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ViOLA SPOLiN

Supervisão editorial: J. Guinsburg


Tradução: Ingrid Dormien Koudela e Eduardo Amos
Revisão: Luicy Caetano de Oliveira
Capa: Adriana Garcia
Produção: Ricardo W. Neves ~\IJ~
Raquel Fernandes Abranches ~ ~ PERSPECTIVA
nl\\~
Título dooriginal inglês
Theater Gamesfo: Rehearsal: ADirector sHandbook

Copyright (Ç) 1985 byviob Spolin

Dados lnternacionais deCatalogação naPublicação (CIP)


(Câmara Brasileira doLivro, SP, Brasil)

Spolin, Viola
Ojogo teatral no livro dodiretor I Viola
Spolin ; tradução lngrid Dormien Koudela e Eduardo
Amos. - São Paulo: Perspectiva. 20IO.

Título original: Theater games for rehearsal : Para minhas irmãs Pauline Hirzel, Irene Norton, Beatrice Lus.
a dircctor's handbook.
2" reimpr, da2. ed. de 2004.
ISBN 978-85-273-0204-3
Agradeço a Carol Sills por seu trabalho na revisão e datilo-
I. Arte dramática - Estudo e ensino 2.Jogos
grafia do manuscrito eao meu querido marido Kolmus Greene por
I. Títlt10.
sua avaliação. Obrigada Robert Martin. Obrigada Paul Thompson
04-6919 COO· 792.02807 da Northwestern University Puss.
Índices para catálogo sistemático:
I. Jogos teatrais: Arte dramática: Estudo e ensino 792.02807

2' edição - 2;\ reimpressão

Direitos em língua portuguesa reservados à


EDITORA PERSPECTIVA S.A.
Av. Brigadeiro Luís Antônio, 3025
01401-000 - São Paulo - SP- Brasil
Telefax: (0--11) 3885-8388
www.editoraperspectiva.com.br
2010
SUMÁRIO

INDICADORES DE UM CAMINHO PARA


OJOGO TEATRAL - Ingrid Dormien Koudela 11

PREFÁCIO 15

1. PREPARAÇÃO 17

O DIRETOR 18
TÉCNICAS TEATRAIS 20
AESCOLHA DA PEÇA 20
O OBJETIVO DO DIRETOR 21
O FOCO 22
}. i
FORMAÇÃO DO ELENCO 23
AAVALIAÇÃO 24
O DIRETOR COMO INSTRUTOR 24
AINSTRUÇÃO 25
ESPONTANEIDADE - O MOMENTO DE DESEQUILÍBRIO 26
AHABILIDADE DO DIRETOR PARA INSPIRAR 27
os ENSAIOS 28
OTEMA 29
AINSTRUÇÃO PARA ATUAR 30

I
8 SUMÁRIO O JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 9

Som Estendido 93 Exercício para as Costas nº 2 722


TIRE DA CABEÇA! COLOQUE NO ESPAÇO! 93 Sustente! r& 1 722
.Substância do Espaço 94 Sustente.' r& 2 123
Espelho com Penetração 724
Transformação de Relacionamento 725
6. O TERCEIRO PERÍODO DE ENSAIO 95 JOGOS PARA OUVIR/ESCUTAR 726
Espelho eSom 726
CRIANDO BOLOR 95 Fala Espelhada 727
Dublagem 97 Sussurro no Palco 728
Parte de um Todo, Objeto 99 Conversas Não-Relacionadas 729
Verbalizando oOnde, Parte 1 700 Efeitos Sonoros T10cais 729
Verbalizando oOnde, Parte 2 707 QJtem Está Batendo? 130
ENSAIOS LOCALIZADOS 707 JOGOS DE NÃO·MOVIMENTO 737
FAZENDO SOMBRA 102 Aquecimento com Não-Movimento 737
Fazendo Sombra 703 Não-Movimento: Caminhada 732
SAÍDAS EENTRADAS 704 JOGOS COM ESPAÇO 733
Saídas eEntradas 704 Encontrar Objetos no Ambiente Imediato 733
VER OESPETÁCULO 705 CAMINHADAS NO ESPAÇO 734
O MEDO DO PALCO NO DIRETOR 705 Caminhada no Espaço nº 1 134
OENSAIO CORRIDO ESPECIAL (CORTANDO °
CORDÃO Caminhada no Espaço r& 2
Caminhada no Espaço r& 3:Esqueleto
135
136
UMBILICAL) 706
AMAQUIAGEM EOATOR 107 Tocar eSer Tocado!Ver eSer Visto 137
JOGOS TRADICIONAIS 138
ODESFILE DE FIGURINOS 708
Passa Objeto 139
O PRIMEIRO ENSAIO COM FIGURINO 708
Eu T10u para aLua 140
AAPRESENTAÇÃO 109
Sílabas Cantadas 140
PONTOS DE OBSERVAÇÃO 710
OUTROSJOGOS COM ONDE 141
OOnde Especializado 141
QJte Horas São? 142
7.JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS 713
OQJte Está Além: Atividade 742
OQJte Está Além? 143
JOGOS DE PERSONAGEM 714
JOGOS VARIADOS 144
VISUALIZAÇÃO FÍSICA 175 744
Baú Cheio de Chapéus 716 Acrescentar uma Parte
Platéia Surda 744
QJte Idade Tenho? )77.
745
OQ.ue Faço para Viver? 717 Cego
Pregão 146
QJtem Sou Eu? 118 746
Ocultando
Jogo do QJtem r& 1 719
Jogo.do QJtem nº 2 719 149
GLOSSÁRIO EFRASES PARA INSTRUÇÃO
QJte Idade Tenho? Repetição 720
Exercício para as Costas r& 1 121 153
ÍNDICE DEJOGOS
INDICADORES DE UM CAMINHO PARA O
JOGO TEATRAL

Acrescentar uma Parte

Objetivo: Ajudar os jogadores a trabalhar juntos.


/
Deixe-nos ver o quevocê estávendo!
Foco: Usar parte de umobjeto inteiro noespaço - fora dacabeça. Permaneça com o mesmo objeto maior!
Descrição: Times de oito a dez jogadores. O primeiro jogador Evite planejar a suaparte!
utiliza ou estabelece contato com uma parte deum objeto Utilize o quefoi deixado pelos outros e Qyando todos se tornarem líderes
maior que somente ele tem em mente eentão sai daárea de deixe a suaprópriaparte aparecer! Quem será oseguidor?
jogo. Um por um, os jogadores utilizam ou estabelecem Qyando todos se tornarem seguidores
contato com outras partes doobjeto maior até que o objeto Q,uem ficará para ser olíder?
Qyem ficará para ser líder ou liderado
todo esteja configurado noespaço. Por exemplo, oprimei- Qyando todosforem seguidores elíderes?
rojogador senta-se eutiliza um volante, o segundo arruma
o espelho retrovisor, o terceiro abre a porta docarro e as- VIOLASrOUN

sim pordiante.
Notas: 1. Esse jogo ésemelhante ao Parte de um TOdo, p.99, mas Na relação autoritária, a regra é percebida como lei.
os jogadores nãose tornam parte com o corpo. Aqui eles Platéia, qual era oobjeto completo? Na instituição lúdica, a regra dojogo pressupõe o proces-
deixam partes do objeto maior na área dejogo. As partes acrescentadas estavam no espaço so deinteração. O sentido decooperação leva aodeclínio
2. Os jogadores não devem construir sua parte do objeto ou na cabeça dos jogadores? do misticismo da regra quando elanão aparece como lei
com instrumentos, mas utilizando esta parte. O espelho Jogadores, vocês concordam? exterior, mas como oresultado deumadecisão livre por-
retrovisor, noexemplo dado, deve ser acrescentado olhan- Primeiro jogador, era esse oobjeto que você que mutuamente consentida. Cooperação e respeito mú-
dodentro dele e arrumando openteado. Ofoco neste jogo tinha em mente? tuo são formas de equilíbrio ideais que só se realizam
está naaparência - quando oinvisível setorna visível. através do conflito e exercício da democracia.

\ Os Jogos Teatrais são freqüentemente usados tanto


no contexto da educação como no treinamento de ato-
res. Há portanto uma utilização múltipla para osJogos
Teatrais, dependendo do contexto de seu emprego e da
abordagem crítica que é aplicada durante as avaliações.
Nas oficinas deJogos Teatrais, através do envol-
vimento do grupo, osatores/jogadores irão desenvolver
liberdade pessoal dentro de regras estabelecidas, habili-
dades pessoais necessárias parajogar ojogo e irão inter-

72 INDICADORES DEUM CAMINHO PARA OJOGO TEATRAL O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 73

nalizar essas habilidades e esta liberdade ou espontanei- criatividade dramática, conclui que"... a criatividade dra-
dade. Osjogos são baseados emproblemas a serem solu- mática proporciona ummeio deatividade adaptativa para
cionados. O problema a serresolvido é o objeto dojogo a criança que influencia sua descentralização cognitiva,
que proporciona o "Foco". As regras doJogo Teatral in- social e moral. Mais ainda, é umaatividade realizada no
cluem a estrutura dramática (Onde, Quem, O Quê) e o contexto das artes, mais especificamente do teatro. Como
objeto (Foco), mais o acordo de grupo. Para ajudar os tal, ela proporciona prazer estético tanto quanto um de-
jogadores a alcançar umasolução focalizada para o pro- safio intelectual através do qual a criança, como criador,
blema, Spolin emprega a técnica de "instrução", através ator, platéia e crítico, utiliza seus esquemas cognitivos e
daqual encoraja ojogador a conservar a atenção no Foco. afetivos para estruturar a realidade objetiva."
Dessa forma, estrutura o jogo intervindo com comentá- No trabalho escrito sobre osJogos Teatrais paraa dis-
rios que constantemente mantém o jogador em contato sertação de mestrado junto à Escola de Comunicações e
com a realidade objetiva. Artes da Universidade de São Paulo' defendemos a tese
No contexto daeducação, vários autores contribuíram de que o processo deJogos Teatrais visa efetivar a passa-
paraumafundamentação teórica dométodo deJogos Tea- gem do teatro concebido como ilusão parao teatro conce-
trais e demonstraram a importância desuaaplicação com bido como realidade cênica. A passagem doJogoDramá-
crianças e adolescentes. Significativa neste debate é a im- tico ou Brincadeira de Faz-de-Conta para oJogo Teatral
portância atribuída ao teatro no processo educacional, representa a transformação doegocentrismo emjogo socia-
como ummeio paraa educação estética. OsJogos Teatrais lizado. O desenvolvimento progressivo dosentido decoo-
são muitas vezes relacionados com umaforma deaprendi- peração levaà autonomia da consciência, realizando a "re-
zagem cognitiva, afetiva e psicomotora embasada no mo- volução copernicana" que se processa no indivíduo, ao
delo piagetiano parao desenvolvimento intelectual. , passar da relação de dependência para a de independên-
Referindo-se aosJogos Teatrais, Hans Furth, especia- cia. A mesma revolução que ocorre com a criança emde-
lista em Piaget, ao falar da criatividade dramática como senvolvimento pode seracompanhada de crescimento do
um auxílio para o pensamento criativo e social para o indivíduo no palco. Traduzimos a transformação dasubje-
desenvolvimento intelectual afirma... "encontrei no livro tividade em objetividade no trabalho do ator quando ele
mais verdades psicológicas que em muitos cursos de psi- compreende a diferença entre história e ação dramática.
cologia de nível universitário. O livro de Spolin não foi Ao "fiscalizar" (mostrar) oobjeto (emoção oupersonagem),
escrito com referência a metas pedagógicas tradicionais. ele abandona quadros de referência estáticos e se relacio-
A obraconstitui verdadeiro filão de aplicações psicológi- na comosacontecimentos, emfunção dapercepção obje-
cas profícuas, se puderservisto dentro do arcabouço do tiva do ambiente e das relações nojogo. O ajustamento da
desenvolvimento da inteligência operatória"! realidade a suposições pessoais é superado a partir do
Charles Cornbs', autor que defendeu tese sobre a momento em que o jogador abandona a história de vida
epistemologia piagetiana aplicada a uma análise da (psicodrama) e interioriza a função do Foco, deixando de
fazer imposições artificiais a simesmo e permitindo que as
ações surjam da relação com o parceiro.
1. Hans Furth, Piaget na Sala de Aula, Rio deJaneiro, Forense, 1972.
2. Charles Combs, <lA Piagetian View of Creative Dramatics" in
Children's Theater Review, vol. XXX, n. 2,Spring, 1981. 3.Ingrid Dormien KoudelaJogos Teatrais, São Paulo, Perspectiva, 1984.
14 °
INDICADORES DE UM CAMINHO PARA JOGO TEATRAL

No Brasil, através da publicação de Improvisação para


PREFÁCIO
o Teatro4, o sistema deJogos Teatrais vem contribuindo
para a formação em teatro nos mais diferentes níveis,
desde a sua aplicação a crianças e adolescentes até sua
utilização nos cursos das escolas de teatro.
Com umanova perspectiva, a do diretor, Ojogo Tea-
tral no Livro do Diretor, visa os grupos de teatro profis-
sionais e amadores, reorganizando o material com esse
objetivo.
O caráter de manual do livro pode, num primeiro
momento, surpreender e até criar urna resistência no
encenador que se confrontar com os jogos. A estrutura
demanual é,noentanto, uma característica da organiza-
ção do material dejogos e vai se revelar corno uma abor- Este trabalho visa fornecer ao diretor de teatro uma Descobri que durante ojogo eu podia
dagem didática fascinante para o artista voltado para a maneira segura de ensaiar um espectáculo pormeio dos continuar adar instruções sem interromper o
prática. Somente noexercício irádesvendar esta antididá- meus jogos teatrais, os quais foram inicialmente desen- que os atores estavam fazendo. Minha direção
tica. O método dos jogos teatrais de Viola Spolin (1906- volvidos corno simples exercícios paradirigir atores que então começou aconsistir de instruções para o
1994) é atual e continua cada vez mais presente noBrasil trabalham com texto escrito. Por muitos anos, meu tra- foco do jogo. Cenas confusas, emboladas, por
e no mundo. balho no desenvolvimento dos jogos forneceu urna téc- exemplo, foram limpas com osimples uso da
nica importante para grupos de teatro improvisacional instrução Compartilhe o quadro decena!
INGRID DORMIEN KOUDELA em todo o mundo.
Para os grupos de teatro amador e infantil, os exercí-
cios começaram corno formas desolucionar problemas de
produção. Esses problemas teatrais incluíam a representa-
ção de personagem e da emoção, e o uso da linguagem e
convenções depalco relacionadas com otexto escrito, com
o qual o grupo trabalhava. Saídas eEntradas, P: 104, Dar e
Tomar, p. 54, OJtadro de Cena, p. 60, Começo eFim, p. 67,
Blahlação, P: 76, emuitos outros jogos surgiram durante as
oficinas semanais. Namedida em que ovalor dojogo e do
próprio ato de jogar tomavam-se mais claros, a palavra
'jogo" substituiu a expressão "solução de problemas". As ofoco do jogo teatral desperta ointuitivo.
explicações sobre técnicas, intenções etc. tomaram-se des-
necessárias. A procura lógica e racional dessas informa-
ções tinha sido ultrapassada pelo foco dojogo teatral.
Duas Cenas.' Dar e Tomar.' OJtadro de Cena.' - essas e "Nos exercícios de Viola Spolin, ao invés de
4.Viola Spolin, Improvisação para oTeatro, São Paula, Perspectiva, 1979. muitas outras instruções são os instrumentos paradirigir se prender ateorias, sistemas, técnicas ou leis, o
16 PREFÁCIO

atar se torna artesão da sua própria educação seus atores. O significado e o objetivo dessas instruções
(teatro), produzida livremente por ele mesmo", tornar-se-ão claros através do uso contínuo durante as 1. PREPARAÇÃO
Ingrid Dormien Koudela, tradutora do livro oficinas e os ensaios. Atuar/jogarjunto traz todos os joga-
Improvisação para oTeatro da mesma dores para o mesmo espaço, não importanto a diversi-
autora, em sua introdução para aedição dade de sua formação e treinamento. .
brasileira. Não se pode enfatizar demasiadamente que jogar
pode tirar muitos diretores e elencos de situações difí-
ceis, livrando-os da temida armadilha da memorização,
caracterização e interpretação. Jogarinstiga e faz emer-
girumaforça de vida muito importante, quase esqueci-
da, pouco compreendida ou utilizada, e muito depre-
ciada - a paixão.

Atuar requer presença. Aqui e agora. Jogar produz Não considere otempo presente como sendo
esse estado. Da mesma forma que os esportistas estão otempo do relógio, mas como um momento em
presentes no jogo, assim também devem estar todos os que todos estão mutuamente engajados em
membros do teatro no momento de atuar. experimentar, sendo oresultado ainda
Presença é uma palavra que infelizmente se tornou desconhecido.
desgastada. Todos a usamos e pensamos que sabemos o
que significa. Freqüentemente sentimo-la numa outra oato de acertar ocesto ou marcar ogol
palavra, ocasionalmente achamos que a alcançamos, mas mantém tanto ojogador como oespectador no
nem sempre sabemos como encontrá-la e mantê-la. estado do processo, no estado de união em torno
A presença chega através dointuitivo. Não podemos de possibilidades ainda desconhecidas. Os
aproximar a intuição até que estejamos livres de opiniões, atares devem transformar-se em jogadores.
atitudes, preconceitos e julgamentos. O próprio ato de
procurar o momento, de estar aberto aos parceiros de
jogo, produz umaforça devida, um fluxo, umaregenera-
ção paratodos os participantes. No primeiro período de ensaios) odiretor, os
Como isso pode acontecer? Para começar, é necessá- jogadores eoautor talvez estejam se
rio formar umgrupo (comunidade). Espera-se que todos encontrando pela primeira vez. Inicialmente é
os membros dogrupo venham aoprimeiro ensaio aberto preciso aproximar osjogadores de simesmos) e
para o texto, o evento emergente ao redor do qual a co- então aproximá-los de seus parceiros de jogo e
munidade seformará. Como indivíduos, somos isolados das palavras do autor no espaço do jogo.
uns dos outros, cheios de limitações, medos, tensões,
competitividade, preconceitos e atitudes preconcebidas.
Se a nossa abertura for mais doque apenas umaesperan-
ça, um sentimento, umapalavra, então certas condições
18 PREPARAÇÃO o JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 19

deverão ser atendidas. Aprimeira delas poderíamoscha- síto defazer com que alguma coisa aconteça nopalco. Eles
mar de mutualidade ou confiança. O verdadeiro jogo solucionam problemas com marcação, personagem, emo-
"Como estou me saindo?" reflete aobsessiva produzirá confiança1. ção, tempo e as relações dos atores com a platéia. Cada
síndrome da aprovação/desaprovação. Todo aquele que trabalha com umtexto escrito deve jogo teatral é umavarinha decondão e, como tal, desperta
estar livre de pensamentos subjetivos subjacentes e/ou ointuitivo, produzindo uma transformação não apenas no
ligados às próprias palavras, na medida em que forem ator/jogador como também no diretor/instrutor.
ojogador deve estar desprendido (em nome sendo proferidas. Isso se consegue desligando 'a força A necessidade de criar parceria e ao mesmo tempo
de um envolvimento maior) no momento em das palavras (aqual reside na lembrança designificados de assegurar o toque do diretor sobre a produção exige
que ele espera pela bola em movimento. Ele - velhos enredos que raramente vêem o que os olhos uma abordagem não autoritária. Durante ojogo todos se
deve tomar-se espectador do resultado. O vêem, ouvem o que o ouvido ouve, ou conhecem o que encontram no tempo presente, envolvidos uns com os
mesmo é válido para osjogadores de jogos o tato sente). Ao invés disso, deve-se entrar nofisiológi- outros, fora do subjetivo', prontos para a livre relação, Os autoritários acreditam que eles conhecem
teatrais. co, na linguagem física em si, através do uso de certos comunicação, resposta, experienciação, experimentação oúnico caminho.
jogos teatrais'. e fluência para novos horizontes do eu. A direção não
Os jogadores que se perdem no personagem, nas vem de fora, mas das necessidades dos jogadores e das
emoções e nas atitudes e ficam preocupados com "como necessidades teatrais do momento.
estou mesaindo?" estão confinados emsuas próprias ca- Há variações de habilidade, talento e gênio em cada
beças: fragmentados, isolados, solitários e perdidos. Eles grupo que joga. Mas, não importa o nível, seja ele de Substitua Compartilhe com a sua
vivem na memória (não no presente). Mesmo o desem- teatro amador ou profissional, um desempenho interes- platéia! Você está balançando o barco!
penho mais competente, se for feito dessa maneira, será sante está dentro da capacidade de qualquer grupo. Compartilhe a sua voz! por termos como
vazio e deixará a todos isolados. A platéia e os jogadores Se você está preocupado com o processo, afaste-se "marcação" e '~rojeção".
serão igualmente enganados. dos clichês de teatro que tomaram-se rótulos. Evitar os
Todos os jogadores que estão no mesmo espaço de rótulos liberta o pensamento, pois permite que ojogador
jogo devem estar "à espera" enquanto a peça se desdo- compartilhe demaneira singular. Osatores desenvolvem Orecónhecimento de Compartilhe com a
bra, Não esperar por, mas estar à espera. Esperar por é sensibilidade parao problema da relação com a platéia. sua platéia! toma-se responsabilidade de cada
passado/futuro. Estar à espera é permitir que o desco- Impor um rótulo antes que o seu significado orgânico jogador eproduz um movimento mais
nhecido - o novo, o inesperado, talvez o momento de esteja completamente compreendido, impede essa expe- espontâneo do que qualquer comentário sobre
arte (vida) se aproxime. rimentação direta, abortando a resposta intuitiva. marcação boa ou má.
Em alguns casos, o elenco teráatores com experiên-
cia teatral anterior que usarão a terminologia convencio-
O DIRETOR nal de palco e poderão atéficar irritados com a não uti-
A intuição emerge no lado direito do lização de tais termos. Contudo, isso irá gradualmente
cérebro, na mente metafórica, área x, aárea do Osjogos teatrais são técnicas do diretor. Cada jogo, desaparecer na medida em que você lentamente estabe-
conhecimento que está além das restrições de quase sem exceção, foi desenvolvido com o único propó- lecer a terminologia dos jogos teatrais. As frases usadas
cultura, raça, educação, psicologia eidade,' ela parainstruir o jogo teatral evocam a descoberta',
é mais profunda do que as máscaras de 1. Veja Tocar eSer Tocado, p. 137, e Caminhadas no Espaço, p. 134-136.
Como última etapa daconstrução daconfiança, veja Ensaio Corrido Espe-
maneirismos, preconceitos, intelectualismos que cial, p. 106. 3.Veja o Theater Game File (CEMREL, 1975), p. 4.
amaioria de nós veste no cotidiano. 2. Vogai! eConsoantes, p. 44etc. 4.Veja o Glossário e Frases para Instrução, p. 149-151.
20 PREPARAÇÃO O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 27

TÉCNICAS TEATRAIS 7. Vale a penafazer essa peça?


8. A peçaé teatral?
As técnicas do teatro são técnicas da As técnicas teatrais estão longe de serem sagradas. 9. Será umaexperiência criativa paratodos?
comunicação. Os estilos do teatro mudam radicalmente com o passar 10. Será divertido fazê-la? Vai funcionar?
dos anos. A realidade da comunicação é muito mais im- 11. É psicodrama?
portante doque o método usado. Osmétodos sealteram 12. Tem bomgosto?
paraatender às necessidades de tempo e lugar. 13. Propiciará uma experiência nova? Provocará o pen-
Uma técnica teatral ou convenção de palco toma-se samento individual, e portanto trará insightpara a pla-
Qgando aforma de arte se torna estática) e inútil quando setransforma num ritual e quando a razão téia?
as técnicas são ensinadas isoladamente e paraa sua inclusão nalista dehabilidades dos atores esti- 14. As partes (pulsações e/ou cenas) da peça estão cons-
estritamente seguidas) tanto ocrescimento do verperdida. Estabelece-se umabarreira artificial quando truídas de modo que possam ganhar vida?
indivíduo como da forma sofrem. as técnicas estão separadas da experiência direta. Nin- Durante todos os períodos de ensaio questione cons-
guém separa o chute na boladojogo emsi. tantemente:
As técnicas não são artifícios mecânicos - um saqui-
nho de truques devidamente rotulados, a serem tirados 1. Como pode ser esclarecida a intenção do autor?
pelo ator quando necessário. Se o ator não for extrema- 2. Os maneirismos individuais estão interferindo?
Épela consciência direta edinâmica de mente intuitivo, tal rigidez no ensino que negligencia o 3. A cena deveria ser intensificada visualmente com
uma experiência de atuação que a desenvolvimento interior, estará invariavelmente refleti- marcação e atividade objetiva, adereços de cena ou
experimentação eas técnicas são tecidas) da no espetáculo. efeitos diferentes?
libertando oator para omodelo fluente e Quando umator sente "nacarne" que há muitas ma- 4. As cenas de multidão oude festa estão mal trabalha-
infinito de comportamento de palco. Osjogos neiras defazer e dizer umacoisa, astécnicas virão (como das? Veja Quadro de Cena, p. 59.
. .teatrais de Viola Spolin fazem isso. deveriam) a partir do eu total. 5. Deveríamos jogar ma~s?

A ESCOLHA DA PEÇA o OBJETIVO DO DIRETOR


Osjogos teatrais prefiguram soluções para
É difícil estabelecer regras para escolher uma peça. Se a intenção de um jogo teatral for compreendida convenções de palco ecomportamentos...
Contudo, há algumas questões específicas que o diretor pelo diretor quando apresentá-lo aos jogadores, umavi-
deveria se colocar antes de tomar uma decisão final: talidade perceptível e um alto nível de resposta aojogo
irão emergir.
1. Quem será a platéia?
Na qualidade de diretor, a sua concentração está no
2. Qual é a habilidade dos meus atares?
texto e naquilo que deve usar para darvida a ele. A vida Familiarize-se com osjogos para que você
3. Tenho equipe técnica paradar conta dos efeitos que a
dapeça iráemergir do próprio jogo. Trabalhar dessa ma- saiba quejogos dar aos jogadores. Isto é
peça exige?
neira promove o acordo de grupo, a descoberta de solu- essencialpara um espetáculo harmonioso ecom
4. É umapeça que euposso darconta?
ções paraproblemas de palco através dojogo coletivo. textura.
5. Será apenas uma palestra com figurino (moralizado-
Muito antes de formar o elenco, você terá que ler a
ra)? peça várias vezes e sentir aintenção doautor, e visualizar
6. A peça responderá ao meu trabalho?
22 PREPARAÇÃO O JOGO TEATRAL NO UVRO DODIRETOR 2 )

a peça pessoalmente. No início, a "peça dos seus sonhos" FORMAÇÃO DEELENCO


e as produções que você lembrar devem serdescartadas.
Uma vez que uma produção é nutrida pelas habilidades, Formar o elenco exige um insight infinito por parte
criatividade e energia demuitos, é necessário que o dire- do diretor, o qual deve, afinal de contas, procurar não a
tor perceba que os atares e os técnicos não podem ser obra acabada, mas aquele tom de voz, aquela presença,
pressionados por modelos preconcebidos se se espera aquela qualidade corporal-aquele "algo" indefinível que
espetáculos. Não há vôos solo! inicialmente é apenas sentido. (A quantidade detrabalho
que tomará paradesenvolver totalmente cada pessoa deve
ser considerada.) Um ator pode teras qualidades doper-
O FOCO sonagem que se deseja, mas tem tão pouca formação ou
tantos vícios e maneirismos que será impossível conse-
"Os jogos teatrais de Viola Spolin são artifícios con-
guir o necessário num período de ensaio limitado.
traa artificialidade, estruturas destinadas a supreender a Um outro método de formação de elenco, se
Um método deformação deelenco que pode ser bem-
Atenção corporal ao foco transforma atores espontaneidade - ou talvez molduras cuidadosamente ogrupo está trabalhando junto há muito
sucedido com novos elementos é uma combinação de
em jogadores. construídas paramanter afastadas as interferências. Im- tempo, éfazer uma passada corrida em
teste com improvisação. Isso tende a relaxar osatares e,
portante nojogo é a 'bola' - o Foco, umproblema técni-
num ambiente livre de tensão, é mais provável que o Blablação (veja p. 76).
co, às vezes um duplo problema técnico que mantém a
diretor veja claramente as possibilidades decada um. Dê
mente (um mecanismo de censura) tão ocupada passan-
do a mão simultaneamente na barriga e na cabeça em um rápido resumo dacena paraaqueles que estão fazen-
direções opostas, que ogénio (espontaneidade), sem pro- do o teste: o Onde (cenário) e o Quem (personagens).
Os jogos teatrais dão ao jogador uma tarefa teção, 'acontece"'. - Film Q,uarterly. Ou então proponha umacena sobre um problema pare-
para realizar; odiretor seleciona ojogo que O diretor ajuda os atores a encontrar e manter ofoco, cida, mas nãoidêntico aodapeça. Depois que os jogado-
solucionará oproblema de atuação. o qual coloca ojogo em movimento, e todos se tomam res tiverem jogado (improvisado), eles podem lera peça.
parceiros dejogo namedida em que prestam atenção aos Em alguns casos, o diretor lê a peça para o grupo
mesmos problemas a partir dediferentes pontos devista. reunido antes da formação do elenco. Se o diretor deci-
Dessa forma, através do foco entre todos, dignidade e dir ler a peça, ele deve ter o cuidado de fazê-lo com o
privacidade são mantidas e a parceria verdadeira pode mínimo de caracterização paraevitar imitações posterio-
surgir. Confie no foco! Deixe-o trabalhar paravocê. res por parte dos atores. Às vezes apenas algumas cenas
O esforço para permanecer no foco e a incerteza a são lidas. Ou então os atares recebem instruções com o
respeito do resultado diminuem as atitudes obstrutivas, mínimo de comentário do diretor'.
criam apoio mútuo e geram envolvimento orgânico no Qualquer que seja o procedimento, as ansiedades do
jogo, namedida emque ele sedesenrola. Como umtodo, diretor devem ser muito bem ocultadas. O período de
diretor (instrutor) e atores (jogadores] são trazidos parao formação do elenco é muito tenso para quem tem a res-
momento presente, alertados para a solução do proble- ponsabilidade da escolha. Você deve certificar-se que a
ma. Um jogador deoito anos disse com muita proprieda- semente do personagem exista dentro de cada ator sele-
de que "ficar nofoco exige todas asnossas forças". cionado paraformar o seu elenco.

5.Veja p. 30sobre instruções.


