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PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMBORIÚ

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO ESPECIAL

PROTOCOLO DEVOLUTIVA
PSICOLOGIA E PSICOPEDAGOGIA

1. Dados de Identificação:
E.B.M./C.E.I.: GEM ABALOR AMÉRICO MADEIRA

Nome Estudante: SOPHIA ISABELI DE SOUZA Idade: 8 anos

Turma: 33 Período: Vespertino D.N.: 16/11/2013

Demanda: Concessão de monitor de inclusão - estudante com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista
Nível I e Transtorno de Escrita e Leitura (Dislexia).

2. Devolutiva:

Foram realizados os procedimentos para a Concessão de Monitor de Inclusão, conforme o protocolo


vigente e a resolução 003/CME/2021.

Seguindo as orientações da diretora pedagógica dos Anos Iniciais Graciela Testoni, segue o relato das
entrevistas realizadas com a mãe da estudante:
Durante o atendimento da mãe da estudante, foi possível perceber uma grande angústia em relação ao
aprendizado de sua filha. Durante a entrevista inicial, na data de 22/06/2022, a genitora relatou que
sua filha foi diagnosticada há pouco tempo e iniciou o uso de medicação, o que provocou uma
diminuição significativa nos comportamentos hiperativos e de falta de atenção. Relatou também, que
está em busca de todos os recursos possíveis para auxiliar sua filha, tais como: cadastrou-se na AMA
Camboriú, e se encontra na fila de espera do serviço; cadastrou-se na APAE de Camboriú, e se encontra
na fila de espera do serviço; foi em busca, com pediatra do SUS, do encaminhamento ao CER Univali,
porém sem sucesso até o momento. Relatou já ter conversado bastante com a professora Silvana sobre
as dificuldades de sua filha e sobre a necessidade de adaptação dos conteúdos, já que a criança possui
TEA e Dislexia, e necessita de atividades diferenciadas. Segundo o relato da genitora, a professora
Silvana tem apresentado resistência às suas orientações em relação à dislexia da filha. Relatou que a
criança tem apresentado tristeza em relação aos frequentes fracassos destacados pela professora
regente e pela professora de Artes, em seus cadernos de atividades. Inclusive referiu um bilhete em
que a professora destaca a “falta de atenção” da estudante em sala de aula. A mãe relatou que a
professora regente solicitou uma monitora de inclusão, pois já tem “30 alunos em sala e não pode dar
atenção diferenciada e nem fazer atividades ou planejamento adaptado” (SIC). A genitora referiu medo
de que sua filha fique “marcada” (SIC) e que a professora “passe a tratar mal” (SIC) sua filha, diante de
suas reivindicações. Na entrevista devolutiva do resultado (indeferido) da Concessão de Monitor de
Inclusão, realizada na data de 19/08/2022 pelas profissionais da Equipe Multidisciplinar da Educação,
psicopedagoga Marlete dos Santos Zeferino e psicóloga Ana Cristina Moter Pereira, a mãe foi
esclarecida sobre os critérios utilizados para se chegar ao parecer, foram esclarecidas as questões
referentes à Resolução 003/CME/2021 e também sobre as atribuições do cargo de Monitor de Inclusão
(referentes às AVDs). A genitora se apresentou conformada com o indeferimento, pois já conhecia os

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critérios e sabia que sua filha tem autonomia nas AVDs. Porém insistiu, dizendo que buscaria seus
direitos, no sentido de conseguir um “auxiliar pedagógico” (SIC). Foi orientada a cobrar da escola a
flexibilização do conteúdo pedagógico. A genitora trouxe novamente seus temores e angústias
relacionadas à professora Silvana, e à professora de Artes (quem ela não soube informar o nome).
Acrescentou ao relato anterior, uma situação em que sua filha chegou em casa afirmando ter sido
chamada de “burra” (SIC) pela professora regente. Relatou também “estou cansada de falar com o
pessoal na escola” (SIC), afirmando que não tem suas solicitações atendidas. Segundo a mãe, sua filha
teve um período em que passava mal (do estômago) praticamente todos os dias da semana, ela referiu
esse fato ao medo que sua filha sentia de estar em sala de aula, explicando “minha filha dizia que a
professora gritava muito, mesmo que não fosse com ela, ela se assusta!” (SIC). Sendo o que havia sobre
esse tema, seguimos com as sugestões e orientações de manejo a serem adotadas pela equipe escolar
e professoras(es).

