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Transtornos

psiquiátricos
na infância e
adolescência
Mariana Ribeiro Maniglia

Unidade 2

Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora
MARIANA RIBEIRO MANIGLIA
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
A AUTORA
Mariana Ribeiro Maniglia
Olá. Meu nome é Mariana Ribeiro Maniglia. Sou formada em
Serviço Social pela UNESP e em Psicologia pela UNIFRAN, possuo
mestrado e doutorado (em andamento) em Psicobiologia pela USP. Minha
experiência profissional envolve a prática na área de neuropsicologia e de
psicologia clínica. Além disso, possuo experiência em atendimentos no
Sistema Único de Saúde em Unidades Básicas de Saúde e Ambulatórios.
Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência e
conhecimento àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de
muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha
de aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova com- novo conceito;
petência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou
mento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Deficiência lntelectual (DI)...................................................................... 11
Desenvolvimento..............................................................................................................................11

Características.................................................................................................................................... 12

Critérios diagnósticos.................................................................................................................... 14

.Diagnóstico diferencial e comorbidades........................................................................16

Transtorno do espectro autista (tea)................................................... 19


Desenvolvimento.............................................................................................................................19

.Características.................................................................................................................................... 21

.Critérios diagnósticos....................................................................................................................24

Diagnóstico diferencial e comorbidades........................................................................27

Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (tdah)..........29


Desenvolvimento............................................................................................................................ 29

Características................................................................................................................................... 30

Critérios disgnósticos.................................................................................................................... 31

Diagnóstico diferencial e comorbidades........................................................................33

Transtornos da comunicação (linguagem)........................................36


.Desenvolvimento.............................................................................................................................37

.Características....................................................................................................................................37

Critérios diagnósticos................................................................................................................... 40

.Diagnóstico diferencial e comorbidades........................................................................ 41


8 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

02
UNIDADE
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 9

INTRODUÇÃO
Nesta unidade nós iremos aprofundar o conhecimento sobre alguns
Transtornos do Neurodesenvolvimento. Você sabia que os Transtornos no
Neurodesenvolvimento podem ter níveis de gravidade? Sim! E como esses
níveis são classificados nós iremos ver em cada capítulo! Nesta unidade
você verá os seguintes transtornos: Deficiência Intelectual, Transtorno
do Espectro Autista, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e
Transtornos da Comunicação. Vamos comigo mergulhar neste universo?!
10 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Compreender e identificar os aspectos diagnósticos e as


características da Deficiência Intelectual.

2. Compreender e identificar os aspectos diagnósticos e


características do Transtorno do Espectro Autista.

3. Compreender e identificar os aspectos diagnósticos e


características do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.

4. Compreender e identificar os aspectos diagnósticos e


características do Transtorno da comunicação (linguagem).

Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao


trabalho!
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 11

Deficiência lntelectual (DI)

OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender
e de identificar os aspectos diagnósticos e características
da Deficiência Intelectual. Essa competência é funcamental
para a realização de diagnósticos diferenciais e
comorbidades. E então? Vamos começar?!

Desenvolvimento
A Deficiência Intelectual pode ocorrer em todas as raças e culturas
e é identificada no período do desenvolvimento. Num geral, indivíduos
do sexo masculino têm mais propensão ao diagnóstico do que o sexo
feminino. Nos primeiros anos de vida é possível identificar atrasos no
neurodesenvolvimento que podem predizer a Deficiência Intelectual. Os
marcos desenvolvimentais mais avaliados são os motores, a linguagem
e os aspectos psicossociais. Entretanto, nem sempre os atrasos são
identificados precocemente, num geral a confirmação e a identificação
do diagnóstico de Deficiência Intelectual ocorre através da queixa de
dificuldade escolar.

A Deficiência Intelectual não é progressiva, ou seja, não há piora


do quadro com o passar dos anos, embora o transtorno dure a vida toda.
Exceto em algumas comorbidades como a Síndrome de Rett, que pode
ocorrer períodos de piora seguidos de estabilização do quadro (APA,
2014). A Deficiência Intelectual pode ter um diagnóstico isolado (sozinho),
ou pode ter condições comórbidas, como por exemplo, Transtorno do
Espectro Autista, Síndrome de Down, outras deficiências sensoriais,
Epilepsia, dentre outros.
12 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

IMPORTANTE
O conhecimento cultural e étnico é necessário para o
diagnóstico de DI, pois o funcionamento adaptativo da
criança ocorre de acordo com a cultura que está inserida.

Por vezes, o curso da deficiência pode ser alterado quando


diagnosticada precocemente e realizadas intervenções multiprofissionais.

Características
A Deficiência Intelectual é caracterizada como uma condição
limitante que compromete o desempenho do indivíduo. A tríade
característica da Deficiência Intelectual compreende o déficit nas
habilidades intelectuais, o prejuízo na capacidade funcional e adaptativa e
o período de desenvolvimento da deficiência, antes dos 18 anos de idade.

NOTA
A criança com DI possui mais dificuldade para interpretar
conceitos abstratos. Trabalhar com conteúdos concretos
auxilia na aprendizagem.

De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-


10) a deficiência intelectual apresenta um desenvolvimento incompleto
do funcionamento intelectual. Compreende-se por funcionamento
intelectual as capacidades ou as funções cognitivas. Dessa forma, a
principal característica da Deficiência Intelectual é o prejuízo cognitivo
significativo verificado através do funcionamento da inteligência global
em testes neuropsicológicos. Na Deficiência Intelectual verificamos
que o funcionamento cognitivo está deficitário e pode apresentar as
seguintes características: raciocínio lógico restrito, baixa capacidade de
planejamento, dificuldade em formar pensamentos abstratos, dificuldade
em memorização e aprendizagem, limitação atencional, prejuízo em
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 13

generalização, dificuldade na capacidade expressiva, prejuízo em


resolução de problemas.

Além do prejuízo no funcionamento intelectual, a Deficiência


Intelectual também apresenta como característica a baixa capacidade
funcional e adaptativa. Isso significa que o indivíduo apresenta limitações
em competências sociais, emocionais e práticas, como comunicação,
habilidades acadêmicas, autocuidado, socialização, dentre outros
aspectos da vida diária.

EXPLICANDO MELHOR
A tríade diagnóstica da Deficiência Intelectual é composta
pelas seguintes características: avaliação intelectual,
avaliação funcional/adaptativa e ocorrer no período do
desenvolvimento.