24 PREPARAÇÃO O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 25

A AVALIAÇÃO A INSTRUÇÃO

Em qualquer cultura orelacionamento Nem sempre podemos ser bem-sucedidos em todas A instrução e o vocabulário específico dosJogos Tea- A instrução traz você para opalco com seus
controlador de pailprofessor efilho/aluno é asnossas tentativas de eliminar o vocabulário autoritário trais de Viola Spolin buscam eliminar a orientação auto- parceiros de jogo, que também estão nadando
muito enraizado. da atmosfera de trabalho. Durante os ensaios, quando ritária e a subseqüente síndrome da aprovação!desapro- contra acorrente em direção ao espetáculo. Ao
tanta coisa corre risco, as palavras do diretor tornam-se vação, e tentam abrirespaço e tempo parao movimento, se permitir entrar no papel de instrutor, você e
Evite aaprovação/desaprovação. Evite o muito importantes. Ao avaliar, fale daquilo que foi ou a interação e a transformação. seus jogadores tornam-se parte do processo de
bom/mau. não foi feito no palco. A instrução é uma das facetas geradoras (energi- crescimento simultaneamente.
As oficinas, nasquais cadajogotem um foco e geral- . zadoras) do processo dejogos teatrais.
mente uma platéia que avalia, ajudarão muito. Neste A instrução irá apoiar você e osjogadores que estive-
ambiente de avaliação, todos se esforçam para se livrar rem recebendo a sua mensagem. A instrução atinge o Encontre omomento de desequilíbrio.
da crítica subjetiva. Os comentários de bom/mau trans- organismo total. As expressões usadas na instrução sur-
formam-se em Dentro do foco!, Fora do foco!. Eles solucio- gem espontaneamente a partirdo que está acontecendo
naram o problema? no palco, e são dadas no momento em que osjogadores
Aotranscender a crítica (opinião pessoal) e aoavaliar estão em ação. Este é um método paramanter ojogador Deve-se tomar cuidado para que ainstrução
com base no que funciona e no que não funciona, você não se desintegre num envolvimento do tipo
e o diretor em contato.
descobrirá sua novafunção como guia e poderálevar o aprovação/desaprovação - um comando aser
A instrução deve guiar osjogadores para a troca de
grupo até o espetáculo, pois as necessidades doteatro são obedecido.'
energia, mantendo a peça fluindo entre os jogadores,
o verdadeiro mestre.
criando assim interação, movimento e transformação.
Uma pessoa autoritária éalguém
A instrução alerta o diretor paraa necessidade degerar
responsávelpor alguma coisa - pais, professor,
e/oumanter a energia crescente. A partir dessa liberação
O DIRETOR COMO INSTRUTOR chefe, diretor, ditador. Ao exigir que as coisas
de energia o personagem, a emoção e os relacionamen-'
seam feitas do seu modo, ele/ela manipula e
tos tomam forma dentro do espetáculo desejado.
odiretor éoolho eoouvido da platéia que As energias do diretor devem estar o tempo todo fo- bloqueia ointuitivo.
calizadas na descoberta, tanto pelos atares como pela A instrução deve serlivre de tomautoritário. Elanão
assistirá ao espetáculo.
equipe técnica, de insights e perspectivas mais profundas é diretiva. É uma instigação, provocação, estímulo atra- QJter esteja dando ou recebendo ainstrução,
paraintensificar a comunicação teatral. vés dos quais o instrutor-diretor catalisa a energia dojogo. cada indivíduo deve encontrar oseu próprio
odiretor transforma-se em parceiro de jogo Feliz, de fato, é o diretor que inicia comatares alta- Para dar instruções, utilize um comando simples e caminho através do esforço pessoal.
durante as oficinas eos ensaios. mente talentosos e técnicos experientes. O trabalho será, direto: Compartilhe oquadro de cena! veja os botões da camisa
assim, mais facilmente executado. Contudo, desde a pri- de João! Compartilhe a sua voz com aplatéia! Cantata! veja
meira escolha da peçaaté a descoberta do enredo, o que com seus pés! Não conte uma história! Ajude seu parceiro que
for selecionado é o resultado da sensibilidade, consciên- não está jogando!
cia e bom gosto do diretor - o agente catalisador, que Essas instruções valem uma dúzia de palestras sobre
procura canalizar as energias de pessoas diferentes para marcação, projeção, visualização de objetos no espaço", Sua instrução atinge oeu interno/externo
umaação unificadora. total sem parar ojogo, eojogador se
* Objeto do espaço não significa objeto invisível, ou objeto imaginá- movimenta de acordo.
rio, pois o objeto doespaço estáali, é visto pelaplatéia. O objeto doespaço
é feito da substância do espaço. (N. da T.)
26 PREPARAÇÃO
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 27

etc. Quando esses elementos são dados como parte dopro- AHABILIDADE DO DIRETOR PARA INSPIRAR
cesso, o ator sai de uma posição confusa sem esforço al-
gum, dá espaço para que a mesa comece a existir e vê os As pessoas inspiradas podem andar pelo palco, falar A inspiração pode ser descrita como aquele
parceiros dejogo. animadamente. Os olhos brilham, as idéias jorram, e o ato que atinge oque está além do nosso eu, ou
Ojogador olha interrogativo parafora dojogo quan- corpo libera suas tensões. Se muitas pessoas estiverem chegar mais profundamente ao eu.
do ouve as suas instruções pela primeira vez, só precisa inspiradas simultaneamente, o próprio ar ao redor delas
serorientado: Ouça aminha voz! Não dê atenção a ela!, ou parecerá brilhar e dançar de excitamento.
Ouça aminha voz mas continue jogado! A inspiração no teatro aparece em forma de ener-
Não confunda osjogadores com umaavalanche de gia. Isto não significa saltar desenfreadamente pelo pal-
instruções sem sentido. Espere que surja o jogo. Lem- co (embora às vezes ajude). É a intensidade do foco do Uma vez um atar comentou: "Iiabalhar
bre-se que você também é umjogador. diretor naquilo que osjogadores estão fazendo, mais o para você écomo trabalharpara um teatro
Este livro contém um glossário de instruções para uso de instruções habilidosas, que estimula os atores a lotado/"Este éotipo de energia que um diretor
seu uso dapágina 149 à página 151. Cada jogo teatral no expandirem-se, a alcançarem o que está mais além. Al- deve dar aos atares.
livro também inclui algumas instruções sugeridas. As gumas vezes o diretor deve literalmente despejar esta
instruções aparecem em letras grandes na coluna à di- energia sobre o elenco da mesma forma que se despeja
reita da explicação do jogo. Elas são seguidas de per- água emum copo e, na maioria dos casos, o elenco res-
guntas para avaliação dojogo que aparecem em letras ponderá e será capaz de despejar toda aquela energia
devolta novamente.
menores nas mesmas colunas.
Nunca, nem porumsómomento, você deve mostrar
cansaço ou tédio, pois o diretor sem energia causa mais
dano aoespetáculo doque sepode imaginar. Se este can-
ESPONTANEIDADE - O MOMENTO DE
saço ocorrer, é muito melhor parar osensaios completa-
DESEQUILÍBRIO Jogue umjogo tradicional em vez de
mente e pedir que o assistente faça um ensaio de mesa.
continuar com um ensaio sem vida.
Qualquer ator uogador) sem energia não tem valor,
omedo da espontaneidade écomum. Há A espontaneidade pode ser alcançada com um texto não estabelece cantata com a atividade que está se desen-
segurança nos sentimentos enas ações velhas e escrito e com movimentação decena mais oumenospres- rolando. O mesmo vale para o diretor, o qual não deve
familiares. A espontaneidade pede que crita? Com repetidas apresentações? fazer daexpressão "inspirar os atares" uma simples frase.
entremos num território desconhecido - nós Adiscussão deste problema com oseu elenco, narea- Na verdade, quando ocorrer umrelaxamento naener-
mesmos.' lidade, não cerca o problema. Discutir é interromper a gia dos ensaios, seria melhor questionar-se. Faça essas
Algunsjogadores sentem-se desconfortáveis e comunicação - é cerebral. É necessário quebrar os ve- perguntas a simesmo:
amedrontados ao experimentar um ou dois lhos modelos. Como persuadir e estimular a intuição para
1. Estou dando energia suficiente?
momentos de verdadeira espontaneidade. Esse despertar o gênio que está adormecido em todos nós?
momento de desequilíbn'o é asaída. Apóie e 2. Estou me atendo demais em questões mecânicas/téc-
Interrompa o processo parafazer umjogo teatral. Dê as
nicas?
aplauda esses lampejos de sentir possibilidades instruções adequadas durante os ensaios. Realize asofici-
não percebidas. 3. Quais atares precisam deatenção individual?
nas regularmente durante a temporada do espetáculo.
4. Eles precisam demais oficinas?
5. Os ensaios estão muito puxados?
6. Estou importunando os atares?
28 PREPARAÇÃO o JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 29

7. Estou atacando-os? tanto dos atores emduas horas deensaio inspirado quan-
8. Os atares estão trabalhando em disputa comigo? to em seis horas de tédio e cansaço.
9. O problema é físico ou psicológico? Querseja umavinheta, umapeça deumato, ouuma
10. Estou sendo apenas umguarda de trânsito? peça de três atas, quer o tempo do relógio seja de oito
11. É necessário estimular mais a espontaneidade? horas ou de seis, o tempo do ensaio pode ser calculado
12. Estou usando os atares como bonecos? anotando-se o que deve ser feito em cada sessão. Se o
13. Estou exageradamente ansioso? grupo se reúne apenas três vezes porsemana e cada ses-
14. Estou pedindo a eles mais do que eles podem dar são só pode terummáximo deduas horas, o diretor deve
neste momento? programar os ensaios adequadamente. Quando chegar a
15. Estou alcançado/atingindo o intuitivo? hora de provar os figurinos, ensaios gerais etc., deve-se
encontrar algumas horas extras paraessas atividades, pois
Se você procurar e encarar cada problema diretamen-
consomem tempo.
te (honestamente) seu próprio talento, espontaneidade e
energia podem fornecer a inspiração paraos seus atares.

O TEMA
OS ENSAIOS
O tema é o fio que costura e tece cada pulsação da otema circense de ((O Palhaço quefugiu JJ

O cronograma geral de ensaios pode serdividido em peça ou da cena. Ele se entrelaça e se mostra no mais surgiu após alguns ensaios. Bobby KaYJ um
Se operíodo de ensaio for cheio de tensõts, simples gesto do atar e nos últimos detalhes dofigurino. palhaço do Clyde Beatty Circus foi trazido
três períodos. O primeiro período (veja p. 41) é paraaque-
ansiedadesJcompetitividade emau humet, isto Em termos simples, o diretor deve pensar no tema para falar com oelenco sobre palhaços e
cimento do diretor e dos atares, paracolocação dos fun-
será absorvido pelos atores epelos seus papéisJe como sendo o fio que une todas as partes separadas - um maquiagem de palhaço. Ele encantou de tal
damentos das relações e atitudes emrelação à peçae de
cairá feito uma sombra sobre otrabalho meio paramanter o figurino, o cenário, a peça, os técni- maneira oelenco com suas histórias das
umpara com o outro. O segundo período (veja p. 63) é o
terminado. cos, o diretor e os atares unidos, trabalhando sob uma tradições que existem por trás dos espetáculos
espontâneo e criativo, são as sessões de escavação, em
mesma bandeira. de palhaço eda dignidade com que cada
que todas as energias são canalizadas para o potencial
Às vezes, observando e ouvindo, é umaúnica pala- palhaço coloca sua marca no tost», que quando
artístico total em perceber o texto. O terceiro período
vraou frase que nos dá o estalo-outras vezes é simples- chegou ahora dos atares criarem seus próprios
(veja P: 95) é para polimento e integração de todos os
mente um sentimento não-verbal que se desenvolve. O personagens de palhaçoJ nenhum fez
aspectos da produção em umaunidade.
Se aatmosfera for relaxada ealegreJ diretor pode encontrar o tema antes dos ensaios se ini- simplesmente uma "aua engraçada J~ Cada um
A quantidade de tempo gasto no ensaio depende da
excitada pelo trabalho, atual eantecipando o ciarem, ou muito depois de ter avançado neles. Em al- se esforçou para colocar amarca sobre orosto
disponibilidade dos atares. Osprofissionais, naturalmen-
espetáculoJisto ficará evidente no produto
te, não têm outros compromissos. Com grupos de teatro guns casos ele minca semostra. O diretor deve sercuida- com toda aindividualidade de um palhaço
final. Quando os atores estão gostando de seus
amador, não acontece o mesmo, e a quantidade de tem- doso, contudo, paranão serrígido em encontrar o tema verdadeiro que cria sua própria caracterização.
papéisJaplatéia ficará relaxada eisto
po livre é limitada. e,no desespero, impor umtema paraa peça, produzindo
adicionará mais prazer. Planeje o horário de ensaio demaneira que todos os assim umaruasem saída, emvez deum caminho aberto
atares estejam trabalhando todos os momentos possíveis. paratodos. O acaso pode serum tema.
É aconselhável pensar em termos de dois tipos de tem-
po: o tempo do relógio e o tempo de energia. O tempo
de energia é mais valioso, pois o diretor pode conseguir
30 PREPARAÇÃO
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 31

A INSTRUÇÃO PARA ATUAR Apenas as indicações de palco que levam à ação ou


diálogo (entradas, saídas etc.) devem ser incluídas nas
Uma instrução: Agora o elenco está formado e pronto para ensaiar. E instruções para atuar. É melhor evitar muitas das indica-
Deixa: quieto ouça-me! os textos? Alguns diretores usam o texto completo; ou- ções do autor (tais como "fala alegre", "suspira apaixona- ,. )
Fala: Está bem, se você sente isso. tros usam "instruções", que consistem de uma ou duas do", ou "pisca astutamente"). Deixe que as ações físicas e
Deixa: Sai Sai! palavras de deixa e a subseqüente fala doatar. A instru- as expressões faciais venham daação interior dopróprio
Fala: Eu vou, mas não me espere de volta! ção pode ser criativamente estimulante, fortalece a per- atar e do diálogo em si. Haverá muitas oportunidades no
(Sai) cepção do tempo e, porisso, é preferida. segundo período de ensaios, quando os atares estiverem
Na primeira deixa efala, (~uieto é a
JJ
Ela deve ser datilografada com afolha navertical para livres de todas as restrições, para trazer as indicações de
deixa de ação, e"ouça-me" (que vem algumas uma fácil manipulação. A colocação da"deixa de ação" palco do autor para obter ação mais detalhada.
palavras mais tarde) é adeixa de texto. junto com a "deixa de texto" eliminará em parte o pro-
Na segunda deixa efala, oprimeiro "Sai é JJ
blema dademora em pegar as deixas. A"deixa de ação"
adeixa de ação, eosegundo é adeixa de texto. é a palavra ou a combinação de palavras que coloca o .
A ação interior (resposta corporal) inicia na próximo atar em movimento.
deixa de ação, eoatorestá pronto para ação e Se a "deixa de ação" não estiver clara para os atares,
resposta ao ouvir adeixa de texto. deve-se dar uma explicação nomomento em que asins-
truções para atuar forem introduzidas: Nós começamos a
responder a uma outra pessoa enquanto ela ainda está
falando oucomeçamos a pensar em nossa resposta após
elaterterminado? "Enquanto elaestá falando."
Converse com os atares para apontar o problema:
Nós sempre esperamos até que a outra pessoa tenha pa-
rado de falar (ação - os atares já estão respondendo) ou
às vezes interrompemos a conversa? Alguns já interrom-
peram a pergunta acima, "Nem sempre esperamos".
Assinale como eles foram capazes de antecipar o re-
sultado dadiscussão. Sugira que observem as pessoas en-
quanto conversam para determinar quais são as "deixas
de ação" e quais as "deixas de texto". Algumas vezes, é
claro, as duas deixas serão idênticas (como num grito de
socorro).
Ainstrução para atuar evita que um atar leia asfalas
dos outros e elimina qualquer movimento delábios para
repetir as falas dos outros. O atar deve ouvir e observar
os parceiros a fim de acompanhar a ação e saber quando
entra a palavra falada.
2. OFICINAS

Se as oficinas devem preceder, suceder, estar inter-


caladas com os ensaios, ou serem realizadas em dias se-
parados, é uma decisão do diretor. Quais jogos usarde-
pende do que acontece durante o ensaio. Porexemplo,
quando fica óbvio que osatares estão lendo suas falas e Jogos teatrais não substituem ensaios.
ignorando as pessoas com as quais estão falando, você Ensaios com otexto ejogos devem andarjuntos
tem umagrande variedade de jogos teatrais parajogar: para alcançar harmonia no desempenho.
Caminhadas no espaço, p. 134-136; Tocar eSer Tocado/Ver e
Ser Visto, p. 137; Elablação: Vender, p. 76, para citar ape-
nas alguns.
A oficina sugerida abaixo é recomendada paraantes
oulogo após oprimeiro ensaio demesa. Essa oficina pode
levar uma ou duas sessões:
Exposição/Cabo de guerra
Jogo de Bola
Três Mudanças
Espelho
fLuem éoEspelho?
Siga oSeguidor!
A seleção dejogos teatrais a serem jogados nas ofici-
nas posteriores dependerá do diretor.

1. Sentindo oEu com oEu (p. 43) e Qjtem Iniciou oMovimento (p. 47) são
bons jogos deaquecimento.
34 OFICINAS
O JOGO TEATRAL NO LIVRO no DIRETOR 35

OLHAR E NÃO CONTEMPLAR Quando ossinais de desconforto tiverem desapareci-


do, inverta os times.
Atores que contemplam mas não vêem O ator não deve apenas olhar, mas ver. A contempla- Notas: 1. O objetivo é manter os jogadores em pé, Como você se sentiu quando estava sem
privam-se de experienciar diretamente oseu ção é uma cortina diante dos olhos com efeito semelhan- desfocados. Permaneça na Parte 1dojogo até que to- fazer nada?
ambiente ede estabelecer relações com a te ao de olhos fechados. É isolamento. dos osjogadores que estão em pé estejam visivelmen- (Não permita descrições de
realidade do palco. A contemplação é facilmente detectada observando te desconfortáveis. Alguns jogadores irão rir e ficar emoções: "Eu me senti
algumas características físicas: um ar vazio nos olhos e mudando de posição de pé para pé; outros irão sim- autoconsciente". Pergunte: "Eu não
umarigidez no corpo. Ojogo Blablação mostrará rapida- plesmente congelar outentar aparentar indiferença. sei o quevocê querdizer com
mente em que grau isto acontece. 2. Se os membros do time na platéia começarem a autoconsciente. Como você sentiu
Quando os atares vêem, mesmo que momentanea- rir, ignore o riso e enfatize a orientação, "Nós olhare- o seujoelho? E o seupescoço ?")
mente, observe como o rosto e o corpo se tornam flexí- mos para vocês!" Platéia, como osjogadores pareciam
veis e mais naturais namedida emque a tensão muscular 3. Não faça nenhuma avaliação do jogo até que os quando estavam sem fazer nada?
e o medo do contato desaparecem. Quando umjogador dois times tenham jogado emambos os lados.
vê ooutro, oresultado é o contato direto, sem maneirismo. 4. Deixe que cada jogador experimente de maneira
O reconhecimento de um parceiro de jogo permite ao pessoal e orgânica a descoberta dopoder dofoco, do
jogador perceber a simesmo de súbito. algo-para-fazer. "O desconforto corporal desapare-
ceu." Por quê?
"Porque eu tinha alguma coisa para fazer".
Exposição
Parte 1: Não façam nada! Nós vamos Objetivo: Manter os jogadores alertas, trabalhando no Cabo de Guerra
olharpara vocês! Isso é tudo! momento presente.
(Não chame os jogadores Foco: Nenhum para a parte 1 dojogo. Naparte 2, oJaco Objetivo: Despertar a comunicação invisível entre osjo- Veja a corda no espaço! Tire da
individualmente [pelos nomes] fale com está em fazer alguma coisa especificada pelo diretor. gadores. cabeça!
todos os jogadores.) Descrição: Divida ogrupo em dois. Time 1permanece em Foco: Manter a corda no espaço como um elo de ligação Veja essa corda que está entre
Vocês não fazem nada. Nós olhamos pé, em linha reta, olhando paraa platéia que perma- entre osjogadores. vocês!
para vocês. nece sentada (Time 2). Descrição: Um time por vez, cada jogador tenta puxar o Use o corpo todo para puxar! As
Parte 2: Contem todas as cadeiras da Parte 1: O Time 1 deve permanecer empésem fazer outro fazendo-o atravessar a linha do centro, exata- costas! Os pés!
sala. nada. mente como nojogo docabo deguerra. Aqui, contu- Veja a mesma corda!
Vocês estão fazendo a coisa mais Parte 2: Quando os jogadores do Time 1 mostrarem do, a corda não é visível, mas feita de substância do Puxem! Puxem! Puxem!
importante da suavida. sinais de desconforto, o diretor dá uma tarefa para espaço. Peça aos jogadores para escolher um parceiro de
Continuem contando! Contem ser feita, tal como contar o número de tábuas do força igual! Essa "mensagem à psique do indivíduo é
novamente! assoalho, ou de tacos no chão, ou então as cadeiras recebida com riso. Ela cria reciprocidade - umlaço - Platéia, os jogadores viram a mesma
no recinto. Osjogadores devem ser orientados para disputa, não competição. Enquanto um time jogaos corda?
continuar contando até que os sinais de desconforto outros observam. A corda uniu osjogadores?
desapareçam ~ os jogadores demonstrem alívio e re- Notas: 1. Leia asnotas sobre Substância do Espaço, p. 94. A corda estava no espaço ou na cabeça
laxamento corporal. 2. Jogue o jogo da corda ou da bola no espaço com dos jogadores?
36 OFICINAS O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 37

jogadores, acorda estava no espaço ou seu grupo até que o fenômeno doobjeto no espaço (e balhando individualmente dentro de cada time, cada Use o corpo todo para jogar a bola!
em suas cabeças? não na cabeça) seja experimentado e compreendido jogador começa ajogar a bolacontra umaparede. As Mantenha o seu olho na bola!
Os jogadores concordam com aplatéia? portodos. bolas são todas imaginárias, feitas de substância do Agora muito rápido!
Aplatéia concorda com osjogadores? 3. Namedida emque o seu grupo se torna ágil neste espaço. Quando os jogadores estiverem todos emmo- Jogue e pegue a bola o mais rápido
jogo em duplas, vá acrescentando mais jogadores de vimento, o diretor deverá mudar a velocidade com a que você puder!
ambos os lados, isto é,emambas aspontas da corda. qual asbolas são jogadas. Pra trás e pra frente tão rápido
Notas: 1. Leia as notas sobre o jogo Substância do Espaço, quanto puder!
p.94. Normal de novo.
Três Mudanças 2. O jogador sabe quando a bola está no espaço ou Veja o caminho que a bola percorre
nasuacabeça. Quando elaestá no espaço ela"apare- no espaço:
Objetivo: Melhorar o poder de observação dos jogadores. ce" tanto para ojogador como paraa platéia.
Foco: No outro jogador para ver onde foram feitas mu- 3. A pergunta ''A bola estava no espaço ou nas suas
danças. cabeças?", feita paraosjogadores daplatéia, éimpor-
Descrição: Divida o grupo em times de dois. Todos os ti- tante porque elacoloca a responsabilidade daplatéia
mes jogam simultaneamente. Os parceiros se obser- paraobservar a realidade doobjeto no espaço. Apla-
vam cuidadosamente, notando o vestido, o cabelo, téia é tão responsável por manter o foco quanto o
os acessórios etc. Então, eles viram decostas umpara time que está jogando.
o outro e cada umfaz três mudanças na suaaparên- 4.Após a avaliação doprimeiro time, faça o próximo jogadores, abola estava no espaço ou em
ciafísica: eles dividem o cabelo, desamarram o laço time jogar. O primeiro time sebeneficiou da avalia- suas cabeças?
do sapato, mudam o relógio delado etc. Quando es- ção do primeiro time? Platéia, vocês concordam com os
tiverem prontos, os parceiros voltam a seolhar e cada 5. Enfatize o uso do corpo todo para manter a bola jogadores?
um tenta identificar quais mudanças o outro fez. em movimento. Osjogadores devem terminar ojogo A bola estava nas suas cabeças ou no
Notas: 1. Este jogo pode serjogado com grande excitação com todos os efeitos físicos de umjogo de bola. espaço?
por algum tempo quando há troca de parceiros e ao 6. As palavras usadas pelo diretor na apresentação jogadores, vocês viram ocaminho que a
serem pedidas até quatro oumais mudanças. deste jogo devem sercuidadosamente escolhidas. Não bola percorreu no espaço?
2. Troque os parceiros seguidamente e peça cinco, se deve pedir que os jogadores façam de conta, que Platéia, vocês concordam?
seis, sete e até mesmo oito mudanças, orientando-os imaginem, ou que tornem a bola real. Osjogadores
paraque observem também ascostas dos parceiros. são simplesmente orientados a manter a bola no es-
3. Este jogo leva diretamente ao Espelho, P: 38. paço e não em suas cabeças.
Variações: 1.Jogue o mesmo jogo com umabola de subs- Variante 1: A bola estáficando leve!
tância do espaço que muda de peso. À medida em Cem vezes mais leve!
Jogo de Bola que a bola fica mais leve ou mais pesada, os corpos Agora estáficando pesada!
dos jogadores parecerão mais leves oumais pesados. Use o corpo todo para jogar a bola!
A bola estáse movendo muuuuito, Objetivo: Focalizar a atenção dos jogadores no objeto no Oupeçaparaosjogadores movimentar-se em câmera Mantenha os olhos na bola!
muuuuuuito lentamente! espaço. lenta. Não chame a atenção dos jogadores sobre isso
Pegue a bola em câmara muito Foco: Manter a bola no espaço e não na cabeça. durante ojogo.
lenta! Descrição: Divida ogrupo em dois grandes times. Umtime 2.Jogue outros jogos - bolaatrás, voleibol, basquete-
Agora a bola se move normalmente! é a platéia. Depois inverta asposições. Se estiver tra- bol, com bolas de substância do espaço.
38 OFICINAS °JOGO TEATRAL NO UVRO DODIRETOR 39 I

na platéia levantam o braço se ojogador menciona-


do pelo diretor parecer sero espelho. Depois o dire-
Binicia! Objetivo: Auxiliar osjogadores a vercom o corpo todo; a tor deve mencionar o outro jogador para que a pla-
A espelha! refletir, não imitar o outro. téia levante o braço, caso ele aparente ser o espelho.
Movimentos grandes, com o corpo Foco: refletir perfeitamente o gerador dos movimentos. Os dois continuam jogando enquanto a platéia vota,
Descrição: Divida o grupo em times de dois. Umjogador até que se obtenha umaunanimidade ouum embate (Para a platéia):
todo!
Espelhe só o que você vê! Não o fica sendo A, o outro B. Todos ostimes jogam simul- nos votos da platéia. Qyem éoespelho?
que acha que vê! taneamente. A fica de frente para B. A reflete todos
Mantenham o espelho entre vocês! osmovimentos iniciados por B, dos pés à cabeça, in-
Espelhe tudo - da cabeça ao dedão cluindo expressões faciais. Após algum tempo inver- Siga oSeguidor
do pé! ta asposições de maneira que B reflita A.
Mudem! Notas: 1. Cuidado com as suposições. Porexemplo, se B Objetivo: Levar a uma fluência de movimentos de mu- Espelhe!
Agora A inicia e B é o espelho! faz um movimento conhecido, o jogador A antecipa danças, através do espelho. Saibaquando inicia!
Saibaquando inicia! e assume o próximo movimento, ou ele fica com Be Foco: Seguir o seguidor. Espelhe só o que você vê, não o
Saiba quando é o espelho! o reflete? Descrição: Times de dois. Umjogador é o espelho, o ou- que pensa que vê!
Mudança!... Mudança!... 2. Observe o espelho verdadeiro. Se B usar a mão tro o gerador. O diretor inicia ojogo de espelho nor- Mudem! .
direita, A usaa mão direita ou a esquerda? Não cha- mal e então diz Troca! paraque osjogadores invertam
mea atenção dos jogadores paraesse fato demaneira as posições. Essa ordem é dada a intervalos. Quando
Há uma diferença entre espelho e cerebraL Ojogo @em é oespelho?(a seguir) traráuma osjogadores estiverem iniciando erefletindo com mo-
imitação? compreensão mais orgânica do que seja o espelho. vimentos corporais amplos, o diretor dá a instrução
Você sabe quando era você que iniciava? 3. A mudança do gerador dos movimentos (A para "G: dois espelham! Os dois iniciam!" Osjogadores então (O diretor entra no campo de jogo
QJtando era espelho? B, e B para A) deve ser feita sem parar o fluxo de espelham um ao outro sem iniciar. para verificar.)
movimentos entre osjogadores. Notas: 1. Peça paraosdois jogadores espelharem e inicia-
rem apenas quando estiverem fazendo movimentos Intensifiquem osmovimentos do
corporais amplos. corpotodo!
Qyem éOEspelho? 2. É enganoso - osjogadores não devem iniciar, mas Os dois refletem! Os dois iniciam!
sim seguir o iniciador. Ambos são iniciadores e espe- Siga o seguidor!
Objetivo: Preparar para Siga oSeguidor. lhos ao mesmo tempo. Os jogadores espelham a si
Foco: Esconder da platéia qual jogador é o espelho. mesmos sendo espelhados.
Descrição: Times de dois. Antes de começar, osjogadores 3. Seguir o seguidor acalma a mente e libera o joga-
decidem entre si quem seráo gerador e quem seráo dor para entrar num tempo, num espaço, num mo-
espelho. Este jogo é realizado da mesma forma que o mento sem lugar para atitudes, pensamentos ou (Durante o jogo a um jogador que
jogo anterior, exceto que o diretor não dá a ordem questionamentos. Osjogadores percebem que estão se move):
Troca! Umjogador inicia os movimentos, o outro re- entrelaçados numa área não-física, não-verbal, não- Você iniciou este movimento?
flete, eambos tentam ocultar quem é o espelho. Quan- psicológica, não-analítica e não-julgadora de seu eu Ou você espelhou oque viu?
do os dois jogadores estiverem fazendo movimentos, interior. Livres. Platéia, vocês concordam com ojogador? .
o diretor diz o nome de umdeles. Os que estiverem
3. O PRIMEIRO PERÍODO DE ENSAIO

SUGESTÕES

Algumas vezes surge umgrande medo nos primeiros l10cê precisa acreditar no seu elenco.
ensaios quando você errou na escolha do elenco. Se isso
realmente aconteceu, você deve convocar outro elenco
rapidamente, pois a suaatitude afetará a todos.
Sem dizer ao elenco, selecione dois atores com barô-
metro: um cuja resposta seja alta e outro cuja resposta
).
seja baixa. Desta maneira você sempre saberá se está
dando demais ou de menos nos ensaios.
Mais algumas sugestões:
1. Não permita que os atares fiquem de olho grudado Marcação prematura mata afrágil intuição
ao texto quando os outros estiverem lendo. Procure nascente.
observar isto mesmo nasleituras de mesa. Use ojogo
Conversas Não-Relacionadas, p. 129, paralembrar aos
atares que eles devem ver e ouvir os outros.
2. Evite os hábitos de leitura artificial desde o primeiro
momento. Jogue Elablação, p. 76, para combater a
artificialidade.
3. Torne as tomadas de deixa naturais, fazendo os ato-
res trabalharem com deixas de ação. Não lide com
este problema mecanicamente. Se for necessário tra-
balhar com deixas de texto, espere até a última parte
do segundo período de ensaios ou até a parte inicial
42 OPRIMEIRO PERÍODO DEENSAIO
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 43

do terceiro período de ensaios. O processo de crescimento começou. Lembre-se, to- VOcê está mostrando ansiedade?
4. Evite estabelecer personagem, falas, ações oumarca- dos crescem emritmos diferentes! O crescimento indivi-
ções cedo demais. Tudo o que senecessita éumaidéia dual é medido pelo caminho que osjogadores percorre-
geral. ram desde o ponto de partida.
5. Osdetalhes não são importantes noprimeiro período.
Não apoquente os atores. Uma vez estabelecidos os personagens e os relaciona-
mentos, serámais fácil chegar aos detalhes. Primeiro Sentindo oEu com oEu
deve ser encontrada a vida de cada cena dentro da
peça. Objetivo: Percepção corporal total do eu. Sinta os pésnas meias!
Foco: Sentir o eu com a parte do corpo indicada. Sinta as meias nos pés!
Descrição: Osjogadores sentam-se silenciosamente e sim- Sinta ospésnos sapatos!
A PRIMEIRA LEITURA plesmente respondem. Sinta ossapatos nos pés!
Notas: 1. Sentindo oEu com oEu pode serusado sozinho ou Sinta as meias nas pernas!
Como aquecimento paraa primeira leitura da mesa, com Caminhadas no Espaço, p. 134-136. Sinta as pernas nas meias!
jogue ojogo Sentindo oEu com oEu, P: 43. Então, usando 2. Dê a instrução Fique de olhos abertos! se necessário. Sinta a calça ou-a saia naspernas!
os textos, sente com os ateres em círculo ou num grupo Este exercício deve trazer jogadores e diretor para Sinta as pernas nas calças!
dentro do qual todos possam sever. dentro do ambiente. Os olhos fechados podem re- Sinta a roupa de baixo perto do seu
Faça o elenco lero primeiro ato, parando em proble- ptesentar umaretração paradentro da cabeça. corpo!
mas de pronúncia, erros, gráficos, e (se o texto for inédi- 3. Este jogo intensifica a consciência do corpo físico Sinta o seu corpo perto da roupa de
to) para eventuais mudanças. dojogador. Saia da cabeça! baixo!
A seguir jogue ojogo Vogais eConsoantes e Soletrando, 4. Ele traz os jogadores paraos seus próprios corpos Sinta a blusa ou camisa com o seu
Primeira leit~ra: P: 44. Após ojogo Soletrando leia algumas cenas dotexto, (eles mesmos) e paradentro do espaço dejogo. peito e sinta o seupeito dentro da
1. Diretor lê otexto (opcional). soletrando as palavras. Apresente então osjogos Câmera blusa ou camisa!
5.Este jogo é excelente como umaponte entre a rua
2. Os papéis são distribuídos. Lenta, p. 45e Diálogo Cantado, P: 45. Continue a apresen- e o local de ensaio. Sinta o anelno dedo!
3. Todos lêem suasfalas em voz alta. Limpe taresta série até que osatares estejam livres das palavras,
Sinta o dedo no anel!
apronúncia ecorrija os erros tipográficos as quais devem estar isentas de significados pessoais e
Sinta o cabelo na cabeça e as
com instruções. Não tenha medo de dar estejam falando uns com os outros. Isto pode durar de
sobrancelhas na testa!
instruções durante aleitura. uma horaaté três oumais sessões.
Sinta a língua na boca!
4. Vogais e Consoantes, p. 44. Após duas ou três leituras de mesa usando os jogos
Sinta as orelhas!
5. Soletrando} p. 44. acima, o grupo deve estar relaxado, familiarizado com o
texto e trabalhando num clima agradável. Quando os ele- Vápara dentro e tente sentir o que
6. Cãmera Lenta, p. 45. está dentro da cabeça com a cabeça!
7. Diálogo Cantado} p. 45. mentos dogrupo percebem que decorar falas, interpretar
otexto, desenvolver personagens etc. não são exigidos neste Sinta o espaço à suavolta!
8. Segunda leitura corrida, sem Agora deixe que o espaço sinta
estágio, um grande alívio será evidente no grupo todo.
interrupções. você!
Todos entram no espírito dojogo, livres detensão',

1. Outros excelentes jogos paraesta fase são Conversas Não-Relaciona-


Houve alguma diferença entre sentir o
das, p. 129, e Som Estendido, p. 93. anel no dedo esentir odedo no anel?
44 O PRIMEIRO PERÍODO DEENSAIO O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 45

