforcement Survey Schedule" (que
identifica estímulos de reforço possíveis). Os autores mostram como um terapeuta pode orientar o
cliente sobre o uso do reforço encoberto enquanto o cliente se imagina desempenhando algum
comportamento que normalmente apresenta baixa probabilidade de resposta para ele. Três exemplos
são citados: 1) marcar encontro com uma garota; 2) mostrar-se assertivo; S) evitar uma sobremesa
favorita.
PIAGET, G. W. & LAZARUS, A. A. The use for rehearsal-desensitization. Psychotherapy: Theory,
Research and Practice, 6 (4): 264-266, 1969.
Combina ensaio de comportamento com dessensibilização automática em uma abordagem
avançada do treinamento assertivo. Individualiza o processo de treinamento assertivo para indivíduos
que possam experimentar grande quantidade de medo em relação à representação.

71
XIV
Referências
ARKOWITZ, H.; LICHTENSTEIN, E.; McGOVERN, K. A behavioral approach to social inhibition.
Trabalho apresentado na American Psy-chological Association, 1971.
———. The behavioral assessment of social competence in males. Trabalho apresentado na Western
Psychological Association, 1971.
ATKINSON, D. Effect of selected behavior modification techniques on student-initiated action. Journal
of Counseling Psychology, 18 (5): 395-400, 1971.
BACH, G. & DEUTSCH, R. Pairing. Nova Iorque, Avon Books, 1970.
BACH,G. & WYDEN, P. The Intimate enemy: How to fight fair in love and marriage. Nova Iorque,
William Morrow and Company, Inc., 1968.
BALSON, P. The use of behavior therapy techniques in crisis-intervention: A case report. Journal of
Behavior Therapy and Experimental Psychiatry, 2 (4): 297-300, 1971.
BANDUBA, A. Psychotherapy based upon modeling principles. In: BERGIN, A. E. & GARFIELD, S. L.,
eds. Handbook of psychotherapy and behavior change: an empirical analysis. Nova Iorque,
Wiley & Sons, 1971.
——— Principles of behavior modification. Nova Iorque, Holt, Rinehart and Winston, 1969.
_____ Influence of model's reinforcement contingencies on the acquisition of imitative responses.
Journal of Personality and Social Psycliology, 1: 589-595, 1965

_____ Behavioral modification through modeling procedures. In: KRASNER, L. & ULLMAN, L. P.,
eds. Research in behavior modification Nova Iorque, Holt, Rinehart and Winston, 1865, p.
310-340.
BANDURA, A.; BLANCHARD, E. B.; RITTER, B. Relative efficacy of desensitization and modeling
approaches for inducing behavioral, affective, and attitudinal changes. Journal of Personality and
Social Psychology, 13: 173-199, 1969.

BATES, H. D. & ZIMMERMAN, S. F. Taward the development of a screening scale for assertive
training. Psychological Reports, 28: 99-107, 1971.
BOURDON, R. D. Imitation: Implications for counseling and therapy. Review of Educational
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78
Apêndice A
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família


humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz do
mundo,

Considerando que os desrespeitos pelos direitos do homem resultaram em atos bárbaros que
ultrajaram a conscência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de
liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi
proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,

Considerando ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos pelo império da lei, para
que o homem não seja compelido, como ultimo recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,

Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações a m i s t osas entre as


nações,

Considerando que os povos das Nações reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos
fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do
homem e da mulher, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida
em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Estados Membros se comprometeram a promover, em cooperação


com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do homem e a
observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos a liberdades é da mais alta
importância para o pleno cumprimento desse compromisso,
Agora, portanto,

A ASSEMBLÉIA GERAL PROCLAMA :

A PRESENTE DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM como o ideal comum a ser
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da
sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por
promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter
nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais efetivos,
tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, como entre os povos dos territórios sob sua
jurisdição.
ARTIGO 1 — Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
ARTIGO 2 — (1) Todo homem tem capacidade para gozar dos direitos e das liberdades estabelecidas
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
condição. (2) — Não será também feita nenhuma distinção, fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território indepen-
dente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

79
ARTIGO 3 — Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
ARTIGO 4 — Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos
serão proibidos em todas as suas formas.
ARTIGO 5 — Ninguém será submetido a tortura, nem tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
ARTIGO 6 — Todo homem tem direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante
a lei.

ARTIGO 7 — Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da
lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
ARTIGO 8 — Todo homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes recurso efetivo
para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela Constituição ou pela
lei.
ARTIGO 9 — Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
ARTIGO 10 __ Todo homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte
de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de
qualquer acusação criminal contra ele.
ARTIGO 11 — (1) Todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até
que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe
tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. (2) — Ninguém poderá ser
culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito
nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento
da prática, era aplicável ao ato delituoso.
ARTIGO 12 — Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na
sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo homem tem direito à proteção da lei
contra tais interferências ou ataques.
ARTIGO 13 — (1) Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras
de cada Estado. (2) — Todo homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este
regressar
ARTIGO 14 — (1) Todo homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em
outros países. (2) — Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente
motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações
Unidas.
ARTIGO 15 — (1) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. (2) — Ninguém será arbitrariamente
privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
ARTIGO 16—(1) Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade
ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em
relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. (2) — O casamento não será válido senão com o
livre e pleno consentimento dos nubentes. (3) — A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade
e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

ARTIGO 17 — (1) Todo homem tem direito à propriedade, só ou em sociedade com, outros. (2) —
Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

ARTIGO 18 — Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui
a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino,
pela prática, pelo culto e pela observância isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
ARTIGO 19 — Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão, direito esse que inclui a
liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por
quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
80
ARTIGO 20 — (1) Todo homem, tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. (2) — Ninguém
pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
ARTIGO 21 — (1) Todo homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por
intermédio de representantes livremente escolhidos. (2) — Todo homem tem direito de acesso ao
serviço público de seu país. (3) — A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta
vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou
processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
ARTIGO 22 — Todo homem, como membro da sociedade, tem direito à previdência social e à realização
pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada
Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre
desenvolvimento de sua personalidade.
ARTIGO 23 — (1) Todo homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e
favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. (2) — Todo homem, sem distinção qualquer,
tem direito a igual remuneração por igual trabalho. (3) — Todo homem que trabalha tem direito a uma
remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível
com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. (4)
— Todo homem tem direito a organizar sindicatos e a nestes ingressar para proteção de seus interesses.
ARTIGO 24 — Todo homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de
trabalho e a férias remuneradas periódicas.

ARTIGO 25 — (1) Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe e à sua família
saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
indispensáveis, e o direito à previdência em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou
outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. (2) — A
maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas
dentro ou fora do matrimónio, gozarão da mesma proteção social.
ARTIGO 26 — (1) Todo homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnioo-profissional será
acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. (2) — A instrução será
orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do
respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão,
a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades
das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. (3) — Os pais têm prioridade de direito na escolha
do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
ARTIGO 27 — (1) Todo homem tem direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de
fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios. (2) — Todo homem tem direito à
proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção cientifica, literária ou
artística da qual seja autor.
ARTIGO 28 — Todo homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades
estabelecidos na presente Declaração passam ser plenamente realizados.
ARTIGO 29 — (1) Todo homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno
desenvolvimento de sua personalidade é possível. (2) — No exercício de seus direitos e liberdades, todo
homem estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de
assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades da outrem e de satisfazer às
justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. (3) — Esses
direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e
princípios das Nações Unidas.
ARTIGO 30 — Nenhuma disposição da presente declaração pode ser interpretada como o reconhecimento
a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato
.destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

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