A Deficiência Intelectual é uma condição heterogênea, ou seja, as


características são diversificadas de acordo com cada quadro e história
de vida do indivíduo. As crianças com Deficiência Intelectual podem
apresentar quadros de dificuldades na regulação de emoções, na
interpretação de pistas sociais e na avaliação de riscos. Essas características
podem predispor a comportamentos agressivos ou disruptivos, incluindo
a possibilidade de envolvimento em situações devido a ingenuidade e a
tendência de fácil manipulação.

REFLITA
São sinais que podem indicar DI: Falta de interesse pelas
atividades dadas em sala de aula; pouca interação com os
colegas e com a professora; dificuldade em coordenação
motora (grossa e fina); dificuldade para identificar letras,
desenvolver a fala de maneira satisfatória; dificuldade em
se adaptar aos mais variados ambientes; quando a criança
perde ou esquece o que já havia aprendido.
14 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

Crianças e adolescentes com diagnóstico de Deficiência Intelectual


que apresentem comorbidade com outros transtornos mentais podem
exibir comportamento de risco de suicídio. Em decorrência da falta de
consciência de riscos e perigos, as tentativas de suicídio e as lesões são
elevadas e precisam ser investigadas com maior rigor.

Critérios diagnósticos
De acordo com os critérios diagnósticos do DSM-V (APA, 2014) a
Deficiência Intelectual tem início do período do desenvolvimento e inclui
déficits intelectuais e adaptativos. Deve necessariamente obter os três
critérios abaixo:

I. Apresentar déficit intelectual comprovado por testes de inteligência


padronizados e individualizados;

II. Apresentar déficit na função adaptativa que limitam o


funcionamento em uma ou mais atividades diárias (comunicação,
socialização, autonomia) em múltiplos ambientes (escola, casa, trabalho,
comunidade);

III. O início dos déficits deve ocorrer no período do desenvolvimento,


ou seja, até os 18 anos.

VOCÊ SABIA?
Quociente de Inteligência, o famoso QI é uma medida
obtida através de testes que mensuram a inteligência do
indivíduo.

A Deficiência intelectual é espeficada através de níveis de gravidade


com base no funcionamento adaptativo do indivíduo: Leve, Moderada,
Grave e Profunda. As medidas de QI não são verificadas na classificação
de gravidade pois não há alterações significativas na extremidade inferior
desse coeficiente.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 15

VOCÊ SABIA?
A inclusão é um instrumento importante na qualidade de
vida da pessoa com Deficiência Intelectual, pois permite
o acesso a todos os recursos da comunidade, que
favorecerão o seu desenvolvimento global, a autonomia e
ajudarão a construir a sua cidadania.

Em nível de gravidade LEVE, as crianças apresentam dificuldades


em aprender conceitos de leitura, de escrita, de matemática, de tempo, e
geralmente precisam de abordagens mais concretas para a resolução de
problemas. Mostram-se imaturos, com dificuldade de compreender pistas
sociais e na regulação de emoções e comportamentos, são indivíduos
facilmente manipulados, pois apresentam julgamento social alterado. No
domínio prático podem não apresentar dificuldades em cuidados básicos,
como banho, trocar de roupa, atender um telefone, mas apresentam
prejuízo em tarefas mais complexas.

Em nível de gravidade MODERADA, as crianças apresentam atrasos


consideráveis e significativos na aprendizagem com relação aos pares.
O processo de aprendizagem da leitura, da escrita, da matemática e do
tempo é bem limitada e se desenvolve com maior lentidão. Os indivíduos
se relacionam com pares, embora não consigam interpretar pistas sociais,
as diferenças costumam limitar as relações e as crianças preferem brincar
com amigos de menor idade. As atividades básicas como vestir, tomar
banho e comer são realizadas sozinhas, mas há necessidade de maior
período para a aquisição dessas habilidades.

IMPORTANTE
O uso de testes de Quociente de Inteligência (QI) é exclusivo
do profissional psicólogo.
16 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

Em nível GRAVE, as crianças possuem pouca compreensão da


linguagem escrita e dos conceitos matemáticos/numéricos. A linguagem
falada é limitada em vocabulário e gramática, as crianças costumam usar
discursos simples para se expressar. Precisam de apoio e supervisão nas
atividades básicas como vestir, banho e alimentação, as crianças não
conseguem tomar decisões sozinhas.

Em nível de gravidade PROFUNDA as crianças possuem mais


contato e facilidade com o mundo físico do que simbólico. Alguns
conceitos e habilidades podem ser adiquiridos desde que trabalhados
concretamente, como tarefas de combinar e de classificar. Compreende
instruções e gestos simples, se comunica mais de modo não verbal e
não simbólico. São indivíduos completamente dependentes nos aspectos
de cuidados básicos. A ocorrência de prejuízos físicos e sensoriais pode
impedir às atividades e a comunicação.

Diagnóstico diferencial e comorbidades


Diagnóstico diferencial se refere a todas as doenças que também
podem explicar os sinais e sintomas do paciente. Portanto, é necessário
restringir um grupo de possibilidades, que são semelhantes, e que devem
ser elencadas como prováveis diagnósticos. A realização do diagnóstico
diferencial é feita através de testes, de exames, de sinais e de sintomas
específicos que permitem um diagnóstico final.

Na Deficiência Intelectual o diagnóstico deve ser feito sempre


que atendidos todos os três critérios já descritos anteriormente. Sempre
que houver o diagnóstico de uma síndrome genética num quadro de
investigação de DI, esta deve ser registrada como comorbidade com a
Deficiência Intelectual.

Vamos descrever os principais diagnósticos diferenciais com


a Deficiência Intelectual. Primeiramente, é necessário diferenciar os
transtornos neurocognitivos da Deficiência Intelectual. A Deficiência
Intelectual é definida como um transtorno do neurodesenvolvimento
diferentemente dos transtornos neurocognitivos, que se caracterizam
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 17

pela perda do funcionamento cognitivo. Ou seja, no primeiro caso, o


indivíduo possui o diagnóstico desde a infância ou adolescência, e no
segundo caso, houve um desenvolvimento típico e por algum motivo
ocorreu a perda das funções adquiridas.

Exemplo: Um indivíduo com síndrome de Down que desenvolve


doença de Alzheimer pode ser diagnosticado com deficiência intelectual
e transtorno neurocognitivo.

Os transtornos da comunicação e o transtorno específico da


aprendizagem que também são transtornos do neurodesenvolvimento,
podem ser comórbidos com a DI. Mas é importante ressaltar que não
devem ser confundidos, pois nos primeiros casos o indivíduo não
apresenta déficits no funcionamento intelectual e adaptativo.