VOgais eConsoanus Descrição: Divida o grupo em dois ou três grupos meno-


res. Eles conversam soletrando as palavras.
Parte 1: Vogais! Objetivo: Familiarizar-se com a estrutura fisiológica dalín- Notas: 1. Continue o jogo enquanto o entusiasmo persis-
Entre emcontato, sinta, toque as gua, uma pausa do pensamento subjetivo ou inter- tirea conversa estiver fluente. O excitamento deuma
vogais! pretação. ligação/relação com os parceiros dejogo aparecerá.
Deixe que as vogais toquem você! Foco: Estabelecer contato com asvogais e consoantes de 2. Depois que estiverem familiarizados com o jogo, Q,uanto da conversa foi entendida pelos
Consoantes! uma palavra enquanto está sendo dita. escolha umpequeno trecho deumtexto paraserlido ouvintes?
Fale normalmente! Descrição: Seis ou oito jogadores ficam em círculo ou em soletrado. Se o grupo achar difícil essa atividade, não Aquele que estava soletrando viu as
Veja, sinta, foco nas consoantes! duas fileiras. Cada jogador deve começar uma con- a estenda por muito tempo. letras?
versa silenciosa com o jogador do lado oposto (oito
Parte 2:Afaste-se de seuparceiro! jogadores significam quatro conversas simultâneas).
Vogais!...Consoantes!... Os jogadores devem focalizar as vogais ou as con- Câmera Lenta
Fale mais baixo que antes! soantes, conforme a instrução, contidas nas palavras
Afastem-se o mais que puderem! que falam, sem colocar ênfase ou mudar o jeito de Objetivo: Colocar todos os jogadores no mesmo lugar. o espaço à sua voltaestáem
falar. Mantendo avoz baixa, osjogadores devem afas- Foco: Ficar em câmera lenta enquanto lê o texto. câmeeeeera leeeeenta!
Parte 3:Aproximem-se! tar-se uns dos outros o quanto o espaço permitir, e Descrição: Parte 1: Leia o texto em câmera lenta. Você estásentando em câmera
Falem mais baixo ainda! depois aproximar-se conforme a instrução. Parte 2: Focalize a câmera lenta enquanto lê o texto lenta!
Vogais!...Consoantes!... Notas: 1. Espere até que osjogadores estejam fisiologica- em ritmo normal. Falar lentamente não é falar em
Feche os olhos! mente atentos aos seus parceiros antes de orientá-los câmera lenta!
Fale mais baixinho ainda! parase distanciarem uns dos outros. T10cê sentiu que toda sala estava em
Voltem para onde estavam no 2. Osjogadores podem abaixar suas vozes namedida câmera lenta?
começo! em que se afastam. As conversas podem acontecer Os objetos eseus parceiros de jogo
na forma de murmúrio e a uma distância de até 20 estavam presentes?
metros.
3. A instrução Feche os olhos! abre osjogadores parao
fato de que eles não estão fazendo leitura labial. O Diálogo Cantado
Vócê teve aSensação de fazer cantata corpo todo, dos pés à cabeça, está envolvido com a
ftsicó com apalavra falada? palavra falada. Objetivo: Criar um fluxo de som entre os jogadores, fa- Cante suas palavras!
A comunicação foi mantida otempo 4. Faça os jogadores pensarem nas palavras como sons zendo dos jogadores e da platéia um todo. Intensifique o canto!
todo? que eles podem moldar ou desenhar em forma de Foco: Estender o diálogo paraum parceiro dejogo can- Cante com o corpo todo!
Osignificado surgiu no espaço, através palavra. tando.
de vogais econsoantes? Descrição: Dois ou mais jogadores. A situação (Onde, Osjogadores exploraram todas as
Quem, e O Quê) é combinada. Todo o diálogo deve direções aque odiálogo cantado podia
Soletrando sercantado. O canto deve serdirigido aoparceiro de levar?
jogo. Jogadores, vocês concordam?
Soletre sensorialmente!
Objetivo: Manter as palavras vazias de significado. Notas: 1. Não são necessárias boas vozes, uma vez que
Veja as letras!
Foco: Comunicar para um outro jogador. este é um exercício de extensão do som.
Veja as palavras com a boca!
46 OPRIMEIRO PERÍODO DE ENSAIO o JOGO TEATRAL NO LIVRO no DIRETOR 47

2. Osjogadores que recitam as palavras dramatica- jogadores nãodevem sair da área dejogo. Quando o Caiano chão!
mente (recitativo) devem ser continuamente instruí- nível deenergia estiver alto, o diretor adicionará uma Grite!
dos paramudar paraa melodia. outra regra - ojogador quando for pego, deve tomar Exploda!
3. Não imponha estrutura melódica aos jogadores. Se o seu tempo para "explodir". Não há umamaneira
elasurgir, deve sernaturalmente. estabelecida para"explodir".
4. Cantar permite alongamento das palavras. Cantar Notas: 1. Este jogo é um aquecimento natural e leva ao
também permite repetição. Câmera Lenta, p. 45, e, embora você possa ter restri-
ções de tempo e nível debarulho, cada minuto deste
jogo é bastante útil.
AQUECIMENTOS 2. A explosão é uma ação espontânea no momento
em que se é pego.
Aquecimentos colocam todos osjogadores no Aquecimentos regulares são sempre recomendados
antes do ensaio. Os aquecimentos removem' quaisquer
mesmo espaço de trabalho.
distrações exteriores que os jogadores possam trazer con- Coelhinho Sai da Toca
sigo. Osaquecimentos aquecem! Eles fazem osangue cir-
cular. Osaquecimentos no final deumensaio com pouca Objetivo: Produzir um momento de crise (momentos de
energia, poroutro lado, levantam o espírito; eles ajudam desequilíbrio). Osjogadores devem interagir.
a amadurecer a peça e os atores. Os aquecimentos tor- Foco: Evitar tornar-se ou deixar de sero coelhinho.
nam tudo presente paratodos. Eles ajudam a superar as Descrição: O grupo todo ocupa lugares previamente mar-
diferenças pessoais. cados na áreadejogo - as tocas exceto umjogador
Jogue jogos tradicionais primeiro, especialmente aque- que deve ficar no centro. O jogador que permanecer
les que requerem ação física como Pegador com Explosão, no centro é o coelhinho e, umavez iniciado o jogo,
Coelhinho Sai da Toca ou OJtem Iniciou oMovimento?, P: 47. deverá dizer "Coelhinho sai da toca, 1, 2, 3!" A este
Continue e passe para Caminhadas no Espaço, p. 134-136; comando, todos os outros jogadores devem sair de
Jogo de Bola, P: 36; Exposição, P: 34. (Sentindo oEu com o suas tocas e ocupar uma outra toca qualquer. O joga-
Eu, P: 43, também é umbomjogo de aquecimento.) dorque estava no centro deverá também tentar ocu-
parumatoca. O jogador que ficar fora das tocas é o
novo coelhinho.
Pegador com Explosão

Fique na área do jogo!


Objetivo: Quebrar a armadura protetora dos jogadores. Qyem Iniciou oMovimento?
Lembre-se da área dojogo
Foco: Nenhum, pois este é umjogo tradicional.
Descrição: Estabeleça uma área relativamente pequena. Objetivo: Ver os outros subrepticiamente. (Se o iniciador não estiver trocando
(Depois que a energia estiver alta)
Um espaço de 12 x 12 m é o suficiente para quinze Foco: Tentar ocultar dojogador do centro quem inicia o de movimento comfreqüência
Quando for pego,exploda!
jogadores. Metade do grupo jogae metade é platéia. movimento. suficiente):
Enquanto perseguir outro jogador,
Inicia-se com um jogo de pegador normal dentro Descrição: Osjogadores permanecem em círculo. Umjo- Iniciador, troque de movimento
continue explodindo!
desses limites. Osjogadores sorteiam umpegador. Os gador sai dasala enquanto osoutros escolhem alguém quando tiver chance!
Exploda da maneira que quiser!
48 OPRIMEIRO PERÍODO DEENSAIO
O JOGO TEATRAL NOLIVRO DODIRETOR 49

Jogadores, prestem atenção na parasero líder, que inicia osmovimentos. Ojogador Namedida emque osensaios (e as oficinas) continuam,
mudança, nãodeixem o iniciador que saiu é chamado de volta, vai para o centro do os atores junto com o diretor começam a descobrir inespe-
sozinho! círculo, e tentadescobrir o iniciador dosmovimentos rada liberdade. A instrução continuada permite a todos ir
(mexendo asmãos, batendo ospés, balançando a ca- mais fundo em si mesmos, no texto, nosparceiros. Mergulhar para dentro de simesmo
beçaetc.). O líder pode mudar demovimentos a qual- Na verdade, o cliretor intuitivamente e através de equivale aprojetar-se no ambiente (ou
quermomento, mesmo quando o jogador do centro insights dá orientação. O que é então despertado geral- aprofundar-se em simesmo, é sair de si).
estiver olhando para ele. Quando o jogador do cen- mente soluciona o problema, seja ele de relacionamento,
trodescobrir o iniciador, um outro jogador saidasala personagem ou emoção. A instrução mantém intacta a
e ojogo recomeça. integridade do diretor e do ator, permitindo quecadaum
Notas: 1. Este jogo tradicional éumexcelente aquecimento compartilhe a experiência nova e desenvolva uma ação
paraosjogos de Espelho, p. 38, 124, 126- ~27, poi~ exi- A assim chamada interpretação começa a
total a partir da qual o significado da peça é revelado e emergir nesta abordagem holística da peça, a
geuma cuidadosa observação dos parceIros deJogo. muitas vezes transcendido.
2.Imediatamente após este jogo, você pode dividir o partir de uma fusão entre ditetor, atares e
grupo em dois e jogar Itês Mudanças, p. 36, que leva autor.
aos jogos de Espelho.
ONDE (O CENÁRIO)

Onde você está?


o
poltrona
O
sofá
PRIMEIRO ENSAIO DE PALCO
É essencial queosatores entrem no cenário (o campo
Indique as portas, as escadas etc. estabelecendo as
de atuação) e não simplesmente o atravessem/. [O ]O [QJ
O exemplo aolado ilustra o uso dojogo do Onde. Ele fogão
linhas gerais do cenário. Sevocê estiver trabalhando com piade cozinha
foi dado por Bernard Downs, Professor deTeatro e Inter-
umapeçaque utiliza figurino, dê algumas sugestõ~s para
'os atores sobre o que eles estarão usando, quersejauma
pretação Oral da University of South Florida.
[QJ Ô 0°
DO
crinolina ou uma gola altae dura.
Recentemente mefoi pedido paraorientar umgru- piade banheiro vaso sanitário mesas
Dê instruções durante o primeiro ensaio de palco
po de atores da comunidade local. Eles estavam vi-
quando necessário: Compartilhe oquadro de cena! Compar-
tilhe sua voz! Vogais.' Consoantes.' Câmera leeenta.' Câmera lenta
é mais do que se mover lentamente.' Oambiente à sua volta está
sitando escolas comuma seleção de cenas, incluin-
do o primeiro encontro de Catarina com Petruchio
ED cama
Q
cadeira
f
abajur
em câmera leenta.' Deixe que a sua vista se mova em câmera em AMegera Domada (Ato 2, Cena 1). Inicialmente,
x
Os problemas que começarem asurgir
lenta.' Respire em câmera lenta!
Os atores continuam a ler e a se movimentar pelo
seus espetáculos eram excessivamente controlados,
limpos e monótonos. Nós começamos com o 'Jogo
lffi )( )( fI]
televisão apetrechos mesa com
palco durante essas instruções. Uma vez que o elenco do Onde" pois eles não tinham localizado a cena,
devem determinar os jogos teatrais aserem decena apetrechos
esteja familiarizado com suas instruções, isto não irá in- agindo apenas como "duas pessoas conversando". de cena
utilizados na próxima oficina. Mesmo que a
Desenharam eles mesmos uma planta-baixa do ce-
~
sua seleção de jogos seja baseada nas terferir, mas intensificar o que estiver acontecendo no
necessidades de um ou dois, todos serão palco. (Observe que todos mantenham o texto em uma nário selecionando um jardim com uma fonte, um (3 ~
mão, deixando a outra livre para a ação. Segurar o texto banco, árvore, uma roseira, um ancinho e uma en- arbustos árvore trilha,
beneficiados.
com as duas mãos é agarrar-se a umatábuade salvação e estrada
reflete um antigo medo infantil.) 2.Veja notas dosJogos com Espaço, P: 133. Sugestões de símbolos para a planta-baixa.
O JOGO TEATRAL NO UVRO DO DIRETOR 57

50 OPRIMEIRO PERÍODO DE ENSAIO


recebe um
to uma Descrição: Dois jogadores. Cada time de dois
xada. Não havia elementos decena reais exce o combi-
decon- quadro e umgiz (ou papel e lápis). Eles entã
cadeira que erausada como banco. O ponto plan ta-baixa.
imaginá- nam um lugar (Onde) e desenham uma
centração deles (o foco) erausar os objetos irão dese-
(Se o time escolher uma sala de estar eles
rios enquanto faziam a cena. eiros , larei ra etc.)
do nhar o sofá, cadeiras, mesínha, cinz
Catarina estava trabalhando no jardim quan , usando Osjogadores mantiveram ofoco?
prog re- Estimule cada jogador a contribuir com itens
Petruchio entrou. Na medida em que a cena ados . (Vej a as ilus- Os objetos poderiam ser usados de uma
do-se símbolos deplanta-baixa padroniz
dia, ela tentava evitar que ele a visse, esconden trações abaixo.) maneira menos corriqueira?
desc ulpa de
atrás da árvore, utilizando para isso a o palco, Usar as mãos éa única maneira de
eguia, Notas: 1. Aplanta-baixa deve estar defrente para
que estava podando alguns galhos. Ele a pers . manipular objetos?
te, jogo u água de forma que os jogadores possam vê-la
apanhando os galhos. Ela foi para afon um dos (Pode-se trombar em objetos,
proteger 2. Os jogadores não devem memorizar nenh
nele quando ele a perseguiu e tentou se sem pre que apoiar-se neles etc.
nho e com eçaram itens mas sim consultar a planta-baixa
com a enxada. Ele pegou o anci o deci- Narizes podem ser encostados
ecimen- necessário durante o exercício. Este é um pass
umduelo, terminando com umpacífico ofer ão e dará numavidraça tão facilmente como
u arosa, sivo para livrar os jogadores damemorizaç
todeuma rosa. Sentada nobanco, elaaceito o. Este asmãos podem abri-las.)
do-o so- um grande sentimento dealívio se for enfatizad
cheirou-a e empurrou Petruchio derruban ido de ajud ar os
ndo é também um outro passo no sent
bre a espinhosa roseira. Pela primeira vez, omu
. jogadores a relaxar a tensão cerebral.
físico à sua volta tornou-se vibrante e vivo mem- Osjogadores compartilharam com a
3. Sempre que possível, deixe que os próprios
o muitos dos bros do elenco descubram as variações. platéia?
Catarina e Petruchio jogaram. Assim com
fazer apare-
jogos neste capítulo, os jogos do Onde visam
cer a realidade física da cena.

Jogo do Onde ~ 7

Objetivo: Tornar visível o invisível.


o banheira fonte
rrr
estantes, prateleiras etc. janela quadros, espelhos etc.
Consulte a planta-baixa! ato físico
Foco: Mostrar onde você está através do cont
Fora da cabeça - no espaço! com todos os objetos desenhados naplanta -baix a. (Os
nopalco
únicos objetos físicos realmente necessários
são cadeiras. Os outros objetos são simp
presentados por riscos de giz numa lousa
pedaço de papel que deve ser colo cado
lesm

Em outras palavras, cada jogador deve, de


no
ente re-
ou num

forma, manipular 'ou tocar tudo o que foi dese


a
palco.)
algu ma
nhado
sua visi-
o geladeira janela e cortinas porta aberta pra
dentro
portaaberta pra
fora
porta vaivém
no quadro, compartilhando com a platéia
dapró-
bilidade. Para mostrar o Onde, use uma cena a-baixa.
Mais sugestões de símbolos para a plant
pria peça.
52 °
PRIMEIRO PERÍODO DEENSAIO °
JOGOTEATRAL NOLIVRO DODIRETOR 53

Jogo do Onde nº 2 esboço daplanta-baixa doOnde. Cadajogador (con-


sultando a planta-baixa) deve estabelecer contato com
Câmera lenta! Objetivo: Mostrar aos jogadores como um lugar pode ser cada objeto. Osjogadores devem colocar cadeiras de Os jogadores usaram todos os objetos da
Mantenha o foco no Onde! definido pelas pessoas que o ocupam e pelo que elas' verdade, se necessário. Fixar a planta-baixa numa planta-baixa?
Relacione-se com os outros estão fazendo. parede, parafacilitar a consulta. Platéia, quais objetos os jogadores nos
jogadores! Foco: Mostrar o Onde. Exemplo: Onde - cozinha, Quem - família, O Quê - to- mostraram?
Descrição: Dois times. Um jogador vai para o palco e mando café damanhã. Aplanta-baixa inclui geladei- Jogadores, comparem oque aplatéia viu
mostra o Onde através dautilização física de objetos. ra, mesa, pia etc. com aplanta-baixa!
O primeiro jogador que compreender o Onde pro- Notas: 1. Compare o que a platéia viu durante ojogo com Os jogadores mostraram Onde, Qyem e
posto, assume umQuem, entra noOnde, e desenvol- a planta-baixa. OQjtê?
ve um relacionamento (papel) com o Onde e com o 2. Oriente osjogadores paranão planejarem como Ou eles contaram?
outro jogador. Os outros jogadores juntam-se a eles usar cada objeto, umavez que o planejamento prévio Os objetos estavam no espaço ou na
com personagens relacionados (Quem) dentro do tiratodaa espontaneidade dojogo. cabeça dos jogadores?
Onde proposto e da atividade geral (O Quê). 3. Muitos outros jogos são úteis para tornar o espaço Jogadores, vocês atravessaram as mesas?
Exemplo: Ojogador vai para o palco e mostra paraa pla- visível. Vejafogo de Bola, p. 36, Cabo de Guerra, p. 35. Os jogadores integraram ouso dos
téia uma série de prateleiras de livros. Um segundo Os outros jogos do Onde podem ser úteis em estágios objetos com oOnde, Qjtem e OQyê?
jogador entra e coloca-se atrás deumbalcão. Ele co- iniciais dos ensaios quando o cenário ainda não está
D E
meça a carimbar fichas que tira de dentro dos livros. pronto paraserusado pelos atores.
Um terceiro jogador entra, empurra umcarrinho com
livros até uma estante e começa a colocar livros nas
prateleiras. Outros jogadores entram dentro doOnde DARE TOMAR
Disposição dopalco (biblioteca) .
Notas: Outros ambientes para afogo do Onde nO 2: estação Osjogos de Dar eTomar são muito úteis no início dos Atares que vêem ooutro eouvem, em vez
detrem, supermercado, aeroporto, sala de espera de ensaios. Eles são exercícios de ouvir e escutar. de mover os lábios) ou ler subvocalmente as
hospital, cena de rua, praia, sala de aula, galeria de Os atores devem ouvir seus parceiros dejogo e es- falas do outro) decoradas junto com as suas)
arte, restaurante etc. cutar tudo o que eles dizem. Um ator deve olhar e ver ficarão libertos de fizer poses.
tudo o que está acontecendo. Esta é a única maneira
através da qual osjogadores podem jogar juntos. Se os
Compartilhe com a platéia! Jogo do Onde nº 3 atores forem capazes devere ouvir através da persona-
Mostre, não conte! gem o seu parceiro de jogo, seu trabalho serálivre de DareTomar deixa oquadro limpo.
Cada jogador deve entrar em Objetivo: Verificar seos atores fisicalizam o ambiente, tor- representação.
contato com todos os objetos da nar visível o invisível.
planta-baixa! Foco: Mostrar para a platéia o Onde, Quem, e O Quê
Consulte a planta se precisar! através do uso e/ou contato com todos osobjetos no Tomar eDar
Mantenha os objetos no espaço e Onde.
não nasua cabeça! Descrição: Divida em times de dois ou de quatro. Cada Objetivo: Intensificar a comunicação direta entre os joga-
Consulte sua planta-baixa! time combina um Onde, Quem e O Quê e faz um dores.
54 OPRIMEIRO PERÍODO DE ENSAIO O JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 55

Pedro está tomando! Foco: Tomar. Descrição: (Duas mesas, com duas cadeiras cada uma, são Sinta relaxamento no não-
Marco está tomando! Descrição: Quando através dainstrução umjogador passa muito úteis para este exercício.) Divida o grupo em movimento!
está tomando! a tomar o palco todo é alertado. Todos osoutros de- times de quatro. Cada time de quatro subdivide-se Mesa 2! Mesa 1 fica difusa!
Os outros dão! vem Dar! Freqüentemente um dos jogadores não re- em times de dois. Cada subtime (cada um sentado
conhece que ele ou ela está tomando. Tomar pode em umamesa) mantém umaconversa em separado. Parte 2: Dê! Jogue o jogo!
sero mais simples movimento ou o som mais suave! Durante a conversa cada subtime deve ouvir o outro Joguem como umaunidade!
A instrução tomaos jogadores cientes disso. demodo a saber quando dar é quando tomar.
Nota: Usado freqüentemente durante os ensaios, Dar e Parte 1: O diretor anuncia Mesa 7e Mesa 2 até que o Parte 3: Tomar! Tomar! (Até que o
Tomar produz um estado de excitamento no palco jogo se tome claro paraambos os subtimes. Os dois foco mude para tomar. Aplatéia saberá
todo, tanto para os jogadores como paraa platéia. subtimes devem iniciar suas conversas aomesmo tem- quando o foco for mudar.)
po. Quando a Mesa 1for anunciada, o subtime 1fica
difuso. Ficar difuso não é congelar. Osjogadores que Parte 4: Porsua conta agora!
Dar eTomar (Aquecimento) estiverem na mesa fora de foco sustentam a ação, o Dar e tomar!
relacionamento ea conversa silenciosamente emnão- Perceba quando dar!
Sustente seu movimento! Objetivo: Ajudar osjogadores a relacionarem-se uns com movimento, mas permanecem preparados paracon- Perceba quando tomar!
Tomar! os outros. tinuar ativamente quando chegar o momento de to- Jogue ojogo!
Mantenha a fluência do seu Foco: Ver e ouvir. marem o foco novamente.
movimento! Descrição: Os jogadores formam um círculo. Qualquer Parte 2: Quando o ato de passar o foco parao outro
Sustente enquanto umoutro jogador pode iniciar ummovimento. Se algum joga- time estiver compreendido, pede-se aos jogadores
jogador semove! dor estiver se movendo, todos os outros jogadores paracontinuarem suas conversas, dando e tomando
Tomar! devem sustentar (ficar sem fazer movimento). Qual- o foco sem serem instruídos.
Dar! quer jogador pode fazer um movimento a qualquer Parte 3: Continuando dessa maneira, osdois subtimes Subtime A, vocês tiveram problemas
momento, mas deve sustentar, caso outro jogador tentam tomar o foco do outro. O subtime que manti- para saber quando seus parceiros
inicie outro movimento. Ossons podem ser conside- vera atenção da platéia terátomado o foco. queriam dar?
rados movimentos. Parte 4: Os dois subtimes dão e tomam o foco sem Platéia, vocês poderiam dizer quando
Nota: A instrução Sustente! deve ser usada no lugar de qualquer instrução. um dos membros do subtime não queria
Congele! Congelar significa parada total. Sustentar sig- Notas. 1. Os jogadores dos dois subtimes aprendem a dar dar eooutro queria?
nifica esperar parase mover tão logo seja possível. e tomar como sefossem umsógrupo. Isto desenvol- Jogadores, vocês tomaram ofOco na
ve habilidades de enviar e receber num nível não- parte 4 antes que ooutro time tivesse
verbal. dado?
Dar eTOmar 2. Use a instrução Dar e Tomar! em qualquer jogo, Outro time, vocês concordam?
sempre que osjogadores semovimentarem e falarem Platéia, vocês concordam?
Parte 1: Mesa I! Mesa 2 fixa difusa! Objetivo: Entrar num estado de acordo não-verbal com o todos aomesmo tempo, sem ouvirem uns aos outros.
Mantenham o relacionamento parceiro, enquanto em prontidão para atuar com o 3.Veja Duas Cenas, p. 144-147, no livro Improvisação
enquanto ficam difusos! outro time. para o Teatro, no qual está a descrição original do
Não congelem! Foco: Ouvir/escutar junto com o parceiro de jogo para exercício.
saber quando dar e quando tomar.
56 OPRIMEIRO PERÍODO DEENSAIO O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 57

Convergir eRedividir ATIVIDADE DE CENA (MARCAÇÃO)

Dar e Tomar! Objetivo: Ajudar osjogadores a ficar conscientes dofoco. A marcação é essencialmente a coreografia da ativi- Embora seja às vezes necessário dar uma
Quando umtime toma o outro dá! Foco: Dare tomar dos parceiros dejogo. dade decena. Simples como parece, a movimentação dos direção de cena para oater, ela deve ser
Convergir! Descrição: Times dequatro, seis ouoito combinam Onde, atares durante uma peça pode freqüentemente ser peri- traduzida em uma experiência integrada.
Todos ostimes convergem! Quem e O Quê. Então dividem-se em subtimes de gosa. Você sozinho não determina exatarnente onde os Ou sejaJamarcação deve ser uma resposta
Redividir! Novos subtimes! dois, os quais entrarão num nível derelacionamento atares ficam no palco ou como eles entram ou saem. orgânica à vida do palco. Odiálogo que se
Dar e tomar! imediato. A marcação deve facilitar a atividade, enfatizar e in- seguefoi travado com um jogador de dez anos
Convergir! Exemplo: Onde =umafesta; Quem =convidados; O Quê tensificar a preocupação e a ação, fortalecer osrelaciona- de idade:
= comendo, bebendo etc. Durante ojogo, os subtimes mentos e sublinhar os conflitos. Marcação é a integração Por que você andou até ofundo do palco?
dão e tomam o foco como nojogo Dar e TOmar. De do quadro de cena, umacomposição em movimento. "Porque você mandou. J)

tempos em tempos o diretar dá a instrução Convergir! Se oator for constantemente dirigido paraos mecanis- Isso não é mecânico.
e todos os jogadores aproximam-se e se encontram mos da atividade de cena, e não entender que a atividade "Sim. JJ
uma ação comum, porexemplo, pegar comida deuma de cena emerge do envolvimento e da inter-relação, ele Por que você acha que foi instruído para ir
OJtando Osubtime A estava em fOco, B e mesa. Quando o diretor dera instrução Redividir! Os poderá no máximo lembrar das convenções e será, por- ao fundo do palco?
Cusaram meios interessantes de ficarem subtimes devem se dividir e os jogadores continuam tanto, incapaz de semovimentar com naturalidade. "Eu fui para oTom entrar. JJ

difusos? com novos parceiros, novamente usando a técnica Para provar essa teoria, foi feito o seguinte experi- Por que não podia ficar esperando por ele
Osjogadores interagiram ao convergir e de dar e tomar. O diretor deve daras instruções Con- mento com atares com pouca ou nenhuma experiência onde você estava?
redividir com os outros acontecimentos vergir! e Redividir! até que os jogadores voltem aos em teatro e com o mínimo de treinamento em oficinas. "Iiu não era parte da cena que acontecia
de cena? subtimes iniciais. Eles tinham que fazer duas cenas diferentes. nessa hora. Eu tinha queficar fora da cena,
Osjogadores deram etomaram de Notas: 1. Quando for dada a instrução Convergir!, deve Para a primeira cena, os atares receberam os textos mas não podia sair do palco. JJ
maneira aenriquecer oacontecimento resultar umaalteração do grupo todo. É então que a completos, os quais continham asfalas detodos osperso- Oque vocêpodefazerJ ficando onde euâ,
da cena? nova subdivisão ocorre. nagens e todas asrubricas doautor referentes à atividade fora de cena, econtinuando como parte do
2. Para acelerar a compreensão, é recomendado que de cena e marcação. Durante o primeiro ensaio, eles fo- quadro de cena?
seleia paratodos os times o exemplo acima deOnde, ram interrompidos várias vezes pelo diretor para fazer "Eu vou colocar meu foco em ouvir oTom
Quem e O Quê. Todos os jogadores simplesmente marcação. Depois disso, eles tiveram que levar seus tex- entrar.
J)

convergem paraa mesa de refrigerantes que está no tos paracasa e memorizar suas falas.
Onde e se redividem pelo ambiente. Faça todos os Para a segunda cena, os mesmos atares receberam
times usarem o mesmo Onde. apenas asinstruções paraatuar. As deixas deação detex-
3.Quando os jogadores não dão e tomam, isto signi- to dos outros atares era tudo o que eles tinham paratra-
fica que estão acontecendo duas cenas simultanea- balhar. Não havia quaisquer indicações para o trabalho
mente. Quando isto acontecer, durante os ensaios, de palco. Durante o primeiro ensaio eles receberam as
dê a instrução Duas cenas! paraconscientizar osjoga- instruções. Compartilhe oquadro de cena! As falas não fo-
dores. ram levadas paracasa paraserem memorizadas.
4. Veja também os jogos de Espelho e Siga oSeguidor No ensaio seguinte, a diferença foi notável. Durante
nas páginas 38-39 e 126-127. a primeira cena montada com rigidez a partir do exte-
rior, os atares nem enxergavam o palco, nem ouviram
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 59
58 OPRIMEIRO PERÍODO DE ENSAIO

seus parceiros, e lutavam para lembrar as deixas, asfalas LINHAS DEVISÃO PARA UMPALCO OBJETIVO
e as indicações parao trabalho depalco. Eles estavam se
concentrando em lembrar, e o medo de não desempe- É essencial enfatizar o laço visual entre o atol' e a
nhar bem produziu tensões físicas. Seus corpos não se platéia. É necessário adquirir um vocabulário de posi-
movimentavam com liberdade. A atividade de cena des- ções no palco.
ses atares não experientes realizada sob condições im- Faça osatares ficarem emlugares específicos no pal-
postas só pode serrígida e desengonçada - o que geral- co: Centro baixo! Esquerda alta! Direita alta! Centro alto!
mente chamamos amadorismo. Centro! Direita baixa! Mostre a linha devisão entre o atar
Asegunda cena, contudo, embora fosse mais compli- no palco e ummembro da platéia.
cada não perturbou os atares. Concentrados uns nos ou- Para aumentar a consciência de perspectiva, faça os
tros e sem nada paramemorizar, eles sentiram-se livres atores colocarem suas mãos alguns centímetros à frente
para solucionar os problemas que apareceram ou que do rosto e deixe claro que, embora maiores os objetos
foram colocados pelo diretor. Não houve interpretação*, quase desaparecem da visão.
houve apenas o compartilhar da cena com a platéia.
Atares com muitos meses de treinamento em ofici-
nas irão traduzir paraação depalco quaisquer indicações QUADRO DE CENA
dadas pelo autor ou diretar. Porém, o atar inexperiente,
dirigido com rigidez, tendo os movimentos determina- Ojogo Quadro de Cena deve serempregado noinício Evite mattação prematura. Não estabeleça
dos por outra pessoa, não pode descobrir pessoalmente dos primeiros ensaios, como aquecimento. Muitos mo- marcações que não tenham surgido dos ensaios.
as atividades de cena (marcação) necessárias. O medo e mentos interessantes ocorrem no palco quando os joga-
as tensões que fizeram parte dos primeiros ensaios e de dores, na tentativa de compartilhar o quadro de cena Qualquerparte de você éparte do todo.
todas as apresentações subseqüentes são memorizadas devem literalmente colocar os outros em movimento.
junto com as falas e as indicações de palco e tornam-se (Evite orientar osjogadores chamando-os pelo nome.) Se Depois de Quadro de Cena ojogador
parte daquilo que mantém o atar no passado (memo- alguns não estiverem conscientes do quadro de cena, mais resistente (solitário) irá aceitar eentender
rização) aoinvés do presente (processo). outros jogadores devem fazer com que se movimentem. as instruções.
O diretor que envolve os atares com marcações e Se isto não acontecer, então todos os jogadores devem se
inflexões impostas a ponto de estes não poderem mais mover paraum novo quadro de cena ao redor do joga-
caminhar efalar, é omesmo diretor que coloca opeso da dor inconsciente. Esta consciência do outro cria agrupa-
burrice oudafalta detalento nos atares quando estes não mentos que permanecem continuamente vivos.
conseguem funcionar sozinhos. Pode-se lamentar a falta Também é importante demonstrar que quando parte
Jogadores rígidos são, muitas vezes, de habilidade dos atores para soltar os nós que ospren- de você está visível, você está visível. Peça paraos joga-
dem, mas foi o diretar, na realidade, quem os atou. dores esticarem os cabelos, estenderem os calcanhares,
resultado de um diretor rígido.
levantar os braços acima da cabeça. Blocos, plataformas
e rampas são úteis para ajudar a encontrar quadros de
cena interessantes e diferentes.
Aprofundidade visual que é revelada nojogo Qyadro
* Interpretação é diferente de desempenho. (N. da T.) de Cena, alcançada espontaneamente pelo reconhecimento
60 OPRIMEIRO PERÍODO DEENSAIO O JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 61

oatar, como ágiljogador de bola, sempre do fenômeno pelo atar, produz um quadro de cena ex- fere um Onde/Quem/O Quê a partir das posições
alerta para onde abola vai cair, move-se pelo traordinariamente vivo e cheio de excitamento. Numa dos jogadores no palco.
palco consciente tanto dos seus parceiros atares, produção de Um Canto de Inverno deShakespeare, dirigida 4. Experimente este jogo com plataformas e rampas.
quanto das personagens epapéis jogados com por Andrew Harmon, fez-se o jogo º"uadro de Cena nos
total envolvimento de palco. Ela ou ele étão ensaios. Um crítico comentou..."todos os atares perma-
sensível à marcação que oquadro de cena se necem no palco - como multidão, como uma platéia, ATIVIDADE DE PALCO
mantém interessante eas linhas de visão claras como habitantes do lugar, e mesmo com tempestade -
em todos os momentos do jogo. numa série simples mas eficiente de composições em O diretor ou atar mais habilidoso nem sempre en- Jogar irá gerar muito mais atividade do que
contra intelectualmente uma atividade de palco interes- muitas horas de trabalho solitário com otexto.
constante transformação".
sante. Ela deve ser freqüentemente estimulada quando
nem o atar nem o texto ajudarem. Algumas vezes você
OJtadro de Cena receberá inspiração dos atares no momento em que for
necessário e irá espontaneamente selecionar o que é ade-
Objetivo: Reconhecer que qualquer parte de você é você quado para o atar ~ paraa cena.
Quadro de cena!
Tanto o diretor como o atar devem entender que a
Continua! todo.
atividade de palco não é apenas uma atividade aleatória
Quadro de cena! Foco: Nacriação do grupo.
para manter os atares ocupados. Assim como a marca-
Continua!... Descrição: Osjogadores aproximam-se, afastam-se e mo-
ção, eladeve serintegrada, viva e alegre. Dê a instrução
vimentam-se uns ao redor dos outros. Quando você
Ajude seu parceiro que não está jogando!
der a instrução Qyadro de Cena! os jogadores devem
instantaneamente sustentar. Se alguma parte de um
jogador ou de todos osjogadores não estiver visível
Variante 1: Quadro de cena! SEGURA ISSO!
para a platéia, continue orientando Qyadro de Cena.
Quadro de cena! Osjogadores instantaneamente se tornarão visíveis.
Quadro de cena!... Durante osensaios, quando surge alguma coisa per-
Alguns irão se ajoelhar, outros levantarão osbraços, feita para a cena, a emoção ou o personagem, usar a
os cotovelos irão aparecer. O resultado desse jogo são instrução Segura isso! no momento em que o movimen-
formações muito interessantes e aleatórias. to, o gesto ou o som apareceram, é valioso para o atar,
Variante 2:(Nome dojogador)
Variações: 1. Quadro de cena em movimento: o grupo particularmente quando ocorrer um momento intensi-
Sustente!
permanece em constante movimento, mantendo-se ficado.
(Nome de outro jogador)
Sustente! visível o tempo todo. Euestava dirigindo umapeçadeumato ambientada
2. Osjogadores aproximam-se e afastam-se uns dos numa pequena cidade mineira no início do século XIX.
outros. O orientador chama umjogador pelo nome. Uma mãe sentada à mesa da cozinha fala do seu medo
Todos os outros jogadores devem seguir este jogador pelo único homem da família que restou. Os outros - o
Platéia, como vocês chegaram a essas
até que seja dada ainstrução Sustente! Repita isso com marido e umoutro filho - morreram em minas inseguras
conclusões?
outros jogadores. dirigidas por empresários inescrupulosos. Um apito soa.
jogadores, qual a relação que existe
entre sua consciência do quadro de cena 3. Dois times, um observa. Quando cada quadro de O medo toma conta damãe. Umvizinho entra correndo,
cena for sustentado, o time que estiver na platéia in- trazendo a notícia. Ficamos sabendo que seu último filho
eaquilo que aplatéia viu?
62 OPRIMEIRO PERÍODO DE ENSAIO

tomou-se mais uma trágica vítima. Toda sua família foi 4. O SEGUNDO PERÍODO DE ENSAIO
sacrificada. Em nossa produção, a mãe aoreceber a notí-
cia não parecia agonizada o suficiente. No ensaio seguin-
te subi aopalco sem ser notada.
Na hora de receber a notícia, dei um forte soco nas
Não é recomendável que·o diretor cause dor
costas damãe. Elagritou pelo ataque de surpresa e pela
física nos atores. No entanto, um inspirado
dor de perder o último filho.
choque ocasionalpode produzir um momento
Segura isso.'
muito vivo.
Ela segurou. Em todos osespetáculos seguintes. Dor
física - dor emocional- os gritos são diferentes?