Viemos por meio desta, orientar e sugerir alguns procedimentos a serem adotados por parte da equipe
escolar e professoras(es) para o melhor aproveitamento do período de escolarização de Sophia.

Primeiramente, lembrando da legislação nacional vigente, a Lei nº 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa


com Deficiência e o Decreto nº 7.611/2011 - Sobre a prática da Educação Especial nas escolas. Em
ambas destacam como atribuição da escola realizar "adaptações razoáveis" como forma de criar
condições favoráveis à permanência e o sucesso escolar das crianças/estudantes com necessidades
educacionais especiais. Assim sendo, seguem algumas orientações e sugestões para a escola.

A inclusão do aluno disléxico na escola, como pessoa com necessidade educacional


especial, está garantida e orientada por diversos textos legais e normativos. A lei
9.394, de 20/12/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), por exemplo, prevê que:
A escola o faça a partir do artigo 12, inciso I, no que diz respeito à elaboração e à execução da sua
Proposta Pedagógica;
A escola deve prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento (inciso V);
A avaliação seja contínua e cumulativa, com a prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do período (artigo 24, inciso V, a alínea a).

Procedimentos Básicos:
⮚ Trate o aluno disléxico com naturalidade. Ele é um aluno como qualquer outro; apenas,
disléxico. A última coisa para a qual o diagnóstico deveria contribuir seria para (aumentar) a sua
discriminação.
⮚ Use a linguagem direta, clara e objetiva quando falar com ele. Muitos disléxicos têm dificuldade
para compreender uma linguagem (muito) simbólica, sofisticada e metafórica. Seja simples,
utilize frases curtas e concisas ao passar instruções.

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⮚ Fale olhando direto para ele. Isso ajuda e muito. Enriquece e favorece a comunicação.
⮚ Traga-o para perto da lousa e da mesa do professor. Tê-lo próximo à lousa ou à mesa de trabalho
do professor, pode favorecer o diálogo, facilitar o acompanhamento, facilitar a orientação, criar
e fortalecer novos vínculos.
⮚ Verifique sempre e discretamente se ele demonstra estar entendendo a sua exposição. Ele tem
dúvidas a respeito do que está sendo objeto da sua aula? Ele consegue entender o fundamento,
a essência, do conhecimento que está sendo tratado? Ele está acompanhando o raciocínio, a
explicação, os fatos? Repita sempre que preciso e apresente exemplos, se for necessário.
⮚ Certifique-se de que as instruções para determinadas tarefas foram compreendidas. O que,
quando, onde, como, com o que, com quem, em que horário etc. Não economize tempo para
constatar se ficou realmente claro para o aluno o que se espera dele.
⮚ Observe discretamente se ele fez as anotações da lousa e de maneira correta antes de apagá-la.
O disléxico tem um ritmo diferente dos não disléxicos, portanto, evite submetê-lo a pressões de
tempo ou competição com os colegas.
⮚ Observe se ele está se integrando com os colegas. Geralmente o disléxico angaria simpatias
entre os companheiros. Suas qualidades e habilidades são valorizadas, o que lhes favorece o
relacionamento. Entretanto, sua inaptidão para certas atividades escolares (provas em dupla,
trabalhos em grupo, etc.) pode levar os colegas a rejeitá-lo nessas ocasiões. O professor deve
evitar situações que evidenciem esse fato. Com a devida distância, discreta e respeitosamente,
deve contribuir para a inserção do disléxico no grupo-classe.
⮚ Estimule-o, incentive-o, faça-o acreditar em si, a sentir-se forte, capaz e seguro. O disléxico
tem sempre uma história de frustrações, sofrimentos, humilhações e sentimentos de menos
valia, para a qual a escola deu uma significativa contribuição. Cabe, portanto, a essa mesma
escola, ajudá-lo a resgatar sua dignidade, a fortalecer seu ego, a construir sua autoestima.
⮚ Sugira-lhe “dicas”, “atalhos”, “jeitos de fazer”, “associações”… que o ajudem a lembrar-se de, a
executar atividades ou a resolver problemas.
⮚ Não lhe peça para fazer coisas na frente dos colegas, que o deixem na berlinda: principalmente
ler em voz alta.
⮚ Atenção: em geral, o disléxico tende a lidar melhor com as partes do que com o todo.
Abordagens e métodos globais e dedutivos são de difícil compreensão para ele.
⮚ Apresente-lhe o conhecimento em partes, de maneira dedutiva.
⮚ Permita, sugira e estimule o uso de gravador, tabuada, máquina de calcular, recursos da
informática…
⮚ Permita, sugira e estimule o uso de outras linguagens.