VOCÊ SABIA?
O diagnóstico precoce na DI é extremamente importante
para o tratamento e a terapêutica. A neuroplasticidade
infantil permite muitas vezes mudar a condição de DI de
moderada para leve, por exemplo.

Outro diagnóstico diferencial é o Transtorno do Espectro Autista


(TEA). É comum que crianças com TEA tenham como comorbidade a
deficiência intelectual. A investigação do comportamento adaptativo deve
ser minuciosa nesses casos, pois as crianças com TEA possuem déficits
sociocomunicacionais e comportamentais, inerentes ao transtorno, que
interferem nas atividades de vida diária, bem como na compreensão e no
engajamento dos testes. A investigação adequada da função intelectual
no TEA é fundamental, principalmente com testes não-verbais de
inteligência. Os escores do QI no transtorno do espectro autista podem
ser instáveis, particularmente na primeira infância, portanto, é prudente
que se faça mais de uma avaliação no decorrer do desenvolvimento.

Os transtornos mentais e do neurodesenvolvimento comórbidos


mais comuns são transtorno de déficit de atenção/hiperatividade,
transtornos depressivo e bipolar, transtornos de ansiedade, transtorno
18 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

do espectro autista, transtorno do movimento estereotipado (com ou


sem comportamento autolesivo), transtornos do controle de impulsos e
transtorno neurocognitivo maior.

RESUMINDO
E então? Vamos revisar e ter certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo? Você deve ter
aprendido que a Deficiência Intelectual é um transtorno que
se inicia na infância e persiste por toda a vida. A Deficiência
Intelectual não é progressiva, ou seja, não há piora do
quadro com o passar dos anos. É caracterizada como uma
condição limitante que compromete o desempenho do
indivíduo. A tríade característica da Deficiência Intelectual
compreende o déficit nas habilidades intelectuais, o
prejuízo na capacidade funcional e adaptativa e o período
de desenvolvimento da deficiência, antes dos 18 anos de
idade. A DI possui uma apresentação heterogênea, ou
seja, as características são diversificadas de acordo com
cada quadro e a história de vida do indivíduo. É classificada
através de níveis de gravidade com base no funcionamento
adaptativo do indivíduo: Leve, Moderada, Grave e Profunda.
Os principais diagnósticos diferenciais são: transtornos
neurocognitivos, Transtorno do espectro autista, Transtornos
da comunicação e Transtorno específico da aprendizagem.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 19

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender
e de identificar os aspectos diagnósticos e as características
do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa competência
é funcamental para a realização de diagnósticos diferenciais
e comorbidades. E então? Vamos começar?!

Desenvolvimento
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) possui um padrão de início
muito precoce, observado geralmente nos primeiros anos de vida. Os
sintomas costumam ser reconhecidos entre os 12 a 24 meses de vida,
embora algumas crianças apresentem os sintomas antes dos 12 meses
de idade. O reconhecimento dos sintomas precocemente depende da
gravidade dos mesmos. Crianças com sintomas leves podem demorar
para apresentar atrasos e sinais. Existe também a possibilidade de a
criança perder habilidades adquiridas, neste caso, há regressão do
desenvolvimento após, pelo menos, 2 anos de desenvolvimento típico.
Os pais ou os cuidadores relatam história de deterioração gradual ou
relativamente rápida em comportamentos sóciais ou nas habilidades
linguísticas.

VOCÊ SABIA?
Uma em cada 160 crianças tem transtorno do espectro
autista! Acesse o site da Organização Pan-Americana de
Saúde e saiba mais, disponível no link: https://bit.ly/2Wixi2E.

Os primeiros sintomas do transtorno do espectro autista frequentemente


envolvem atraso no desenvolvimento da linguagem, acompanhado por
ausência de interesse social ou de interações sociais incomuns. Uma vez que no
desenvolvimento normal as crianças pequenas possuem fortes preferências e
20 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

gostam de repetição (por exemplo, ingerir os mesmos alimentos, assistir muitas


vezes ao mesmo filme, é difícil distinguir em pré-escolares o que pode ser
um padrão restrito e repetitivo de comportamento para o diagnóstico do TEA.
Embora no segundo ano de vida os comportamentos estranhos e repetitivos,
e ausência de brincadeiras típicas tornam-se mais evidentes em crianças com
TEA. Os sintomas são notados com maior frequência na primeira infância e
nos primeiros anos da vida escolar, a partir dos ganhos no desenvolvimento
infantil (por exemplo, o aumento no interesse por interações sociais) é mais fácil
distinguir os sinais e os sintomas do TEA.

IMPORTANTE
Não existe um gene do autismo. O que existe é uma
combinação de variantes genéticas que produzem o
autismo em certas combinações.

O Transtorno do Espectro Autista não é um transtorno degenerativo,


dessa forma a capacidade de aprendizagem e de compreensão perduram
ao longo da vida. A chegada da adolescência pode alterar as habilidades
comportamentais, em alguns ocorre a piora, em outros a melhora
comportamental. Os adolescentes com diagnóstico leve apresentam
maior funcionamento social e independência. Na fase adulta, os indivíduos
que possuem TEA e trabalham de forma independente geralmente são
diagnosticados como TEA de alto desempenho ou Asperger (abordaremos
essas características adiante). Mesmo esses indivíduos podem continuar
socialmente ingênuos e vulneráveis, com dificuldades para organizar as
demandas práticas sem apoio, e ficam mais propensos a ansiedade e
depressão. A maioria desses adultos utilizam estratégias compensatórias e
mecanismos de enfrentamento para mascarar suas dificuldades em público.

NOTA
Vacinas não causam autismo! Um dos últimos estudos
sobre o assunto, realizado na Dinamarca, não verificou
diferenças entre crianças vacinadas e as que não eram
vacinadas. A taxa de incidência do autismo é a mesma nas
duas condições.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 21

Existe ainda os adultos que não foram diagnosticados quando


crianças e que apresentam sintomas e sinais autísticos. Nesses casos é
importante obter uma história detalhada do desenvolvimento, inclusive
levar em conta as dificuldades autorrelatadas. Quando a observação
clínica sugerir que os critérios são preenchidos no presente, pode ser
diagnosticado o transtorno do espectro autista, desde que não haja
evidências de boas habilidades sociais e de comunicação na infância.

Características
O TEA recebe o nome de espectro porque envolve situações
e apresentações heterogêneas, numa gradação que vai da mais leve
à mais grave. As características essenciais do TEA são: (1) prejuízo na
comunicação social recíproca e na interação social; e (2) padrões restritos
e repetitivos de comportamento, de interesses ou de atividades. Esses
sintomas precisam necessariamente estar presentes desde o início da
infância e limitam o funcionamento diário do indivíduo.