Este é o período de escavação. Namedida em que o


atar vai desenvolvendo ações através dos exercícios ou
na leitura do texto, o diretor pode tomá-las, aumentá-las
e acrescentar algo, caso seja necessário. Neste ponto do
processo a peça está mais oumenos marcada e todos es-
tão completamente livres das falas. As relações e ospa-
péis estão claros. Durante este período é necessário esta-
belecer e manter o tom adequado paraosensaios. Todas
as sugestões que seguem poderão ajudar:
1. Este deve ser o início da autodisciplina. É proibido
fofocar nas coxias e no teatro.
2. Se a base foi bem sedimentada, você - na qualidade
de parceiro dejogo - vai direto à ação de palco sem
correr o risco de se intrometer na vida do atar ou de
produzir uma qualidade de cena estática ou morta.
Você pode persuadir, gritar, exigir e estabelecer os
passos exatos a serem seguidos, sem criar ansiedades
oubloquear a espontaneidade. Não haverá perigo de
dificultar o trabalho de palco dos atares.
3. Alguns jogos usados anteriormente podem serrepe-
tidos aqui se necessário. Blablação, P: 76-77; Cãmera
lenta, p. 45; Explorar eIntensificar, p. 69 e Começo e
Fim, p. 67 são muito valiosos paraescavar mais ativi-
dade de cena.
64 OSEGUNDO PERÍODO DE ENSAIO
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 65

4. Seu nível de energia (do diretor) deve ser alto e evi- motivo? O elenco e o diretor estão trilhando o mes-
dente paraos atares. mo caminho?
5. Observe os sinais que indicam que seu elenco está 15. Os atas finais parecem caminhar sozinhos. Dêmaior
criando bolor e corrija-os rapidamente. Mantenha seu atenção e faça mais ensaios localizados para os atas
elenco em movimento, interagindo, transformando. anteriores. Se os relacionamentos e as personagens
6. Trabalhe para que haja uma caracterização mais in- estiverem bem estabelecidos, o último ato precisará
tensificada. É importante mencionar as nuances de apenas da solução da peça.
marcação e atividade. 16. Algumas cenas precisam ser repetidas centenas de
7. Faça ensaios localizados durante todo esse período. vezes para que sejam perfeitamente polidas. Outras
Repasse umacena várias vezes. Use o jogo Começo e precisam de muito pouco trabalho além dos ensaios
Fim, p. 67 e Fazendo Sombra, p. 103. normais. Uma cena que tenha efeitos especiais não
8. Se o elenco todo só pode sereunir três vezes por se- deve parecer mal feita no espetáculo, mesmo que isso
mana, o diretor deve trabalhar com ensaios localiza- signifique horas de trabalho.
dos nos dias em que o elenco não estiver completo. 17. Este pode serumperíodo detentativa ouumperíodo
9. O diretor deve começar a construir as cenas umaapós divertido para todos. O trabalho intenso poderá ser
a outra. Cada cena tem seu próprio começo e fim, divertido na medida em que o elenco e o diretor ca-
mas cada uma deve serconstruída sobre a cena ante- minharem para dentro do texto e de simesmos.
rior. Elas são umasérie de degraus - cada um mais
alto do que o anterior - que levam para o clímax da
peça. o ENSAIO RELAXADO
10. Durante este período trabalhe sempre que possível
ao ar livre. A necessidade de vencer as distrações O ensaio relaxado dáperspectiva aos jogadores. Você
exteriores amadurece os atares. deve esperar até que todos estejam livres das falas (do
11. Faça os jogadores ensaiarem descalços e deshorts (se texto).
o clima permitir). Você poderá então observar os mo- Osjogadores deitam-se no chão com os olhos fecha-
vimentos do corpo todo (particularmente dos pés) e dos e respiram acentuando a expiração. Caminhe pela Dê asinstruções: T!eja oteto! veja ochão!
dizer rapidamente se um atar está simplesmente di- sala levantando o pé de umjogador ou a mão de outro As paredes! Veja oque está do lado de fora das
zendo as palavras oufisicalizando a situação nopalco. para certificar-se de que o relaxamento muscular é com- janelas!
12. Além de observar os atares, ouça-os. Dêas costas para pleto.
o palco e concentre-se no diálogo apenas, tomando Os jogadores então dizem suas falas com os olhos
notas das leituras superficiais, fala descuidada etc. fechados, continuando a focalizar a visualização do pal-
13. Você não deve permitir que a urgência faça você pa- co, os outros e si mesmos em cenas.
rar os primeiros ensaios corridos. Tome notada ação As vozes dos atares tornam-se calmas, e quase sono-
que pode ser repetida várias vezes. Lembre-se, há lentas. Apesar do trabalho anterior, sempre aparecem
muito tempo. velhos padrões de leitura e ansiedades. Contudo, o en-
14. Se os atores parecem estar trabalhando em disputa saio relaxado usado junto com a visualização do palco
com você, é aconselhável verificar o motivo. Há um geralmente libera as tensões e as preocupações dos jo-
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 67
66 OSEGUNDO PERÍODO DE ENSAIO

gadores sobre os mecanismos de suas ações, suas falas, No exemplo acima citado, a realidade da cena histó-
suas deixas, seus movimentos etc. rica teve que ser moldada na estrutura da peça, mas a Ao ajudar os atares a (~er as palavras e'a
JJ

Dêasinstruções calmamente: intensidade nunca se perdeu. A platéia ficou emociona-


Calmamente lembre os atores que não devem balbu- conseguz'r umfoco para acena, as
Movimento.' ~ja seu parceiro de jogo.' V~.ia asi dapela força das cenas e causou grande espanto o fato de
ciar as falas dos outros, mas ouvir emanter o foco emver improvisações gerais sempre dão aos atares um
mesmo.' Atenção para as cores.' Víja oespaço que "simples crianças" pudessem representar tão sur-
o palco com os olhos fechados. insight que vai além das palavras do texto.
que existe entre vocês.' - ouqualquer outra preendentemente.
Osjogadores continuarão a dizer suas falas. Esta ins-
instrução adequada. Os jogos que seguem são úteis para improvisações
trução irá ajudar os jogadores a ver opalco em sua di-
sobre um texto.
mensão total, as cores, os movimentos etc. Todos ficarão
hiperconscientes de tudo o que acontece.
Se for preparado e trabalhado adequadamente, o en-
saio relaxado será muito agradável e proveitoso. O tra- Começo eFim com Objetos
balho de palco será intensificado e os últimos vestígios
de ansiedade geralmente desaparecerão. Objetivo: Auxiliar osjogadores a distinguir uma aparição Dê mais força no "Começo!"
(ahhh!) como sendo umacoisa distinta de umato de Mais detalhe!
mímica. Mais energia no "Fim!"
IMPROVISAÇÕES GERAIS SOBRE A PEÇA
Foco: Num objeto. Quebre mais a ação!
Descrição: Neste exercício de três partes, um único joga- Diga com mais energia!
Aimprovisação geral será degrande valia quando se dor escolhe um objeto pequeno. Por exemplo, uma
barra de chocolate.
tornar necessário instigar os atores além dotexto e preci-
sarosrelacionamentos. As improvisações gerais não pa- Parte 1: Ojogador realiza uma atividade simples com
recem terqualquer relação direta com a peçaescrita. Elas o objeto. Por exemplo: desembrulhando, mordendo,
comendo.
são usadas paradaraos jogadores insight emrelação aos
personagens que estão fazendo. Parte 2: Ojogador então repete a atividade, desta vez
Numa produção de As Roupas Novas do Imperador, dizendo "Começo!" cada vez que estabelecer um novo
numa versão escrita por Charlotte Chorpening, criou-se contato com o objeto e "Fim!" quando cada detalhe
um grande problema paraestabelecer o relacionamento estiver completado. (Veja exemplo abaixo.)
entre o ministro vilão, intimidador e trapaceiro, e os te- Parte 3: Finalmente, ojogador repete aatividade como
celões sofredores. Para solucionar o problema, parou-se na Parte 1 o mais rápido possível, sem dizer "Come-
o ensaio e fez-se umaimprovisação geral. Nela, os tece- ço!" ou "Fim!". Inicie a série novamente.
Iões fizeram o papel dos moradores deuma vila durante Notas. 1. Se aParte 2for feita por completo, cada detalhe será
a Segunda Guerra Mundial. O ministro e sua comitiva como um quadro numa tira de um filme de cinema.
fizeram opapel dos soldados nazistas. Osnazistas invadi- 2.Oriente osjogadores para fazerem o "começo" e o
ram a vila, aquartelaram-se, estabeleceram a autoridade "fim" com maiores explosões de energia.
e usaram a violência física contra aqueles que protesta- 3. A Parte 3 será muito mais clara e precisa do que a
ram. Os habitantes do lugar choraram, lutaram e grita- Parte 1, emprimeiro lugar porcausa dodetalhe cria-
ram emvão. Todas as emoções necessárias para a peça
do pe1o "começo " e "fím" un, e emsegundoo lugar por-
Uma vez conseguida aqualidade necessária
emergiram e foram intensificadas. Não foi mais necessá- que os jogadores não têm tempo de lembrar desses
para uma cena) ela permanece (com raras
rio ensaiar esses relacionamentos. detalhes. Há contato imediato com o objeto.
exceções).
68 OSEGUNDO PERÍODO DEENSAIO O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 69

Jogadores, qual das partes (primeira ou Exemplo da Parte 2: Jogador toca a barra de chocolate: Explorar eIntensificar
terceira) trouxe mais oobjeto para o "Começo!" Segura o chocolate: "Fim!"
espaço? Começa a rasgar o papel: "Começo!" Objetivo: Abrir as portas paranovas descobertas. Explore essa idéia!
Platéia, vocês concordam? Rasga o pape:I "F'un:I" Foco: Estar aberto paraexplorar, intensificar e expandir o Intensifique esse sentimento!
Começa a amassar o papel: "Começo!" jogo de cena. Expanda esse gesto!
Amassa o pape:I "F'nn:I" Descrição: Times de dois ou mais jogadores estabelecem Explore esse som! Esse objeto!
Está pronto parajogar fora o papel: "Começo!" umOnde, Quem e O Quêe realizam o evento (cena) Esse pensamento!
Jogafora o papel: "Fim!" alertas àsinstruções do diretor. Intensifique-o!
Etc. Notas: 1. Explora eintensifique! pode serusado corno instru-
ção durante todo o período de ensaios. Essa instrução
propicia apoio, aumenta o nível de energia e vence a Jogadores) aconteceu alguma coisa
liér aPalavra tendência a interpretar ouinventar, o que leva a cena quando vocês receberam a instrução
para o brejo. para explorar eintensificar?
Objetivo: Estimular as percepções sensoriais. 2. O diretor deve estar inteiramente atento observan- Jogadores) a instrução veio apartir do
Foco na cor!
Foco: No evento a sernarrado. do e ouvindo os sons, os movimentos, as idéias, as que estava acontecendo, ou foi imposta?
Nos sons!
Descrição: Umjogador. O jogador vaiparao palco e des- pausas etc., que normalmente passariam despercebi-
No tempo!
creve uma experiência real, como umaviagem, um das. O gesto mais simples é passível de ser explora-
Nas pessoas! Nos cheiros!
jogo de futebol, uma visita a alguém. O jogador dev; do, alertando a todos para as possibilidades de vida
Veja você mesmo em cena!
manter o foco (no evento) durante as instruções. E de palco cheia de inspiração.
muito importante continuar a narração enquanto se
recebe asinstruções.
Notas: 1. Namedida em que umapercepção maior é des- RISO NO ENSAIO
pertada, observe quando o jogador começa a aban-
donar a palavra e começa a relacionar-se com a cena. Durante o segundo período de ensaios os atares ge- Coloque oriso incontrolável eoriso
Avoz que narra fica natural, o corpo relaxa e aspala- ralmente estão bastante livres das tensões iniciais. Os espirituoso nos seus devidos lugares.
vras fluem. Quando um jogador não está mais de- aspectos sociais do ensaio são importantes, as ativida-
pendente das palavras, mas focalizado no ambiente des de cena estão funcionando, e todos começam a se
emque entrou, todas asartificialidades e a fala afeta- divertir mais. O divertimento, contudo, deve ser enten-
da desaparecem. Um acontecimento passado torna- dido como o prazer de trabalhar na peçae com os ou-
seurna experiência do tempo presente. tros jogadores.
l!ocê sentiu esta cena como sendo real? 2. Este exercício é muito útil parao atar que tem lon- O riso quando moderado e agradável, é útil. Namaio-
VOcê se sentiu de mãos dadas com o gas falas e auxilia muito a utilizar as palavras emuma ria dos casos denota ruptura. Ajudará, e não impedirá o
narrador durante a viagem? dimensão maior. trabalho. Quando o riso tem elementos dehisteria, ele é
destrutivo e deve ser cuidadosamente trabalhado. Você
irá, com o tempo, ouvir um riso e saberá dizer o que
significa. Isto acontece com umamãe que é capaz deiden-
tificar cada grito ou choro de seu filho.
70 OSEGUNDO PERÍODO DE ENSAIO
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 77

oriso histérico éum sinal de medo. Às vezes, quando o riso aparece entre o elenco num grupo impede o crescimento no exato momento emque
ensaio, libere-o juntando-se aogrupo. Por outro lado, se deveria desabrochar.
o riso for incontrolável, reconheça aíum sinal deperigo. Para ogrupo interessado nodesenvolvimento deuma
Pare a cena e faça alguma outra coisa. Vá para algum companhia de repertório, o amadurecimento que acon-
outro jogo.: tece durante osespetáculos é extremamente valioso. Mas,
Tanto osatares jovens como aqueles já mais velhos e com todos osproblemas de tempo para ensaiar, dificul-
experientes poderão dizer "Ele mefaz rir!" Porém é im- dades técnicas e mecânicas que a maioria dos grupos
. Iar que "eI"
portante assma e ou "I" e a nunca os fazem
azem rinr. amadores enfrenta, há muito poucas oportunidades para
oriso às vezes é um meio de desviar, sair A causa do problema é a falta defoco. o grupo obter insights sobre a peça e atingir o amadureci-
do foco. Qualquer que seja a causa, o riso é energia, e osjoga- mento desejado.
dores podem aprender que o seu impacto físico pode ser As sugestões que seguem podem proporcionar um Nenhum diretor deve esperar obterjogadores
canalizado paraoutras emoções. melhor acabamento aos desníveis e aparar muitas arestas. amadurecidos num curto espaço de tempo.
Dê a instrução: Utilize seu riso'! Os jogadores irão certa-
1. Planeje um período longo paraos ensaios.
mente reagir. O riso pode ser rapidamente transformado em
2. Use osjogos teatrais durante os ensaios.
lágrimas, acesso de raiva, riso falso e outras ações físicas.
3. Não permita que osjogadores levem suas falas para
casa muito cedo.
4. Use o quadro de cena sempre que possível.
AMADURECENDO OSJOGADORES
5. Crie umaatmosfera agradável e livre de tensões du-
rante os ensaios.
Falamos dejogadores "amadurecidos" quando esta-
6. Traga peças defigurinos e adereços no início dos en-
belecem umbom relacionamento com o seu papel, com
saios.
a peça, com o cenário, com a platéia e com osparceiros
7. Trabalhe para que os jogadores enfrentem toda as
dejogo 1. Eles têm movimentos fáceis, fluência na fala e,
crises (momentos de desequilíbrio) e se adaptem a
acima de tudo, sentido de tempo.
mudanças repentinas.
Uma das fraquezas mais comuns do teatro leigo é o
8. Destrua a dependência das palavras.
nível de atuação desengonçado e tosco apresentado por
9. Faça um ensaio corrido do espetáculo umavez por
muitos deseus atares. Se, por um lado, muita dessa rus-
semana durante o segundo período de ensaios.
ticidade pode ser atribuída ao treinamento e experiên-
10. Programe o maior número de espetáculos possível.
ciainadequados; por outro, muitos outros fatores estão
Faça espetáculos para platéias muito diferentes enuma
envolvidos.
variedade delugares.
Parar oprocesso pára oamadurecimento. Com que freqüência a maioria dos atares está nopal-
co? O seu trabalho, namaioria dos casos, é dirigido para
uma única apresentação, e passado esse momento a ex-
O ENSAIO CORRIDO SEM PARADAS
periência termina. Esta quebra abrupta na expressão do
O ensaio corrido sem paradas é muito útil parao di-
1.Veja notas sobre Quadro deCena e osjogos que acompanham nas retor que tem umtempo de ensaio muito limitado. Ele é
páginas 59-60.
simplesmente umapassada completa dapeça sem paradas
5. AFINAÇÕES

À medida em queos ensaios prosseguem, surgem al-


guns problemas que necessitam ser diagnosticados e so-
lucionados. Osjogos queseguem têmcomo objetivo en-
riquecer a sua produção.

ALEITURA DAS FALAS COM NATURALIDADE

O atar sempre tem medo daspalavras, especialmen- Na luta para pronunciar as palavras
te a criança cuja ansiedade nasce de experiências passa- "anmamenu", odesconforto está sempre em
das desagradáveis comleitura. A falta dehabilidade para primeiro plano.
ler naturalmente as falas se evidencia no jogador inex-
periente, quando asfalas setransformam empalavras em
lugar de diálogo.
O primeiro passo para ajudar osjogadores a perder
esta preocupação com as falas é deixá-los preocupados
com alguma outracoisa', Dê umjogo teatral que remova
a preocupação com as palavras e solucione o problema Evite referências diretas à causa da
para eles". ansiedade.
Blablação, movimento estendido, movimento dança-
do, diálogo cantado, cantatae o aquecimento damemori-

1. Veja Vogais e Consoantes, p. 44.


2.Substância do Espaço, p.94; Caminhadas no Espaço, p. 134-136; e Can-
tata, p. 82.
76 AFINAÇÕES T
i
°JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 77

zação de falas são todos destinados a ajudar o jogador téia seja realmente vista. "Anunciar" tal como é feito oque estava sendo vendido ou
neste sentido. Os jogadores devem sentir que as falas nas feiras livres, requer contato direto com osoutros. demonstrado?
nascem de ação dinâmica e envolvimento. Paraaqueles 2. Tanto a platéia como o jogador percebem a dife- Houve variedade na Blahlação?
jogadores que lêem com hesitação, dêblablação oufalas rença quando oolhar fixo se transforma emver. Quan- Osjogadores nos viram na platéia ou
improvisadas até que os relacionamentos sejam formados. doisso acontece, aparece no trabalho uinaprofundi- olharam fixamente?
Blablação exige resposta corporal total paraestabele- dade maior, uma certa quietude. Houve uma diferença entre vender e
Uma cena que não pode ser realizada em 3.Permita que um jogador cronometre o tempo e in- anunciar?
cera comunicação. Ela fornece jogos excelentes parase-
blablação é uma cena sem interação entre os forme quando otempo dejogo está nametade equan-
rem usados durante ostrês períodos deensaios. A Blobla-
jogadores. Acomunicação teatral não pode ser do ojogo está no fim.
ção (encarando) abre osjogadores rapidamente e ajuda o
feita por meio de palavras; oator deve mostrar
diretor a ver as potencialidades individuais dentro do
de verdade.
grupo. Elafisicaliza osrelacionamentos e envolvimentos,
tem valor extraordinário para desenvolver marcação e Blablação/Portugués
atividade de cena espontâneas e dá muitas pistas para o
procedimento do diretor.
Objetivo: Criar o momento de desequilíbrio. Blablação!
Num experimento com uma peça deumato que teve Foco: Na comunicação. Português!
OJlando empregado logo no início do Descrição: Times de dois outrês jogadores e uminstrutor. Blablação!
apenas oito horas deensaio (utilizando atores que tinham
período de ensaios) aBlablação produz uma Osjogadores escolhem ou aceitam um assunto para Português!
formação limitada), a Blablação foi utilizada quatro vezes
aceleração considerável em todos os aspectos da conversar. Quando a conversa se tornar fluente em
consumindo duas horas e meia ou um quarto do tempo
produção. total de ensaio. A apresentação daí resultante teve uma português, dê a instrução Blablação', e osjogadores
vitalidade incomum e o elenco trabalhou a peça tão à devem mudar paraa blablação até que sejam instruí-
vontade que pareceram atores experientes. dos a retomar a conversa em português. A conversa
Quando utilizar a Blablação durante os ensaios, cha- deve fluir normalmente e avançar no que serefere ao
meosjogadores que não trabalharam com Blablação nas sentido.
oficinas de treinamento. Notas: 1. Blablação/Português é ideal para desenvolver a
habilidade paradare receber instrução paratodas as
faixas etárias. Quando ojogo estiver entendido, divi-
Blablação: Vender da o elenco em times de três. Muitos times podem
jogar simultaneamente, cada umcom o seu instrutor.
Objetivo: Sentir o impacto de umaplatéia. Dê a todos os membros do time a oportunidade de
Venda diretamente para nós!
Foco: Nacomunicação parauma platéia. serinstrutor pelo meno~ uma vez.
Olhe para nós! 2. Com relação à instrução, se a blablação se tomar
Compartilhe a suaBlablação! Descrição: Um jogador, falando em blablação, vende ou
demonstra alguma coisa para a platéia. Permita um penosa paraqualquer jogador, mude imediatamente
Agora anuncie! parao Português durante algum tempo. Isto ajuda o
Anuncie para nós! oudois minutos contados no relógio para cada joga-
dorrealizar o seu jogo. jogador que está resistindo aoproblema. A conversa fluiu eteve continuidade?
Notas: 1. Insista em contato direto. Se osjogadores fitam 3.O momento demudança deve acontecer quando os A comunicação sempre foi mantida?
a platéia ou olham por sobre as cabeças, peçapara jogadores estiverem desatentos, nomeio deumpensa- Jogadores, vocês concordam?
que anunciem/vendam o seu produto até que a pla- mento oudeuma frase. No momento dedesequilíbrio,
78 AFINAÇÕES o JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 79

afonte denovos insights - ointuitivo - pode seraberta. dade se toma evidente, é seguro deixar que levem suas
Aquilo que estava oculto vem resgatá-lo. falas para casa. Quando os atores estão integrados e se
4. A Blablação pode ser usada em combinação com relacionam com todos os aspectos da comunicação tea- Experimente tirar os textos das mãos do
inúmeros outros jogos', tral, todos estão prontos paramemorizar - defato, paraa ator durante os enscio: Surpresa! - eles
maioria, '0 tràbalho já foi feito. Você irá descobrir que saberão suas falas!
tudo o que precisa fazer é passar por esta ou aquela fala
MEMORIZAÇÃO mais difícil.'
Se o trab~lho debase foi realizado corretamente você
Nos grupos de teatro geralmente a memorização das provavelmente encontrará todos os atores livres de suas
falas é considerada o fator mais importante e o único ao falas antes do início do segundo período de ensaios. Este
trabalhar umpapel. Narealidade é apenas umdos muitos método é especialmente válido paracrianças, paraquem
fatores e deve sertratado com cuidado para evitar que se o medo de ler e não ser capaz de memorizar suas falas
tome umsério obstáculo no qual o ator pode tropeçar. muitas vezes se torna um sério obstáculo, fazendo com
É importante lembrar que odiálogo nasce Não permita que os atores levem osseus textos para que muitas delas não se desenvolvam como atores. Veja
do envolvimento edo relacionamento entre os casa durante osensaios iniciais. Isto pode serperturbador Ensaio Corrido Especial, p. 106.
jogadores. paraosatores, pois muitos acreditam que a memorização
das falas deve serfeita imediatamente e tirado do cami-
nhoparaque a direção real possa ter início. No entanto, TEMPO
a memorização prematura criapadrões rígidos dediscur-
soe maneirismos que são difíceis (e àsvezes impossíveis) Tempo é percepção, sensação. É umaresposta orgâ- Percepção de tempo é ahabilidade para
de remover. nica que não pode serensinada por meio de preleções. manipular os múltiplos estímulos que ocorrem
Lembre-se que alguém pode estar esperando ojoga- Ojogador não pode desenvolver a percepção dotem- dentro de um ambiente. É oanfitriãO que entra
otempo entre os ensaios é um período de
dor em casa para "ajudar". Que amigo bem-intenciona- po intelectualmente já que esta é umahabilidade que só em harmonia com as necessidades individuais
~ecantação. Deixe-o repousar tranqüilamente.
doouparente pode resistir à tentação de encontrar a ma- podeser aprendida por meio da experiência, por meio de muitos hóspedes. É ocozinheiro colocando
neira "certa" parao ator? da in~uição. É por isso que a marcação rígida e a obe- uma pitada disto euma sa~icada daquilo no
Memorizar as falas muito cedo traz muitas ansieda- diência mecânica à direção nãofuncionam. ensopado. São as crianças que ao jogarem,
des; o medo de esquecê-las é grande. Estas ansiedades Acredita-se que apenas osjogadores mais experien- estão alertas umas às outras eao ambiente à
lançam umasombra sobre cada apresentação. tes possuem percepção detempo. No entanto, sepor"ex- sua volta.
Osjogadores podem se sentir bastante preocupados periente" entendemos aquele jogador que tem consciên-
quando não lhes é permitido levar seus textos para casa cia de si mesmo e habilidade para entrar em harmonia
Todos os elementos da produção devem ser durante os ensaios iniciais, pois mesmo os mais jovens já com a cena, com os outros jogadores e com a platéia, Quando osjogadores percebem que ojogo se
aprendidos simultânea eorganicamente. associaram fazer umpapel com decorar palavras (memo- então todo jogador pode desenvolver um certo grau de arrasta, as deixas são esquecidas eaação de
rizar). Você deve tranqüilizá-los. percepção detempo. Experimente os estímulos múltiplos cena não é viva, apercepção de tempo acaba.
É durante osensaios que osatares selivram das pala- dojogo Conversa em Iiês; a seguir.
vras que estão tentando memorizar. Quando esta liber-

3.Veja Spolin, Improvisação para oTeatro, P:110-111, 204.



·~-

~'

80 AFINAÇÕES
o JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 81
I
Conversa em Três CaNTATa

Fale e ouça ao mesmo tempo! Objetivo: Desenvolver o estado dealerta paraas múltiplas Às vezes assistimos peças onde os atares permane- ocantata pode serfeito através do toque
Não tenha pressa! informações que surgem. cem em suas pequenas áreas - com medo de tocar, olhar físico direto, da troca de adereços de cena ou do
Não faça perguntas! Foco: Para o jogador do centro, manter duas conversas diretamente ououvir umaooutro. Cantatas estreitos entre fico no olhar.
Não peça informações! simultâneas; para os jogadores das extremidades, os jogadores, quando um braço realmente segura outro
manter uma única conversa apenas com o jogador braço ou um olho olha bem dentro de outro olho, tor-
do centro. nam o espetáculo mais vivo e mais sólido. A platéia é
Descrição: Três jogadores sentados. Um jogador (A) é o capaz desentir quando o cantata verdadeiro foi estabele-
centro, osoutros (B e C) são as extremidades. cido. E o diretor deve darinstrução nesse sentido aolon- Use algum tempo para realizar uma das
(B) extremidade (A) centro (C) extremidade go dos ensaios. cenas da peça como um exercício de contato.
Cada jogador da extremida.de escolhe umtema e en- O Cantata pode intensificar cenas altamente dramáti-
volve ojoga.dor do centro emumaconversa como se cas. Aqui os atares não podem seevadir através dediálo-
o jogador da outra extremidade não existisse. O jo- gos e personagens, mas sim estar presentes e serem vis-
gador do centro deve conversar com ambas as extre- tos. Isto força todos os atares a fazer escolhas mais sutis
midades, sendo fluente em ambas as conversas (res- de movimentação de cena.
pondendo einiciando quando necessário) sem excluir
nenhum dos dois jogadores das extremidades. Com
efeito, ojogador docentro mantém umaconversa com Contato Através dos Olhos nJl 1
dois assuntos. Os jogadores das extremidades con-
versam apenas com ojogador do centro. Objetivo: Fazer com que os jogadores vejam uns aos ou- Veja!
Notas: 1. Faça rodízio com os jogadores, dando a instru- tros.
ção Próximo! novos jogadores, um de cada vez, levan- Foco: Em estabelecer cantata direto através dos olhos com
Os jogadores evitaram fazer perguntas?
tam e sentam-se emumadas extremidades, empur- outros jogadores e dirigir a visão parao adereço ou
Djogador Aparou de ouvir um dos
rando o jogador que ali estava para o centro, o do área de cena à qual sefaz referência.
jogadores enquanto estava falando com
centro para a extremidade oposta, e o jogador que Descrição: Dois oumais jogadores. Onde, Quem e O Quê
ooutro? Os jogadores das extremidades
estava na extremidade oposta parafora dojogo. são estabelecidos.
entraram na conversa um do outro? O
2. O jogador do centro não responde apenas, mas Exemplo: Maria entra no quarto paravisitar João. João:
jogador do centro também deu início à
também inicia a conversa. "Oi, Maria." (Cantata através dos olhos com Maria.)
conversa? 3. Onde, Quem e O Quê podem seracrescentados. "Não quer entrar?" (Cantata através dos olhos com o
4. Evite perguntas que criam duas conversas separa- quarto.) Maria: "Oi,João." (Cantata através dos olhos
das em lugar de duas conversas simultâneas. comJoão.) "Aqui está o livro que eudisse que ia tra-
zer." (Cantata através dos olhos diretamente com o
livro.) "Você ainda vai querer?" (Cantata através dos
olhos comJoão.) Eles solucionaram oproblema?
Nota: Para obter a energia intensificada ou foco suple- Houve foco suplementar (energia) no
mentar, sugira que seus olhos dêem um dose, como se momento do contato através do olhar?
82 AFINAÇÕES o JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 83

fosse uma câmera de TV. Fazer isto no momento do tizando relacionamentos, movimentos corporais e oenvolvimento entre os jogadores foi
cantata ébom, embora possa parecer exagerado. Com substância do espaço. maior por causa do cantata?
o tempo os atares irão aprender a integrar sutilmente 2.Se osjogadores não deixarem que o Foco trabalhe Houve variedade no cantata?
o contato através dos olhos no seu trabalho. por eles, eles irão recair em improvisações irrele- Ocantata surgiu do OJtem ou ele foi
O complexo jogo do Cantata representa um dramáti- vantes, irão cutucar uns aos outros, em vez de fazer mecânico?
co ponto de mudança para muitos atares. Devido à cantata verdadeiro, e como resultado teremos a in- jogadores, vocês mantiveram ofoco
necessidade de cantata físico, este jogo desenvolve venção de atividade inútil. Utilize as instruções das quando fizeram contato, ou vocês
umacomunicação mais íntima e um relacionamento partes 2, 3 e 4 quando osjogadores menos espera- estavam preocupados apenas com a
mais profundo com os parceiros. rem, paravariar o cantata. atividade eacena?
3. Sugira que osjogadores façam cantata não verbal
com ummembro desua família ouamigo sem deixar
Contato que o outro saiba. Discuta as várias respostas que os
jogadores receberam. .
Parte 1: Contato! (Todas as vezes em Objetivo: Forçar todos os jogadores a confiar diretamente 4. Cantata é discutido com muito mais detalhes no
que ojogador falar sem tocar.) nos seus recursos interiores. Darvariedade à ativida- livro Improvisação para» Ieatro, p. 16·5-169....
Varie o contato! de de cena. Ajudar.os jogadores a vere serem vistos.
Fique em silêncio se não puder Foco: Fazer cantata físico direto a cada nova frase oupen-
estabelecer o contato! samento no diálogo, CaNTATa COMA PLATÉIA'
Utilize toda a área de jogo! Descrição: Dois ou mais jogadores estabelecem Onde,
Jogue o jogo! Quem e O Quê. Cada jogador deve fazer cantata fí- Compreender o papel daplatéia deve se tomar uma Aplatéia é muit~ vezes vista como um
sico direto (tocar) o seu parceiro cada vez que uma parte concreta do trabalho de teatro. Namaioria das ve- bando de Irespiadores}} aserem tolerados pelos
Parte 2: Não faça contato duas vezes nova frase ou pensamento é introduzido. A cada zes elaé tristemente ignorada. Tempo e preocupação são atores epelo diretor, ou como um monstro de
no mesmo lugar! mudança do diálogo deve serfeito um cantata físico dispendidos com o atar, cenógrafo, diretor, técnico, ad- muitas cabeças que está assistindo aum
direto. Osjogadores são responsáveis pelos seus pró- ministrador etc., mas o grande grupo sem o qual os esfor- julgamento.
Parte 3: Nãoutilize as mãos! prios diálogos e cantatas. Comunicações nãoverbais ços são inúteis é raramente levado em consideração.
Não faça contato com as mãos! (acenos, assobios, dardeombros etc.) podem seracei- A frase "esqueça a platéia" é utilizada pormuitos di-
tos. Se o contato não puder serfeito, não deve haver retores como um meio de ajudar os jogadores a relaxa-
Parte 4: Não faça contato com os diálogo. (Corno urna surpresa paraos jogadores, acres- remem cena. Esta atitude provavelmente criou a quarta
pés! cente regras mais desafiadoras conforme instruções parede. Osjogadores não devem esquecer a suaplatéia,
paraas partes 2 e 4.) . assim como não devem esquecer suas falas, seus adere-
Notas. 1. Os jogadores resistem aocantata devido aomedo ços ou seus parceiros.
de se tocarem uns aos outros. Isto severifica através Cadatécnica aprendida pelo jogador, cada cortina e Aplatéia éaparte mais reverenciada do
da irritação em procurar variedade, em cutucar, em cada praticável no palco, cada análise cuidadosa realiza- teatro. Sem aplatéia não há teatro.
empurrar os outros jogadores, em procurar estabele- da pelo diretor, cada cena coordenada é destinada ao
cer cantata através dos adereços de cena, emutilizar deleite da platéia, nossos parceiros dejogo, o último raio
apenas o cantata eventual e limitado (batendo nos da roda que pode, então, começar a girar, tomando a
ombros etc.). Volte para exercícios anteriores enfa- apresentação significativa.
B4 AFINAÇÕES

