Você está na página 1de 28

Ruben,

o menino Hiperactivo

Autor: E. Manuel Garcia Pérez (Psicólogo)


2
NOTA AOS PAIS

A Hiperactividade é uma Perturbação de


Comportamento cujas causas ainda não são
totalmente conhecidas.

As explicações que se dão neste livro devem ser


consideradas como uma forma simples de apresentar
a perturbação às crianças.

Para conhecer mais detalhes sobre este tema deve


consultar um psicólogo.

Traduzido e adaptado por: Carla Pinhal (Psicóloga)

Julho de 2010
3

Ruben é um menino de 6 anos que vivia numa


grande cidade com os seus pais e dois irmãos mais
velhos.

Embora tenha iniciado a pré-escola aos 3 anos, este


percurso era um problema para ele.
4

Diariamente a sua professora ralhava com ele


diversas vezes e já tinha chamado os seus pais para
se queixar do seu comportamento no colégio.
5

De acordo com a sua professora, Ruben era um


menino muito inquieto. Perturbava frequentemente os
seus colegas: empurrava-os quando entrava e saiam
da sala de aulas, tirava-lhes os materiais e não os
deixava fazer os trabalhos da escola.

Além disso, levantava-se e andava de um lado para o


outro sem haver necessidade de o fazer.
6

O que deixava a professora mais triste era o facto de


o Ruben não prestar atenção a nada do que ela dizia.

Quando explicava algo aos meninos, o Ruben olhava


para outro sítio ou distraia-se com os seus lápis de
cor.
7

Quando a professora lhe pedia para fazer alguma


tarefa, Ruben iniciava-a com muito interesse, mas,
passado pouco tempo, levantava-se do seu sítio e
deixava o que estava a fazer sem o ter terminado.

Várias vezes, o que fazia era diferente do que a


professora lhe tinha pedido para fazer.
8

Quando os seus pais foram falar com a professora


explicaram-lhe que, em casa, o Ruben também era
um menino difícil. Quando estava a comer mexia-se
constantemente na cadeira, levantava-se por
qualquer motivo, brincava com o guardanapo e com a
comida, interrompia os pais enquanto estes falavam
e, quase todos os dias, entornava a comida ou o
copo de água.
9

Os seus irmãos também se chateavam com ele. O


Ruben interrompe os seus jogos e fazia barulho
quando eles tentavam fazer as tarefas
escolares/trabalhos de casa. Na sua casa nada
estava tranquilo até que o Ruben fosse para a cama
e adormecesse.
10

Frequentemente, o Ruben dizia mentiras e partia


objectos. Quando os seus pais falavam com ele, o
Ruben prometia que iria portar-se bem, que não iria
chatear os colegas da escola e que tomaria atenção
a tudo o que a professora dissesse.
11

Sem excepção, todos os dias se repetia a mesma


história. Ou se pegava com alguns dos seus colegas
na escola ou então com os irmãos em casa. Na
realidade, Ruben era um menino que não tinha
amigos. Ninguém queria estar com ele: não cumpria
as regras dos jogos e muitas vezes chateava-se e
gritava.
12

Quando a professora escutou todas as queixas dos


seus pais, pensou que talvez este comportamento
não fosse culpa do Ruben. Ele poderia ter algo que o
impedia de portar-se como os outros meninos e
precisava de ajuda. Assim, aconselhou os pais do
Ruben a consultar o Pediatra e um Psicólogo.
13

A primeira coisa que os pais do Ruben fizeram foi


visitar o Pediatra, que os remeteu para um Psiquiatra.
Quando o Psiquiatra ouviu os pais do Ruben pensou
que era necessário fazer um estudo mais profundo do
caso.
14

Durante as semanas seguintes, Ruben falou com o


Psiquiatra, contou-lhe tudo o que se passava e que
ele não queria portar-se mal, mas que havia alguma
coisa que o “obrigava” a portar-se assim. Por
exemplo, ele queria estar quieto na sua cadeira, mas
passado pouco tempo sentia necessidade de se
levantar.
15

O Psiquiatra também falou com os pais do Ruben,


perguntou-lhes várias coisas sobre ele: como
decorreu a gravidez e o parto desta criança, se teve
doenças graves na infância, se sempre havia sido um
menino inquieto, entre outras coisas.
16