IMPORTANTE
O TEA começa na infância e persiste na adolescência e na
idade adulta.

As manifestações do transtorno variam muito dependendo da


gravidade da condição autista, do nível de desenvolvimento e da idade
cronológica. De acordo com o DSM-V, o transtorno do espectro autista
engloba transtornos antes chamados de Autismo Infantil Precoce, Autismo
Infantil, Autismo De Kanner, Autismo De Alto Funcionamento, Autismo
Atípico, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação,
Transtorno Desintegrativo da Infância e Transtorno de Asperger.
22 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

NOTA
As evidências científicas sugerem que provavelmente há
muitos fatores que tornam uma criança mais propensa a ter
um TEA, incluindo os ambientais e os genéticos.

Para a investigação de características e de sinais do TEA o uso de


múltiplas fontes de informação torna o quadro mais confiável. Vamos
especificar as características essenciais do transtorno!

O prejuízo na comunicação social recíproca e na interação social


deve ser persistente e sustentado. O comprometimento da comunicação
social verbal ou não-verbal depende do nível intelectual, da história de
vida, da estimulação e da rede de apoio existente. Esse comprometimento
pode ocorrer como ausência total da fala, presença de atraso na aquisição
da linguagem, falha na compreensão, ecolalia, e linguagem literal. Mesmo
quando a criança possui habilidades linguísticas formais (gramática e
vocabulário) adequadas, o uso da linguagem social é comprometido.

REFLITA
O reconhecimento precoce do diagnóstico possibilita o
início de intervenções que auxiliam na diminuição dos
sintomas e do bem-estar da criança.

No aspecto socioemocional, a criança apresenta prejuízo na capacidade


de envolvimento com o outro e a expressão de sentimentos. Quase não imita
expressões ou atitudes, não existe o uso de brincadeiras imaginativas (faz-de-
conta), o uso de sua linguagem se limita a solicitar coisas e não a comentar
ou a promover interação. O uso de comunicação não-verbal é restrito, com
poucos gestos, expressões faciais, orientação corporal, entonação de fala ou
contato visual. As crianças mais velhas possuem dificuldade na flexibilização
de regras das bincadeiras. Em adolescentes se manifesta mais intensamente
a dificuldade em compreender qual comportamento é apropriado para cada
situação, a compreensão de figuras de linguagem (metáforas, piadas, ironia)
também é comprometida.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 23

NOTA
O autismo é cinco vezes mais comum em meninos do que
em meninas.

A nível cognitivo, crianças autistas possuem baixo desempenho de


atenção compartilhada, e bom desempenho de atenção sustentada. Isso
porque apresentam baixa manifestação do gesto de apontar, de mostrar
ou de trazer objetos e também dificuldade em seguir um gesto ou objeto.

Outra característica do Transtorno do Espectro Autista é definida


por padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou
atividades que podem se manifestar diferentemente de acordo com a
idade e a capacidade da criança.

VOCÊ SABIA?
Não há diferenças entre a anatomia cerebral de pessoas
com e sem autismo.

Os comportamentos estereotipados ou repetitivos podem se


apresentar como estereotipias motoras simples (por exemplo, abanar as
mãos), ou pelo uso repetitivo de objetos (por exemplo, enfileirar objetos)
e pela fala repetitiva (por exemplo, repetição imediata de palavras
ouvidas). Neste sentido, a criança também pode manifestar resistência a
mudanças, em qualquer aspecto, seja na rotina, seja na embalagem do
alimento, ou no desenho que vai assistir. As restrições alimentares são
manifestadas frequentemente no TEA. E manifestar padrões ritualizados
de comportamento verbal ou não verbal, como perguntar coisas repetidas.

Os comportamentos estereotipados também podem ocorrer


através da hiper ou hiporreatividade aos estímulos sensoriais. Isso significa
que a criança pode ter respostas extremadas a sons e a texturas, a cheirar
ou a tocar objetos de forma excessiva e encantamento por luzes ou
objetos giratórios.
24 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

IMPORTANTE
O uso de medicações no Autismo é importante,
especialmente, para aqueles com severos comportamentos
antissociais e agressivos, e que possam levar a epilepsia e a
problemas de sono. Mas nem toda a criança com Autismo
precisa ser medicada e deve-se sempre avaliar caso-a-
caso a necessidade de introduzir medicações.

O espectro autista enquadra características heterogêneas que


eram definidas anteriormente pelo DSM-IV como Asperger. Crianças
com as características clássicas do TEA, mas em uma medida reduzida
são enquadrados no que chamamos de Asperger. São indivíduos com
inteligência verbal adequada, muitas vezes confundidos com gênios, pois
possuem habilidades especializadas muito boas. Nesses casos, quando
menor a dificuldade de interação social, maior a chance de levar uma vida
adaptativa normal.

Critérios diagnósticos
De acordo com o DSM-V, a criança com diagnóstico de TEA deve,
necessariamente, conter déficits persistentes na comunicação e na
interação social em múltiplos contextos e apresentar padrões restritos
e repetitivos de comportamento, de interesses ou de atividades. Os
sintomas devem aparecer precocemente no período do desenvolvimento
e causar prejuízos significativos no funcionamento adaptativo. Vamos
especificar melhor os critérios!

VOCÊ SABIA?
A idade ao se tornar mãe pode influenciar o risco de ser
uma criança com autismo. Ficar grávida acima dos 40 anos
eleva muito o risco de se ter um filho autista.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 25

Os déficits na comunicação e na interação social podem se


apresentar da seguinte forma:

•• Déficits na reciprocidade socioemocional, ou seja, a criança


possui dificuldade em estabelecer uma conversa normal,
bem como iniciar ou responder a interações sociais;

•• Déficits nos comportamentos comunicativos não-verbais.


As crianças apresentam anormalidade em estabelecer
contato visual e linguagem corporal. Podem não
compreender e não apresentar reações faciais de emoções;

•• Déficits para desenvolver, manter e compreender


relacionamentos, incluindo dificuldade em
adequar seu comportamento aos contextos
sociais e participar de brincadeiras imaginativas.

NOTA
Cerca de 5% dos autistas possuem superdotação, 40%
apresentam inteligência média e são aptos à vida escolar e
acadêmica, e 50% apresentam Deficiência Intelectual.