Quando existe uma compreensão do papel da pla-


téia, a ligação e a liberdade aparecem para ojogador. O
r PEGANDO DEIXAS
°JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 85

exibicionismo se evade quando os jogadores vêem os As deixas lentas criam um sério atraso emuma cena
membros daplatéia nãocomo juízes oucensores oumes- e podem causar umaapresentação arrastada. Esteja aten-
mocomo amigos maravilhados, mas como umgrupo com toao problema desde o primeiro ensaio.
o qual está compartilhando uma experiência. A quarta As deixas lentas são muitas vezes resultantes de uma
parede desaparece e o solitário observador toma-se par- indecisão do jogador - devo ou não devo? Durante as
ticipante do jogo, participante da experiência e é bem oficinas utilize exercícios de estímulo múltiplo como os
acolhido. Este relacionamento não pode serincutido no jogos tradicionais ativos.
dia de ensaio com o figurino ou em uma preleição de Se o problema persistir, batapalmas simultaneamen- Alerte osjogadores que pegar deixas não
última hora, mas deve sertratado desde as primeiras lei- te com as deixas. Fazendo Sombra, p. 103, pode serusado significa falar mais rápido.
turas de mesa: Compartilhe oquadro de cena! Compartilhe a para encorajar tomadas de deixas mais rápidas. Então Se uma fala tem um tempo lento, ela deve
sua vo<! Vogais! Consoantes! peça aos jogadores mais lentos para, deliberadamente, permanecer lenta mesmo que adeixa seja pega
interromperem as falas dos outros, cortando as últimas atempo.
palavras. Dê a instrução Agora! Agora!
Contato Através dos Olhos ~ 2 Lide naturalmente com o problema de pegar as dei-
xas, pedindo que osjogadores respondam às deixas de
Objetivo: Ajudar os atares a "projetar". ação. Não trate o problema mecanicamente. Se for ne-
Para nós!
Venda (ensine, demonstre) para Foco: Fazer cantata físico, com adereço ou com os olhos cessário trabalhar com deixas de texto, espere até a últi-
com cada membro da platéia durante o transcorrer maparte do segundo ou o início do terceiro período de
nós!
do discurso. ensaios.
Os atares fizeram cantata físico e Descrição: Umjogador deve vender, demonstrar ou ensi-
cantata através do olhar com aplatéia. nar alguma coisa para a platéia.
Ocantata foi feito com todos os membros Nota: É importante usar a instrução Para nós! quando os FISICALIZANDO
da platéia? jogadores evitarem o cantata através do olhar com a
Os jogadores viram ou olharam platéia. Uma preocupação básica é encorajar a liberdade Afisicalização mantém oator num mundo
fixamente? de expressão física nos atores. A relação física e senso- emergente de percepção direta - um eu aberto
rial com a forma da arte abre a porta para o insight. É para omundo.
OUVINDO OSJOGADORES difícil dizer porque isto é assim, mas esteja certo de
que assim o é.
Durante os ensaios o diretor deveria, a intervalos, Umjogador que sabe dissecar, analisar, intelectualizar Toda vida surge da relação física, seja uma
dar as costas aos jogadores e ouvi-los. Este ouvir sem ou desenvolver umahistória de caso sobre um persona- faísca de fogo, obarulho de uma onda
verosjogadores emação muitas vezes aponta fraquezas gem, mas é incapaz deassimilar e comunicá-lo fisicamen- quebrando na praia ou uma criança nascendo.
de relacionamento, revela falta de "ver a palavra", des- te, descobre que a suacompreensão dopapel éinútil para Ofísico éoconhecido, epor meio dele podemos
cobre falsidades na caracterização e mostra atuação exa- o teatro. Não traz o fogo da inspiração paraaqueles que encontrar onosso caminho para odesconhecido,
gerada. estão na platéia. O teatro não é umaclínica nemumlu- ointuitivo etalvezpara além do próprio
gar parareunir estatísticas. espírito humano.
"1

86 AFINAÇÕES
II °
JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 87
[

Quando umjogador aprende a comunicar diretamen- Descrição: Dois oumais jogadores. Onde, Quem e O Quê
te paraa platéia por meio da linguagem física do palco, I são estabelecidos. Todos os objetos devem estar so-
oartista deve esboçar eexpressar um todo o organismo setornaalerta. O jogador empresta a si bre umamesa defácil acesso a todos osjogadores em
universo que éfísico mas que transcende o mesmo ao esquema e é transportado, por esta expressão cena. A mesa deve estar colocada de forma a não
físico, um universo maior do que oolhar física, paraa comunicação direta - ummomento de per- perturbar o cenário nem a movimentação dos joga-
pode ver. cepção mútua com a platéia. dores. Substitua ou acrescente itens à lista abaixo:
Certavez, umjogador jovem tinha umsério proble-
balão de gás/ar pedaço de elástico
ma de fala monocórdica. Pediu-se então que eledescre-
penas saquinhos de feijão
vesse uma enchente que havia presenciado'. A instru-
correntes buzina
ção paravera. cor, focalizar osmovimentos, ossons etc.
corda saco de areia
teve pouco -,efeito. Mas quando perguntado como sesen-
trapézio (ou corda para se batedor de ovos
tira por dentro quando viu a água, ele respondeu que
balançar) triângulo
tivera uma"estranha sensação no estômago". A "estra-
sino brinquedos de festa
nha sensação" tornou-se base para a instrução durante
bola escada
o seu relato e as transformações foram imediatas. Quando
ele focalizou o medo do afogamento, apareceu anima- Exemplos: 1. Onde = quarto. Quem = três irmãs, duas
ção emseu discurso. Ele tinhasido incapaz de reconhe- mais velhas e umamais jovem. O Quê = as duas ir-
cer o fato de que sentira medo. Pedir-lhe uma emoção mãs mais velhas estão se vestindo para sair; a irmã
não provocou resposta. Mas quando lhe perguntaram mais jovem gostaria de irjunto. As duas mais velhas
como tinha se sentido por dentro (fisicamente), ele foi conversam sobre suas expectativas com relação à fes-
capaz defocalizar suasensação física e torná-la compre- ta. Elas jogam balões, assopram penas e pulam cor-
ensível para todos. da. A mais nova, lamentando não poder irjunto, ca-
Os dois jogos que seguem (Mostrando a Emoção por minha pelo quarto carregando o peso de um saco de
Meio de Objetos e Transformando aEmoção) utilizam objetos areia que às vezes coloca nos ombros, outras vezes
I· como meio de ajudar os jogadores a fisicalizar emoções. arrasta pelo chão.
Esses jogos são sempre úteis durante o ensaio. Esta seção 2.Umacenade amor entre um casal tímido. Os dois Os objetos acompanharam aação?
lidamais diretamente com a emoção. utilizam umabola que é rolada entre seus pés. Osjogadores mantiveram aqualidade
Nota: Este jogo dá nuanças inusitadas para os atores, da cena quando trabalharam sem os
mesmo paraaqueles que tenham pouco treinamento. objetos?
Mostrando aEmoção (ação interior)porMeio de Objetos Variações: Osjogadores repetem a mesma cenasem utili-
zar objetos.

Use os objetos! Objetivo: Fisicalizar emoções.


Use-os! Foco: Usar o objeto real, selecionando espontaneamente, Transformando aEmoção
Encha o balão! no momento em que o jogador precisar, para mos-
Pule a corda! trarum sentimento ouum relacionamento. Objetivo: Fisicalizar a emoção. Fisicalize este pensamento!
Foco: Mostrar a emoção ouestados deânimo pormeio da Explore e intensifique este objeto!
4.Ele estava jogando Ver aPalavra, p. 68. utilização de objetos do espaço.
o JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 89
88 AFINAÇÕES

Descrição: Um jogador realiza umaatividade com o foco determinado ponto etornar-se progressivamente mais Aprofunde o sentimento! Deixe-o
em mostrar um sentimento definido, utilizando e fortes. A seqüência pode transcorrer de afeição para expandir!
manipulando objetos. Essa atividade deve, então, ser amor, paraadoração; desuspeita paramedo parater- (Dê imediatamente a instrução quando
invertida. Ojogador desfaz aquilo que fez mostrando ror; de irritação, pararaiva paracólera. surgirem novas emoções.)
o sentimento transformado pormeio damesma utili- A emoção também pode andar em círculo voltando A emoção estáem toda a sua volta,
zação e manipulação. para a emoção inicial (por exemplo: afeição, amor, entrevocês dois! Dentro dos dois! --
Exemplo: Uma garota se veste parasair paraumbaile. Ela adoração, amor, afeição). No entanto, isto sódeve ser
mostra alegria ouapreensão através damaneira co~o realizado por meio da instrução. É muito difícil dar
tira ovestido doarmário. Depois de saber que obaile nomes às diferentes emoções. Você pode preparar
foi cancelado, ela mostra desapontamento ou alívio uma lista de emoções paraconsultar.
guardando o vestido de volta no armário. Exemplo: Umato detraição poralguém a quem seamae
A atividade foi idêntica antes edepois Notas: 1. No momento demudança, o diretor pode tocar confia. A emoção é mantida durante todo um ciclo
do momento de mudança? o telefone e enviar outro jogador parafornecer a in- através da instrução. Osjogadores respondem emo-
Osentimento foi comunicado por meio formação necessária. cionalmente na seguinte ordem:
de transformações corporais? 2.Se a emoção em transformação é mostrada apenas Autopiedade ~ raiva ~ hostilidade ~ culpa ~
Oque aalegria (o prazer) provoca em por meio de maneirismos faciais, osjogad~re~ .estão pesar ~ tristeza ~ afeição ~ amor ~ respon-
nós fisicamente? "interpretando" ~ não compreenderam o significado sabilidade ~ compreensão ~ respeito próprio -1
Oque odesapontamento cria dafisicalização. E essencial usar adereços e o corpo. admiração mútua.
cinestesicamente? 3. Osjogos que utilizam objetos para mostrar ação Notas: 1. Trabalhe muito próximo dos jogadores, toman-
interior são sempre úteis durante os ensaios. do a sua deixa a partir deles, da mesma forma que
tomam a deixa deles devocê. Siga o seguidor. 2. Se o
grupo estiver apto, as cenas podem produzir grande Os jogadores estavam interpretando
EMOÇÃO energia. No entanto, se as cenas terminarem em mera (emocionalismo) ou mostrando
Coloque a sua vitalidade e vida no seu personagem,
tagarelice, osatores necessitam demaior trabalho de (jisicalização) ?
fundamentação elou instrução.
não suas emoções ou sentimentos. Jogue com as emo-
ções ou sentimentos do seu personagem. Os jogos que
seguem devem ser realizados depois que os jogadores
tenham começado a desenvolver suas personagens. Câmera
Objetivo: Perceber totalmente a vida da cena. Atenção corporal total!
Foco: Colocar foco e energia plena no outro jogador. Veja com a parte de trás de sua
Modificando aIntensidade da Emoção cabeça!
Descrição: Dois jogadores. Onde, Quem e O Quê é esta-
belecido. O diretor diz o nome de umjogador por Veja com as suas vísceras!
Os dois jogadores estão dentro da Objetivo: Ajudar os jogadores a trabalhar direta e fisica- (Chame um dos jogadores pelo nome, e
vez e este deve colocar o foco, da cabeça aos pés, em
emoção! mente com a emoção. depois o outro.)
seu parceiro. A atividade não deve ser interrompida
Intensifique-a! Mais! Foco: Modificar a emoção de um nível paraoutro.
mas sim continuar pormeio destas modificações cau-
(As novas emoções começam a Descrição: Dois oumais jogadore~. Onde, Quem e O Quê
são estabelecidos. As emoções devem iniciar emum sadas pelacâmera.
aparecer durante aintensificação.)
90 AFINAÇÕES
1 o JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 97

Notas: 1. Ao explicar o problema, utilize a imagem d~ "tor- Nota: Este jogo proporciona aos atores não apenas uma Vócês estavam gritando de verdade ou
nar-se umacâmera", ou sugira que ojogador seja um I
experiência direta, mas é também muito útil para estavam cJazendo-de-conta)?
grande olho (da cabeça aos pés) paraajudar osjogado- ensaiar cenas de multidão.
Osjogadores deram total atenção
corporal? . .
res a concentrar. e focalizar suaenergia umno outro. I
2. A instrução dadana hora exata é essencial.
Eles viram seu parceiro de jogo com os
3. Durante os ensaios, dar a instrução Gâmera! Pro- Tensão Silenciosa n 1
Q

pés? duz resultados bastante valiosos.


A atividade de cena continuou?
Objetivo: Ajudar os jogadores a utilizar o silêncio para Foco no silêncio!
construir tensão. Comunique através do silêncio!
SILÊNCIO ANTES DAS CENAS Foco: No silêncio entre osjogadores. "Não-movimento" no diálogo
Descrição: Dois ou mais jogadores (de preferência dois) interior!
Se os atores parecerem ansiosos, apressados, super- estabelecem Onde, Quem e O QUê. A tensão entre Olhemum para o outro! Vejam um
ativos oujogam emcenasempensar, peçapara que s~n­ osjogadores é tãoforte que eles são incapazes de fa- ao outro!
tem silenciosamente no palco antes de iniciar o ensaio, lar. Não deve haver diálogo durante este evento (cena).
Focalizando na expiração e coma mente embranco, d:- Onde, Queme O Quê devem sercomunicados atra-
vem permanecer sentados tanto tempo quant~ necessa- vés do silêncio.
rio. A ação de cena começará quando um dos Jogadores Exemplos: 1. Casal de idade avançada ouvindo umladrão
se levantar e iniciar. caminhando no andartérreo.
2. Uma família de mineradores esperando por notí-
cias, após um desastre no interior da mina.
SILÊNCIO NO PALCO
3.Dois namorados que acabaram deromper relações.
Notas: 1. Seo foco for compreendido, este problema será
Nos jogos de Silêncio osjogadores não devem subst~­
útil para os jogadores que se "escondem", pois ele
tuirpalavras subvocais ou não pronunciad~s, mas foca~l­
pede contato direto com os olhos.
zar no silêncio em si e aprender a comumcar por meio
2. Às vezes a instrução Dar eTomar! é útilaqui.
dele. Umgrupo dejogadores avançados muitas vezes atin-
3. O silêncio verdadeiro criaabertura entre osjoga-
ge clareza no nível da comunicação não-verbal.
dores e umafluência de energia, fazendo com que os Nós sabíamos onde osjogadores
jogadores atinjam recursos mais profundos. estavam?
Grito Silencioso 4. Muitas vezes a tensão que surge entre osjogadores OJtem eram osjogadores?
culmina em um único grito, risada ou algum outro Osjogadores utilizaram odiálogo
Objetivo: Mostrar resposta corporal total através do grito. som. Não diga isto aos jogadores. O jogador que diz interior?
Grite comos dedos dospés!
Foco: Sentir emoção (ação interior) fisicamente. "Eu queria gritar, mas pensei que você não queria Os jogadores comunicaram através do
Com os olhos! que eu gritasse", não estava focalizando o problema, silêncio?
Descrição: Osjogadores ficam sentados. Peça para o gru-
Com as costas! masaquilo que o diretor queria.
pogritarsem emitir som. Quando estiv~rem respon- Sem palavras?
Como estômago! 5. Não deve haverdiálogo interior (palavras silencio- Jogadores) vocês concordam?
dendo física emuscularmente com seestivessem real-
Com as pernas! sas), nem fala. Toda fala deve ser mantida em "não-
mente gritando, instrua-os: Grite com a voz! O som
Com o corpo todo! movimento".
seráensurdecedor.
Grite mais alto!
92 AFINAÇÕES

Tensão Silenciosa 1# 2
T
I

Som Estendido
°JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 93

Mantenha o silêncio entre vocês Objetivo: Mostrar o poder da emoção não-verbal. Objetivo: Intensificar e expandir a experiência teatral Sem palavras! Mantenha o som
dois! Foco: No silêncio entre os jogadores. mostrando que o som (diálogo) ocupa espaço. entre vocês!
Mantenha o silência à suavolta! Descrição: Dois jogadores sentados diante de umamesa Foco: Manter osom noespaço entre os jogadores e deixar Mantenha o corpo ereto!
Dentro de você! real. Sem Onde, Quem e O QUê. que ele atinja o parceiro. Evite o Soooommmm!
Acima de você! Notas: 1. A utilização de uma mesa real é essencial para Descrição: Dois oumais parceiros sentados a certa distân- Amplie todos osmovimentos com o
Mantenha o espaço entre vocês dar apoio aos jogadores. Esse exercício geralmente cia. corpo!
silencioso! produz emoção avassaladora que sesente com muita 1. Todos osjogadores enviam um som para todos os Mantenha o som no espaço!
força. outros jogadores. Deixe o som aterrizar! Amplie o
2. Dê a instrução com voz suave paranão invadir o 2. Cada jogador envia um som paracada parceiro. soooommmm!
silêncio. É uma forma íntima de estar a três, quando 3.Dar e tomar enviando umsom paracada parceiro. Câmmmeeeerrraaa leeeeeentaaa!
o diretor sublinha o silêncio. Notas: 1. O som estendido estende o movimento. Acelere o movimento! O mais
2. As palavras do texto podem seguir osom estendido. rápido quepuder!
3. Este jogo pode ser utilizado durante a leitura de Agora a velocidade normal!
TEATRALIDADE mesa. Mantenha o espaço entre vocês
dois!
oteatro é uma experiência transcendente e O teatro deve ser teatral. Real? Além doreal. Nas fan- Amplie o soooommmm!
expansiva para todos) tanto para osjogadores tasias, contos de fadas, musicais, óperas cômicas, dança, Dar e tomar!
como para aplatéia. ficção científica, Shakespeare, no Story Theatre de Paul Osjogadores mantiveram osom no
Sills", o além do real é deliberadamente elaborado por espaço entre eles?
meio deefeitos especiais, iluminação, som, figurino, músi- Osom os atingiu?
ca, roteiros. É um mundo onde toda condição humana, TIRE DA CABEÇA! COLOQUE NO ESPAÇO! Osjogadores ampliaram osom com o
rima ouvisão pode ser explorada, um mundo mágico onde corpo?
os coe-lhos podem ser tirados dacartola e o próprio diabo Quando esta instrução é dada durante o jogo, não é Osjogadores trabalharam com odar e
pode ser invocado paracom ele conversarmos. fantasiosa, mas produz um campo dejogo real, um espa- tomar?
Jogadores vivos mantêm a teatralidade vibrante. O ço, sobre o qual acontece a troca deenergia e ojogo entre
uso contínuo dos jogos Explorar eIntensificar, p. 69; Diálo- os jogadores. Tire da cabeça ecoloque no espaço é recomenda- Qyando tiramos da cabeça ecolocamos no
go Cantado, p. 45;Jogos com Espaço, p. 133-136; Som Es- do tanto para dar instrução como nos momentos de avaliar espaço) oequipamento sensório epercpetivo do
tendido, p. 93 e Câmera Lenta, P: 45 dão aos jogadores umjogo. O jogador mais jovem responde e sente clara- corpo todo éfortalecido eofluxo de energia
uma experiência específica de intensificação e extensão. mente esta nova área invisível, espaço, como sendo real! torna-sefacilmente acessível, podendo ser usado
Eles possibilitarão maior exploração daação decena tanto Os jogadores aceitam a pergunta "Estava dentro da sua em todas as áreas) pelo diretor) pelosjogadores
para o diretor como parao roteiro. cabeça ouno espaço?" sem precisar defender suas ações. eeventualmente pela platéia.
A instrução "Tire da cabeça ecoloque no espaço/" elimina e
previne contra respostas condicionadas, limpa a mente, o
* Paul Sills é filho da autora e mantém a companhia de teatro Story
Theatre a qual realiza espetáculos improvisacionais baseados no sistema de intelecto deatitudes subjetivas debom/mau, certo/errado,
jogos teatrais de Viola Spolin. (N. da T.) sem anecessidade de intromissões analíticas e psicológicas.
94 AFINAÇÕES

Parte 1: Movimente as mãos para Substância do Espaço


frente e para trás! Para qualquer
6. O TERCEIRO PERÍODO DE ENSAIO
direção! Mantenha as palmas das Objetivo: Sentir o espaço.
mãos umade frente para a outra! Foco: Nasubstância do espaço entre as palmas das mãos
Focalize a substância do espaço dos jogadores.
entreas palmas de suamão! Descrição: Parte 1: Divida o grupo em dois times - joga-
Deixe as palmas das mãos irem dores e platéia. Trabalhando com o primeiro time,
para ondequiserem! cadajogador trabalha individualmente, peça paraque
Sinta a substância do espaço entre movimentem as mãos paracima e para baixo, apro-
as palmas! ximando-as e separando-as e de todas as maneiras.
Movimente a substância do espaço Osjogadores devem focalizar na substância do espa-
entre as palmas dasmãos! çoentre as palmas das mãos.
Brinque com ela! Deixe que ela se Parte 2:Com times de dois, eles permanecem um de
torne mais espessa! frente parao outro, a três ouquatro passos de distân- Este é o período de polimento. A jóia foi cortada e
cia. Os jogadores devem olhar para as palmas das avaliada e agora deve sercolocada em seu devido lugar.
Parte 2: Vire-se e fique de frente mãos do parceiro. Osjogadores devem movimentar A disciplina deve estar emseu ponto máximo. Osatrasos J!ocê está preparando seusjogadores para
para umparceiro! as mãos para cima e para baixo, aproximando-as e aos ensaios e as falhas em ler o quadro de aviso ou uma apresentação na qual um atar atrasado
Duas palmas voltadas paraduas
afastando-as. Deve-se manter o foco nasubstância do confirmá-lo com o diretor de palco devem ser tratados ou adereço fora do lugar pode arruinar todo o
palmas!
espaço entre as quatro palmas de suas mãos. com rigor. espetáculo.
Sinta a substância do espaço entre
Notas: 1. Este exercício proporciona rapidamente uma A organização do trabalho nos bastidores deve co-
as quatro palmas!
experiência com a substância doespaço. Contudo, os meçar junto com o trabalho nopalco. A equipe deadere-
Brinque com a substância do espaço!
jogadores devem aos poucos deixar que o foco nas ços, desom e deiluminação deve estar tão atenta aotem-
Movimente-a ao seu redor!
palmas das mãos se dissolva parcialmente para que po e àsresponsabilidades quanto os atores e isto deve ser
Intensifique!
se sintam livres para manipular, brincar e interagir construído a cada ensaio.
Utilize o corpo todo!
com a substância mais diferente que se tem notícia.
Focalize o espaço entre as palmas
2. Os jogadores que fazem a vez da platéia irão se
de suas mãos e deixe que ele se
tornemais espesso! beneficiar ao assistir a esse jogo. Contudo, pode-se CRIANDO BOLOR
jogar com os dois times simultaneamente seo tempo
for escasso. Há dois momentos emque os atores podem criar bo- obolor é um sinal de grave perigo: Qyando
Osjogadores deixaram que ofoco na
substância do espaço trabalhasse por lor: o primeiro é durante os ensaios, e segundo, durante a os atores se tornam mecânicos esem vida,
eles? seqüência de apresentações. 'alguma coisa deu errado.
Jogadores da platéia, asubstância do Às vezes isto é cansativo por uma séria fraqueza na
espaço estava na cabeça dos jogadores ou estrutura básica da produção; outras vezes pode serape-
no espaço? nas um retrocesso temporário. Às vezes a escolha do
Jogadores, vocês concordam? material é pobre e você sepercebe trabalhando com um
A substância do espaço começou aficar texto tão superficial que ele responde apenas parcialmente
mais espessa? ao seutrabalho. Às vezes os atores pararam de "jogar" e
96 OTERCEIRO PERÍODO DE ENSAIO OJOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 97

a espontaneidade e a criatividade foram substituídas pela de seus papéis ou que sintam que seus papéis deve-
obolor pode ser um sinal de que odiretor rotina e pela repetição. Ou os atares podem ter perdido riam sermaiores.
negligenciou oplan~amento do tempo de o foco e.começaram a generalizar seus relacionamentos
Outros problemas que geralmente levam aobolor
ensaio de modo aconstruir um máximo de (Quem) e seus ambientes (Onde). O ensaio, assim como
durante as apresentações são:
inspiração eexcitamento para os atores. a peça, deve terum tema e umclima que sedesenvolvem
de forma crescente. 6. Imitar apresentações anteriores.
Vários fatores podem contribuir para que o elenco 7. Ser seduzido pelareação da platéia.
crie bolor durante os ensaios: 8. Nunca variar a apresentação. Experimente improvisa-
ções gerais em torno domesmo cenário (Onde), perso-
1. O diretor montou a peça e forma externa, determi-
nagens (Quem), mas com atividade (O Quê) diferente.
nando paraos atores todos os movimentos, todas as
9. Fazer "apresentações solo".Jogue Parte de um Todo, p.99.
atividades de cena e todas asinflexões de voz'.
10. Osjogadores ficam preguiçosos e descuidados.
2. Os atores memorizaram as falas e as atividades de
11. Osjogadores perdem detalhes e generalizam objetos
cena cedo demais. O personagem, a marcação etc.
erelacionamentos nopalco. Utilize ojogo Verbalizando
foram estabelecidos antes que se desenvolvessem os
o Onde, p. 100-101, quando isto acontecer.
relacionamentos e o envolvimento'.
12. Osjogadores necessitam da proteção do diretor.
3. Os atores estiveram isolados por muito tempo dos
13. A peça necessita de ensaios parapegar deixas.
outros aspectos da produção e necessitam um "em-
A atmosfera teatral durante oterceiro purrão". Por exemplo: apareceu um problema durante a se-
período de ensaio deve ser intensificada. Traga um adereço de cenário, um figurino ou um gunda apresentação. A cena passava-se numa cabana de
adereço decena. Isto abre novas perspectivas paraos pioneiros e o ator que fazia o vizinho fizera umabrilhan-
atores e traz maior vitalidade paraa produção. te atuação ao enfrentar o vilão da peça. Após a primeira
4. Os atores necessitam demaior divertimento oujogo. apresentação, ele recebeu estrondoso aplauso. Na apre-
Este problema pode sersolucionado canalizando no- sentação seguinte não houve aplauso. Ele ficou perplexo
vamente a sua atitude ou usando umjogo. Isto é es- e queria saber o que tinha acontecido. "Naprimeira vez
pecialmente válido com as crianças e com atores lei- você jogou o jogo, você ficou realmente bravo e todos
gos que podem necessitar de um longo período de nós percebemos. Na segunda apresentação você estava
oficinas antes que seu envolvimento com os proble- lembrando apenas do aplauso."
mas do teatro possam gerar energia suficiente para Ele pensou por um momento, concordou com a ca-
manter o interesse sem estímulos exteriores. beça e enquanto enrolava suas mangas, disse: "Espere
5. Osjogadores com formação limitada estão certos de até que eu o pegue hoje à noite."
ter alcançado o seu objetivo e construído seus perso-
nagens - eles querem começar o espetáculo. Às ve-
zes apenas umoudois membros doelenco estão ten- Dublagem
dodificuldades. É possível que não estejam gostando
Objetivo: Quebrar padrões de discurso estabelecidos de- Fiquem umcom o outro!
1. Veja p.93(Tire daCabeça...). masiado cedo e produzir novas direções e possibili- Evite antecipar o que vai ser
2.Tente ojogo Blablação, P:76-77, e Dublagem, p. 97.
dades dejogo. falado!
98 OTERCEIRO PERÍODO DE ENSAIO O JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 99

Reflita apenas aquilo que você Foco: Emseguir o seguidor, como sea voz deumjogador realmente pronunciado aspalavras. Osjogadores do
ouve! e o corpo de outro se tomassem um único jogador. palco não devem serusados como bonecos pelos du-
Movimente a sua boca com Descrição: Dois ou três jogadores (Subtime A) escolhem bladores. Deve ser dado tempo paraque a atividade
blablação silenciosa! jogadores do mesmo sexo para serem suas vozes de cena possa emergir. A voz e ocorpo eram uma coisa só?
Não inicie! (Subtime B). Este grupo inteiro (Subtime A e Subtime 5. Quando a dublagem funciona, dois jogadores ex- Platéia, vocês concordam?
Sigao seguidor! Torne-se umasó B) estabelece Onde, Quem e O Quê. Os jogadores perimentam umaunião verdadeira e é como se fos-
voz! que fazem a voz sereúnem emtomo deum micro~o­ sem umaúnica pessoa.
Umsó corpo! ne com umavisão clara da áreadejogo onde osjoga-
dores que fazem o corpo realizam Onde, Quem e O
Quê. Osjogadores que fazem a voz refletem a ativi- Parte de um Todo) Objeto
dade de cena pormeio do diálogo. Osjogadores que
fazem o corpo movem oslábios como se estivessem Objetivo: Tomar osjogadores interdependentes. Use o corpo todo para fazer a sua
falando, mas devem usar blablação silenciosa, sem Foco: Emtomar-se parte de um objeto maior. parte!
tentar balbuciar as palavras exatas. Os dois subtimes Descrição: Um jogador entra na área de jogo e toma-se Entre no jogo!
seguem o seguidor com a voz e a ação. Peça para os parte deumgrande objeto ouorganismo (animal, ve- Arrisque-se!
jogadores trocarem de posição - quem faz a voz pas- getal ou mineral). Logo que a natureza do objeto se Torne-se uma outra parte do objeto!
saa fazer o corpo, e quem faz o corpo passa a fazer a tomar clara paraoutro jogador, ele entra nojogo como
voz. Continue com o mesmo Onde, Quem e O Quê, uma outra parte do todo sugerido. O jogo continua
ou escolha um novo. até que todos os participantes estejam trabalhando
Notas: 1. No início osvários jogadores só se tornarão um juntos para formar o objeto completo. Osjogadores
único corpo e voz apenas por alguns momentos. Po- podem assumir qualquer movimento, som ou posi-
rém, quando a conexão for estabelecida, ocorrerá uma ção para ajudar a completar o todo. Exemplos in-
explosão deforça entre osjogadores. Isto unirátodos cluem máquinas, células docorpo, relógios, mecanis-
osjogadores numa relação verdadeira. Dê dez minu- mos abstratos, constelações, animais.
tos de tempo dejogo antes de trocar os times. Notas: 1. Este jogo é útilcomo aquecimento ouparafina-
2. Se não ocorrer a conexão entre os jogadores e a lizar umasessão pois gera espontaneidade e energia.
voz seguir apenas os movimentos do corpo ou vice- .Osjogadores muitas vezes desviam da "idéia" origi-
versa, jogue várias vezes ojogo Espelho e osjogos com . nal do primeiro jogador resultando em abstração
Espaço, até que os jogadores experimentem o que fantasiosa.
acontece quando não iniciam mas seguem o inicia- 2. O diretor deve utilizar a instrução para ajudar os
dor que por suavez também está seguindo. jogadores a entrar nojogoe paraajudar aqueles que
3. A instrução nasce daquilo que estáemergindo. O têm medo de estar errado a respeito do objeto que
diretor não ordena, mas atua como um parceiro de está sendo formado ou aqueles que se apressam em
jogo, explorando e intensificando o que vê emer- entrar nojogo sem a percepção do todo.
gindo. 3. Este jogo teatral também é largamente utilizado
4. Quando a voz se toma única com as ações dos sob o nome de Máquina. Os imitadores pegaram o
jogadores no palco, eles se sentem como se tivessem exemplo do trem apresentado no jogo Parte de um
700 °TERCEIRO PERÍODO DE ENSAIO TI °JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 101

oque era oobjeto? Todo (Improvisflfão para oTeatro, p. 66) e limitaram a o oposto de ver simplesmente o que aí está. Apenas
Oque vocês pensavam que era antes de dinâmica deste jogo a umaárearestrita. Naverdade, ver, aqui e agora! permite aojogador, seja escreven-
entrar? Parte do Todo pode sermuitas coisas. do oufalando, abrir portas dentro desimesmos, que
até então estavam cerradas. Permita que o invisível
se torne visível. Surpresa!
Verbalizando oOnde) Parte 1