Finalmente, o Psiquiatra decidiu que já sabia o que


se passava: Ruben era um menino Hiperactivo.
Hiperactividade – explicou aos pais – quer dizer que
o cérebro do menino trabalha muito mais depressa do
que o normal. Por isso, o Ruben mexe-se muito, não
pára de falar, está inquieto e sem parar nem por um
momento.
17

Ao princípio, os pais do Ruben assustaram-se ao


escutar isto, mas rapidamente o Psiquiatra os
tranquilizou. Indicou-lhes que a Hiperactividade é
uma perturbação de comportamento mas não é
grave. Requer compreensão por parte de todos. Com
o tempo, o Ruben irá comportar-se como todos os
outros meninos, mas tanto os pais como o Ruben
necessitavam de uma ajuda extra.
18

O Psiquiatra explicou ao Ruben que o cérebro é


como o motor de um carro: quando se acelera vai
muito depressa. Cada pessoa tem um cérebro
diferente. Algumas crianças têm um cérebro que
funciona de forma mais lenta que o normal e outros
que têm um cérebro que funciona de forma mais
rápida. Aos meninos cujo cérebro funciona de forma
mais rápida chamamos Hiperactivos.
19

Os meninos hiperactivos têm que estar sempre


ocupados, não podem estar quietos muito tempo.
Também acontece que quando estão muito tempo a
fazer a mesma coisa, o seu cérebro “exige mudar de
tarefa” e, por isso, deixam a tarefa antes de a terem
terminado.
20

Sendo assim, se não ensinarmos o cérebro a


funcionar mais devagar, as consequências para o
menino hiperactivo são muito desagradáveis: não
consegue aprender coisas importantes na escola e os
professores ficam tristes com eles. Se não trata com
respeito os seus colegas, nunca terá amigos e ficará
sempre sozinho.
21

O Psiquiatra explicou aos pais do Ruben que existiam


uns comprimidos que o menino poderia tomar
durante vários meses e que poderiam ajudá-lo a
melhorar, a prestar mais atenção ao que o rodeia e a
mexer-se menos.
22

Assim, a melhor solução para os seus problemas


seria consultar um Psicólogo. Os Psicólogos explicam
aos pais, professores e outros familiares das crianças
hiperactivas, métodos eficazes para tratar os seus
problemas de comportamento em casa e na escola.
23

Além disso, o Psicólogo poderá ensinar ao Ruben,


técnicas para melhorar a sua capacidade de atenção
e para resolver os seus conflitos com os colegas da
escola. Deste modo, o Ruben irá, pouco a pouco,
controlando a sua hiperactividade e dando-se melhor
com todos à sua volta.
24

Seguindo os conselhos do Psiquiatra, os pais do


Ruben deram-lhe todos os dias um comprimido “anti-
hiperactividade”, antes de ir para a escola. Também
procuraram um Psicólogo que, dois dias por semana,
ensinava ao Ruben técnicas para controlar a sua
impulsividade e a prestar mais atenção ao que o
rodeia.
25

Agora o Ruben está mais tranquilo, os seus colegas


já gostam de brincar com ele. A professora nomeou-o
“Ajudante da Sala” e, de vez em quando, manda-o
fazer recados para que o Ruben possa mover-se um
pouco pela sala ou pela escola.
26

Em casa, aprendeu a respeitar os seus pais e irmãos;


pede permissão para mudar o canal da televisão, não
se irrita se algum dos seus irmãos não pode brincar
com ele… Devido à melhoria do seu comportamento,
os seus pais prometeram-lhe que no Verão o
levariam a um grande parque de diversões.
27

Antigamente o Ruben era um menino agressivo e


mal-humorado que ninguém queria ter por perto.
Agora, todos se dão bem com ele. Fez muitos amigos
e já não diz mentiras nem se irrita por nada.
28

Todos compreendem que o Ruben é um menino


diferente e que devido à velocidade com que trabalha
o seu cérebro, às vezes tem que mexer-se um pouco
e mudar de actividade.

Agora o Ruben é muito mais feliz.

Você também pode gostar