Já os prejuízos nos padrões restritos e repetitivos de


comportamentos, de interesses e de atividades pode ser manifestado por
ao menos duas das seguintes características:

••
Movimentos motores, fala ou uso de objetos
repetitivos ou estereotipados (por exemplo, enfileirar
brinquedos, ecolalia, estereotipias motoras simples);

•• Padrão inflexível em rituais, rotinas e comportamentos


verbais ou não-verbais (por exemplo, rituais de
saudação, necessidade de realizar sempre o mesmo
caminho, ingerir sempre os mesmos alimentos);

•• Interesses fixos e restritos que são perseverativos


(por exemplo, apego forte a um objeto);
26 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

••
Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais
(por exemplo, reação contrária ao som e a texturas,
a cheirar ou a tocar objetos excessivamente,
fascinação por luzes ou por movimentos).

IMPORTANTE
Indivíduos com um diagnóstico do DSM-IV bem
estabelecido de transtorno autista, de transtorno de
Asperger ou de transtorno global do desenvolvimento
sem outra especificação, devem receber o diagnóstico de
transtorno do espectro autista.

Os níveis de gravidade do transtorno devem ser classificados de


acordo com o prejuízo significativo no funcionamento adaptativo do
indivíduo.

No nível de gravidade 1, a criança necessita de suporte, ou seja, caso


a criança não receba o apoio adequado pode apresentar dificuldade para
iniciar e para manter interações sociais. A criança pode apresentar falhas
na conversação, também pode ocorrer dificuldade em trocar de atividade.
Tentativas de fazer amigos de formas estranhas e malsucedidas. Dificuldade
em organização e de planejamento causam limitações na autonomia.

No nível de gravidade 2, a criança necessita de suporte substancial,


e apresenta déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e
não-verbal. Dificuldade em iniciar interações sociais, déficits consideráveis
na conversação. Esses prejuízos ocorrem mesmo na presença de apoio.
Dificuldade em lidar com mudanças. Os comportamentos restritos e
repetitivos aparecem com maior frequência.

No nível de gravidade 3, a criança necessita de suporte muito


substancial, os prejuízos na comunicação verbal e não-verbal causam
grandes comprometimentos no funcionamento social. A criança quase não
inicia diálogos e interações sociais. Fala com poucas palavras, muitas vezes
ininteligíveis. Somente reage a interações sociais muito diretas. A criança
apresenta muita dificuldade em lidar com mudanças, e seu comportamento
restrito e repetitivo interfere no funcionamento de todas as esferas.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 27

NOTA
É por volta dos 3 anos de idade que as características do
transtorno se tornam mais evidentes.

Diagnóstico diferencial e comorbidades


O diagnóstico diferencial deve sempre levar em consideração as
principais características do TEA: déficits na comunicação e de interação
social; e prejuízos nos padrões restritos e repetitivos de comportamentos.
Abaixo vamos identificar os principais diagnósticos diferenciais com TEA.

A Síndrome de Rett é caracterizada por uma ruptura da interação


social no desenvolvimento infantil, em geral, entre 1 e 4 anos de idade.
Depois desse período, no entanto, a maioria das crianças com síndrome
de Rett melhora as habilidades de comunicação social.

VOCÊ SABIA?
Apesar de não demonstrar afeto da mesma maneira que as
outras crianças, isso não significa que o autista não ame, ou
não seja afetivo. Ele simplesmente se expressa de maneira
diferente.

No Mutismo seletivo a criança normalmente exibe habilidades


comunicacionais apropriadas em alguns contextos e locais. Mesmo nos
contextos em que a criança é muda, a reciprocidade social e emocional não
está prejudicada, bem como não apresenta padrões de comportamento
restritivos ou repetitivos.

Os Transtorno da linguagem e Transtorno da Comunicação Social


(pragmática) não estão relacionado à presença de padrões restritos e
repetitivos de comportamento, de interesses ou de atividades.
28 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

IMPORTANTE
A “Teoria da mente” é empregada para atribuir estados
mentais a outras pessoas e predizer o comportamento das
mesmas em função destas atribuições. Em geral, os autistas
possuem dificuldade nessa habilidade sociemocional.

Em crianças com Deficiência intelectual pode ser difícil diferenciar


o diagnóstico de TEA, pois o não desenvolvimento das habilidades
lingüísticas ou simbólicas podem levar aos comportamentos repetitivos.
A comorbidade entre TEA e DI é grande.

As estereotipias motoras estão entre as características diagnosticas


do transtorno do espectro autista, mas no Transtorno do Movimento
Esteriotipado não há característica de prejuízo na interação social.

A Esquizofrenia com início na infância costuma desenvolver-se


após um período de desenvolvimento normal ou quase normal. O prejuízo
social pode ser confundido com o encontrado no TEA, mas as alucinações
e delírios não são encontrados no TEA.

RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o
Transtorno do Espectro Autista (TEA) possui um padrão de
início muito precoce, observado geralmente nos primeiros
anos de vida. Não é um transtorno degenerativo, dessa
forma, a capacidade de aprendizagem e de compreensão
perduram ao longo da vida. As características essenciais
do TEA são: (1) prejuízo na comunicação social recíproca
e na interação social; e (2) padrões restritos e repetitivos
de comportamento, de interesses ou de atividades. Os
níveis de gravidade do Transtorno devem ser classificados
de acordo com o prejuízo significativo no funcionamento
adaptativo do indivíduo (gravidade, 1, 2, 3). Os principais
diagnósticos diferenciais são: Síndrome de Rett, Mutismo
seletivo, Transtorno da linguagem e Transtorno da
Comunicação Social (pragmática), Esquizofrenia e DI.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 29

Transtorno do Déficit de atenção e


Hiperatividade (TDAH)

OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender
e de identificar os aspectos diagnósticos e as características
do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH). Essa competência é funcamental para a realização
de diagnósticos diferenciais e comorbidades. E então?
Vamos começar?!

Desenvolvimento
NOTA
TDAH antigamente já foi chamado de: síndrome da criança
hiperativa, lesão cerebral mínima, disfunção cerebral
mínima, transtorno hipercinético, transtorno primário da
atenção.

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) costuma


ser identificado com maior frequência durante os anos escolares. Em pré-
escolares a hiperatividade é mais frequente, principalmente na agitação
motora ao começar a andar e a correr. O comportamento desatento é
mais saliente durante o início da idade escolar.