Mantenha o presente! Objetivo: Tornar os jogadores mais atentos ao seu am- Verbalizando oOnde) Parte 2
Verbalize os objetos que mostram o biente.
Onde! Foco: Em permanecer no Onde, verbalizando cada Objetivo: Tornar visível o invisível. Mantenha o sentido físico do Onde
Descreva os outros jogadores para envolvimento, cada observação, cada relação dentro Foco: Em manter a realidade física de Verbalizando oOnde, - cheiro, cores, texturas...
nós! dele. Parte 7. comunique-o!
Não emitaopiniões! Descrição: Times de dois jogadores estabelecem Onde, Desoiçãs: Mesmo time que jogou Verbalizando oOnde, Parte Não contepara nós!
Veja a si mesmo em ação! Quem e O Quê e sentam-se na área de jogo. Sem 7sentados, agora levantam-se e realizam a cena. Os
Não dê informações! abandonar seus lugares, osjogadores realizam a cena jogadores não mais verbalizam suas ações como na
Mantenha os objetos no espaço! verbalmente, descrevendo suas ações dentro doOnde, Parte 1. Os diálogos são ditos apenas quando neces- Jogadores) aprimeira partç do jogo
Use o diálogo quando ele aparecer! e a suarelação com os outros jogadores. Osjogado- sário. ajudou adar vida para asituação no
Verbalize como suas mãos sentem a res narram parasi mesmos, não para os outros joga- Notas: 1. Se o foco em permanecer no Onde enquanto palco na Parte 2?
cadeira! dores. Quando o diálogo for necessário, ele deve ser verbalizavam a cena (Parte 1) trabalhou pelos joga- A representação da cena foi maisfácil
Não emitaopiniões! dito diretamente para o outro jogador, interrompen- dores, o Onde com objetos no espaço agora deve por causa da verbalização?
Isto é uma opinião! Isto é um do a narração. Toda a verbalização é no tempo pre- aparecer perceptível para todos os observadores (o Jogadores da platéia, houve maior
preconceito! Uma suposição! sente. invisível se torna visível). profundidade na cena?
Exemplo: Jogador 1 - Amarro meu avental vermelho e 2. Não é necessário que todos os detalhes que apare- Havia mais vida do que onormal?
branco em minha cintura e pego o livro de receitas ceram na narração façam parte da cena realizada. Maior envolvimento erelacionamento?
com capa de tecido que está sobre a mesa. Sento-me 3.Se a parte narrativa deste exercício tratou daquilo Jogadores) vocês concordam?
à mesa e abro o livro, procurando umareceita... que osjogadores estavam pensando, emvez dos de-
Jogador 2 - Abro a portade tela e corro paraa cozi- talhes da realidade física em torno dos jogadores, a
nha. Puxa, deixei a portabaternovamente! "Oi, ma- . Parte 2 pode tornar-se apenas uma"telenovela".
Os jogadores permaneceram no Onde ou mãe, o que tem paraojantar?" 4. Observe a total ausência de dramaturgia (criação
oOnde permaneceu na cabeça deles Notas: 1. Este exercício pode ajudar a quebrar resistên- de umahistória) nas cenas quando aparece a verda-
(dando informações sobre opersonagem, cias e preconceitos dos jogadores. deira improvisação.
julgamentos) opiniões) preconceitos)? 2.Não passe parao próximo jogo atéque osjogado-
jogadores) vocês concordam? res tenham compreendido o foco e este tenhatraba-
Havia mais coisas que poderiam ser
verbalizadas ?
lhado por eles.
3. A observação é geralmente impregnada de atitu-
des pessoais (passado) - ver alguma coisa por meio
I ENSAIOS LOCALIZADOS

Via deregra, é melhor programar osensaios localiza-


Partes do Onde?
Partes da ação? dos faça/não faça, dos preconceitos, suposições etc. - dos noterceiro período, quando apeçatem forma efluên-
102 OTERCEIRO PERÍODO DE ENSAIO O JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 103

cia definidas. O ensaio localizado é utilizado paradarum tempo suficiente para que tenha ocorrido algum ama-
tempo especial paratrabalhar umacena problemática que durecimento.
Embora você possa permanecer horas com não foi solucionada durante os ensaios regulares. Pode Será útil, durante o ensaio, pedir que osatores façam
uma cena que leva apenas alguns momentos no serumasimples entrada ouumaenvolvente cena emocio- sombra unsparaosoutros. Ser sombra intensifica a visão
palco, este trabalho atento com uma pulsação nal. Pode serum problema parasolucionar umacena de e a audição!
ou trecho enriquece opapel do jogador etraz multidão de forma mais efetiva ou ajudar um atar a ex-
profundidade para apeça. plorar e intensificar um longo discurso'.
Esse tipo de ensaio irámuitas vezes intensificar uma Fazendo Sombra
cena que antes era fraca. Deixe que os ensaios localiza-
dos afastem você e osjogadores das generalizações e fo- Objetivo: Criar desprendimento artístico. Por que ela sempre olha para o
calizem detalhes mínimos. Esta silenciosa concentração Foco: Onde, Quem, O Quê. espelho?
e intimidade entre osjogadores e você produz insights Descrição: Divida emsubtimes. Estabelecem Onde, Quem Você está vendo as manchas escuras
mais profundos paratodos. e O QUê. O subtime A faz a cena e o subtime B faz a nos olhos dela?
sombra. A planta-baixa deve ser conhecida por to- Você vai deixar que ele vista esta
dos, atores e sombras. As sombras fazem comentá- gravata?
FAZENDO SOMBRA rios contínuos dos atores para quem estão fazendo O quadro de sua mãe pendurado
sombra. Durante a atuação, dê a instrução para os na parede estátorto.
Fazer sombra é semelhante a um ensaio localizado. subtimes A e B: Troquem! fur~ew~n~a~~aafu~~o
Ofoco é emajudar oator a explorar eintensificar oOnde, Exemplo: Onde = quarto. Quem = marido e mulher. O vestido?
Quem e O QUê. Quê = vestindo-se para sair. Enquanto o subtime A Troquem! Troquem!
Escolha alguém que necessita de ajuda e acompa- faz a cena, um membro do subtime B faz a sombra
Fazer sombra irá ajudar ojogador a
nhe este jogador de perto no palco. Antes de fazer isso, do marido e outro faz a sombra da mulher.
visualizar, aestabelecer ceniaio, a
explique que o foco deve sermantido, pois se ojogador As sombras devem permanecer próximas do atar e
movimentar-se. Fazer sombra também dará ao
se divertir ou distrair quando você faz sombra, a ação falar baixo, de farma que osoutros atares e as outras
diretor oponto de vista do ator.
sombras não ouçam.
estará perdida. Fale com ojogador cuja sombra estásen-
Notas: 1. As sombras não devem dirigir, assumir a ação,
do feita (uma vez que você está muito próximo dele,
mas apenas implementar e reforçar a realidade física
você pode falar baixinho, sem perturbar os outros) e
dos atares com discrição.
pegue as ações deste jogador, assim como dos outros:
2. As sombras podem comentar a ação interior, se
Como odose de uma câmera, fazer sombra Force-o aolhar para você.' Faça cantata.' Fisicalize este sen-
desejarem. Se a cena se tomar "telenovela", pare o
provoca uma explosão de energia. timento! Gâmera lenta! Pegue um... (adereço)! Permita que você
exercício e faça com que as sombras façam o comen-
seja visto! Olhe para fora da janela.' DarlTomar.' Ouça o que tário dos objetos físicos do ambiente.
está sendo dito.' Olhe para oteta.' 3. Cuidado: este é um problema bastante avançado e
Utilize esta técnica quando fizer o ensaio localizado, não deve ser dado até que osmembros do grupo te-
depois que os jogadores estiverem com seus papéis o nham demonstrado algum grau de ruptura e insight
em problemas anteriores.
3. Veja Explorar eIntensificar, p. 69, Começo e Fim, p. 67-68 e Ver a 4. Peça para os atores fazerem sombra de seus pró-
Palavra, p. 68. prios personagens durante o ensaio.
104 OTERCEIRO PERÍODO DE ENSAIO
1
II OJOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 105

SAÍDAS E ENTRADAS envolver Onde, Quem e O Quê, os jogadores podem


I entrar engatinhando, dançando, sair voando ou en-
o atar deve integrar não apenas a entrada emcena, trar com um simples "ai".
como também a saída. Deve haver foco intensificado na 2. Saídas eEntradas deve deixar organicamente claro
entrada ouna saída do atar, ainda que seja por um mo- a diferença entre chamar a atenção (um jogador iso-
mento apenas. É a precisão no enquadramento de deta- lado) e estar envolvido (parte do todo).
lhes como esses que dá clareza e brilhantismo à cena. 3.Tarefa paracasa: peça para os jogadores prestarem Qyais foram as saídas eentradas em
Entre no palco com o pé direito - uma instrução atenção emcomo, muitas vezes, as pessoas (incluindo que houve envolvimento verdadeiro e
comumente dada aos atares como umaregra necessária, eles mesmos) ficam mais satisfeitos com a atenção do quais tentaram apenas chamar a
é usada simplesmente para evitar que osatares se escon- que com o envolvimento. atenção?
dam quando entram em cena. Este exercício sugere que jogadores, vocês concordam?
hámuitas outras formas estimulantes e desafiadoras para
encontrar a platéia. VERO ESPETÁCULO

Surge um momento em que você vê todos osaspec- Talvez você veja esse espetáculo unificado
Saídas eEntradas tos da produção integrados. De repente, haverá ritmo, por um instante enão oveja mais durante
caracterização, fluência e umaunidade definida. Muitas alguns ensaios. Isto, porém, não é motivo para
Mantenha o movimento de cena! Objetivo: Desenvolver respostas paraa vida da cena. cenas ainda estarão longe de serem consideradas termi- preocupar-se. Ele estava ali, diante de seus
Não planeje as saídas! Foco: Fazer saídas e entradas para atingir envolvimento nadas, osfigurinos ainda estarão sendo costurados emui- olhos, evoltará.
Espere o momento certo! total com os parceiros dejogo. tos atares ainda estarão caminhando aos trambolhões,
Sustente a atlvidade! Descrição: Times dequatro, cinco ouseis jogadores estabe- mas parecerá como um trabalho unificado. Agora você
Jogue ojogo! lecem Onde, Quem e O Quê. Cada jogador faz tantas deve limpar ospontos ásperos, precisar os relacionamen-
Deixe que as saídas (entradas) saídas e entradas quanto for possível mas cada saída tos, intensificar o envolvimento e fazer alterações...
surjam de Onde, Quem e O Quê! ou entrada deve ser enquadrada de maneira que os Poucos diretores ficam completamente satisfeitos com Qyando tiver atingido este insight do seu
jogadores em cena estejam totalmente envolvidos com suas produções. Especialmente ao trabalhar com jovens espetáculo, deve aceitá-lo mesmo sentindo que
a entrada ous3.ída do jogador. Se osjogadores entra- e adultos inexperientes, você deve estar consciente das ele poderia ser diferente.
rem ou saírem sem o total envolvimento dos parcei- suas capacidades. Se você não está satisfeito com a pro-
ros, os jogadores da platéia podem interromper e di- dução porcausa das limitações deseus atares, deve com-
zer "Volte!", "Vápara fora!", ou"Você não entrou!". preender que nesse estágio de crescimento não se pode
Notas: 1. Recursos como gritar, bater os pés, pular etc. esperar mais. Se houver integridade, jogo, vida e prazer
podem chamar a atenção paraojogador que está che- na apresentação, valerá a pena assistir seu espetáculo.
gando, mas não para o envolvimento com o Onde,
Quem e O Quê necessário para a continuidade do
jogo (processo). No entanto, se os jogadores em cena O MEDO DO PALCO NO DIRETOR
dão atenção e estão envolvidos com a saída ouentra-
dado jogador, nenhuma ação é barrada, não importa Se você não aceitar seu espetáculo neste momento, opróprio processo de montar um espetáculo
quão fantástica ela seja. Por isso, sea saída ouentrada seus próprios problemas emocionais irão passar paraseus traz bastante excitamento natural. Se você
106 OTERCEIRO PERÍODO DE ENSAIO °JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 107

acrescentar um sentimento de histeria aisso, os atares. Agora você está ficando com medo do palco, preo- Esta é a mais completa expressão da experiência do Apresença do diretor durante oensaio-
atores irão incorporá-lo. cupado se a platéia vai aceitar e gostar do espetáculo. grupo. Osjogadores individuais devem estar muito disci- corrido especial não épara ameaçar ou punir,
Este sentimento deve serocultado dos atares. plinados, pois agora eles são diretamente responsáveis mas simplesmente para funcionar pela última
Durante esse período você podeficar mal-humorado. pelo grupo (apeça). Ao mesmo tempo dá um profundo vez como parte do jogo. Oensaio corrido
Explique isso paraos atares, prevenindo-os de que você sentimento de segurança para o jogador saber que, não especial corta ocordão umbilical entre odiretor
poderá serrude durante a integração dos aspectos técni- importa o que aconteça em cena, e qualquer que seja a eosjogadores.
Uma fOrma de prevenir omedo do palco é cos. A resposta será de muita empatia. O diretor que se crise ou perigo, o grupo viráemseuauxílio pelo bemdo
integrar os aspectos técnicos no espetáculo nos . preocupa com os atares até o último minuto, esperando espetáculo.
últimos ensaios. extrair deles mais alguma coisa, nãoajudará o espetáculo O ensaio corrido especial é muito excitante para os
de forma alguma. jogadores e mantém todos atentos e alertas para o mo-
mento em que se tornanecessário encobrir um parceiro.
Depois de um ou dois ensaios, o espetáculo continuará,
O ENSAIO CORRIDO ESPECIAL ainda que o teta desabe.
(CORTANDO O CORDÃO UMBILICAL)

Aplatéia só sabe aquilo que os atores lhes Para a platéia não há erros no palco, pois geralmente A MAQUIAGEM E O ATOR
mostram. não conhece o texto oua ação da peça. Ojogador nunca
precisa deixar a platéia saber quando algo está errado. Este éumbommomento parasessões demaquiagem
O ensaio corrido especial deixa o elenco completa- dos personagens, especialmente sea peçafor umafanta-
mente à vontade. Desenvolvido paraatares crianças, ele sia que requer algo pouco comum. O tempo gasto em
funciona muito bem paraadultos também. Ele é realiza- aplicar a maquiagem e em permitir que osatares experi-
do como segue. Durante um dos ensaios corridos regu- mentem, auxiliará o trabalho no palco. Damesma forma
larmente programados (um pouco antes do ensaio com que as falas devem serincorporadas pelo jogador, assim
figurinos) diga ao elenco que no caso de uma falha de também deve ocorrer com a maquiagem. É melhor dei-
qualquer ator (riso, esquecimento de texto etc.) o elenco xartodos osatores desenvolverem sua própria maquiagem
todo deve encobri-lo e manter a cena em andamento. com a assistência de um artista mais experiente, do que
Caso falhem em dar cobertura, todos voltarão ao início deixar que elaseja aplicada por outros'.
do ato. Se, por exemplo, um ator falhar justamente no Depois deumaouduas sessões, peçaparaque os ata- Era comum ver na lóung Actors Company
final do segundo ato e ninguém encobrir, o diretor cal- res façam quadros de sua própria maquiagem para ter uma criança de sete anos ajudando outra de
mamente dá a instrução "Do início do segundo atonova- como referência. Se a maquiagem for tratada como um cinco anos aaplicar amaquiagem, embora
mente, por favor!". Osatares devem voltar parao início fator de desenvolvimento noprocesso daexperiência tea- soubéssemos que em casa aquela criança de sete
daquele ato. tral, atéascrianças com seis anos deidade podem apren- anos mal soubesse pentear-se sozinha.
Depois de alguns "do início novamente" você notará der. A maquiagem assim como o figurino, deve sertrata-
o elenco cair emcima dosujeito que fez o erro. Lembre a
todos que eles são igualmente responsáveis pormanter o
4. Veja na página 29um exemplo de como um palhaço ajudou um
espetáculo em andamento e que eles devem encobrir os grupo de atores. Muitas companhias profissionais trazem especialistas em
parceiros emcaso de dificuldade. maquiagem.
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 109
108 OTERCEIRO PERÍODO DE ENSAIO

Sob nenhuma circunstância interrompa oprimeiro en-


da com desenvoltura e convicção. Não deve ser usada
saio com figurino, uma vez iniciado. Assim como nos
pela primeira vez no diada estréia.
Amaquiagem não deve mascarar o atar oufazer um ensaios corridos, o diretor deve tomar notas durante o en-
rosto ficar bonito, criando umafachada para esconder- saio e terumaconversa com o elenco ao final de cada ato
para discutir linhas devisão, cenas ásperas etc. Limite-se a
se. Reconheça a maquiagem como uma extensão doper-
discutir aquelas coisas que podem ser alteradas, sem des-
sonagem, não a base paraele. Elimine a maquiagem pe-
truir o trabalho já realizado. Você deve terfé em simesmo
sada, particularmente paraatares jovens que interpretam
papéis de personagens velhos. Isto faz com que os atores e em seus atores. O primeiro ensaio com figurino é geral- Se você não "tem um espetáculo pronto" no
pensem em simesmos como atares, e força-os a confiar mente desencorajador para qualquer peça, mas a ele se- primeiro ensaio com figurino, você não chegará
guirá um segundo ensaio para unificar oespetáculo. Osegun- a tê-lo exigindo demais dos atores nas últimas
emsuas habilidades de interpretação.
do ensaio com figurino, assim como a pré-estréia, deve horas de ensaio antes da estréia.
realizar-se na presença deuma platéia de convidados.
Certa vez uma diretora de teatro amador visitou a
o DESFILE DEFIGURINOS
Young Actors Company durante um ensaio com figuri-
É recomendável fazer o desfile defigurinos junto com no. Ela ficou surpresa ao ver o diretor deprimido por
odesfile de figurinos pode auxiliar a causa do mal ensaio com figurino. "Você deveria sentir-
um ensaio demaquiagem. Em poucas palavras, o desfile
transformar aúltima semana em um seorgulhoso", eladisse. "Seus atares sabem todas as suas
é apenas isto: um grupo deatares, completamente vesti-
momento alegre erelaxado, em vez de ficar falas decor!" É defato muito triste quando saber as falas
dos e maquiados deforma que você possa ver como es-
carregado de ansiedade. de cor determina todaa qualidade do espetáculo.
tão sob os refletores. As mudanças podem ser feitas rapi-
damente se necessário, e tudo deve ser examinado para
verse está em ordem, confortável etc. Se não houver tem-
popara um desfile defigurinos isolado, ele pode ser feito A APRESENTAÇÃO
em combinação com um ensaio. Programe-o, se possí-
vel, para ummomento em que os atares estejam livres de Aapresentação leva à fruição detodo oprocesso cria- A marca de um bom ator éasua resposta
outras preocupações. Este tempo não deve ser estrangu- tivo de fazer uma peça e a platéia deve ser envolvida para aplatéia. É aconselhado fazer tantas
lado. Talvez você necessite de algumas horas paracom- neste processo. A platéia é o último raio que completa a apresentações quanto possível, para permitir
pletar o desfile de figurinos, dependendo do tipo de es- roda, e sua relação não apenas com a peça mas também que esta resposta seja desenvolvida pelos
petáculo e donúmero deintegrantes do elenco. com a atuação é da maior importância. A resposta da jogadores.
platéia pode ajudá-lo a avaliar a sua produção.
Ninguém deve usar uma platéia para a autoglorifi- Lembre-se de esforçar-se para obter uma
cação ou por razões exibicionistas. Se isto ocorrer, tudo apreciação da peça como um todo enão apenas
O PRIMEIRO ENSAIO COM FIGURINO
aquilo por que você e seus atares trabalharam será des- de um ou dois oioies, ou do cenário, ou da
O primeiro ensaio com figurino deve realizar-se num truído. Por outro lado, se o conceito decompartilhar com iluminação) ou dos efeitos técnicos.
Há uma velha superstição no teatro que diZ a platéia estiver compreendido, osatares farão apresen-
que "um péssimo ensaio com figurino significa
clima mais livre detensão ehisteria quanto possível, ape-
sar de toda a confusão que ele possa trazer. Este primeiro tações excitantes',
um bom espetáculo". Esta éuma desculpa
óbvia para evitar que as pessoas fiquem
ensaio com figurino pode parecer um pouco sem vida,
mas essa queda parcial é melhor do que um ensaio caótico. 5.Veja Cantata com a Platéia, p. 83.
desencorajadas.
110 OTERCEIRO PERÍODO DE ENSAIO
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 777

A risada da platéia muitas vezes leva o atar a perder permitir que o riso atinja o seu ápice e então, seja
o foco. Isto distorce a relação do jogador com o todo, tranqüilizado por meio de um gesto ou movimento,
umavez que cada apresentação se torna um meio para antes de iniciar a fala seguinte.
atingir novamente o riso. Neste caso o atar estará traba- 8. A disciplina nos bastidores deve serestritamente ob-
lhando apenas emfunção doaplauso. Se persistir, o dire- servada em todos osmomentos.
tor teráde alguma forma falhado com o ator", 9. Se todos osfatores permitirem, osatares irão crescer
em estatura durante as apresentações. O palco é a
chapa de raio X onde tudo que é estrutural aparece.
PONTOS DE OBSERVAÇÃO Se apeçafor apresentada displicentemente, seosseus
ossos forem fracos, isto serávisto como qualquer ob-
1. Durante a apresentação, mantenha-se afastado dos jeto estranho que aparece numa chapa de raio X. As
bastidores. Tudo deve estar tão bemorganizado para caracterizações e relacionamentos falsos e desones-
que se desenrole suavemente sem você. tos ficarão aparentes. Isto pode ser explicado e enfa-
Sempre poderão ser enviados recados para os basti- tizado para os atares sempre que necessário.
dores, senecessário. 10. As oficinas e os ensaios podem não produzir o com-
2. Certifique-se deque osfigurinos estejam sempre bem pleto amadurecimento dos atares no primeiro espe-
abotoados e caiam bem. Se um corredor ficar preo- táculo, mas todos estarão a caminho de atingi-lo.
cupado se seu calção está bempreso ounão, ele não 11. Se, no final da temporada, os atores decidirem "ma-
sesentirá livre para correr! tar" o espetáculo, lembre-os deque o último espetácu-
3. Esteja relaxado e seja simpático com o elenco setiver lo deles é o primeiro espetáculo da platéia. O prazer
que entrar no camarim. deve vir da apresentação em si e não de brincadeiras
4. Faça umensaio corrido entre as apresentações. Se isso baratas e infantis com os companheiros de palco.
não for posssível, umabreve conversa depois decada
apresentação irá ajudar a eliminar aspequenas aspe-
rezas ou descuidos que possam aparecer aqui e ali.
5. Uma rápida passada das falas antes das apresenta-
ções poderá sernecessária de tempos em tempos.
6. Os ensaios para pegar deixas realizados durante a
temporada ajudam osatores a manter o foco nos pro-
blemas dapeça e evitam que setornem preguiçosos e
generalizantes. Os ensaios também trazem uma cla-
reza maior das falhas aleatórias e intensificam o bom
trabalho que já existe.
7. Osjogadores devem aprender a permitir que a pla-
téia dê risada. Comece cedo com a simples regra de

6.Veja Criando Bolor, P: 95.


7. JOGOS PARA A CONTINUAÇÃO
DOS ENSAIOS

Muitas facetas de sua produção desenvolvem-se si-


multaneamente. Quais jogos escolher? Lembre-se, oper-
sonagem está ligado à emoção, ao relacionamento. Ao
trabalhar com um aspecto, desenvolvemos o outro. No
entanto, alguns jogos podem serutilizados com objetivos
específicos.
A interação entre os atares e o diretor (platéia) pro-
duz alta fluência de energia. Esta interação é produzida
pelaconexão entre osatares no espaço (palco) provoca-
dopelo foco dojogo e através deinstruções habilidosas.
Intercalar jogos teatrais em um ensaio que não está
levando a lugar algum traz revigoramento tanto para os
atares como paravocê. Embora durante a maior parte
do tempo você esteja selecionando jogos que ajudam a
solucionar os problemas da peça, algumas vezes jogos
independentes da peçageram energia nos atares e auxi-
liam oprocesso deamadurecimento ouo ensaio. Em todo
ensaio deveria serusado pelo menos umjogo teatral.
Ao usar os jogos teatrais, todos os adereços e cená-
rios devem ser objetos do espaço, e não objetos reais,
materiais. Para a áreadejogo necessita-se apenas de al-
gumas cadeiras oubancos. Longe deajudar a tornar visí-
velo invisível, esses objetos doespaço podem sercoloca- ,
dos para uma utilização extravagante ou exótica.
114 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 115

JOGOS DEPERSONAGEM Desenvolver umpersonagem é a habilidade deintuir


umaessência doserhumano complexo. Esta capacidade
Se desejamos que um papel seja Embora possa sertentador apresentar ediscutir oper- paramostrar a essência salta espontaneamente de dentro
verdadeiramentefeito, opersonagem não sonagem nos ensaios iniciais, é melhor esperar até que os - é diferente da descrição detalhada do todo.
poderá ser definido através de uma preleção, a atores pareçam estar plenamente emcontato uns com os Como é melhor pensar no ator desta forma - como
qual acontece independente do envolvimento outros e envolvidos com o texto. O personagem só pode um ser humano trabalhando com umaforma de arte e
com aação cénica. crescer a partir do envolvimento pessoal com a vidade não com alguém que mudou de personalidade para o
cena. bem deum papel emumapeça!
Uma pessoa torna-se aexpressão física da
Atenção prematura parao personagem emum nível O conjunto de jogos teatrais que segue, lida com o sua atitude diante da vida. Q,uantos de nós são
verbal pode atirar oator num desempenho depapel está- problema do personagem a partir de uma base física e capazes de identificar um médico, um relações
tico (interpretação), impedindo relações em movimento estrutural, a partir ela qual o personagem pode emergir. públicas, um professor ou um atar em uma
com os parceiros. Em lugar de sair para o ambiente da Absorva osjogos do OJtem cuidadosamente para estar apto multidão?
cena, oator estará interpretando necessidades esentimen- a apresentá-los nomomento em que eles possam sermais
tos particulares, pessoais, estará espelhando o eu e estará efetivos, como uma série de passos simples em direção
dando uma interpretação dopersonagem, realizando um ao desenvolvimento do personagem.
exercício intelectual.
opersonagem deve ser usado pelo aiot, Isto será rapidamente descoberto nojogador inexpe-
para intensificar acomunicação teatral, enão riente, mas é muito mais difícil de ser captado no ator VISUALIZAÇÃO FÍSICA
para se retrair. mais esperto ehabilidoso. Evite que osjogadores "interpre-
tem" (façam perjàrmance) em seu trabalho inicial, interrom- O uso de imagens para atingir a qualidade de um
pendo o ensaio, se necessário. Pergunte-lhes: "Vocês es- personagem é um recurso antigo e muito experimenta-
tavam interpretando?" do, epodeàsvezes trazer umadimensão totalmente nova
,Pode um atar assumir as qualidadesfísicas Durante os ensaios iniciais, evite discutir o persona- parao papel que o atol' está fazendo. As imagens podem
exteriores para atingir osentimento do gem, exceto damaneira mais casual, a partir deumasim- serbaseadas em quadros ouquaisquer objetos, animados
ples base do Quem (relacionamento)!. Lembre-se: como ouinanimados, que o ator escolher.
personagem ou ele/ela deve trabalhar
sentimentos para atingir as qualidades físicas? a maioria dos atores sabem que o personagem é a essên- Essas imagens devem ser usadas apenas quando o
Às vezes, uma atitude ou expressão física nos ciadoteatro, esta ausência deumadiscussão direta sobre desenvolvimento dopersonagem não evoluiu a partir da
ajuda adar um salto intuitivo. o personagem poderá confundir, até que todos vejam o relação em cena. Os atores que já têm alguma experiên-
personagem emergir da vida da cena e de suas relações, ciacom esta forma de trabalho, ficam ansiosos paraini-
e percebam que "interpretar" coloca umaparede em tor- ciar o trabalho com o personagem imediatamente, e às odiretor pode estar trabalhando para
vezes se põem a tomar imagens individualmente, sem livrar-se dos próprios maneirismos aque oatar
no doator. O ator deve vere relacionar-se com o pareei-
que o diretor saiba. Isto podesetornar umaséria desvan- está se prendendo por causa das imagens que o
ro-ator e não com um "personagem". Nós jogamos fute-
tagem, pois o diretor e o ator podem entrar em posição atar criou.
bol comum outro serhumano, e não com osuniformes
de confronto um com o outro.
que estão vestindo.
Utilizar imagens é, no entanto.jitil em situações de
emergência. Certa vez, por exemplo; pediu-se que uma
1. Veja osjogos do Qyem, p. 118-120. menina assumisse um papel em poucas horas, por causa
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 117
116 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS

de uma doença repentina de um dos atares. Durante o Variação: Certa vez os jogadores selecionaram ao acaso
ensaio, ficou logo evidente que ela não conseguia des- os figurinos e a platéia estabeleceu o Onde, Quem e
vencilhar-se das características do personagem que ela O Quê.
estava fazendo em outra peça - uma menina tímida e
assustada. O novo papel era de uma mulher esnobe e
falante. Ao sugerir que ela assumisse a imagem de um QJte Idade Tenho?
animal, mais especificamente de um peru, o diretor ca-
pacitou-a a projetar as qualidades necessárias para o pa- Objetivo: Estabelecer a primeira orientação para criação Mostre-nos a suaidade!
de personagem. O ônibus está a meia quadra de
pel quase que imediatamente'.
Foco: Mostrar a idade escolhida. distância!
Descriç~o: .Estabeleça um Onde simples, como um ponto Ele está se aproximando!
Baú Cheio de Chapéus de ombus com um banco em cena. Cada jogador tra- Ele chegou!
balha sozinho com o problema. Se otempo for curto, (Se você desejar que ojogador explore
cinco ouseis jogadores podem estar noponto deôni- outras possibilidades): Ele parou no
Objetivo: Ajudar ojogador a estabelecer rapidamente um
Compartilhe a suavoz! bus ao mesmo tempo. No entanto, os jogadores não tráfego! O sinal fechou!
personagem (Quem).
Mantenha os objetos no espaço - devem interagir. Cada jogador escolhe uma idade
Foco: Em selecionar rapidamente peças de figurino para
fora da cabeça! determinada (escrevendo-a num pedaço de papel e
:::f'!.;,tttr;.",
dar qualidade ao personagem.
Mostre! Não conte! ' . entregando-a para o diretor antes de iniciar ojogo).
Descrição: Times de dois oumais jogadores. Este jogo pode
. Deixe que as qualidades do Os jogadores entram em cena e, enquanto esperam
ser jogado de duas maneiras: os jogadores estabele-
personagem o sustentem! pelo ônibus, mostram para a platéia que idade têm.
cem Onde, Quem, O Quê, e depois selecionam pe-
Seja parte do todo! Nota: Os jogadores terão a tendência a atuar a partir de
ças defigurino do baúpara realizar a cena. Osjoga-
Tem mais umminuto dejogo! seus velhos quadros de referência, o que é esperado
dores também podem escolher peças de figurino ao
neste jogo. Jogue Q!Le Idade linho? Repetição, p. 120, Q,ue idade tinha ojogador?
acaso, deixando que os figurinos sugiram as qualida- na mesma sessão se possível, para que os jogadores Jogador, você concorda com osjogadores
des de personagem e estabelecendo o Onde, Quem e descubram a diferença entre "interpretar" e permitir na platéia?
O Quê, a partir daseleção. que o foco trabalhe poreles.
Nota: Obaú é simples - ele é constituído detantos figuri-
nos e acessórios quantos você conseguir colecionar:
velhos paletós, um chapéu de cozinheiro, uma boina
de marinheiro, um cocar, elmos, chales, capas, co-
oQJte Faço para Viver?
(Para os jogadores na platéia)
bertores, lençóis, asas de papel, rabos para animais, Objetivo: Mostrar a disponibilidade de recursos ocultos.
As peças de figurino ajudaram ou Sinta a ocupação com o corpo todo!
luvas, bengalas, óculos, cachimbos, guarda-chuvas etc. Foco: Profissão/Ocupação escolhida.
atrapalharam oOnde, Qyem e OQyé Mãos! Pés! Pescoço!
Pendure as roupas, lençóis e cobertores em cabides, e Descrição: Times de cinco ou mais. Cada jogador esco-
dos jogadores? (Quando as ocupações começaram a
coloque o baú cheio de chapéus ao lado. Velhas gra- lhe uma profissão/ocupação, escreve-a num pedaço
jogadores, vocês concordam com os aparecer):
vatas podem ser usadas como cintos, tornando possí- depapel e a entrega parao diretor. Ojogador entra
jogadores da platéia? Continue repetindo suaprofissão!
vel usar roupas de qualquer tamanho. em cena e espera, focalizando aprofissão/ocupação. O ônibus está se aproximando!
Os jogadores não conhecem um aooutro e evitam o
2.Veja Imagens deAnimais em Improvisação para oTeatro, p.236-238. diálogo.
118 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS o JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 719