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PROPOSTAS PARA MINIMIZAR OS PROBLEMAS DENTRO DA SALA DE AULA:


Um aluno disléxico:
⮚ Deve estar sentado numa carteira à frente na sala de aula;
⮚ Deve ter apoio pedagógico acrescido às disciplinas de Português e matemática;
⮚ Deve ser avaliado essencialmente pela oralidade;
⮚ Deve iniciar os testes de avaliação após estes já terem sido lidos pelo professor.
⮚ Não deve ser penalizado pelos seus erros ortográficos;
⮚ Deve ser avaliado mais pelo conteúdo das respostas do que pela forma como estão escritas e
estruturadas;
⮚ Deve ser permitido em determinadas circunstâncias que a atividade seja feita em casa.
⮚ O professor deve usar diferentes materiais de suporte na aula: projetor, vídeos e demonstrações
práticas;
⮚ Deve ser estimulado a resolver todos os exercícios e elogiado sempre pelo esforço e pelos
sucessos, valorizando as suas iniciativas de forma a aumentar a sua autoestima;
⮚ Perguntar-lhe se ficou alguma dúvida na exposição da matéria;
⮚ Lembrar-lhe de anotar datas de testes, tarefas e pesquisas;
⮚ Pedir-lhe para anotar explicações que não constem no texto;

1. Atividades que permitem desenvolver a lateralidade e orientação espacial nos


alunos
⮚ Executar traçados simétricos;
⮚ Completar sequências lógicas;
⮚ Executar percursos a partir de orientações;
⮚ Reconhecer à direita e à esquerda em diferentes situações e espaços;
⮚ Em si e noutras pessoas tanto de frente como de costas;
⮚ Em desenhos;
⮚ Resolver labirintos;
⮚ Ordenar figuras desenhadas;
⮚ Efetuar grafismos.

2. Atividades que permitem desenvolver a memória visual


⮚ Distinguir letras que apresentam formas equivalentes;
⮚ Fazer a correspondência entre letras ou conjuntos iguais;
⮚ Descobrir o “intruso” em desenhos;
⮚ Resolver sopa de letras;
⮚ Identificar letras;
⮚ Identificar num determinado conjunto o número de vezes que um dos seus elementos se
repete;

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⮚ Descobrir as diferenças;
⮚ Memorizar pormenores em diferentes situações;

3. Atividades que permitem ajudar na leitura e escrita


⮚ Palavras cruzadas;
⮚ Jogo da forca;
⮚ Alterar letras mudando o significado;
⮚ Adição de letras;
⮚ Acentuação;
⮚ Rimas e lengalengas;
⮚ Antônimos e sinônimos;
⮚ Reconhecer frases verdadeiras e falsas;
⮚ Pontuação;
⮚ Formação do plural / Feminino / Masculino / Diminutivos;
⮚ Ordenar sílabas;
⮚ Identificar palavras com grafia idêntica, mas com pronúncia diferente;
ATIVIDADES NA INTERVENÇÃO REEDUCATIVA NA DISLEXIA
a) Processamento fonológico – segmentação e reconstrução; discriminação dos elementos
fonéticos e estruturais das palavras: rima e manipulação;
b) Intervenção nas trocas específicas;
c) Exercícios de leitura e escrita – leitura de palavras; análise compreensiva; escrita, ditado de
palavras, ordenar frases, completar frases e/ou palavras, ordenar histórias, palavras cruzadas, sopa
de letras, etc);
d) Técnicas multissensoriais;
f) Atividades lúdicas e multimídia que apelem para as competências de leitura e escrita;
g) Intervenção ao nível dos efeitos secundários: percepção e memória visual e auditiva; orientação
espaço – temporal; grafo motricidade, motricidade global, esquema corporal e lateralidade;
Fonte das informações: livro “Avaliação, Intervenção e Diagnóstico da Dislexia” de Daliane Oliveira.
Mais sugestões de leitura:
Cartilha sobre Dislexia: https://tinyurl.com/cartilhadislexia
Atividades Corretivas de Escrita e Leitura, de Simaia Sampaio.

Camboriú, 25 de agosto de 2022.

Ana Cristina Moter Pereira Marlete dos Santos Zeferino


Psicologia Psicopedagogia
Equipe Multidisciplinar da Educação Equipe Multidisciplinar da Educação

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