No decorrer da adolescência o transtorno fica mais estável,


principalmente os sintomas de perfil hiperativo. Os sintomas desatentos
podem permanecer durante a adolescência e a vida adulta. Na vida adulta
os sintomas de falta de planejamento e a impulsividade podem ser mais
salientes do que os sintomas desatentos.
30 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

Características
As principais características do Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade consistem em padrões persistentes de desatenção e/ou
de hiperatividade/impulsividade que interferem no funcionamento ou no
desenvolvimento do indivíduo.

DEFINIÇÃO
O TDAH é um transtorno neurobiológico, com grande
participação genética, que tem início na infância e
compromete o funcionamento da pessoa em vários setores
de sua vida.

Vamos caracterizar os perfis do TDAH! O perfil desatento manifesta-se


comportamentalmente como divagação em tarefas, falta de persistência,
dificuldade de manter o foco e desorganização. Esse padrão não é visto
como conseqüência de um desafio ou falta de compreensão. Já o perfil
hiperativo demonstra atividade motora excessiva, como remexer, batucar
e conversar excessivamente, em geral a criança não consegue se conter,
mesmo em lugares não apropriados. A característica impulsiva refere-se a
ações precipitadas, sem planejamento, que podem causar potencial dano
à pessoa. Esse perfil apresenta o comportamento de obter recompensas
imediatas, a pessoa pode interromper os outros em excesso e tomar
decisões sem considerar as consequências. O perfil misto apresenta tanto
características de desatenção como de hiperatividade/impulsividade.

IMPORTANTE
A presença do TDAH Pode contribuir para baixa autoestima,
relacionamentos problemáticos e dificuldade na escola ou
no trabalho.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 31

As manifestações do transtorno devem estar presentes em mais de


um ambiente (casa, escola e trabalho). É importante que os informantes
sejam precisos e assertivos quanto à detecção dos sintomas. É comum
que os sintomas variarem conforme o contexto em um determinado
ambiente. Mas se a criança só apresenta os sintomas em um ambiente,
é possível que o manejo comportamental/ambiental não esteja sendo
suficiente. Dessa forma, não é possível afirmar que a criança possui TDAH
somente com manifestação em um ambiente.

VOCÊ SABIA?
O fator hereditário é muito considerado no diagnóstico
do TDAH. Quando identificamos uma pessoa com TDAH,
se pesquisarmos na mesma família, invariavelmente
encontraremos outras pessoas com o mesmo problema.

Critérios disgnósticos
Os critérios diagnósticos para TDAH seguem três padrões:
desatento, hiperativo e misto.

IMPORTANTE
a frequência do transtorno entre as crianças varia de 3 a 10
% da população infantil.

No perfil desatento é necessário que a criança apresente ao


menos 6 dos seguintes sintomas por 6 meses com impacto negativo nas
atividades funcionais:

••
Frequentemente não presta atenção em detalhes ou
comete erros por descuido em tarefas escolares, no
trabalho ou durante outras atividades;

•• Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em


tarefas ou atividades lúdicas;
32 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

•• Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe


dirige a palavra diretamente;

•• Frequentemente não segue instruções até o fim e não


consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres
no local de trabalho;

•• Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e


atividades;

•• Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver


em tarefas que exijam esforço mental prolongado;

•• Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou


atividades;

••
Com frequência é facilmente distraído por estímulos
externos;

•• Com frequência é esquecido em relação às atividades


cotidianas.

IMPORTANTE
O uso de certos medicamentos e algumas doenças clínicas
também podem provocar hiperatividade. É necessária
investigação cautelosa sobre esses aspectos para o
diagnóstico correto!

Já no perfil Hiperativo é necessário que a criança apresente ao


menos 6 dos seguintes sintomas por 6 meses com impacto negativo nas
atividades funcionais:

•• Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou


se contorce na cadeira;

•• Frequentemente levanta da cadeira em situações em que


se espera que permaneça sentado;

•• Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações


em que isso é inapropriado;
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 33

•• Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em


atividades de lazer calmamente;

••
Com frequência “não para”, agindo como se estivesse
“com o motor ligado";

•• Frequentemente fala demais;

•• Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a


pergunta tenha sido concluída;

•• Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez;

•• Frequentemente interrompe ou se intromete.

Para completar o diagnóstico os sintomas precisam estar presentes


antes dos 12 anos de idade, os sintomas devem estar presentes em dois
ou mais lugares diferentes (por exemplo, escola e em casa) e os sintomas
interferem no funcionamento adaptativo (social, acadêmico) da criança.

IMPORTANTE
Os principais recursos no tratamento do TDAH são:
Informação e conhecimento, medicação e recursos
psicoterápicos.

Diagnóstico diferencial e comorbidades


Os principais diagnósticos diferenciais a serem realizados no TDAH
são: Transtorno de oposição desafiante (TOD), Transtorno de aprendizagem,
Transtorno de ansiedade (TA) e Transtorno de personalidade. Vamos
especificar cada um!

VOCÊ SABIA?
Estima-se que até 70% das crianças com TDAH apresentam
simultaneamente outros transtornos.
34 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

No transtorno de oposição desafiante, as crianças resistem a


praticamente tudo, tarefas, profissionais, solicitações. Isso porque são
crianças que não se conformam à exigência dos outros. O comportamento
de crianças com TOD é caractetizado por negatividade, hostilidade e
desafio. Essas características não são especificamente direcionadas a um
ambiente ou a uma pessoa. Em crianças com TDAH a aversão à escola ou
às tarefas está relacionada à dificuldade em manter um esforço mental
prolongado, no esquecimento das orientações iniciais e na impulsividade.
É comum a comorbidade entre TOD e TDAH.

As crianças com Transtorno específico da aprendizagem apresentam


características desatentas devido à frustração, à falta de interesse ou
à capacidade limitada. A desatenção em crianças com Transtornos de
aprendizagem desaparece fora do ambiente escolar, já em crianças com
TDAH não.

REFLITA
Muitos sintomas de TDAH são interpretados erroneamente:
“só lembra o que interessa”, “não tem persistência em nada”,
“não leva nada a sério”, “não se dedica”, “se realmente se
importasse com os outros, teria lembrado”, “é vagabundo”.

A desatenção também é uma característica compartilhada por


crianças com Transtornos de ansiedade. Em crianças com TDAH a
desatenção é causada por estímulos externos, novos ou preferências
específicas. Já no Transtorno de Ansiedade, a desatenção é causada pela
preocupação e pela ruminação de situações ou de acontecimentos.