Q3tais eram as ocupações? Notas: 1. A avaliação pode provocar insight sobre a físi- ouhistóricos atéqueogrupo esteja familiarizado com ojogador tentou adivinhar oOJtem ou
Osjogadores mostraram ou contaram? calização do personagem. No entanto, eladeve ser o o exercício. esperou que fosse comunicado através da
Jogadores, vocês concordam? mais casual possível. Osoutros jogos queseguem per- . 3. O exercício alcança seufinal natural quando o pri- relação?
É apenas por meio da atividade que mitirão outros insights sobre o personagem. meiro jogador (aquele que saiu da sala) mostra atra- Jogador, você concorda?
podemos mostrar oque fazemos para 2. Piadas, "superatuação" e brincadeiras evidenciam vés de palavras e ações que o Quem apareceu. Os Você apressou adescoberta?
viver? resistência ao foco. jogadores podem, no entanto, continuar a cenaquan-
A estrutura corporal se modifica em 3. Dê alguns minutos para que os efeitos do foco se do o Quemfor revelado.
algumas profissões (médico ou tornem manifestos.
operário)? Variação: Misture as ocupações e entregue-as aleatoria-
É a atitude que cria amudança? mente para osjogadores antes de entrarem em cena. Jogo do ~uem ~ 7
É oambiente de trabalho?
Objetivo: Mostrar, e não contar o personagem. Mostre o Onde!
OJtem Sou Eu? Foco: Permitir que quem você é, revele-se por si mesmo. Não faça perguntas!
Descrição: Dois jogadores, A e B. A está sentado emcena. Espere! Não tenhapressa!
Não procure adivinhar Quem você é! Objetivo: Criar um personagem mostrando, não con- B entra. Btemumarelação de personagem predeter- Deixe que Quem você é se revele
Deixe que apareça! tando. minada com B, mas nãocontou paraAqual seja. Atra- por si mesmo!
Não assuma nada! Foco: Envolvimento com a atividade imediata até que o vésda maneira como Brelaciona-se comA, A desco-
Estabeleça relação com o que está Quem seja revelado. bre-se quem é.
acontecendo! Descrição: Grupo todo ou grandes times. Um dosjoga- Notas: 1. O jogo termina quando A descobre o Quem.
Estabeleça relação com os dores é voluntário para sairda sala, enquanto o gru- Mas se o tempo permitir, continue sehouve envolvi-
parceiros! po decide quem ojogador vai ser. Por exemplo: um mento entre' osjogadores.
Não faça perguntas! sindicalista, cozinheiro doVaticano, treinador de cir- 2. Depois da avaliação, troque as posições deixando .Ojogador B' mostrou ou contou o
Quem você é será revelado! co etc. - é idealque sejaalguém.que normalmente é que A escolha um relacionamento com B. relacionamento?
Outros jogadores, não dêemdicas! cercado por muita atividade ou tenha uma vida 3.Seosjogadores contarem emlugar demostrar, peça Ojogador A antecipou oQyem ou
Mostre! Não conte! institucional. Então, pede-se que ojogador que saiu para osjogadores utilizarem a Blablação, P: 76'-77. deixou que oQyem se revelasse?
Não entregue o jogo! volte e sente-se em cenaenquanto os outros, um de
Não tenha pressa! Espere! cadavez, ou em pequenos grupos, estabelecem uma
relação com o Quem e fiquem envolvidos com a Jogo do OJiem ~ 2
atividade adequada, até que o Quem se torne co-
nhecido. Objetivo: Mostrar o personagem através de expressões
Notas: 1. O problema mais difícil de Quem Sou Eu? é faciais.
evitar que o primeiro jogador o transforme numjogo Foco: Manter várias qualidades faciais aopassar pelo Onde,
decharadas e que osoutros jogadores dêem pistas. O Quem e O Quê.
Quem irá emergir se o jogador permanecer aberto Descrição: Times de dois ou mais jogadores. Estabelecem
(esperando) para o que está acontecendo, envolvido Onde,Queme O Quê. Osjogadores devem escolher
com umaatividade imediata. um relacionamento ouatividade simples como mari-
2. Deve-se evitar a escolha de personagens famosos do/mulher assistindo TV Peça para cada um escre-
120 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS O JOGO TEATRAL NO UVRO DODIRETOR 121

ver em um pedaço de papel umalista de expressões momento, aquilo que é necessário parasolucionar o (Quando a idade aparecer):
faciais e as descrições dessas expressões. As descri- problema irá emergir paraserutilizado pelo jogador. O ônibus estáa umaquadra de
ções devem sermais emocionais do que estruturais. Notas: 1. É difícil paraos jogadores acreditar que a mente distância!
Então os jogadores devem fazer tiras de papel- uma branca (livre de preocupações) é o que estamos bus- Repita a idade de novo, de novo!
paracada expressão facial. cando. Se o foco estiver na idade corporal apenas, Observe! Deixe que o foco trabalhe
Por· exemplo: todos terão umaexperiência única à medida em que por você!
lábio inferior - triste lábio superior - petulante
os jogadores se tornam mais velhos e mais jovens,
ponta donariz - inquisitiva narinas - enfezadas diante de seus olhos!
olhos - alegres sobrancelhas - serenas 2. Naturalmente, muitos se prenderão a qualidades
testa - autoritária queixo - beligerante de personagem e desempenho de papéis em vez de
forma dorosto - bonachona deixar que as coisas aconteçam. Observe o relaxa-
Quando os pedaços de papel estiverem completos, mento muscular e os olhos brilhantes quando novas
separe-os por expressões faciais e coloque os papéis fontes de energia e compreensão são descobertas. Que idade tinha ojogador?
em pilhas. Deixe que cada jogador pegue um papel- 3.Todos nós temos armazenados vários personagens. Jogador, você concorda com osjogadores
zinho decada pilha. Osjogadores devem assumir tan- Repetir a idade é umsinal enviado a este vasto arma- na platéia?
tas descrições quantas desejarem emantê-las enquanto zém, e deixar que o foco trabalhe pornós envia-nos A idade estava na sua cabeça? Ou no
passam pela cena. umaqualidade depersonagem adequada parao nos- corpo?
Jogadores, manter esses aspectos físicos
Parte 2:Jogue ojogo fazendo com que as qualidades socorpo. Sistemas dememória ocultos são desperta-
fez com que vocês se sentissem
estruturais acompanhem as expressões faciais. dos. Deixe que asinformações emerjam,
mecânicos?
l10cês obtiveram novos insights ? narinas - sinuosas bochechas - ocas
Platéia, algum dos jogadores mostrou olhos -líquidos lábio superior - duro
alguma nova qualidade de personagem? sobrancelhas - pesadas testa - caída Exercício para as Costas n 1 Q

queixo - dobrado nariz - agudo


As qualidades faciais pareciam
integradas com acena? Nota: Será útil providenciar espelhos paraque os jogado- Objetivo: Comunicação com o corpo todo. Mantenha o sentimento nas costas!
res possam observar as características físicas quando Foco: Utilizar as costas paramostrar sentimento ouestado Não no rosto!
as assumirem pelaprimeira vez. de ânimo.
Descrição: Umjogador, individualmente, escolhe umaati-
vidade que exige estar sentado, de costas paraa pla-
QJte Idade Tenho? Repetição téia, como por exemplo: tocar piano, fazer lição de
casa etc. Ojogador deve comunicar o sentimento ou
Sinta a idade com os pés! Com o Objetivo: Surpreender o intuitivo. a atitude apenas com ascostas.
lábio superior! Foco: Na idade escolhida apenas. Nota: Faça umaintrodução paraeste jogo, pedindo para
Deixe que suaespinha conheça a Descrição: Osjogadores trabalham individualmente com os jogadores ficarem em pé de frente para o grupo.
idade! o problema, mas podem estar em cinco ou seis no Umfica defrente, outro de costas. Peça parao grupo
Os olhos! ponto deônibus aomesmo tempo. Ojogador perma- enumerar as partes do corpo que podem ser usadas
Envie a idade como se fosse uma nece sentado ou em pé calmamente esperando pelo paracomunicação. Peça paraos jogadores movimen-
mensagem para o corpo todo! ônibus, focalizando a idade escolhida. Quando for o tarem a parte designada.
722 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS ° JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 723

De frente: testa, sobrancelhas, olhos, bochechas, na- Descrição: Quatro jogadores (é aconselhável fazer a divi-
riz, boca, língua, ombros, peito, estômago, mãos e são de atares e atrizes). Peça paraos jogadores senta-
pés, joelhos etc. rememcena. Peça paracada um deles fazer umabre-
De costas: cabeça (partes que não se movem), om- vedeclaração de atitude, como: "Ninguém meama",
bros, tronco, (massa sólida), nádegas, calcanhares, bar- "Eu nunca me divirto", "Nunca encontrei uma pes-
Osjogadores mostraram com as costas? riga da perna (partes/ comparativamente imóveis). soa de quem não gostasse", "Gostaria de ter coisas
Poderiam ter encontrado maior Compare o número de partes móveis (comunicati- bonitas". Osjogadores devem trabalhar para atingir
variedade no movimento? vas) docorpo quando estão defrente e de costas para umaexpressão facial e corporal completa de suafra-
Eles comunicaram oQ,uem? A idade? a platéia. se. Quando isto for atingido e aparecer a expressão
corporal, dê a instrução "Sustente!". Osjogadores re- As expressões básicas (atitudes) foram
cebem instruções deumaseqüência de andes, Quens mantidas ainda que tenha havido
Exercício para as Costas n 2 Q
e O Quês. Osjogadores devem manter a expressão alterações em cada evento (cena)?
física da atitude através de todas as mudanças. Como essas atitudes afitaram os
Mostre com as costas! Objetivo: Comunicar com o corpo todo. Exemplo: Dê instruções para o mesmo grupo para que relacionamentos?
Utilize as costas por inteiro! Foco: Mostrar um sentimento ou estado de espírito com passem pela escola maternal, escola primária, festa A maneira de falar?
Sintacom as costas! as costas. de formatura, um encontro de namorados, festa no
Descrição: Times com qualquer número dejogadores es- escritório, encontro parajogar cartas, lar de velhos -
tabelecem Onde, Quem e O Quê, realizado com as os eventos que identificam as várias fases da vida.
costas paraa platéia, sem diálogo.
Exemplo: Assistindo umjogo ou uma luta; uma sala de
espera. Sustente.' nQ 2.
Notas: 1. Não espere muito de início. Apenas osjogado-
res que têm maiores habilidades naturais serão capa- Objetivo: Mostrar personagem e emoção através de ati- Sustente! Sustente!
zes defazer uma expressão completa. Com o tempo, tudes. Compartilhe com a platéia! .
Eles comunicaram Onde, OJtem e O todos os jogadores irão comunicar com as costas. Foco: Manter uma expressão física ou qualidade corporal Sustente:
OJtê? 2. Osjogadores podem serconscientizados que a re- através deumaseqüência de Onde, Quem e O QUê.
Osjogadores sustentaram ofoco? gra"Não dêas costas paraa platéia" é empregada no Descrição: Times de dois ou mais jogadores. Cada joga-
Poderia ter havido maior variedade de teatro apenas paraprevenir a perda de comunicação dor assume uma expressão corporal, como ombros
expressão? (compartilhar) com a platéia. corcundas, queixo beligerante, boca petulante, testa
3. Este exercício éútil para oensaio de cenas demultidão. caída, olhos fixos, andar depatachoca, andar firme e
agressivo, estômago flácido etc. Então, os jogadores As características físicas influenciaram
estabelecem Onde, Quem e O Quêe realizam a cena as atividades dos jogadores dentro do
Sustente.' nº 7 mantendo a expressão física ou qualidade corporal Onde} Qyem e OQ,uê?
escolhida. Jogadores} vocês concordam?
Deixe que a atitude afete o seu Objetivo: Mostrar como a atitude afeta o personagem. Nota: O jogo Sustente! sugere aos jogadores que as emo-
queixo, olho, ombro, boca, mãos Foco: Manter umaexpressão facial e corporal dentro de ções subjetivas e sua expressão física estão intima-
e pés! uma seqüência de Onde, Quem e O Quê. mente ligadas.
124 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DO DIRETOR 125

Espelho com Penetração Transformação de Relacionamento


Reconstrua seu nariz como o do Objetivo: Desviar os jogadores da síndrome bem/mal e Objetivo: Propiciar aos jogadores a excitante experiência Transformel
parceiro! libertá-los paraa fala improvisada. dejogar com relacionamentos que são contantemente Siga o seguidor!
Maxilar! Testa! Foco: Reestruturar seu rosto de dentro parafora parapa- transformados. Sejao iniciador!
Mudem o espelho! recer-se com o outro. Foco: Movimento, interação constante, relação entre os Permaneça com esse som! Com este
Focalize o lábio superior do Descrição: Osjogadores formam pares ou escol~em par- jogadores através de uma série de relacionamentos movimento! Este olhar!
parceiro! ceiros que tenham rostos estruturalmente diferentes que se transformam. Explore esse objeto que estáentre
Mantenha a discussão! dos seus. Cada time de dois jogadores estabelece um Descrição: Dois jogadores iniciam o jogo com um deter- osdois!
Modifique a linha do seuqueI•Xo.I relacionamento simples (marido/mulher etc.) : esco- minado relacionamento (Quem). Por exemplo: mé- Utilize o corpo todo!
Seumaxilar! lhem umtópico paradiscussão ouargumentaçao ..o.s dico examinando paciente. No decorrer dojogo eles Intensifique estaaçãol
Mudem o espelho! jogadores sentam-se, umdefrente parao outro, e InI- deixam que o Quem setransforme emnovos relacio- Movimento! Transformação!
Exagere os ossos faciais! ciam a conversa. Quando o diretor chamar o no~e namentos, umapós o outro. Osjogadores não devem
de um dos jogadores, este assume a .estru~ra facial Movimento! 'Iransformaçãol
Continue conversando! iniciar a mudança (inventá-la), mas devem "deixar
Modele a suaface para parecer deseu parceiro enquanto continua a dIscussa~. Quan-
acontecer". No decurso dos relacionamentos que se
como a de seuparceiro! do chamados, os jogadores não devem refletir o mo-
transformam, os jogadores podem tomar-se animais,
vimento e a expressão daface do parceiro como nos
De dentro para fora! plantas, objetos, máquinas, e entrar em qualquer es-
jogos de espelhos anteriores', mas devem procura:
Compartilhe a suavoz! paço e tempo.
reestruturar a sua face paraparecer com a do parce~­
Notas: 1. Quando os jogadores são surpreendidos em um
roo Quando o nome do parceiro é chamado,. o pn-
evento (cena) e estão desempenhando papéis, dê a
meiro jogador volta à sua próp:ia est:utura f~cIal. Os
instrução: Sejam o espelho um dooutro!, paraajudar
jogadores devem continuar ~.dIsc~~sao se~,mter~p~
a reestabelecer a relação entre os jogadores e a voltar
ção enquanto o diretor modifica o espelho frequen
parao foco.
temente. . 2. Osrelacionamentos emtransformação revelam um
Vócê penetrou a estrutura facial ou Notas: 1. Os jogadores são lançados em um rela~lOna-
evento (cena) em microcosmo antes demudar. Aten-
simplesmente refletiu a expressão eo mento explícito deconversação. Contudo, os dOIS ~ar­
ceiros devem estar tão ocupados com a penetraç~o e dência é permanecer com o novo evento (cena) mas
movimento? o momento emque ele emerge é também o momen-
em reestruturar o seu rosto que o problema do diálo-
Platéia, vocês concordam com os to de transformação. Por exemplo, se um médico
jogadores? go deixa de ser um problema. ..
2.No início os jogadores mostrarão pouca modifica- examina um paciente, o estetoscópio que é o objeto
ção física no rosto. Este jogo tem valor apesar deste entre os jogadores, pode setransformar emuma cas-
aparente resultado modesto, pois força o jogador a cavel ou um lençol, e os jogadores então passam a
estar em um novo Onde, Quem e O Quê. Jogadores, vocês inventaram ou
olhar e ver.
3. Os jogadores devem penetrar os rostos, um do 3.O diálogo deve sermínimo pois Transformação de deixaram acontecer?
outro, para remodelar oseu próprio paraparecer com Relacionamento exige muito movimento corporal Vócês mantiveram ofoco na relação ou
para que a transformação emerja Poderão aparecer foram surpreendidos no evento ou cena,
o do outro.
sons - grunhidos, gritos etc. O som nesse caso faz ou relacionamento (papel)?
3.Veja Espelho, Qjlem éoEspelho?, Siga oSeguidor, p. 38-39. parte da energia que aparece e continua sendo movi- Platéia, vocês concordam?
O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 127
126 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS

mento corporal, enquanto o diálogo (neste exercício) diferentes lugares da sala e todos participam dojogo
pode interromper o processo aolidar com idéias, em simultaneamente, enquanto o diretor dáinstrução para
todos ostimes de umavez.
lugar de energia física e pode levar ao desempenho
de papéis. O objetivo é o movimento, a interação, a
transformação!
4. A instrução deve ser dada com um nível de ener-
Fala Espelhada
giaextremamente alto.
Objetivo: Seguir o seguidor verbalmente', Refletor, permaneça com a mesma
Faca: Refletir!espelhar as palavras do iniciador em voz palavra!
alta. Reflita aquilo que estáouvindo!
JOGOS PARA OUVIR/ESCUTAR
Descrição: Times de dois jogadores. Osjogadores perma- Reflita a pergunta! Não responda!
I,
Não deixe osjogadores excessivamente conscientes necem um de frente para o outro, e escolhem um Compartilhe suavoz!
\
da variação da fala. Osjogos Vogais eConsoantes, Diálogo temaparaconversar. Umdos jogadores é o iniciador Troca de refletor! Mantenham a
Cantada, P: 44-45, limpam organicamente a fala. Para ci- e inicia a conversa. O outro jogador reflete e espelha fluência entre os dois!
tarMarguerita Herman, co-autora, com seu marido Lewis, emvoz altaaspalavras do iniciador. Ambos os joga- Permaneçam com a mesma palavra!
de manuais sobre dialetos: "A nãoser que o aluno tenha dores estarão falando asmesmas palavras emvoz alta Saibaquando você inicia o
exatamente no mesmo momento. Quando é dada a discurso!
problemas básicos de fala, não se deve forçar nenhuma
grande mudança na pronúncia. Tudo o que se precisa é instrução: "Troca!", os jogadores mudam de posição. Saibaquando você estárefletindo!
Aquele que refletia torna-se o iniciador do discurso e Troca! Troca!
limpeza e afinação".
o que iniciava passa a sero refletor. As trocas devem (Quando os jogadores estiverem
ser feitas sem interrupção da fluência das palavras. falando auma só voz, sem intervalo de
Depois dealgum tempo, nãoserá mais necessário que tempo):
Espelho eSom
o diretor dê a instrução paraas trocas. Osjogadores Agora fique na sua! Não inicie! Siga
irão "seguir o seguidor" no discurso, pensando e di- o seguidor!
Objetivo: Comunicação oral, mas não verbal.
Não interrompa! zendo asmesmas palavras simultaneamente, sem es- Siga o seguidor!
Foco: Espelhar ossons do parceiro.
Observe seu sentimento corporal! forço consciente.
Descrição: Times de dois jogadores. Osjogadores ficam
físico ao espelhar o som do seu sentados, um defrente parao outro. Um dos jogado- Notas: 1. Deve-se dar instrução para que os iniciadores
parceiro de jogo! res é o iniciador e produz ossons. O outro jogador é evitem fazer perguntas. Seforem feitas perguntas, o
Trocar o espelho! quem reflete e espelha os sons. Quando for dada a espelho deve apenas refletir a pergunta, e não res-
Sem intervalo de tempo! instrução: Troca!, osjogadores invertem asposições. pondê-la. .
Mantenha a fluência dos sons! Aquele que refletia passa a sero iniciador. O que era 2. A diferença entre repetir as palavras do outro, e Platéia, os jogadores ficaram com a
Sinta como o seu corpo se sente ao iniciador passa a sero refletor que espelha ossons do refletir aspalavras do outro deve serentendida orga- mesma palavra ao mesmo tempo?
refletir o som! novo iniciador. As trocas devem serfeitas sem inter- nicamente para que o "siga o seguidor" possa serea- Jogadores, vocês sabiam quando estavam
Troca! lizar. Emcerto sentido, osjogadores estabelecem con- iniciando afala equando estavam
rupções no fluxo do som.
Sinta suas pernas! Suas mãos! Seus Natas: 1. Os sons podem seraltos oubaixos, gritados ou tato entre si através da mesma palavra e tornam-se refletindo?
ombros! sussurrados. A variedade é desejável. VOcês sabiam quando estavam seguindo
Troca! 2. Os times de dois jogadores podem se juntar em 4.Veja Siga oSeguidor, p. 39. oseguidor?
I

I'
728 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS
}
o JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 729
)
Para todos os jogadores, qual éa uma mente única, abertos umparao outro. Na medi-
volve no evento (cena), dê a instrução: Sussurrar no
diferença entre repetir uma fala e daemque a conversa flue entre osjogadores aparen-
palco!, para que osjogadores voltem ao foco dojogo.
refletir uma fala? temente sem esforço, surge o diálogo verdadeiro!
3.O próprio texto pode serapresentado e explorado,
bastando restringir o assunto da conversa entre os jo-
Conversas Não-Relacionadas
gadores ao assunto do texto.
4.Se o tempo for limitado, peça parao grupo dividir-
Objetivo: Mostrar que o corpo todo é requisitado para Dê àquele que estáfalando, toda p )
seem times detrês jogadores, sendo umdos times os ouvir.
instrutores. Todos os times jogam simultaneamente sua atenção corporal!
Foco: Estender a atenção com o corpo todo para aquele Interrompa a conversa quando
em pontos diferentes da sala.
que está falando sem concordar, discordar ourespon- desejar! Interrompa!
der. Mantenha o seupróprio assunto! )
Descrição: Qualquer número dejogadores. Osjogadores Não entre em acordo! Não discordr
Sussurro no Palco ficam sentados numa rodadeconversa. Qualquer um
I )

Atenção física! Ouçacomospés!


dos jogadores fala sobre algum assunto escolhido. Ouça com os olhos! A espinha!
Abrasuagarganta! Objetivo: Desenvolver momentos dramáticos.
Todos os outros atores ouvem o que está sendo dito, Com a cabeça!
Utilize o corpo todo! Foco: Sussurrar no palco: sussurrar com projeção total e
dando total atenção física àquele que está falando. Com os ombros!
Sussurre desde a ponta de seus pés! com a garganta abertas.
Outro jogador interrompe einicia outro assunto, sem
Não sussurre de verdade...sussurre Descrição: Times de dois jogadores estabelecem Onde,
qualquer relação com a primeira conversa. Enquanto
no palco! Quem e O QUê, em que sejam forçados a sussurrar
cada jogador mantém o seu assunto em andamento,
Deixe a platéia ouviro quevocê uns com os outros. Por exemplo: ladrões emum ar-
muitas outras conversas são iniciadas por diferentes
estáfalando! mário, amantes discutindo numa igreja. Antes deini-
jogadores. Cada jogador continua com o seu próprio
Foco em Sussurre no palco! ciar o jogo, os jogadores podem sentar-se e ofegar
assunto.
Sussurre no palco! por alguns segundos.
Notas: 1. A atenção corporal cria urna fluência que é
Notas: 1. Corno esse exercício requer muita energia física,
sentida pelos jogadores. Dêinstrução para os quese
essa energia liberada traz parao palco situações cêni-
distanciam daquele que está falando. Osjogadores
cas vivas, divertidas e excitantes. Se o foco for manti-
ficam ligados uns aos outros por meio da atenção
doem sussurrar nopalco, este exercício quase invaria-
corporal e não por meio da fala ou do assunto.
velmente produz urna experiência teatral paraosjo-
2.Utilize este jogo durante os ensaios de mesa.
gadores.
Osjogadores falaram baixo ou 2.Ainstrução Um minuto! Pode intensificar o esforço
sussurraram no palco? do time neste exercício.
Efeitos Sonoros Vocais
jogadores, vocês deixaram ofoco 3.Lembrete: Quando os jogadores, por causa dares-
trabalhar por vocês? posta daplatéia, sentirem-se cerebralmente atrelados
Objetivo: Criar um ambiente utilizando sons. (Geralmente desnecessário) O somé
Platéia, vocês concordam? ao diálogo interessante ou ao humor que se desen-
Foco: Tornar-se o ambiente (Onde) apenas através dos seuparceiro dejogo!
sons. Traga o Onde para o espaço dejogo!
5. Umsussurro no palco não é um sussurro verdadeiro. Ele deve ser Descrição: Times dequatro a seis jogadores estabelecem o Dê ao som o seulugar no espaço!
ouvido pelaplatéia.
Onde e reúnem-se em torno deummicrofone. Utili- Cadasom é parte do todo!
130 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS O JOGO TEATRAL NOLIVRO DODIRETOR 131

zando o som como uma parte do todo, os jogadores 2. Repetir a batida após a avaliação faz com que a Qyem está batendo? Em que porta?
tornam-se oambiente escolhido (uma estação detrem, platéia setorne parte dojogo e seenvolva com o que A que hora do dia?
selva, porto etc.). Pelo fato de não haver ações em os outros jogadores estão fazendo. Com que objetivo?
cena, os jogadores podem estar fora da visão da pla- 3.Algumas perguntas naavaliação podem serimpos-
téia ou a platéia poderá fechar os olhos. síveis de serem respondidas, mas fazê-las pode pro-
Notas: 1. Passe o microfone de mão emmão parapermi- vocar novos insights nos jogadores.
tirque todos os jogadores experimentem com o som.
Onde estavam osjogadores? . 2.Uma gravação dotrabalho dogrupo que possa ser
OOnde estava no espaço ou na cabeça tocada durante a avaliação ajuda a todos. Quando os JOGOS DE NÃO-MOVIMENTO
dos jogadores? jogadores reconhecem sua contribuição como parte
(Pergunte individualmente): 1!ocê era do todo, tem-se como resultado umagrande dose de "Não-movimento" não é congelar. Seu objetivo é criar
parte do todo? entusiasmo. umaáreaderepouso ounão-pensamento entre as pessoas
3. Deixe que utilizem papel celofane para o crepitar no exato momento em que estão ocupadas com diálogo e
do fogo, um canudinho num copo d'água para re- atividade emcena. Se for realizado com compreensão sur-
produzir o som de água corrente etc. Estimule a va- girá dessa áreaderepouso ounão-pensamento, umaener-
riedade. gia que explode e se expressa através de uma utilização
singular de adereços, diálogos, relacionamentos deperso-
nagens mais intensos, e tensão crescente em cena.
Qyem Está Batendo? O que estamos procurando fazer acontecer é a acei- Algunsjogadores acham ainstrução
tação doinvisível como um elo entre os jogadores. O elo Repouse! Mais útil do que outras para
Compartilhe sua batida! Objetivo: Desenvolver comunicação não-verbal. é a verdadeira comunicação. atingir anecessária sensação física.
Tente novamente! Foco: Mostrar Onde, Quem e O Quê através dabatida na Como o objetivo desses jogos é interromper o pensa-
Intensifique! porta. mento e a verbalização conceituaI, evite apresentá-los
'Deixe que o som de sua batida Descrição: Um dos jogadores permanece fora davisão da muito detalhadamente.
penetre o espaço! platéia e bate em uma porta. O jogador deve comu-
Ouça/encontre o som no espaço! nicar Quem está batendo, por que razão, Onde, a
Coloque toda atenção corporalno que hora do dia, o tempo etc. Alguns exemplos in- Aquecimento com Não-Movimento
somfísico! cluem: um policial à noite, um amante rejeitado à
porta danamorada, um mensageiro dorei, umacrian- Objetivo: Ajudar a entender os elementos do movimento.
çabem pequena em um armário. Foco: No não-movimento dentro do movimento. Parte 1: Levante os braços numa
Notas: 1. Durante a avaliação, o diretor irá descobrir que Descrição: Parte 1: Os jogadores erguem e abaixam os seqüência de paradas!
muitos observadores não conheciam as circunstân- braços quebrando a fluência domovimento numa sé- Focalize a sensação de "não-
cias exatas: o Onde, Quem, O Quê. Agora que todos rie de quadros, como em umfilme. Parte 2: Quando movimento" ao levantar osbraços!
sabem, peça parao jogador repetir a batida. Os ob- forem instruídos, os jogadores erguem e abaixam os Focalize o não fazer nada!
servadores irão escutar com maior intenção e achar braços em velocidade normal, mas focalizando os Abaixe os braços em "não-
que a comunicação é mais clara agora que nãopreci- períodos (sensação) de "não-movimento" dentro da movimento"!
sam mais adivinhar. fluência total do movimento. Fique de fora dele!
'1
j
i
j
732 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS O JOGOTEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 133 )
I
Parte 2: Levante os braços em Nota: Executado adequadamente, este exercício dá uma JOGOS COM ESPAÇO
velocidade normal, focalizando o sensação e uma compreensão física de estar fora do
"não-movimento"! caminho. Ao focalizar o "não-movimento" as mãos, Usar objetos do espaço não é fazer mímica. Os obje-
Acelere suavelocidade, focalizando as pernas etc. movimentam-se sem esforço, sem von- tos do espaço tomam visível o invisível: umaaparição!
o "não-movimento"! tade consciente. Você está em repouso através do Projeções mágicas e espontâneas denosso euinterior (in- Nos jogos teatrais, procure aaparição.
Levante e abaixe! Velocidade "não-movimento" - sem atitudes sobre a ação. visível) entram nomundo visível! Amímica descreve um Deixe que os objetos do espaço apareçam!
normal com "não-movimento"! gesto conhecido, compreensível paraa platéia.
Fique de fora dele! Osobjetos doespaço propõem a visão direta, através
dointuitivo. Namímica, a platéia interpreta o gesto com
Quantos sentiram o ()zão-movimento"? a mente lógica e racional.
Asensação de que os braços se
movimentavam por si mesmos?
Encontrar Objetos no Ambiente Imediato
Objetivo: Tomar visível o invisível. Não tenha pressa!
Não-Movimento: Caminhada Foco: Receber objetos do ambiente. Deixe que os objetos apareçam!
Descrição: Três oumais jogadores estabelecem um relacio- Mantenha a discussão em
Caminhe pela sala em "não- Objetivo: Explorar o movimento corporal. namento simples e uma discussão que envolva a todos, .andamento!
movimento"! Foco: Não-movimento dentro do movimento. como por exemplo, um encontro de pais e mestres Compartilhe a suavoz!
Focalize osperíodos de "não- Descrição: Osjogadores (grupo todo se possível) caminham ouuma discussão familiar. A discussão pode aconte- Mantenha o contato com os
movimento"! pela sala, área de jogo ou qualquer espaço grande ceremtomo de umamesa do espaço. Durante o de- parceiros!
Não faça nada! Deixe que seu focalizando o não-movimento. correr doencontro, cadajogador encontra emanipu- Os objetos são encontrados no
corpo caminhe pela sala! Notas: 1. Todos os exercícios com visão, audição e tato la tantos objetos quanto possível. Osjogadores não espaço!
Permaneça em"não-movimento"! podem ser acrescentados a esta caminhada pelo es- planejavam previamente quais serão esses objetos. Ajude seuparceiro que não está
Ao caminhar pela sala, deixe que a paço se o tempo e a disposição permitirem. A instru- Notas: 1. Este éum problema bipolar. Aatividade decena, jogando!
sua visão vejatoda a sala e todos os ção Não-movimento! pode ser utilizada para correr, o encontro, deve ser contínuo, enquanto a preocupa-
objetos à suavolta! escalar etc. ção, o foco, deve serelaborado durante todo o tem-
Continue! Veja seus parceiros em 2: Não-movimento! utilizada como instrução mantém po. Alguns jogadores manterão o encontro e irão ne- Os objetos apareceram ou foram
"não-movimento"! o jogador calmo e livre do assunto. Esta perda de gligenciar o foco. Dêinstruções de acordo! inventados?
Deixe que seu corpo caminhe pela preocupação alivia os temores, a ansiedade etc. eper- 2. Quando este problema estiver solucionado, para o Osjogadores viram os objetos dos outros
sala em"não-movimento"! mite que uma mente clara e limpa faça surgir algo entusiasmo de todos, os objetos irão aparecer infini- jogadores eos utilizaram?
Deixe que seu corpo levevocê para novo. tamente: fios decabelos serão encontrados nocasaco Os jogadores referiram-se aos objetos ou
umpasseio e veja a paisagem à sua do vizinho, poeira flutuando no ar, lápis aparecem estabeleceram contato de fato com eles?
volta! através das orelhas etc. Todos os jogadores têm a opor- Jogadores, os objetos surgiram por meio
tunidade de descobrir isto por simesmos. de associação, ou vocês deixaram que
eles aparecessem?
134 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS
°
JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETaR 135

CAMINHADAS NO ESPAÇO como guia paradar as instruções paraascaminhadas Sinta a forma de seu corpo quando
no espaço. Por exemplo, se um dos jogadores tem se move pelo espaço!
A utilização do espaço ou movimento estendido du- uma expressão rígida no olhar, você pode dizer: Co- Agoradeixe que o espaço sinta
rante os ensaios ajuda a integrar o quadro de cena. Esses loque o espaço onde estão os seus olhos.' Deixe que a sua você! O seu rosto!
) exercícios quebram o isolamento estático emque muitos visão passe pelos seus olhos! Quando especificar a área Os seus braços! O seu corpo todo!
I jogadores semantêm, apesar dotrabalho com outros pro- de tensão de um dos jogadores, não deixe que ele o Mantenha os olhos abertos!
blemas de atuação. Embora especialmente úteis para a perceba. O que ajudar um deles, ajuda todos. Espere! Não force!
imaginação, os exercícios com movimento estendido tam- 2. Uma introdução simples para a substância do es- Você atravessa o espaço e deixa
bém ajudam muito as peças realistas. A seguir experi- paço é perguntar paraosjogadores o que existe entre que o espaço o atravesse!
mente o oposto, Não-Movimento, p. 131-132. Os exercícios você e eles. Osjogadores irão responder: "Ar", "At-
que utilizam a Substância do Espaço, P: 94, estão paralelos mosfera", "Espaço". Qualquer que seja a forma como
ao uso da dança ou movimento estendido e podem ser osjogadores denominam, peçapara que considerem
aplicados durante os ensaios. aquilo que está entre, ao redor, acima e abaixo deles
Da mesmaforma que um bailarino) um Esse tipo de ensaio auxilia osjogadores, jovens ou como sendo "substância do espaço" para o objetivo
ator nunca deve simplesmente esperar pela vez velhos, a perceber que o corpo todo, ainda que parado, deste exercício.
enquanto trabalha no palco. deve estar sempre pronto parasaltar paraa ação do pal- 3. Dêalgum tempo entre cada frase deinstrução para
co. Isso dáuma energia interessante à cena e sempre sur- que osjogadores possam experimentar.
ge uma qualidade coreográfica. Considere as partes do 4. Você pode querer adiar a experimentação destes
corpo - olhos, ouvidos, cérebro - como estruturas físicas jogos até que se sinta mais à vontade com esta abor-
ou equipamentos através dos quais o espaço flue, carre- dagem do espaço. AlgUém teve asensação de sentir o
gando visão, sons etc. 5. Não insista na avaliação de caminhadas no espaço. espaço ou de deixar que oespaço o
sentisse?