Alguns transtornos de personalidade tornam-se difíceis de


diferenciar do TDAH na adolescência e na vida adulta. Por exemplo, o
transtorno de personalidade borderline pode compartilhar características
de desorganização, intrusão social, desregulação emocional e
desregulação cognitiva. Para realizar esse diagnóstico diferencial
é necessário observação prolongada e entrevista detalhada com
informantes.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 35

RESUMINDO
Agora que você aprendeu sobre a importância da
anamnese infantil vamos resumir tudo o que vimos. Você
deve ter aprendido que o Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) costuma ser identificado com maior
frequência durante os anos escolares. Em pré-escolares,
a característica de hiperatividade é encontrada mais do
que o sintoma desantento, este visto com frequência em
escolares. As principais características do Transtorno de
Déficit de Atenção e da Hiperatividade consistem em padrões
persistentes de desatenção e/ou de hiperatividade/
impulsividade que interferem no funcionamento ou no
desenvolvimento do indivíduo. O TDAH pode apresentar
3 padrões de comportamentos: desatento, hiperativo/
impulsivo ou misto. Os principais diagnósticos diferenciais
a serem realizados no TDAH são: Transtorno de oposição
desafiante, transtorno de aprendizagem, transtorno de
ansiedade e transtorno de personalidade.
36 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

Transtornos da Comunicação (linguagem)

OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender
e de identificar os aspectos diagnósticos e características do
Transtorno de Comunicação (linguagem). Essa competência
é funcamental para a realização de diagnósticos diferenciais
e comorbidades. E então? Vamos começar?!

Os Transtornos da Comunicação incluem os seguintes transtornos


que apresentam déficits na linguagem, na fala e na comunicação: transtorno
da linguagem, transtorno da fala, transtorno da fluência com início na
infância (gagueira), transtorno da comunicação social (pragmática) e outro
transtorno da comunicação especificado e não especificado. Vamos nos
ater somente ao transtorno da linguagem que é o mais frequente dentre
esses transtornos.

Neste capítulo precisamos conceituar algumas informações antes


de iniciar. Para isso vamos começar diferenciando o que é comunicação,
fala e linguagem! A comunicação inclui toda expressão verbal ou não-
verbal que influencia o comportamento e a atitude de um indivíduo. A
fala consiste na produção expressiva de sons e inclui a articulação, a
fluência, a voz e a qualidade da ressonância de um indivíduo. A linguagem
compreende a forma, a função e o uso de um sistema convencional de
símbolos, como palavras faladas, linguagem de sinais, palavras escritas e
figuras, através de um conjunto de regras para a comunicação.

IMPORTANTE
Crianças com transtorno da linguagem precisam de terapia
fonoaudiológica. Todas as informações a seguir referem-
se ao Transtorno da Linguagem!
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 37

Desenvolvimento
O desenvolvimento e a aquisição da linguagem não é um processo
homogêneo e é marcado por mudanças desde a infância até a vida
adulta. Essas mudanças surgem nas dimensões de linguagem, como
sons, palavras, gramática, narrativas e habilidades de conversação e
são diferentes de acordo com cada idade. Como um transtorno do
neurodesenvolvimento, o transtorno da linguagem surge durante o início
do período do desenvolvimento.

NOTA
O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para identificar,
diagnosticar e tratar indivíduos com distúrbios da
comunicação oral e escrita, voz e audição. Embora outros
profissionais possam fazer parte da avaliação diagnóstica.

Características
As principais características do transtorno da linguagem incluem a
aquisição e o uso da linguagem. A aprendizagem e o uso da linguagem
dependem de habilidades receptivas e expressivas. Capacidade expressiva
compreende a produção de sinais vocálicos, gestuais ou verbais, enquanto
capacidade receptiva refere-se ao processo de receber e de compreender
mensagens linguísticas. Muitas vezes os déficits na linguagem são
causados por um comprometimento na compreensão ou na produção de
vocabulário, na estrutura das frases e no discurso. Esses déficits linguísticos
ficam evidentes na comunicação falada, na escrita ou na linguagem de
sinais. Entendendo que a linguagem possui uma capacidade expressiva
e outra receptiva, a avaliação e o diagnóstico do transtorno deve conter
necessariamente a investigação das duas modalidades.

NOTA
O Transtorno da Linguagem afeta habilidades de leitura e
de escrita e está frequentemente relacionado à dislexia.
38 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

No geral, as crianças com transtorno da linguagem apresentam


atraso na expressão das primeiras palavras, e posteriormente redução no
vocabulário, uso de frases curtas, erros gramaticais e no discurso. Os déficits
na compreensão da linguagem costumam ser mascarados, uma vez que
as crianças podem utilizar contexto para inferir sentido. As crianças também
podem apresentar definições verbais pobres, incompreensão de sinônimos,
dificuldade na recordação de palavras, baixa compreensão de instruções
complexas e dificuldade para lembrar sequências sonoras novas. A narrativa de
histórias pode ser empobrecida e isso refere à baixa capacidade de discurso.

As dificuldades da criança precisam ser quantificadas na observação


clínica e através de testes padronizados. As dificuldades resultam
necessariamente em prejuízo adaptativo social, na comunicação, na vida
escolar ou na vida profissional.

IMPORTANTE
O Transtorno de Linguagem prejudica a capacidade de
aprender, pois a aprendizagem acontece principalmente
por meio da linguagem.

Figura 1. Tabela de desenvolvimento linguístico para cada idade.

O que é esperado para cada idade?


• Mostrar o interesse pelas pessoas e pelos
objetos;
Zero a 12 meses • Fazer contato com os olhos;
• Emitir sons, chorar, agarrar objetos com a mão,
reagir a sons e a vozes familiares;

• Responder comandos verbais sem pistas


visuais;
• Começar a dizer as primeiras palavras com
12 a 18 meses
significado;
• Olhar quando chamado pelo nome;
• Entender o não.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 39

• Utilizar duas palavras;


• Saber as partes do corpo e identifica-las;
18 a 24 meses • Responder “sim” e “não” e usar gestos com a
cabeça e dedinho para responder perguntas;
• Brincar com objetos de forma convencional.

• Saber os nomes do dia-a-dia;


• Saber quem são as pessoas próximas;
• Saber a diferença entre grande e pequeno,
muito e pouco;
• Utilizar “quem” e “onde” para fazer perguntas;
2 a 3 anos • Conhecer algumas cores básicas, mas ainda
não sabe falar;
• Usar verbos para formar frases simples;
• Gostar de “ajudar” os adultos nas atividades
domésticas, brincar de faz de conta, entender o
que é proibido e o que é permitido.

• Responder a perguntas com “quem”, “onde” e “o


que”;
• Ter noção de “frente” e “trás”;
• Conhecer as cores e as formas geométricas;
• Utilizar frases de 3 e de 4 palavras;
3 a 4 anos
• Obedecer a ordens seguidas;
• Gostar de cantar e brincar com palavras e sons;
• Brincar com outras crianças;
• Perguntar muito;
• Início do discurso direto e indireto.
40 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

• Falar todos os sons da língua, mas ainda pode


ter dificuldade nos encontros consonantais;
• Manter uma conversa;
• Conseguir lembrar situações passadas e contar
histórias simples, por exemplo, o que fez na
escola, o que comeu, quem encontrou na rua,
4 a 5 anos
etc.;
• Gostar de brincar em grupo, de imitar
personagens, e de brincar de faz de conta;
• Ser curioso e ansioso para mostrar o que
aprendeu e o que sabe fazer;
• Conseguir contar história como narrador.

• Ter noção temporal. Ex.: amanhã, ontem, depois,


dias da semana, manhã, tarde, noite, primeiro,
segundo, terceiro, etc.;
• Identificar letras do próprio nome;
• Conhecer os números;
5 a 6 anos • Manter uma conversa;
• Falar as palavras corretamente;
• Gostar dos amigos e de brincar de faz de conta.
Ex.: super-herói;
• Interessar-se pela leitura e pela escrita;
• Contar história com mais detalhes.

Fonte: http://ftp.medicina.ufmg.br/ped/Arquivos/2013/
disturbiofalaeimagem8periodo_21_08_2013.pdf (Adaptado pelo autor)

Critérios diagnósticos
Os critérios diagnósticos do Transtorno da linguagem são descritos
como dificuldades persistentes na aquisição e no uso da linguagem em
suas diversas modalidades (falada, escrita, linguagem de sinais ou outra)
devido aos déficits na compreensão ou na produção da linguagem, que
incluem:
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 41

1. Vocabulário reduzido;

2. Estrutura limitada de frases;

3. Prejuízos no discurso.

As habilidades de linguagem precisam ser quantificadas e estarem


abaixo do esperado para a idade. Além disso, a limitação na linguagem
causa prejuízo na funcionalidade/adaptabilidade do indivíduo em
contextos diversos (social, escola, trabalho). Como todo transtorno do
neurodesenvolvimento, o início dos sintomas ocorre precocemente no
período do desenvolvimento.

As características e os sintomas do Transtorno da linguagem não


podem advir de prejuízos sensoriais ou de outras condições, como por
exemplo, Deficiência Intelectual.

NOTA
Os primeiros anos de vida da criança são determinantes
para o desenvolvimento adequado da linguagem. Em
ambiente comunicativo e a partir da interação com a família,
a criança adquire as bases para um desenvolvimento sadio
da linguagem, no que diz respeito à sua forma, conteúdo
e de uso.

Diagnóstico diferencial e comorbidades


Os principais diagnósticos diferenciais ao Transtorno de Linguagem
são: as variações normais na linguagem, a deficiência auditiva, a deficiência
intelectual, a regressão da linguagem, a TEA e os distúrbios neurológicos.

É essencial que todo profissional tenha conhecimento sobre o


desenvolvimento infantil típico, pois as variações normais do desenvolvimento
não podem ser confundidas com o transtorno da linguagem. Além disso, as
variações regionais, sociais ou culturais/étnicas da linguagem (por exemplo,
dialetos) devem ser consideradas ao avaliar a criança.
42 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

NOTA
A aquisição normal da linguagem é dependente de uma
série de fatores como o contexto social, o familiar e o histórico
pré, peri e pós-natal do indivíduo, suas experiências, suas
capacidades cognitivas e seus orgânico-funcionais.

Deficiência auditiva ou outra deficiência sensorial. Deficiência auditiva


deve ser excluída como a principal causa das dificuldades linguísticas. Os
déficits de linguagem podem estar associados a deficiência auditiva, a
outro déficit sensorial ou a déficit motor da fala. Quando as deficiências
linguísticas excedem às habitualmente associadas a esses problemas,
um diagnóstico de transtorno da linguagem pode ser feito.

Na deficiência intelectual é comum que a criança apresente o atraso


na aquisição da linguagem. Entretanto, o diagnóstico definitivo só pode
ser dado quando forem realizadas as avaliações com testes padronizados.
Distúrbios neurológicos como epilepsia pode ser adiquirido associado ao
transtorno da linguagem. Crianças podem apresentar sintomas de perda
da linguagem por convulsões.

A regressão da linguagem é vista no processo diagnóstico de TEA


e também em outros distúrbios como a síndrome de Landau-Kleffner. Por
isso, a atenção às diferenças nos critérios disgnósticos de cada transtorno
é de extrema importância para o diagnóstico diferencial desses casos.

VOCÊ SABIA?
Que o input linguístico que a criança recebe antes dos
três anos de idade está fortemente relacionado com o
subsequente desenvolvimento cognitivo e de linguagem?
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 43

RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que os Transtornos da Comunicação incluem os seguintes
transtornos que apresentam déficits na linguagem, na fala
e na comunicação: transtorno da linguagem, transtorno
da fala, transtorno da fluência com início na infância
(gagueira), transtorno da comunicação social (pragmática)
e outro transtorno da comunicação especificado e não
especificado. Neste capítulo, abordamos somente o
Transtorno da Linguagem, que incluem a aquisição e o uso
da linguagem. As crianças com transtorno da linguagem
apresentam atraso na expressão das primeiras palavras,
redução no vocabulário, uso de frases curtas, erros
gramaticais e no discurso. Os critérios diagnósticos do
Transtorno da linguagem são descritos como dificuldades
persistentes na aquisição e no uso da linguagem em
suas diversas modalidades (falada, escrita, linguagem de
sinais ou outra). Os principais diagnósticos diferenciais ao
Transtorno de Linguagem são: as variações normais na
linguagem, a deficiência auditiva, a deficiência intelectual, a
regressão da linguagem, a TEA e os distúrbios neurológicos.
44 Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência

REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico
e estatístico de transtorno DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.

PRATES, L. P. C. S.; MARTINS, V. O. Distúrbios da fala e da linguagem na


infância In: Revista Médica de Minas Gerais, 2011; 21(4 Supl 1): S54-S60

SANTOS, D.C. O. dos. Potenciais dificuldades e facilidades


na educação de alunos com deficiência intelectualIn: Educ.
Pesqui. São Paulo, v. 38, n. 04, p. 935-948, out./dez, 2012.
Transtornos psiquiátricos na
infância e adolescência

Mariana Ribeiro Maniglia

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