Caminhada no Espaço nJl 1 Caminhada no Espaço nJl 2


Caminhe por aí e sinta o espaço à Objetivo: Familiarizar osjogadores com o elemento (espa- Objetivo: Sentir o espaço ao redor. Você atravessa o espaço e deixa
sua volta! ço) no qual eles vivem", Foco: Sustentar a simesmo ou deixar que a substância do que o espaço atravesse você!
Investigue-o como uma substância Foco: Sentir o espaço com o corpo todo. espaço o sustente, de acordo com a instrução. Enquanto caminha, entre dentro de
desconhecida e não lhe dê um Descrição: Osjogadores caminham einvestigam fisicamen- Descrição: Osjogadores caminham pelasala e sustentam seu corpo e sinta as tensões!
nome! te o espaço como sefosse umasubstância desconhe- a si mesmos ou permitem que o espaço os sustente, Sintaseusombros!
Sinta o espaço com as costas! Com cida. de acordo com a instrução. Sinta a coluna de cimaa baixo!
o pescoço! Notas: 1. Como em todas as caminhadas no espaço, o Notas: 1. Como em Caminhada no Espaço nº 1, o diretor Sinta o seuinterior a partirdo
Sinta o espaço com o corpo e deixe diretor caminha com o grupo enquanto dáinstruções caminha com ogrupo enquanto dáasinstruções para interior!
que suasmãos formem um todo para o exercício. Utilize as características físicas de o exercício. Dê um espaço de tempo entre as instru- Observe! Anote!
com o seu corpo! seus jogadores (boca cerrada, ombros curvados etc.) ções para que osjogadores experimentem. Você é o seu único suporte!
Sinta o espaço dentro da boca! 2. Deixar que o espaço sustente não significa perder Você sustenta o seu rosto! Seus
Na parte exterior de seu corpo! 6.Veja também Sentindo oEucom oEu, p. 43. o controle ou andar aos trancos. O jogador deve per- dedos dos pés!
, 136 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR ,~)

I
Seu esqueleto todo! mitir que o corpo encontre o seu alinhamento corre- o seupróprio pedestal! .)
Sevocê não se sustentasse, você se to. Permita que oseu corpo encontre oalinhamento correto! Sinta o seu crânio com o seu crânio!
despedaçaria em milpartes! é umainstrução útil neste exercício. Agora ponha espaço onde estão as )
Agora mude! Caminhe pelo espaço 3. Faça isto várias vezes. Todos terão prazer. Espere suas bochechas!
e deixe que o espaço o sustente! até que todos os jogadores conheçam uns aos outros. Em torno dos ossos do'seu braço!
O seu corpo entenderá! 4.Mude deum para outro entre sustentar a simesmo Entre cadadisco de sua espinha
Perceba que o seu corpo está e deixar que o espaço osustente, até que osjogadores dorsal!
sentindo! experienciem a diferença. Ponha espaço onde está o seu
Coloque espaço onde estão seus olhos! Variação: Peça para os jogadores fecharem osolhos e ca- estômago! ,
Deixe que o espaço sustente seu rosto! minharem uns em torno dos outros. Enquanto os Sinta suaprópriaforma umavez
Seus ombros! Agora mude! olhos estiverem fechados, dê a instrução: "Congelar!" mais!
Agora é você quem se sustenta Peça aos jogadores para identificar pelo nome oudes- O contorno exterior de todo o seu
novamente! crever osjogadores à sua volta. corpo no espaço!
Sinta onde termina o espaço e
Havia uma diferença entre sustentar asi começa o seu corpo!
mesmo edeixar que oespaço osustentasse?
Parte 2: Agora assuma a atitude
Variação: Sem apalpar com as mãos! corporal e facial de uma outra
Sem tatear! Sinta, vejacom o corpo pessoa!
todo! Fique de olhos fechados! De dentro para fora! Oslábios! Os
olhos! O esqueleto!
Assuma a expressão física dessa
Caminhada no Espaço nº 3: Esqueleto pessoa!
Agora, assuma ossentimentos
Parte 1: Você passa pelo espaço e Objetivo: Sentir o corpo fisicamente (emoções) dessa pessoa!
deixa que o espaço passe por você! Foco: O movimento físico do esqueleto no espaço. Mantenha o físico da pessoa!
Sinta o seu esqueleto se Descrição: Osjogadores caminham pelo espaço, focalizan-
movimentando no espaço! . do o movimento do esqueleto nos ossos e nas articu-
Você sentiu oseu próprio esqueleto
Evite ver umafoto de seuesqueleto! lações. movimentando-se no espaço?
Sinta o movimento de cada Nota: Dêinstrução para os jogadores voltarem para a for-
articulação! ma de seu corpo. Tocar eSer TocadolVer eSer Visto
Deixe que suas articulações se
movimentem livremente! Objetivo: Ajudar a criar maior visão e sentimento nos jo- Deixe que o espaço passe por você .
Sinta o movimento de suacoluna! gadores. e você passe pelo espaço!
Deseus ossos pélvicos! Desuas Foco: Nainstrução. Deixe que a suavisão passe pelos
pernas! Descrição: Deixe que os jogadores se movimentem livre- seus olhos!
Deixe que suacabeça repouse sobre mente pelo espaço cênico. Deixe que o espaço passe por você
138 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS
OJOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 7

e pelos seus parceiros! Notas: 1. Lembre-se de que osjogadores devem semover cenadafesta emergiu e a qualidade necessária do olhar
Passeie emseupróprio corpo e veja continuamente e dê tempo entre uma instrução e sem olhar apareceu com nitidez. O entusiasmo provo-
a paisagem à suavolta! outra. cado pelo jogo foi mantido pelos jogadores durante as
Toque emum objeto do espaço - 2. Permita que osjogadores toquem e sejam tocados, apresentações.
umaárvore, um copo, umaroupa, vejam e sejam vistos. É difícil paramuitos jogadores Osjogos tradicionais são especialmente válidos para
umacadeira! permitirem a simesmos serem vistos. Mudando con- clarificar cenas que requerem marcação detempo nítida.
Quanto tocar oobjeto, sinta-o, tinuamente de Esconda.' para Veja.' pode ajudar bas- Uma cena no parque onde transeuntes deviam atraves-
permitaque ele sintavocê! tante. sar o palco (exigindo entradas e saídas contínuas) criou
(Varie osobjetos.) 3. 1!er eSer Visto remove atitudes, informação e narra- um sério problema de marcação de tempo. Eraimpossí-
Toque umparceiro de jogo e deixe ção sobre aquilo que ojogador está vendo. Acontece vel "marcar" as travessias por meio de marcação tradi-
que ele toque em você! umaexperiência direta que clareia o espaço entre os cional pois deveria haver travessias aleatórias, mas nunca
Toque e seja tocado! jogadores. muitas ao mesmo tempo. Ojogo tradicional Passa Objeto
l(Varie osjogadores.) 4. A instrução Passeie em Seu Próprio Corpo! leva os (abaixo) solucionou o problema para os jogadores. De-
Veja um objeto! jogadores a experimentar o desprendimento, encon- pois dejogarojogo umavez, ele foi repetido. Mas desta
Quando ver o objeto realmente, trando assim maior envolvimento. vez osjogadores caminharam em vez de correr para o
deixe que o objeto vejavocê! objetivo. Depois que um ou dois se entusiasmaram, os
(Varie osobjetos.) outros entraram sem hesitação.
Veja um parceiro! Deixe que o Tenha alguns bons manuais dejogos emmãos e este- Quando introduzir um joga, seja parceira
parceiro veja você! ja familiarizado com seu conteúdo paraque nomomento sempre que possível.
Encare o parceiro e esconda-se: emque surja umproblema nopalco, ele possa sersolucio-
Não o veja nem deixe que ele veja nadocom umjogotradicional'.
você!
Agora muda! Veja e sejavisto!
Passa Objeto
Foi difícil permitir ser tocado... ser
visto? Descrição: Dois times. Os times formam duas fileiras, uma
ao lado da outra. O primeiro jogador do time tem
JOGOS TRADICIONAIS um objeto na mão (um jornal enrolado, um bastão
etc.). O primeiro jogador de cada time deve correr
Osjogas tradicionaisprovocam uma Surgiu um difícil problema em uma cena de festa, até um alvo previamente determinado, tocá-lo, cor-
resposta fzsiológica fàrte. na qual seis ou sete atores tinham que circular e sociali- rer de volta, e dar o objeto para o segundo jogador
zar, enquanto subrepticiamente esperavam um sinal de que deve, por suavez, correr até o alvo, tocá-lo, cor-
seu diretor parafugir e criar umtumulto. Quando a cena rer de volta, dar o objeto para o terceiro jogador e
foi ensaiada, ela estava estática e sem espontaneida- assim por diante, até que todos osjogadores tenham
de. O problema foi finalmente solucionado por meio de terminado e um dos times tenha vencido.
umjogo tradicional chamado Qyem Iniciou oMovimento?,
P: 47. Depois dejogar este jogo quatro ou cinco vezes, a
7. Todos oslivros de Neva Boyd sãorecomendados:
O JOGO TEATRAL NOLIVRO DODIRETüR 147 )
140 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS
)

Eu Vóu para aLua são distribuídas pelos jogadores do círculo. 'ja" fica
com o primeiro grupo dejogadores, "bu" fica com o
Objetivo: Desenvolver a memória e a observação segundo grupo, "ti" fica com o terceiro grupo e assim
Foco: Lembrar umasérie de seqüências. por diante, até que todos osgrupos tenham umasíla-
Descrição: Times de dez a doze formam um círculo. ba determinada. O grupo escolhe então uma melo-
Parte 1: O primeiro jogador diz "Quando eu for à diafamiliar (por exemplo: Parabéns a Você, OuAtire
Lua vou levar umbaú(ou qualquer outro objeto)". O o Pau no Gato etc.). Osjogadores cantam continua-
segundo jogador diz: "Quando eu for à Lua, vou le- mente a melodia utilizando apenas a sílaba atribuída
varumbaúe umacaixa de chapéu". O terceiro joga- aoseu grupo. Ojogador que saiu dasala volta parao
dor repete a frase até este ponto e acrescenta alguma jogo, caminha degrupo emgrupo e procura compor
coisa nova. Cada jogador repete a frase na seqüência a palavra utilizando tantas tentativas quantas forem
correta e acrescenta algo. Se umjogador errar a se- necessárias. O jogo pode ser dificultado pedindo-se
qüência ou esquecer algum item, ele sai dojogo. O que os jogadores troquem delugar depois que assíla-
jogo prossegue até que reste apenas umjogador. bas forem atribuídas, dispersando assim os grupos.
Parte 2: A mesma estrutura do jogo acima, porém Todos os grupos devem cantar a suasílaba a partir da
Parte 2: Dê aos objetos o seulugar
agora cada jogador realiza umaação com o objeto. mesma melodia simultaneamente.
no espaço!
Parte 3: O mesmo time jogacomo na parte 1, só que
Mantenha os objetos no espaço -
com umanova série de objetos. Desta vez, contudo,
tire-os da cabeça!
os jogadores dão tempo para verem cada objeto na OUTROSJOGOS COM ONDE
medida em que ouvem.
Parte 3:(Quando os parceiros
Notas: 1. Naparte 1ojogador poderá sempre lembrar-se Veja as notas sobre o Onde, p. 49-50. Veja também
acrescentarem novos objetos.)
de todos os objetos ou ações na série, mas inacredi- Verbalizando oOnde, Partes 1 e 2, p. 100-101.
Não tenha pressa em ver os objetos!
tavelmente irá esquecer o último objeto menciona-
Veja os objetos que são
do. Esse jogador teráprovavelmente se desligado do
acrescentados!
último jogador na ordem para planejar previamente oOnde Especializado
o objeto a seracrescentado.
2. Contudo, quando osobjetos são representados, os Objetivo: Tornar visível o cenário invisível. Mostre! Não conte!
jogadores raramente esquecem o objeto anterior. Re- Foco: Mostrar o Onde através do uso de objetos físicos. Explore! Intensifique!
petir a parte 1 enquanto se vê os objetos menciona- Descrição: Dois ou mais jogadores emcada time. Para to- Intensifique os objetos específicos!
Vocês viram apalavra quando ela foi dos facilita lembrar. dos os times é dado o mesmo Onde geral (saguão de
falada? hotel, escritório, sala de aula etc.). Os times devem
especializar oOnde geral (um saguão dehotel em Paris, Osjogadores escolheram objetos
Sílabas Cantadas escritório de um hospita~ sala de aula na selva etc.) e diferenciados que deram vida ao seu
estabelecer Quem e O Quê. Onde especializado?
Descrição: Osjogadores sentam-se em círculo. Um deles Notas: 1. Estimule osjogadores a especializar o Onde fa- Ou precisaram contar para nós Onde
sai da sala enquanto os outros escolhem uma pala- zendo escolhas pouco comuns (um escritório no céu, estavam por meio da fala?
vra, por exemplo: jabuticaba. As sílabas da palavra um saguão de hotel na selva). Jogadores) vocês concordam?
142 JOGOS FARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS O JOGO TEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 143

2.Dêa instrução Onde com Ajuda! e Onde com Obstácu- Notas: 1. Mantenha a avaliação apenas no foco! Não
lo! quando osjogadores precisarem de ajuda. estamos interessados emoutra coisa senão noque aca-
bou de ocorrer ou irá ocorrer.
2. Se este exercício for dado no início do treinamen- Oque acabou de acontecer?
Qye Horas São? to, osjogadores devem manter simplicidade naquilo Os jogadores mostraram ou contaram?
que ocorreu (por exemplo) cavando neve lá fora). Oque irá acontecer?
Sintaa hora com os pés! Objetivo: Estabelecer o cenário e o ambiente. 3. Quando repetido mais tarde OQjte Está Além deve Os jogadores mostraram ou contaram?
Com a espinha dorsal! Com- as Foco: Sentir o tempo com o corpo todo) muscular e ser baseado em relacionamentos) como por exem-
pernas! cinestesicamente. plo: umabriga com o/a namorado/a, umfuneral, um
Não tenha pressa! Descrição: Divida o grupo em dois grandes times. Traba- assalto.
Sintaa hora como rosto! lhando individualmente dentro do seu time, osjoga-
Com o corpo! dores permanecem empé ousentados) focalizando a
Da cabeça aos pés! hora do dia dada pelo diretor. Osjogadores devem oQye Está Além ?
Deixe que o foco trabalhe para mover-se apenas se forem impulsionados pelo foco,
você! mas não devem introduzir atividade sóparamostrar Objetivo: Comunicar um evento passado e umaação pre- Sustente a atividade!
o tempo. sente simultaneamente. Intensifique a relação com o
Existe reação corporal às horas? Notas: 1. Osjogadores não devem interagir durante este Foco: O que aconteceu além ou irá acontecer enquanto parceiro!
É possível comunicar ahora sem exercício. totalmente envolvido com a atividade em cena. Explore o espaço!
atividade ou objetos? 2. Cada jogador perceberá o tempo de forma dife- Descrição: Dois ou mais jogadores estabelecem Onde) Trabalhe com o não-movimento no
Todos sentiram ahora de sua própria rente. Por exemplo, duas horas pode significar sono Quem e O QUê. Osjogadores devem realizar suaati- que estáalém!
maneira? para muitos, mas o coruja do grupo estará inteira- vidade (O Quê) em cena. Eles devem ter feito algo Preencha o espaço com O Que Está
OJtais eram as diferenças? mente desperto. juntos antes de entrar em cena ouirão fazer algo jun- Além!
A hora do relógio é um padrão cultural? 3. Assim como nos exercícios QJte Idade Tenho? e O tos quando saírem.
Existe apenas hora de dormir, hora de QJte Faço para Viver?, p. 117, repita a hora apenas e Notas. 1. Faça com que O QueEstá Além seja umevento
trabalhar, hora de estar com fome? veja o que surge. modificado que envolva profundamente osjogado-
res. Porexemplo: um caso deamor) um atocrimino-
so) morte) divórcio, perdade emprego etc. Se O Que
oQye Está Além: Atividade Está Além for apenas umaatividade simples compar-
tilhada pelos jogadores, o envolvimento (O QueEstá
Mostre, não conte! Objetivo: Desenvolver a comunicação não-verbal. Entre Ambos) não irá energizar ojogo cênico.
Deixe seu corpo refletiro que Foco: Comunicar a atividade que acontece num lugar onde 2.Matenha O Que Está Além nãorelacionado com o
aconteceu há pouco! sevai entrar. que está acontecendo em cena. Não deve serdiscuti-
Intensifique-o! Deixe seu corpo Descrição: Um de cada vez, osjogadores entram) cami- do entre osjogadores nem deve ser suprimido. Esta
refletirqualatividade irá nham pela área dejogo e saem. Sem utilizar fala ou aparente contradição é o que permite com que O Que
acontecer? atividade desnecessária, o jogador comunica que a Está Além irrompa forte em cena) resultando num Os jogadores mantiveram ofoco ou
atividade ocorreu antes de sua entrada ou ocorrerá fim de cena natural. começaram a interpretar?
após a sua saída.
744 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS °JOGO TEATRAL NO UVRO DODIRETOR 74, )

JOGOS VARIADOS realizar a cena como fariam normalmente, usando


diálogo e ação.
Notas: 1. Na platéia osjogadores descobrem a necessi- A cena teve animação?
Acrescentar uma Parte dade de mostrar, não contar. Vocês sabiam oque estava acontecendo
2.A falta devida de umacena na qual osatares ape- mesmo que não pudessem ouvi-los?
.Deixe-nos ver o que você está Objetivo: Ajudar osjogadores a trabalhar juntos. nas falam em lugar dejogar, toma-se evidente mes- Onde eles poderiam ter fisicalizado a
vendo! Foco: Usar parte deum objeto inteiro no espaço - fora da moparaosmais resistentes. cena?
Dê às partes o seu lugar no espaço! cabeça. Variação: Peça paraa platéia permanecer de olhos fecha-
Permaneça com o mesmo objeto Descrição: Times de oito a dez jogadores. O primeiro jo- dos em lugar de tampar os ouvidos.
maior! gador utiliza ouestabelece cantata com umaparte de
Os outros jogadores vêem o objeto . um objeto maior que somehte ele tem em mente e
maior através das partes deixadas então sai da área dejogo. Um por um, osjogadores Cego
pelos outros! utilizam ou estabelecem cantata com outras partes
Evite planejar a sua parte! do objeto maior até que o objeto todo esteja configu- Objetivo: Desenvolver consciência sensorial com o corpo Continue com este movimento!
Utilize o que foi deixado pelos rado no espaço. todo. Encontre a cadeira que você estava
outros e deixe a sua própria parte Exemplo: O primeiro jogador senta-se e utiliza umvolan- Foco: Movimentar-se pela área de jogo, de olhos fecha- procurando!
aparecer! te, o segundo arruma o espelho retrovisor, o terceiro dos, como se pudesse ver, sem tatear. Aventure-se!
abre a porta do carro e assim por diante. Descrição: Dois ou mais jogadores preparam um simples Pendure o seuchapéu!
Notas: 1. Esse jogo é semelhante ao Parte de um Todo, p. Onde, Quem e O Quê, e estabelecem a áreadejogo Integre este tatear no seu
Platéia, qual era oobjeto completo? 99, mas os jogadores não se tornam parte com o com adereços de mão reais, adereços de cenário, personagem!
As partes acrescentadas estavam no corpo. Aqui eles deixam partes do objeto maior na mesas, cadeiras. A áreadejogo deve ser plana, reti-
espaço ou na cabeça dos jogadores? área dejogo. rando-se todos os objetos afiados.
jogadores, vocês concordam? 2. Os jogadores não devem construir sua parte do Necessita-se de vendas reais para os olhos. O Quê
Primeiro jogador, era esse oobjeto que objeto com instrumentos, mas utilizando esta parte. (atividade) deve exigir manuseio e troca de muitos
você tinha em mente? O espelho retrovisor, no exemplo dado, deve ser objetos, como emumamesa de chá.
acrescentado olhando dentro dele e arrumando o Notas. 1. No início a perda da visão provoca ansiedade Os jogadores movimentaram-se
penteado. Ofoco neste jogo está naaparência - quan- em alguns jogadores que permanecem imobilizados naturalmente?
do o invisível se torna visível. no.mesmo lugar. Ainstrução e utilização do adereço Eles integraram otatear ao Onde,
telefone irá ajudar. Toque a campainha (vocal, sene- Quem e OQyê?
cessário) parachamar o jogador (pelo nome) a aten- Esta integração era interessante?
Platéia Surda der o telefone. Não é necessário conversar. O joga- (Se o jogador está procurando uma
dor levará ojogo adiante. cadeira, elepode inclinar o tronco
Comunique! Objetivo: Desenvolver a comunicação física. 2. O contato a partir domanuseio etroca deadereços ou balançar o braço como se esses
Fisicalize! Foco: Comunicar uma cena a uma platéia surda. reais é necessário parao sucesso deste exercício. movimentos fizessem parte do
Mostre-nos! Descrição: Dois ou mais jogadores estabelecem Onde, personagem.) .
Quem e O Quê. Osmembros daplatéia tampam os
ouvidos para observar a cena. Osjogadores devem
146 JOGOS PARA ACONTINUAÇÃO DOS ENSAIOS O JOGOTEATRAL NOLIVRO DODIRETOR 147

Pregão 4. Umjogador emuma das cenas de pré-assassinato


de Macbeth, quando foi instruído "Oculte a Lady
Faça o pregão! Objetivo: Quebrar barreiras entre osjogadores e a platéia. Macbeth!", tornou-se umhomem extremamente peri-
Intensifique! Foco: Comunicação com a platéia. goso, um homem passivo com umaespada na mão.
Mais forte! Descrição: Umjogador individualmente. O jogador deve 5. Veja Tocar eSer Tocado/ Vá eSer Visto, p. 137.
vender ou demonstrar alguma coisa para a platéia.
Depois de fazer o discurso (apresentação) uma pri-
meira vez, pede-se paraojogador repeti-lo mas desta
vez em forma de pregão.
Q,ual era a diferença entre os dois Notas: 1. Veja Elablação: Vender, p. 76.
discursos? 2.Osjogadores da platéia irão descobrir que umpre-
Por que opregão faz com que ojogador goeiro deve comunicar-se com a platéia e por isso
adquirisse vida? deve estar intimamente envolvido com ela.

Ocultando
Oculte o assunto! Vbjetivo: Entender a autoconsciência.
Oculte seu parceiro dejogo! Foco: Ocultar o assunto, o Onde, o personagem de acor-
Oculte o Onde! do com a instrução. ' ....... . .

Descrição: Ocultar não significa ignorar o que estamos '


ocultando. Ojogador permanece com aquilo que está
ocultando ao mesmo tempo em que se agarra a ele.
Notas: 1. Ocultar, como muitos outros jogos, é um para:
doxo: a mente procurando imaginar como ficar cons- ,
ciente daquilo que deve serocultado. Isto produz um
movimento mágico de desequilíbrio, umadas portas
parao intuitivo.
2.A mente dojogador' está esvaziada (livre) de todas
as manifestações de atitude ou interpretações. Este
esvaziamento permite à mente fluir e tornar-se parte
daquilo que está acontecendo agora. O invisível tor-
na-se visível.
3. O que estamos procurando fazer acontecer é a
i
) aceitação do invisível como uma possibilidade de
conexão entre os jogadores e a platéia, sendo esta co-
nexão a comunicação oral.
GLOSSÁRIO EFRASES PARA INSTRUÇÃO

Todas as frases para instrução são dadas durante o


jogo de cena e ensaios. Osatores não param paraconsi-
derar o que está sendo instruído. Eles atuam! Quando
asfrases de instrução começam a funcionar paravocê e
seu elenco, raramente são entendidas como direção tea-
tral. Resultante desse processo é uma conexão sim-
biótica. As frases de instrução suscitam ação e jogam
todos no presente.

Ajude oparceiro que não está jogando! Desperta o elenco


para as necessidades dos outros. Produz atividade de
cena.
Aja, não reaja! Atuar é levar adiante; reagir é internalizar
algo antes que seja colocado parafora.
Blablação! Português! Sem tempo para pensar. Sem "posso
ounão posso?" Agora!
Cãmera lenta.' Traz os jogadores parao momento do seu
jogo. Os detalhes tornam-se mais nítidos. Osjogado-
res vêem e sentem o que está acontecendo.
Compartilhem oespaço entre vocês.' Encontro no centro. O
espaço entre os jogadores é onde as energias indivi-
duais podem se encontrar. Produz desprendimento
artístico, torna visível para osjogadores o que está
acontecendo em relação aopersonagem e à emoção.
150 GLOSSÁRIO EFRASES PARA INSTRUÇÃO O JOGOTEATRAL NO LIVRO DODIRETOR 151

Compartilhe sua voz' Produz projeção! Responsabilidade são ao trazer o ocultado para o foco, como em um
em relação à platéia. Não é apenas umainstrução para dose. Evita que ojogador seoculte. Pode revelar qua-
falar mais alto. Ajuda a alertar osjogadores organica- lidades de personagem escondidas.
mente, sem a necessidade de preleições para a inte- Passeie em seu próprio corpo.' l!eja apaisagem.' Cria grande
ração com a platéia. desprendimento artístico. Útil durante os ensaios.
Passe a bola (a palavra, o intervalo, o olhar) oseu tempo e Permita que ojõco trabalhe por você! Deve relaxar os jogado-
espaço.'Uma pausa é dada. Tempo/espaço podem ser res. Ajuda a relaxar controle obsessivo. Uma força
um momento cênico muito emocionante. O mesmo exterior está trabalhando e ajudando.
é válido paraum olhar, umapalavra. QJtadro de cena! Ajuda osjogadores a verem a perspectiva
Dê.' Tóme/ Dê! Tóme! Consciência dos outros. daplatéia. Traz osjogadores e a platéia parao espaço
Deixe sua visão fluir através de seus olhos.' Deixe ~ som flufr cênico.
através de seus ouvidos.' Deixe sua mentefluir através de seu Sinta isso! Com as costas! Com os pés! Com a cabeça! Com os
cérebro.' Útil paraCaminhadas no Espaço. ombros.' Uma emoção toma conta do corpo todo.
Duas cenas! Dois centros, clarifica a confusão. Sussurrar no palco! Lembra os jogadores de sussurrarem
Estabeleça cantata.' Vogais econsoantes.' Atitude.' Lembretes. audivelmente. Intensifica relacionamentos.
Explore esse gesto! Pausa.' Amplia a experiência. Toque! Permita ser tocado.' Expande o mundo sensorial.
Explore esse objeto.' Essa idéia! Esse som! Esse pensamento! Utilize ocorpo todo! Ajuda a fisicalizar emoções, sentimen-
Coloca o jogador em uma observação meditativa tos, pensamentos, personagem.
quando se procura a exploração. l!eja! Permita-se ser visto! Saia, saia, de onde querque es-
Explore esse som! Reforça o movimento, a visão, o pensa- teja.
mento, o personagem. l!eja o teta! As paredes! l!eja ajanela.' Desperta o jogador
Fisicalize esse pensamento.' Dá expressão física (corporal) para o Onde.
paraumaemoção emergente.
Fora da cabeça, coloque no espaço! Abra para a comunicação!
Útil paralivrar-se de atitudes. Osjogadores movem-
se em direção ao espaço de cena. Libera o intuitivo
(área X).
Intensifique esse movimento... esse sentimento.' Traz umaexpe-
riência mais ampla, mais intensificada.
Mantenha oolho na bola! No parceiro! No adereço! Ancora o
jogador no movimento.
Fique dejõra/Interrompe interferências. Interrompe ocon-
trole.
Não-movimento! Interrompe o excessivo controle cerebral.
Coloca a ação e o pensamento no fogo.
Oculte seu parceiro! Oculte oOnde! Oculte aplatéia.' Dá uma
nova relação com o que foi ocultado. Acrescenta vi-
ÍNDICE DE OCOS J

Acrescentar uma Parte 144 Diálogo Cantado 45


Aquecimento com Não-Movimento 131 Dublagem 97

Baú Cheio de Chapéus 116 Efeitos Sonoros VtJcais 129


Blablação: *nder 76 Encontrar Objetos no Ambiente Imediato 133
Blablação/Português 77 Espelho 38
Espelho com Penetração 124
Cabo de Guerra 35 Espelho eSom 126
Câmera 89 Eu VtJu para aLua 139
Câmera Lenta 45 Exercício para as Costas 1'& 1 121
Caminhadas no Espaço 134 Exercício para as Costas 1'& 2 122
Caminhada no Espaço 1'& 1 134 Explorar eIntensificar 69
Caminhada no Espaço rt-2 135 Exposição 34
Caminhada no Espaço ~ 3:Esqueleto 136
Cego 145 126
Fala Espelhada
Coelhinho Sai da Toca 47
Fazendo Sombra 103
Começo eFim com Objetos 67
Cantata Através dos Olhos rt-l 81
Grito Silencioso 90
Cantata Através dos Olhos rt-2 84
Cantata 82
Jogo de Bola 36
Convergir eRedividir 56
Jogo do Onde 1'& 1 50
Conversa em Três 80
129 Jogo do Onde 1'& 2 52
Conversas Não-Relacionadas
Jogo do Onde 1'& 3 52
54 Jogo do Qyem 1'& 7 119
Dar eTomar (Aquecimento)
54 Jogo do Qyem 1'& 2 119
Dar eTomar
154 ÍNDICE DEJOGOS

. Modificando aIntensidade da Emoção 88 Saídas eEntradas 104


, Mostrando aEmoção (ação interior) por Segura isso! 61
} Meio de Objetos 86 Sentindo oEu com oEu 43
Siga oSeguidor 39
Não-Movimento: Caminhada 132 Sílabas Cantadas 139
Soletrando 44
OOnde Especializado 141 Som Estendido 93
OQJle Está Além: Atividade 142 Substância do Espaço 94
OQJle Está Além? 143 Sussurro no Palco 128
OQJle Faço para Viver? 117 Sustente! nº 1 122
Ocultando 146 Sustente! nº 2 123

Parte de um Todo, Objeto 99 Tensão Silenciosa nQ 1 92


Passa Objeto 139 Tensão Silenciosa nº2 92 TEATRO NAPERSPECTIVA
Pegador com Explosão 46 Tocar eSer Tocado!Ver eSer Visto 137 AArte do Atare Teatro-Educação
Platéia Surda 144 Tomar eDar 54
Pregão 146 Transjàrmação de Relacionamento 125 Nãtureza e Sentido dalmprovisação Teatral, Sandra Chacra (O183)
Transjàrmando aEmoção 87 Jogos Teatrais, Ingrid O. Koudcla (O189)
QJladro de Cena 61 Três Mudanças 36 No Reino daDesigualdade, Maria Lúcia deSouza B. Pupo (0244)
Q,ue Horas São? 142 IIArtedo;I tal', Richard Bolcslavski (0246)
Q,ue Idade Tenho? 117 J!er aPalavra 68 Um Vão Brechtiano, Ingrid O.Koudcla (0248)
QJle Idade Tenho? Repetição 120 Verbalizando oOnde, Parte 1 100 Texto eJogo, Ingrid D. Koudcla (0271)
) QJ1em éoEspelho? 38 J!erbalizando oOnde, Parte 2 101 Para Trás e Para Frente, David Hall (0278)
QJ1em Está Batendo? 38 Vogais eConsoantes 4.4 Brecht naPós-Modernidade, Ingrid Dormicn Koudcla (0281)
Q,uem Iniciou oMovimento? 47 Teatro com Meninos e Meninas deRua, Marcia Pompco Nogueira (0312)
Q,uem Sou Eu? 118 lmprovtsaçõo para o Teatro, Viola Spolin (E062)
Jogo, Teatro & Pensamento, Richard Courlncy (ED76)
Sobre o Trabalho do;ltor, Mauro Mcichcs c Silvia Fernandes (EI03)
Brecht: Um Jogo deAprendizagem, lngrid O.Koudcla (EI17)
OAtol' noSéculo XX, Odette Aslan (E119)
O;I tal' Compositor, Matleo Borfitto (EI77)
Papel do COl1)O noCOlpO doAtar, Sônia Machado Azevedo (EI84)
OAtol' COIIIO Xamã, Gilberto !cle (E233)
História Mundial doTeatro, Margot Bcrihold (LSC)
Dicionário de Teatro, Palrice Pavis (LSC)
Dicionário doTeatro Brasileiro: Temas, Formas e Conceitos, J. Guinsburg,
João Roberto Faria c Mariangcla Alvcs deLima (coords.) (LSC)
OJogo Teatral noLivro do Diretor, Viola Spolin (LSC)
Jogos Teatrais: O Fichário de Viola Spolin, Viola Spolin (LSC)
Jogos Teatrais naSala deAula, Viola Spolin (LSC)

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